Estudos Experimentais de Materiais Utilizados

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Universidade de Brasília - UnB
Faculdade UnB Gama - FGA
Curso de Engenharia Aeroespacial
ESTUDOS EXPERIMENTAIS DE MATERIAIS
UTILIZADOS COMO ESCUDO TÉRMICO EM
MOTORES FOGUETE A PROPULSÃO HÍBRIDA
Autora: Ana Paula Castro de Paula Nunes
Orientador: Prof. Dr. Artem Andrianov
Brasília, DF
2016
ANA PAULA CASTRO DE PAULA NUNES
ANA PAULA CASTRO DE PAULA NUNES
TÍTULO: ESTUDOS EXPERIMENTAIS DE MATERIAIS UTILIZADOS COMO
ESCUDO TÉRMICO EM MOTORES FOGUETE A PROPULSÃO HÍBRIDA
Monografia submetida ao curso de
graduação em Engenharia Aeroespacial
da Universidade de Brasília, como
requisito parcial para obtenção do Título de
Bacharel em Engenharia Aeroespacial
Orientador:
Andrianov)
.
Brasília, DF
2016
(Professor
Doutor
Artem
CIP – Catalogação Internacional da Publicação*
Nunes, Ana Paula Castro de Paula.
ESTUDOS EXPERIMENTAIS DE MATERIAIS
UTILIZADOS COMO ESCUDO TÉRMICO EM
MOTORES FOGUETE A PROPULSÃO HÍBRIDA/
Ana Paula Castro de Paula Nunes. Brasília: UnB, 2016.
103 64 pg. il. 29,5 cm.
Monografia (Graduação) – Universidade de Brasília
Faculdade do Gama, Brasília, 2016. Orientação: Artem
Andrianov
1. Escudo Térmico. 2. Propulsão Híbrida. 3. Motor-Foguete I.
Andrianov, Artem. II. ESTUDOS EXPERIMENTAIS DE
MATERIAIS UTILIZADOS COMO ESCUDO TÉRMICO EM
MOTORES FOGUETE A PROPULSÃO HÍBRIDA
CDU 02:141:005.6
ESTUDOS EXPERIMENTAIS DE MATERIAIS UTILIZADOS COMO ESCUDO
TÉRMICO EM MOTORES FOGUETE A PROPULSÃO HÍBRIDA
Ana Paula Castro de Paula Nunes
Monografia submetida como requisito parcial para obtenção do Título de Bacharel em
Engenharia Aeroespacial da Faculdade UnB Gama - FGA, da Universidade de
Brasília, em 25/11/2016 apresentada e aprovada pela banca examinadora abaixo
assinada:
Prof. Dr.: Artem Andrianov UnB/ FGA
Orientador
Prof. Dr. Sergio Henrique da Silva Carneiro
Membro Convidado
Prof. Dr. Manuel Nascimento Dias Barcelos Júnior
Membro Convidado
Brasília, DF
2016
AGRADECIMENTOS
Agradeço à minha mãe Evandra e meu pai Haroldo, pela vida que gerou
oportunidades de vivenciar inúmeras experiências que me trouxeram onde hoje estou.
Agradeço às minhas irmãs pela paciência e carinho em momentos em que precisei
abdicar de momentos de lazer para estudar e à toda minha família, pela compreensão
em inúmeras ocasiões que tive que estar ausente.
Agradeço ao meu orientador, Prof. Dr. Artem Andrianov pela paciência,
conselhos e sugestões que contribuíram para o desenvolvimento deste trabalho.
Agradeço ao meu namorado pelo carinho, dedicação e paciência de todos os
dias, cuja ajuda foi essencial para eu ter conseguido alcançar todos os meus objetivos
destes últimos semestres.
A todos os professores e servidores da Universidade de Brasília e amigos que
estiveram comigo nessa caminhada e de alguma forma contribuíram para minha
formação como profissional e ao desenvolvimento deste trabalho.
“Só é digno da liberdade, como da vida,
aquele que se empenha em conquistá-la. ”
Johann Goethe
RESUMO
O motor foguete SARA foi desenvolvido pela Universidade de Brasília para testar a
eficiência da aplicação de propulsão híbrida com um desacelerador propulsivo (PD)
para desorbitar uma espaçonave recuperável. O tempo de operação para este motor,
cujo grão sólido é a parafina, é de 12 segundos. Porém o motor teste foi projetado
para operar com outros tipos de combustível a fim de obter um tempo de queima
desejável dentro do intervalo de 40-50 segundos. Dentro da câmara de combustão, a
parede interna do motor sofre solicitações pesadas, como uma pressão de
aproximadamente 30 bars (30x105 Pa) e temperatura proveniente dos produtos da
combustão próxima aos 3000 graus Centígrados. Para preservar o corpo do motor e
do foguete, é necessário que exista uma barreira de proteção na parte interna do
motor. O escudo térmico age como isolante e protetor da câmara de combustão, mas
também possui funções secundárias que auxiliam no funcionamento óptimo do motor.
Os atuais materiais utilizados como escudo térmico em foguetes híbridos e sólidos
apresentam bom desempenho, porém possuem alto custo de obtenção e
manutenção. Propõe-se o estudo experimental de materiais off-the-shelf (que possam
ser obtidos facilmente e com baixo custo) que possam ser utilizados como isolante
térmico. Para este estudo é necessário o entendimento da distribuição de temperatura
dentro do motor de teste, bem como o esclarecimento de como se dá a transferência
de calor nas paredes do motor. Serão desenvolvidos corpos de prova como amostras
dos materiais compósitos escolhidos para a realização de medições de propriedades
e estudos experimentais com tempo de queima de 40-50 segundos com validação
complementada por simulações no software ANSYS.
Palavras-chave: Escudo Térmico, Foguete Motor, Propulsão Híbrida, Condução de
Calor, Simulação, Materiais Compósitos
ABSTRACT
The SARA rocket engine was developed by the University of Brasilia to test the
efficiency of hybrid propulsion system as a propulsive decelerator (PD) responsible for
deorbiting of recoverable spacecraft. The operation time for this motor, whose solid
grain is a paraffin, is 12 seconds. However, the test engine is designed to operate with
other fuel types to obtain a desirable burning time within the 40-50 second interval.
Inside the combustion chamber, an engine internal wall endures high pressures up to
30 bars (30x105 Pa) and temperatures caused by combustion products of
approximately 3000 degrees Centigrade. To preserve the engine’s casing and the
rocket itself, it is necessary to exist a protective barrier on the inside of the engine. The
thermal shield acts as an insulator and shield for the combustion chamber, but also
has secondary functions that assists the engine’s optimal functioning. The current
materials used as heat shield in hybrid and solid rockets present good performance,
however they also present high cost of fabrication and maintenance. It is proposed
the experimental study of off-the-shelf materials (which can be easily obtained and at
low cost) to be used as thermal insulator. For this study is needed to understand the
temperature distribution inside the test engine, as well as clarification on how heat
transfer occurs on the engine walls. Specimen of the chosen composite materials will
be developed for measuring its properties and for the experimental testing with burning
time of 40-50 seconds using validation complemented by simulations in ANSYS.
Keywords: Thermal Insulator, Hybrid Propulsion, Test-Engine, Heat Conduction,
Simulation, Composite Materials.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 2.1. - Motor Foguete Sólido. Fonte: University of Walkato. ............................19
Figura 2.2. - Motor Foguete Híbrido. Fonte: University of Walkato.............................20
Figura 2.3 - Fluxo de Calor num Tubo. (NETZSCH,2016 ).........................................19
Figura 2.4 - Orientação das fibras e partículas em materiais compósitos..................27
Figura 2.5 - Efeito da concentração de madeira na Resistência à Tração no ponto de
escoamento com Intervalo de Confiança de 95%. (WLADIMIR, 2004)......................28
Figura 3.1 - Processo básico de fabricação de um material compósito.....................34
Figura 3.2 - Ilustração do processo RTM. (ORENCO, 2016).......................................35
Figura 3.3 - Ilustração do Processo de Prensagem (PALLONE, 2016) ....................33
Figura 4.1 - Posição dos termopares no foguete SARA.............................................36
Figura 4.2 - Geometria do escudo térmico a ser considerado ...................................36
Figura 4.3 - Distribuição de Temperaturas na superfície do escudo..........................39
Figura 4.4 - Pressão dentro da Câmara de Combustã.................................................40
Figura 4.5 - Procedimento para solução do problema de fluxo de calor ...................38
Figura 4.6 - Marcação da superfície dos termopares na geometria..........................39
Figura 4.7 - Malha da geometria ...............................................................................40
Figura 4.8 - SOLID87 Nó tetraédrico para o sólido térmico (ANSYS,2016) ...............41
Figura 4.9 - Geometria do método SURF152 (ANSYS, 2016) ....................................41
Figura 4.10 - a) Simetria do problema b) Malha do novo objeto ................................42
Figura 4.11 - Número de nós (TIPO 1) e superfícies (TIPO 2) gerados na malha.. …42
Figura 4.12 - Fluxo de calor aplicado às faces internas .............................................43
Figura 4.13 - Gráfico do fluxo de calor x Número de Passos......................................44
Figura 4.14 - Variação de Temperatura: Experimental x Simulação Termopar 2......46
Figura 4.15 - Variação de Temperatura: Experimental x Simulação Termopar 3........48
Figura 5.1 – Molde com corpos de prova das resinas..................................................50
Figura 5.2 - Corpos de prova após o corte..................................................................56
Figura 5.3 - Molde de aço INOX 304L para confecção das amostras.........................57
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Eficiência do reforço das fibras no material compósito.............................19
Tabela 2- Propriedades típicas de materais termoendurecedores (AHMED, 2009)...20
Tabela 3 - Propriedades típicas de elastômeros (AHMED,2009) ..............................30
Tabela 4 – Propriedades típicas de materiais plásticos (AHMED, 2009)....................27
Tabela 5- Propriedades Celeron (POLIEX,2016)........................................................35
Tabela 6 -Corpos de Prova Desenvolvidos.................................................................49
Tabela 7 - Densidade dos CPDs.................................................................................52
Tabela 8 - Características dos CPDs .........................................................................53
Tabela 9 - Comparação de preços dos materiais.......................................................57
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 14
1.1 OBJETIVOS ........................................................................................................................... 16
1.1.1 Objetivos Específicos .......................................................................................... 17
2.2 METODOLOGIA DE TRABALHO ................................................................................... 17
2. ASPECTOS TEÓRICOS ...................................................................................... 18
2.1 MOTOR FOGUETE SARA ................................................................................................ 18
2.1.1 Motor Foguete A Propelente Híbrido E Sólido .......................................... 18
2.2 TRANSFERÊNCIA DE CALOR E CONDUTIVIDADE TÉRMICA ......................... 20
2.2.1 Condutividade Térmica ....................................................................................... 22
2.3. ESTUDO DE MATERIAIS UTILIZADOS COMO ISOLANTE TÉRMICO ......... 24
2.3.1 Materiais Compósitos .......................................................................................... 26
2.3.2 Isolantes Com Materiais Termo Endurecedores ...................................... 29
2.3.3 Isolantes Com Materiais Elastômeros .......................................................... 31
3. MÉTODOS DE FABRICAÇÃO DE MATERIAIS COMPÓSITOS ......................... 34
4. PROBLEMA DO FLUXO DE CALOR ................................................................... 37
4.1 JUSTIFICATIVA DO PROBLEMA .................................................................................. 37
4.2 PROCEDIMENTOS PARA RESOLUÇÃO DO PROBLEMA .................................. 39
4.3 HIPÓTESES UTILIZADAS NA RESOLUÇÃO DO PROBLEMA ........................... 47
4.4 RESULTADOS ...................................................................................................................... 48
5. DESENVOLVIMENTO DE CORPOS DE PROVA ................................................ 49
5.1 PREPARAÇÃO DOS CORPOS DE PROVA............................................................... 50
5.2 MEDIÇÃO DA DENSIDADE DOS CORPOS DE PROVA ....................................... 51
5.2.1 Instrumentos Utilizados e Procedimentos de Medição ......................... 52
5.3 CARACTERÍSTICAS DOS CORPOS DE PROVA DESENVOLVIDOS.............. 54
5.4 FABRICAÇÃO DAS AMOSTRAS COM OS MATERIAIS SELECIONADOS .... 57
5.5 COMPARAÇÃO DE CUSTOS DOS MATERIAIS ...................................................... 59
6. CONCLUSÃO ....................................................................................................... 60
6.1 SUGESTÕES PARA FUTUROS TRABALHOS ......................................................... 61
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 62
14
1. INTRODUÇÃO
Os isolantes térmicos internos (ITI – Internal thermal insulators) são vastamente
utilizados em motores foguete a propulsão sólida e híbrida. Nos motores foguetes, o
ITI é uma camada de material que não queima facilmente, agindo como uma barreira
ao calor, colocada entre o revestimento do motor e o propelente sólido.
A principal função do isolante é prevenir o revestimento do motor de alcançar
temperaturas que possam danificar sua integridade estrutural. A estrutura dos motores
foguetes é geralmente feita de um material rígido e durável, como aço ou compósitos
reforçados com fibras. (AHMED, 2009)
Um motor-foguete é um propulsor que não utiliza material oxidante externo ao
seu motor e é constituído de duas partes principais: a câmara de combustão e a
tubeira. É na câmara de combustão onde ocorrem as reações químicas proveniente
da queima dos propelentes a fim de transformar a energia térmica em energia cinética
para a propulsão. (KIMURA, 1987)
De acordo com o relatório da NASA (1976), o isolante também desempenha
algumas funções secundárias:

Inibe a queima de certa superfície do grão (propelente sólido) em que a queima
seja indesejada;

Protege a transmissão de deformação do revestimento para o propelente;

Barra a migração de espécies móveis químicas para dentro do motor;

Previne o choque de combustão dos produtos na câmara do motor;

Sela a câmara de combustão, as juntas e junções a fim de prevenir perda de
pressão e danos da combustão de produtos em alta temperatura;

Guia os produtos da combustão para a tubeira de modo que o escoamento se
aproxime do laminar e atinja a maior extensão possível
A maioria dos materiais isolantes não conseguem desenvolver mais de uma
das funções secundária citadas acima. Mas se a principal função for desempenhada
bem, é possível modificar o projeto ou providenciar outras partes ou matérias para
assegurar a performance das outras funções secundárias. (AHMED, 2009)
15
Durante o funcionamento do motor foguete, o ITI protege o corpo do motor do
aquecimento e do fluxo de partículas geradas pelo produto de combustão.
Na maior parte dos motores, o ITI é ligado à parede interna da câmara de
combustão e é fabricado com materiais capazes de suportar gases da queima dos
propelentes que atingem altíssimas temperaturas (cerca de 3000º C) e pressão (pode
exceder 108 Pa). Entre o ITI e o corpo do motor também pode haver uma camada
que mantém os dois materiais unidos. Esta camada deve ter as mesmas
características do ITI para manter a segurança e integridade de toda a estrutura do
motor. (AHMED, 2009)
Com as altas temperaturas e pressões ocorrentes da queima dos propelentes,
o ITI pode sofrer erosão e perfuração pelo movimento turbulento das partículas, o que
pode levar ao derretimento ou degradação da estrutura do motor, levando à falha do
motor foguete. Para isso, é necessário que o material isolante seja de alta resistência,
durabilidade e também que tenha uma vida útil aceitável, já que da fabricação do
isolante até a aplicação no motor foguete pode haver um período de espera em que o
material tenha que ser armazenado por um tempo antes de seu uso.
O projeto de um ITI não deve levar em consideração apenas seu desempenho
a condições extremas de temperatura e pressão, mas também deve ser um material
leve (comparado com a estrutura do motor) para que não interfira negativamente no
funcionamento e alcance do foguete.
O autor Sutton (1986), explica que o isolante interno também deve ser
quimicamente compatível com o propelente e com os componentes presentes na
câmara de combustão para evitar a migração ou mudanças na composição do
material. Devem também ter boa força adesiva, para que se mantenha fixado ao
propelente e à estrutura do motor.
Duas classes de materiais são mais utilizadas na propulsão sólida: elastômeros
e plásticos termo endurecedores. Porém, certas propriedades mecânicas dos
elastômeros, como capacidade deformação e resistência à tração são regulamente
inadequadas para operações e processamentos de motores foguetes. Um exemplo
são os isolantes com elastômeros curados, muitas vezes se tornam frágeis e quebram
16
a menos que sejam reforçados com preenchimento adequado. (HARVEY, A.R. e
JOHN W, 2003)
Os materiais comumente utilizados como isolantes térmicos em motores
foguete são: neoprene (elastômero sintético policloropreno), borracha butílica
(composto polimerizado em solução de isobutileno) e uma borracha sintética chamada
EPDM (Ethylene Propylene Diene Monome - Etileno Propileno Dieno Monômero).
Outros materiais usados como isolantes para motores foguetes a propelente sólido
são identificados por um nome híbrido que identifica a fibra e a matriz ou o
revestimento. Exemplo: asbestos (fibra) /NBR – Borracha de Nitrilo Butadieno (matriz).
Grande parte dos materiais isolantes funciona como barreira primaria através
do mecanismo de ablação (o material absorve calor através do aumento de
temperatura e mudança do estado físico ou químico, estas mudanças são geralmente
acompanhadas pela perda superficial do material).
Materiais mais sofisticados que possuem melhor performance ablativa como o
polímero de fibra de carbono reforçado (Carbon fiber–reinforced polymer - CFRP) são
excelentes alternativas, porém possuem alto custo de obtenção e alguns deles não
são fabricados nem vendidos no Brasil.
1.1 OBJETIVOS
O objetivo geral deste trabalho é o estudo da aplicabilidade de vários tipos de
materiais compósitos como escudo térmico para o foguete motor a propelente híbrido
SARA. Os materiais estudados devem ter baixo custo e ser de fácil obtenção (off-theshelf).
Este estudo se dará através de revisão bibliográfica, dados experimentais e
simulações computacionais.
17
1.1.1 Objetivos Específicos
( 1 ) Revisão Bibliográfica sobre os isolantes térmicos existentes e seus
materiais, com ênfase em materiais compósitos, estudo sobre motores de
foguetes de propelentes sólidos e híbridos e a teoria de condutividade
térmica;
( 2 ) Estudo da distribuição de temperatura no motor de teste SARA para definir
as áreas com maior tensão de calor através de experimentos e simulações;
( 3 ) Desenvolvimento do projeto de amostras de isolantes térmicos;
( 4 ) Fabricação de amostras de isolantes térmicos com definição da tecnologia
apropriada;
( 5 ) Estudo experimental da distribuição de temperatura no motor de teste
SARA com isolantes térmicos desenvolvidos
2.2 METODOLOGIA DE TRABALHO
Este trabalho será realizado através das seguintes etapas:
I.
Revisão bibliográfica sobre isolantes térmicos em motores de propulsão
híbrida e sólida e materiais compósitos.
II.
Estudo da distribuição de temperatura no motor de teste e no isolante
térmico de Celeron por meio de ensaios experimentais e simulações
computacionais no software ANSYS V14.5
III.
Desenvolvimento e fabricação de amostras de isolantes térmicos com
materiais compósitos escolhidos através do método de fabricação RTM.
IV.
Medição da distribuição de temperatura no motor foguete com os
isolantes térmicos desenvolvidos.
V.
Análise dos resultados e conclusões.
18
2. ASPECTOS TEÓRICOS
Para o desenvolvimento deste trabalho é necessário o esclarecimento de certos
tópicos para melhor entendimento do problema a ser tratado. Neste capítulo serão
abordados os seguintes assuntos: conceitos básicos de funcionamento de motoresfoguetes a propelente híbrido e sólido, transferência de calor e condutividade térmica,
atuais materiais utilizados como escudo térmico e materiais compósitos.
2.1 MOTOR FOGUETE SARA
O motor foguete a propelente híbrido SARA (Satélite de Reentrada
Atmosférica) foi desenvolvido na Universidade de Brasília para testar a eficiência de
aplicação de propulsão à combustível híbrido como um desacelerador propulsivo (PD
- propulsive decelerator) para desorbitar uma espaçonave recuperável.
O satélite SARA é desenvolvido pelo Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE)
com objetivo de operar como plataforma espacial para experimentos em micro
gravidade. O satélite tem capacidade para uma carga total de até 150 kg. Após a
realização dos experimentos, o satélite seria recuperado através de reentrada
atmosférica.
Segundo os autores CAa, Vilanova e Veras (2010), os foguetes a propelente
híbrido possuem a tecnologia necessária para a execução do desacelerador
propulsivo com a possibilidade de a tecnologia ser inteiramente projetada e fabricada
no país.
2.1.1 Motor Foguete A Propelente Híbrido E Sólido
Um motor foguete a propelente sólido é um sistema que utiliza combustível na
forma sólida para produzir impulso. O propelente sólido é uma mistura explosiva de
combustível e oxidante em forma de uma massa consistente, e geralmente reveste
toda a câmara de combustão, que após a ignição é queimado produzindo gases de
exaustão que geram impulso através da variação da massa. Uma vez dada a ignição,
o motor foguete não possui modo fácil de ser desligado, já que o combustível se
19
encontra todo dentro da câmara de combustão. A duração do tempo de queima é
determinada pela extensão e espessura do grão. (PETERSEN, E. ET AL., 2012)
Já o motor foguete a propulsão híbrida utiliza combustível em duas fases
diferentes: uma fase sólida e outra líquida ou gasosa. Este tipo de motor possui
algumas vantagens em relação a propulsão sólida, como maior impulso específico,
possibilidade de desligar o motor mais facilmente, e mais segurança em sua
fabricação, armazenamento e condução.
As figuras 2.1 e 2.2 abaixo ilustram as diferenças dos dois tipos de motores.
Figura 2.1. - Motor Foguete Sólido. Fonte: University of Walkato. Traduzida pela autora.
20
Figura 2.2. - Motor Foguete Híbrido. Fonte: University of Walkato. Traduzido pela autora.
2.2 TRANSFERÊNCIA DE CALOR E CONDUTIVIDADE TÉRMICA
Transferência de Calor (ou Calor) é a troca de energia devido a uma diferença
de temperatura para que se atinja o equilíbrio térmico. O calor é um fenômeno
transitório, que cessa quando não existe mais uma diferença de temperatura. A troca
se dá por meio da condução, que é a transferência de energia das partículas mais
energéticas (maior temperatura) para as menos energéticas. (INCROPERA, 1981).
Os processos de transferência de calor são quantificados em termos de equações de
taxa, que calculam a quantidade de energia sendo transferida por unidade de tempo.
Na condução térmica, a equação de taxa é conhecida como Lei de Fourier, que para
um problema unidimensional (transferência de calor se dá apenas em uma direção) é
a seguinte (Eq.1):
𝜕𝑇
𝑞̇ = −𝑘 𝜕𝑥 = −𝑘
𝑇2 −𝑇1
𝜕𝑥
(1)
O fluxo de calor, ou fluxo térmico, 𝑞̇ (W/mm²) é a taxa de transferência de calor
na direção x por unidade de área perpendicular à direção da transferência e é
proporcional ao gradiente de temperatura 𝜕𝑇⁄𝜕𝑥 . O termo k (W/m.K) é conhecido
como condutividade térmica é uma característica do material. O sinal de menos da
21
Eq. 1 se deve ao fato que o fluxo de calor se dá na direção da maior temperatura para
a menor. É possível entender a transferência de calor através da Figura 2.3 ilustrada
abaixo.
Figura 2.3 – Fluxo de calor num tubo. Fonte: NETZSCH, 2016
Segundo o autor INCROPERA (2008), existem três mecanismos para a
transferência de calor:
• Condução: Quando a transferência de energia ocorre em um meio
estacionário, que pode ser um sólido ou um fluido, em virtude de um gradiente de
temperatura.
• Convecção: Quando a transferência de energia ocorre entre uma superfície
e um fluido em movimento (geralmente ar) em virtude da diferença de temperatura
entre eles.
• Radiação: Quando, na ausência de um meio interveniente, existe uma troca
líquida de energia (emitida na forma de ondas eletromagnéticas) entre duas
superfícies a diferentes temperaturas
Nos motores foguetes, o fluxo de calor é provocado pelos gases quentes
provenientes da combustão que escoam da câmara até a tubeira. Dentre os modos
de transferência de calor, a condução é a mais representativa para o problema.
Segunda a autora Kimura (1987), a energia trocada por radiação dentro da câmara
alcança no máximo um terço da transferência de energia total e é desprezível. A
22
transferência de calor da combustão dos gases para o escudo térmico se dá através
da condução.
Para a condução, a taxa de transferência de calor é determinada pela Lei de
Fourier (Eq. 1).
Para a autora Kimura (1987), a utilização de fórmulas matemáticas para a resolução dos
problemas de transferência de calor em foguetes é problemática, pois mesmo existindo fórmulas
empíricas para o cálculo do fluxo, os resultados fornecem uma avaliação grosseira do
mesmo, uma vez que não levam em conta todos os componentes que levam à
geração de calor na câmara de combustão do foguete. Para o cálculo do fluxo de
calor, é necessário conhecer as temperaturas das paredes internas e externas do
volume analisado. Para o caso de motores foguetes, as temperaturas dentro da
câmara de combustão são muito altas e difíceis de se medir, requerendo
equipamentos adequados para a medição.
Mehta (1981) se deparou com o mesmo problema, em que a temperatura da
parede interna da câmara de combustão era desconhecida, e conseguiu contorna-lo
através do método do problema inverso, em que o fluxo de calor 𝑞̇ 𝑐𝑜𝑛𝑑 e a temperatura
da parede do lado quente 𝑇𝑖 foram obtidos a partir de medidas experimentais de
temperatura do lado frio da parede. De acordo com Kimura (1987), este processo é
iterativo e pode ser estendido a problemas não-lineares. Este método foi utilizado
neste trabalho para a obtenção do fluxo de calor da câmara de combustão para o isolante
térmico e será tratado mais a fundo no capítulo 3.
2.2.1 Condutividade Térmica
Condução térmica é o processo de transferência de calor através de um meio
material onde a energia térmica se propaga de partícula para partícula do meio com
maior de temperatura para um de menor temperatura através da transferência de
energia cinética destas partículas causada pelo recebimento de calor do material.
(“CONDUÇÃO”, 2016).
As ligações na estrutura atômica e molecular dos materiais são o fator
determinante de sua condutividade térmica. Metais são excelentes condutores de
calor por possuírem elétrons mais externos com ligações mais fracas, o que os torna
23
livres para transportar energia por meio de colisões a níveis moleculares. Em
oposição, materiais como lã, madeira, vidro, papel, isopor e materiais no estado
gasoso são maus condutores de calor (isolantes térmicos), pelo fato que os elétrons
mais externos dos átomos que formam estes materiais estão firmemente ligados,
comparados à materiais metálicos. Segundo o autor Incropera (1981), a condutividade
térmica de um sólido pode ser mais do que quatro ordens de grandeza superior à de
um gás, e essa tendência se deve à diferença de espaçamento intermolecular nos
dois estados.
A condutividade térmica é a propriedade física que mensura o quanto um corpo
consegue conduzir calor. Quanto maior a capacidade de um material de conduzir
calor, maior é a sua condutividade térmica. Contrariamente, os isolantes térmicos são
materiais de baixa condutividade térmica. Geralmente estes materiais são
combinados com outros tipos de materiais também isolantes térmicos a fim de obter
uma condutividade térmica do sistema ainda menor. Nos isolantes tradicionais, os
materiais contêm fibras, pós ou flocos dispersos em sua composição, e o sistema é
caracterizado por uma condutividade térmica efetiva, que depende das condutividades
individuais de cada material e natureza da fração volumétrica dos materiais utilizados.
Um importante parâmetro do sistema é a densidade aparente (massa do
sólido/volume total do material). (INCROPERA, 1981)
A condutividade térmica associada à condução de calor unidimensional (eixo x)
é definida pelo autor Incropera (1981) como
𝑘𝑥 = −
𝑞"𝑥
𝜕𝑇 ⁄𝜕𝑥
(2)
Da Equação 2 tem-se que para um dado gradiente de temperatura, o fluxo
térmico por condução aumenta com o aumento da condutividade térmica.
Para análises de transferência de calor, a razão entre a condutividade térmica
e a capacidade calorifica (relação entre a quantidade de calor fornecida a um corpo e
a variação de temperatura observada nele), é uma importante propriedade
denominada difusidade térmica α, que possui como unidade m²/s.
24
∝=
𝑘
𝜌𝐶𝑝
(3)
Em que:
k é a condutividade térmico do material;
ρ é a densidade do material;
Cp é a capacidade térmica do material.
A difusidade térmica mede a capacidade do material de conduzir energia
térmica em relação à sua capacidade de armazená-la. Materiais com alta difusidade
térmica apresentarão rápidas mudanças nas condições impostas, enquanto que
materiais com baixa difusidade térmica responderão mais lentamente, levando mais
tempo para atingir o equilíbrio. (INCROPERA, 1981)
O conhecimento dos valores das propriedades térmicas é imprescindível para
projetos de engenharia e de transferência de calor, pois a seleção errônea de
materiais pode levar a defeitos em equipamentos e falhas catastróficas em grandes
projetos.
2.3. ESTUDO DE MATERIAIS UTILIZADOS COMO ISOLANTE TÉRMICO
Os materiais mais utilizados na indústria de motores foguetes são identificados
por nomes híbridos (geralmente fibra (ou carga) /matriz) que identifica o material de
preenchimento numa matriz ou cobertura do compósito. Segundo o autor Ahmed
(2009), duas classes de materiais são utilizadas para o isolamento interno: plásticos
termo endurecedores e elastômeros.
A vasta maioria dos isolantes térmicos para foguetes motores a propulsão
sólida funcionam como barreira de calor através do mecanismo de ablação. Isto
significa que o material absorve o calor do sistema de modo a aumentar sua
25
temperatura e mudar seu estado físico e químico, acompanhado pela perda do
material em sua superfície.
Ainda segundo o autor Ahmed (2009), o projeto do isolante térmico interno deve
seguir as seguintes tarefas:
1) Estabelecer o material e a sua espessura através do motor.
2) Projetar abas, juntas, filetes e inserções necessárias para o próprio
funcionamento do isolante.
3) Tentar evitar desvantagens do material escolhido como tempo de vida
limitada e alta densidade.
4) Atingir os requisitos necessários para um isolante, como:
(a) Excelente junção do isolante com o grão e corpo do motor em todo
o tempo de funcionamento do motor.
(b) Taxa de ablação baixa, de 0.09 mm/seg até 0.2mm/seg.
(c) Baixa densidade, de 1.05g/cm³ até 1.5 g/cm³.
(d) Resistência à tensão suficiente: ≥ 0.5MPa
(e) Baixa condutividade térmica, de 0.2 até 0.5 W/m.K
(f) Alto calor específico, de 1000 até 2100 J/Kg.K
(g) Resíduo pós-queima poroso com boa característica de retenção.
(h) Habilidade de resistir a tensões mecânicas e térmicas durante o
armazenamento, manuseio e processo de cura.
(i) Baixa absorção de umidade.
(j) Boas características de envelhecimento (mínimo de 10 anos vida
útil/ armazenagem).
26
2.3.1 Materiais Compósitos
Um compósito é um material fabricado artificialmente que apresenta em sua
composição mais de uma fase. Suas fases constituintes devem ser quimicamente
diferentes e estar separadas por uma interface visivelmente diferente. Por isso, ligas
metálicas e alguns materiais cerâmicos não se enquadram nessa definição.
O material compósito tem como características notáveis sua rigidez, alta
resistência mecânica, baixo peso (comparado à metais), bom desempenho em altas
temperaturas e resistência à corrosão, dureza ou condutividade.
A maioria dos materiais compósitos são compostos por apenas duas fases: a
matriz (fase contínua) e a fase dispersa (também chamada de reforço), que é
envolvida pela matriz. Estes materiais também podem ser divididos em: 1) compósitos
reforçados com partículas, 2) compósitos reforçados com fibras e 3) compósitos
estruturais. (CALLISTER, 2002)
Os compósitos reforçados com partículas podem ser subdivididos em
compósitos reforçados com partículas grandes e reforçados por dispersão. A
diferença entre eles está no mecanismo de reforço e aumenta da resistência. O autor
explica que o termo ¨grande¨ indica que interações da partícula com a matriz não
podem ser tratadas em nível atômico ou molecular. As partículas de reforço servem
para restringir o movimento da fase matriz na vizinha de cada partícula. Um melhor
comportamento mecânico depende de uma forte ligação na interface da matriz com a
partícula.
Para os compósitos reforçados por dispersão, as partículas são em geral muito
pequenas, com diâmetros que variam entre 0.01 e 0.1 µm. Neste caso, enquanto a
matriz suporta a maior parte de uma carga aplicada, as pequenas partículas impedem
ou dificultam o movimento das discordâncias (imperfeições causadas por átomos
desalinhados). Alguns tipos de orientação de fibras estão ilustrados na Figura 2.4.
27
Figura 2.4 - Orientação das fibras e partículas em materiais compósitos
As grandes partículas adicionadas à matriz são chamadas de cargas, que
servem para modificar ou melhoras as propriedades do material e até mesmo
substituir uma parte do volume do polímero, por serem geralmente mais baratas. Um
simples exemplo de material compósito reforçado com partículas grandes é o
concreto, composto por cimento (matriz) e areia e brita (partículas).
Para que o reforço aja de forma eficaz, as partículas devem estar
uniformemente distribuídas em todas as direções da matriz e devem obedecer um
limite de fração volumétrica para que o módulo de elasticidade do compósito fique
dentro de certas fronteiras delimitadas pela regra das misturas:
𝐸𝑐 (𝑢) = 𝐸𝑚 𝑉𝑚 + 𝐸𝑝 𝑉𝑝
𝐸𝑐 (𝑙) =
𝐸𝑚 𝐸𝑃
𝑉𝑚 𝐸𝑝 + 𝑉𝑝 𝐸𝑚
(4)
(5)
Nas equações 4 e 5, E representa o Módulo de Elasticidade e V a fração
volumétrica e os subscritos m e p representam as fases do compósito, matriz e
partículas, respectivamente.
Um estudo feito pelo autor Wladimir (2004) sobre as propriedades de
compósitos termoplásticos com farinha de resíduo de madeira (partículas) e a matriz
28
de Poliestireno de Alto Impacto (HIPS) mostra a relação da concentração das
partículas em percentual de wwf (wood waste flour) com a sua resistência à tração no
ponto de escoamento. (Figura 2.5)
Figura 2.5 - Efeito da concentração de madeira na Resistência à Tração no ponto de
escoamento com Intervalo de Confiança de 95%. (WLADIMIR, 2004)
Na Figura 2.5 a curva representada por triângulos é a mistura que contém maior
quantidade de partículas na matriz, a curva representada por losango e a curva
representada por triângulo possuem menos quantidade de partículas, o que evidencia
a suposição do autor Wladimir (2004) que quanto maior a concentração de partículas
na matriz, maior é a resistência à tração do compósito.
Segundo o autor Callister (2002), os compósitos mais importantes são os
reforçados com fibras, pois apresentam com frequência alta resistência e rigidez em
relação ao seu peso, grandezas expressas em termos dos parâmetros resistência
específica (razão entre o limite de resistência à tração e o peso específico) e módulo
específico (razão entre o módulo de elasticidade e o peso específico).
29
A orientação e tamanho das fibras influenciam na nas características
mecânicas do compósito. O comprimento crítico (𝑙𝑐 ) é o necessário para que se tenha
um aumento efetivo na resistência e rigidez do material.
𝑙𝑐 =
𝜎𝐹 ∗ 𝑑
(6)
2𝜏𝑐
Na Eq. 6 acima, d é diâmetro da fibra, 𝜎𝐹 ∗ representa a resistência máxima da
fibra (ou limite de resistência à tração) e 𝜏𝑐 é a tensão de escoamento ao cisalhamento
da matriz (resistência da ligação fibra-matriz).
Tabela 1 - Eficiência do reforço das fibras no material compósito para algumas orientações
da fibra em relação à aplicação de tensão. (CALLISTER, AL-QUERISH)
Orientação da Fibra
Todas as fibras paralelas
Bidirecionais (tecidos)
Fibras distribuídas uniforme e
randomicamente num plano
específico
Fibras distribuídas uniforme e
randomicamente num espaço
tridimensional
Direção da Aplicação da
Carga
Eficiência de Reforço (β)
Paralela às fibras
1
Perpendicular às fibras
0
Metade das fibras paralelas e
metade perpendiculares
1/2
Qualquer direção no plano
das fibras
3/8
Qualquer direção
1/5
2.3.2 Isolantes Com Materiais Termo Endurecedores
A primeira classe de material utilizado como isolante térmico interno é a
resina termo endurecedora reforçada. Resina sintética é um polímero preparado via
processo de polimerização ou condensação. As resinas são bastantes utilizadas na
indústria para produção de tintas e adesivos e podem ser classificadas quanto ao seu
comportamento após a aplicação: As resinas termofixas são as que sob ação do calor
sofrem um processo de reticulação interna (crosslinking), ou cura, e após a finalização
é insolúvel em solventes. As resinas termoplásticas são as que a sua finalização
ocorre pela secagem física através da evaporação e solventes e o produto final pode
30
ser solubilizado novamente, o que facilita no processo de moldagem. (“RESINAS
MOLDAVEIS”, 2016). As resinas para isolamento térmico são geralmente reforçadas
com materiais como sílica, asbestos, nylon, carbono ou manta de vidro, por possuírem
baixa condutividade térmica.
O autor AHMED (2009) evidenciou as propriedades destes materiais na Tabela
2 mostrada a seguir.
Tabela 2 - Propriedade típicas de materiais termo endurecedores utilizados como isolante
térmico. Fonte: AHMED (2009). Traduzido pela autora.
Composição
Matriz
(Resina)
Carga
Fenólica
Asbestos
Fenólica
Asbestos
Fenólica
Manta de Carbono
Fenólica
Fibra de Carbono
Fenólica
Manta de Tecido
Fenólica
Vidro Picado
Fenólica
Nylon
Alumínio Puro
Propriedades
Térmicas
K
(W/m.K)
𝐂𝐩
(J/Kg.K)
0.3459
0.6918
0.8302
0.2940
0.2594
0.4497
0.01729
237
1172.3
1130.4
962.9
1256.1
962.9
1046.7
1297.9
938
Propriedades Físicas
Tensão
Máxima de
Tração
(Mpa)
6.9
8.3-45.4
17.2-151.7
13.8
4.1-689.6
34.5
17.2-30.3
135
Densidade
(g/cm³)
Alonga
mento
(%)
1.52
1.76
1.43
1.25
1.87
1.85
1.18
2.76
1
0.5
0.25
60
A resina fenólica é uma resina sintética termofixa, obtida como produto da
reação dos fenóis com o formaldeído, e foi o primeiro polímero completamente
sintetizado. É muito utilizado no revestimento de móveis e cabos para panelas de uso
doméstico. ("RESINAS FENÓLICAS", 2016)
31
2.3.3 Isolantes Com Materiais Elastômeros
A segunda classe de material mais utilizada como isolante térmico interno são
os elastômeros reforçados. Este tipo de material tem como características básicas:
módulo de elasticidade baixo e comportamento macio; pode aguentar tensões muito
altas e retorna rapidamente à sua forma original após a deformação. As composições
com elastômeros têm sido vastamente utilizadas no isolamento de foguetes motores
por que suas características mecânicas, térmicas e ablativas são particularmente
adequadas para aplicações em motores foguetes. (AHMED, 2009)
O elastômero mais comum neste tipo de aplicação são as borrachas de etilenoPropileno EPDM (ethylene propylene diene monomer) disponíveis tanto na forma de
borracha quando na viscosa-líquida. Porém, as suas propriedades ablativas não são
tão adequadas para operações com motores foguete, o que leva à necessidade de
utilizar cargas como carbono preto, asbestos e sílica, que são boas alternativas que
permitem a transmissão de concentradores de tensão do corpo do motor para o grão
propelente. (KINLOCH, AJ e YOUNG, R.J, 1983). Para estes autores, asbestos é o
melhor reforço que pode ser incorporado aos elastômeros para aplicações em
motores foguete pois estes tipos de materiais apresentam uma performance
surpreendente em suas propriedades físicas, mecânicas, térmicas e ablativas.
Asbestos é um material feito de duas formas fibrosas minerais incombustíveis
e quimicamente resistentes de silicato de magnésio impuro (utilizado para tornar o
material à prova de fogo, isolante elétrico e térmico). Existem dois tipos principais de
asbestos: Amphiboles, que possuem fibras rígidas que apresentam riscos à saúde
pois as fibras podem penetrar o tecido humano, incluindo os pulmões, e causar
tumores consequentes; Serpentina ou Chrysolito, que são mais flexíveis e macias do
que os asbestos amphiboles e fazem menos danos aos tecidos do corpo humano.
(KUMZEROV et.al, 2005).
Para o uso de asbestos com EPDM, as fibras são dispersas em 2 fileiras para
reduzir a aglomeração das fibras. As propriedades típicas dos materiais plásticos com
asbestos utilizados como isolantes térmicos estão mostrados na Tabela 3.
32
Tabela 3- Propriedades típicas de elastômeros utilizados como isolante térmico. Fonte:
AHMED (2009). Traduzido pela autora.
Composição
Matriz
CTPB
EPDM
NBR
NBR
SBR
SBR
PBAA
Carga
Carbono preto
Asbestos
Sílica
Sílica + Asbestos
Asbestos
Sílica
Asbestos
Alumínio Puro
Propriedades
Térmicas
K
(W/m.K)
𝐂𝐩
(J/Kg.K)
0.2076
0.2421
0.2249
0.2421
0.4324
0.22949
0.4843
237
1800.3
1674.7
1674.7
1716.6
1674.5
1423.5
1507.3
938
Propriedades Físicas
Tensão
Máxima de
Tração
(Mpa)
1.89
6.55
11.7-16.9
13.8
6.9
13.1-27.6
1.2
135
Densidade
(g/cm³)
Alonga
mento
(%)
0.969
0.977
1.219
1.268
1.398
1.174
1.331
2.76
350
900
400-623
400
550-800
1
60
O autor AHMED (2009) faz um importante estudo sobre os projetos com
motores foguete em que foram utilizados materiais compósitos como isolante térmico
interno, e em sua tese, elaborou uma tabela (Tabela 4) que resume e compara as
vantagens e desvantagens dos diferentes tipos de composição de materiais
compósitos.
33
Tabela 4. – Propriedades típicas de materiais plásticos utilizados como isolante térmico.
Fonte: AHMED (2009). Traduzido pela autora.
Composição
Vantagens
Desvantagens
MATRIZ
CARGA
EPDM
Haloides de Metais
Pesados + Hidróxido de
Cálcio + Hidróxido de
Magnésio
CTPB
Asbestos
NBR
Fibra de Aramida
NBR
Floco de Algodão +
Sisal
EPDM + Poliisopreno
Aramida R
SBR + Borracha
Natural
Polibenzimidazol
Poliéster
Fibra de Vidro +
Alumina
- Baixa taxa de
ablação
EPDM + Poliamida
Poli fosfato de Amônia +
Fibras de Carbono
Fatiadas
- Baixa taxa de
ablação
EPDM
Sulfato de Amônia +
Óxido Antimônio + Fibra
de Aramida
Melhor resistência ao
rasgo
- Melhor força de
ligação
- Alta taxa de ablação
Fenólico + Borracha
Nitrílica
Tecido de Vidro +
Alumina Tri hidratada
- Baixa taxa de
ablação
- Baixa capacidade de
deformação
- Alta densidade
Sílica Hidrofílica
Melhor resistência ao
rasgo
- Melhor força de
ligação
- Alta resistência
elétrica
NBR
- Sem asbestos
- Perfeita aderência ao
corpo do motor e
propelente
- Sem Asbestos
- Bom isolamento
térmico
- Baixa taxa de
ablação
-Sem asbestos
- Baixa densidade
- Bom isolamento
térmico e ablação
- Baixa densidade
- Bom isolamento
térmico e ablação
- Alta taxa de ablação
- Utilização de
asbestos
- Alta taxa de ablação
- Mistura não uniforme
- Alta taxa de ablação
- Alta taxa de ablação
- Baixa capacidade de
deformação
- Alta densidade
- Alta temperatura do
revestimento
-Alta densidade
- Alta temperatura do
revestimento
- Alta resistência
elétrica
Fibras de Carbono
Fatiadas
- Baixa taxa de
ablação
EPDM
Sílica Hidrofílica
- Baixa taxa de
ablação
- Alta afinidade com
água
- Alta resistência
elétrica
NBR
Polibenzoxazole
- Baixa densidade
- Bom isolamento
térmico
- Alta taxa de ablação
NBR (Norbornene)
Fibras de Carbono+
Sílica
- Baixa taxa de
ablação
- Alta temperatura do
revestimento
- Alta densidade
EPDM
PVC (Cloreto de
Polivinila)
- Baixa densidade
- Bom isolamento
térmico
- Alta taxa de ablação
EPDM (Hexadieno)
34
3. MÉTODOS DE FABRICAÇÃO DE MATERIAIS COMPÓSITOS
O processo de fabricação de um material compósito é determinado a
partir do tipo de matriz (metálica, cerâmica e polimérica), do tipo de moldagem (se
está na fase sólida ou líquida) e também dos requisitos físicos, como forma, dimensão,
quantidade, dentre outros.
Um esquema simples de fabricação segue os passos apresentados na
figura 3.1.
Resina + Fibra
Aplicação da
mistura ao molde
Impregnação
(mistura)
Processamento
do compósito
Preparação do
molde (aplicação
de desmoldante)
Desmoldagem
Acabamento
Figura 3.1 - Processo básico de fabricação de um material compósito
Para moldes de formas complexas, com grande área superfície e acabamento
liso em ambos os lados, o método de fabricação utilizado pela indústria é o RTM
(Resin Transfer Molding). O processo consiste na injeção da resina (líquida) dentro da
cavidade do molde, que passe através do reforço e se solidifica no formato do molde.
A pressão de injeção não é alta, o que facilita a preparação do molde e dos
equipamentos. Este processo está ilustrado na Figura 3.2 a seguir.
35
Figura 3.2 - Ilustração do processo RTM. (ORENCO, 2016)
Existe também o processo de prensagem, em que o material de reforço (mais
utilizado é a fibra de vídeo) é depositadas na cavidade do molde. A resina é adicionada
e o molde é fechado sob pressão e pode estar aquecido ou não, dependendo do
sistema de cura adotado. Após a prensagem e cura do laminado, o molde é aberto e
a peça retirada. (ORENCO, 2016). O esquema deste processo pode ser visto na
Figura 3.3 abaixo.
Figura 3.3 - Ilustração do Processo de Prensagem (PALLONE, 2016)
36
Devido à falta de instalações, equipamentos adequados e verbas necessárias
para o desenvolvimento deste trabalho, o método utilizado na fabricação das amostras
foi o RTM.
37
4. PROBLEMA DO FLUXO DE CALOR
4.1 JUSTIFICATIVA DO PROBLEMA
Problemas de transferência de calor aplicados a situações reais envolvem
inúmeras variáveis que dificultam a análise e fácil obtenção de resultados. Este
capítulo tem como objetivo calcular o fluxo de calor da câmara de combustão para o
isolante térmico interno do motor-foguete SARA.
A energia térmica proveniente da reação química dos propelentes na câmara
de combustão do motor-foguete depende dos mecanismos de reação do processo.
Dentre as variáveis para cálculo desta energia é necessário conhecer as propriedades
químicas e físicas dos propelentes, composição química, composição centesimal e
condições de contorno. O conhecimento destes dados é uma tarefa difícil e que
demanda tempo e recursos.
Recorre-se então, a métodos de aproximação que auxiliam a chegar a
resultados bem próximos do real. Autores como Stolz, Burgraff, Beck, Williams e
Curry, Howard e Mehta realizaram também em seus trabalhos aproximações nas
áreas de transferência de calor através diversos métodos que eram adequados a cada
tipo de problema.
Para resolver este problema, utilizou-se o método inverso proposto por Mehta
(1981) e de tentativa e erro para obtenção do fluxo de calor no escudo isolante do
motor-foguete SARA.
Para o motor-foguete SARA o escudo de isolamento térmico reveste a câmara
de combustão até o início da tubeira como ilustrado nas Figuras 4.1 e 4.2. Neste
trabalho, os testes experimentais foram realizados utilizando o Celeron como material
para o escudo, cujas propriedades estão especificadas na Tabela 5.
Tabela 5 - Propriedades Celeron. POLIEX (2016)
Peso Específico
(Kg/m³)
Condutividade Térmica
(Cal/cm.S.K)
Calor Específico
(Cal/gºC)
1350
8,33.10-4
0.35
38
Figura 4.1 – Posição dos termopares no motor foguete SARA.
Figura 4.2 - Geometria do escudo térmico a ser considerado a) Desenho Técnico b)
Escudos térmicos de Celeron
39
4.2 PROCEDIMENTOS PARA RESOLUÇÃO DO PROBLEMA
A resolução do problema foi baseada no método inverso descrito pela autora
Mehta (1981). Foram realizados testes experimentais com o motor-foguete a fim de
obter o gráfico de distribuição de temperaturas na parede externa do escudo. O ITI
para este problema foi feito do material Celeron, cujas propriedades estão descritas
na Tabela 5. Cinco termopares foram posicionados no motor de acordo com a Figura
4.1. O tempo de queima para os experimentos foi cerca de 12 segundos e os
resultados estão no gráfico da Figura 3.3
Para o escudo térmico, mostrado na Figura 3.2, foram utilizados apenas os
dados dos termopares 2 e 3, que se localizam na parte esférica do escudo. (Veja
Figura 4.3).
Figura 4.3 - Distribuição de Temperaturas na superfície do escudo
Observa-se que a variação de temperatura pelo tempo não é linear, o
que dificulta aproximações analíticas e matemáticas para o cálculo de transferência
de calor.
40
Figura 4.4 - Pressão dentro da Câmara de Combustão
O procedimento de realização do problema pode ser descrito em um
processo simples, mostrado na Figura 4.5 a seguir:
Figura 4.5 – Procedimento para solução do problema de fluxo de calor
41
Utilizando o software ANSYS, parte da geometria do isolante foi replicada,
adicionando ao sólido o material Celeron através do Engineering Data. Os termopares
forem posicionados na superfície da geometria utilizando a ferramenta Imprint
Surface, na qual o software marca a posição sem alterar o objeto, como mostra a
Figura 4.6.
Figura 4.6 – Marcação da superfície dos termopares na geometria
Utilizando o workbench Transient Thermal do software ANSYS, as condições
iniciais e de contorno do problema foram adicionadas ao programa, que se resume
apenas à temperatura inicial do isolante. Tanto as temperaturas internas quanto o
fluxo de calor são incógnitas que se devem descobrir. Note que propositalmente não
foi especificado o material dos propelentes sólidos e líquidos para que análise seja
menos complexa.
Para uma análise mais realista do problema, é necessário que a malha do corpo
analisado seja mais fina e refinada possível, como ilustrado na Figura 4.7.
42
Figura 4.7 – Malha da geometria. Número de nós = 2207950 Número de elementos
= 1306174
O modelo de geração da malha se baseia no método dos elementos finitos
SOLID87, que é aplicável a geometrias 3-D irregulares e materiais homogêneos, como
a da Figura 4.7. O elemento possui um grau de liberdade de temperatura a cada nó.
Este método é apropriado pois pode ser aplicado à analises em problemas de calor
transiente, o que é o caso deste trabalho. A configuração dos nós está ilustrada na
Figura 4.8. Para o caso de materiais compósitos, será necessário utilizar o elemento
SOLID278 ou SOLID279, que se aplica a modelagem de materiais com camadas.
43
Figura 4.8 – SOLID87 Nó Tetraédrico para o sólido térmico. (ANSYS, 2016)
A superfície interna do sólido foi selecionada como local de aplicação do fluxo
de calor, pois a direção do fluxo se dá da temperatura maior para a menor.
O fluxo de calor foi adicionado à geometria pelo o método de elementos finitos
SURFF152, em que se aplica cargas de superfície (convecção, fluxo de calor ou
radiação) através de elementos de efeito de superfície (surface-effect elements), no
qual o elemento é definido por 4 a 10 nós e pelas propriedades do material. (Veja
Figura 4.9). Os nós deste elemento devem compartilhar os nós de base (da malha) do
elemento sólido.
Figura 4.9– Geometria do método SURF152. (ANSYS, 2016)
44
Para a análise computacional o número de passos foi igual a 50 para que se
possa obter dados suficientes para que se possa fazer a comparação com os dados
experimentais.
Como a geometria possui simetria nos planos x-z e y-z, foi possível particionar
o escudo em uma pequena parte, como mostra a Figura 4.10, que manterá as
propriedades do corpo inteiro, a fim de facilitar (tornar mais rápido) os cálculos do
software.
Figura 4.10 – a) Simetria do problema b) Malha do novo objeto.
Para a geometria da Figura 3.11, foi aplicada uma malha em que o tamanho de
cada elemento fosse 0.2 mm. O número de nós e elementos de superfície para a
geometria com superfície está especificada na Figura 4.12 abaixo.
Figura 4.11 – Número de nós (Tipo 1) e superfícies (Tipo 2) gerados na malha
45
Os fluxos de calor escolhidos para a simulação foram selecionados pelo
método de tentativa e erro, em que se inseriu valores de fluxo de calor aleatórios a fim
de obter as temperaturas na superfície do escudo. Iniciou-se com valores baixos e de
acordo com o perfil de temperatura, os valores escolhidos para o fluxo de calor foram
aumentando de acordo com metodologia apresentada na Figura 4.5.
.
Figura 4.12 - Fluxo de Calor aplicado às faces internas a) Geometria Completa b)
Geometria com Simetria
O fluxo de calor aplicado à geometria foi tabulado a partir do comportamento
do gráfico de pressão, de acordo com as Figuras 4.4 e 4.13.
46
Figure 4.13 - Gráfico do Fluxo de Calor [W/mm²] x Número de passos em tempo [segundos]
O resultado das simulações foi exportado para tabelas e gráficos foram
gerados a partir dos dados para que se pudesse comparar com os valores obtidos
experimentalmente.
47
4.3 HIPÓTESES UTILIZADAS NA RESOLUÇÃO DO PROBLEMA
As hipóteses adotadas no tratamento do problema são:
( 1 ) A transferência de calor é unidimensional na direção radial;
( 2 ) Não há perda de calor considerável por condução dos gases ou radiação
(o fluxo térmico se dá apenas por convecção);
( 3 ) As propriedades do material do escudo térmico são independentes da
temperatura.
( 4 ) Se as temperaturas obtidas na simulação obedecerem ao mesmo
comportamento da variação de temperatura obtida experimentalmente,
então o fluxo de calor escolhido deve se aproximar do fluxo térmico do
problema real.
( 5 ) A curva de temperatura deve ser analisada até t = 20 segundos (Figura x),
uma vez que a queima dos propelentes se dá até t = 12 segundos e após
isso, o sistema tende a voltar às condições iniciais.
( 6 ) O fluxo de calor existirá enquanto houver pressão na câmara de
combustão e se comportará do mesmo modo que o gráfico de pressão.
(Figura 5)
( 7 ) Em t = 5 segundos há um aumento brusco de temperatura causado pela
ignição que não será levado em consideração para o cálculo de fluxo de
calor.
48
4.4 RESULTADOS
A distribuição de temperatura ao longo do tempo da simulação foi obtida através
dos dados gerados pelo ANSYS no Transient Thermal, exportados em tabelas e
apresentada nos gráficos das Figuras 4.14 e 4.15.
Após o procedimento especificado na Figura 4.5, os valores obtidos para o fluxo
de calor que mais se aproximaram dos valores experimentais foram:
𝑄2̇ = 15 × 10−3 𝑊/𝑚𝑚² para o Termopar 2 e
𝑄3̇ = 11 × 10−3 𝑊/𝑚𝑚² para o Termopar 3
Figura 4.14 - Variação de Temperatura: Experimental x Simulação para o Termopar 2
Figura 4.15 - Variação de Temperatura: Experimental x Simulação para o Termopar 3
49
Através do procedimento utilizado neste trabalho, é possível concluir que:
1) No dado intervalo de tempo (t = 0, t = 20 segundos), o perfil de temperatura
obtido através da simulação no ANSYS é coincidente com a distribuição de
temperatura dos dados experimentais.
2) O perfil de temperatura no escudo térmico é condizente com o que a literatura
especifica para a condução de calor numa esfera, logo podemos analisar o
problema através da equação de condução de calor para regime estacionário
e unidimensional.
3) O pico de temperatura obtido experimentalmente nas Figuras 4.14 e 4.15 não
interfere no fluxo de calor no escudo.
4) Para as hipóteses apresentadas no problema, o método de tentativa e erro e
método inverso se mostraram efetivos para encontrar o fluxo de calor do
problema.
Apesar deste método ter-se mostrado útil para a resolução do problema
apresentado, o conhecimento da distribuição de temperatura dentro do motor-foguete
é de suma importância para que se atinja os melhores resultados e para que o
processo de fabricação de escudos térmicos seja optimizado. Porém o presente
método, aliado da simulação no software ANSYS se mostrou poderoso e eficaz.
5. DESENVOLVIMENTO DE CORPOS DE PROVA
Para verificar se os materiais escolhidos são adequados para o uso em
isolantes térmicos, é necessário calcular as propriedades dos materiais escolhidos.
Foram feitos corpos de prova para medição de algumas propriedades físicas e futuros
ensaios experimentais de queima.
Primeiramente, foram feitas amostras de materiais compósitos constituídos de
Resina Cristal (poliéster), Ortoftálica e Isoftálica. Algumas cargas foram adicionadas
à matriz para que se pudesse avaliar o comportamento do compósito reforçado. (Veja
Tabela 6).
50
5.1 PREPARAÇÃO DOS CORPOS DE PROVA
A preparação de corpos de prova com a matriz de resina é simples e segue o
esquema apresentado na Figura 3.1. O fabricante especifica uma quantidade de
endurecedor (catalizador) para uma quantidade de matriz e deve se acrescentar o
catalizador à matriz escolhida, mexendo lentamente para não gerar excesso de bolhas
de ar. As amostras foram feitas a partir de 30g da matriz (resina). Para cada 30g da
matriz, o fabricante especifica a adição de 10% em massa (no caso, 0.3g) de
endurecedor. As proporções das misturas estão especificadas na Tabela 4. A mistura
foi feita em copos de plástico feitos de Polipropeno (PP), pela boa resistência química
e a solventes e pelo seu baixo custo e versatilidade.
Um molde do tipo doméstico de gelo foi utilizado para armazenar as misturas
dos compósitos pois possui uma superfície lisa, feita de plástico Polipropileno e já
apresenta divisões que serviram bem para o propósito de fabricação dos corpos de
prova, como mostra a Figura 5.1. O molde foi preparado para receber as amostras
com uma camada de desmoldante do tipo spray de silicone.
Os corpos de prova foram reservados por 1 semana para que estivessem
totalmente prontos.
Figura 5.1 – Molde com corpos de provas das resinas
51
Tabela 6 – Corpos de Prova Desenvolvidos
Componente
No.
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
Matriz
Cristal (poliéster)
Cristal (poliéster)
Cristal (poliéster)
Ortoftálica
Ortoftálica
Ortoftálica
Ortoftálica
Cristal (poliéster)
Cristal (poliéster)
Cristal (poliéster)
Ortoftálica
Ortoftálica
Ortoftálica
Ortoftálica
Isoftálica
Isoftálica
Isoftálica
Isoftálica
Isoftálica
Isoftálica
Carga
Sem carga
Sem carga
Grafite
Sem carga
Sem carga
Grafite
Grafite
Microesfera
Microesfera
Grafite
Microesfera
Microesfera
Microesfera
Microesfera
Sem carga
Sem carga
Grafite
Grafite
Microesfera
Microesfera
Massa Dosagem, (g)
Resina
30
30
30
30
30
30
30
30
30
30
30
30
30
30
30
30
30
30
30
30
Endurecedor/Cat.
0.4
0.4
0.4
0.3
0.3
0.3
0.3
0.4
0.4
0.4
0.3
0.3
0.3
0.3
0.3
0.3
0.3
0.3
0.3
0.3
Carga
0
0
10
0
0
10
10
1.5
1.5
10
1.5
1.5
4.4
4.4
0
0
10
10
2.5
2.5
Porcentagem por
peso, %
Matriz
Carga
100
0
100
0
75
25
100
0
100
0
75
25
75
25
95
5
95
5
75
25
95
5
95
5
87
13
87
13
100
0
100
0
75
25
75
25
92
8
92
8
5.2 MEDIÇÃO DA DENSIDADE DOS CORPOS DE PROVA
Após a preparação dos corpos de prova, fez-se necessário a medição da
densidade das amostras para obter uma estimativa do volume necessário de material
que será necessário para fabricar os moldes dos isolantes térmicos para os testes de
queima.
Para medir a densidade dos corpos de prova, utilizou-se o princípio de volume
deslocado, em que ao submergir um corpo em um recipiente com líquido, o volume
deslocado por este corpo corresponde ao próprio volume do corpo.
Para o cálculo do volume e densidade, utilizou-se a equivalência de volume em
que 1 ml de água equivale 1 cm³ de volume de área.
52
5.2.1 Instrumentos Utilizados e Procedimentos de Medição
Os instrumentos utilizados para a medição da densidade dos corpos de prova
foram:
1. Balança Digital, Pocket Scale MH-400. Precisão de 500g/0.1g
2. Proveta 100ml, A. Dura Germany. Precisão de 100:1 ml ± 05 ml
3. Martelo comum e estaca de ponta fina.
4. Água potável comum.
A medição foi realizada dentro do container destinado ao projeto, em
temperatura ambiente de 20ºC e seguiu os seguintes passos:
1) Fatiar os corpos de prova com o martelo e estaca de modo a que
pudessem ser inseridos na proveta.
2) Medir a massa em gramas de cada amostra fatiada utilizando a balança
digital.
3) Preencher a proveta de água potável até a marca de 40 ml.
4) Acrescentar cuidadosamente corpos de prova fatiados à proveta.
5) Esperar alguns segundos e verificar a marcação do volume de água
mais os corpos de prova.9
Com os dados da medição, é possível calcular a densidade de cada amostra
pelas fórmulas representadas nas Equações 7 e 8.
𝑉á𝑔𝑢𝑎 + 𝐶𝑃𝐷 − 𝑉á𝑔𝑢𝑎 = 𝑉𝐶𝑃𝐷
𝜌𝐶𝑃𝐷 =
𝑀𝐶𝑃𝐷
Em que:
𝑉𝐶𝑃𝐷
(7)
(8)
53
V(água + CPD) = Volume do corpo de prova + volume de água inicial, em [ml];
Vágua = Volume de água inicial na proveta, em [ml];
VCPD = Volume do corpo de prova, em [cm³];
𝜌𝐶𝑃𝐷 = Densidade do corpo de prova em [g/cm³];
𝑀𝐶𝑃𝐷 = Massa do corpo de prova, em [g];
Os resultados das medições estão inseridos na Tabela 7.
Tabela 7 – Densidade dos CPDs
Nº CPD
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
46*
Massa
(g)
10.00
10.50
11.60
10.00
10.30
10.10
10.00
10.80
10.00
11.20
10.50
10.60
9.20
10.00
11.40
12.60
14.60
15.00
9.30
8.99
12.40
Volume
Água (ml)
40
40
40
40
40
40
40
40
40
40
40
40
40
55
40
40
40
40
40
40
40
Volume Água
+ CPD (ml)
48.00
48.50
49.00
48.00
49.00
48.00
47.00
52.00
51.00
48.00
51.00
51.00
53.50
69.00
50.00
51.00
51.50
51.50
51.50
51.00
56.50
Volume
CPD (cm³)
8.00
8.50
9.00
8.00
9.00
8.00
7.00
12.00
11.00
8.00
11.00
11.00
13.50
14.00
10.00
11.00
11.50
11.50
11.50
11.00
16.50
Densidade CPD
(g/cm³)
1.25
1.24
1.29
1.25
1.14
1.26
1.43
0.90
0.91
1.40
0.95
0.96
0.68
0.71
1.14
1.15
1.27
1.30
0.81
0.82
0.75
O corpo de prova número 46 representa o material Poliuretano reforçado com
1% de microesferas de ar e foi utilizado para que se pudesse ter uma referência. Este
54
material foi usado na parte frontal do LGM-30 Minuteman, um projeto de míssil
balístico intercontinental (ICBM) nuclear dos Estados Unidos.
5.3 CARACTERÍSTICAS DOS CORPOS DE PROVA DESENVOLVIDOS
Para uma melhor avaliação dos corpos de prova desenvolvidos, os mesmos
foram avaliados acerca da aparência (após o corte para medição da densidade) e
porosidade, um fator que influencia em sua atuação como isolante térmico. Os corpos
de prova podem ser vistos na Figura 5.2 e suas características na Tabela 7.
Tabela 8 – Características dos CPDs
Nº Amostra
Porosidade
Bolhas de Ar
Cor
1
Não
Sim
Cristalina, sem cor
2
Não
Sim
Cristalina, sem cor
3
Sim
Sim
Preto brilhante
4
Não
Poucas
Âmbar
5
Não
Poucas
Âmbar
6
Sim
Poucas
Preto brilhante
7
Sim
Poucas
Preto brilhante
8
Sim
Sim
Branco Opaco
9
Sim
Sim
Branco Opaco
10
Sim
Sim
Preto brilhante
11
Sim
Poucas
Creme Amarelado
12
Sim
Poucas
Creme Amarelado
13
Sim
Poucas
Creme
14
Sim
Poucas
Creme
15
Não
Não
Âmbar
16
Não
Não
Âmbar
17
Sim
Poucas
Preto brilhante
18
Sim
Poucas
Preto brilhante
19
Sim
Poucas
Branco/Creme
20
46*
Sim
Sim
Poucas
Não
Branco/Creme
Rosado
55
A porosidade é um fator que influencia diretamente na capacidade isolante de
um material, uma vez que um material poroso consegue confinar o ar, que é um
excelente isolante térmico, dentro de sua estrutura. A característica brilhante de certos
CPDs evidencia o uso grafite em sua composição, alguns destes materiais
apresentaram uma sensação de que estavam esfarelando ao toque, o que pode
apresentar risco de contaminação se colocado próximo a outros materiais. As
características físicas dos corpos de provas podem ser observadas na Figura 5.2
56
Figura 5.2 – Corpos de prova após o corte
57
5.4 FABRICAÇÃO DAS AMOSTRAS COM OS MATERIAIS SELECIONADOS
Para a análise do comportamento como escudo isolante térmico interno
dos materiais fabricados neste trabalho, serão feitas amostras do escudo térmico para
que se possam realizar ensaios de queima do foguete motor SARA.
As amostras serão feitas pelo método de prensagem e RTM descrito no
capítulo 3. O molde para fabricação das amostras foi projetado de acordo com as
dimensões do escudo térmico das Figuras 4.1 e 4.2. O material utilizado para o molde
é o aço Austenite inox 304L, que também é utilizado na fabricação de instrumentos e
equipamentos hospitalares, de indústrias farmacêuticas e petroquímica. (“TIPOS DE
O INOX”, 2016). O molde está ilustrado na Figura 5.3 a seguir.
Figura 5.3 – Molde de aço INOX 304L para confecção das amostras
58
As amostras serão feitas na segunda parte deste trabalho, juntamente com os
testes experimentais, e sua confecção seguirá os seguintes passos:
1) Preparação do molde com um agente desmoldante (spray de silicone);
2) Preparação da mistura de resina + endurecedor e carga, se for o caso;
3) Inserir a mistura no molde através de um orifício encontrado na parte
de cima;
4) Pressionar o parafuso até o mesmo comprimir toda a mistura para
ocupar os espaços do molde e não formar bolhas de ar;
5) Esperar o excesso da mistura escorrer pelos buracos existentes no
prato;
6) Aguardar algumas horas para o material curar completamente;
7) Abrir cuidadosamente o molde e retirar a amostra;
8) Limpar adequadamente o molde e prepara-lo para o próximo uso.
59
5.5 COMPARAÇÃO DE CUSTOS DOS MATERIAIS
Para auxiliar na comparação dos materiais apresentados neste trabalho,
viu-se a necessidade de comparar o custo de obtenção dos materiais utilizados e dos
materiais usados na indústria. Esta comparação encontra-se na Tabela 9.
Tabela 9 – Comparação de Preços dos Materiais
Matriz (Resina)
Epóxi Flexível (Com Endurecedor)
Transparente (Com Endurecedor)
Epóxi SQ 2004 com Endurecedor SQ 3140
Cristal de Alta Viscosidade (Com Catalisador)
Resina: Isoftálica (Com Catalisador)
Ortoftálica / Laminação (Com Catalisador)
Preço por Kg (R$)
84.90
69.90
69.95
23.90
27.90
19.32
Cargas
Aerossol (Agente Tixotrópico Espessante)
Dióxido de Titânio (Carga Pigmentadora)
Microesfera Oca (Carga Super Leve)
Quartzo Malha 200
Talco Industrial Verde
Calcita (Carga Mineral)
Grafite Em Pó
Preço por Kg (R$)
83.80
19.90
65.90
3.90
3.49
3.90
39.00
Fibras
Tecido: Fibra de Carbono 200
Tecido: Fibra de Carbono 200
Roving: Fibra de Vidro TEX 2400
Manta: Fibra de Vidro 300
Manta: Fibra de Vidro 450
Tecido: Fibra de Vidro 200
Tecido: Fibra de Vidro 110
Preço (R$)
24.90
109.90
223.90
76.90
76.90
44.90
36.90
Outros Materiais
Kit Laminação em Fibra de Carbono (1kg)
Aerogel (1 tijolo)
Poliuretano (1 galão)
Celeron
Preço (R$)
232, 90
300
233,8
-
60
6. CONCLUSÃO
Em termos gerais, o trabalho aqui apresentado pretendeu avaliar
alternativas de materiais que possam ser utilizados como escudo térmico interno em
motores foguete à propelente híbrido e também entender como se dá a distribuição
de temperatura da câmara de combustão para o escudo térmico. Com estes objetivos,
concluiu-se que:
1) Através da revisão da literatura foram analisados vários tipos de
materiais compósitos utilizados como escudo térmico, que ao mesmo
tempo que são eficientes, incluem materiais caros e difíceis de serem
encontrados no país. Por isso, no trabalho, foram analisados materiais
off-the-shelf e preço baixo com o objetivo de estudar sua eficiência como
escudo térmico no motor foguete a propulsão híbrida. Os materiais
considerados consistem de resinas tipo epóxi, poliéster, etc., com cargas
minerais e fibras.
2) Para estudar o comportamento dos escudos térmicos feitos de vários
materiais, o método experimental foi sugerido com o uso do motor
foguete SARA.
3) Os fluxos de calor provenientes da combustão dos produtos no motor
foguete são muito complexos para cálculo e simulação, por isso foi
necessário defini-los através do método inverso, cuja metodologia foi
descrita no trabalho.
4) Os fluxos de calor foram determinados para o escudo térmico com
geometria não regular. Este escudo térmico é usado para isolar a póscâmara de combustão do motor foguete SARA.
5) Analisando as tecnologias atuais de fabricação de materiais compósitos
foi sugerido um método de fabricação do escudo térmico pelo método
que engloba o procedimento de prensagem e RTM.
61
6) Para necessidades tecnológicas foram fabricadas acima de 20 corpos
de prova cujas densidades foram medidas. Os corpos de prova com
baixa densidade foram ressaltados.
6.1 SUGESTÕES PARA FUTUROS TRABALHOS
Assim sendo, baseando-se nos itens expostos acima, o método inverso é válido
e tem imediata aplicação para problemas onde o fluxo de calor é difícil de ser
determinado. Porém ainda não é possível concluir com certeza se os materiais
compósitos fabricados são a melhor alternativa para utilização como escudo térmico,
necessitando de ensaios experimentais para poder comprovar o mesmo. Alguns
tópicos necessários devem ser abordados para melhor entendimento dos isolantes
térmicos e como selecionar os materiais com melhor custo-benefício para os objetivos
propostos:
1. Estudar o processo de ablação em materiais compósitos.
2. Estudar o comportamento de materiais compósitos quanto à resistência térmica
de acordo com o aumento de carga e/ou fibra.
3. Realizar ensaios experimentais com algumas das amostras feitas com os
corpos de prova desenvolvidos neste trabalho.
4. Determinar a distribuição de temperatura em função do tempo em outras
seções do motor-foguete.
62
REFERÊNCIAS
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<http://www.ansys.stuba.sk/html/elem_55/chapter4/ES487.htm>. Acesso em: 15 nov. 2016.
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4, p. 703-716, 1970.
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Theory and Applications. Journal of Heat Transfer, v. 86, n. 3, p. 373, 1964.
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<http://www.if.ufrgs.br/mpef/mef008/mef008_02/Beatriz/conducao.htm>.
Acesso em: 5 nov. 2016.
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Thermally Thick Wall. NASA TECHNICAL NOTE, v. D-4737, 1968.
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York: Wiley, 1981.
12) J. KINLOCH AND R. J. YOUNG, Behaviour of polymers, Elsevier Science
Publishers, Ltd., London, 1983
13) MEHTA, R. Estimation of Heat-Transfer Coefficient in a Rocket Nozzle. AIAA
Journal, v. 19, n. 8, p. 1085-1086, 1981.
63
14) NATIONAL AERONAUTICS AND SPACE ADMINISTRATION, Solid Rocket
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15) NATIONAL RESEARCH COUNCIL. A Review of United States Air Force and
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