IX JORNADA CIENTÍFICA DA FAZU 25 A 29 de outubro de 2010 ARTIGOS CIENTÍFICOS – AGRONOMIA SUMÁRIO VERIFICAÇÃO DE RESISTÊNCIA ENTRE ALGUMAS VARIEDADES DE SOJA EM RESPOSTA AO PRATYLENCHUS BRACHYURUS ...............................2 ESTUDO DO EFEITO DE FITORREGULADORES EM CANA PLANTA ..........8 COMPETIÇÃO DE DEZ PROGÊNIES DE ALGODÃO DE FIBRA COLORIDA E DUAS VARIEDADES DE ALGODOEIRO HERBÁCEO NO MUNICÍPIO DE UBERABA - MG ...........................................................................................................12 DIAGNÓSTICO DE TRECHO DE MATA CILIAR DO CÓRREGO LARANJEIRAS, EM UBERABA, MG, COM VISTAS À SUA RECUPERAÇÃO .........................................................................................................................................19 INFLUÊNCIA DA ÉPOCA DE SEMEADURA NA PRODUTIVIDADE DE VARIEDADES DE SOJA NA REGIÃO DE UBERABA- MG................................24 EFEITO DA QUALIDADE DA ÁGUA SOBRE A EFICÁCIA DO CONTROLE DO BICHO - MINEIRO DO CAFEEIRO .................................................................30 ESTUDO DE COMPETIÇÃO DE DUAS PROGÊNIES E TRÊS VARIEDADES DE ALGODOEIRO HERBÁCEO NO MUNICÍPIO DE UBERABA-MG............35 ANÁLISE QUALITATIVA DAS ÁGUAS DE NASCENTES URBANAS: APLICAÇÕES EM UBERABA-MG ..........................................................................41 PROGRESSÃO DE DOENÇAS DE FINAL DE CICLO EM CULTIVARES DE SOJA EM DUAS ÉPOCAS DE SEMEADURA EM UBERABA-MG ....................49 AVALIAÇÃO DE PARÂMETROS GENÉTICOS EM GENÓTIPOS DE SOJA DA GERAÇÃO F6...............................................................................................................59 INFLUÊNCIA DE DIFERENTES RECIPIENTES E SUBSTRATOS NO DESENVOLVIMENTO INICIAL DE MUDAS DE CAFEEIRO............................62 CARACTERIZAÇÃO DE CULTIVARES DE SOJA QUANTO AO GRUPO DE MATURIDADE RELATIVA........................................................................................69 IX JORNADA CIENTÍFICA DA FAZU 25 A 29 de outubro de 2010 VERIFICAÇÃO DE RESISTÊNCIA ENTRE ALGUMAS VARIEDADES DE SOJA EM RESPOSTA AO PRATYLENCHUS BRACHYURUS ESPÍNDOLA, S.M.C.G.1; MINARÉ, V.A. 2. 1 Professora de Fisiologia Vegetal e Melhoramento de Plantas; Coordenadora e responsável Grupo de Estudos de Melhoramento de Plantas – GEMEP, das Faculdades Associadas de Uberaba – Av. do Tutuna, 720, Bairro do Tutunas, fone: (34) 3318 4188, e-mail: [email protected]; 2 Graduanda do Curso de Agronomia e Membro do Grupo de Estudos de Melhoramento de Plantas – GEMEP, das Faculdades Associadas de Uberaba – Av. do Tutuna, 720, Bairro do Tutunas, fone: (34) 3318 4188, e-mail: [email protected]; * Projeto financiado pela Faculdades Associadas de Uberaba. Resumo: Pratylenchus é considerando o segundo gênero de nematóides que mais causam danos às principais culturas como a do milho, arroz, algodão, cana, feijão, etc., e em especial à soja ficando atrás apenas do Meloidogyne sp. É denominado como nematóide de lesão, pois provoca lesões no sistema radicular das plantas e ainda é considerado como muito agressivo por alguns autores e de difícil controle devido ao seu tamanho e a sua capacidade de polifagia, ou seja, a capacidade que este nematóide tem de parasitar e reproduzir em plantas hospedeiras de diferentes famílias. Outro atributo que é caracterizado a este gênero é por sua infestação e vasta distribuição geográfica, pois se encontra disseminado por todo território brasileiro. Por conta de todas essas características atribuídas a esse gênero é que vem a desenvolver esse projeto com o objetivo de se verificar a resistência de genótipos comerciais de soja junto ao Pratylenchus brachyurus. Este experimento será realizado em casa de vegetação com as variedades comerciais mais utilizadas hoje no mercado, sob um delineamento experimental inteiramente casualizado e com avaliação há realizar noventa dias após a inoculação onde será quantificado o número de nematóides presentes no solo e nas raízes de cada planta segundo a metodologia descrita por Jenkins, 1964 e Collen & D’Herde, 1972, respectivamente. O peso fresco das raízes também será determinado e as médias dos resultados serão comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. Palavras chave: Fitonematóides, Glycine max (L.) Merril., nematóides das lesões. INTRODUÇÃO A soja é uma planta originária do Extremo Oriente e não se sabe bem ao certo, qual o primeiro país que foi cultivada: Japão, Indonésia ou Manchúria. O fato é que ela há milênios é cultivada e considerada nestas regiões, como a base da alimentação entre os povos (MATTOS,1987). É uma das monoculturas mais cultivadas e consumidas em todo mundo além de ser uma cultura muito importante no Brasil, possuindo significativa parcela de mercado, pois ocupa cerca de 20 milhões de ha. O Brasil é o segundo maior produtor (mais de 23 milhões de toneladas), só perdendo para os USA e o primeiro maior exportador mundial desses grãos (CONAB, 2009), exporta principalmente para os países asiáticos e para a Europa (ALVES, 2008). Considerada como uma fonte de proteína completa e muito utilizada na fabricação de óleos comestíveis, bicombustíveis, preparo de rações, farelos, farinhas, resinas, compostos para as indústrias de cosmético, farmacêutica e química, como solventes além de alimentos e seus derivados para o homem. (POLINUTRI, 2009). Este cereal ainda é altamente nutritivo e de ótima digestibilidade. 2 IX JORNADA CIENTÍFICA DA FAZU 25 A 29 de outubro de 2010 Possui também, alto teor de proteínas e gordura, elementos minerais (cálcio, ferro e fósforo) e boa fonte de vitaminas A, B e G (MATTOS, 1987). É único alimento protéico que é fornecido pelas organizações humanitárias, como a ONU, às regiões que sofrem com os flagelos da fome desnutrição, guerras e tragédias da natureza (POLINUTRI, 2009). A cultura da soja é uma das responsáveis pelo avanço das fronteiras agrícolas, iniciado no Sul do país, passando pelo cerrado e hoje abrangendo região da Amazônia (ALVES, 2008). O emprego das monoculturas traz não só os avanços tecnológicos e demais benefícios, como também, problemas fitossanitários, com o aumento da infestação de agentes patogênicos como os nematóides e outras pragas (ALVES, 2008). No Brasil cerca de 50 diferentes tipos de patógenos já foram registrados (fungos, bactérias, vírus, etc.) e atacando a cultura (YORINORI, 2002), em todo mundo esse número aumenta para mais de 100 doenças e a cada ano vem crescendo mais (SINCLAIR, 1989). Dentre esses patógenos, merecem o destaque os fitonematóides, que causam perdas significativas e crescentes (ALVES, 2008). Exemplos dos fitonematóides associados à cultura da soja no País são os formadores de galha, principalmente Meloidogyne incognita e Meloidogyne javanica (GOMES 1976); (LEHMAN, et al., 1977); nematóide do cisto da soja (NCS), Heterodera glycines (ICHINOHE, 1952); nematóide reniforme - Rotylenchulus reniformis e os nematóides das lesões radiculares do gênero Pratylenchus. A espécie Pratylenchus brachyurus é a mais importante, por tratar-se de uma espécie sabidamente agressiva e a da mais disseminados do gênero e pelo grande interesse econômico apresentado na cultura de soja (FERRAZ, 1995). Juntamente com a expansão de áreas irrigadas no Cerrado para a produção de sementes de soja no outono/inverno tem favorecido a sobrevivência de alguns fungos causadores de doenças, e dos nematóides de galhas, de cisto e das lesões radiculares (EMBRAPA, 2006). Sua dispersão se dá com partículas de solo aderidas a implementos agrícolas, estabelecendo-se com sucesso em novas áreas graças ao seu caráter polífago (FERRAZ, 1999). A espécie Pratylenchus possui mais de 70 espécies parasitando dezenas de vegetais dentre os mais comuns são as gramíneas como o arroz, cana de açúcar, trigo, capins de interesse zootécnico e, principalmente milho e em algumas espécies ornamentais e essências florestais, além da soja (ALVES, 2008). Algumas espécies registradas das espécies de Pratylenchus, a saber: P. coffeae, P. brachyurus, P. zeae, P. penetrans, P. neglectus, P. scribneri, P. vulnus, P. pseudopratensis, P. jaehni, P. jordanensis e P. pseudofallax (TIHOHOD, 1993) (MACHADO, et.al. 2007). Os danos causados são lesões na região do parênquima cortical das raízes daí a origem ao nome de “nematóides das lesões radiculares (“lesion” ou “meadow”) (LORDELLO, 1988). Essas lesões radiculares evoluem para podridões e necroses do sistema radicular das plantas hospedeiras e os demais sintomas são causados por outros organismos patogênicos, como bactérias e fungos que penetram nesses locais lesionados (ALVES, 2008). A importância econômica de cada doença varia de ano para ano e de região para região, dependendo das condições climáticas de cada safra (Embrapa, 2000). No caso da soja, as perdas anuais de produção por doenças são estimadas em cerca de 15% a 20%, entretanto, algumas doenças podem ocasionar perdas de quase 100% (EMBRAPA Centro Oeste, 2008). Uma alternativa para diminuir essas perdas é a rotação de cultura em associação com plantas resistentes a praga, sendo esta uma das principais estratégias para o controle de nematóides em nosso país (MOURA et. al., 2008). Na maioria dos casos, uma rotação com 1,5 a 3 anos já daria resultados para nematóides que têm especificidade de hospedeiro (TIHOHOD, 1993), mas é uma técnica de controle pouco efetiva para o manejo do nematóide P. brachyurus, pois este nematóide tem capacidade de se reproduzir em várias culturas (INOMOTO et al., 2007). Para o controle de Pratylenchus brachyurus as culturas mais aptas a ser utilizadas como rotação ou sucessão com gramíneas como a Crotalaria spectabilis e C. 3 IX JORNADA CIENTÍFICA DA FAZU 25 A 29 de outubro de 2010 breviflora, as hospedeiras pouco favoráveis são Brachiaria humidicola, guandu anão cv. Iapar 43 e aveia preta (INOMOTO et.al., 2007). A forma mais eficaz e econômica de controle das doenças em plantas é a resistência genética do hospedeiro (YORINORI, 1997; TIHOHOD, 1993). Segundo Ferraz (2006), a utilização de uma variedade de soja resistente ao nematóide P. brachyurus é ideal no sentido de viabilizar o controle desse nematóide. A EMBRAPA, uma empresa com grande renome nessa área de pesquisa, já tem uma variedade que é a BR 760, recém lançada, com genótipo resistente ao ataque desse nematóide, mas essa busca ainda é constante pelos pesquisadores de novas variedades. Os programas de melhoramento genético da soja não contemplam P. brachyurus, provavelmente devido à incipiência e regionalismo de trabalhos correlacionando cultivares de soja com o nematóide em questão e ao fato da problemática ser recente (ALVES, 2008). São escassas as informações a respeito da reação das cultivares de soja, mais utilizadas no momento no país em relação à P. brachyurus. Há necessidade, portanto de se identificar variedades resistentes a esse nematóide. Portanto, o objetivo desse projeto de iniciação científica, diante ao exposto, é a verificação de resistência entre algumas variedades comerciais de soja em resposta ao nematóide de lesões (Pratylenchus brachyurus). Pois, os nematóides são agentes patogênicos que atacam diversas culturas de interesse econômico e trazem sérios prejuízos (ANTONIO, 1992; YAMASHITA, et. al., 1999), os prejuízos podem ser qualitativos e quantitativos. Hoje essas perdas são, aproximadamente, de 12% na produção agrícola. Segundo Dinardo-Miranda (1994) os nematóides do gênero Pratylenchus são considerados um dos grupos mais prejudiciais à cultura da cana de açúcar, sendo amplamente distribuídos em canaviais do mundo (NOVARETTI, et.al., 1977), os estudos voltados para avaliar o comportamento desses patógenos em relação às grandes culturas ainda são poucos. MATERIAIS E MÉTODOS O projeto será instalado na casa de vegetação da Fazenda Escola da FACULDADES ASSOCIADAS DE UBERABA – FAZU, em Uberaba – MG. Em um delineamento experimental que será inteiramente casualizado contendo dez tratamentos (variedades comerciais ainda a escolher) e duas testemunhas e ainda com seis repetições. Cada parcela será constituída por um tubete contendo uma planta de soja. E para a avaliação da hospedabilidade desse patógeno, ocorrerá a semeadura diretamente em tubetes contendo substrato (solo e areia na proporção de 1:1 autoclavado). Serão utilizadas três sementes de a mesma cultivar por tubete e após sete dias de emergência das plântulas será efetuado o desbaste deixando uma planta por recipiente. Passados vinte e um dias após o desbaste serão feitas as inoculações dos nematóides em dois orifícios, a 2,5 cm de profundidade no solo, a 1 cm do colo das plantas. A densidade populacional utilizada será de 1000 espécimes/planta. Esse inóculo será fornecido pelo Laboratório de Fitonematologia da Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia – MG. Assim, 90 dias após a inoculação dessas variedades, será então determinada a população final de P. brachyurus. Para isso, os tubetes serão imersos em balde contendo 4L de água de torneira, para a separação do substrato das raízes. As raízes serão lavadas em água corrente, devidamente identificadas e armazenadas em geladeira a 6 oC. O substrato será processado pela técnica da flutuação centrífuga em solução de sacarose (JENKIS, 1964). As raízes serão pesadas e posteriormente processadas pelo método de liquidificador e centrífuga (COOLEN & D’HERDE, 1972). A população final de P.brachyurus (Pf) será obtida através da contagem dos nematóides. O fator de reprodução será estimado para cada repetição, dividindo-se a população final (Pf substrato + Pf raízes) pela inicial (Pi). Os resultados serão submetidos à análise de variância e as médias serão comparadas pelo Teste Scott-Knott a 5% de probabilidade. 4 IX JORNADA CIENTÍFICA DA FAZU 25 A 29 de outubro de 2010 CONSIDERAÇÕES FINAIS O desenvolvimento do projeto encontra-se ainda em sua fase inicial que é a parte da revisão literária, onde através de sites de publicações científicas juntamente com livros, artigos e informações, está se aprofundando não apenas nas informações relacionadas ao nematóide de lesão como ainda noutros gêneros de nematóides como enriquecimento literário como também, absorvendo informações correlacionadas a cultivar em questão e seus recentes estudos, para assim, iniciar a segunda etapa que é a reprodução do inoculo e posterior terceira etapa que está prevista para segunda quinzena de novembro, que consiste na implantação na casa de vegetação dos genótipos e depois à inoculação e demais etapas do projeto. A importância dessa revisão de literatura ao longo de todo experimento e não somente na fase inicial, é que ela trará embasamentos para as interpretações das futuras análises e auxiliará nas comparações de artigos e trabalhos já realizados por outros autores e tardiamente efetuando comparações de resultados. REFERÊNCIAS ALVES, T.C.U. Reação de cultivares de soja ao nematóide das lesões radiculares Pratylenchus brachyurus. 2008. 41f. Monografia (Pós-graduação em Agricultura Tropical) - Universidade Federal de Mato Grosso - Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária Disponível em: <http://www.biologico.sp.gov.br/artigosok.php?id_artigo= 5 1>. Acesso em 20 mar. 2010. ANTONIO, H. Fitonematóides na cultura da soja. Informe Agropecuário, Belo Horizonte, n. 16, p.60-65, 1992. CONAB. Acompanhamento da safra brasileira: Grão, Sexto levantamento. Disponível: <http://www.conab.gov.br/conabweb/download/safra/6graos_08.09.pdf>. Acesso em: 6 Mar. 2009. COOLEN, W.A.; D’HERDE, C.J. A method for the quantitative extraction of nematodes from plant tissue. Ghent, Belgian: State of Nematology and Entomology Research Station, 1972, 77p. DINARDO-MIRANDA, L.L. Hospedabilidade de oito variedades de cana-de-açúcar a Pratylenchus brachyurus e P. zeae. Nematologia Brasileira, Campinas, v. 18, 1994. p.67-72. EMBRAPA. Tecnologias de Produção de soja – Região Central do Brasil, Londrina, 2006. EMBRAPA. Tecnologias de produção de soja - região central do Brasil. Londrina: Embrapa Soja: Embrapa Cerrados: Embrapa Agropecuária Oeste, 2008. FERRAZ, L.C.C.B. Gênero Pratylenchus – os nematóides das lesões radiculares. Revisão Anual de Patologia de Plantas, Passo Fundo, v.7, p. 157-195, 1999. p. FERRAZ, L.C.C.B. Patogenicidade de Pratylenchus brachyurus a três cultivares de soja. Nematolgia Brasileira, Brasília, v. 19, n. 1, p. 01-08, 1995. FERRAZ, L.C.C.B. O nematóide Pratylenchus brachyurus e a soja sob plantio direto. Revista Plantio Direto, Passo Fundo, edição 96, p. 23-27, 2006. GOMES, P. A soja. São Paulo: Editora Nobel, 1976. 152p. 5 IX JORNADA CIENTÍFICA DA FAZU 25 A 29 de outubro de 2010 GOULART, A.M.C. Reprodução de danos causados por Pratylenchus brachyurus (Nemata: Pratylenchidae) em cultivares de algodão. 1997. 56p. Tese (Mestrado) Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, Universidade de São Paulo, Piracicaba. INOMOTO, M.M.; ASMUS, G.L.; SILVA, R.A.; MACHADO, A.C.Z.; Nematóides: Uma ameaça à cotonicultura brasileira. São Paulo: Syngenta Proteção de Cultivos Ltda. 2007. 15p. JENKINS, W.R. A rapid centrifugal-flotation technique for separating nematodes from soil. Plant Disease Reporter, St. Paul, v.48, p.692, 1964. LEHMAN, P.S.; ANTONIO, K.R.; BARKER K.R. Ocorrência de nematóides em soja nos estados de Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso. In: REUNIÃO DE NEMATOLOGIA, II, Piracicaba, Trabalhos apresentados, p.29-32, 1977. LORDELLO, L.G.E. Nematóides das plantas cultivadas. 6. ed. Editora Nobel: São Paulo, 1988, 314p. MACHADO, A.C.Z.; OLIVEIRA, C.M.G. Diagnóstico molecular do nematóide das lesões Pratylenchus brachyurus. 2007. Disponível em: <http://www.infob ibos.com/Artigos/2007_3/diagnostico/index.htm>. Acesso em: 26 mar. 2010. MATTOS, M.P. Soja - mais importante oleaginosa da agricultura moderna; 1ª. Ed. Editora Ícone. São Paulo-SP, 1987.73p. MOURA, M.F. et al.; Parâmetros genéticos da resistência da soja ao nematóide de cisto raça 1. Scielo. Bragantia, Campinas, v.67, n.1, p.119-125, 2008. Disponível: < www.scielo.br/pdf/brag/v67n1/a14v67n1.pdf>. Acesso em: 30 ago. 2010. NOVARETTI, W.R.T.; ROCCIA, A.O.; LORDELLO, L.G.E.; MONTEIRO A.R. Contribuição ao estudo dos nematóides que parasitam cana-de-açúcar em São Paulo. Publicação da Sociedade Brasileira de Nematologia, v.1, p. 27-32, 1977. POLINUTRI; RUNHO, R.C.; Farelo de soja: Processamento e qualidade. São Paulo, 2009. Disponível em: <http://www.polinutri.com.br/conteudo_artigos_anteriores_janeir o.htm>. Acesso em: 20 ago. 2010. SINCLAIR, J.B.; BACKMAN, P.A. Compendium of soybean disease. 3 ed. St Paul: APS Press, 1989. 106p. TIHOHOD, D. Nematologia agrícola aplicada. Jaboticabal: FUNEP, 1993. 372p. YAMASHITA, O.M.; SILVA, J.F.V.; DIAS W.P.; GOULART, A.M.C. Reação de genótipos de soja tipo alimento ao nematóide de cisto de soja, Heterodera glycines e ao nematóide de galha, Meloidogyne javanica. Nematologia Brasileira. vol.23 n.1 p.17-24, 1999. YORINORI, J.T. Soja: Controle de doenças. In: VALE, F.X.R.; ZAMBOLIM, L. Controle de doenças de plantas: Grandes culturas. V. 2. Viçosa: UFV, 1997 Cap.21, p.953-1024. 6 IX JORNADA CIENTÍFICA DA FAZU 25 A 29 de outubro de 2010 YORINORI, J.T. Situação atual das doenças potenciais no cone sul. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE SOJA, II, 2002, Foz do Iguaçu. Anais. Londrina: Embrapa CNPSoja, 2002. p.171-187. 7 IX JORNADA CIENTÍFICA DA FAZU 25 A 29 de outubro de 2010 ESTUDO DO EFEITO DE FITORREGULADORES EM CANA PLANTA GODINHO, N.C.A¹; LACA-BUENDIA, J.P.2; RIBAS, J.T.3; PATRICK,I.3; BRITO, L.F3; BERNARDES,G.A.3; CARRIJO, G.T.3; STECKER, M.E.3 1 Graduando do curso de Agronomia das Faculdades Associadas de Uberaba, bolsista de pesquisa da Nitral Urbana Laboratórios LTDA, e-mail : [email protected]; 2 Professor das Faculdades Associadas de Uberaba, email: [email protected]; 3 Graduandos em Agronomia pelas Faculdades Associadas de Uberaba, email: [email protected]; *Projeto financiado por: Nitral Urbana Laboratórios LTDA. RESUMO O presente trabalho tem por objetivo analisar os efeitos da utilização dos fitorreguladores: Ecomon, Vigoral, Bioradicane e Vitalem Forte, na cultura da cana-de-açúcar, na região de Uberaba, MG. O experimento esta sendo conduzido na Fazenda Escola das Faculdades Associadas de Uberaba – FAZU, na cidade de Uberaba, MG, em um solo Latossolo Vermelho Amarelo, distrófico. O delineamento experimental utilizado é em blocos ao acaso, com a variedade de ciclo médio, dez tratamentos com três repetições. Cada parcela experimental será constituída de cinco linhas de 5 m de comprimento, espaçadas de 1,5 m, perfazendo uma área total de 30 m2 por parcela e área total do experimento de 900m². O plantio foi realizado em abril de 2010, com toletes de quatro gemas, distribuídos conforme espaçamento anteriormente citado, na profundidade de plantio de 20 cm e densidade de 12 gemas por metro linear. Nas avaliações serão desprezadas as bordaduras das parcelas experimentais, sendo estas as linhas laterais e 0,5 m das extremidades, totalizando 12 m² úteis passíveis de avaliação. Serão avaliados os parâmetros biométricos, qualitativos e produtividade. Sendo biométricos a área foliar, altura de colmo, número de perfilhos e diâmetro de colmos; Qualitativos: Brix, Pol, ATR, ART; Produtividade: toneladas.ha-¹. As análises individuais por caracteres serão comparadas pelo teste de Tukey ao nível de 5 % de probabilidade. No presente momento o projeto esta em execução e ainda não é possível a obtenção de quaisquer resultados. Palavras-chaves: cana-de-açucar, brix, reguladores vegetais INTRODUÇÃO O município de Uberaba situa-se no Triangulo Mineiro, região conhecida como pólo agroindustrial do Brasil, por ser responsável pela movimentação de cerca de um terço das riquezas do Estado de Minas Gerais e com isso a geração de milhares de empregos diretos e indiretos. 8 IX JORNADA CIENTÍFICA DA FAZU 25 A 29 de outubro de 2010 De acordo com dados da Companhia Nacional de Abastecimento, em 2008 a produção brasileira de cana-de-açúcar chegou a aproximadamente 571,37 milhões de toneladas em 7 milhões de hectares. O estado de Minas Gerais é atualmente o 3º maior produtor do país com uma produção de 44,12 milhões de toneladas em 6 00,7 mil hectares. A cana-de-açúcar é uma cultura de rápido desenvolvimento vegetativo, porém com características bem peculiares tratando-se de uma cultura semi-perene, onde não é interessante que haja sua florescência devido as perdas incididas sobre os teores de açúcar total reduzida (ATR). A utilização de reguladores vegetais na agricultura não é recente, porém, crescente e chegando a ser, em determinadas situações, um fator de produção, qualidade e produtividade. O conhecimento das substâncias de crescimento presentes nos vegetais levou à descoberta de hormônios vegetais, responsáveis pelo crescimento e desenvolvimento dos tecidos que, controlados, ou em aplicações exógenas, podem produzir efeitos benéficos. Entre os reguladores existem as auxinas, giberelinas, citocininas, etileno, retardadores e inibidores, que estão presentes e desenvolvem funções hormonais distintas nos vegetais. (SILVA & DONADIO, 1997) Diversos trabalhos verificaram o efeito de reguladores de crescimento, aplicados em pré (CASTRO et al., 1975a; CASTRO et al., 1975b; CASTRO et al., 1981; VERRI et al., 1983; MELOTTO et al., 1987; MILLHOLLON E LEGENDRE, 1995; WIEDENFELD, 2003) ou pósemergência (LUCCHESI et al., 1979; SHETIYA; DENDSAY, 1991; MILLHOLLON; LEGENDRE, 1995), na brotação e no desenvolvimento inicial da cana-de-açúcar, objetivando maiores perfilhamento e produção final de colmos. Atualmente, vem sendo incentivada a utilização de técnicas mais avançadas, como a aplicação de reguladores vegetais, que agem alterando a morfologia e a fisiologia da planta, podendo levar a modificações qualitativas e quantitativas na produção. A utilização dos reguladores vegetais poderá ser uma alternativa compensadora aos investimentos e objetivos propostos à cultura da cana, por possibilitarem incrementos no teor de sacarose, precocidade de maturação e aumento na produtividade (MARTINS; CASTRO, 1999). Dentro destes parâmetros o presente projeto tem por objetivo analisar os efeitos da utilização dos fitorreguladores: Ecomon, Vigoral, Bioradicane e Vitalem Forte, na cultura da cana-de-açúcar, na região de Uberaba, MG. MATERIAL E MÉTODOS O experimento esta sendo conduzido na Fazenda Escola das Faculdades Associadas de Uberaba – FAZU, na cidade de Uberaba, MG, cujas coordenadas geográficas são: latitude de 19º44’13 “S, longitude 47º57’27” W e altitude de 850 m, em um solo classificado como Latossolo Vermelho Amarelo, distrófico. O clima de Uberaba é classificado pelo método de Köppen, como Aw, tropical quente e úmido, com inverno frio e seco. A precipitação anual é de 1474 mm e a temperatura média anual é de 22,6ºC. O delineamento experimental utilizado é em blocos ao acaso, com uma variedade de ciclo médio, dez tratamentos com três repetições. Cada parcela experimental será constituída de cinco linhas de 5 m de comprimento, espaçadas de 1,5 m, perfazendo uma área total de 30 m2 por parcela e área total do experimento de 900m². O plantio foi realizado em abril de 2010, com toletes de quatro gemas, distribuídos conforme espaçamento anteriormente citado, na profundidade de plantio de 20 cm e densidade de 12 gemas por metro linear. Os tratamentos que implantados estão relacionados na Tabela 1: 9 IX JORNADA CIENTÍFICA DA FAZU 25 A 29 de outubro de 2010 Tabela 1 – Tratamentos a serem aplicados na cana de 1º ano TRATAMENTOS DOSES Sulco 40 cm alt. Sulco 40 cm al. Ercomon Vigoral Mol Vitalem Forte 0,5 L 5,0 L 1L 1 Ercomon Vigoral Mol 0,5 L 5,0 L 2 Ercomon Vitalem Forte 0,5 L 1L 3 Ercomon 0,5 L 4 Vigoral Mol 5 L 5 Vitalem Forte 1L 6 1L 7 Bioradicante Vigoral Mol Vitalem Forte 0,5 L 5,0 L 0,5 L 5 L 8 Bioradicante Vigoral Mol 0,5 L 9 Bioradicante Testemunha 10 O controle das plantas daninhas, pragas e doenças será realizado quando o nível infestação atingir o dano econômico de acordo com as determinações técnicas. Nas avaliações serão desprezadas as bordaduras das parcelas experimentais, sendo estas as linhas laterais e 0,5 m das extremidades, totalizando 12 m² úteis passíveis de avaliação. Serão realizadas avaliações biométricas (área foliar, altura de colmo, número de perfilhos e diâmetro de colmos), qualitativas (Brix, Pol, ATR, ART) e produtividade (toneladas.ha-¹). Segundo Landell e Silva (2004), os atributos de produção determinantes para a formação do potencial agrícola são: altura de colmo (h), número de perfilhos (C) e diâmetro de colmos (d). Considerando-se a densidade do colmo igual a 1,0, o valor da tonelada de cana por hectare (TCH) pode ser estimada pela fórmula abaixo, no espaçamento entre os sulcos (E): TCH = d2 x C x h (0,007854) E Quanto ao teor de sacarose, serão extraídas das 30 parcelas experimentais, pelo processo refratométrico a 20OC segundo metodologia de Scheneider (1979), expresso em graus Brix, utilizando-se um refratômetro. As análises individuais por caracteres serão comparadas pelo teste de Tukey ao nível de 5 % de probabilidade. RESULTADOS E DISCUSSÃO No presente momento o projeto esta em execução e ainda não é possível a obtenção de quaisquer resultados. REFERENCIAS CASTRO, P. R .C.; SERRA, G. E.; RUGAI, S.; ORLANDO FILHO, J.; NASCIMENTO FILHO, V. F.; SOUSA, J. A. G. C. Efeitos de reguladores de crescimento no enraizamento e desenvolvimento 10 IX JORNADA CIENTÍFICA DA FAZU 25 A 29 de outubro de 2010 inicial da cana-de-açúcar cultivar Co 740. Suplemento Ciência e Cultura, São Paulo, v.27, n.7, p. 627, 1975a. CASTRO, P. R. C.; SANGUINO, A.; DEMÉTRIO, C. G. B. Efeitos de reguladores vegetais no crescimento inicial da cana-de-açúcar. Brasil Açucareiro, Rio de Janeiro, v.98, n.5, p. 47-51, 1981. CASTRO, P. R. C.; SANGUINO, A.; VILELA, E.; AKIBA, F.; SUDO, S.; MASUDA, Y. Ação de reguladores de crescimento no desenvolvimento inicial da cana-de-açúcar tratada termicamente. Brasil Açucareiro, Rio de Janeiro, v.85, n.5, p. 42-50, 1975b. CONAB – Companhia Nacional de Abastecimento. Acompanhamento das Safra de Cana-de-Açúcar de 2008 . Disponível em: <http://www.conab.gov.br/conabweb/download/safra/ 3_levantamento2008_dez2008.pdf> Acesso em: 26 de out. 2009. LANDELL, M. G. A.; SILVA, M. A. As estratégias de seleção da cana em desenvolvimento no Brasil. 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Departamento de Agronomia da Universidade Federal de Uberlândia – MG, fone: (34) 32182724, e-mail: [email protected]. *Projeto financiado por: Nitral Urbana Laboratórios LTDA. Resumo: O presente trabalho teve como objetivo avaliar as características biométricas e produtividade de dez progênies de algodão herbáceo de fibra colorida e duas variedades de algodoeiro herbáceo, uma de fibra colorida (BRS Rubi) e outra de fibra branca (IAC-25), buscando demonstrar o comportamento agronômico no município de Uberaba – MG. O experimento foi montado em um Latossolo-vermelho distrófico de textura média, na Fazenda das Faculdades Associadas de Uberaba. Utilizou-se o delineamento experimental de blocos ao acaso, com doze tratamentos e três repetições. As parcelas foram constituídas de quatro linhas de cinco metros de comprimento com espaçamento entre linhas de 0,90 m, sendo que as duas linhas centrais foram consideradas como a área útil de cada parcela, com 7,2 m2 e as outras duas linhas, uma de cada lado, como bordaduras. O plantio foi realizado em 15 de janeiro de 2010, com o estande de 15 sementes/metro linear. Por ocasião do desbaste foi deixado de 10 a 11 plantas m-l. Os caracteres agronômicos avaliados foram: Altura da inserção do primeiro ramo produtivo; altura da planta; capulhos por planta; diâmetro do caule na colheita; estande final; índice de fibra; porcentagem de fibra; peso total das sementes; peso de 100 sementes; peso do capulho e produtividade. Não foi encontrada diferença estatística para estande final, inserção do primeiro ramo produtivo, altura de planta, número de capulhos por planta e no diâmetro do caule para todas as progênies e cultivares testados. Na porcentagem da fibra e no índice de fibra, todas as progênies testadas não apresentaram diferença significativa com relação a cultivar BRS-Rubi (fibra colorida). Os pesos totais das sementes, peso de 100 sementes e peso de capulho não foram detectadas diferenças significativas entre os tratamentos analisados. Na produtividade, apesar de não terem encontrados diferenças significativas entre todas as progênies comparadas com as cultivares comerciais, podemos destacar quatro progênies (B, D, F e H), que podem ser selecionadas, pois apresentaram rendimentos aproximadamente iguais e superiores as variedades IAC-25 e BRS-Rubi. Palavras-chave: Características agronômicas, Gossypium hirsutum L. r. latifolium Hutch, melhoramento de Plantas. INTRODUÇÃO O algodão colorido foi desenvolvido pelos Incas e Astecas há 4.500 anos. Já foram identificadas 39 espécies silvestres de algodão com fibras coloridas principalmente marrons. Porém já 12 IX JORNADA CIENTÍFICA DA FAZU 25 A 29 de outubro de 2010 foram descritos algodões coloridos em tonalidades verde, amarela, azul e cinza. Sendo a cor do algodão controlada por genes maiores, o melhoramento dessa característica é simples, porém não prescinde de autofecundação controlada pelo melhorista, para evitar segregações indesejáveis (SILVA, 2009). Os algodões coloridos obtidos pelo processo de melhoramento não transgênico, por apresentarem bons padrões de resistência, comprimento, textura e uniformidade, podem ser processados por indústrias têxteis modernas e o tecido obtido com esse algodão, possui qualidade e estabilidade de coloração, semelhante aos tecidos coloridos artificialmente. Lembrando ainda que por ser uma cultivar com ciclo produtivo de três anos, selecionada a partir de algodoeiros arbóreos nativos do semi-árido nordestino, possui alto nível de resistência à seca (REGINATO, 2002). A produção de algodão de fibra de cor, em especial marrom e verde, já é realidade no Brasil, em especial na Região Nordeste, principalmente no estado da Paraíba que vem cultivando tais tipos de algodões desde a safra de 2001 (EMBRAPA, 2006). Os melhoristas brasileiros sempre buscaram obter cultivares produtivas com bom rendimento no beneficiamento e rendimento nas características tecnológicas da fibra compatíveis com as exigências da indústria têxtil, que nos últimos anos sofreu grandes transformações nos processos de fiação e que, por isso, passou a demandar cultivares com padrões de fibra compatíveis com essas mudanças. Além disso, sempre se procurou incorporar nas cultivares a resistência às principais doenças comuns em cada região, além das resistências às pragas e a outros fatores do ambiente (CARVALHO, 2008). A BRS Rubi é uma cultivar de algodoeiro herbáceo que pode ser explorada na região Nordeste nos locais zoneados para este tipo de algodão. Ela é o resultado do cruzamento de um material introduzido de fibra marrom escuro e a CNPA 7H. Sua fibra possui uma cor marrom escura ou marrom avermelhado. Apresenta altura média de plantas em torno de 1,10 m e o ciclo do plantio até a colheita é de 140-150 dias. Comparativamente à CNPA 7H, a BRS RUBI possui características de fibra um pouco inferiores, contudo quanto ao rendimento apresentam, nos ensaios, médias maiores que esta 1539 e 1894 kg/ha, respectivamente, em regime de sequeiro, na região Nordeste, chegando a produzir mais de 3.500 Kg/ha em alguns casos. A BRS Rubi poderá ser plantada em outras regiões além do Nordeste, contudo devem-se escolher para o plantio áreas livres de doenças, pois a cultivar é suscetível à maioria delas (EMBRAPA, 2003). A cultivar IAC-25 possui resistência múltipla, em graus diversos, às doenças murcha de Fusarium, nematóides, ramulose, mancha-angular, ramulária, alternaria, Stemphylium e mosaico das nervuras. São plantas eficientes, sem grandes exigências nutricionais, adaptadas a diversos sistemas de produção, mediante manejo adequado. Atendimento equilibrado da demanda dos diversos setores envolvidos na cadeia produtiva (IAC, 2009). As complexas e modernas instalações de beneficiamento de algodão podem danificar a qualidade potencial de fiação das fibras se não forem operadas de maneira apropriada. Testes feitos em laboratórios de pesquisa sobre beneficiamento do algodão revelam que vários processos podem afetar de algum modo as propriedades mensuráveis da fibra, exceto a finura e a maturidade (CARVALHO; SILVA; BELTRÃO, 1999). Segundo Pitta (2008), pesquisas e melhoramento genéticos somente tinham sido feitos com as linhagens produtoras do algodão branco e apenas há relativamente pouco tempo os algodões coloridas passaram a ser objeto de pesquisa da Embrapa, no Brasil, já tendo obtido bastante êxito na Paraíba, com algodão das cores marrom e creme, estando em estudo a de cor verde. Entre as tonalidades, a verde é a mais influenciada pelo ambiente, enquanto que a creme e a marrom são mais estáveis. Segundo Figueiredo Júnior (2004), o Brasil ocupa a quinta maior produção de algodão em pluma do mundo, e é o sexto maior exportador, podendo ser o segundo maior produtor de algodão em pluma no ano de 2014, ficando atrás apenas da China e ultrapassando os Estados Unidos da América. 13 IX JORNADA CIENTÍFICA DA FAZU 25 A 29 de outubro de 2010 Para o Brasil conseguir exportar ele precisa diminuir seus custos de produção e promover aumento de sua produtividade por meio do emprego de alta tecnologia e utilização de novas variedades. Novas perspectivas para a cotonicultura mundial prometem o tamanho da área plantada com algodão no Brasil, com mais de 1,0 milhão de hectares a serem plantadas devido à diminuição da área plantada por Estados Unidos da América e Austrália, e também aumento da demanda das importações de China, Índia e Paquistão, elevando assim a cotação da pluma no mercado exterior, impulsionando as exportações brasileiras (VENDA, 2007). O presente trabalho teve como objetivo avaliar as características biométricas e produtividade de dez progênies de algodão de fibra colorida (A, B, C, D, E, F, G, H, I, J) e duas variedades de algodoeiro herbáceo, uma de fibra colorida (BRS Rubi) e outra de fibra branca (IAC-25) buscando demonstrar o comportamento agronômico no município de Uberaba-MG. MATERIAL E MÉTODOS O ensaio foi conduzido de 15 de janeiro a 20 de julho de 2010, no município de Uberaba-MG na fazenda escola das Faculdades Associadas de Uberaba – FAZU, localizada à longitude 47° 57’ 22” WGR, latitude 19° 44’6,82” S e altitude de 775 m. O clima segundo a classificação de Koppen é AW (clima tropical quente e úmido com inverno frio e seco). As médias anuais de precipitação e temperatura são de 1.474 mm e 23,2°C, respectivamente (EPAMIG / INMET, 2010). Utilizou-se o delineamento experimental de blocos ao acaso, com doze tratamentos e três repetições, onde foram avaliadas dez progênies: A, B, C, D, E, F, G, H, I, J, desenvolvidas pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), e duas variedades comerciais de algodoeiro herbáceo: algodão de fibra colorida (BRS Rubi) e algodão de fibra branca (IAC-25). As parcelas foram constituídas de quatro linhas de cinco metros de comprimento com espaçamento entre linhas de 0,90m, sendo que as duas linhas centrais são consideradas como a área útil de 7,2m2 e as outras duas linhas, uma de cada lado, como bordaduras. O plantio foi realizado em 15 de janeiro de 2010, com o estande de 15 sementes/ metro linear. N, P2O5 e K20. Por A adubação de plantio utilizada foi de 500 Kg /ha-1 da fórmula 4-30-16 de -l ocasião do desbaste foi deixado de 10 a 11 plantas m . Posteriormente foi aplicada a adubação em cobertura, na base de 300 kg N /ha-1, parcelada em duas vezes, a primeira 20 dias após emergência (DAE) e a segunda 40 DAE. Durante a fase de desenvolvimento da cultura foi realizado o controle de plantas daninhas e pragas. Foram realizadas pulverizações semanais de Endosulfan, na dose de 2,5 L/ha, para o controle do bicudo-do-algodoeiro e os demais tratos culturais conforme necessidade. As plantas daninhas foram controladas com uma aplicação de MSMA (Volcane) + Diuron na dose de 3,0 + 3,0 L/ha e uma capina manual. Os caracteres agronômicos avaliados foram: Altura da inserção do primeiro ramo produtivo: distância média do solo até o primeiro ramo em que há maçãs e/ ou capulhos; altura da planta: distância média do solo até a região apical da planta, tomada na colheita final. Feitas em 10 medições por parcela do número de capulhos por planta e do diâmetro do caule na colheita: medida do diâmetro do caule quando a planta está pronta para realizar-se a colheita; estande final: quantidades totais de plantas existentes na época da colheita, foram escolhidos 10 capulhos de cada fileira da área útil, no terço médio da planta, para posteriormente, após seu descaroçamento determinar o peso total de sementes, o peso de 100 sementes, peso de um capulho, a porcentagem de fibra e o índice de fibra (quantidade de fibras presente em 100 sementes) e produtividade: índice que mede a produção em relação à área útil de cada parcela. 14 IX JORNADA CIENTÍFICA DA FAZU 25 A 29 de outubro de 2010 As amostras, depois de colhidas, foram levadas ao laboratório de análises de algodão na Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG). Lá foram feitas todas as análises das características de fibra, como pesagem, descaroçamento, índice de fibras (I.F) e porcentagem de fibras (% de fibra) representadas nas seguintes fórmulas: Índice de Fibra = Peso de 100 sementes (g) x Peso da Pluma total (g) Peso total das sementes (g) % de Fibra = Peso de Pluma (g) Peso total do algodão em caroço (20 capulhos /parcela) O programa estatístico utilizado foi Assistat. As análises individuais por caracteres foram comparadas pelo teste de Tukey, a 5 % de probabilidade. RESULTADOS E DISCUSSÃO Na tabela 1 são apresentados os resultados das características morfológicas das dez progênies e das duas cultivares sendo uma de fibra branca (IAC-25) e a outra de fibra colorida (BRS-Rubi). Tabela 1 - Características morfológicas de dez progênies e duas variedades de algodoeiro herbáceo. INSERSÃO DO 1° ALTURA DA CAPULHOS POR DIÂMETRO DO ESTANDE RAMO TRATAMENTOS PLANTA (m) PLANTA CAULE (cm) FINAL PRODUTIVO (cm) Progêne A 35,17 a* 1,39 a 9,33 ab 1,6 a 91203,7 a Progêne B 32,03 a 1,29 a 14,77 ab 1,7 a 64351,85 a Progêne C 31,13 a 1,3 a 10,5 ab 1,59 a 89351,86 a Progêne D 30,43 a 1,32 a 11,7 ab 1,66 a 91203,7 a Progêne E 32,8 a 1,24 a 6,5 ab 1,33 a 88888,88 a Progêne F 32,73 a 1,38 a 8,73 ab 1,56 a 95833,34 a Progêne G 30,7 a 1,33 a 6,77 ab 1,46 a 78472,23 a Progêne H 29,47 a 1,26 a 9,8 ab 1,36 a 63888,89 a Progêne I 28,3 a 1,24 a 11,93 ab 1,48 a 90740,75 a Progêne J 28,3 a 1,33 a 7,1 ab 1,48 a 83796,3 a IAC-25 31,63 a 1,58 a 9,4 ab 1,34 a 87962,97 a BRS Rubi 32,63 a 1,25 a 5,9 b 1,28 a 92592,58 a 19,49 10,53 30,16 10,85 15,95 CV (%) *Em uma mesma coluna, média seguida de mesma letra não diferem entre si, pelo critério estatístico de Tukey, a 5% de probab. Observa-se que a altura de inserção do primeiro ramo produtivo em todos os tratamentos estudados, apesar de serem significamente iguais, apresentam alturas aceitáveis. Segundo Silva (2007), salienta a importância de uma maior altura de inserção do primeiro ramo frutífero na eficiência operacional da colheita mecanizada, além de evitar o contato dos capulhos com o solo, minimizando impurezas na fibra. Pode-se destacar também que o aumento da densidade de plantas na 15 IX JORNADA CIENTÍFICA DA FAZU 25 A 29 de outubro de 2010 linha faz com que ocorra elevação na altura da inserção do primeiro ramo produtivo e quanto menor o espaçamento de acordo com Lamas (1988), menor será a altura das plantas, diâmetro do caule e número de capulhos por planta. Os outros caracteres avaliados como capulhos por planta; diâmetro de caule; altura da planta e estande final, não diferiram estatisticamente entre os tratamentos estudados. De acordo com Beltrão; Azevedo; Nóbrega (2004), a altura média ideal das plantas para colheita mecanizada, deve ser de até 1,60 m. Com esta análise pode-se concluir que os tratamentos testados estão de acordo com as médias de alturas adaptadas à colheita mecanizada. Observam-se na Tabela 2 os resultados obtidos através de análises de porcentagem de fibras (%); índice de fibras (g); peso total das sementes (g); peso de 100 sementes (g); peso do capulho (g) e a produtividade do algodão em caroço (Kg/ha). Tabela 2 - Análise de % de fibra, índice de fibra (g), peso total da semente (g), peso de 100sementes (g), peso do capulho (g) e produtividade em algodão em caroço (Kg/há). PRODUTIVIDADE ÍNDICE DE PESO TOTAL DA PESO DE 100 PESO DO % DE FIBRA ALGODÃO EM TRATAMENTOS FIBRA (g) SEMENTE (g) SEMENTES (g) CAPULHO (g) CAROÇO (kg/ha) Progêne A 30,28 b* 5,09 b 55,43 a 11,57 a 4,02 a 786,76 a Progêne B 31,12 b 5,15 b 49,20 a 11,2 a 3,65 a 1397,04 a Progêne C 30,58 b 5,35 b 62,70 a 11,97 a 4,57 a 600,7 a Progêne D 31,53 b 5,37 b 57,23 a 11,6 a 4,22 a 1336,07 a Progêne E 29,34 b 5,13 b 55,80 a 12,33 a 3,98 a 711,07 a Progêne F 32,16 b 5,31 b 55,60 a 11,03 a 4,16 a 1212,92 a Progêne G 29,56 b 4,87 b 57,37 a 11,5 a 4,11 a 972,92 a Progêne H 30,62 b 5,02 b 60,37 a 11,17 a 4,35 a 1468,47 a Progêne I 32,37 b 5,54 b 54,47 a 11,33 a 4,10 a 555,42 a Progêne J 29,97 b 5,27 b 56,03 a 12,2 a 4,05 a 884,58 a IAC-25 39,38 a 8,09 a 42,53 a 12,33 a 3,55 a 1317,6 a BRS Rubi 28,75 b 4,63 b 71,90 a 11,4 a 5,09 a 1264,5 a 6,06 11,54 17,79 7,92 17,7 54,81 CV (%) *Em uma mesma coluna, médias seguida pela mesma letra não diferem entre si, pelo critério estatístico de Tukey, a 5% de probabilidade. Na porcentagem de fibra e índice de fibra, todas as progênies testadas não apresentaram diferença significativa com a cultivar BRS-Rubi (fibra colorida), sendo que a cultivar IAC-25 (fibra branca) mostrou-se superior a todas as progênies testadas, e também superior a variedade BRS-Rubi. De acordo com Freire; Morello (2003), que caracterizam o algodoeiro ideal para a região do cerrado, a porcentagem de fibra na planta deve estar entre 38 a 42%. Isso demonstra que a cultivar BRS-Rubi (fibra colorida) e todas as progênies utilizadas obtiveram índices inferiores ao esperado e a variedade IAC-25 (fibra branca) está dentro do padrão de porcentagem de fibra. Para o peso total da semente; peso de 100 sementes e peso de capulho não apresentaram diferença significativa para todos os tratamentos estudados. Na produtividade também não foram apresentados diferenças estatísticas nos tratamentos avaliados, mas podemos identificar que quatro progênies (B, D, F e H) foram as que apresentaram rendimentos aproximadamente iguais e superiores as cultivares IAC-25 e BRS-Rubi. As produtividades obtidas foram abaixo da média nacional, que podem ser em média para algodões coloridos de mais de 3.000 kg /ha-1 na região do nordeste (CARVALHO, 2008). Devido ao um intenso ataque de bicudo-do-algodoeiro, com níveis acima da porcentagem de maçãs atacadas (15%) durante a condução final do experimento, as produtividades foram prejudicadas. CONCLUSÃO Não foi encontrada diferença estatística para estande final, inserção do primeiro ramo produtivo, número de capulhos por planta, altura de planta e no diâmetro do caule para todas as progênies e cultivares testados. 16 IX JORNADA CIENTÍFICA DA FAZU 25 A 29 de outubro de 2010 Na porcentagem da fibra e no índice de fibra, todas as progênies testadas não apresentaram diferença significativa com a cultivar BRS-Rubi (fibra colorida), mas para a cultivar IAC-25 (fibra branca) apresentaram diferenças. Os pesos totais das sementes; peso de 100 sementes e peso de capulho não foram detectadas diferenças significativas entre os tratamentos analisados. Na produtividade, apesar de não terem encontrados diferenças significativas entre todas as progênies comparadas com as cultivares comerciais, tanto de fibra branca como de fibra colorida, podemos destacar quatro progênies (B, D, F e H) que podem ser selecionadas para teste de cultivares, pois apresentaram rendimentos aproximadamente iguais e superiores as variedades IAC-25 e BRSRubi. REFERÊNCIAS BELTRÃO, N. E. M.; AZEVEDO, D. M. P.; NÓBREGA, L. B. Colheita do algodão. In: BELTRÃO, N. E. M.; ARAÚJO, A. E. (Ed.). Algodão: o produtor pergunta a Embrapa responde. Brasília: Embrapa informação tecnológica, 2004. P.155-164. (Coleção 500 perguntas, 500 respostas). CARVALHO, L. P. Contribuição do melhoramento ao cultivo do algodão. In: BELTRÃO, N. E. M.; AZEVEDO, D. M. P.(Ed.). Agronegócio do algodão no Brasil. 2 rev. ampl. Brasília: EMBRAPA, 2008. Cap. 9, p. 271-298. 2008. CARVALHO, O.S.; SILVA, O.R.F.; BELTRÃO, N. E. M. Práticas recomendadas para o beneficiamento do algodão. 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Acesso em: 01/09/2010. 17 IX JORNADA CIENTÍFICA DA FAZU 25 A 29 de outubro de 2010 LAMAS, F. N. Estudo da interação espaçamento entre fileiras x época de plantio na cultura do algodão herbáceo (Gossypium hirsutum L.). 1988. 64p. Dissertação (Mestrado)-Universidade Federal de Viçosa, Viçosa-MG, 1988 PITTA, I. Algodão colorido. 2008. p. 4. Disponível: http://www.fashionbubbles.com/ 2008/algodãocolorido/. Acesso em: 02/09/2010. REGINATO, G. Algodão de fibra colorida: Resultados do melhoramento. 2002. 4 p. Disponível em: <http://www.ufg.br/dbg/trab2002/melhor/mhr008.htm>. Acesso em: 10/09/2010. SILVA, A. V. Caracteres morfológicos e produtivos do algodoeiro em diferentes configurações de semeadura. 2007. 80 f. Tese (Doutorado-Curso de Agronomia, Escola Superior De Agricultura Luiz De Queiróz-ESALQ /USP, Piracicaba, 2007. SILVA, V.R. Melhoramento do algodão: Produção de algodão colorido. Curso de Agronomia. UFV: 2009, 5p. Disponível em: <http://www.ufv.br/dbg/bioano01/div12.htm>. Acesso em: 12/09/2010. VENDA antecipada do algodão. Agroanalysis: A revista do agronegócio da FGV. Rio de Janeiro, v. 27, n. 9, p. 16, 2007. 18 IX JORNADA CIENTÍFICA DA FAZU 25 A 29 de outubro de 2010 DIAGNÓSTICO DE TRECHO DE MATA CILIAR DO CÓRREGO LARANJEIRAS, EM UBERABA, MG, COM VISTAS À SUA RECUPERAÇÃO. JARDIM, F. C.1; OLIVEIRA, A.C. 2; PEREIRA, Z. S. 3; SANTOS, A. C. 4; SOUSA, K. C. 5; SOUSA, K. C. 6; FRANCO, P. C. 7; 1 Graduanda do Curso de Engenharia Ambiental da Universidade de Uberaba – Av. Nenê Sabino, 1801, Bairro Universitário, fone: (34) 3319 8800, email: [email protected] 2 Graduanda do Curso de Engenharia Ambiental da Universidade de Uberaba – Av. Nenê Sabino, 1801, Bairro Universitário, fone: (34) 3319 8800, email: [email protected] 3 Graduanda do Curso de Engenharia Ambiental da Universidade de Uberaba – Av. Nenê Sabino, 1801, Bairro Universitário, fone: (34) 3319 8800, email: [email protected] 4 Graduanda do Curso de Engenharia Ambiental da Universidade de Uberaba – Av. Nenê Sabino, 1801, Bairro Universitário, fone: (34) 3319 8800, email: [email protected] 5 Graduanda do Curso de Engenharia Ambiental da Universidade de Uberaba – Av. Nenê Sabino, 1801, Bairro Universitário, fone: (34) 3319 8800, email: [email protected] 6 Graduanda do Curso de Engenharia Ambiental da Universidade de Uberaba – Av. Nenê Sabino, 1801, Bairro Universitário, fone: (34) 3319 8800, email: [email protected] 7 Professor da Universidade de Uberaba – Av. Nenê Sabino, 1801, Bairro Universitário, fone: (34) 3319 8800, email: [email protected] Resumo: Ao longo de sua evolução, o ser humano tem deixado uma marca de degradação e exploração descontrolada dos recursos naturais. A água é um destes recursos que vem sofrendo impactos em velocidade superior à capacidade de sua descontaminação. Sendo esse recurso indispensável à vida no planeta, ações são desenvolvidas com a finalidade de preservar e recuperar os corpos hídricos. Um exemplo dessas ações consiste em recuperar as matas ciliares, que funcionam como uma barreira protetora para nascentes, rios e córregos, além de serem importantes também para o fluxo faunístico e na conservação do solo. Tendo em vista a relevância do tema, o objetivo do presente trabalho é realizar um diagnóstico de um trecho degradado de mata ciliar do Córrego Laranjeiras, em Uberaba, Minas Gerais, visando uma posterior recuperação desta área. Para tal finalidade, realizou-se visitas técnicas ao local para observação das características gerais da vegetação, do solo e do corpo hídrico. Foi realizada medição da área impactada, com o uso de aparelho GPS. Realizou-se também um levantamento das principais espécies de fauna e flora encontradas no local, bem como do tipo de solo e foi feita entrevista com moradores do entorno, para obter informações a respeito da degradação. Constatou-se que a área degradada consiste em 964 m². Um dos principais fatores de sua degradação foi o Pró-Varzea, que consistia em um incentivo ao plantio em áreas caracterizadas por solos hidromórficos. Esta área encontra-se dominada por capim braquiária e capim napier. Existem também exemplares arbóreos, como o tento e sangra d’água. Há presença de espécies invasoras, como o cipó liana, que recobre as copas das árvores, podendo ser prejudiciais às mesmas, através do sufocamento que este cipó pode ocasionar. Foi observada a presença de samambaiaçu, espécie ameaçada de extinção. Verificou-se vestígios de animais, como capivaras e répteis, como sucuri. Há uma grande quantidade de insetos, borboletas e pássaros. Quanto ao solo, existem locais com características de cambissolos, outros locais apresentam solos hidromórficos e gleissolos. O curso d’água apresenta leito basáltico. O córrego tem largura de, em média, 3 metros. Este trabalho permite uma reflexão a respeito do modelo de uso e ocupação do solo que predomina ao longo dos anos nas áreas rurais. Este uso se deu de forma predatória e trouxe conseqüências que perduram até os dias atuais. Dessa forma, projetos de reflorestamento são de suma importância para a conservação e recuperação daquilo que ainda está disponível no meio ambiente. E, para a efetivação dessas ações, 19 IX JORNADA CIENTÍFICA DA FAZU 25 A 29 de outubro de 2010 torna-se fundamental o desenvolvimento de um trabalho de educação ambiental junto aos proprietários, de forma que estes se tornem os agentes de conservação de suas próprias áreas. Palavras-chave: reflorestamento, recuperação, mata ciliar, diagnóstico, degradação ambiental. INTRODUÇÃO Ao longo de sua jornada evolutiva o ser humano tem constantemente degradado o ambiente em que vive. Extraindo o que lhe é útil e devolvendo ao meio aquilo que não lhe serve mais em forma de resíduos, muitas vezes tóxicos. O solo, os rios e a atmosfera estão cada vez mais poluídos e o que parecia inesgotável começa a apresentar indícios de que são finitos ou não tem tempo de se regenerarem devido ao elevado potencial poluidor das atividades antrópicas. Assim, cresce a preocupação com a preservação dos recursos naturais e com o desenvolvimento sustentável. A água é um recurso natural essencial ao ser humano. Dessa forma, medidas a fim de preservar este recurso vem sendo adotadas, embora de forma gradativa. Projetos de recomposição das matas ciliares são executados a fim de preservar os corpos hídricos e recuperar essas áreas, uma vez que estas sofrem intenso impacto, principalmente devido ao uso e ocupação desordenado do solo, por meio de atividades exploradoras, como a agricultura e a pecuária. A recuperação de áreas degradadas é, portanto, uma consequência do uso incorreto da paisagem e fundamentalmente dos solos por todo o país, sendo apenas uma tentativa limitada de remediar um dano que na maioria das vezes poderia ser evitado (Rodrigues e Gandolfi, 2004). No Brasil, a primeira Lei que protege as matas ciliares é o Código Florestal, de 1965. A legislação determinava que fossem preservados apenas 5 metros de mata ciliar às margens de corpos d’água com até 10 metros. Somente em 1986, com a Lei 7511, essa faixa a ser preservada passou para 30 metros, sendo aumentada de acordo com a largura do curso de água. A expressão florestas ciliares envolve todos os tipos de vegetação arbórea vinculada à beira de rios. Fitoecologicamente trata-se da vegetação florestal às margens de cursos d’água, independente de sua área ou região de ocorrência e de sua composição florística (Ab’Saber, 2004). Do ponto de vista ecológico, estas áreas tem sido consideradas como corredores extremamente importantes para o movimento da fauna ao longo da paisagem, assim como para a dispersão vegetal (Lima e Zaika, 2004). As vegetações das matas ciliares atuam como barreira de proteção das nascentes e cursos d’água, sendo de grande importância para o equilíbrio ecológico dos ecossistemas, oferecem proteção ao solo, filtrando agentes poluentes, tais como agrotóxicos, efluentes, dentre outros resíduos, garantem qualidade da água e ambiente saudável, que propicia preservação da fauna. Conforme Brito, (2006) sem as matas, as nascentes, os rios e ribeirões vão ficar desprotegidos. Com o passar dos anos, eles secam. Em vez de água em seus leitos, terão areia. Considerando a importância do tema, o principal objetivo do presente trabalho consiste em realizar o diagnóstico de um trecho da mata ciliar do córrego Laranjeiras, localizado no município de Uberaba, Minas Gerais, para tornar viável uma posterior recomposição da flora, uma vez que esta se encontra bastante impactada. MATERIAL E MÉTODOS Para o desenvolvimento do proposto neste trabalho, de forma satisfatória, a metodologia adotada consistiu em visitas técnicas ao local de estudo, para levantamento de informações necessárias para a realização do diagnóstico da área. Este diagnóstico contemplou os seguintes aspectos: • Avaliação das condições atuais da área degradada: características gerais da vegetação, do solo e do corpo hídrico; 20 IX JORNADA CIENTÍFICA DA FAZU 25 A 29 de outubro de 2010 • Medição das dimensões da área impactada e do curso d’água, utilizando aparelho de GPS, trena e câmera fotográfica. • Levantamento das principais espécies de flora e fauna local; • Levantamento do tipo de solo presente no local; • Diagnóstico de possíveis problemas ambientais e propostas de soluções para os mesmos; • Entrevista com os moradores do entorno, a fim de se coletar informações sobre os estado posterior à degradação ocorrida, ou sobre ocasião em que a degradação era menos intensa que atualmente. RESULTADOS E DISCUSSÃO O trecho a ser reflorestado corresponde a uma área de 964m² (Figura 1). Esta área foi escolhida devido ao alto grau de degradação, sendo recoberta em uma grande extensão pelo capim braquiária (Brachiaria decumbens) (Figura 2) e tendo, também, como espécie invasora o capim napier (Pennisetum purpureum) (Figura 3), que compete por luz e nutrientes com espécies locais existentes ao longo da margem do córrego. Figura 1: Área a ser recomposta Fonte: Google Earth, 2006; formatação: Oliveira, 2010. Figura 2: Área coberta por braquiária Fonte: Autores, 2010 Figura 3: Área coberta por capim napier Fonte: Autores, 2010 Também foram observadas espécies nativas, como o tento (Ormosia paraensis) que estão sendo aos poucos impedidas de crescer, devido à presença dessas espécies invasoras, como o cipó 21 IX JORNADA CIENTÍFICA DA FAZU 25 A 29 de outubro de 2010 liana (Figura 4), outra invasora encontrada em abundância na área, que recobre as copas das árvores, levando-as ao sufocamento e morte. Figura 4: Cipó Liana Fonte: Autores, 2010 No entanto, observou-se que o outro lado da margem estava conservado, sendo encontradas, inclusive, espécies ameaçadas de extinção, como a samambaia Açu (Dicksonia sellowiana) que também faz parte da flora ao longo do trecho escolhido, assim como vários outros tipos de samambaias e espécies mais comuns de árvores, como a sangra d’água. Quanto à fauna, há vestígios de animais, como capivara e répteis, como sucuri. No córrego vivem peixes como o lambari, bagre e cascudo. Às margens do córrego é possível observar uma grande quantidade de insetos, borboletas e pássaros. O tipo de solo é bem diversificado estando ainda, em alguns lugares, em processo de formação (cambissolos). Há locais onde o solo apresenta característica de solo hidromórfico e gleisssolos, apresentando a cor cinza escuro e há locais, às margens do córrego, que apresentam uma camada superficial de arenito. O curso d’água apresenta leito basáltico, caracterizando que a região em outras eras geológicas passou por derramamentos vulcânicos. A média da largura do córrego é de 3 metros. De acordo com a legislação vigente, das quais cita-se a Resolução do CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE – CONAMA, nº 303, de 20 de março de 2002, os cursos de água que contenham até 10 metros de largura, devem ter uma faixa preservada de 30 metros, em ambas as margens. CONCLUSÃO O presente estudo possibilita uma reflexão acerca do uso das áreas rurais, que vem sendo exploradas, ao longo dos anos, de forma degradante ao meio ambiente em que estão inseridas. Como exemplo disso estão as atividades agropecuárias, que avançam sobre áreas que deveriam ser preservadas, comprometendo a qualidade de meio ambiente e a sustentabilidade do próprio empreendimento, uma vez que este é dependente dos bens e recursos extraídos da natureza, daí a necessidade de serem aplicadas medidas mitigadoras, a fim de conservar aquilo que ainda está disponível. 22 IX JORNADA CIENTÍFICA DA FAZU 25 A 29 de outubro de 2010 Dessa forma, ações de reflorestamento são de grande importância, uma vez que colaboram na preservação do solo e das águas, além de outros benefícios já citados anteriormente. E para que essas ações que buscam conservar o meio ambiente sejam ainda mais eficientes, se faz essencial desenvolver um trabalho de educação ambiental com o proprietário da terra para que este se torne também um agente de conservação, a fim de tornar os empreendimentos rurais cada vez mais sustentáveis. REFERÊNCIAS RODRIGUES, Ricardo Ribeiro; GANDOLFI, Sergius. “Conceitos, tendências e ações para a recuperação de florestas ciliares”, in: RODRIGUES, Ricardo Ribeiro e LEITÃO FILHO, Hermógenes de Freitas. 3ª Ed. Matas ciliares: conservação e recuperação. São Paulo, Edusp p/ Fapesp, 2004, p.15-25. AB’SABER, Aziz Nacib. “O suporte Geológico das florestas beiradeiras (ciliares)”, in: RODRIGUES, Ricardo Ribeiro e LEITÃO FILHO, Hermógenes de Freitas. 3ª Ed. Matas ciliares: conservação e recuperação. São Paulo, Edusp p/ Fapesp, 2004, p.15-25. LIMA, Walter de Paula; ZAIKA, Maria José Brito. “Hidrologia de Matas Ciliares”, in: RODRIGUES, Ricardo Ribeiro e LEITÃO FILHO, Hermógenes de Freitas. 3ª Ed. Matas ciliares: conservação e recuperação. São Paulo, Edusp p/ Fapesp, 2004, p.15-25 BRITO, Francisco. Corredores Ecológicos: uma estratégia integradora na gestão de ecossistemas. Florianópolis, Ed. Da UFSC, 2006. CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE - CONAMA. 2002. Resolução Conama nº 303. Disponível em:< www.mma.conama.gov.br/conama> Acesso em out. 2010. 23 IX JORNADA CIENTÍFICA DA FAZU 25 A 29 de outubro de 2010 INFLUÊNCIA DA ÉPOCA DE SEMEADURA NA PRODUTIVIDADE DE VARIEDADES DE SOJA NA REGIÃO DE UBERABA- MG FRAGA JÚNIOR, C.L.1; ESPINDOLA, S.2; TEIXEIRA, G.A.C,1; LIMA, P. C.de1; SILVA, G. A.1; MORAES, R.S.de1; MINARÉ, V.A1; DUARTE, R.P.3; CUNHA, F.A.G3 1 Graduando do Curso de Agronomia das Faculdades Associadas de Uberaba – Av. do Tutuna, 720, Bairro do Tutunas, fone: (34) 9939-2344, e-mail: [email protected]; 2 Professor das Faculdades Associadas de Uberaba – Av. do Tutuna, 720, Bairro do Tutunas, fone: (34) 3318 4188, e-mail: [email protected]; 3 Engenheiro Agrônomo: [email protected] 3 Engenheiro Agrônomo: [email protected] * Projeto desenvolvido em parceria com Fazu/Fundagri e Dow Agroscience Resumo: Uma má recomendação da população de plantas por hectare, bem como a época de semeadura de uma variedade comercial pode interferir diretamente no desempenho dela no campo, reduzindo todos os componentes de produção e por conseqüência sua produtividade. O objetivo do presente trabalho foi avaliar a influência da época de semeadura na produtividade de variedades de soja na região de Uberaba-MG. O delineamento experimental utilizado foi o de blocos casualizados, em esquema fatorial 10x2 (genótipos e épocas de plantio) com duas repetições. As parcelas experimentais consistiram de quatro linhas de 5 m, sendo que a área útil usada para avaliação da produtividade foi de 4 m2. A produtividade foi obtida por meio da colheita e trilhagem das plantas da área útil. As sementes foram pesadas em balança de precisão e transformadas a 13% de umidade. Os valores obtidos foram submetidos à análise de variância pelo teste de F e as médias comparadas por meio do uso do pacote estatístico Genes. Os genótipos avaliados mostraram bom desempenho produtivo, tanto na primeira como na segunda época de plantio, no município de Uberaba, sob as condições da safra 2009/2010. A época de semeadura não influenciou na produtividade das variedades plantadas. Porém a cultivar 5G770 RR merece destaque por apresentar as maiores produtividades nas duas épocas de plantio. Palavras-chave: Glycine max, época de plantio, cultivares INTRODUÇÃO Ao longo dos anos 90 programas nacionais de melhoramento genético da soja desenvolveram cultivares com maior potencial de produtividade e mais exigentes em ambiente e manejo (HEIFFIG, 2002). Segundo Almeida et.al. (1999), uma cultivar soja deve ter alta produtividade, estabilidade de produção e ampla adaptabilidade aos mais variados ambientes existentes na região onde é recomendada. A resistência genética às principais doenças e pragas e a tolerância aos fatores limitantes edafo-climáticos são garantias de estabilidade de produção e de retorno econômico que podem ser ofertadas com o uso de semente de cultivares melhorada. Uma cultivar altamente produtiva representa uma combinação bem balanceada de genes. Uma vez atingido este equilíbrio, ganhos adicionais de produtividade tornam-se mais difíceis de serem conseguidos (ALMEIDA & KIIHL,1998). 24 IX JORNADA CIENTÍFICA DA FAZU 25 A 29 de outubro de 2010 Dentre os fatores que atuam diretamente na cultura o fotoperíodo pode ser limitante com respeito à introdução de novas seleções em diferentes latitudes e, conforme Dutra (1986), Muitas cultivares possuem uma faixa de época de plantio muito restrita, em virtude da resposta ao fotoperíodo. Como esse fator varia também com a latitude, a introdução de cultivares em determinada região deve levar em consideração o grau de sensibilidade dessas cultivares. Tal sensibilidade é característica variável entre cultivares, ou seja, cada uma possui seu fotoperíodo crítico, acima do qual o florescimento é atrasado. Assim cultivares das regiões de grande latitude floresce muito cedo quando cultivadas nas regiões de dias curtos (VERNETTI, 1983). Trabalhos realizados em melhoramento genético visando à criação de novas cultivares de soja compreendem a seleção de diferentes genótipos, a partir de combinação e incorporação de importantes características agronômicas em várias linhagens, que, além de elevado potencial produtivo, sejam adaptadas às mais diversas condições edafoclimáticas do território brasileiro. Entre os principais fatores do clima que determinam a melhor época de semeadura para soja destaca-se a umidade e a temperatura do solo por ocasião da implantação da cultura e, especialmente, a distribuição das chuvas durante a fase reprodutiva (MARTINS et. al. 1999). A época de semeadura determina a exposição das plantas às variações na distribuição dos fatores climáticos e contribui fortemente para a definição da duração do ciclo, da altura da planta e da produção de grãos. De modo geral, semeaduras em épocas anterior ou posterior ao período mais indicado para uma dada região reduzem o porte e o rendimento das plantas (EMBRAPA 2008). A duração do ciclo das cultivares e a época de semeadura devem condicionar que a germinação, o crescimento e a reprodução das plantas, até a plena formação dos grãos, ocorram durante o período de maior probabilidade de ocorrência de temperatura e umidade favoráveis, na maioria dos anos (MARTINS et. al. 1999). Dessa forma, a identificação da melhor época de plantio e desempenho das cultivares tem sido uma importante etapa no processo de desenvolvimento de novas cultivares de soja. Neste trabalho objetivou-se avaliar a influência da época de semeadura em cultivares de soja na região de UberabaMG. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido na Fazenda Escola das Faculdades Associadas de UberabaFAZU localizada em Minas Gerais- com altitude de 780 m, em um Latossolo Vermelho distrófico, textura média. O clima da região, segundo classificação de Köeppen, é Aw, tropical quente úmido com inverno frio e seco, precipitação e temperatura média anual de 1474 mm de 22,6ºC, respectivamente. O delineamento experimental utilizado foi o de blocos casualizados, em esquema fatorial 10x2x3, correspondente às cultivares, épocas de semeadura e número de repetições (duas épocas diferentes com intervalos de vinte e cinco dias entre um plantio e outro) a primeira época foi plantada dia 14 de novembro de 2009 e a segunda época foi plantada dia 09 de dezembro de 2009, respectivamente. As parcelas experimentais constaram de 4 linhas espaçadas a 0,50m entre si e com 5,0m de comprimento, onde as duas linhas centrais de cada parcela foram utilizadas para coleta de dados, descartando meio metro de cada extremidade. Após a instalação do experimento, as parcelas de soja foram conduzidas de acordo com os procedimentos técnicos necessários a fim de mantê-las livres da interferência de plantas daninhas e pragas. 25 IX JORNADA CIENTÍFICA DA FAZU 25 A 29 de outubro de 2010 Os dados de produtividade em Kg.ha-1, calculados a partir do material colhido e trilhado em cada parcela útil e corrigidos a 13% de umidade. Os valores obtidos foram submetidos à análise e de variância pelo teste de F e as médias comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade por meio do uso do pacote estatístico Genes (CRUZ, 2007). RESULTADOS E DISCUSSÃO Os resultados das análises individuais e conjuntas do rendimento de grãos das cultivares de soja nas duas épocas de plantio estão apresentados na Tabela 1. Os valores dos coeficientes de variação, por serem inferiores a 20%, se mostraram satisfatórios (GOMES, 2000). Constatou-se efeito significativo entre os tratamentos na primeira e segunda época de plantio. Já a análise de variância conjunta dos dados não apresentou significância na interação época de plantio e produtividade, ou seja, não houve influência da época de plantio na expressão da produtividade dos genótipos avaliados. Diversos trabalhos tem mostrado que a época de semeadura, além do rendimento, afeta a arquitetura e o desenvolvimento das plantas, dificultando a colheita mecânica em virtude das reduções na altura da planta e altura de inserção de vagem (CÂMARA, 1991; PELÚZIO et al.2006). Tabela 1 – Análise de variância individual e conjunta da produtividade de grãos genótipos de soja de, avaliados nas duas épocas de plantio, em Uberaba –MG 1ª. Época de plantio Fonte de variação Gl QM F 2 226103.84633 Blocos 9 1247677.05422 22.4535 Tratamento 18 55567.12522 Resíduo 8.61759 C. V (%) 2ª. Época de plantio Fonte de variação Gl QM F 2 287599.9 Blocos 9 649583.77778 4.8551 Tratamento 18 133793.45556 Resíduo 15.73238 C. V (%) Análise conjunta Fonte de variação GL soma dos quadrados quadrados médios 2 1104.639633 5523.19817 Blocos 9 15435974.31067 1715108.25674 Genótipos 1 2526586.56267 2526586.56267 Ambientes 9 1639373.17733 182152.57526 Trat. x Ambiente 36 3408490.454 94680.29039 Resíduo 12.16 C. V (%) C.V.: coeficiente de variação (kg.ha-1), dos F 9.41578 9.83675 1.92387 - 26 IX JORNADA CIENTÍFICA DA FAZU 25 A 29 de outubro de 2010 O teste de comparação das médias de produtividade indicou diversidade entre os genótipos avaliados tanto na primeira quanto na segunda época de plantio (Tabela 2 e 3) com médias que variaram de 1631 a 3455 Kg.ha-1 e 1366 a 2938 Kg.ha-1, respectivamente. Na primeira época de plantio a 5G770 foi a cultivar que apresentou melhor desempenho produtivo, embora não tenha apresentado diferença significativa da P98Y11, M7908RR, 5G830RR e 05RR25734. Sendo que elas apresentaram excelente desempenho de pelo menos 50 sacas por hectare. A M9056RR foi a que apresentou menor desempenho produtivo diferindo estatisticamente de todas as demais. Tabela 2: Teste de comparação entre as médias de produtividade dos genótipos para a primeira época de plantio em Uberaba-MG Genótipo Ciclo (dias) Rendimento de grãos (kg.ha-1) 5G770 RR 124 3455a P98Y11 122 3392ab M7908RR 125 3227abc 5G830 RR 124 3143abc 05RR25734 136 3095abc BRS Valiosa RR 128 2747bcd CD 219 RR 128 2598cde P98Y51 129 2145def M8867RR 145 1917ef M9056RR 145 1631f Média 131 2735 CV(%) 8,61 DMS-Tukey(5%) 690,01 * Médias seguidas de mesma letra, minúscula na linha não se diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade No geral, as médias de produtividade dos genótipos plantados na primeira época se apresentaram superiores quando comparadas com a segunda época de plantio. Pesquisas realizadas no Brasil, demonstram que a época de semeadura é a variável que produz maior impacto sobre o rendimento da cultura da soja. Para as condições brasileiras, a época de semeadura varia em função do cultivar, região de cultivo e condições ambientais do ano agrícola, geralmente apresentando uma faixa recomendável de outubro à dezembro. O mês de novembro, de maneira geral, tem proporcionado os melhores resultados de produtividade nos estados onde a cultura é cultivada tradicionalmente (NAKAGAWA et al., 1983). A maior média de produtividade observada na segunda época de plantio, assim como na primeira, foi expressa pelo genótipo 5G770RR diferindo estatisticamente somente da M9056RR que apresentou menor produtividade nesse período. 27 IX JORNADA CIENTÍFICA DA FAZU 25 A 29 de outubro de 2010 Tabela 3: Teste de comparação entre as médias de produtividade dos genótipos para a segunda época de plantio em Uberaba-MG. Genótipo Ciclo (dias) Rendimento de grãos (kg.ha-1) 5G770 RR 122 2938a P98Y11 122 2793a M7908RR 122 2618a 5G830 RR 122 2118a 05RR25734 122 2345a BRS Valiosa RR 124 2574ab CD 219 RR 124 2494ab P98Y51 124 1952ab M8867RR 131 2049ab M9056RR 131 1366b Média 125 2324,7 CV(%) 15,73 DMS-Tukey(5%) 1070,69 *Médias seguidas de mesma letra, minúscula na linha não se diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. CONCLUSÃO Os genótipos avaliados mostraram bom desempenho produtivo, tanto na primeira como na segunda época de plantio, no município de Uberaba, sob as condições da safra 2009/2010. A época de semeadura não influenciou na produtividade das variedades plantadas. Porém a cultivar 5G770 RR merece destaque por apresentar as maiores produtividades nas duas épocas de plantio. REFERÊNCIAS ALMEIDA, L. A. de; KIIHL, R. A. S.. Melhoramento da soja no Brasil - Desafios e Perspectiva. In: CAMARA, Gil Miguel de Sousa (Org.). Soja Tecnologia da produção. Piracicaba: Publique 1998. p. 40-54. CÂMARA, G.M.S. et.al. Desempenho vegetativo e produtivo de cultivares e linhagens de soja de ciclo precoce no município de Piracicaba - SP. Scientia Agricola, v.55, n.3, p.403-412, 1998. CRUZ, C. D. Programa GENES: aplicativo computacional em genética e estatística. UFV : Viçosa, 1997. 28 IX JORNADA CIENTÍFICA DA FAZU 25 A 29 de outubro de 2010 EMBRAPA – Sistemas de Produção. Tecnologia de Produção de Soja - Região Central do Brasil 2009 e 2010. Outubro de 2008. p.415-416. GOMES, P. F. Estatística experimental. Piracicaba, SP: ESALQ, 2000. 477 p. HEIFFIG, L. S. Plasciticidade da cultura da soja (Glycine max(L.)Merril) em diferentes arranjos espaciais. 2002. 81 f. Dissertação (Mestrado) - Escola Superior de Agricultura "luiz de Queiroz", Piracicaba, 2002. KIIHL, R.A.S.; GARCIA, A. The use of the long-juvenile trait in breeding soybean cultivars. In: WORLD SOYBEAN RESEARCH CONFERENCE, 4., Buenos Aires, 1989. Proceedings. Buenos Aires: World Soybean Research Conference, 1989. p.994-1000. MARTINS, M. C. et.al. Épocas de semeadura, densidade de plantas e desempenho vegetativo de cultivares de soja. Scientia Agrícola, Piracicaba, v.56, n.4, p.1-10. NAKAGAWA, J. et.al. Épocas de semeadura de soja: I. Efeitos na produção de grãos e nos componentes da produção. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.18, n.11, p.1187-1198, 1983. PAIVA, B.M.D.E.; ALVES, R.M. HELENO, N.M. Aspectos socioeconômicos da soja. Informe Agropecuário, Belo Horizonte, v.27, n.230, p.7-14, jan.\fev.2006. PELÚZIO, J.M. et. al. Desempenho de cultivares de soja, em duas,épocas de semeadura, no sul do estado do Tocantins. Bioscience Journal, Uberlândia, v.22, n.2, p.69-74, 2006. VERNETTI, F. de J. et. al. Soybean breeding for the far south of Brazil. Unidade de Execução de Pesquisa de Ambito Estadual de Pelotas, Pelotas, p.11-19, 1983. 29 IX JORNADA CIENTÍFICA DA FAZU 25 A 29 de outubro de 2010 EFEITO DA QUALIDADE DA ÁGUA SOBRE A EFICÁCIA DO CONTROLE DO BICHO - MINEIRO DO CAFEEIRO COSTA, J.O.² ; COELHO, L.F.S ²; NOBRE, M.O.R.²; RODRIGUES, L.M.²; LACA-BUENDIA, J. P.¹ ; 1 Professor Mestre das Faculdades Associadas de Uberaba – Av. do Tutuna, 720, Bairro do Tutunas, fone: (34) 3318 4188, e – mail: [email protected] 2 Graduandos do Curso de Agronomia das Faculdades Associadas de Uberaba – Av. do Tutuna, 720, Bairro do Tutunas, fone: (34) 3318 4188, e-mail: [email protected]; [email protected]; [email protected]; [email protected] Resumo: O bicho-mineiro do cafeeiro (Perileucoptera coffeella) é uma praga que pode causar prejuízos na produção da ordem de 52%. O controle químico quando realizado via pulverização pode ser influenciado por diversas variáveis, dentre elas a água usada para o preparo da calda. Este trabalho foi conduzido com o objetivo de avaliar as três possíveis fontes de água da Fazenda Escola da FAZU – Faculdades Associadas de Uberaba, sobre a eficácia do controle químico via pulverização contra o bicho – mineiro do cafeeiro. Os tratamentos foram calda preparada com água de poço artesiano + 0,2L do produto comercial, calda preparada com água fornecida pela empresa de abastecimento local (CODAU) + 0,2L do produto comercial, calda preparada com água do afluente do rio Uberaba + 0,2L do produto comercial, calda preparada com água destilada + 0,2L do produto comercial, calda preparada com água de poço artesiano + 0,3L do produto comercial, calda preparada com água fornecida pela empresa de abastecimento local (CODAU) + 0,3L do produto comercial, calda preparada com água do afluente do rio Uberaba + 0,3L do produto comercial, calda preparada com água destilada + 0,3L do produto comercial e testemunha sem controle. Avaliou – se a porcentagem de infestação e concluiu – se que os tratamentos que envolveram a água destilada e água do afluente tiveram menor infestação. E isso deve – se ao baixo teor de carbonato de cálcio e ao pH não alcalino dessas águas quando comparadas com as águas da codau e do poço artesiano. Palavras-chave: Perileucoptera coffeella; eficácia; fontes de água; pulverização. INTRODUÇÃO O bicho-mineiro do cafeeiro (Perileucoptera coffeella) é uma praga exótica, tendo como região de origem o continente africano, e a sua presença foi constatada no Brasil a partir de 1851, quando aqui entrou, provavelmente através de mudas de café provenientes da Antilhas e da Ilha de Bourbon. É uma praga monófaga, atacando somente o cafeeiro (REIS; SOUZA, 1986). O bicho-mineiro do cafeeiro na fase adulta é uma mariposa de coloração geral brancoprateado. Durante o dia as mariposas escondem-se na folhagem, instalando-se na página inferior das folhas do cafeeiro, ou de outros vegetais. Durante a tarde ou ao anoitecer deixam o abrigo e iniciam a postura, na página superior das folhas do cafeeiro. A lagarta ao nascer passa diretamente do ovo para o interior da folha, alimentando-se então do tecido existente entre as duas epidermes e deixando um vazio na área em que se nutriu, chamado de mina (SOUZA, et al.,1998). As minas irão secar e formar áreas necrosadas, diminuindo a área foliar responsável pela fotossíntese. E, além disso, o ataque provoca a desfolha do cafeeiro por meio do estímulo da produção do hormônio de abscisão foliar, o ácido abscísico. E assim, essa desfolha afetará a produtividade do 30 IX JORNADA CIENTÍFICA DA FAZU 25 A 29 de outubro de 2010 ano seguinte. Trabalhos realizados no Sul de Minas mostraram que a praga causou prejuízos na produção da ordem de 52%, devido à desfolha de 67% em outubro, ocasião em que ocorreu a florada (REIS et al., 1976). O controle químico do bicho-mineiro do cafeeiro pode ser realizado através de inseticidas em pulverizações ou em aplicação via solo (SOUZA, et al.,1998). Quando feito via pulverização, o controle químico pode ser influenciado por diversas variáveis, dentre elas a qualidade da água usada para o preparo da calda. Atualmente muito tem se discutido sobre a qualidade da água utilizada nas pulverizações, principalmente com relação ao pH. Outro aspecto muito discutido é a dureza (teor de carbonato de cálcio) que é comum em águas captadas nas zonas rurais, devido constituintes naturais das rochas e do solo ou de outras fontes (CONCEIÇÂO, 2003). Desta forma, o presente trabalho vem propor uma avaliação das três possíveis fontes de água da Fazenda Escola da FAZU – Faculdades Associadas de Uberaba, comparada com água destilada, sobre a eficácia do controle químico via pulverização contra o bicho – mineiro do cafeeiro. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido na Fazenda Escola da FAZU-Faculdades Associadas de Uberaba-MG, em altitude de 780m, 19º44’de latitude sul e 47º57’ de longitude oeste de Greenwich, em uma área com café Catuaí irrigado por gotejamento, com espaçamento de 3,5m x 0,5m e solo Latossolo-Vermelho Distrófico. A fazenda possui relevo levemente ondulado, com vegetação típica de cerrado. De acordo com a INMET-EPAMIG, Estação Experimental Getúlio Vargas, a fazenda recebe precipitação média de 1589,4 mm/ano, evapotranspiração de 1046 mm e temperatura média anual de 21,9º C. Foram utilizadas as três fontes de água da Fazenda Escola da FAZU (água de poço artesiano, água da CODAU e água de afluente do rio Uberaba) e água destilada, intercaladas com duas dosagens do princípio ativo cypermethrin. Assim definiu – se os seguintes tratamentos: calda preparada com água de poço artesiano + 0,2L do produto comercial, calda preparada com água fornecida pela empresa de abastecimento local (CODAU) + 0,2L do produto comercial, calda preparada com água do afluente do rio Uberaba + 0,2L do produto comercial, calda preparada com água destilada + 0,2L do produto comercial, calda preparada com água de poço artesiano + 0,3L do produto comercial, calda preparada com água fornecida pela empresa de abastecimento local (CODAU) + 0,3L do produto comercial, calda preparada com água do afluente do rio Uberaba + 0,3L do produto comercial, calda preparada com água destilada + 0,3L do produto comercial e testemunha sem controle. Utilizou – se essas duas dosagens, pois são as duas extremidades do que é recomendado pelo fabricante. O delineamento utilizado foi o DBC – Delineamento em Blocos Casualizados, com 9 tratamentos e três blocos. Cada unidade experimental foi constituída de 7 plantas sendo descartadas as plantas da extremidade de cada unidade experimental, nas avaliações de infestação. Antes da pulverização foi feito um monitoramento da infestação através de coleta de folhas do terço superior. Assim que essa infestação atingiu 20%, realizou – se a pulverização com os devidos tratamentos utilizando – se a bomba costal. A limpeza, antes e entre os tratamentos, da bomba costal foi feita com água em abundância. Essa água da lavagem foi eliminada em locais variados, para evitar desequilíbrios. 31 IX JORNADA CIENTÍFICA DA FAZU 25 A 29 de outubro de 2010 A deriva foi evitada programando – se o horário das pulverizações, evitando assim, os ventos excessivos. As fontes de água foram submetidas à análise química de pH e dureza (teor de carbonato de cálcio). Após 15 dias da pulverização, efetuaram – se cinco avaliações da porcentagem de folhas minadas. Essas avaliações foram feitas semanalmente, coletando 10 folhas por planta, 50 por parcela e verificando a porcentagem de folhas minadas. Essas porcentagens de infestação foram submetidas a análise de variância e teste de Tukey a 5% para a comparação das médias. O software utilizado foi o Sisvar. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os resultados das análises químicas das fontes de água usadas nos tratamentos são apresentados na Tabela 1. Tabela 1. Resultados de análises das águas Água do poço artesiano Água da codau Água do afluente Água destilada pH 8,2 8,4 7,0 7,0 Dureza ou quantidade de CaCO3 (mg/L) 108 78 48 0 Pode – se observar que o pH está diretamente relacionado com a dureza da água. Com exceção da água de poço artesiano, que possui a maior dureza e nem por isso apresenta o maior pH. Isso pode ser explicado pela presença de outras substâncias que elevam o pH na água da Codau. A evolução da infestação pode ser observada no GRAF. 1. 35 30 25 20 15 10 5 0 1ª avaliação 2ª avaliação 3ª avaliação 4ª avaliação 5ª avaliação PA – 0,3 Infestação (%) PA – 0,2 CO – 0,2 AF – 0,2 DE – 0,2 CO – 0,3 AF – 0,3 DE – 0,3 TE Gráfico 1 – Evolução da infestação nos tratamentos Os resultados das avaliações de infestações após a pulverização estão dispostos na Tabela 2. 32 IX JORNADA CIENTÍFICA DA FAZU 25 A 29 de outubro de 2010 Tabela 2. Efeito da qualidade da água sobre a eficácia do controle químico do bicho – mineiro – do cafeeiro. Uberaba – MG, 2010. Tratamentos Testemunha (sem controle) Água de poço artesiano + 0,3L/ha Água de poço artesiano + 0,2L/ha Água da codau + 0,2L/ha Água da codau + 0,3L/ha Água do afluente + 0,2L/ha Água do afluente + 0,3L/ha Água destilada + 0,2L/ha Água destilada + 0,3L/ha CV (%) Infestação (%) 23,2 a 16,8 b 15,6 b 13,2 c 11,2 d 9,2 e 8,8 ef 7,6 f 5,2 f 17,96 Pode – se observar que como era esperado o tratamento testemunha sem controle teve maior infestação do bicho – mineiro do cafeeiro. Também pode – se observar que os tratamentos que utilizaram a água de poço artesiano foram os que tiveram a maior infestação entre os tratamentos pulverizados, não diferindo significativamente entre si. A explicação para esse desempenho pode vim da análise química da água, quanto a pH e dureza, que indicaram a água de poço artesiano com a maior dureza entre as águas usadas nos tratamentos e um dos pH mais alcalinos, só ficando atrás da água da codau. Isto está de acordo com Coutinho, Cordeiro; Motta (2005), que disseram que conhecendo se a dureza da água, pode - se calcular o índice aproximado da reação do produto (inativação) com os íons de cálcio presentes na solução através da seguinte fórmula: Volume (L/ha) x Dureza (Ca) x 0,0047 = % inativado Dose do produto (Kg/ha) Os tratamentos que utilizaram a água da codau foram os que tiveram o segundo pior desempenho seguido pelos tratamentos que utilizaram a água do afluente do rio Uberaba, que tiveram o terceiro pior desempenho. Os tratamentos que utilizaram a água destilada foram os que tiveram o melhor desempenho. Porém o tratamento com água destilada + 0,2L/ha do produto comercial não diferiu do tratamento que utilizou água do afluente + 0,3L/ha do produto comercial. CONCLUSÃO A infestação do bicho – mineiro do cafeeiro, após pulverização com cypermethrin intercalado com diferentes fontes de água, evolui de diferentes maneiras em função dessas fontes de água usadas no preparo da calda de pulverização. Sendo que os tratamentos que envolveram a água destilada e água do afluente tiveram menor infestação. Isso pode ser explicado pelo baixo teor de CaCO3 e pelo pH não alcalino dessas águas quando comparadas com as águas da codau e do poço artesiano. REFERÊNCIAS 33 IX JORNADA CIENTÍFICA DA FAZU 25 A 29 de outubro de 2010 CONCEIÇÃO, M. Z. Defesa vegetal: legislação normas e produtos fitossanitários. In: ZAMBOLIN, L.; CONCEIÇÃO, M. Z.; SANTIAGO, T. O que os engenheiros agrônomos devem saber para orientar o uso de produtos fitossanitários. 2 ed. Viçosa, MG: UFV; São Paulo: ANDEF, 2003. p. 168. COUTINHO, P. O.; CORDEIRO, C. A. M. MOTTA, F. Tecnologia de aplicação de defensivos. [S.1.]: Dupont, 2005. 15p. REIS, P. R.; SOUZA, J. C. Pragas do cafeeiro. In: Cultura do cafeeiro: fatores que afetam a produtividade. Piracicaba: Associação Brasileira para Pesquisa da Potassa e do Fosfato, 1986. p. 323-378. REIS, P. R.; SOUZA, J. C. de; LIMA, J. O. G.; de; MELO, L. A da S. Controle químico do “bichomineiro” das folhas do cafeeiro, Perileucoptera coffeella (Lepidóptera-Lyonetiidae). In; CONGRESSO BRASILEIRO DE PESQUISAS CAFEEIRAS, 4., Caxambu, 1976. Resumos. Rio de Janeiro, IBC/GERCA, 1976. p. 238-9. SOUZA, J. C. et al. Bicho-mineiro do cafeeiro: Biologia, Danos e Manejo Integrado. Belo Horizonte: EPAMIG, 1998. 34 IX JORNADA CIENTÍFICA DA FAZU 25 A 29 de outubro de 2010 ESTUDO DE COMPETIÇÃO DE DUAS PROGÊNIES E TRÊS VARIEDADES DE ALGODOEIRO HERBÁCEO NO MUNICÍPIO DE UBERABA-MG BERNARDES, G. A.1; BRITO, L. F.2; GODINHO, N.C.A.3; LACA-BUENDÍA, J. P.4 1Graduando em Agronomia pelas Faculdades Associadas de Uberaba - Av. do Tutuna, 720, Bairro Tutunas , fone: (34) 33184188, e-mail: [email protected]; 2 Graduando em Agronomia pelas Faculdades Associadas de Uberaba - Av. do Tutuna, 720, Bairro Tutunas , fone: (34) 33184188, e-mail: [email protected]; 3 Graduando em Agronomia pelas Faculdades Associadas de Uberaba - Av. do Tutuna, 720, Bairro Tutunas , fone: (34) 33184188, e-mail: [email protected]; 4 Professor M.Sc.das Faculdades Associadas de Uberaba – Av. do Tutuna, 720, Bairro Tutunas , fone: (34) 33184188, email: [email protected]. *Projeto financiado por: Nitral Urbana Laboratórios LTDA. Resumo: O presente trabalho teve como objetivo avaliar as características agronômicas e de fibra de duas progênies e três variedades de algodoeiro herbáceo, buscando demonstrar o comportamento agronômico no município de Uberaba – MG. O experimento foi montado em um Latossolo-vermelho distrófico de textura média, na Fazenda das Faculdades Associadas de Uberaba. Utilizou-se o delineamento experimental de blocos ao acaso, com cinco tratamentos e quatro repetições, onde foram avaliadas três variedades: Delta Opal; EPAMIG Precoce-1 e IAC -25, e duas progênies: CNPA 98 – 568 e IAC PV 07 – 142 (algodão vermelho). As parcelas foram constituídas de quatro linhas de cinco metros de comprimento com espaçamento entre linhas de 0,90 m., sendo que as duas linhas centrais são consideradas como a área útil de 7,2 m2 e as outras duas linhas, uma de cada lado, como bordaduras. O plantio foi realizado em 15 de janeiro de 2010, com o estande de 15 sementes/metro linear. As adubações de plantio e cobertura foram realizadas conforme recomendações técnicas da cultura. Por ocasião do desbaste foi deixado de 10 a 11 plantas m-l. Os caracteres agronômicos avaliados foram: Altura da inserção do primeiro ramo produtivo; altura da planta; diâmetro do caule na colheita, estande final, índice de fibra, porcentagem de fibra, peso total das sementes, peso do capulho e produtividade do algodão em caroço. A cultivar IAC-25 e a progênie IAC PV 07-142 foram as que apresentaram a maior altura. Entre os genótipos estudados o que mais se destacou foi a cultivar EPAMIG Precoce-I apresentando a maior média 3.102 kg/ha. A progênie IAC PV 07-142 revela-se uma planta promissora, pois seus resultados foram satisfatórios em quase todas as características avaliadas. A cultivar IAC-25 e a progênie IAC PV 07-142 foram as que apresentaram a maior altura, necessitando o uso de reguladores de crescimento para realização da colheita mecânica. Palavras-chave: Características agronômicas, melhoramento, algodão. INTRODUÇÃO A espécie G. hirsutum L., é uma das dez principais espécies domesticadas pelo ser humano entre mais de 230 mil espécies de plantas superiores denominadas de espermatófitas. O algodoeiro é a 35 IX JORNADA CIENTÍFICA DA FAZU 25 A 29 de outubro de 2010 única espécie domesticada, tida em termos econômicos como trina, por produzir fibra - seu principal produto - que atualmente ainda veste quase metade da humanidade, óleo que serve para alimentação humana e para a produção de energia (biodiesel) (BELTRÃO; AZEVEDO, 2008). A presença de novas cultivares, algumas das quais com 42% de fibra (rendimento industrial) e resistência múltipla a doenças (viroses, bactérias e fungos) e a nematóides, e novas tecnologias de manejo cultural tem garantido produtividades acima de 1000 Kg de fibra por hectare, só atingida por cinco países produtores em todo o mundo, isso em regime de irrigação e custo mais elevado que o nosso (BELTRÃO; AZEVEDO, 2008). Os melhoristas brasileiros sempre buscaram obter cultivares produtivas com bom rendimento no beneficiamento e rendimento nas características tecnológicas da fibra compatíveis com as exigências da indústria têxtil, que nos últimos anos sofreu grandes transformações nos processos de fiação e que, por isso, passou a demandar cultivares com padrões de fibra compatíveis com essas mudanças. Além disso, sempre se procurou incorporar nas cultivares a resistência às principais doenças comuns em cada região, além das resistências às pragas e a outros fatores do ambiente (CARVALHO, 2008). Os programas de melhoramento que priorizam o desenvolvimento de cultivares a serem plantadas no Centro-Oeste do Brasil têm procurado desenvolver sementes com todas as características citadas anteriormente, porém as cultivares disponíveis no mercado apresentem aspectos a serem melhorados (FREIRE; FARIAS 2001). A cultivar Delta Opal (Delta and Pine) é amplamente plantada no Brasil. Material exigente em fertilidade, altamente produtivo, alto rendimento e qualidade de pluma (MDM, [s.d.]). Possui um porte que varia de 1,50 a 1,60m de altura, com seus capulhos pesando em média 5,3g. A planta possui um rendimento de fibra de 39 a 42% com uma uniformidade de comprimento de 84,7%, a resistência desta fibra pode chegar a 31 gf/Tex. É resistente a viroses, bacterioses e alternaria. Têm susceptibilidade a nematóides, ramulária e ramulose (FREIRE; MORELLO; FARIAS 2007). A cultivar IAC-25 possui resistência múltipla, em graus diversos, às doenças murcha de Fusarium, nematóides, ramulose, mancha-angular, ramulária, alternaria, Stemphylium e mosaico das nervuras. São plantas eficientes, sem grandes exigências nutricionais, adaptadas a diversos sistemas de produção, mediante manejo adequado. Atendimento equilibrado da demanda dos diversos setores envolvidos na cadeia produtiva (IAC, 2009). Já a cultivar EPAMIG Precoce 1 possui um ciclo que varia de 110-140 dias sob sistema irrigado e de 110 -120 dias em sistema sequeiro. Seu porte pode variar de 0,9 m a 1,10 m de altura. A produtividade média é 3.494 kg de algodão em caroço/ha. E uma produtividade máxima quando irrigado de 4.137 kg ha-! e de 2.830 kg ha-1 em sequeiro. Possui resistência a viroses e tolerância a doenças como: alternaria bacteriose, murchamento avermelhado, murcha de Fusarium e de Verticillium, ramulária e ramulose, é susceptível a nematóides (FALLIERI et al., 1999). A progênie IAC 07-142 é uma linhagem portadora do gene que confere cor vermelha a planta, devido ao pigmento antocianina. Tal característica é tida como fator de resistência ao bicudo-doalgodoeiro, pelo mecanismo de não-preferência. Originou-se de cruzamento entre o germoplasma “Texas Red” e a linhagem IAC 91/318 (proveniente da cultivar Acala del Cerro), realizado no Instituto Agronômico de Campinas, em 1995. A linhagem em questão foi obtida em 2006, após sucessivas resseleções em progênies e linhagens resultantes do mencionado cruzamento (FUZATTO, 2009, citado por HENRIQUE, 2009). O presente trabalho teve como objetivo avaliar as características agronômicas e de fibra de duas progênies e três variedades de algodoeiro herbáceo, buscando demonstrar o comportamento agronômico no município de Uberaba – MG. 36 IX JORNADA CIENTÍFICA DA FAZU 25 A 29 de outubro de 2010 MATERIAL E MÉTODOS O ensaio foi conduzido em 15 de janeiro de 2010, no município de Uberaba – MG na fazenda escola das Faculdades Associadas de Uberaba – FAZU, localizada à longitude 47° 57’ 22” WGR, latitude 19° 44’6,82” S e altitude de 775 m. O clima segundo a classificação de Koppen é AW (clima tropical quente e úmido com inverno frio e seco). As médias anuais de precipitação e temperatura são de 1.474 mm e 23,2 °C, respectivamente (EMBRAPA, 2009) Utilizou-se o delineamento experimental de blocos ao acaso, com cinco tratamentos e quatro repetições, onde foram avaliadas cinco variedades: Delta Opal, EPAMIG Precoce-1, CNPA 98 -568 IAC PV 07-142 (algodão vermelho) e IAC-25. As parcelas foram constituídas de quatro linhas de cinco metros de comprimento com espaçamento entre linhas de 0,90 m., sendo que as duas linhas centrais foram consideradas como a área útil de 7,2 m2 e as outras duas linhas, uma de cada lado, como bordaduras. O plantio foi realizado em 15 de janeiro de 2010, com o estande de 15 sementes/metro linear. A adubação de plantio utilizada foi de 500 Kg /há-1 da fórmula 4-30-16 de N, P2O5 e K20. Por ocasião do desbaste foi deixado de 10 a 11 plantas m-l. Posteriormente foi aplicada a adubação em cobertura, na base de 300 kg N ha-1, parcelada em duas vezes. A primeira 20 dias após emergência (DAE) e a segunda 40 DAE. Durante a fase de desenvolvimento da cultura foi realizado o controle de plantas daninhas e pragas. Foram realizadas pulverizações quinzenais de Endosulfan para o controle do bicudo e os demais tratos culturais conforme necessidade. Os caracteres agronômicos avaliados foram: Altura da inserção do primeiro ramo produtivo: distância média do solo até o primeiro ramo em que há maçãs e/ou capulhos; altura da planta: distância média do solo até a região apical da planta, tomada quando as plantas atingem 50% dos capulhos abertos e na colheita final. Feitas em 10 medições por parcela; diâmetro do caule na colheita: medida do diâmetro do caule quando a planta está pronta para realizar-se a colheita (75 a 80% dos capulhos abertos); estande final: quantidade total de plantas existentes na época da colheita; por ocasião da colheita, foram escolhidos 10 capulhos de cada fileira da área útil, no terço médio da planta, para posteriormente, após seu descaroçamento determinar o peso total de sementes, o peso de 100 sementes, peso de um capulho, a porcentagem de fibra e o índice de fibra (quantidade de fibras presente em 100 sementes) e produtividade: índice que mede a produção em relação à área plantada. As amostras, depois de colhidas, foram levadas ao laboratório de análises de algodão na EPAMIG. Lá foram feitas todas as análises das características de fibra, como pesagem, descaroçamento, índice de fibras (I.F) e porcentagem de fibras (% de fibra) representados nas seguintes fórmulas. % de Fibra = Peso de 100 sementes (g) x Peso da Pluma total (g) Peso total das sementes (g) Índice de Fibra = Peso de Pluma (g) Peso total do algodão em caroço (20 capulhos /parcela) 37 IX JORNADA CIENTÍFICA DA FAZU 25 A 29 de outubro de 2010 O programa estatístico utilizado foi Assistat. As análises individuais por caracteres foram comparadas pelo teste de Tukey, a 5 % de probabilidade. RESULTADOS E DISCUSSÃO Na tabela 1 são apresentados os resultados das características morfológicas dos genótipos avaliados. Observou-se diferença significativa apenas na altura das plantas. Tabela 1 - Características morfológicas dos genótipos avaliados TRATAMENTOS INSERSÃO DO1°1° INSERÇÃO DO ALTURA DAS CAPULHOS DIÂMETRO DO RAMO RAMO PLANTAS (m) POR PLANTA CAULE (cm) PRODUTIVO (cm) PRODUTIVO (cm) ESTANDE FINAL (pl/ha) Delta Opal 33,63 a * 1,50 b 8,00 a 1,31 a 120486,1 a EPAMIG Precoce-I 35,63 a 1,37 b 8,88 a 1,24 a 140972,2 a IAC-25 38,75 a 1,71 a 7,88 a 1,40 a 144097,2 a CNPA 98-568 35,13 a 1,54 b 7,63 a 1,28 a 114583,3 a IAC PV 07-142 42,13 a 1,73 a 9,63 a 1,36 a 126041,7 a CV (%) 17,38 18,27 14,74 8,51 10,11 * Em uma mesma coluna, médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si, pelo critério estatístico de Tukey, a 5% de probabilidade. Percebe-se que a altura de inserção do primeiro ramo produtivo em todos os genótipos, apesar de serem estatisticamente iguais, apresenta alturas boas. Em trabalho realizado por Silva (2007), salienta a importância de uma maior altura de inserção do primeiro ramo frutífero na eficiência operacional da colheita mecanizada, além de evitar o contato dos capulhos com solo, minimizando impurezas na fibra. Pode-se destacar também que o aumento da densidade de plantas na linha faz com que ocorra elevação na altura da inserção do primeiro ramo produtivo e quanto menor o espaçamento de acordo com Lamas (1988), menor será a altura das plantas, diâmetro do caule e número de capulhos por planta. Os outros caracteres avaliados como capulhos por planta e diâmetro de caule não diferiram estatisticamente entre os genótipos estudados. A cultivar IAC-25 e a progênie IAC PV 07-142, mostraram-se superiores estatisticamente em comparação com os outros genótipos utilizados em relação à altura de plantas, porém de acordo com Beltrão; Azevedo; Nóbrega (2004), a altura média ideal das plantas para colheita mecanizada, deve ser de até 1,60 m. Com esta análise pode-se concluir que a cultivar e a progênie não estão de acordo com as médias de alturas adaptadas à colheita mecanizada e devendo ser usado reguladores de crescimento. Observa-se na Tabela 2 os resultados obtidos através de análises de porcentagem de fibras, índice de fibras, peso total das sementes, peso do capulho, peso total da pluma e a produtividade do algodão em caroço. 38 IX JORNADA CIENTÍFICA DA FAZU 25 A 29 de outubro de 2010 Tabela 2 - Análise de % de fibra, índice de fibra, peso total das sementes (g), peso do capulho (g), peso total da pluma (g), produtividade algodão em caroço (kg/ha) dos genótipos avaliados. TRATAMENTOS % DE FIBRA ÍNDICE DE FIBRA PESO TOTAL PESO TOTAL DAS PESO DO SEMENTES (g) CAPULHO (g) DA PLUMA (g) PRODUTIVIDADE ALGODÃO EM CAROÇO (kg/ha) Delta Opal 40,79 a* 7,67 a 61,73 b 5,28 a 43,03 a 1979,72 a EPAMIG Precoce-I 38,09 b 7,33 a 79,08 a 6,50 a 49,48 a 3102,19 a IAC-25 38,78 ab 8,40 a 75,48 a 6,26 a 47,88 a 2588,02 a CNPA 98-568 39,77 ab 7,92 a 71,43 a 6,03 a 43,33 a 1902,71 a IAC PV 07-142 40,07 ab 8,53 a 64,98 b 5,52 a 48,53 a 2282,88 a CV (%) 2,94 7,59 9,83 10,05 11,63 22,62 * Em uma mesma coluna, médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si, pelo critério estatístico de Tukey, a 5% de probabilidade. De acordo com Freire; Morello (2003), que caracterizam o algodoeiro ideal para a região do cerrado, porcentagem de fibra na planta deve estar entre 38 a 42%. Isso demonstra que todas as cultivares e progênies utilizadas obtiveram índices superiores ao esperado dando-se destaque a cultivar Delta Opal, que apresentou superioridade nessa avaliação. No índice de fibra (peso de fibras existentes em 100 sementes) todas as cultivares e progênies não se diferenciaram estatisticamente. Para o parâmetro peso total das sementes de 20 capulhos as cultivares EPAMIG Precoce-I, IAC-25 e a progênie CNPA 98-568 não diferiram estatisticamente entre si, porém se mostraram superiores aos outros. O peso do capulho não houve diferença significativa entre os genótipos, a maior média foi a da cultivar EPAMIG Precoce-I. Essa média foi maior que a encontrada por Henrique (2009). O peso total de 20 capulhos não apresentou diferença estatística entre cultivares e progênies. Analisando a produtividade, percebe-se que os valores encontrados estão abaixo da média nacional que segundo a Conab (2010) é de 3.624 kg/ha. A cultivar EPAMIG Precoce-1 se destaca como a de maior produção por hectare em valores absolutos, mas estatisticamente não houve diferença significativa entre os tratamentos testados. Essa redução drástica na produtividade deu-se por dois motivos: fatores climáticos desfavoráveis e grande incidência do bicudo-do-algodoeiro (Anthonomus grandis). De acordo com a Conab (2010) houve uma redução de 2% na produtividade e uma redução de 4% na produção de algodão em caroço em Minas Gerais, devido a grande quantidade de chuvas durante a fase reprodutiva. O ataque do bicudo-do-algodoeiro reduziu em média 33% que causou perdas das estruturas frutíferas com a consequente redução da produção de algodão. Fato este já encontrado por Fallieri et al. (1999) que obteve uma diminuição de 40% e por Henrique (2009) que obteve uma redução de 36% na produtividade do algodoeiro herbáceo no município de Uberaba-MG. CONCLUSÃO A cultivar IAC-25 e a progênie IAC PV 07-142 foram as que apresentaram a maior altura, necessitando o uso de reguladores de crescimento para realização da colheita mecânica. Entre os genótipos estudados o que mais se destacou foi a cultivar EPAMIG Precoce-1 foi a cultivar que mais se destacou em termos de produção, apresentando a maior média 3.102 kg/ha. A progênie IAC PV 07-142 revela-se uma planta promissora, pois seus resultados foram satisfatórios em quase todas as características avaliadas. Na percentagem de fibra a cultivar Delta Opal, apresentou superioridade nessa avaliação. 39 IX JORNADA CIENTÍFICA DA FAZU 25 A 29 de outubro de 2010 Redução drástica na produtividade de 33 % que se deu por dois motivos: fatores climáticos desfavoráveis e grande incidência do bicudo-do-algodoeiro (Anthonomus grandis). REFERÊNCIAS BELTRÃO, N. E. M.; AZEVEDO, D. M. P. Prefácio. In: BELTRÃO, N. E. M.; AZEVEDO, D. M. P. (Ed.). Agronegócio do algodão no Brasil. 2 rev. ampl. Brasília: EMBRAPA, 2008. p. 13. BELTRÃO, N. E. M.; AZEVEDO, D. M. P.; NÓBREGA, L. B. Colheita doa lgodão. In: BELTRÃO, N. E. M.; ARAÚJO, A. E. (Ed.). Algodão: o produtor pergunta a Embrapa responde. Brasília: Embrapa informação tecnológica, 2004. P.155-164. (Coleção 500 perguntas, 500 respostas). CARVALHO, L. P.. Contribuição do melhoramento ao cultivo do algodão. In: BELTRÃO, N. E. M.; AZEVEDO, D. M. P.(Ed.). Agronegócio do algodão no Brasil. 2 rev. ampl. Brasília: EMBRAPA, 2008. Cap. 9, p. 271-298. 2008 a. CONAB Companhia Nacional de Abastecimento. Brasil. 12º Levantamento de Grãos Set/2010. Disponível em: <http://www.conab.gov.br/OlalaCMS/uploads/arquivos/ 7e05515f8222082610088f5a2376c6af..pdf>. Acesso em: 29 set. 2010. FALLIERI, J. et al. Novas cultivares de algodoeiro: EPAMIG-4 (Redenção) e EPAMIG-5 (Precoce1). Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v. 34, n. 8, p. 1505-1509, ago. 1999. FREIRE, E. C.; FARIAS, J. C.. Cultivares de algodão para o centro-oeste. In: EMBRAPA AGROPECUÁRIA OESTE; EMBRAPA ALGODÃO (Brasil). Algodão: tecnologia de produção. Dourados: EMBRAPA, 2001. p. 159-179. FREIRE, E. C.; MORELLO, C. L. Cultura do algodoeiro em Goiás. 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Tese (Doutorado- Curso de Agronomia, Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiróz-ESALQ/USP, Piracicaba, 2007. 40 IX JORNADA CIENTÍFICA DA FAZU 25 A 29 de outubro de 2010 ANÁLISE QUALITATIVA DAS ÁGUAS DE NASCENTES URBANAS: APLICAÇÕES EM UBERABA-MG OLIVEIRA, Aires Humberto de [1] [1] Aluno do Bacharelado em Eng. Ambiental, Universidade de Uberaba: Av. Nenê Sabino, 1801 Bairro UniversitárioCEP: 38.055-500. Telefone: (34)3319-8800. Correio eletrônico: [email protected] RESUMO A gestão eficiente de dados é um diferencial ao alcance de sucessos na tomada de decisões, consequentemente, o tratamento adequado desses dados é crucial no processo decisório atual. No intuito de compreender as mais diversas situações em que tantas variáveis poderiam se apresentar e suas interações, o PNUMA iniciou em 1995 um programa chamado GEO (Global Environment Outlook), que é uma avaliação sistemática das condições que podem interferir na qualidade do ambiente urbano. A partir de uma avaliação percebeu-se que o alto índice de urbanização tende a potencializar os impactos no meio e nas sociedades, tornando necessária a utilização de ferramentas metodológicas para quantificar e propor soluções a estes problemas. Como parte deste mecanismo de análise o PNUMA (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente) ainda lançou especificamente para a América Latina e Caribe o Projeto GEO Cidades que, segundo a ONU, é uma ferramenta que fornece aos governos, cientistas, tomadores de decisões e público em geral informações confiáveis e de fácil entendimento sobre suas cidades. Basicamente o objetivo deste trabalho foi produzir um relatório de avaliação das águas das nascentes urbanas de Uberaba baseados na metodologia GEO. Foram selecionadas as nascentes d’água dentro da área urbana do município, adotando-se a mesma nomenclatura de referência às nascentes que a utilizada nos relatórios da prefeitura, realizou-se contato com o Centro de Controle de Zoonoses da Prefeitura Municipal de Uberaba e foram solicitadas análises físico-químicas da água coletada nas diferentes nascentes urbanas, neste procedimento foram adotadas as análises físico-químicas do Laboratório Macrorregional de Uberaba, unidade de testes do Governo Estadual de Minas Gerais. Selecionou-se uma série de Jan/2008 a Jun/2009 como parâmetro primário, alternando a amostragem entre períodos chuvosos e secos para melhor caracterização e representatividade das amostras. Foram escolhidos os indicadores mais diretos a respeito de contaminação de águas: pH, turbidez, presença de coliformes totais e ocorrência de Escherichia coli. Seguiram se as etapas de georreferenciamento, visitas técnicas e fotografia, levantamento qualitativo de informações sobre modificações e eventuais incidentes com potencial poluidor nas nascentes e entorno. Foi estudada a topografia dos locais onde as fontes se encontram, a fim de se determinar possibilidades de escoamento, influências externas, foi observada uma tendência destes pontos se localizarem nas bordas da cidade (ocupação e urbanização recentes), indício de que o crescimento urbano tem interferido na dinâmica hídrica da área, uma vez que a impermeabilização do solo e canalização de fontes mais antigas têm modificado o perfil de escoamento.Segundo o estabelecido neste estudo todas as fontes, exceto quatro, foram consideradas impróprias para consumo. O estudo alerta para um problema invisível, tendo como resultado maior a prevenção, que é melhor e mais barata do que tratamentos paliativos. Palavras chave: Água; Análise; Contaminantes; GEO Cidades; Gestão; Urbana. INTRODUÇÃO 41 IX JORNADA CIENTÍFICA DA FAZU 25 A 29 de outubro de 2010 A gestão eficiente de dados é um grande diferencial em alcance de sucessos ou fracassos na tomada de decisões, consequentemente, o tratamento adequado desses dados transformando-os em informação é crucial no processo decisório atual. As políticas públicas no âmbito do meio ambiente podem representar, tratando-se de degradação, um retrocesso de décadas ou séculos, interferindo assim, no ciclo natural dos ecossistemas. Portanto, o prévio conhecimento de estruturas e sistemas ambientais é de suma importância para a correta tomada de decisões por parte dos governos, sociedade civil e órgãos ambientais, tais decisões, embasadas em informações meticulosamente retiradas e comprovadas podem representar uma verdadeira defesa do meio e da comunidade, como em casos que envolvem atividades cotidianas, a disposição final de lixo urbano, as implicações da atmosfera urbana na saúde, e mesmo na alimentação ou o acesso à água potável (MONTEIRO, 2001). No intuito de compreender as mais diversas situações em que tantas variáveis poderiam se apresentar, ou como uma delas poderia afetar o comportamento das outras, o PNUMA1 iniciou em 1995 um programa chamado GEO (Global Environment Outlook), que é uma avaliação sistemática das diversas condições que podem interferir na qualidade do ambiente urbano. A partir de uma avaliação inicial percebeu-se que o alto índice de urbanização tende a potencializar os impactos no meio e nas sociedades, tornando necessária a utilização de ferramentas metodológicas para quantificar e propor soluções a estes problemas ambientais. Como parte deste mecanismo adotado para solucionar problemas locais tendo em vista um panorama global, o PNUMA ainda lançou especificamente para a América Latina e Caribe o Projeto GEO Cidades que é uma ferramenta que procura fornecer aos governos nacionais, cientistas, tomadores de decisões e público em geral informações atuais, confiáveis e de fácil entendimento sobre suas cidades, visando à melhoria ambiental e socioeconômica (ONU, 1995). Basicamente o objetivo daquele trabalho foi produzir relatórios de avaliação ambiental baseados na metodologia GEO. No Brasil, com o apoio do Ministério do Meio Ambiente ocorreu a produção de dois relatórios ambientais integrados de cidades, Rio de Janeiro e Manaus. O projeto GEO Cidades além de pouco explorado pelos grupos envolvidos à época, representa uma importante ferramenta de análise e tratamento de dados, possibilitando um melhor entendimento dos mecanismos de ação e correção de equívocos em atividades urbanas. A metodologia GEO quando bem aplicada pode vir a ser uma poderosa forma de disseminação de conceitos confiáveis e de base científica, que podem educar e ampliar o manejo técnico e consciente do meio ambiente pelo homem. No interior do estado de Minas Gerais, numa região conhecida como Triângulo Mineiro, está localizado o município de Uberaba. A cidade polariza no seu entorno alguns municípios, configurando uma pequena microrregião. Com uma população estimada em 296.261 habitantes (IBGE, 2009), Uberaba aparece em 8ª lugar no ranking dos maiores municípios mineiros. O município conta com quatro distritos industriais, um parque empresarial, um parque tecnológico, uma EADI (Estação Aduaneira do Interior) e uma ZPE (Zona de Processamento de Exportação) dessa forma abrigando empresas na área de têxtil, couro, elétrica, mecânica, madeira, suprimentos, avicultura, armazenamento de grãos, fábrica de rações, empresas do setor de agronegócio, setor moveleiro e eletro-mecânica, indústrias químicas e de fertilizantes, dentre outras. 1 Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente 42 IX JORNADA CIENTÍFICA DA FAZU 25 A 29 de outubro de 2010 Neste cenário tão diverso, a gestão dos recursos hídricos torna-se fundamental, haja vista a complexidade das necessidades na utilização deles e na possibilidade de contaminação por uma gama tão variada de atividades recorrentes no perímetro urbano. O projeto ora descrito se propõe a utilizar da metodologia GEO e conceitos do programa GEO Cidades para realizar análises de dados, gerar informações que possam ser úteis no contexto municipal através de informações atualizadas que possam embasar políticas públicas, informando os tomadores de decisão quanto à qualidade das águas provenientes das nascentes dentro do perímetro urbano. Apresentar uma série de estudos ambientais pormenorizados das nascentes na área urbana de Uberaba, avaliando a possibilidade de contaminações das mais variadas naturezas: orgânica, química, partículas em suspensão, dentre outras e desenvolver medidas de conscientização da população para a qualidade dessa água, passando por questões que envolvem a saúde pública. MATERIAIS E MÉTODOS Para este estudo foram selecionadas as nascentes d’água dentro da área urbana da cidade de Uberaba-MG, para isso foi levantada uma lista das tais com o poder público municipal adotando-se a mesma nomenclatura de referência às nascentes que a utilizada nos relatórios da prefeitura. Em seguida foi realizado um contato com o Centro de Controle de Zoonoses da Prefeitura Municipal de Uberaba e foram solicitadas análises físico-químicas da água coletada nas diferentes nascentes urbanas, neste procedimento foram adotadas as análises físico-químicas do Laboratório Macrorregional de Uberaba, que é uma unidade de testes do Governo Estadual de Minas Gerais, que ficou a cargo dos procedimentos amostrais e analíticos. No contexto analisado selecionou-se uma série histórica de Jan/2008 a Jun/2009 como parâmetro primário, tomaram-se as precauções de alternância entre períodos chuvosos e secos para melhor caracterização da qualidade e uma maior representatividade de condições das amostras. Foram escolhidos os indicadores diretos referentes à contaminação de águas: pH (potencial hidrogeniônico), turbidez, presença de coliformes totais e ocorrência de Escherichia coli. Não havia parâmetros de DBO (demanda bioquímica de oxigênio) e OD (oxigênio dissolvido) para tal período, de maneira que tais informações não fazem parte do presente estudo. De acordo com os laudos técnicos foi estabelecido um padrão de propriedade ou impropriedade para consumo humano destas fontes, e foi arbitrado que na série não deveria haver nenhum resultado positivo para E. coli a fim de se qualificar uma fonte como própria. Foram agrupados os resultados das nascentes uma a uma na série histórica para melhor visualização dos dados, após tal filtragem, os resultados foram consolidados em uma planilha para mais fácil consulta e melhor visualização das condições de cada fonte. Seguiram se então as etapas de georreferenciamento, visitas técnicas e fotografia das áreas das nascentes, também foi realizado um levantamento qualitativo de informações a respeito das modificações, benfeitorias e eventuais incidentes com potencial poluidor nestes locais. Após todo esse processo de transformação dos dados em informação, foi realizada uma série de apresentações do que se obteve com relação às condições das nascentes do perímetro urbano, gerando um ciclo de debates dentro da comunidade acadêmica, sociedade civil organizada, escolas e bairros. RESULTADOS E DISCUSSÃO 43 IX JORNADA CIENTÍFICA DA FAZU 25 A 29 de outubro de 2010 As nascentes estudadas foram marcadas num conjunto com o software de imageamento orbital Google Earth, onde cada ponto representa uma fonte. Foram estudados o entorno destes locais, bem como a topografia dos terrenos onde as fontes se encontram, a fim de se determinar possibilidades de escoamento, influências externas como fluxos de materiais alheios ao ponto de afloramento do lençol freático. Também foi observada uma tendência destes pontos se localizarem nas bordas da cidade (áreas de ocupação e urbanização mais recentes), um indicativo de que o crescimento urbano tem interferido na dinâmica hídrica da área, uma vez que a impermeabilização do solo e consequente canalização de fontes mais antigas têm modificado o perfil de escoamento. A seguir, na Figura 1, apresenta-se uma representação gráfica com ponto de visão a 14,3 km de altitude com escala gráfica e norte marcados na figura, onde foram demarcadas as nascentes. As condições da água proveniente de nascentes urbanas, utilizadas pela população indiscriminadamente, levantam sérias dúvidas quanto à qualidade dessas fontes. Em linhas gerais as nascentes mais utilizadas pela população são as que apresentaram mais sinais de intervenção antropogênica e também obtiveram maiores percentuais de contaminação e impropriedade para consumo, configurando um alto risco e perigo à sociedade no seu entorno. Com relação ao pH todas as amostras estiveram dentro da faixa aceitável para consumo, que é entre 6,00 a 9,00 com desvio de 0,5 acima ou abaixo dos limites, além dessas propriedades, o pH é utilizado também como indicador de estabilidade química da água. Oscilações fortes do pH podem significar alteração na composição química da água, o que obriga a uma análise mais completa da mesma, o mesmo ocorrendo com relação à turbidez, nenhuma fonte foi desqualificada com relação a estes critérios. 44 IX JORNADA CIENTÍFICA DA FAZU 25 A 29 de outubro de 2010 N Figura 1: Nascentes d'água na área urbana de Uberaba-MG. Fonte: Google Earth (inclui marcações do autor). Outro quesito que apresentou um resultado consideravelmente satisfatório foi o que caracteriza os coliformes, que são um grupo de bactérias que normalmente vive no intestino de animais de sangue quente, embora alguns tipos possam ser encontrados também no solo, em vegetais ou outros animais (peixes, etc.), sua presença indica que essa água possivelmente recebeu algum tipo de dejeto animal, porém a presença de bactérias coliformes numa água não significa necessariamente um risco ou perigo, pois elas em si não são patogênicas. O que ocorre é que, se elas estão presentes, deve-se contar com a hipótese de estarem presentes também bactérias ou vírus patogênicos (causadores de doenças como gastrenterites, hepatite, febre, cólera, etc.) com base nesse motivo, uma água só é considerada segura se o exame bacteriológico indicar ausência de coliformes. No caso em estudo, grande parte das amostras apresentou resultados positivos para coliformes, nesse caso, recomenda-se o procedimento de fervura antes do consumo no caso das nascentes declaradas próprias para consumo. A Tabela 1 apresenta a consolidação dos dados para análise. Nos resultados envolvendo a questão da E. Coli, sua presença na água indica a certeza de que ela esteve em contato com dejetos animais, o que aumenta a probabilidade de estarem presentes bactérias ou vírus patogênicos. Em outras palavras, a presença de coliformes fecais na água, embora também não implique obrigatoriamente que uma pessoa irá desenvolver alguma doença se ingerir essa água, representa um risco maior para a saúde do que a presença de coliformes sem identificação (coliformes totais). 45 IX JORNADA CIENTÍFICA DA FAZU 25 A 29 de outubro de 2010 Estatísticas Consolidadas das Análises Local da Análise C.T. (% de cont.) Escherichia coli (% de cont.) Média do pH Nasc. Alfredo Freire: R. Eduardo Tahan 100% 0% 5,80 Nasc. B. Flor: Av. Santana Borges 100% 0% 6,23 Nasc. B. Flor: Olímpia C. Castro 100% 100% 5,56 Nasc. Cartafina: R. Leôncio Amaral 100% 33% 5,49 Nasc. Cidade Ozanan 100% 67% 6,02 Nasc. Elza Amuí IV 100% 100% 5,69 Nasc. Est. Unidos: R. João Prata 100% 0% 5,67 Nasc. Jd. Europa: Av. Leopoldino de Oliveira 100% 33% 5,85 Nasc. Leblon: Al. Acácias 100% 67% 5,88 Nasc. Maringá: R. Geraldo Fenaressi 100% 50% 5,76 Nasc. MG 190 100% 33% 6,11 33% 33% 5,93 Nasc. Res. Mário Franco 100% 33% 5,56 Nasc. S. Cristóvão: José M. Carvalho 100% 33% 5,48 Nasc. Univerdecidade 100% 100% 6,89 Nasc. Universitário: Av. Maranhão 100% 100% 5,74 Nasc. Vl. Militar: Av. Lucas Borges 67% 0% 5,88 Nasc. MG 190 II Tabela 1: Consolidação dos resultados dos boletins de análises da água. Fonte: O autor. Como parte do procedimento de classificação segundo o estabelecido neste estudo todas as fontes exceto quatro, foram consideradas impróprias para consumo. Algo preocupante com relação ao resultado obtido é relacionado à nascente denominada “Nasc. Universitário: Av. Maranhão” localizada à Avenida Maranhão (19° 45’ 12,62” S ; 47° 57’ 17,96” W), que tem ampla utilização por parte da população, e apresenta altos índices de contaminação. Foi também realizada uma correlação com a topografia do entorno das nascentes, gerando a Figura 2 que é basicamente, um levantamento de curvas de nível, em associação com a localização das nascentes, mostrando o padrão de escoamento de cada nascente, além de possibilidade de localização das possíveis fontes contaminantes na região de aflora do lençol freático. 46 IX JORNADA CIENTÍFICA DA FAZU 25 A 29 de outubro de 2010 Figura 2: Marcação das nascentes no levantamento topográfico da Microbacia do Córrego das Lages. Fonte: O autor. É perceptível através de uma análise das figuras 1 e 2 que a as benfeitorias e melhoramento urbanísticos das áreas mais centralizadas da mancha urbana de Uberaba, associados ao perfil da bacia do Córrego das Lages (tendo as principais vias de trânsito sobre os córregos afluentes) são fatores que demonstram que a impermeabilização do solo e impossibilidade de recarga efetiva (por infiltração) dos lençóis freáticos, forçam as nascentes mais caudalosas para os limites externos da cidade, estando estas localizadas em áreas de recente ocupação. Motivo a mais para a preocupação com a saúde pública e contaminações. Após a finalização desta etapa de pesquisa foram envolvidas duas turmas de alunos do curso de engenharia ambiental que continuaram o monitoramento dessas áreas e se propuseram a dar continuidade com um novo ciclo de informação nos moldes do que define a ciclicidade do Projeto GEO Cidades. Recomendam-se como potenciais estudos futuros: O cruzamento de dados do sistema de saúde municipal com as localizações das nascentes; Projetos urbano-paisagísticos de recuperação das áreas; Levantamento quantitativo de contaminantes nessas águas, dentre outros. CONSIDERAÇÕES FINAIS 47 IX JORNADA CIENTÍFICA DA FAZU 25 A 29 de outubro de 2010 Estando de posse de tão importantes informações, pretende-se procurar parcerias tanto no governo municipal quanto no terceiro setor para viabilizar a difusão delas e multiplicar a ação educativa, atingindo, assim uma maior parcela da população, prosseguir com a análise metodológica dos demais fatores que influenciam na qualidade ambiental no perímetro urbano em Uberaba, como resíduos sólidos, animais vetores, parques urbanos, poluição visual e eletromagnética, dentre outras se mantendo a utilização deste modelo como matriz para outras possíveis análises, propiciando o crescimento sustentável onde quer que ele seja reproduzido. A visão de desenvolvimento sustentado que é amplamente difundida na academia, deverá ser melhor aplicada e gerenciada, a fim de que os retrocessos possam não se concretizar e a qualidade dos serviços ambientais proporcionados por estes nascedouros sejam amplamente aproveitados, de forma que a sociedade se beneficie das áreas de nascentes próximas de suas residências, formando assim “stakeholders” que possam apoiar o processo de conscientização e cuidado ativo com ecossistemas tão frágeis. A tradução daqueles dados em informação pode ser o grande diferencial relacionado à manutenção da saúde ambiental de comunidades, famílias e indivíduos residentes no entorno destas nascentes, que de maneira desavisada correriam riscos desnecessários se alimentando dessas águas de fontes impróprias. Tal estudo se mostrou fundamental na classificação e alerta com relação a um problema muitas vezes invisível e inodoro, tendo como resultado maior a prevenção, tendo em visa que o enfoque preventivo é mais eficaz e menos oneroso do que o paliativo. O trabalho realizado foi um início de despertar para que se tenha a sociedade integrada à natureza e para que os cidadãos uberabenses se sintam realmente parte do meio e não competidores por recursos e com ele, uma vez que ações de recuperação ambiental, por pressuposto, são indiretamente benéficas às comunidades inseridas nesses mesmos ecossistemas. A grande verdade, relativa às nascentes urbanas de Uberaba, é que há fontes boas mal aproveitadas e fontes inadequadas em franca utilização pela população. O alerta é para que atitudes sejam tomadas por parte da sociedade civil organizada, poder público e comunidade acadêmica conjuntamente a fim de que possam mitigar o problema satisfatoriamente. REFERÊNCIAS BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Coordenação-Geral de Vigilância em Saúde Ambiental. Portaria MS n.º 518/2004 / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Coordenação-Geral de Vigilância em Saúde Ambiental. Brasília, Editora do Ministério da Saúde, 2005. ESTADO DE MINAS GERAIS, Diretoria de Ações Descentralizadas de Saúde de Uberaba Laboratório Macrorregional. Boletins de Análises. Uberaba, Jan/2008 a Jun/2009. IBGE, IBGE Cidades@. Consulta a: Minas Gerais – Uberaba. Documento em hipertexto. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/cidadesat/topwindow.htm?1> Acesso em: 5/08/2009. MONTEIRO, José Henrique Penido [et al.]. Manual De Gerenciamento Integrado De Resíduos Sólidos. 1. ed. Rio de Janeiro: IBAM, 2001. 48 IX JORNADA CIENTÍFICA DA FAZU 25 A 29 de outubro de 2010 NOVAES, Washington. Agenda 21: Um Novo Modelo de Civilização. In: TRIGUEIRO, André (Org.). Meio Ambiente no Século 21: 21 especialistas falam da questão ambiental nas suas áreas de conhecimento, 1. Ed. [S.l.] Sextante, 2003. ONU- Organização das Nações Unidas. PNUMA- Programa das Nações Unidas Para o Meio Ambiente. Projeto GEO Cidades, Cap. 1- Apresentação Do Projeto GEO Cidades, Rio de Janeiro, 1995. PROGRESSÃO DE DOENÇAS DE FINAL DE CICLO EM CULTIVARES DE SOJA EM DUAS ÉPOCAS DE SEMEADURA EM UBERABA-MG TEIXEIRA,G.A.C1; ESPINDOLA,S.M.C.G2; 49 IX JORNADA CIENTÍFICA DA FAZU 25 A 29 de outubro de 2010 1 Graduando do curso de Agronomia das Faculdades Associadas de Uberaba – Av. do Tutuna, 720, Bairro Tutunas , fone: (34) 33184188, e-mail : [email protected]; 2 Professor.das Faculdades Associadas de Uberaba – Av. do Tutuna, 720, Bairro Tutunas , fone: (34) 33184188. RESUMO: O seguinte trabalho busca dentro de um ciclo de seleção melhoramento genético aperfeiçoar formas, no intuito de trazer incremento na produtividade da soja, através de avaliações da ocorrência e severidade das doenças de final de ciclo em variedades de soja em função da época de semeadura. No experimento foi realizado o delineamento experimental fatorial de 10 cultivares, 2 épocas de plantio (14/11/2009 e 09/12/2009, intervalo de 25 dias) em 3 blocos por época. As parcelas experimentais constaram de 4 linhas espaçadas de 0,50 metro entre si e com 5,0 metros de comprimento, sendo que as duas linhas centrais de cada parcela foram utilizadas para coleta de dados, descartando meio metro de cada extremidade. Foram realizadas avaliações semanais a partir do estádio R3 (final da floração com vagens com até 1,5 cm de comprimento) até o estádio R7.2 (entre 51% e 75% de folhas e vagens amarelas), em cada parcela foram observadas 5 plantas ao acaso e diagnosticados visualmente os sintomas das folhas localizadas no terço superior e médio. Espera-se, dessa forma, contribuir na seleção de cultivares com tolerância à doenças de final de ciclo, bem como à definição da melhor época de semeadura na cultura da soja. Palavras-chave: Glycine max; doenças foliares; Cercospora; mancha parda; INTRODUÇÃO A soja Glycine max (L) Merril é uma espécie originária da Ásia, onde vem sendo cultivada há centenas de anos. Graças às suas características nutritivas e industriais e à sua adaptabilidade a diferentes latitudes, solos e condições climáticas, o cultivo da soja se expandiu por todo mundo, constituindo-se numa das principais plantas cultivadas atualmente. A exploração econômica de seu potencial de rendimento (4.000 kg.ha-¹) dificilmente é alcançada. O rendimento médio mundial tem sido de 2.220 kg.ha-¹. Entre os principais fatores que limitam o rendimento, lucratividade e o sucesso da produção de soja destacam-se as doenças (JULIATTI; POLIZEL; JULIATTI, 2004). Por suas qualidades nutricionais, facilidade de adaptação, alta produtividade e pela facilidade de cultivo, a soja pode ser considerada um dos alimentos básicos para populações do futuro, por ser uma grande fonte de proteína de baixo custo e de alto valor nutricional que se conhece para alimentação animal e principalmente humana (FREITAS et. al., 2001). De acordo com a EMBRAPA SOJA (2004), o desenvolvimento da soja no Brasil iniciou-se com os primeiros materiais genéticos que foram introduzidos e testados no Estado da Bahia, em 1882. O germoplasma fora trazido dos Estados Unidos da América (EUA), não era adaptado para as condições de baixa latitude daquele estado (latitude de 12’’S) e não teve êxito na região. Uma década mais tarde (1821), novos materiais foram testados para as condições do Estado de São Paulo (latitude de 23’’S) onde teve relativo êxito na produção de feno e grãos. Em 1900, a soja foi testada no Rio Grande do Sul, o mais setentrional dos estados brasileiros (latitudes 28’’S a 34’’S), onde as condições climáticas são similares àquelas prevalentes na região de origem dos materiais avaliados (sul dos EUA). Assim como ocorreu nos EUA, durantes as décadas de 1920 e 1940, as primeiras cultivares de soja introduzidas no Brasil foram estudadas, mais com o propósito de avaliar seu desempenho como forrageiras, do que como plantas produtoras de grãos para a indústria de farelos e óleos vegetais. 50 IX JORNADA CIENTÍFICA DA FAZU 25 A 29 de outubro de 2010 Hoje o Brasil ocupa 2ª posição entre os principais países produtores de soja, sendo responsável por 25% de toda soja produzida no mundo, ficando atrás apenas do maior produtor, os Estados Unidos da América. De acordo com dados da CONAB (2009) a safra brasileira de soja 2007/2008 alcançou 60.017.7 milhões de toneladas, e para safra 2008/2009, consta como dados preliminares um volume de 58.008.1 milhões de toneladas. A produtividade média da soja brasileira é de 2.823 kg por hectare, chegando a alcançar cerca de 3.000 kg/ha no estado de Mato Grosso, o maior produtor brasileiro de soja. Entre os principais fatores que limitam a obtenção de altos rendimentos em soja estão as doenças (CONAB 2009). Segundo a EMBRAPA (2006), na cultura da soja aproximadamente 40 doenças causadas por fungos, bactérias, nematóides e vírus já foram identificadas no Brasil. Esse número continua aumentando com a expansão da soja para novas áreas e como conseqüência da monocultura. A importância econômica de cada doença varia de ano para ano e de região para região, dependendo das condições climáticas de cada safra. As perdas anuais de produção por doenças são estimadas em cerca de 15% a 20%, entretanto, algumas doenças podem ocasionar perdas de quase 100%. A mancha parda e o crestamento foliar de Cercospora são conhecidos como doenças de final de ciclo (DFC) por ocorrerem com maior severidade na fase final de granação da soja e, devido à dificuldade de avaliá-las individualmente, são consideradas como o complexo de doenças de final de ciclo. Entre as principais medidas de controle dessas doenças estão à utilização de sementes sadias, o tratamento de sementes, a incorporação dos restos culturais, a aplicação de fungicidas entre o florescimento e o enchimento de grãos e a rotação com espécies não suscetíveis (HOFFMANN et. al., 2004). Reis et. al., (2004) em sua obra, afirmam que as doenças foliares que incidem na cultura da soja constituem um dos principais fatores que limitam a obtenção de elevados rendimentos na cultura. O clima favorável ao desenvolvimento de diversas doenças, a suscetibilidade das cultivares à ferrugem asiática, a monocultura da soja, a alta densidade e o plantio direto, têm contribuído para o aumento da ocorrência e intensidade das moléstias, o que resulta na redução do rendimento de grãos. A época de semeadura é um fator determinante para o sucesso na busca de altas produtividades, alcançadas quando se conseguem justapor o desenvolvimento das fases fenológicas da cultura com a presença de ambiente climático favorável à expressão da produtividade da cultivar em uso. De maneira geral, existem épocas adequadas de semeadura para as cultivares nas quais a produção é potencialmente maior (OLIVEIRA, 2003). As adversidades climáticas associadas aos plantios fora de época propiciam o aumento do ataque de patógenos, constituindo um fator limitante no aumento da produtividade e crescimento da sojicultura. Em razão da dificuldade de controle das doenças na soja, deve-se intensificar as práticas preventivas sendo que o controle mais eficiente é o uso de cultivares resistentes. Para isso os programas de melhoramento da soja buscam a incorporação de genes de resistência em variedades comerciais. Muitas vezes, as variedades consideradas resistentes tornam-se susceptíveis em razão do surgimento de novas estirpes ou raças fisiológicas dos patógenos (JULIATTI et. al., 2003). Nesse contexto, esse trabalho visou avaliar a progressão de doenças de final de ciclo em variedades de soja semeadas em duas épocas de plantio na safra 2009/2010 em Uberaba-MG. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Na cultura da soja, a importância de cada doença varia de ano para ano e de região para região, dependendo da condição climática de cada safra. Embora o impacto visual das doenças da soja 51 IX JORNADA CIENTÍFICA DA FAZU 25 A 29 de outubro de 2010 seja facilmente distinguido no campo, são poucas as informações sobre quantificação de perdas de rendimento. A maioria das informações é baseada em avaliações visuais e qualificam os níveis de danos em ‘severo’ ou ‘alto’, ‘moderado’ ou ‘baixo’ (YORINORI, 1998). A produtividade da cultura é definida pela interação entre a planta, o ambiente e o manejo. Altos rendimentos somente são obtidos quando as condições ambientais são favoráveis em todos os estágios de crescimento da soja (SILVEIRA NETO et. al., 2005). Nos Estados brasileiros onde a soja é cultivada tradicionalmente, a semeadura em novembro, de modo geral, tem propiciado os melhores resultados de produtividade (MEDINA et. al., 1997). Quando cultivares são submetidas a vários ambientes e anos, existe uma inconstância de comportamento nos diferentes ambientes (EBERHART & RUSSELL, 1966). O que, segundo os autores é proporcionado pela interação genótipo × ambiente. A interação genótipo × ambiente determina a redução na correlação entre o genótipo e o fenótipo, comprometendo assim as inferências a serem realizadas a respeito dos mesmos. O planejamento e as estratégias de melhoramento são em grande parte dependentes da avaliação da magnitude das interações genótipos × ambientes, podendo ainda ser fator determinante na recomendação de cultivares. A avaliação dos genótipos em diferentes épocas de semeadura se faz necessária, uma vez que a soja é fortemente afetada pelo fotoperíodo. Sendo assim, a recomendação de novos genótipos deve ser precedida de sua avaliação em diferentes ambientes, sejam épocas ou locais (SILVEIRA NETO et. al., 2005). Além disso as mudanças de temperatura e de precipitação, que irão ocorrer devido ao aquecimento global, interferirão no período de molhamento foliar, que em muitas doenças da soja é determinante para a infecção do patógeno. As mudanças de cada componente do clima, isoladamente, a inter-relação dos vários fatores do clima, a variabilidade genética existente em vários patógenos associados à cultura da soja e a interferência do homem nos sistemas agrícolas resultam na formação de um sistema de alta complexidade, que exige análise minuciosa do impacto dos efeitos climáticos sobre as doenças de soja (GHINI; HAMADA, 2008). MATERIAL E MÉTODOS Os experimentos foram instalados na área experimental das Faculdades Associadas de Uberaba (FAZU-FUNDAGRI), no município de Uberaba, MG, em altitude de 780 m; 19º e 44’ de latitude Sul e 47º e 57‘ de longitude Oeste de Greenwich; no ano agrícola 2009/2010. As normais climatológicas obtidas do INEMET-EPAMIG, Estação Experimental Getulio Vargas são as seguintes: precipitação de 1.589,4 mm, evapotranspiração de 1.046 mm e temperatura média anual de 21,9 ºC. O solo utilizado é classificado como LATOSSOLO VERMELHO distrófico, textura franco-arenosa, relevo suavemente ondulado e fase cerrado subcaducifólio. O delineamento experimental empregado foi fatorial de 10 cultivares, 2 épocas de plantio (14/11/2009 e 09/12/2009, intervalo de 25 dias) em 3 blocos por época. As parcelas experimentais constaram de 4 linhas espaçadas de 0,50 metro entre si e com 5,0 metros de comprimento, sendo que as duas linhas centrais de cada parcela foram utilizadas para coleta de dados, descartando meio metro de cada extremidade. Após a instalação do experimento, as parcelas de soja foram conduzidas de acordo com os procedimentos técnicos necessários a fim de mantê-las livres da interferência de plantas daninhas e pragas. A 1º semeadura foi efetuada no dia 14 de novembro de 2009, com adubação de 365 Kg.ha-1 de adubo mineral, de formulação 0-30-15, em relação a 2º semeadura foi utilizado o mesmo adubo, realizada 25 dias após a 1º época de semeadura no dia 09 de dezembro do mesmo ano. Antes da 52 IX JORNADA CIENTÍFICA DA FAZU 25 A 29 de outubro de 2010 semeadura foram usados para desecassão Roundup ultra na dose de 2.5 L.ha-1 . Para adubação de cobertura foi utilizado 80 Kg.ha-1 25 dias após a emergência de cada semeadura. Por serem cultivares resistentes ao Glifosato, foram utilizados para o controle de plantas daninhas duas aplicações em pósemergente do mesmo, sendo usado as dose de 2 e 2.5 L.ha-1 respectivamente com intervalos de 20 dias da 1º aplicação em relação a segunda. Para o controle da lagarta da soja (Anticarsia gemmatalis) e percevejo verde (Nezara viridula) foram usados inseticidas como Engeo Pleno, Certero, Cipermetrina, Metamidofós nas seguintes doses 0.2, 0.03, 0.15 e 0.8 L.ha-1 respectivamente em vazão de calda 250 L.ha-1. Em relação à Ferrugem Asiática foram utilizados Opera, Nativo nas doses de 0.5 L.ha-1 com acréscimo de óleo mineral na dose de 0.5 L.ha-1 em um total de 5 aplicações, tanto na 1º e na 2º época de semeadura. É valido ressaltar que nas aplicações foram feitas intercalações dos produtos envolvidos, no intuito de evitar uma possível resistência adquirida pela doença em relação aos produtos para controle nos próximos anos seguintes. Os tratos culturais, controle de pragas e doenças foram realizados conforme nível de dano econômico, excluindo-se controles para as doenças avaliadas. Genótipos Avaliados As cultivares utilizadas foram as 5G770 RR, DASB-1 RR, M9056RR, P98Y51, BRS VALIOSA RR, M7908RR, CD 219RR, 5G830 RR, M8867RR e P98Y1. As sementes foram disponibilizadas pela Dow Agroscience para as avaliações das doenças de final de ciclo para serem plantadas na região do Triângulo Mineiro na safra 2009/10. Avaliações de severidades de doenças A severidade das doenças, incluindo a Cercospora (Cercospora sojina), Septoriose (Septoria sojina) e Crestamento Foliar (Cercospora kikuchii) foi baseada na escala diagramática de Martins et. al., (2004) para as doenças de final de ciclo. Foram realizadas avaliações semanais a partir do estádio R3 (final da floração com vagens com até 1,5 cm de comprimento) até o estádio R7.2 (entre 51% e 75% de folhas e vagens amarelas), em cada parcela foram observadas 5 plantas ao acaso e diagnosticados visualmente os sintomas das folhas localizadas no terço superior e médio. 53 IX JORNADA CIENTÍFICA DA FAZU 25 A 29 de outubro de 2010 Figura 1. - Escala diagramática das doenças de final de ciclo da soja (Glycine max) causadas por Septoria glycines e Cercospora kikuchii. Painel superior: Sintomas agregados. Painel inferior: Sintomas aleatoriamente distribuídos. Fonte : Martins et. al., 2004. Com os dados obtidos em campo calcularam-se as áreas abaixo das curvas de progresso da doença (AACPD), mediante cálculos de áreas trapezoidais obtidas pelas curvas de progresso de doença, em função do tempo em dias, nas diferentes cultivares, conforme descrição de Shaner & Finney (1977), através da equação : onde: Yi = percentagem de area foliar afetada pelas Doenças de Final de Ciclo na i-ésima observação, Ti = tempo (em dias) no momento da i-ésima observação, n = número total de observação. Análise estatísticas Os dados foram interpretados estatisticamente por meio de análise de variância e as médias foram comparadas pelo teste de Tukey, a 1% de probabilidade. Para todas as análises estatísticas, foi utilizado o software estatístico Assistat (SILVA; AZEVEDO, 2009). RESULTADOS E DISCUSSÃO Geralmente, genótipos com ciclo tardio ficam mais sujeitos à incidência do fungo, pelo maior tempo de exposição no campo, enquanto os genótipos precoces, mediante mecanismos de escape 54 IX JORNADA CIENTÍFICA DA FAZU 25 A 29 de outubro de 2010 (menor tempo no campo), conseguem ser menos ou não reativos ao fungo, mesmo apresentando suscetibilidade genética. Resultados semelhantes foram relatados por Michel et. al., (2000) para doenças de final de ciclo. Os autores observaram que nas cultivares de ciclo precoce, fungo tem menos tempo para causar redução de produtividade, em função das mesmas ficarem menos tempo no campo e inversamente, cultivares de ciclo tardio apresentam maior intensidade de doenças de final de final de ciclo, por ficarem mais tempo expostas aos patógenos no campo. YORINORI et. al., (1993) a ocorrência de doenças é fator limitante para a obtenção de alto rendimento na produção de grãos na cultura da soja. Com a expansão da cultura de soja na Região Central do Brasil, a falta de tratamento químico das sementes vem acarretando aparecimento de inúmeras doenças, antes consideradas de menor importância como o complexo de doenças de final de ciclo. Outro aspecto importante é o aumento da severidade das manchas foliares como septoriose e mancha alvo que ocorrem em muitas cultivares de soja, na fase vegetativa nas diversas épocas plantios. Atribui-se o aumento da severidade destas doenças a redução na qualidade sanitária da maioria das cultivares de soja comercializadas no cerrado brasileiro (JULIATTI et. al., 2003). A AACPD representa o progresso dos níveis de severidade da doença quantificando a evolução da mesma dentro de um período de tempo. Para essa variável foi verificada interação significativa dos genótipos em relação a época de plantio (P<0.01). Isso indica variação nas taxas de progressão das doenças em função das épocas de semeadura (Tab 1). Pode-se observar haver respostas diferenciadas de genótipos estudados em função de cada época de semeadura. TABELA 1 – Análise de variância dos valores médios da AACPD das doenças de final de ciclo em 10 cultivares de soja semeadas em 2 épocas de plantio em Uberaba – MG na safra 2009-2010. G.L. S.Q. Q.M. F F.V. DFC DFC DFC DFC Época 1 102346,4 102346,4 266,78** Cultivares 9 39096,6 4344,1 11,32** Época x Cultivares 9 45455,6 5050,6 13,17** Tratamento 19 186898,6 9836,8 25,64** Blocos 2 626,3 313,2 0,82ns Resíduo 38 14577,9 383,6 Total 59 CV % 4,88 202102,9 - - Média Geral 893 DFC doenças de final de ciclo **significativo ao nível de 1% de probabilidade (p<0,01) ns não significativo (p>=0,05) No estudo do progresso das DFCs em função da época de semeadura, conforme se atrasou a semeadura, os valores de AACPD, aumentaram conforme a tabela 2. Uma suposição admissível para isso, seria que a severidade e incidência das doenças de final de ciclo estariam relacionadas com precipitação e umidade. Na 1º época, podem-se observar baixos valores de umidade e precipitação, já na 2º foram verificados picos de umidade e precipitação o que pode ter favorecido uma maior dispersão do patógeno e conseqüentemente maior incidência. Sabe-se que Septoria glycines é altamente influenciado por condições climáticas, principalmente umidade. Galloti et. al., (2005) 55 IX JORNADA CIENTÍFICA DA FAZU 25 A 29 de outubro de 2010 verificou um aumento na severidade das doenças de final de ciclo quando as condições climáticas (umidade) foram favoráveis ao desenvolvimento destas doenças. Na Tabela 2 são apresentadas as médias da AACPD para doenças de final de ciclo e, nas quais os menores valores indicam uma menor progressão da doença. Pode-se observar que todas as cultivares, exceto a M9056RR, apresentaram acréscimo nos valores médios da área sob a curva de progressão das doenças de final de ciclo quando semeadas na segunda época em relação à primeira. Constataram-se diferenças estatisticamente significativas quanto a esse acréscimo nas demais cultivares. Na primeira época de semeadura as cultivares M9056RR e CD 219RR foram as que apresentaram maior e menor valor médio para AACPD, respectivamente. Já na segunda época de semeadura as cultivares DASB-1 RR e P98Y11 foram as que apresentaram maior e menor valor médio da AACPD, respectivamente. TABELA 2 – Médias de AACPD para doenças de final de ciclo em 10 cultivares de soja semeadas em 2 épocas de plantio na região de Uberaba – MG na safra 2009-2010. Cultivares 5G770 RR DASB-1 RR M9056RR P98Y51 BRS Valiosa RR M7908RR CD 219RR 5G830 RR M8867RR P98Y11 MG¹ Doenças de Final de Ciclo 1ª Época 640,59 bD* 898,03 bB 1185,03 aA 789,57 bBC 630,08 bDE 670,24 bCD 518,03 bE 552,27 bDE 801,55 bB 572,64 bDE 2ª Época 1056,64 aBCD 1320,16 aA 1126,25 aBC 1166,13 aB 1017,44 aCDE 1030,77 aCDE 980,16 aDE 953,81 aDE 1009,31 aCDE 933,28 aE 892,61 4,88 CV (%)² *Médias seguidas da mesma letra minúscula entre coluna e maiúscula entre linhas não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. ¹Média Geral ²Coeficiente de Variação CONCLUSÃO Conclui-se que, para as condições de plantio em Uberaba-MG na safra 2009/2010, as variedades avaliadas apresentaram maiores valores médios para AACPD das doenças de final de ciclo na segunda época de cultivo, dando destaque para cultivar CD 219RR, onde apresentou o menor valor médio da AACPD na 1º época de semeadura, ressaltando que, mesmo não diferindo-se estatisticamente das demais cultivares apresentou um dos menores valores médios para AACPD das doenças de final de ciclo. Pôde-se observar respostas diferenciadas de genótipos estudados em função de cada época de semeadura. 56 IX JORNADA CIENTÍFICA DA FAZU 25 A 29 de outubro de 2010 Cabe por fim escolher a melhor cultivar de acordo com o histórico da área, levando em consideração a época indicada para plantio. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CONAB: COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO. Safras Grãos. Disponível em: <http://www.conab.gov.br/conabweb/index.php?PAG=131>. Acesso em: 23 de out. de 2009. EBERHART, S.A.; RUSSELL, W.A. Stability parameters for comparing varieties. Crop Science, v.6, n.1, p.36-40, 1966. EMBRAPA SOJA. Tecnologia de produção de soja - Região Central do Brasil 2005. Londrina: EMBRAPA, 2004. 239 p. EMBRAPA. Tecnologias de Produção de Soja Região Central do Brasil 2007. Londrina: Embrapa Soja, 2006. 225p. FREITAS, M. A. et. al. O que a industria quer da soja. Cultivar. Pelotas, v. 26, p.16-21, mar. 2001. Mensal. GALLOTTI, G.J.M; BALBINOT JUNIOR, A.A; BACKES, R.L. 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Esse estudo tem como objetivo avaliar o ganho de seleção e a herdabilidade provenientes do processo de seleção favorável a algumas características agronômicas na cultura da soja. Para isso, serão avaliados os seguintes caracteres agronômicos e os componentes de produção: número de nós (NN); altura da planta na maturação (APM), em cm; altura da inserção da primeira vagem (AIV), em cm; acamamento (Ac), escala de notas variando de 1,0 (planta ereta) a 5,0 (planta prostrada); número de ramos (NR); número de vagens por planta (NVP); número de sementes por planta (NSP); e produção de grãos por planta (PG), em gramas. Os parâmetros genéticos serão avaliados com auxílio do pacote estatístico GENES (CRUZ, 2001). Serão avaliadas as análises de variância, as estimativas dos componentes de variância, o coeficiente de herdabilidade, os ganhos por seleção. Palavras-chaves: Ganho de seleção, Glycine max, herdabilidade, melhoramento de plantas. INTRODUÇÃO A soja (Glycine max (L.) Merrill) que hoje é cultivada, é muito diferente dos seus ancestrais, que eram plantas rasteiras que se desenvolviam na costa leste da Ásia, principalmente ao longo do Rio Yangtse, na China. Sua evolução começou com o aparecimento de plantas oriundas de cruzamentos naturais entre duas espécies de soja selvagem que foram domesticadas e melhoradas por cientistas da antiga China. Sua importância na dieta alimentar da antiga civilização chinesa era tal, que a soja, juntamente com o trigo, arroz, centeio e milheto, era considerada um grão sagrado, com direito a cerimoniais ritualísticos na época do plantio e da colheita (EMBRAPA, 2003). Domesticada há mais de cinco mil anos pelos chineses, a soja foi, aos poucos, ganhando maior visibilidade no mercado à medida em que se tornava composição de diversos gêneros alimentícios, conquistando “status” de carro-chefe em países produtores como Brasil, Estados Unidos e China, sem mencionar sua capacidade oleaginosa e nível protéico no que tange ao aspecto nutricional (CÂMARA, 1998). Hoje, a soja está entre as principais oleaginosas produzidas no mundo e no Brasil. Por suas dimensões continentais, apresenta diversos ambientes apropriados para a sua adaptação e exploração, mas, para que esta adaptação ocorra, é preciso, de acordo com Di Mauro et al. (2000), estudos relacionados com o desenvolvimento de variedades adaptadas às diversas condições ambientais, 59 IX JORNADA CIENTÍFICA DA FAZU 25 A 29 de outubro de 2010 efetivando dessa forma, plantações mais produtivas, tomando-se, por isso, de fundamental importância. Os pesquisadores brasileiros desenvolveram o germoplasma adaptado às condições tropicais, viabilizando assim o cultivo da soja, em qualquer ponto do território nacional. Somente no Ecossistema do Cerrado, mais de 200 milhões de hectares improdutivos foram transformados em área apta para o cultivo da soja e outros grãos (EMBRAPA, 2003). O melhoramento genético de plantas foi e é fundamental para que se consiga suprir as necessidades do homem. O termo melhoramento de plantas pode ser definido como qualquer benefício a fim de agregar valor, seja qualitativo ou quantitativo. A adaptação da soja as áreas anteriormente inaptas para o cultivo, assim como o elevado potencial produtivo que se observa hoje, só foi possibilitado graças ao trabalho dos melhoristas de instituições publicas e privadas. O melhoramento de plantas é de suma importância, uma vez que com o constante surgimento de novas relações patógenos-hospedeiros e as mudanças climáticas, faz-se necessário o desenvolvimento de plantas que resistam as adversidades ambientais expostas. Vale salientar que a análise comportamental aliada com as estimativas dos diversos parâmetros genéticos visando o balizamento do processo seletivo é fundamental para a determinação do método de melhoramento adequado para cada situação e para a seleção de genótipos superiores, que futuramente estarão atendendo a demanda dos produtores por materiais produtivos, resistentes as pragas, doenças e intempéries climáticas. MATERIAL E MÉTODOS Instalação do experimento O experimento será instalado durante a safra 2010/2011 na área experimental localizada na Fazenda Escola das Faculdades Associadas de Uberaba - FAZU-FUNDAGRI, em Uberaba, MG, a 780 m de altitude; 19° 44' de latitude Sul e 47º 57' de longitude Oeste de Greenwich. O solo local é classificado como Latossolo Vermelho Distrófico. O delineamento experimental será feito em blocos ao acaso com 3 repetições. Serão avaliados 20 tratamentos (genótipos) na geração F6 e 4 testemunhas. As parcelas serão constituídas de 4 linhas de 5m, espaçadas de 0,5m nas entrelinhas, sendo considerada como área útil as duas linhas centrais de cada parcela, excluindo-se 0,5m em cada extremidade. Os genótipos avaliados serão oriundos do programa de melhoramento da Pioneer do Brasil. Após a instalação do experimento, as parcelas de soja serão conduzidas de acordo com os procedimentos técnicos necessários a fim de mantê-las livres da interferência de plantas daninhas e pragas. Caracteres avaliados Serão avaliados os seguintes caracteres agronômicos e os componentes de produção: número de nós (NN); altura da planta na maturação (APM), em cm; altura da inserção da primeira vagem (AIV), em cm; acamamento (Ac), escala de notas variando de 1,0 (planta ereta) a 5,0 (planta prostrada); número de ramos (NR); número de vagens por planta (NVP); número de sementes por planta (NSP); e produção de grãos por planta (PG), em gramas. Estimativa da herdabilidade e ganho com a seleção 60 IX JORNADA CIENTÍFICA DA FAZU 25 A 29 de outubro de 2010 Os parâmetros genéticos serão avaliados com auxílio do pacote estatístico GENES (CRUZ, 2001), específico. Serão avaliadas as análises de variância, as estimativas dos componentes de variância, o coeficiente de herdabilidade, os ganhos por seleção. CONSIDERAÇÕES FINAIS O trabalho ainda está em fase de execução. Portanto, ainda não é possível estabelecer resultados e discuti-los. REFERÊNCIAS ALMEIDA, L. A.; KIIHL, R. A. S. Melhoramento da Soja no Brasil – Desafios e Perspectivas. In: CÂMARA, G. M. S. Soja: Tecnologia da Produção. USP, Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Departamento de Agricultura – Piracicaba, p. 40-45, 1998. CARVALHO, F.I.F.; SILVA, S.A.; KUREK, A.J.; MARCHIORO, V.S. Estimativas e implicações da herdabilidade como estratégia de seleção. Pelotas: UFPel, 2001. 99p. CRUZ, C.D. Programa Genes – Versão Windows – Aplicativo computacional em genética estatística. Viçosa, Ed. UFV, 2001. 648p. DI MAURO, A. O. et al. Ganho genético por seleção em linhagens de soja. In ______ Revista Ceres, 47 (270):135-144, 2000. EMBRAPA. Tecnologias de Produção de soja – Região Central do Brasil, Londrina, 2003. KITANO, B. T. et al. Avaliação de coeficientes de herdabilidade para genótipos e soja das gerações F5, F6 e F7. In _______ V Congresso Brasileiro de Soja – Mercosoja, 2009, p. 1-3. SOUZA, E.; SORRELLS, M.E. Prediction of progeny variation in oat from parental genetic relationships. 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Por ser cultura perene, requer cuidados especiais para a sua implantação, sendo a produção de mudas uma das principais fases do seu cultivo. Com o objetivo de estudar a influência de tamanhos de recipientes e tipos de substratos na produção de mudas de cafeeiro, conduziu-se um experimento no Setor de Produção de Mudas, na Casa de Vegetação das Faculdades Associadas de Uberaba (FAZU). O delineamento experimental adotado foi o DIC (Delineamento Inteiramente Casualizado), em esquema fatorial 2x3x4 com 12 repetições, sendo dois tipos de recipientes, tubetes de 120 ml e saquinhos plásticos de 615 ml, sendo três variedades de Café: “Catuaí Vermelho IAC 144”, “Obatã IAC 1669-20” e “Mundo-Novo IAC 379-19” em quatro formulações de substrato, sendo, 1°substrato; 25% de esterco de curral, 0,50% de calcário, 0,25% de SSP, 74,25 % de terra, 2°substrato; 50% de esterco de curral, 29,16% de casca de arroz carbonizada, 12,50% de vermiculita, 8,34% de areia, 3° substrato; 45% de esterco curral, 0,50% de calcário, 25% de vermiculita + 0,50% SSP, 29% de terra, 4° substrato; 50% de esterco de curral, 45% Terra, 5% uréia. Para avaliação do desenvolvimento das mudas, o presente trabalho tem como objetivo avaliar o seu poder germinativo (%G) e o desenvolvimento morfológico das mudas de café, através da avaliação da altura de plantas, peso das plantas e número de folhas. Nos resultados obtidos observou-se que as variedades em cada substrato não diferiram entre si para saquinhos plásticos, mas para tubetes o primeiro tratamento se teve um resultado significativo para a variedade Obatã 1669-20 tendo o maior potencial de germinação, para os demais substratos e variedades não houve significância entre si. Palavras-chave: Coffea arábica, muda, substrato, recipientes. INTRODUÇÃO A necessidade do setor cafeeiro em aumentar a eficiência produtiva, diminuindo seus custos de produção, gera procura por novas tecnologias. Os cuidados realizados na produção de mudas são essenciais para obtenção de cafezal sadio, vigoroso para que possa expressar todo seu potencial genético, influenciando, decisivamente, em formação do sistema radicular e na parte aérea da planta. A utilização de substratos e de adubação equilibrada, aquisição de sementes provenientes de cultivares e linhagens recomendadas e o uso de recipientes adequados é de suma importância em produção de mudas, estando diretamente relacionado á maior porcentagem de sobrevivência pós-plantio (CAMPOS, 2002). 62 IX JORNADA CIENTÍFICA DA FAZU 25 A 29 de outubro de 2010 Sabe-se, que existem no mercado, vários fertilizantes capazes de fornecer nutrientes necessários para a solução do meio de crescimento. Para os tubetes se utiliza o adubo de liberação lenta, comercialmente denominado de osmocote, tratando-se de um produto importado, faz com que torne o custo de produção elevado em relação a outros produtos. Assim torna necessário buscar alternativas para proceder à fertilização do substrato, para se obter mudas com qualidade adequada (MELO et al., 1999). Segundo Guimarães e Mendes (1998), com relação aos tipos de recipientes utilizados na produção de mudas de cafeeiros, os saquinhos de polietileno são os mais utilizados pelos viveiristas. Esses recipientes comportam um volume de substrato que permite a obtenção de mudas vigorosas e de qualidade adequada para o plantio. Por outro lado, contribuem para o aumento da área requerida para o viveiro e a elevação do custo de produção, de transporte e plantio da muda. Aliada a estes aspectos, há também a possibilidade de contaminação das mudas por nematóides em decorrência do substrato que é normalmente utilizado para o seu enchimento (MELO, 1999). A produção de mudas de cafeeiros em tubetes, procura visar à melhoria do sistema de produção, com melhor qualidade da muda e redução nos custos. Segundo Lima (1986), esse sistema facilita sobremaneira o isolamento de viveiro, a proteção contra nematóides e outras doenças do solo, apresenta maior facilidade no controle de pragas e doenças da parte aérea e preserva a integridade do sistema radicular durante a fase de produção da muda. Algumas vantagens técnicas do sistema em tubetes são citadas por Simões (1987), entre as quais destacam- se: formação de sistema radicular sem enovelamento, crescimento inicial das mudas após o plantio mais rápido e facilidades operacionais – a quantidade de mudas transportadas por caminhão é cinco a seis vezes maiores, o peso é duas vezes e meia menor, e tem-se rendimento de plantio, até três vezes maiores, quando comparado com o sistema convencional. Os tubetes normalmente usados para a produção de mudas de café apresentam tamanho de 14 cm de altura, 3,5 cm de diâmetro interno na abertura superior e 1,5 cm de diâmetro na abertura inferior da extremidade afunilada e possuem um volume aproximado de 120 mL (MELO, 1999). Diante disto, este trabalho objetivou-se avaliar a influência de dois tamanhos de recipientes e quatro tipos de substratos em três variedades, na produção de mudas de cafeeiro (Coffea arábica L.), sendo avaliado o seu poder germinativo (%G) e o desenvolvimento morfológico das mudas de café, através da avaliação da altura de plantas, peso das plantas e número de folhas. MATERIAL E MÉTODOS Conduziu-se o experimento no setor de Produção de Mudas, na Casa de Vegetação das Faculdades Associadas de Uberaba (FAZU), município de Uberaba, MG (19º 03”52” de latitude sul e 48º 08' 52” de longitude oeste). Utilizou-se o delineamento experimental DIC (Delineamento Inteiramente Casualizado), em esquema fatorial 2x3x4 (dois tipos de recipientes, três variedades de café e quatro formulações de substrato), com 12 repetições. Os tratamentos são constituídos por, 2 tipos de recipientes (sacos plásticos de polietileno 615cm3 e tubetes de 120 mL), 3 variedades de café: “Catuaí Vermelho IAC 144”, “Obatã IAC 1669-20” e “Mundo-Novo IAC 379-19” e 4 formulações de substratos: compostas 63 IX JORNADA CIENTÍFICA DA FAZU 25 A 29 de outubro de 2010 por terra, calcário, esterco de curral, super fosfato simples (SSP), vermiculita, areia e casca de arroz carbonizada. O experimento sendo conduzido em uma bandeja para os tubetes e no chão para os saquinhos plásticos. O preparo do substrato foi feita de forma manual, através do revolvimento com enxada, dos materiais que compõem o substrato. Para o enchimento dos saquinhos de polietileno, utilizou-se um funil de alumínio próprio, sendo o volume de terra adotado para cada saquinho de 615 cm3. Já para o enchimento dos tubetes, se foi feito o trabalho manual, colocado em bandejas e inserindo o substrato de forma aleatória e logo em seguida feito o nivelamento da quantidade de substrato utilizada. Na semeadura das sementes, tanto nos saquinhos plásticos quanto nos tubetes, foram depositadas três sementes por recipiente, para que não ocorresse perda de parcela experimental. A profundidade de plantio foi de 1,5 cm para as sementes em ambos recipientes, a água foi fornecida em quantidade estipulada para o desenvolvimento inicial e aclimatação da semente no recipiente. A quantidade de água exigida pelas mudas está sendo fornecida ao longo de seu desenvolvimento. O desbaste será feito quando as mudas se encontrarem no estádio orelha de onça (iniciando a emissão do primeiro par de folhas verdadeiras) nas parcelas. O experimento encerrará quando todas as plantas atingirem pelo menos quatro pares de folhas verdadeiras, sendo avaliadas todas as plantas para as seguintes características: Teste de emergência - realizado quando se constatar a estabilização da emergência, ou seja, aos 140 dias da semeadura, computando-se as plântulas emersas acima da superfície do substrato, com os resultados expressos em porcentagem. Índice de velocidade de emergência: calculado utilizando-se os dados de contagens diárias de plântulas emersas no teste de emergência, segundo a fórmula proposta por Edmond e Drapala (1958): (N1xG1) + (N2xG2) + ... + (NnxGn) IVE = G1 + G2 + ... + Gn IVE = índice de velocidade de emergência (dias); G1, G2,..., Gn = número de plântulas normais computadas na primeira, segunda,..., última contagem; N1, N2,..., Nn = número de dias da semeadura à primeira, segunda,..., última contagem. Porcentagem de plântulas com pelo menos um par de folhas verdadeiras aos 140 dias, computadas as plântulas com pelo menos um par de folhas verdadeiras o os resultados expressos em porcentagem. Diâmetro do caule: medido por um paquímetro na região do colo da planta, obtendo-se o valor médio em milímetros por planta. Altura das plantas: medida no colo da planta até o meristema apical do ramo ortotrópico, obtendo-se a medida por planta em centímetros. 64 IX JORNADA CIENTÍFICA DA FAZU 25 A 29 de outubro de 2010 Massa seca da parte aérea: as plantas serão retiradas dos recipientes e lavadas em água. Em seguida, separando o sistema radicular da parte aérea, cortando o caule na altura do colo e colocados para secar em estufa, até atingirem massa constante, após será pesado em uma balança de precisão, obtendo o valor em gramas por planta. Massa seca do sistema radicular: sendo semelhante ao anterior, obtendo-se o valor em gramas por planta. Relação massa seca do sistema radicular/massa seca da parte aérea: Obtido através da divisão dos valores de massa seca do sistema radicular pelos da massa seca de parte aérea. A metodologia adotada para as análises quantitativas e qualitativas estão descritas de acordo com Silva (1990). Serão realizadas as análises estatísticas com auxílio do software Assistat. RESULTADOS E DISCUSSÃO O processo de germinação é mais ou menos lento, as reservas da semente são constituídas principalmente de hemicelulose e substâncias graxas que vão sendo digeridos pelos cotilédones dentro do endosperma à medida que vão crescendo. Dependendo da temperatura junto à semente (função da altitude, época do ano, insolação, profundidade de semeio etc.), o processo de germinação ocorre dentro de 30 a 90 dias. Dados dos resultados obtidos parcialmente nos mostram que o potencial de germinação nos substratos em saquinhos não se diferiu entre si, como mostra na TAB., 1. TABELA 1 - Teste de emergência em saquinho plástico por diferentes substratos para formação de mudas (coffea arábica) dos dias 27 de agosto a 24 de setembro de 2010 2ª 3ª 4ª 1ª CULTIVARES TRATAMENTO TRATAMENTO TRATAMENTO TRATAMENTO Obatã IAC 91,66 a 80,55 a 91,66 a 55,55 a 1669-20 Catuaí Vermelho IAC 83,33 a 86,11 a 91,66 a 63,88 a 144 Mundo Novo 100 a 100 a 97,22 a 30,55 a IAC 379-19 Teste F 2,2ns 1,20ns 0,56ns 0,06ns CV (%) 21,23 29,55 13,50 133,48 Obs. Resultados obtidos parcialmente, podendo sofrer alterações. As médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente entre si. Foi aplicado o Teste de Duncan ao nível de 5% de probabilidade 65 IX JORNADA CIENTÍFICA DA FAZU 25 A 29 de outubro de 2010 Já para tubetes na TAB., 2 se teve resultados significativos como mostra no primeiro tratamento, que a variedade Obatã IAC 1669-20 se destacou das demais no próprio tratamento. Um dos fatores para uma boa germinação é a secagem e o armazenamento sendo fundamental na preservação da viabilidade das sementes de café (Coffea arábica L.) e, conseqüentemente, na obtenção de mudas com desenvolvimento satisfatório. Dependendo da temperatura junto à semente (função da altitude, época do ano, insolação, profundidade de semeio etc.), o processo de germinação ocorre dentro de 30 a 90 dias (MATIELLO et al., 2005). TABELA 2 - Teste de emergência em tubetes por diferentes substratos para formação de mudas (coffea arábica) dos dias 27 de agosto a 24 de setembro de 2010 1ª 2ª 3ª 4ª CULTIVARES TRATAMENTO TRATAMENTO TRATAMENTO TRATAMENTO Obatã IAC 166991,66 a 80,55 a 72,22 a 55,55 a 20 Catai Vermelho 66,66 b 86,11 a 88,88 a 44,44 a IAC 144 Mundo Novo 63,88 b 66,66 a 80,55 a 38,88 a IAC 379-19 Teste F 3,82* 2,00ns 1,43ns 0,48 CV (%) 39,89 31,50 29,91 91,24 Obs.: Resultados obtidos parcialmente, podendo sofrer alterações. As médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente entre si. Foi aplicado o Teste de Duncan ao nível de 5% de probabilidade. Rosa et al. (2010) utilizando sementes ou frutos em diferentes estádios de desenvolvimento mostraram que frutos verdes foram inferiores em relação às outras avaliações como, fruto cereja, semente com pergaminho, semente sem pergaminho, sementes com pergaminho + primming sementes sem pergaminho + primming. Com resultado parcial obtido, pode-se dizer que, nos saquinhos e tubetes para o tratamento um, dois e três, o teste de germinação foi superior para os frutos verdes. Comparando-se a variedade Mundo Novo IAC 379-79 nos substratos 1, 2 e 3 dos saquinhos, a porcentagem de germinação foi superior a todos os tipos de sementes ou frutos da cultivar Rubi. Com relação à secagem Araújo, Corrêa e Pereira (2010) submeteram sementes de (Coffea arábica) a diferentes tratamentos de secagem artificial, com temperatura do ar a 50, 60 e70oC e logo após a secagem armazenada por seis meses em embalagem permeável sob condições não controladas por laboratório, concluindo que a temperatura do ar de secagem de 50oC foi prejudicial à germinação das sementes (efeito imediato), enquanto as secagens das sementes em temperaturas de 60 e 70oC causaram a morte de todas as sementes. Sabe-se que a operação de secagem, se mal conduzida, pode trazer sérios problemas para a conservação das sementes de diversas espécies. 66 IX JORNADA CIENTÍFICA DA FAZU 25 A 29 de outubro de 2010 Fazuoli e Braghini (2010) testaram três ambientes, sendo, laboratório de sementes sem controle de temperatura e umidade relativa do ar, tendo sido registrados os valores de 22 a 29°C e 70 a 95%U.R., respectivamente, ao longo do experimento, teste em baú frigorífico, com temperatura controlada 13° ± 3°C e 60% a 90%U.R., Câmara fria, com temperatura e umidade relativa do ar, 9° ± 1ºC e 57% ± 1%U.R., respectivamente, dois tipos de embalagens e dois níveis de umidade sendo de 25 e 35%, as sementes mantidas em ambiente de laboratório, sem controle de temperatura e umidade relativa do ar, apresentaram rápida queda de germinação a partir de seis meses de armazenamento, especialmente acentuada na cultivar Apoatã IAC 2258, independentemente da embalagem e umidade inicial das sementes ocorrendo antes mesmo desse período, sendo a melhor condição em Baú frigorífico com temperatura entre 10 e 16ºC, utilizando embalagem de saco de polietileno de 0,16 mm de espessura e alta umidade inicial de sementes, ao redor de 35%. Segundo Pereira, Vasconcelos e Sales (2010) a longevidade da semente depende muito das condições de armazenamento. È conveniente, após a secagem até um teor de umidade cerca de 12%, guardá-las em recipientes hermeticamente fechados a fim de se evitar a reabsorção de umidade do ar, pois a semente de café com 12% de umidade estão em equilíbrio higroscópico com uma umidade relativa do ar de 50%. Portanto, sempre que a umidade ultrapassar esse limite, a semente reabsorverá umidade e poderá perder a germinação. Carvalho et al. (1999), avaliando os efeitos de tratamentos aplicados nas sementes de cafeeiro com e sem pergaminho, na emergência e desenvolvimento das mudas, verificaram que a retirada manual do pergaminho contribui para acelerar o desenvolvimento das mudas de café. CONCLUSÃO Com os dados parcialmente analisados conclui-se que, os tratamentos e as variedades não diferiram entre si para saquinhos plásticos, já para os tubetes houve uma variação significativa para a Obatã 1669-20 em relação a as demais variedades no primeiro substrato, já em relação aos outros tratamentos não diferiram entre si. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARAÚJO, Eduardo Fontes; CORRÊA, Paulo César; PEREIRA, Otaviano Alves. INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA DE SECAGEM NA GERMINAÇÃO DE SEMENTES DE CAFÉ. Revista Brasileira de Sementes. Disponível em: <http://www.abrates.org.br/revista/artigos/1989/artigo04.pdf>. Acesso em: 28 set. 2010. BRAGHINI, Masako Toma; FAZUOLI, Luiz Carlos. Armazenamento de sementes de Café. Disponível em: <http://www.iac.sp.gov.br/OAgronomico/59_1/artigo9.pdf>. Acesso em: 28 set. 2010. 67 IX JORNADA CIENTÍFICA DA FAZU 25 A 29 de outubro de 2010 CAMPOS, K. P. de. 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Boletim técnico, 73). 68 IX JORNADA CIENTÍFICA DA FAZU 25 A 29 de outubro de 2010 CARACTERIZAÇÃO DE CULTIVARES DE SOJA QUANTO AO GRUPO DE MATURIDADE RELATIVA LIMA, P. C.1; ESPINDOLA, S. M. C. G.2; TEIXEIRA, G. A. C.1; CUNHA, F. A. G1 ; FRAGA Jr, C.L.1; FERREIRA Jr, J. A.1; SILVA, G. A.1; MORAES, R. S1; FARIA, L. P. M1. 1 Graduando das Faculdades Associadas de Uberaba – FAZU, Av. do Tutuna 720, Bairro do tutunas, fone (34) 3318 4188, e-mail [email protected] 2 Professora das Faculdades Associadas de Uberaba – FAZU, Av. do Tutuna 720, Bairro do tutunas, fone (34) 3318 4188, e-mail [email protected] *Projeto financiado pelo Programa de Iniciação Científica da FAZU. Resumo: O desenvolvimento de cultivares de soja, uma das oleaginosas de maior importância econômica no mundo, recebeu maior impulso na ocasião do sancionamento da Lei de Proteção de Cultivares. Essa maior demanda de registro de cultivares fez com que a lista de características descritoras passasse por uma reformulação com o acréscimo da característica Grupo de Maturidade Relativa. Com base nessas informações, esse trabalho objetiva auxiliar a pesquisa sobre grupos de maturidade no Brasil, gerando dados de maturação para cultivares comerciais em Uberaba e, ainda, avaliar e classificar quanto a característica Grupo de Maturidade Relativa diferentes cultivares comerciais de soja durante a safra 2009/2010 em Uberaba-MG. Para isso o experimento será instalado na fazenda escola da Fazu -Faculdades Associadas de Uberaba. O delineamento experimental será por distribuição de blocos casualizados(DBC) com 2 blocos, cada bloco contendo os 30 tratamentos(genótipo) e uma repetição do tratamento em cada bloco. As parcelas experimentais constarão de 4 linhas espaçadas a 0,50m entre si e com 5,0m de comprimento. Serão avaliados: quantidade de dias para o florescimento (NDF), número de dias para maturidade (NDM), altura das plantas na maturidade (APM) usando como base a data da emergência das plântulas no campo. O cálculo do valor final será feito pela estimativa da regressão do número de dias para maturidade das testemunhas pelo grupo de maturidade correspondente, aplicando-se a fórmula de regressão para as linhagens, para obter-se o respectivo grupo. Palavras-chave: Glycine max, maturação, regressão. INTRODUÇÃO A soja Glycine max(L.) Merril é considerada a principal leguminosa para consumo mundial, e sua produção é cada vez mais crescente. O Brasil ocupa o segundo lugar em produção mundial ficando atrás apenas dos Estados Unidos. A produção brasileira prevista para a safra 2009/2010 é de 57,09 milhões toneladas, cultivadas em 21,73 milhões hectares (CONAB, 2009). 69 IX JORNADA CIENTÍFICA DA FAZU 25 A 29 de outubro de 2010 O desenvolvimento de cultivares de soja adaptadas ao Cerrado e às baixas latitudes tem propiciado a expansão da fronteira agrícola brasileira, como verificado nas últimas três décadas (EMBRAPA SOJA, 2002). No final dos anos 70, mais de 80% da produção brasileira de soja ainda se concentrava nos três estados da região sul, embora o Cerrado, na região central do país, sinalizasse que participaria como importante ator no processo produtivo da oleaginosa, o que efetivamente ocorreu a partir da década de 1980. Em 1970, menos de 2% da produção nacional foi colhida nessa região e estava concentrada no Estado de Mato Grosso do Sul (MS). Em 1980, essa porcentagem passou para 20%, em 1990 já era superior a 40% e, em 2007, superou os 60%, com tendências a ocupar maior espaço a cada nova safra (DALL’AGNOL et al., 2008). A previsão de comportamento de cultivares de soja em um determinado local é dificultada, visto que em latitudes semelhantes ocorrem disponibilidade térmicas diferentes, tornando-se necessário a realização de ensaios de campo para se conhecer a fenologia das diferentes cultivares (VERNETTI, 1983). Sendo assim, diversos trabalhos vêm sendo realizados com o intuito de avaliar a adaptabilidade de genótipos a diferentes ambientes. O melhoramento genético teve maior incentivo no Brasil, a partir de 1997, quando foi sancionada a Lei nº. 9456, que trata da proteção de cultivares. A proteção dos direitos intelectuais sobre a cultivar se efetua mediante a obtenção de um certificado de proteção concedido pelo Serviço Nacional de Proteção de Cultivares - SNPC (NETO et al., 2005). Para que uma cultivar seja protegida é necessário comprovar que ela é distinta, homogênea e estável. A distinguibilidade refere-se à diferença clara de qualquer outra cuja existência na data do período de proteção seja reconhecida (GRILLI, 2005). Por definição, cada cultivar difere de outras cultivares em uma ou mais características específicas. Tais características podem ser fisiológicas, morfológicas ou bioquímicas, que são passíveis, através de testes ou técnicas desenvolvidas e aperfeiçoadas em laboratório, de serem detectadas e caracterizadas entre as cultivares (MCKEE, 1973). Atualmente, são utilizados cerca de 38 descritores de soja para comprovar a distinção das cultivares requeridas à proteção. Entre esses 38 descritores adotados na caracterização de cultivares de soja, têm-se o ciclo vegetativo (período da emergência ao florescimento) e ciclo total (da emergência a maturação), não sendo considerados os subestádios de cada fase de desenvolvimento. No entanto, estes descritores tornaram insuficientes para distinguir as cultivares. Nesse sentido, novos descritores vêm sendo identificados e avaliados (NOGUEIRA, 2007). Em documento oficial publicado pelo Ministério da Agricultura foi comunicado que a característica “Grupo de Maturidade Relativa” deverá ser incluída como descritor oficial na diferenciação de cultivares de soja no sistema de Proteção de Cultivares, e é obtida por meio do cálculo do valor relativo do ciclo total. De acordo com Alliprandini et al.(2009) referente a maturação, devem ser somados vários fatores para designá-la, tais como variedade, data de plantio, chuvas, latitude e doenças. Todos esses fatores correlacionados, é que determinarão a produtividade de uma cultivar em uma região. O método usado para determinar a maturidade corresponde ao número de dias decorridos desde a semeadura até a data em que 95% das vagens apresentaram-se maduras (estágio R8 na escala de Fehr & Caviness 1977). O método brasileiro de classificação de variedades quanto ao grupo maturidade é considerado atrasado. As companhias privadas que estão entrando no mercado comercial de semente de soja, e que usam o sistema de classificação da América do Norte (onde estão as matrizes dessas companias) tem substituído gradualmente esse sistema. .(MONSOY, 1998a,b; ALLIPRANDINI et al, 2002; PRADO et al., 2002; Fundação MT, 2003). 70 IX JORNADA CIENTÍFICA DA FAZU 25 A 29 de outubro de 2010 A Monsanto foi a primeira companhia a introduzir o conceito de grupos de maturidade no Brasil (PENARIOL, 2000). Apesar deste aumento no uso do sistema de classificação de maturidade dos Estados Unidos por companhias privadas no Brasil, pouca ou nenhuma pesquisa foi publicada para validar seu uso e estabelecer parâmetros para melhorar o uso desta aproximação sob condições do Brasil (ALLIPRADINI et. al, 2009). Com base nessas informações, os objetivos do presente trabalho são: auxiliar a pesquisa sobre grupos de maturidade no Brasil, gerando dados de maturação para cultivares comerciais em Uberaba e, ainda, avaliar e classificar quanto a característica Grupo de maturidade relativa diferentes cultivares comerciais de soja durante a safra 2009/2010 em Uberaba-MG. MATERIAL E MÉTODOS O experimento será instalado durante a safra 2009/2010 na área experimental localizada na Fazenda Escola das Faculdades Associadas de Uberaba - FAZU-FUNDAGRI, em Uberaba, MG, a 780 m de altitude; 19° 44' de latitude Sul e 47º 57' de longitude Oeste de Greenwich. O solo local é classificado como Latossolo Vermelho Distrófico. Serão avaliadas 33 cultivares de ciclo precoce, médio e tardio de empresas que desenvolvem sementes comerciais de soja. O delineamento experimental será por distribuição de blocos casualizados (DBC) com cada bloco contendo os 33 tratamentos (genótipo) com duas repetições sendo cinco delas já caracterizadas e usadas como referência (testemunha). As parcelas experimentais constarão de 4 linhas espaçadas a 0,50m entre si e com 5,0m de comprimento, onde as duas linhas centrais de cada parcela serão utilizadas para coleta de dados, descartando meio metro de cada extremidade. Após a instalação do experimento, as parcelas de soja serão conduzidas de acordo com os procedimentos técnicos necessários a fim de mantê-las livres da interferência de plantas daninhas e pragas. Avaliações Agronômicas Para a estimativa da característica Grupo de maturidade relativa serão avaliadas as seguintes características agronômicas no campo: • Número de dias para o florescimento (NDF): período que corresponde ao número de dias decorridos entre a semeadura e o florescimento de 95% da plantas da parcela (estágio R1 na escala de Fehr & Caviness 1977). • Número de dias para maturidade (NDM): período que corresponde ao número de dias decorridos desde a semeadura até a data em que 95% das vagens apresentaram-se maduras (estágio R8 na escala de Fehr & Caviness 1977). • Altura das plantas na maturidade (APM): medida da base da planta, no solo, até a inserção do rácemo no ápice da haste principal no estágio R8. Cálculo do Grupo de maturidade 71 IX JORNADA CIENTÍFICA DA FAZU 25 A 29 de outubro de 2010 Conforme estabelecido pelo Ministério da Agricultura o cálculo do valor final será feito pela estimativa da regressão do número de dias para maturidade das testemunhas pelo grupo de maturidade correspondente, aplicando-se a fórmula de regressão para as linhagens, para obter-se o respectivo grupo. Análises estatísticas A regressão das médias de dias para maturidade para a classificação das variedades nos grupos de maturidade relativa será realizada com o auxílio do do pacote estatístico Genes( CRUZ, 2007). JUSTIFICATIVA DOS RESULTADOS Os resultados dos cálculos para a classificação do grupo de maturidade das cultivares serão apresentados ao final do terceiro ano de plantio, após a safra 2010/2011. REFERÊNCIAS ALLIPRANDINI, L. F. et al. Ganho genético em soja no Estado do Paraná, via melhoramento no período de 1985/86 a 1989/90. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, p.489-497, 1993. 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