19 - CENACON

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NÚMERO: 19
TÍTULO: RELATO DE CASO - Retração palpebral a esclarecer
AUTORES: Nayara Nakamura Hirota¹, Renata Tiemi Kashiwabuchi²
1
Residente do terceiro ano de Oftalmologia– Hospital de Base – Faculdade de Medicina de São José do
Rio Preto – HB FAMERP
²Assistente Ambulatório de Oftalmologia– Hospital de Base – Faculdade de Medicina de São José do Rio
Preto – HB FAMERP
INSTITUIÇÃO: Hospital de Base – Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto – HB FAMERP
RESUMO
Relato de um caso de orbitopatia de graves, com retração discreta de pálpebra superior e
fechamento palpebral incompleto ocasionando defeito epitelial sem infiltrado infeccioso, em uma
paciente de 31 anos portadora de hipertireoidismo controlado. Discutido sobre as diversas formas de
apresentação de orbitopatia de graves, e a importância do diagnóstico.
Descritores: Oftalmopatia de Graves, Doença de Graves, Exoftalmia
INTRODUÇÃO
Orbitopatia de Graves, é uma doença autoimune, caracterizada clinicamente pela presença de
retração palpebral associada a proptose, estrabismo restritivo ou neuropatia óptica¹. A maioria desses
pacientes apresenta alguma disfunção tireoidiana autoimune, com destaque para o hipertireoidismo ou
doença de graves, que ocorre em 90% dos casos, no entanto 7% podem ser hipotireoideos, e 3%
eutireoideos². A retração palpebral superior é o sinal mais comum, e ocorre em 90% dos casos,
conhecido como sinal de Dalrymple, é causado pela hiperatividade do músculo de Muller, dependente
do tônus simpático e do elevador da pálpebra superior. Outros achados clínicos: aumento de
lacrimejamento, sensação de corpo estranho, fotofobia, sensação de pressão ou dor ocular, em casos
mais graves pode ocorrer diminuição da: acuidade visual ou mesmo cegueira; devido neuropatia óptica
compressiva, ou à úlcera de córnea secundária à exposição, por proptose, e retração palpebral¹.
Neste caso, descreveremos uma paciente de 31 anos, com história de úlcera de exposição há 9
meses, portadora de hipertireoidismo controlado segundo endocrinologista.
RELATO DE CASO
Paciente de 31 anos, procedente de Valentim Gentil, manicure. Apresentava história de úlcera
de exposição em olho direito há nove meses, em uso de epitegel e regencel pomada.
Ao exame oftalmológico, apresentava acuidade visual sem correção de conta dedos em olho
direito e 20/20 em olho esquerdo. Biomicroscopia, olho direito apresentava hiperemia ocular, defeito
epitelial inferior sem infiltrado, retração de pálpebra superior com fechamento palpebral incompleto, e
olho esquerdo sem alterações.
Figura 1- Fechamento palpebral incompleto em olho direito
Figura 2- Fechamento completo somente após esforço.
Figura 3- Discreta ponteada semanas após tratamento específico
Considerando o quadro acima, orientamos nova consulta com endocrinologista, mantido
medicações em uso, e prescrito prednisona 60 mg, e oclusão noturna. Após avaliação do
endocrinologista, confirmado Doença de Graves em atividade, e orientada internação por três dias, para
administração de prednisolona e ciclofosfamida EV, com programação de mais 5 ciclos.
Após o tratamento houve melhora da oclusão ocular, com fechamento epitelial completo e
melhora da acuidade visual.
DISCUSSÃO
Este relato nos mostra que quadros de hipertireoidismos não controlados, podem se manifestar
com quadros discretos e não como o aspecto clássico de proptose ou exoftalmo que ocorre em
aproximadamente 60% dos casos, devido ao aumento dos tecidos muscular e adiposos orbitários. Além
de estrabismos restritivos, sendo que 5% podem evoluir com neuropatia óptica por compressão do
nervo óptico, no ápice da órbita¹.
A terapêutica depende da fase da doença, na fase aguda há atividade inflamatória, que pode ser
caracterizada clinicamente por quemose, dor, hiperemia, e lacrimejamento, com tratamento
imunossupressor, e a primeira escolha é a prednisona 1mg/kg/dia, com curta duração e após um mês
deve-se diminuir a dose, na fase sequelar geralmente o tratamento é cirúrgico¹.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1-CRUZ, A.A.V; Akaishi, P.M.S. Órbita, Sistema lacrimal e Oculoplástica. 2013-2014.3°ed.Rio de
Janeiro:Cultura Médica.32-36p
2-MANSO P.G.Manual de Condutas em Oftalmologia – UNIFESP.1°ed.São Paulo: Atheneu.637-641p
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