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Revisão de literatura: “A importância e os benefícios da drenagem
linfática manual no pós-operatório”
Renata Fontenele Costa¹
Dayana Priscila Maia Meja ²
Maiara Jucilea Oliveira da Silva³
[email protected]
Pós-graduação em Fisioterapia Dermato funcional– Faculdade Ávila
Resumo
A crescente preocupação com os cuidados pós-cirúrgicos vem apresentando resultados
positivos por meio da procura de meios preventivos para possíveis complicações, que tem
proporcionado ao paciente um pós-operatório mais curto e, consequentemente, um resultado
estético mais satisfatório. Um dos recursos que visa minimizar o edema no pós-operatório de
cirurgia plástica é a drenagem linfática. O estudo de revisão da literatura teve como objetivo
identificar a importância e os benefícios da drenagem linfática manual no pós-operatório.
Foram obtidos dados dos últimos dez anos coletados realizadas no período de junho a
novembro de 2012, e por meio desses dados recentes observou-se significativa redução do
edema e a prevenção das demais complicações do pós-operatório. Com isso conclui-se existe
uma relação entre pós-operatório e drenagem linfática. Um dos fatores a ser levado em
consideração é a boa aceitação da técnica empregada, que além da diminuição dos transtornos
refletidos pela cirurgia, ocorre também uma sensação de relaxamento ao término de cada sessão.
Palavras-chave: Drenagem linfática manual; Pós-operatório; Sistema linfático
1.Introdução
O ato cirúrgico constitui uma agressão tecidual que, mesmo bem diferenciado, pode
prejudicar
a
funcionalidade
desses
tecidos
(FLORES
et
al.,
2011).
De acordo com Larionoff (2007) qualquer ato cirúrgico causa um rompimento de vasos,
promovendo a obstrução superficial e, às vezes, profunda da circulação linfática. Dentre as
complicações pós-cirúrgicas locais mais comuns temos: hematomas, seromas, infecções na
cicatriz cirúrgica, deiscência, necrose cutâneo-gordurosa, alterações cicatriciais, assimetrias,
retrações e edema.
A crescente preocupação com os cuidados pós-cirúrgicos vem apresentando resultados
positivos por meio da procura de meios preventivos para possíveis complicações, que tem
proporcionado ao paciente um pós-operatório mais curto e, consequentemente, um resultado
estético mais satisfatório. Um dos recursos que visa minimizar o edema no pós-operatório de
cirurgia plástica é a drenagem linfática (SILVA, 2012).
A drenagem linfática é uma técnica complexa, representada por um conjunto de manobras
visando drenar o excesso de líquido acumulado no interstício, nos tecidos e dentro dos vasos
(FELICIANO, 2007).
_____________________________
¹ Pós-graduação em fisioterapia dermato-funcional.
² Fisioterapeuta, especialista em Metodologia do Ensino Superior, Mestranda em Bioética e Direito em Saúde da
Mulher.
³ Fisioterapeuta, especialista em saúde da mulher pela faculdade de Ribeirão Preto.
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Em seus estudos afirma Leduc (2002) que a drenagem linfática manual drena os líquidos
excedentes que banham as células, mantendo assim, o equilíbrio hídrico dos espaços
intersticiais. Também é responsável pela evacuação dos dejetos provenientes do metabolismo
celular, assim tende a diminuir o edema, melhorando o efeito estético, aumentando a
satisfação dos pacientes quanto ao resultado do procedimento cirúrgico.
Por ser a drenagem linfática um componente básico nas vantagens inerentes ao pós-operatório
e sua utilização é baseada numa técnica utilizada para favorecer a circulação dita “de retorno”,
este estudo tem como objetivo realizar uma revisão da literatura, buscando informar a
importância e os benefícios da drenagem linfática manual no pós-operatório, fornecer
informações sobre drenagem linfática manual e destacar as complicações do pós-operatório.
Justifica-se pela preocupação das pessoas em ter um pós-operatório mais curto e livre de
possíveis complicações que o mesmo ocasiona. Assim, aumenta-se a procura por medidas
terapêuticas não invasivas, sendo uma delas a drenagem linfática que age na redução
significativa do edema.
2. Referencial Teórico
2.1 Pós-operatório
Segundo Cavazzola et al. (2008), a cirurgia não se resume ao ato operatório. O procedimento
cirúrgico faz parte de um tratamento global do paciente. Portanto, o cirurgião deve ter
conhecimento técnico consolidado e, além disso, ter embasamento clínico para obter sucesso
na sua terapêutica.
Todo paciente submetido a tratamento cirúrgico está sujeito a uma série de eventos
caracterizados e definidos, clinicamente designados de complicações pós-operatórias, e elas
podem ser imediatas ou tardias.
A eficiência de uma cirurgia plástica não depende somente do seu planejamento cirúrgico,
mas também dos cuidados pré e pós-operatórios, que são fatores preventivos de possíveis
complicações e promovem um resultado estético mais satisfatório. O não encaminhamento ao
tratamento pós-operatório ou o encaminhamento tardio (após 25º – 30º dia de PO) podem
privar o paciente de adquirir uma recuperação mais saudável, mais curta e com menos
sofrimento físico e/ou psicológico, além de poderem comprometer o resultado final da
cirurgia (MOREIRA, TAVARES, 2012).
Qualquer ato cirúrgico causa um rompimento de vasos, promovendo a obstrução superficial e,
às vezes, profunda da circulação linfática (LARIONOFF, PORTAL, 2007).
De acordo com Alves (2012), o pós-operatório é constituído de 3 fases:
- FASE INFLAMATÓRIA: Fase inflamatória ou exsudativa, sua duração é de
aproximadamente 48 a 72 horas. Caracteriza-se pelo aparecimento de sinais prodrômicos da
inflamação: dor, calor, rubor e edema. Mediadores químicos promovem a vasodilatação,
aumentam a permeabilidade dos vasos e favorecem a quimiotaxia dos leucócitos - neutrófilos
combatem
os
agentes
invasores
e
macrófagos
realizam
a
fagocitose.
- FASE PROLIFERATIVA: Tem duração de 12 a 14 dias. Ocorrem neo-angiogênise,
produção de colágenos jovens pelos fibroblastos e intensa migração celular, principalmente
queratinócitos, promovendo a epitelização. A cicatriz possui aspecto avermelhado.
- FASE DE MATURAÇÃO OU REMODELAÇÃO: A terceira etapa pode demorar meses a
anos. Ocorre reorganização do colágeno que adquire maior força tênsil e empalidece. A
cicatriz assume coloração semelhante à pele adjacente.
Dentre as complicações pós-cirúrgicas locais mais comuns temos: dor, hematomas, seromas,
infecções na cicatriz cirúrgica, deiscência, necrose cutânea gordurosa, alterações cicatriciais,
assimetrias, retrações, etc (COUTINHO et al, 2006).
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As cirurgias plásticas possuem na sua maioria grande necessidade de drenagem linfática
manual, devido ao edema, dor e diminuição da sensibilidade cutânea que geram grande
desconforto e são causados pela grande destruição de vasos e nervos pela maioria dos
procedimentos de cirurgia plástica (MIGOTTO, SIMÕES, 2013).
2.1.1- Dor
A definição de dor é de uma experiência psíquica e/ou sensorial desagradável, associada ou
não com lesão tecidual real ou potencial ou descrita nesses termos, segundo a International
Association of Study of Pain.
O ato cirúrgico seja de pequeno, médio ou grande porte é frequentemente desencadeante de
dor no período pós-operatório. A dor é a reclamação mais comum dos pacientes pósoperatórios. Na maioria dos casos, é decorrente da manipulação cirúrgica dos tecidos, e é
autolimitada, respondendo à analgesia simples. Ela pode persistir devido à resistência natural
ao medicamento ou intensifica-se, sendo necessário o uso de drogas mais potentes. Isso é
comum nas cirurgias de grande porte ou quando ocorrem complicações na ferida operatória.
A dor pode ainda cronificar-se, por lesões nervosas locais, com hiperestesia duradoura
(ROGRIGUES, CHOUIN, 2006).
Para Stracieri (2008), a ferida cirúrgica não é espontaneamente dolorosa após 48 horas do ato
cirúrgico. Quando o paciente se queixa de dor é judicioso acreditar nele. A dor é subjetiva e o
seu limiar é imensurável. É importante um cuidadoso exame, antes de medicá-lo com
analgésicos.
A drenagem linfática manual no pós-operatório imediato, promove uma grande melhora no
desconforto e quadro álgico por reduzir a congestão tecidual, contribuindo também para o
retorno precoce da sensibilidade cutânea local (FERREIRA, 2010).
2.1.2- Seroma
Seroma é a coleção de líquido na ferida que não seja sangue nem pus. Os seromas aumentam
o risco de infecção e retardam a cicatrização. Aqueles que se localizam abaixo dos retalhos da
pele podem ser evacuados por aspiração com agulhas de punção (CAVAZZOLA et al, 2008).
Constituída por coleção de gordura liquefeita, plasma e fluido linfático sob a incisão
cirúrgica, a coleção serosa é encontrada mais comumente no subcutâneo, logo abaixo da
derme. Ocorre com maior freqüência em pacientes submetidos a cirurgias nas quais são
realizadas grandes dissecções e manipulações da pele e do tecido subcutâneo, como nas
mastectomias, esvaziamento ganglionar axilar, hérnias ventrais volumosas e cirurgias em
obesos. Traumas de partes moles também podem ser responsáveis pela formação de seromas.
Normalmente, o primeiro sinal de uma coleção serosa se manifesta como edema na ferida
operatória, podendo ou não haver dor local associada. Pode haver drenagem espontânea pela
ferida operatória de um líquido claro, amarelado e viscoso, caracterizando o seroma
(ROGRIGUES, CHOUIN, 2006).
2.1.3- Edema
Baseggio et al (2011), relata que a drenagem linfática manual é indispensável no pósoperatório de cirurgias plásticas, e que se deve iniciar o mais precoce possível, para ajudar na
penetração do líquido excedente nos capilares sangüíneos e linfáticos intactos da região
adjacente à lesão. Afirmam que quanto mais precocemente iniciada a drenagem linfática,
menor a probabilidade do acúmulo de líquidos no local e mais rápida a recuperação dessas
pacientes.
Em estados fisiológicos a pressão hidrostática e oncótica do liquido intersticial são
relativamente constantes, quando o volume de líquido intersticial excede a capacidade de
drenagem dos linfonodos, haverá um excesso de líquido intersticial nos tecidos subcutâneos
sendo denominado edema.
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O edema pode se subdividir em dois tipos distintos onde o primeiro está relacionado com o
excesso da quantidade de líquido que é proveniente de uma alteração no processo de
drenagem natural do organismo, este é de origem vascular apresentando-se juntamente com o
ninal de godjet. O segundo tem origem a partir de uma alteração no processo fisiológico de
evacuação, enquanto que o processo de filtração ocorre de maneira normal, essa patologia
recebe o nome de linfedema (ALENCAR, 2012).
Nos traumas mecânicos, como na cirurgia plástica, pode haver alteração estrutural ou
funcional dos vasos linfáticos, causada por laceração ou compressão (hematoma, fibrose).
Essa obstrução mecânica alterará o equilíbrio das tensões, resultando de maneira inevitável
em edema. Esse edema é definido como o acúmulo de excesso de líquido no espaço
intersticial como resultado da quebra do equilíbrio entre a pressão interna e externa da
membrana da célula, ou de uma obstrução do retorno linfático e venoso (SILVA, 2012).
O edema indica reação inflamatória tecidual, alteração na dinâmica normal dos capilares e
funcionamento inadequado ou comprometido do mecanismo de bombeamento venoso e do
sistema linfático. Denota-se excesso de líquido no interstício ou em cavidades serosas; sendo
um processo desencadeado pela histamina, pela bradicinina, pelos leucotrienos e por outras
classes de mediadores químicos, pode corresponder a um exsudato ou a transudato. O
exsudato é o líquido inflamatório extravascular com concentração protéica elevada e grande
quantidade de restos celulares; em contraste, o transudato é um líquido com teor protéico
baixo composto em sua maior parte de albumina (REIS et al, 2004).
O excesso de líquido no interstício promoverá um aumento da pressão intersticial de modo a
promover compressão das estruturas adjacentes. Neste contexto haverá afastamento dos
capilares, distensão das células endoteliais e dos espaços intercelulares ocasionando uma
dilatação anormal das válvulas. Parte deste líquido será drenado pelas veias, no entanto as
proteínas de maior peso molecular não conseguiram retornar aos vasos e acumularam-se no
interstício. Esse excesso de proteína estimulará a formação dos fibroblastos e determinará a
formação de fibrose (GODOY e GODOY, 2001).
2.1.4- Hematoma
Quanto ao trauma produzido, quer por choque direto, quer por estiramento e ruptura dos
tecidos moles, podem ocorrer lesões de músculos, ligamentos, tendões, bem como nervos,
capilares e vasos. A ruptura dos vasos causa hemorragia direta no espaço intersticial e,
conseqüentemente, a formação de hematoma (BIAGGI, 2005).
Hematoma é coleção de sangue e coágulo na ferida, é a complicação mais comum de ferida
operatória e é, na grande maioria das vezes, causada por uma hemóstase imperfeita. O
hematoma aumenta a incidência de infecção de ferida operatória (CAVAZZOLA et al, 2008).
Segundo Rodrigues e Chouin (2006), a formação de coleções sanguíneas no pós-operatório
está relacionada a uma hemostasia deficiente ou a coagulopatias. De modo ainda discutível, a
hipertensão arterial não controlada tem sido também incriminada como fator predisponente. A
febre secundária à presença de hematomas é devida à liberação de pirogênio dos leucócitos
seqüestrados, tal como ocorre em grandes aneurismas. Se ocorrer infecção do hematoma, a
febre se torna persistente e elevada até que o abscesso neoformado seja identificado e
drenado.
2.2 Sistema linfático
O sistema linfático origina-se nos espaços teciduais do corpo e consiste de capilares, vasos e
ductos linfáticos e linfonodos. Os capilares linfáticos originam-se na microcirculação,
anastomosam-se e formam os vasos linfáticos e estes, os coletores linfáticos pré e pós
linfonodais, que realizam o transporte da linfa pelo ducto torácico, que por sua vez alcança a
veia subclávia esquerda e ducto linfático direito, desembocando na veia subclávia direita. Os
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capilares linfáticos, menores vasos condutores do sistema linfático, só compostos por camada
de células endoteliais superpostas, cujas fibras elásticas formam filamentos que permitem a
abertura ou fechamento entre suas junções. Suas bordas internas funcionam como válvulas
que, quando abertas, permitem a absorção de macromoléculas e, quando fechadas, permitem a
passagem da linfa e de micromoléculas. Os capilares ajustam-se em forma e tamanho em
resposta à quantidade e pressão do fluido tecidual (SQUARCINO, 2007).
O sistema linfático assemelha-se ao sistema sanguíneo, que está intimamente relacionado
anatômica e funcionalmente ao sistema linfático. Porém, existem diferenças entre os dois
sistemas, como a ausência de um órgão central bombeador no sistema linfático, além deste ser
microvasculotissular. Esse importante sistema possui várias funções importantes: retorno do
líquido intersticial para a corrente sanguínea; destruição de microorganismos e partículas
estranhas da linfa e respostas imunes específicas, como a produção de anticorpos. O sistema
linfático consiste de: um sistema vascular, constituído por um conjunto particular de capilares
linfáticos, vasos coletores e troncos linfáticos; linfonodos, que servem como filtros do líquido
coletado pelos vasos; órgãos linfóides, que incluem tonsilas, baço e o timo, encarregados de
recolher, na intimidade dos tecidos, o líquido intersticial e reconduzi-lo ao sistema vascular
sanguíneo. Quando o líquido intersticial passa para dentro dos capilares linfáticos recebe a
denominação de linfa. (GUIRRO e GUIRRO, 2004).
A linfa é reabsorvida por vasos linfáticos distribuídos em todo o corpo e denominados
capilares linfáticos ou vasos linfáticos iniciais. Estes desembocam em vasos que transportam
a linfa e são denominados pré-coletores ou pós-capilares, que, por sua vez, desembocam nos
coletores. Os pré-coletores possuem a mesma estrutura fundamental que os capilares, com a
diferença de o cilindro endotelial interno ser coberto por um revestimento do tecido
conjuntivo, munido de elementos elásticos e musculares. Isso explica as propriedades físicasalongamento e contratilidade- dos vasos. Os pré-coletores são providos de válvulas,
contrariamente ao que se verifica nos vasos linfáticos iniciais. Eles apresentam um trajeto
sinuoso (LEDUC e LEDUC,2007). Os capilares linfáticos drenam para os coletores linfáticos,
onde as junções abertas diminuem até desaparecer, a camada muscular média aparece e as
valvas intralinfáticas ficam mais freqüentes. Surge também a camada adventícia. Dos
coletores linfáticos, a linfa vai para os ductos linfáticos e retorna à circulação sangüínea
(NETO et al, 2004).
Os vasos linfáticos, para os quais drenam os capilares, transportam linfa, líquido de
concentração semelhante à do plasma, porém com baixa concentração de proteínas e grande
número de leucócitos, principalmente linfócitos. É através de suas válvulas que os vasos
linfáticos permitem à linfa fluir em única direção, sendo propelida pela ação massageadora
dos músculos esqueléticos sobre os vasos, variações de pressão secundárias à respiração
(decréscimo no tórax e aumento no abdômen durante a inspiração e contração do músculo liso
relaxado das paredes vasculares, gerando um mecanismo bombeador) (SQUARCINO, 2007).
Vasos linfáticos são verdadeiros plexos que se entrelaçam com os capilares sanguíneos, estão
dispostos de forma superficial e profunda, em relação à rede capilar sanguínea, tendo como
função coletar e transportar a linfa ate o sistema venoso.
O maior ducto linfático do corpo é o ducto torácico, a parede do ducto tem uma maior riqueza
em fibras musculares lisas que a de grandes veias. No ducto torácico, as fibras musculares
mais relevantes no abdome e vão decrescendo no tórax e região cervical respectivamente.
Esse dado corresponde à necessidade fisiológica que a linfa tem de manter seu fluxo em
direção cranial, para desembocar nos ângulos venosos entre as veias jugular interna e
subclávia de cada lado, na transição linfático-venosa, observa-se que as fibras musculares
lisas encontram-se desordenadas em alguns pontos e com um arranjo helicoidal em outros
(AMORIM, 2012).
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Os coletores linfáticos transportam a linfa em direção às cadeias ganglionares.O gânglio é
formado por uma cápsula conjuntiva periférica que se adere ao tecido adiposo.Os vasos
aferentes penetram no gânglio pelo lado convexo. Os vasos eferentes recuperam a linfa e
deixam o gânglio no nível do hilo. A linfa se infiltra no seio marginal ou subcapsular, que
contém linfócitos e macrófagos. Em seguida, ela é transportada por canais até o seio medular.
De lá, a linfa é recaptada pelos vasos eferentes que surgem no hilo. A função essencial do
gânglio linfático é a preservação do organismo contra qualquer agressão de substâncias
estranhas. Essa defesa é o resultado de uma reação imunológica muito complexa (LEDUC e
LEDUC, 2007).
Segundo Guirro e Guirro (2004), há grupos de linfonodos na axila, virilha, pescoço, perna,
bem como em várias regiões profundas do corpo. Técnicas que visam incrementar o fluxo da
linfa devem considerar o sentido natural da drenagem nos diferentes segmentos. No membro
superior os vasos superficiais e profundos fluem para os linfonodos inguinais superficiais.
Toda a linfa do organismo acaba retornando ao sistema vascular sangüíneo através de dois
grandes troncos: o ducto torácico e o ducto linfático direito. O ducto torácico recebe a linfa
proveniente dos membros inferiores, do hemitronco esquerdo, do pescoço e da cabeça, além
do membro superior esquerdo. Ele se origina na cisterna do quilo, uma dilatação situada
anteriormente à segunda vértebra lombar, onde desembocam os vasos que recolhem o quilo
intestinal. Já o ducto linfático direito recolhe a linfa proveniente do membro superior direito,
do hemotórax direito, do pescoço e da cabeça. Este ducto é formado pela união dos troncos
subclávios, jugular e broncomediastinal direito.
De acordo com Leduc e Leduc (2007), os linfáticos do membro inferior compreendem: os
coletores superficiais satélites da safena interna, indo em direção aos coletores inguinais; os
coletores superficiais da safena externa, indo em direção aos gânglios linfáticos poplíteos; os
coletores da região glútea.
2.3 Drenagem linfática Manual
A drenagem linfática manual (DLM) continua sendo a técnica mais indicada para o póscirúrgico, auxiliando na diminuição do edema, do hematoma, e na desintoxicação do tecido.
Segundo Feliciano (2007), A drenagem linfática manual melhora as funções essenciais do
sistema circulatório linfático mediante manobras precisas que acompanham os trajetos
linfáticos, não sendo necessária a compressão dos músculos. A principal finalidade é
mobilizar a corrente de líquidos que está dentro dos vasos linfáticos. Essa pressão leve e
intermitente deve ser realizada de forma rítmica a seguir sempre o sentido fisiológico da
drenagem da linfa.
A drenagem linfática manual é indicada no pós-operatório da maioria dos procedimentos de
cirurgia plástica, como nas cirurgias de face, lipoaspiração, mamas, abdominoplastias, entre
outras, sendo que quando bem realizada promove uma grande melhora no quadro álgico por
diminuir a congestão tecidual, contribuindo também para o retorno precoce da sensibilidade
cutânea local. A drenagem não oferece risco algum para o paciente, além disso não há limite
para sua utilização (MIGOTTO, SIMÕES, 2013).
Os movimentos devem ser lentos, delicados e rítmicos, reproduzindo o bombeamento
fisiológico, evitando, assim, o rompimento dos vasos (JÚNIOR, 2003).
A drenagem linfática manual é uma técnica de massagem específica representada por um
conjunto de manobras especificas que seguem o trajeto do sistema linfático, visando drenar o
excesso de líquido do interstício celular, restaurando o equilíbrio e a capacidade de transporte
do sistema linfático. Essa técnica foi desenvolvida em 1932 pelo dinamarquês Vodder e sua
esposa, utilizada inicialmente em pacientes com infecções de vias aéreas superiores que se
encontravam com os gânglios da região cervical edemaciados e duros (ALENCAR, 2012).
7
De acordo com Godoy e Godoy (2001), as manobras de drenagem linfática manuais são
suaves e superficiais, não necessitando de compressão dos músculos, mas sim, a mobilização
de uma corrente de líquido no interior de um vaso linfático a um nível superficial e, acima de
uma aponeurose. É é universalmente reconhecido que a pressão da mão sobre o corpo deve
ser leve de modo a não produzir colapso linfático. O valor sugerido é executado em cerca de
30-40mmHg.
Para Guirro e Guirro (2004), A pressão exercida pela massagem manual deve superar a
pressão interna fisiológica, a qual pode chegar a 25-40mmHg nos grandes vasos linfáticos. A
pressão da massagem elimina o excesso de líquido e diminui a probabilidade de fibrose,
expulsando o líquido do meio tissular para os vasos venosos e linfáticos. Os melhores
resultados são obtidos através da associação da massagem com a elevação e o enfaixamento
do segmento corpóreo em questão, visto que seu curso também é determinado por fatores
como a gravidade e pressão. O sentido da drenagem deve ser obedecido, sendo que a cabeça
também deve ser posicionada adequadamente (elevar de 15 a 20º) antes da drenagem. Não se
deve executar manobras no sentido inverso da drenagem, pois obviamente não terá validade.
Exemplificando esse equívoco podemos citar a execução de manobras da cadeia linfática
axilar, direcionando a linfa para a cadeia inguinal, contrariando o sentido normal do fluxo
uma vez que o sistema é valvulado.
Outra contribuição de extremo valor foi dada por Carlucci, nos anos 1980, ao criar a
denominada drenagem linfática reversa. Este pesquisador observou a presença de edema
pericicatricial após o uso da drenagem linfática manual em sentido fisiológico nas cirurgias
plásticas estéticas de retalhos longos. O referido edema ocorre devido ao bloqueio dos vasos
linfáticos superficiais nos locais das incisões, aumentando a tensão nas bordas das cicatrizes,
sendo, portanto, indesejável. Apesar de o termo “reversa” dar uma falsa impressão de
inversão do fluxo da linfa, este método procura direcionar tal edema para as vias que se
mantêm íntegras após as incisões cirúrgicas, até a reconstituição dos vasos (TACANI e
TACANI, 2008).
Atualmente a drenagem linfática manual está representada principalmente por duas técnicas: a
de Leduc e a de Vodder. Ambas são baseadas nos trajetos dos coletores linfáticos e
linfonodos, associando basicamente três categorias de manobras: manobras de captação,
manobras de reabsorção e manobras de evacuação. A diferença entre elas reside somente no
local de aplicação. As manobras são indicadas na prevenção e/ou tratamento de: edema;
linfedema; fibro edema gelóide; queimaduras; enxertos; acnes; entre outras. E são contraindicadas na presença de: processos infecciosos; neoplasias; trombose venosa profunda;
erisipela; entre outras (GUIRRO e GUIRRO, 2004).
Godoy e Godoy (2001) alertaram que várias técnicas de massagem são utilizadas de maneira
inadequada e denominadas falsamente como drenagem linfática manual, causando prejuízos
aos pacientes. Uma drenagem linfática mal aplicada é um dos piores impedimentos para a
função do sistema linfático. Além disso, ela apresenta contraindicações de seu uso para
diversas situações clínicas, oferecendo alto risco para saúde, no caso da não observância
destas e/ou do despreparo técnico científico por parte dos profissionais que a utilizam.
3. Metodologia
Trata-se de um estudo de revisão bibliográfica, obtido a partir de pesquisas dos últimos dez
anos, realizadas no período de junho a novembro de 2012. Nesse estudo foi utilizando dados
da Scielo (Scientific Eletronic Library Online) e em livros. Onde foi pesquisado a importância
e os benefícios da drenagem linfática manual no pós-operatório.
4. Resultados
8
Autor
ALENCAR
(2012)
Amostra
1 Indivíduo
do sexo
feminino, 45
anos, pósoperatório de
cirurgia
vascular.
Método
Descritivo e
comparativo
GALVÃO
(2005)
1 indivíduo
do sexo
feminino, 41
anos.
Drenagem
linfática e
ultra-som no
tratamento
de fibro
edema
gelóide na
região
glútea.
Entrevista,
descritivo e
comparativo
Resultados
- atendimento em uma freqüência de seis
vezes por semana, em média 45 min por
atendimento;
- técnica de drenagem linfática de Leduc;
- diminuição da cirtometria:
 Região do tornozelo: MMIIED
(1,5cm);
 Região do gastrocnêmico: MID (3cm)
e MIE (4cm);
 Região infra-patelar: MID (3cm) e
MIE (2cm);
 Região supra- patelar: MID (2cm) e
MIE (1cm);
 Região de diáfise do fêmur: MID
(1,5cm) e MIE (2cm);
 Região superior da coxa: MID (3,5cm)
e MIE (2,5cm).
- três métodos de avaliação: perimetria,
medidas de dobras cutâneas e fotos;
- peso no início do tratamento de 55,500kg e
no final 58,200kg;
- a dosimetria do ultra-som é de freqüência de
3 MHZ, intensidade de 1,3 W/cm² no modo
contínuo,por 3min cada quadrante;
- houve diminuição da perimetria em abdômen
de 1cm sobre a cicatriz umbilical (C.U.), de 2
a 3cm abaixo da C.U.; em glúteo,na crista
ilíaca (C.I.) houve uma diminuição de 2 a 5cm
abaixo da mesma com decréscimo de 1cm. O
percentual de variação de -1% a -2% de perda
de medida;
- as medidas de dobras cutâneas realizadas em
região tricipital, supra-ilíaca, coxa medial,
circunferência de quadril e cintura.
Apresentou que um manteve-se inalterado,
quatro aumentaram e cinco deles apresentaram
diminuição, alterando percentual de variaçãoPV de 4% a 8% de ganho e de -2% à -17% de
perda em relação ás primeiras medidas;
- pelo ganho de peso pela paciente, houve um
aumento de massa corporal de 5%;
- nas fotos observa-se discreta melhora
quando há contração em região inferior de
glúteos e quando relaxado essas regiões
apresentam a pele com menos ondulações e
com aparência mais lisa e brilhante. Deitada
em decúbito ventral há uma melhora visual em
textura da pele em região baixa de glúteo
9
SALVALAGIO
(2006)
1 mulher
submetida à
rinoplastia
Estudo de
caso
AMORIM
(2012)
1 indivíduo,
sexo
feminino, 45
anos
submetida à
mastectomia
radical
modificada
tipo madden
Estudo de
caso,
qualitativo
do tipo
descritivo
próxima aos culotes e nas posturas laterais
percebe-se uma linha mais harmoniosa na
altura da prega glútea.
- Após ter sido submetido a sete atendimentos
em dias consecutivos com aplicações de
drenagem linfática manual facial, observa- se
melhoras no edema na região facial dos olhos,
boca, maxila, nariz, testa (região frontal) e
hematoma na região orbicular inferior.
- Foram realizados 10, duas vezes por semana,
no turno matutino, no período de setembro a
outubro de 2011, recebendo alta após o 10º
atendimento.
- Para a coleta de dados utilizou-se uma ficha
de avaliação e perimetria. Para a avaliação
método perimetria, para as medidas de
circunferência, a 5cm, 15cm abaixo do
olécrano, 5cm, 15cm acima do olécrano,
mensurado em centímetros através da fita
métrica.
- A avaliação foi realizada através da
perimetria, em cada atendimento onde ao fim
obteve se a média entre os valores mensurados
no antebraço e braço, onde foi possível
observar diminuição significativa em membro
superior direito, sendo que o esquerdo
permaneceu sem nenhuma alteração. A
redução de linfedema de membro superior
direito apresentou valores igual ou pertos ao
do membro superior esquerdo.
5. Discussão
De acordo com os resultados citados, verificou-se que os dados estão de acordo com a
literatura quando mostram a importância da drenagem linfática no pós operatório.
Alencar (2012) observou no seu estudo que a drenagem linfática em uma freqüência de seis
vezes por semana com a técnica de Leduc, ocasiona a diminuição da cirtometria. Assim, a
fisioterapia através da drenagem linfática manual tende a prevenir e diminuir o edema,
melhorando o efeito estético, aumentando a satisfação dos pacientes quanto ao resultado do
procedimento cirúrgico. (Ceolin, 2006)
Já Galvão (2005) traz em seu estudo que o ultra-som associado à drenagem linfática faz com
que haja diminuição da perimetria, o que confirma Coutinho et. al (2006) quando diz que o
ultra-som terapêutico, na freqüência de 3MHz, é bastante usado na fase inflamatória para
reabsorção de hematomas, diminuindo as chances de formações fibróticas e ainda melhoram a
nutrição celular, reduzindo o edema e a dor, conseqüências da melhora na circulação
sangüínea e linfática. A drenagem linfática manual atua no deslocamento de proteínas
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extravasadas para serem reabsorvidas, equilibrando as pressões hidrostáticas e tissulares,
diminuindo o edema e pode ser iniciada após 48 horas de ocorrido a cirurgia.
E, por fim, Salvalagio (2006) na avaliação pós-operatória realizada no início do tratamento a
paciente apresentava edema com cacifo na região facial dos olhos, boca, maxila, nariz, testa
(região frontal) e hematoma na região orbicular inferior, após os 7 atendimentos de drenagem
linfática manual na face, mostrou que houve atenuação significante do edema na região
afetada bem como uma diminuição do hematoma na região infra-orbicular. Soares et. al.
(2005) cita que os sintomas do pós-operatório podem ser reduzidos através de atendimentos
de fisioterapia através da drenagem linfática manual, corroborando os resultados desta
pesquisa. Os mesmos autores mencionam que se observa rapidamente, com a drenagem
linfática, diminuição do edema e do hematoma, bem como a redução da dor, com
favorecimento da neoformação vascular e nervosa, além de prevenir e minimizar a formação
de cicatrizes hipertróficas ou hipotróficas, retrações e quelóides, já que essa aumenta
significativamente o aumento de líquido eliminado do interstício e devolvido acorrente
sanguínea.
6. Conclusão
A partir desse estudo de revisão bibliográfica pode-se concluir que existe uma relação entre
pós operatório e drenagem linfática. Um dos fatores a ser levado em consideração é a boa
aceitação da técnica empregada, que além da diminuição dos transtornos refletidos pela cirurgia,
ocorre também uma sensação de relaxamento ao término de cada sessão. A Fisioterapia Dermato
Funcional nos casos de pós-operatório é de suma importância, pois a qual constituísse de uma
terapia potencializadora para redução não apenas do edema pós cirúrgico, hematomas, mas
também a redução das chances de complicações.
Porém, necessita-se de mais estudos sobre a importância da drenagem linfática manual de forma
geral das complicações do pós-operatório, pois na maioria dos estudos pesquisados abordava de
forma específica a um determinado procedimento.
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