Gênero: multiplicidade de representações e práticas sociais. ST 38 Rita de Lourdes de Lima Maria de Fátima de Sousa Santos UFRN e UFPE Palavras-chave: Serviço Social - mulheres – subalternidade Mulheres e Serviço Social: alguns elementos para reflexão O trabalho partiu do pressuposto que há uma representação social tradicional das mulheres na sociedade. Tal visão é a-histórica e por isso não percebe a construção histórico-social da identidade masculina e feminina. Nesse sentido, o estudo partiu da concepção de mulher e homem forjadas no imaginário judaico-cristão, que se solidificou na sociedade ocidental, formando homens e mulheres com identidades opostas. Desta forma, os homens são formados para serem fortes, provedores, protetores, enquanto as mulheres são formadas para serem frágeis, protegidas, submissas, dóceis. Esta representação social do “ser mulher” as encaminha para profissões que, exijam das mesmas as características que se supõem inatas às mulheres. Assim, as profissões que educam, cuidam, ajudam são associadas às mulheres e são predominantemente procuradas por elas. Acerca desta questão, é interessante observarmos o discurso da oradora da primeira turma de Serviço Social, formada no Brasil em 1938: Intelectualmente o homem é empreendedor, combativo, tende para a dominação. Seu temperamento prepara-o para a vida exterior, para a organização e para a concorrência. A mulher é feita para compreender e ajudar. Dotada de grande paciência, ocupa-se eficazmente de seres fracos, por isso, particularmente indicada a servir de intermediária, a estabelecer e manter relações. De acordo com sua natureza a mulher só poderá ser profissional numa carreira, em que suas qualidades se desenvolvam, em que sua capacidade de dedicação, de devotamento seja exercida. (...) Como educadora é conhecida sua missão. Abre-se agora também com o movimento atual, mais um aspecto de atividade: o Serviço Social (Iamamoto, 1983, p. 175176). Destarte, o Serviço Social surgiu e se construiu historicamente, como uma profissão destinada a “mulheres”, com forte ligação com valores cristãos e humanitários e um histórico de subalternidade. É o que os estudos de gênero costumam chamar de Divisão Sexual do Trabalho. A este respeito, Iamamoto também assinala: Com tal perfil (feminino), o assistente social absorve tanto a imagem social da mulher, quanto as discriminações a ela impostas no mercado de trabalho (...). Além da marca feminina predominante, o assistente social é herdeiro de uma cultura profissional que carrega fortes marcas confessionais em sua formação histórica e alguns de seus traços se atualizam no presente por meio de um discurso profissional laico que reatualiza a herança conservadora de origem. (...) Os traços citados podem estimular o cultivo de uma subalternidade profissional, com desdobramentos na baixa auto-estima dos assistentes sociais diante de outras especialidades. Favorecem a internalização de ‘profissionais de segunda categoria’, que ‘fazem o que todos fazem’ e o que ‘sobra’ de outros profissionais. Enfim, uma profissão (...) destituída de status e prestígio (1998, p. 104-106, grifos originais). Na verdade, subalternidade, do ponto de vista etimológico, adquire seu sentido a partir da junção dos termos sub - que significa “abaixo de” - e alter – que significa “o outro”. Deste modo, etimologicamente falando, subalternidade significa “estar abaixo de outrem, subjugado, dominado”. Ora, se “subalternidade” é estar abaixo do outro, subjugado, inferiorizado, a subalternidade profissional seria, então, uma situação de inferioridade e subjugação que ocorre entre profissões1, de modo que, uma (ou mais) exerce um certo domínio/poder2 ou influência sobre a outra na sociedade. A subalternidade profissional é, portanto, uma situação de domínio/poder e influência que se estabelece entre as profissões na sociedade, tendo como principais determinantes as dicotomias: trabalho manual/trabalho intelectual3, profissões femininas/profissões masculinas e profissões menos consolidadas socialmente/ profissões mais consolidadas socialmente4. Historicamente, a subalternidade profissional no Serviço Social encontra-se relacionada a muitos elementos, entre eles: sua origem ligada à caridade e à filantropia de origem religiosa -, forjando um perfil profissional mais moral que intelectual - e o perfil predominantemente feminino que se soma ao perfil religioso-moral, criando uma imagem social da profissão relacionada a boa vontade, a características femininas e a caridade. Tal imagem tem se reproduzido e ainda hoje a profissão é predominantemente feminina. Apesar de todo este histórico, o Serviço Social no Brasil, a partir da década de 1970, começou um processo de questionamento as suas bases tradicionais que se configurou, na década de 1990, num novo código de ética profissional e numa nova lei de regulamentação da profissão, que têm como pilares básicos o reconhecimento da liberdade como valor ético central, a defesa intransigente dos direitos humanos, a recusa ao arbítrio e do autoritarismo, a ampliação e consolidação da cidadania e a defesa e aprofundamento da democracia. Diante destas modificações no Serviço Social, perguntávamos-nos qual a Representação Social dos/as assistentes sociais sobre “ser mulher” hoje e se havia relação desta representação com a questão da subalternidade profissional do Serviço Social. Será que os/as assistentes sociais, de fato, conseguiram construir uma representação nova sobre o Serviço Social e sobre o “ser mulher” que rompe com a representação tradicional? Para iluminar nosso objeto, partimos das formulações de Serge Moscovici na teoria das Representações Sociais. Partimos ainda dos inscritos no Conselho Regional de Serviço Social/CRESS-RN (836 profissionais inscritos como ativos, dos quais 828 são mulheres e 8 são 2 homens – dados de Janeiro de 2002) e, estabeleceu-se como critério para a escolha da amostra estar em exercício profissional por no mínimo 2 anos. Fez-se um sorteio aleatório e trabalhou-se com 120 assistentes sociais mulheres e com 2 homens. No segundo momento da pesquisa, trabalhamos com 5 Assistentes Sociais - 4 Mulheres e 1 Homem. Assim, a pesquisa teve os seguintes momentos: 1o momento: 122 pessoas entrevistadas pelo método de associação livre, com análise dos dados a partir do software “Evoc”. Ainda neste momento, foi aplicado uma “check-list” para conhecer a atribuição de valor em relação a profissões femininas e masculinas e cuja análise foi feita através do software “Statistic”. 2o momento: Dados colhidos com 5 pessoas, através de entrevista semi-estruturada com o objetivo de compreender melhor a formação das representações sociais. Utilizou-se ainda a análise temática. Uma rápida análise dos dados encontrados: Os resultados do primeiro momento da pesquisa serviram para traçar o perfil dos assistentes sociais em Natal, ou seja quem são, onde estão trabalhando, qual o nível de qualificação etc. A análise destes elementos permitiu verificar que estes não interferiam na representação acerca do Serviço Social, ou na representação sobre o “ser mulher” ou seja, independente da idade, período de graduação ou outra variável, a representação social acerca destes elementos permanece positiva e relativamente homogênea. O perfil traçado mostra que a maioria dos/as assistentes sociais são ainda mulheres (97,66%), católicas5 (67,25%) e casadas (58,48%). Tais dados mostram um perfil que se modificou somente em relação ao estado civil (em seu início a profissão era predominantemente composta por mulheres solteiras) e que em relação a religião e ao gênero, o Serviço Social mantêm as mesmas características. Em relação a religiosidade contudo, as entrevistas realizadas posteriormente, mostraram que o fato dos(as) profissionais se dizerem católicos(as) não significa obediência aos preceitos da Igreja e nem participação ativa nesta. O catolicismo no nosso país tem como características marcantes a não obediência rígida aos ensinamentos romanos, a devoção aos santos oficiais e/ou a milagreiros não oficiais com o estabelecimento de rezas, novenas e promessas, enfim, é uma religiosidade vivida em casa e sem freqüência assídua à igreja. Neste sentido, provavelmente, esta predominância católica refere-se muito mais à formação que os profissionais tiveram no seio de suas famílias do que à influência do catolicismo atualmente em suas vidas. Faltava-nos ainda analisar a representação social acerca da profissão e do “ser mulher” e verificar se a questão da subalternidade profissional se mantem. 3 Bom, em relação a representação social dos assistentes sociais sobre o Serviço Social, os dados indicam que hoje se consolida uma nova forma de ver o Serviço Social. Os entrevistados associam ao Serviço Social novos elementos que se distanciam da representação tradicional do Serviço Social, entre eles: compromisso, luta, participação, política social. Ao mesmo tempo, aparecem elementos que sempre caracterizaram o Serviço Social na sua trajetória histórica enquanto profissão: assistência e educação. Ainda aparecem outros elementos que mostram uma nova forma de representar o Serviço Social: cidadania, justiça inclusão e transformação. Contudo, estes novos valores, se somam a valores que remetem a representação tradicional do Serviço Social: Ajuda, Humanização e Dedicação. Levantamos algumas hipóteses explicativas para estas transformações que se percebem na forma de representar o Serviço Social. Como já assinalamos, o Serviço Social começa um processo de questionamento a suas bases tradicionais na década de 1970 e, a partir deste período, se consolidou um novo projeto profissional, que se explicitou num novo código de ética e na nova lei de regulamentação da profissão, ambos de 1993. Tal projeto se compromete com a defesa dos direitos sociais, cidadania, justiça e liberdade e com o repúdio a todas as formas de preconceito. Tal projeto, portanto, se baseia fundamentalmente na defesa dos direitos sociais e se afasta das noções de ajuda, solidariedade e dedicação que caracterizaram o Serviço Social tradicional. Desta forma, uma primeira hipótese explicativa nos leva a crer que ao longo destes 30 anos, o Serviço Social delineou um novo projeto profissional que foi aceito e incorporado pela maioria dos profissionais. Neste sentido, parece-nos que o Serviço Social tem uma nova forma de se ver e de se construir historicamente. Como conseqüência deste novo projeto profissional, mas não só por isso, também se modificou a Representação Social sobre o “ser mulher” dos assistentes sociais. Os elementos que os assistentes sociais associam ao “ser mulher” remetem a uma nova representação de mulher: coragem, conquista, determinação, fortaleza. Contudo, ainda aparece, como elemento central, o amor, um elemento antigo na representação tradicional sobre o “ser mulher”. Mesclam-se ainda elementos novos e antigos, temos ainda: trabalho, dinamismo e competência junto com mãe, sensibilidade, submissão e intuição. Deste modo, as mulheres se vêem como seres fortes e decididos, mas, ao mesmo tempo, se vêem fundamentalmente como um ser de “amor”, voltado para este elemento e tendo-o como valor básico. Acerca da representação social sobre o “ser mulher”, um aspecto chamou-nos atenção. Apesar de serem poucos os homens que foram entrevistados, analisando separadamente a organização da representação social deles, percebe-se que evocam palavras mais ligadas a representação tradicional do “ser mulher”. Assim, aparecem como elementos centrais para os homens na representação sobre o “ser mulher”: amor, mãe, beleza, sensibilidade, intuição. 4 Diferentemente, as mulheres têm mais elementos centrais que remetem a uma representação nova do “ser mulher”, mostrando que as mulheres se vêm hoje diferentemente da forma como os homens as vêem. Por fim, a representação social sobre “mulher e Serviço Social” parece também mesclar elementos novos e antigos mais com predominância de elementos novos. Assim, aparecem: ação, cidadania, luta, fortaleza, trabalho, profissão que remetem a uma nova representação e, sensibilidade que remete a uma representação tradicional. Ainda aparecem novamente juntos elementos novos e antigos: compromisso, direitos, coragem e determinação, junto com amor, dedicação e compreensão. Percebe-se, portanto, uma representação social que tem em si muito mais elementos novos, construídos nas lutas e transformações sociais pelas quais passou a sociedade. Como assinala ainda Iamamoto ( 1998, p. 105): Se a imagem social predominante da profissão é indissociável de certos estereótipos socialmente construídos sobre a mulher na visão mais tradicional e conservadora de sua inserção na sociedade, o processo de renovação do Serviço Social é também tributário da luta pela emancipação das mulheres na sociedade brasileira, que renasce com vigor no combate ao último período ditatorial, em parceria com as lutas pelo processo de democratização da sociedade e do Estado no país. Assim sendo, olhamos este resultado com esperança, pois ele mostra que as mulheres hoje se vêem mais corajosas, determinadas, ligadas ao trabalho, cidadãs, mesmo se ainda regidas predominantemente pelo amor6. Quanto a questão da subalternidade profissional no Serviço Social, os resultados encontrados indicam que também neste aspecto houve avanços no Serviço Social. Com o novo projeto profissional percebe-se nos entrevistados um certo orgulho pela profissão que escolheram. Podemos ilustrar isso com uma das falas das entrevistadas: Se eu fosse escolher de novo, eu escolheria Serviço Social novamente. O curso era como eu esperava ser, inclusive trouxe mais coisas que eu nem sabia. Eu pensava que era um curso mais simples(...). Aprendi a valorizar a profissão e mais ainda quando comecei a trabalhar.(...) Temos colegas que trabalham e não gostam da profissão, isso me deixa triste, é preocupante para a profissão. (...) Eu particularmente adoro a minha profissão, valorizo demais, eu me chateio e brigo quando falam do Serviço Social nas instituições(...). Eu sinto demais quando querem colocar o Serviço Social lá em baixo. Eu não admito que nenhum outro profissional denigra nossa profissão. Eu não admito que um médico se ache o máximo, superior – eu digo médico, porque devido a história que alguns se acham os donos do saber, e eu questiono muito isso aqui na instituição. Eu não deixo” (R...). Assim sendo, observa-se que, de fato, a subalternidade profissional existe e que tem relação com diversos determinantes sociais e entre eles encontra-se a predominância feminina na profissão. 5 Deste modo, tal subalternidade encontra-se presente não só no Serviço Social, mas é um fato, também, em todas as outras profissões ditas “femininas”. Contudo, o relato acima permite-nos assinalar que, a competência teórico-metodológica e ético-política e a segurança do profissional, frente a outras profissões mais consolidadas socialmente, podem ser um contrapeso em relações institucionais quase sempre viciadas e preconceituosas. Desta forma, tal competência e segurança na defesa da importância da profissão contribuem para modificações presentes e futuras no estabelecimento de relações de respeito e igualdade entre as diversas profissões e, como conseqüência - como nada existe de forma isolada -, contribuem também para modificações nas relações entre os gêneros. Desta forma, o processo de modificação dos papéis femininos na sociedade e o processo de reformulação na profissão trouxeram mudanças significativas nas representações sociais acerca do Serviço Social, do “ser mulher” e da subalternidade profissional. Referências BOURDIEU, Pierre. A dominação masculina. (trad. Maria Helena Kühner). Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1999. CASTRO, Mary G. & LAVINAS, Lena. Do Feminino ao Gênero: A construção de um objeto. In: BRUSCHINI, Cristina & COSTA, Albertina de Oliveira (org.) Uma questão de Gênero. Rio de Janeiro: Rosa dos Tempos/São Paulo: Fundação Carlos Chagas, 1992. COMBES, Danièle & HAICAULT, Monique. Produção e Reprodução. Relações Sociais de Sexos e de Classes. In: O Sexo do Trabalho. São Paulo: Paz e Terra, 1997. FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Dicionário Aurélio Básico da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1988. FOUCAULT, Michel. Microfísica do Poder. Organização e tradução Roberto Machado. 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Para esse autor não há aqueles que não exercem poder nenhum e não existe algo unitário chamado poder, mas formas díspares e heterogêneas em transformação. O poder existe sempre como algo que circula, funcionando e se exercendo em rede (Cf. Foucault, 1999). 3 - “O Trabalho humano é atividade dirigida a fim de criar valores de uso, isto é, responder necessidades sociais. Assim, a partir da prévia-ideação, o processo de trabalho transforma um objeto por meio de instrumentos com vistas a um determinado fim: criar valor de uso” (Marx,1987, p. 201-210). 4 - A consolidação social de uma profissão envolve vários elementos que se imbricam determinando o status social da profissão. Três elementos parecem-nos, determinantes neste processo: o tempo de surgimento da profissão (quanto mais antiga, mais consolidada socialmente), os elementos sociais envolvidos na gênese histórica da profissão e sua função social. 5 - No XI Congresso Brasileiro de Assistentes Sociais, realizado de 18 a 22 de outubro de 2004, em Fortaleza, foi apresentada a pesquisa realizada pelo conjunto CFESS/CRESS “Perfil Profissional do Assistente Social no Brasil”, que trabalhou com todos os estados brasileiros, exceto o Acre. Os dados apresentados mostram que 97% dos Assistentes Sociais do Brasil são mulheres – dados de 2004 (Cf. www.cfess.org.br), permanecendo ainda, nitidamente, um recorte de gênero na profissão. Acerca da religiosidade na profissão que, por vezes, é uma variável que se relaciona também com o gênero, há um interessante estudo recentemente lançado: Simões Neto, José Pedro. Assistentes Sociais e Religião – um estudo Brasil-Inglaterra. São Paulo: Cortez, 2005. 6 - Aqui não vai nenhuma depreciação do valor do amor nas nossas vidas. O amor é importante fonte de ligação entre os seres humanos e entre os gêneros (ver a este respeito brilhante post-scriptum sobre o amor de Bourdieu, 1999). O que estou tentando chamar atenção é para a construção histórica da associação da Mulher com o amor, forjando uma mulher frágil e sentimental, diferentemente do homem, representado como forte e racional, distante, portanto, deste ou de outro sentimento que, segundo esta concepção, o fragilizaria. 7