UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ ELIZABETE SEGURO MORA PRÓTESES AUDITIVAS: SEMPRE EM EVOLUÇÃO CURITIBA 2012 ELIZABETE SEGURO MORA PRÓTESES AUDITIVAS: SEMPRE EM EVOLUÇÃO Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Especialização em Audiologia Clínica: Enfoque prático e ocupacional da Universidade Tuiuti do Paraná – UTP, Campus Barigui, como requisito parcial para a obtenção do grau de Especialista. Orientadora: Dra. Ângela Ribas CURITIBA 2012 AGRADECIMENTO Agradeço ao meu esposo Pedro e minha filha Lorena pelo apoio, carinho e compreensão durante todo o período que dediquei aos meus estudos e por um ideal e uma meta compartilhada também com eles, e por este mergulho não pude dar aos meus dois amados a atenção integral que gostaria de ter dado. Agradeço por terem sido grande companheiros e pelo incentivo durante toda esta jornada. Obrigada! RESUMO A deficiência auditiva tem sido considerada como uma doença gravemente incapacitante cujos efeitos negativos podem ser minimizados através dos recursos disponibilizados pelos fonoaudiólogos que atuam na área de Audiologia e que são os Aparelhos de Amplificação Sonora Individuais (AASI), também conhecidos como Próteses Auditivas e Equipamentos Auxiliares para a Audição. O objetivo deste estudo é informar quais são os aparelhos auditivos disponíveis atualmente, além de fazer um relato minucioso das patologias que podem ocasionar deficiências auditivas e concomitantemente fazer um levantamento dos artigos científicos de língua portuguesa que foram publicados nesta área de estudo nos últimos dez anos. Para tanto a metodologia utilizada para a realização deste trabalho foi a pesquisa bibliográfica. Palavras-chave: Próteses auditivas, audição, fonoaudiologia LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS AASI Aparelhos de Amplificação Sonora Individuais ASHA Academia Americana de Audiologia BAHA Bone anchored Hearing Aid IC Implante Coclear MAE Meato Acústico Externo OI Orelha Interna OM Orelha Média PAIR Perda Auditiva Induzida por Ruído SSD Single Sided Deafness LISTA DE FIGURAS FIGURA 1 – PAVILHÃO AURICULAR ......................................................................11 FIGURA 2 – CAVIDADE TIMPÂNICA E ESTRUTURAS AURICULARES ................12 FIGURA 3 – ORELHA INTERNA ..............................................................................14 FIGURA 4 – PRÓTESE AUDITIVA RETROAURICULAR .........................................40 FIGURA 5 – PRÓTESE AUDITIVA INTRAURICULAR .............................................41 FIGURA 6 – PRÓTESE AUDITIVA INTRACANAL....................................................42 FIGURA 7 – PRÓTESE AUDITIVA PERITIMPÂNICA ..............................................43 FIGURA 8 – IMPLANTE COCLEAR..........................................................................44 FIGURA 9 – PRÓTESE IMPLANTÁVEL DE CONDUÇÃO ÓSSEA ..........................45 SUMÁRIO INTRODUÇÃO .......................................................................................................07 1 O OUVIDO E SUAS ESTRUTURAS......................................................................10 1.1 ORELHA EXTERNA ............................................................................................10 1.2 ORELHA MÉDIA .................................................................................................12 1.3 ORELHA INTERNA .............................................................................................14 2 A DEFICIÊNCIA AUDITIVA....................................................................................16 2.1 CLASSIFICAÇÃO DA DEFICIÊNCIA AUDITIVA .................................................16 2.1.1 Deficiência auditiva genética que ocorre de forma isolada...............................17 2.1.2 Deficiência auditiva congênita associada a outras anormalidades...................18 2.1.3 Anormalidades cromossômicas........................................................................20 2.2 DEFICIÊNCIA AUDITIVA COM MANIFESTAÇÃO TARDIA .................................23 2.2.1 Deficiência auditiva genética de manifestação tardia ocorrendo isolada..........24 2.2.2 Deficiência auditiva genética associada a outras anormalidades.....................26 2.3 DEFICIÊNCIA AUDITIVA NÃO GENÉTICA DE MANIFESTAÇÃO TARDIA.........27 2.3.1 Distúrbios inflamatórios ....................................................................................27 2.3.2 Distúrbios neoplásicos......................................................................................32 2.3.3 Lesões traumáticas ..........................................................................................33 2.3.4 Distúrbios metabólicos .....................................................................................36 3 OS APARELHOS DE AMPLIFICAÇÃO SONORA ................................................38 3.1 BENEFÍCIOS DO APARELHO DE AMPLIF. SON. INDIVID. AASI ......................39 3.1.1 Tipos de próteses .............................................................................................40 3.2 IMPLANTES COCLEARES .................................................................................43 3.3 PRÓTESE IMPLANTÁVEL DE CONDUÇÂO ÓSSEA.........................................44 4 PRÓTESE AUDITIVA E A SATISFAÇÃO DO USUÁRIO .....................................47 4.1 ESTUDOS SOBRE O BENEFÍCIO DO APARELHO AUDITIVO .........................48 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................52 REFERÊNCIAS......................................................................................................54 INTRODUÇÃO Por muitos séculos, a deficiência auditiva tem sido considerada como uma doença gravemente incapacitante. Com o passar do tempo e com a exposição do ouvido a ruídos intensos e vários outros fatores ao longo da vida, como: uso indiscriminado de medicamentos, stress e doenças, todo indivíduo vai perdendo aos poucos sua sensibilidade auditiva, reduzindo, desta forma, sua área de audição. Em grande parte das vezes, as pessoas escutam, mas não entendem o que está sendo dito, principalmente quando estão em ambientes com excesso de ruídos. Quando os sons fortes passam a incomodar, passam a ocorrer zumbidos e dificuldade de perceber sons musicais mais agudos, estes sintomas podem estar acusando uma presbiacusia, ou seja, uma perda auditiva decorrente do processo natural de envelhecimento (RUSSO, 1999). Uma das formas em que os efeitos negativos da deficiência auditiva podem ser minimizados é através dos recursos disponíveis aos fonoaudiólogos que atuam na área de Audiologia e que são os Aparelhos de Amplificação Sonora Individuais (AASI), também conhecidos como Próteses Auditivas e Equipamentos Auxiliares para a Audição. As primeiras próteses auditivas elétricas surgiram no início do século XX e com os avanços da tecnologia elétrica e eletrônica, os aparelhos vêm se tornando cada vez mais potentes, esteticamente adaptados e com um maior número de controles. Essas inovações resultaram em modificações e melhorias na resposta de freqüências básicas dos aparelhos, permitindo uma adequação mais fácil para cada deficiente auditivo de forma particularizada (ALMEIDA E IORIO, 2003). A Organização Mundial de Saúde (OMS) definiu duas importantes conseqüências da deficiência auditiva como sendo: a incapacidade auditiva e o handicap (desvantagem). Na clínica fonoaudiológica tem-se observado crianças e jovens deficientes auditivos que apresentam aumento dos limiares tonais, não decorrentes de comprometimentos da orelha média. Assim, a deterioração da audição residual pode manifestar-se tanto pela elevação gradativa dos limiares como de forma abrupta, causando neles e em suas famílias, grande insegurança e dificuldade de comunicação junto à incerteza gerada pela possibilidade da progressão da perda auditiva (PUPO, 2005). Segundo Bernardi (2003, p. 113), a deficiência auditiva pode comprometer a comunicação e promover o isolamento e o sentimento de insegurança quando “sinais de alerta (buzina/alarme) e/ou telefone e campainha não podem ser percebidos”. Algumas atividades cotidianas que incluem: fazer compras, pedir informações na rua, conversar com amigos, assistir televisão e usar o telefone podem ficar prejudicadas. Para os trabalhadores, a deficiência auditiva adquirida por perda auditiva induzida por ruído (PAIR) “atinge não só a própria pessoa, como seus familiares e amigos, além de poder significar risco de desemprego” (BERNARDI, 2003, p. 113). A deficiência auditiva, por ser um dos distúrbios mais incapacitantes para o idoso e gera uma grande dificuldade no desempenho de seus papéis sociais, pois juntamente com o declínio da audição ocorre uma diminuição na compreensão da fala no idoso, o que compromete sua comunicação com os familiares, amigos e com toda a comunidade que o circunda (RUSSO, 1999). Segundo Russo (1999, p. 62), a incapacidade auditiva se refere às restrições ou falta de habilidade para desempenhar uma atividade considerada normal para os seres humanos, “principalmente com referência à percepção da fala em ambientes ruidosos, televisão, rádio, cinema, teatro, igrejas, sinais sonoros de alerta, música e sons ambientais”. A desvantagem (handicap) no entender de Russo (1999, p. 63) está relacionada aos aspectos não auditivos e é resultante da deficiência e da incapacidade auditivas e que limitam o indivíduo no desempenho adequado de suas atividades cotidianas e comprometem suas relações familiares, sociais e laborais. Esta desvantagem “é grandemente influenciada por idade, sexo e pelos fatores psicossociais, culturais e ambientais”. É importante lembrar que o diagnóstico da perda auditiva está à cargo de um médico otorrinolaringologista, que através da “avaliação otorrinolaringológica e de exames audiológicos irá constatar se a deficiência realmente existe e encaminhar o paciente para o tratamento ideal” (BRAGA, 2003, p. 11). Uma das funções do fonoaudiólogo, ao atender um possível usuário de prótese auditiva, é “ajudá-lo a ouvir melhor, por intermédio da amplificação. Para tanto (...) é importante que o fonoaudiólogo saiba ouvir o paciente, sendo esta a melhor forma de se chegar às informações necessárias para uma adaptação adequada” (BRAGA, 2003, p. 12). Devido a todos os fatores expostos acima que denotam o quanto a deficiência auditiva prejudica a vida cotidiana de seu portador e à possibilidade de que este tenha acesso aos avanços tecnológicos no que se refere aos aparelhos auditivos, aos implantes cocleares e as próteses por condução óssea é que se justifica a elaboração deste estudo, que teve por objetivo levantar a produção científica nos últimos 10 anos, acerca dos benefícios que essas tecnologias podem trazer para aumentar a qualidade de vida do portador de deficiência auditiva. 1. O OUVIDO E SUAS ESTRUTURAS O ouvido, em sua maior porção, está contido no osso temporal e apresenta como funções principais: o equilíbrio e a audição. O equilíbrio é fundamental para que o indivíduo se mantenha em pé, possibilitando assim sua locomoção; e a audição é necessária para que o sujeito possa desenvolver sua linguagem e “realize adequadamente, o processo da comunicação oral” (MOMENSOHN-SANTOS E RUSSO, 2011). O osso temporal localiza-se na face lateral da caixa craniana e em seu interior alojam-se parte da orelha externa, a orelha média e a orelha interna, além de parte do nervo facial, parte do nervo vestíbulo-coclear, porções da artéria carótida interna e o seio sigmóideo com o bulbo da veia jugular. Em sua face externa, apresenta um orifício, o meato acústico externo (MAE) que estabelece a comunicação entre o meio externo e a cavidade timpânica (MOMENSOHN-SANTOS E RUSSO, 2011). 1.1 ORELHA EXTERNA Apenas parte da orelha externa está alojada dentro do osso temporal. A orelha externa é composta pelo pavilhão auricular, pelo meato acústico externo com as porções óssea e cartilaginosa e pela membrana timpânica (MOMENSOHNSANTOS E RUSSO, 2011). O pavilhão auricular (Fig. 01) é constituído por um “apêndice cartilaginoso coberto por pele, situado na face lateral do crânio e sua função é coletar ondas sonoras e afunilá-las para dentro do meato acústico externo” (MOMENSOHN-SANTOS E RUSSO, 2011, p. 14). Figura 01 – Pavilhão auricular Fonte: www.balaatma.files.wordpress.com/2008. O meato acústico externo apresenta como principal função, conduzir o som até a membrana timpânica e serve também como mecanismo de ligação entre a orelha média (mecanismo auditivo) e o meio externo. Em um indivíduo adulto, esta estrutura mede aproximadamente 2,5 cm de comprimento e 6 a 8 mm de diâmetro. É revestido por pele em toda a sua extensão e na sua porção externa, correspondente à parte cartilaginosa, apresenta pêlos e glândulas sebáceas e ceruminosas (MOMENSOHN-SANTOS E RUSSO, 2011). A membrana timpânica está localizada na extremidade interna do meato acústico externo, separando-o da orelha média. È uma estrutura fina, semitransparente e côncava, com a forma de um cone voltado para dentro da orelha média. Mede 1,5 cm de diâmetro aproximadamente e está dividida em: parte tensa (de maior área) e parte flácida (membrana de Schrapnell) que ocupa a parte superior da membrana. A membrana timpânica está fixada de maneira firme à parede do meato acústico externo por um anel de tecido fibroso conhecido como anel timpânico (MOMENSOHN-SANTOS E RUSSO, 2011). 1.2 ORELHA MÉDIA A cavidade timpânica ou orelha média (Fig. 02) é um espaço preenchido por ar, dentro da parte petrosa do osso temporal. Apresenta seis paredes praticamente paralelas que dão a esta cavidade a aparência de um cubo alongado (MOMENSOHN-SANTOS E RUSSO, 2011). Figura 02 – Cavidade timpânica e outras estruturas auriculares Fonte: www.audiologica.com.br/2012 A cadeia ossicular é constituída por três ossículos considerados como sendo os menores ossos do corpo humano, a saber: martelo, bigorna e estribo. De acordo com Momensohn-Santos e Russo (2011, p. 18), “este conjunto encontra-se suspenso e mantido em posição, dentro da cavidade timpânica por uma série de ligamentos muito delgados e por dois músculos, funcionando como uma ponte que liga a membrana timpânica à orelha interna”. Ainda segundo Momensohn-Santos e Russo: A contração reflexa dos músculos da orelha média é a resultante motora da estimulação da membrana timpânica por energia sonora captada pelo pavilhão auricular e transmitida pelo meato acústico externo. Todas as vezes que um fluxo de energia sonora percorre este trajeto, provoca uma mudança na posição e vibração da membrana timpânica. Esta vibração é transmitida à cadeia ossicular que, através do estribo chega á janela do vestíbulo e se transmite aos líquidos da orelha interna. Esta alteração na dinâmica dos líquidos produz uma modificação na posição das estruturas sensoriais (órgão de Corti) que, dessa forma, sofrem modificações no seu potencial bio-elétrico de repouso, e acabam por disparar um impulso nervoso. Se o estímulo nervoso apresentar intensidade superior a 70-90 dB acima do limiar mínimo de audição do indivíduo, um circuito nervoso denominado arco reflexo estapédiococlear, entrará em ação. Este circuito nervoso se inicia com a transmissão do impulso através da orelha externa, orelha média e estruturas sensoriais da orelha interna e nervo vestíbulococlear. Ao atingir o tronco cerebral, um sinal de alerta é disparado e o circuito passa a ativar seu mecanismo de proteção que ocorre com a estimulação do nervo facial (que inerva o músculo estapédio) e que, por sua vez, vai provocar a contração do músculo estapédio e alterar a vibração do estribo na janela do vestíbulo e, dessa forma, prevenir lesões das estruturas da orelha média (OM) e orelha interna (OI) (MOMENSOHN-SANTOS E RUSSO, 2011, p. 20-21). A manutenção da pressão do ar dentro da orelha média em equilíbrio com a pressão do ar na orelha externa “é condição básica para que ocorra uma boa transmissão da onda sonora através das estruturas do sistema tímpano-ossicular”. Alterações neste sistema ou dentro da cavidade timpânica, acarretarão um aumento da impedância acústica e perda de transmissão de energia sonora (MOMENSOHNSANTOS E RUSSO, 2011, p. 22). A tuba auditiva é um canal que estabelece a ligação entre a cavidade timpânica e a nasofaringe e tem entre 35 e 38 mm de comprimento em adultos. É formada por 1/3 de tecido ósseo e 2/3 de tecido cartilaginoso. É inteiramente revestida por epitélio ciliado e tem como função manter o equilíbrio das pressões de ar entre a orelha média e a orelha externa permitindo a renovação do ar da cavidade timpânica cada vez que ocorre a deglutição (MOMENSOHN-SANTOS E RUSSO, 2011). 1.3 ORELHA INTERNA A orelha interna é também chamada de labirinto e está localizada na parte petrosa do osso temporal. È constituída por uma série de cavidades e passagens dentro do osso que dão origem ao chamado “labirinto ósseo”. Na porção anterior do labirinto ósseo encontra-se a cóclea, que possui função auditiva; na porção medial encontra-se o vestíbulo e posteriormente, os canais semicirculares “que possuem a função de detecção e orientação da cabeça no espaço” (MOMENSOHN-SANTOS E RUSSO, 2011, p. 23). O vestíbulo possui uma forma ovóide e 4 mm de diâmetro aproximadamente. Mantém contato com a orelha média através da janela vestibular e apresenta orifícios que correspondem à origem e término dos canais semicirculares (MOMENSOHN-SANTOS E RUSSO, 2011). Os canais semicirculares são dispostos perpendicularmente entre si e possuem comunicação com o vestíbulo. Cada orifício possui uma dilatação próxima a uma de suas entradas no vestíbulo conhecidas como ampolas. O ducto e o saco endolinfático são as estruturas do labirinto membranoso mais relacionados ao equilíbrio interno da pressão do líquido endolinfático (MOMENSOHN-SANTOS E RUSSO, 2011). Figura 03 – Orelha interna Fonte: www.zumbidonosouvido.com.br/2012 A cóclea é uma estrutura semelhante a uma concha de caracol. Tem forma de cone, com uma base medindo 9 mm de largura, 5 mm de altura e 35 mm de comprimento aproximadamente. É formada por duas ou três voltas que circundam o núcleo central chamado de modíolo. A base do modíolo é larga e localiza-se na parte inferior do meato acústico interno. Na parte interna do modíolo encontram-se vasos que irrigam a cóclea, as fibras nervosas do ramo coclear do nervo vesticular-coclear e o gânglio espiral (MOMENSOHN-SANTOS E RUSSO, 2011). Momensohn-Santos e Russo explicam que: O sistema auditivo humano pode ser dividido anatomicamente em duas partes: sistema nervoso auditivo periférico e sistema nervoso auditivo central. A via auditiva periférica é constituída pelas fibras nervosas aferentes e eferentes que chegam e saem do órgão de Corti, pelas células que constituem o gânglio espiral e pelas fibras nervosas que formam o nervo vestíbulo-coclear. As funções do sistema auditivo periférico incluem: recepção, detecção, condução e transdução do sinal acústico em impulsos neuro-elétricos. Já o sistema nervoso auditivo central (constituído pelo tronco encefálico, mesencéfalo e córtex) é composto por fibras nervosas que transportam informações, na forma de potenciais de ação, geradas no ramo coclear do nervo auditivo. As fibras do sistema nervoso auditivo central que transportam as informações em direção ao córtex são chamadas de vias aferentes ou ascendentes. Já as fibras nervosas que são responsáveis pela inibição e excitação de informações em estágios anteriores ao córtex, são denominadas vias eferentes ou descendentes (MOMENSOHN-SANTOS E RUSSO, 2011, p. 29). È importante ressaltar que o sistema nervoso auditivo central desempenha um papel fundamental na aquisição da linguagem e que falhas neste sistema podem interferir na percepção auditiva. Os processos de atenção e memória estão diretamente envolvidos no processamento adequado dos sinais de fala, pois, “a atenção influencia na transmissão do sinal e a memória na análise, classificação, reconhecimento e recomposição da seqüência” (MOMENSOHN-SANTOS E RUSSO, 2011, p. 37). 2. A DEFICIÊNCIA AUDITIVA A deficiência auditiva, por ser um dos distúrbios mais incapacitantes para o idoso e gera uma grande dificuldade no desempenho de seus papéis sociais, pois juntamente com o declínio da audição ocorre uma diminuição na compreensão da fala no idoso, o que compromete sua comunicação com os familiares, amigos e com toda a comunidade que o circunda (RUSSO, 1999). 2.1 CLASSIFICAÇÃO DA DEFICIÊNCIA AUDITIVA Segundo Momensohn-Santos et al. (2011, p. 312), a intenção de se chegar a um diagnóstico mais preciso da deficiência auditiva “levou muitos estudiosos a classificar suas causas, utilizando uma associação de dois ou mais aspectos”: Quanto ao momento em que ocorre pode ser classificada como: • Pré-natal – quando ocorre durante a vida gestacional; • Per-natal – se ocorre durante o nascimento; • Pós-natal – se ocorre após o nascimento. Quanto à origem, as deficiências auditivas podem ser hereditárias ou não- hereditárias. Quanto ao local onde ocorrem podem estar localizadas em três diferentes sistemas, a saber: • Sistema condutivo – se ocorre na orelha externa e/ou média; • Sistema neuro-sensorial – se ocorre na orelha interna e/ou nervo vestíbulo coclear; • Sistema nervoso central – quando ocorre no tronco cerebral e cérebro. Quanto ao grau, a deficiência auditiva pode ser classificada de acordo com os índices da tabela 01. Tabela 01 – Classificação da perda auditiva de acordo com o grau Média Tonal Denominação ≤ 25 dBNA Audição normal 26 – 40 dBNA Perda auditiva de grau leve 41 – 55 dBNA Perda auditiva de grau moderado 56 – 70 dBNA Perda auditiva de grau moderadamente severo 71 – 90 dBNA Perda auditiva de grau severo ≥ 91 dBNA Perda auditiva de grau profundo Fonte: Lloyd e Kaplan (1978). A deficiência auditiva congênita é uma alteração que está presente desde o nascimento e cuja origem pode ser genética ou não. A deficiência auditiva congênita de origem genética é aquela que está presente ao nascimento, mas cuja causa se encontra em alterações cromossômicas que podem ser hereditárias ou não. Podem ocorrer de forma isolada ou em associação com outras anormalidades (síndromes) (MOMENSOHN-SANTOS et al., 2011). 2.1.1 Deficiência auditiva genética que ocorre de forma isolada Malformação Congênita da orelha externa Os problemas congênitos da orelha externa podem ser bem sérios e são descobertos precocemente por serem bem visíveis. A atresia do meato acústico externo pode ser pura (ausência de meato), com pavilhão auricular e orelha média e interna normais. A perda auditiva é condutiva, porém se a orelha interna também estiver comprometida a perda pode ser mista (MOMENSOHN-SANTOS et al., 2011). Aplasia de Michel É uma patologia bastante grave e rara de malformação da orelha interna, caracterizada pela sua ausência total da cóclea e do nervo auditivo. A perda auditiva é neurossensorial em grau profundo (MOMENSOHN-SANTOS et al., 2011). Aplasia de Mondini Apresenta desenvolvimento incompleto da cóclea, podendo comprometer ou não as estruturas vestibulares. Este tipo de malformação pode ser uni ou bilateral, mas há sempre alguma alteração em ambas as orelhas, além dos pacientes apresentarem perda auditiva flutuante e progressiva, com comprometimento do equilíbrio (MOMENSOHN-SANTOS et al., 2011). Aplasia de Scheibe Malformação da porção membranosa da cóclea e do sáculo. Comum na deficiência auditiva hereditária congênita e os pacientes podem apresentar audição residual nas freqüências baixas já que é acometida a porção mais basal da cóclea, tornando, desta forma, a amplificação auditiva viável (MOMENSOHNSANTOS et al., 2011). Aplasia de Alexander Esta patologia é caracterizada pela ausência do ducto coclear e a audiometria mostra perda auditiva nas freqüências altas, pois o órgão de Corti e as células ganglionares adjacentes da espiral basal são as mais afetadas (MOMENSOHN-SANTOS et al., 2011). 2.1.2 Deficiência auditiva congênita associada a outras anormalidades Síndrome do Albinismo É caracterizada por ser hereditária dominante ou autossômica recessiva ou por estar ligada ao sexo. A deficiência auditiva, quando está associada com o albinismo, é bilateral e severa (MOMENSOHN-SANTOS et al., 2011). Síndrome de Albers-Schönberg A perda auditiva encontrada nestes casos é a de tipo neurossensorial. Apresenta grau moderado progressivo podendo estar associada a problemas condutivos ou mistos (MOMENSOHN-SANTOS et al., 2011). Síndrome de Waardenburg Em alguns casos, a deficiência auditiva ocorre tardiamente, ou seja, ao longo do desenvolvimento. Ocorre a perda auditiva neurossensorial congênita. O grau da perda auditiva pode variar de moderada com preservação das freqüências agudas até profunda. Alguns autores acrescentam que as anomalias vestibulares podem trazer problemas de equilíbrio (MOMENSOHN-SANTOS et al., 2011). Hiperpigmentação Caracterizado por áreas hiperpigmentadas da pele associada à deficiência auditiva neurossensorial de grau severo (MOMENSOHN-SANTOS et al., 2011). Onicodistrofia Caracteriza-se por perda auditiva severa e preponderante nas freqüências altas. Crianças são mais afetadas por esta patologia (MOMENSOHNSANTOS et al., 2011). Síndrome de Pendred (Bócio não endêmico) Cerca de 10% das deficiências auditivas de origem hereditárias recessiva tem origem nesta síndrome, que é caracterizada pela presença de distúrbio de metabolismo para iodina e que resulta no aumento do tamanho da tireóide (bócio) e, geralmente, ocorre na adolescência. Os indivíduos afetados, muitas vezes, nascem surdos (MOMENSOHN-SANTOS et al., 2011). Síndrome de Jervell Alteração hereditária recessiva que apresenta complicações cardíacas funcionais que podem levar à morte súbita associada com perda auditiva bilateral neurossensorial profunda ou até mesmo anacusia (MOMENSOHN-SANTOS et al., 2011). Síndrome de Usher Esta anomalia apresenta como características principais: problemas visuais e perda auditiva bilateral de grau variando de moderado à severo (MOMENSOHN-SANTOS et al., 2011). Síndrome de Treacher-Collins (disostose mandíbulo-facial) Esta síndrome apresenta anormalidades dos ossos faciais, ossos malares afundados, malformação da orelha externa e média, implantação baixa do pavilhão auricular e fissura palatina. A perda auditiva e do tipo condutiva horizontal de grau moderado devido à má formação da orelha externa e média. Podem ocorrer perdas com comprometimento neurossensorial, considerando que há possibilidade de alterações também na orelha interna (MOMENSOHN-SANTOS et al., 2011). 2.1.3 Anormalidades cromossômicas Trissomia 13-15 Esta anormalidade cromossômica é caracterizada pelos seguintes sinais: microftalmia, fissura lábio-palatal, polidactilia e perda auditiva. Em geral este quadro “está associado à gestação da mulher mais velha e muitas crianças morrem em torno dos 3 anos de vida” (MOMENSOHN-SANTOS et al., 2011, p. 322). Trissomia 18 Neste caso de anormalidade cromossômica, os defeitos já estão presentes por ocasião do nascimento. Alguns sinais são: hidrocefalia, pélvis pequena, cardiopatias congênitas, anomalias renais, fissura lábio-palatal, deformação do pavilhão auricular e deficiência mental grave (MOMENSOHNSANTOS et al., 2011). 2.1.4 Deficiência auditiva congênita de origem não genética Quando os distúrbios auditivos estão presentes no nascimento, mas são causados durante a gestação ou mesmo durante o parto, são chamados de “deficiência auditiva congênita de origem não genética e pode ocorrer de forma isolada ou associada a outros sinais” (MOMENSOHN-SANTOS et al., 2011, p. 322). Ototoxidades As substâncias que provocam efeitos nocivos à audição são denominadas ototóxicas. As ototoxidades são afecções iatrogênicas prococadas por drogas medicamentosas que alteram a orelha interna. Segundo Oliveira (1989), essas drogas podem afetar o sistema coclear, o sistema vestibular ou ambos. Os principais agentes ototóxicos são: • Químicos: monóxido de carbono, mercúrio, tabaco, ouro, arsênico e álcool; • Antibióticos: estreptomicina, neomicina, gentamicina, viomicina, farmacetina, cloranfenicol, dihidroestreptomicina, kanamicina, vancomicina, polimixina B; • Diuréticos: ácido etacrínico, furisemide; • Diversos: salicilatos, quininos, etc. De acordo com Momensohn-Santos et al. (2011), os antibióticos ototóxicos mais utilizados para recém-nascidos com infecções graves nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) neo-natais, são os aminoglicosídeos, porque apesar de seus efeitos altamente nocivos são as mais eficazes contra infecções graves no trato respiratório, principalmente nas pneumonias. Segundo Carchedi-Roxo: A perda induzida por ototóxicos apresenta um padrão de transmissão genética, onde os descendentes maternos seriam os acometidos por tais características. Em outras palavras, os ototóxicos podem prejudicar a audição do bebê quando a mãe ingere ototóxicos durante a gestação ou quando esta mãe, em algum momento da vida se utilizou ou ficou exposta a ototóxicos que foram responsáveis por uma mutação em sua carga genética (CARCHEDI-ROXO, 2003 apud MOMENSOHN-SANTOS et al., 2011, p. 323). O padrão audiológico geral das ototoxidades pode ser descrito pelos seguintes sinais (MOMENSOHN-SANTOS et al., 2011).: • Lesão coclear bilateral simétrica ou unilateral; • Perda auditiva de início rápido ou progressivo; • O grau da perda auditiva depende da concentração de ototóxicos utilizado; • Zumbido; • Vertigem. Rubéola Congênita Quando a mãe é contaminada no primeiro trimestre de gestação a probabilidade é maior desta criança apresentar uma deficiência auditiva. O padrão audiológico geral apresenta perda auditiva neuro-sensorial de grau severo a profundo e curva audiométrica horizontal caindo gradativamente nas altas freqüências (MOMENSOHN-SANTOS et al., 2011). Sífilis congênita A sífilis congênita é uma infecção intra-uterina decorrente da sífilis materna. A infecção do feto ocorre através da placenta do quarto mês de gestação em diante. Muitos bebês infectados morrem durante o nascimento. Alguns dos sinais da doença são observados através de malformações dos dentes e mudanças nas formações ósseas do crânio e face. O padrão audiológico geral apresenta perda neuro-sensorial, bilateral e simétrica com grau variando entre severo e profundo (MOMENSOHN-SANTOS et al., 2011). Distúrbios metabólitos Um distúrbio da tireóide conhecido como cretinismo endêmico pode estar associado à deficiência auditiva. Pode ser causado por deficiência na produção de iodina ou ainda, por fatores genéticos. O padrão audiológico geral é uma deficiência auditiva do tipo misto e atinge estruturas do sistema condutivo e neurosensorial (MOMENSOHN-SANTOS et al., 2011). Eritroblastose fetal É uma patologia decorrente do fator Rh, quando o feto é Rh+ e a mãe Rh-. Quando a patologia atinge o cérebro é chamada de Kernicterus. É importante lembrar que se o tratamento clínico for iniciado em tempo, as conseqüências poderão não se manifestar, mas no caso de se manifestarem e haver comprometimento auditivo, o padrão audiológico geral pode apresentar perda auditiva bilateral neuro-sensorial severa descendente (MOMENSOHN-SANTOS et al., 2011). Radiação Quando a mãe é exposta a raios-X, principalmente no primeiro trimestre de gravidez, o feto pode ter suas estruturas nervosas lesadas. Em casos assim, a criança pode apresentar um quadro de deficiência auditiva, deficiência mental, entre outros (MOMENSOHN-SANTOS et al., 2011). Prematuridade, trauma no parto e anoxia A deficiência auditiva pode ocorrer de forma isolada e ter como causa fatores diferentes, a saber: prematuridade, baixo peso, trabalho de parto prolongado, explusão muito rápida, anorexia, hipoxia, subnutrição, fórceps, etc. O padrão audiológico detectado nestes casos pode apresentar perda auditiva bilateral, simétrica e mais severa nas frequências altas (MOMENSOHN-SANTOS et al., 2011). 2.2 DEFICIÊNCIA AUDITIVA COM MANIFESTAÇÃO TARDIA Segundo Momensohn-Santos et al. (2011, p. 328), esse tipo de distúrbio “ocorre após o nascimento, podendo ser causado por alterações genéticas ou não. Pode manifestar-se de forma isolada ou associada a outras anormalidades”. 2.2.1 Deficiência auditiva genética de manifestação tardia ocorrendo isolada Deficiência auditiva familiar progressiva Pode ser confundida com outros tipos de lesões neurossensoriais e, desta forma, o diagnóstico está relacionado à incidência do problema na família. O padrão audiológico geral pode apresentar perda auditiva nas freqüências altas ou uma curva horizontal. A manifestação ocorre durante a infância ou no início da vida adulta e pode ser bilateral e progressiva (MOMENSOHN-SANTOS et al., 2011). Otosclerose Doença localizada no labirinto ósseo e que significa, literalmente, endurecimento do osso da orelha. De acordo com Ballantyne (1995 apud MOMENSOHN-SANTOS et al. 2011, p. 328), a otosclerose “consiste em uma susbstituição local do osso normal, duro, maduro, por um osso mole, esponjoso, imaturo, com perda de cálcio e o local mais comum de origem é no promontório, imediatamente na frente da janela oval”. Entre os sintomas da doença, enfatiza-se uma perda auditiva progressiva e condutiva, acompanhado ou não por zumbido, vertigem e maior facilidade para ouvir em ambientes ruidosos (Paracusia de Willis). O padrão audiológico geral mostra perda auditiva condutiva, inicialmente nas freqüências baixas e com sua evolução ocorre a perda em todas as freqüências, comprometendo a via óssea e as freqüências altas. O índice de reconhecimento da fala (IRF) sofre com o rebaixamento dos limiares de via óssea e, assim, o desempenho de IRF também vai ficando comprometido (MOMENSOHN-SANTOS et al., 2011). Jerger e Jerger J (1989) explicam que na imitanciometria podem ser encontrados timpanogramas tipo Ar ou tipo A, com ausência de reflexos acústicos. Na fase inicial da otosclerose, poderá haver presença de reflexos acústicos em níveis relativamente normais ou levemente elevados. Nestes casos, pode haver uma deflexão negativa atípica na retirada do sinal desencadeador do reflexo, que parece caracterizar a fixação da cadeia ossicular. Presbiacusia Esta patologia representa a perda progressiva da capacidade auditiva em função da idade. Pode ter início em qualquer momento da vida, mas costuma ocorrer a partir dos 60 anos de idade na maior parte dos indivíduos afetados (MOMENSOHN-SANTOS et al., 2011). Segundo Novak e Glorig (1989 apud MOMENSOHN-SANTOS et al., 2011, p. 329), o envelhecimento da orelha humana é “o resultado da soma de vários fatores extrínsecos, ou seja, exposição a ruídos ocupacionais e não ocupacionais, nutrição, estresse, uso de medicamentos, juntamente aos fatores hereditários”. A presbiacusia é caracterizada por uma perda auditiva bilateral, progressiva, mais acentuada nas freqüências altas, o que torna, segundo Russo (1988) a percepção dos sons das consoantes bastante difícil, o que vem a prejudicar a inteligibilidade das palavras, ou seja, o indivíduo ouve, mas não entende o que está sendo dito. O envelhecimento da orelha para efeitos de classificação da presbiacusia é dividido, de acordo com Schuknecht (1964) em quatro categorias. A saber: • Sensorial – causada por atrofia do Órgão de Corti, e, em alguns casos, por atrofia do nervo coclear e da espira basal da cóclea, movendo-se até seu ápice e geralmente demonstra maior perda nas freqüências altas; • Neural – resulta da perda de fibras nervosas ou de células do sistema nervoso central. A curva audiométrica nem sempre pode justificar a dificuldade de reconhecimento da fala muito presente nestes indivíduos; • Metabólica – provocada pela atrofia da estria vascular e por alterações nos processos bioelétricos e/ou bioquímicos envolvidos nos mecanismos da orelha interna; • Mecânica – atribuída à diminuição da elasticidade da membrana basilar, devido à rigidez das estruturas de sustentação do ducto coclear. As características audiológicas da presbiacusia apresentam perda neuro- sensorial bilateral e progressiva e os resultados de IRF podem variar muito, dependendo do local da lesão. O recrutamento é uma alteração que pode acompanhar a presbiacusia. Os reflexos acústicos podem estar presentes ou ausentes quando ocorre recrutamento. O TDT é geralmente negativo e Békèsy do tipo I, II ou IV dependem do tipo de presbiacusia que o sujeito apresenta (MOMENSOHN-SANTOS et al., 2011). 2.2.2 Deficiência auditiva genética associada a outras anormalidades Síndrome de Alport Descrita em 1927, o principal sintoma desta síndrome é um distúrbio renal acompanhado de perda auditiva neurossensorial progressiva. Geralmente os indivíduos do gênero masculino são mais afetados que os do gênero feminino (MOMENSOHN-SANTOS et al., 2011). Síndrome de Hurler Distúrbio que se inicia na infância com deficiência esquelétrica, mental, cegueira e deficiência auditiva neurossensorial profunda. As orelhas tem implantação baixa e, em geral, este quadro é fatal (MOMENSOHN-SANTOS et al., 2011). Síndrome de Klipell-Feil Descrita em 1969 por defeitos esqueléticos, disfunção vestibular e deficiência auditiva profunda (MOMENSOHN-SANTOS et al., 2011). Síndrome de Refsum Caracterizada por um quadro de deficiência auditiva associada a ritinite pigmentosa, ictiose, polineuropatia e ataxia (MOMENSOHN-SANTOS et al., 2011). Síndrome de Alstrom Caracteriza-se por distúrbios visuais nos primeiros anos de vida e a partir dos dez anos se iniciam os sintomas de deficiência auditiva (MOMENSOHNSANTOS et al., 2011). Síndrome de Paget É chamada também pelo nome de osteíte deformante e se caracteriza por deformidades esqueléticas do crânio e dos ossos longos das pernas. Pode gerar problemas auditivos condutivos ou neurossensoriais, dependendo do local ode ocorre a deformidade óssea (MOMENSOHN-SANTOS et al., 2011). Síndrome de Richards-Rundell Apresenta entre suas principais características a deficiência mental, ataxia, desordens do sistema nervoso e deficiência auditiva neurossensorial congênita (MOMENSOHN-SANTOS et al., 2011). Síndrome de Von Recklinghausen Esta síndrome é uma forma de neurofibromatose e inclui tumores do nervo acústico em ambas orelhas (MOMENSOHN-SANTOS et al., 2011). Síndrome de Crouzon A disostose craniofacial apresenta como características a cabeça com forma anormal com proeminência central da região frontal e nariz em formato de bico, exoftalmia devido ao fechamento precoce das suturas do crânio. Muitas vezes são encontrados casos com deficiência auditiva, fissura palatina e úvula bífida (MOMENSOHN-SANTOS et al., 2011). 2.3 ALTERAÇÃO AUDITIVA NÃO GENÉTICA DE MANIFESTAÇÃO TARDIA 2.3.1 Distúrbios inflamatórios Otite externa Muitas vezes, uma infecção bacteriana da pele do meato acústico externo pode ser confundida com uma infecção por fungos e vir a causar uma perda auditiva condutiva. Em geral ocorre vermelhidão na pele, um pouco de edema e uma pequena quantidade de secreção. Nestes casos não ocorre perda auditiva. Quando a otite externa está acompanhada por uma discreta descamação da pele do meato acústico que se apresenta seco e pouco edemaciado, o padrão audiológico geral não causa efeitos audiológicos (MOMENSOHN-SANTOS et al., 2011). Otite média A otite média está relacionada a um acúmulo de fluido dentro do espaço da orelha média e a doença resulta da inflamação do revestimento mucoperiostal da cavidade da orelha média. A otite média pode ser classificada de três formas: otite média aguda, otite média serosa e otite média crônica. Estas três formas de otite podem se apresentar: sem efusão, com efusão serosa, com efusão mucosa ou purulenta e com perfuração timpânica (MOMENSOHN-SANTOS et al., 2011). A otite média aguda ocorre devido à propagação de infecções das vias aéreas superiores através da tuba auditiva para a cavidade da orelha média. Os sintomas aparecem repentinamente, com otalgia intensa, febre, inchaço, diminuição da mobilidade e cor da membrana timpânica, podendo ocorrer uma efusão purulenta, serosa ou mucosa. O padrão audiológico geral é a perda auditiva condutiva, geralmente bilateral, que pode continuar ou não após a infecção ser eliminada. O grau da perda está geralmente entre 20 e 40 dB, porém a audição pode ser normal ou com perda auditiva quando for maior que 40 dB. A curva audiométrica pode variar com o progresso da doença, ocorrendo inicialmente uma perda maior na região das freqüências altas e a curva poderá tornar-se horizontalizada. A timpanometria pode revelar curvas anormais, com pico deslocado para pressões negativas (fase inicial) ou ausência de pico (presença de líquido na orelha média). As medidas de complacência estática podem estar diminuídas e os reflexos acústicos, ausentes (MOMENSOHN-SANTOS et al., 2011). A otite média serosa é a causa mais comum de perda condutiva em crianças e muitas vezes é causada por má ventilação da orelha média decorrente de uma disfunção da tuba auditiva por alergias e infecções. Este tipo de patologia se refere a qualquer condição em que o líquido esteja presente atrás da membrana timpânica e esta se encontre retraída. O aparecimento da otite média pode ser agudo ou insidioso, se for agudo por ser acompanhado de otalgia, perda auditiva e ruptura da membrana timpânica, mas, se o surgimento for insidioso, os sintomas podem incluir perda de audição, sensação de plenitude auricular, zumbido contínuo ou pulsátil de tom grave, sons de estalo ou crepitação dentro da orelha, frio e febre, podendo ocorrer autofonia. A otite média serosa pode ser recalcitrante ao tratamento médico e quando ocorre dor é, em geral, intermitente e pouco intensa. Quanto ao padrão audiológico geral, o exame audiológico mostra hipoacusia leve a moderada (25 a 45 dBNA), em geral bilateral. Testes de LRF e IRF estão dentro dos padrões normais e a timpanometria apresenta curva tipo B e os reflexos acústicos podem estar ausentes (MOMENSOHN-SANTOS et al., 2011). Otite média crônica e otite média crônica supurativa estão geralmente associadas à perfuração da membrana timpânica e a alterações mucosas e/ou ósseas do conteúdo da orelha média. A otite média crônica simples (OMC simples) é caracterizada por ser uma forma clínica mais branda e menos perigosa, apresenta uma secreção auricular em geral mucóide, hialina ou amarelada e inodora. As lesões neste tipo de otite são do tipo inflamatório nos períodos secretores, podendo chegar à normalidade quando ocorre uma remissão completa. A otite crônica supurativa (OMC supurativa) a secreção encontrada é do tipo mucupurulenta ou totalmente purulenta, amarela ou amarelo-esverdeada, de cheiro forte ou até mesmo fétido. As alterações mucosas nesse tipo de otite são do tipo fibrosas, granulosas e polipóide. Quanto ao padrão audiológico geral, as perdas auditivas na OMC dependem essencialmente do tipo e do grau do comprometimento da membrana timpânica e da cadeia ossicular (MOMENSOHN-SANTOS et al., 2011). Colesteatoma É uma massa cística que pode ocorrer dentro da orelha média e de outras áreas pneumatizadas do osso temporal que podem desenvolver-se como algum tipo de complicação de infecções crônicas ou recorrentes da orelha média. Este tipo de formação pode estar acompanhada por retração ou perfuração da membrana timpânica. O padrão audiológico geral prevê perda auditiva condutiva progressiva com grau variável dependendo da localização e do tamanho do colesteatoma (MOMENSOHN-SANTOS et al., 2011). Labirintite Também conhecida como otite interna e que pode ser definida como uma inflamação ou infecção do labirinto. Seus principais sintomas são crises de vertigem e perda auditiva (MOMENSOHN-SANTOS et al., 2011). Caxumba Infecção vital que pode trazer sérias lesões à orelha interna e é adquirida principalmente no período intra-uterino de vida. Sua maior incidência é na população com mais de 11 de vida e os primeiros sintomas são: perda auditiva súbita, unilateral que pode variar de uma deficiência leve nas freqüências altas até uma perda profunda, e que pode estar associada à náusea, vômito e vertigem. Esta patologia é uma das causas mais comuns de surdez neurossensorial unilateral adquirida em crianças e o padrão audiológico geral envolve o índice de reconhecimento da fala (IRF) compatível com o grau da perda, não podendo ser testado quando a perda for profunda. Lateralisa a melhor orelha, Békèsy do tipo II ou III. SISI com resultados entre 60 a 100% se a lesão for coclear e de 0 a 20% se a lesão for retrococlear. Se a lesão for coclear o recrutamento pode estar presente. A perda auditiva neuro-sensorial é profunda e geralmente unilateral (MOMENSOHNSANTOS et al., 2011). Sarampo A deficiência auditiva causada pelo sarampo pode ser decorrente de três mecanismos. Uma possibilidade é a orelha interna ser invadida através da corrente sanguínea ou através do sistema nervoso central. Também pode ser a origem de uma otite média supurativa necrosante, que caso evolua, pode causar uma labirintite purulenta com possibilidade de destruir a orelha interna. As características audiológicas geralmente são: perda auditiva, geralmente bilateral, de grau severo a profundo; índice de reconhecimento da fala bastante alterado, estando entre 50 e 80%; timpanometria do tipo A; reflexos acústicos normalmente ausentes; Békèsy do tipo I ou II; e o recrutamento pode estar presente (MOMENSOHNSANTOS et al., 2011). Herpes Zoster Oticus Esta patologia se caracteriza por ser uma infecção viral inflamatória temporária que é geralmente caracterizada por erupções herpéticas na pele. A erupção da pele ocorre dentro do conduto auditivo externo e/ou porções da orelha, podendo ser acompanhada por otalgia, perda auditiva e paralisia facial. O indivíduo infectado apresenta sintomas que incluem: perda auditiva súbita acompanhada de zumbido, náuseas, vômito, paralisia facial e tontura. O padrão audiológico geral mostra perda auditiva neuro-sensorial unilateral, o grau da perda pode variar de leve a profundo, com perda maior na região das freqüências baixas e médias. À medida que diminui a infecção a perda auditiva pode ser recuperada. Os valores de IRF apresentam-se de acordo com o grau de perda auditiva. Os resultados imitanciométricos mostram timpanograma do tipo A, com complacência estática normal e reflexos acústicos que dependem do grau da lesão (MOMENSOHNSANTOS et al., 2011). Meningite A meningite bacteriana pode ocasionar uma deficiência auditiva neurossensorial severa. O percurso feito por essa lesão até a orelha interna pode passar pela corrente sanguínea, o nervo auditivo ou os líquidos da orelha interna e média. A perda auditiva pode ocorrer no início da meningite com sintomas de vertigem e grande sensibilidade a ruídos. O padrão audiológico geral mostra deficiência auditiva neuro-sensorial de severa a profunda; IRF rebaixado, ou seja, menor que 60%; timpanometria do tipo A normal; reflexos acústicos podem estar presentes indicando a redução no campo dinâmico de audição, ou seja, diferença entre o limiar mínimo e máximo de audição; Békèsy tipo I ou II; recrutamento pode estar; e TDT apresenta resultados normais (MOMENSOHN-SANTOS et al., 2011). Sífilis adquirida A deficiência auditiva pode estar associada à sífilis adquirida e se caracteriza pelo aparecimento súbito da perda auditiva neurossensorial assimétrica e flutuante de evolução rápida em semanas ou meses. O zumbido e os sintomas vestibulares são sintomas que podem estar associados ao quadro (MOMENSOHNSANTOS et al., 2011). Ototoxidade adquirida Os ototóxicos podem lesar a orelha interna do indivíduo quando ingeridos em qualquer período da vida. Os principais aspectos desencadeantes poderiam incluir: o nível de concentração da droga na corrente sanguínea, o uso de ototóxicos em fase anterior, a função renal, a idade do sujeito e a existência de uma perda auditiva prévia. O padrão audiológico geral mostra perda auditiva neurosensorial bilateral temporária ou permanente, atingindo mais as freqüências altas; IRF será mais afetado quando a perda for mais intensa e mais extensa; Békèsy tipo I e II; SISI, Fowler e Reger podem estar positivos; o teste de pesquisa da adaptação é negativo na maior parte dos casos; timpanometria tipo A; e reflexos acústicos podem estar presentes, mostrando redução do campo dinâmico (MOMENSOHN-SANTOS et al., 2011). 2.3.2 Distúrbios neoplásicos Tumores do glômus jugular Dentro do osso temporal, os corpos glômicos jugulares têm sido achados no topo do golfo da jugular, bem abaixo da parede inferior da orelha média. As neoplasias podem se originar em duas áreas, a saber: na cavidade da orelha média e na região do golfo da jugular. À medida que os tumores aumentam de tamanho, envolvem o processo mastóideo, a cóclea, o nervo facial, a fossa posterior e/ou meato acústico externo. Os sintomas que caracterizam a neoplasia na orelha média incluem: zumbido pulsátil, perda auditiva condutiva e algumas vezes, paralisia facial. Nas neoplasias bulbo jugular podem estar envolvidos os nervos cranianos do nono até o décimo segundo. O padrão audiológico geral pode mostrar uma perda auditiva neuro-sensorial, mista ou condutiva de grau variável e os resultados imitanciométricos podem variar dependendo da natureza e extensão da lesão (MOMENSOHN-SANTOS et al., 2011). Neurinoma do Acústico Tumores que se originam da bainha neurilemal, bainha de Schwan e do VIII nervo. De 55 a 65% dos pacientes acometidos são do sexo feminino e em 95% dos casos o tumor é unilateral. A perda auditiva é acompanhada de um zumbido e outros sintomas como tonturas, sensação de pressão ou plenitude na orelha e sintomas labirínticos, também podem ocorrer. No padrão audiológico geral, os resultados para tom puro mostram uma perda neuro-sensorial unilateral com curva audiométrica descendente o que implica em maior perda nas freqüências altas. Os valores de IRF podem estar desproporcionalmente reduzidos em relação ao grau da perda da sensitividade para tom puro. Os resultados imitanciométricos mostram timpanogramas tipo A (normais) e os limiares do reflexo acústico elevados ou ausentes (MOMENSOHN-SANTOS et al., 2011). 2.3.3 Lesões traumáticas Perfuração da membrana timpânica Perfurações da membrana timpânica podem ocorrer por diferentes razões como: uma pancada na lateral da cabeça, queda repentina na pressão aérea e problemas na orelha como uma otite média aguda. O padrão audiológico geral mostra que a pouca vibração da membrana timpânica pode causar uma perda auditiva condutiva, mas o grau da perda auditiva é variável e depende do tamanho e da localização da perfuração timpânica (MOMENSOHN-SANTOS et al., 2011). Trauma por lesão óssea afetando a orelha interna Traumas no sistema auditivo interno podem ser causados por complicações de traumatismo craniano, meningite, colesteatoma e mastoidite. Pode ocorrer uma proliferação do tecido fibroso dentro da orelha interna, degeneração das células ciliadas e neurônios cocleares, hemorragia e rompimento das fibras do oitavo nervo. Pode ocorrer paralisia do nervo facial temporária ou permanente, zumbido, tonturas e vômito. O padrão audiológico mostra perda auditiva neuro-sensorial cujo grau varia de leve a profundo podendo ser uni ou biliateral. O IRF varia de acordo com a gravidade e a localização da alteração auditiva. A timpanometria é do tipo A e os reflexos acústicos variam de acordo com o grau da perda de sensitividade (MOMENSOHN-SANTOS et al., 2011). Trauma por lesão óssea na orelha externa e/ou média Este tipo de trauma ao sistema auditivo pode ser resultante de pancadas diretas e golpes penetrantes na cabeça e de mudanças súbitas e severas na pressão atmosférica. Otologicamente, fraturas do osso temporal podem ser longitudinais e transversais. Os sintomas mais usuais de fraturas longitudinais incluem: laceração da membrana timpânica e sangramento do conduto auditivo externo. Já as fraturas transversais do osso temporal atingem horizontalmente a pirâmide petrosa do osso temporal. Em alguns casos, a linha de fratura pode se estender até a cápsula ótica e até o canal auditivo interno (MOMENSOHN-SANTOS et al., 2011). Em golpes que penetram a cabeça, objetos perfurantes podem ferir diretamente o sistema auditivo externo e perfurar a membrana timpânica, além de deslocar a cadeia ossicular e introduzir substâncias estranhas dentro das cavidades da orelha média (MOMENSOHN-SANTOS et al., 2011). O barotrauma é decorrente de falha da tuba auditiva no processo de abertura, permitindo, desta forma, a equalização da pressão da orelha média com a pressão atmosférica (MOMENSOHN-SANTOS et al., 2011). O padrão audiológico geral em pacientes com fraturas longitudinais, geralmente apresentam perda auditiva condutiva ou mista. Já nos que apresentam fraturas transversais, a perda auditiva pode ser neuro-sensorial. Nas alterações condutivas, a perda, na maior parte das vezes é unilateral. Em pacientes com comprometimento da orelha média, os valores de inteligibilidade máxima da fala estão tipicamente dentro dos limites normais, variando de acordo com a gravidade da lesão. Os resultados da timpanometria e medidas de complacência estática estão tipicamente anormais em pacientes com comprometimento da orelha média e os resultados do reflexo acústico variam dependendo tanto da localização da lesão como do grau de perda da sensibilidade (MOMENSOHN-SANTOS et al., 2011). Descontinuidade da cadeia ossicular Esta patologia refere-se à disjunção da articulação normal entre o martelo, a bigorna e o estribo. Pode ser resultante de defeitos congênitos, traumatismo craniano e doenças da orelha média. Um dos sintomas característicos é a sensação de perda auditiva. O padrão audiológico geral mostra perda auditiva de grau variando entre 40 e 60dB e configuração audiométrica geralmente horizontal. O IRF mostra-se dentro dos limites normais. Na imitanciometria o timpanograma pode estar anormalmente alto, tipo Ad, com complacência estática muito acima da faixa normal e os reflexos acústicos estão ausentes (MOMENSOHN-SANTOS et al., 2011). Trauma acústico Perda súbita da audição causada por uma única e breve exposição ao som muito intenso. A membrana timpânica pode se romper, a cadeia ossicular pode ser deslocada e o Órgão de Corti pode ser lesado. Nos primeiros dias, o paciente4 com trauma acústico pode apresentar zumbido e sensação de plenitude auricular. O padrão audiológico geral é de perda auditiva neuro-sensorial, geralmente unilateral ou assimétrica, com limiares normais de 250 a 2000 Hz e queda abrupta em 3000, 4000 e/ou 6000 Hz com recuperação em 8000 Hz. O limiar de reconhecimento da fala (LRF) está próximo à média das freqüências da fala e o IRF é pouco afetado. Timpanometria tipo A, quando acometer somente orelha interna. Reflexos acústicos presentes, demonstrando redução do campo dinâmico nas freqüências altas. SISI, Fowler e Reger indicando recrutamento e lesão coclear. TDT com adaptação normal e Békèsy tipo II (MOMENSOHN-SANTOS et al., 2011). Perda auditiva Induzida por níveis elevados de pressão sonora – PAINEPS Doença crônica e irreversível da audição causada pela agressão às células ciliadas do Órgão de Corti, decorrente de exposição sistemática e prolongada a ruídos cuja pressão sonora sejam elevados. A progressão da perda ocorre com a persistência à exposição, pois caso o indivíduo seja retirado da influência sonora nociva, a perda instalada se estabiliza (MOMENSOHN-SANTOS et al., 2011). Os primeiros sintomas são zumbido e intolerância a sons fortes, devido à lesão coclear. O comprometimento na comunicação aparece mais tarde quando são atingidas as freqüências de 3000 a 500 Hz. O padrão audiológico geral mostra perda auditiva neuro-sensorial bilateral atingindo inicialmente as freqüências de 3000, 4000 e 6000 Hz, com recuperação em 8000 Hz. LRF próximo da média das freqüências da fala e IRF inicialmente um pouco afetado devido ao limiares de 500 a 2000 Hz estarem mais preservados, mas pode se alterar com a evolução do caso. Timpanometria do tipo A. Reflexos acústicos presentes dependendo do limiar aéreo ou da presença de recrutamento. SISI , Fowler e Reger podem indicar recutamento e lesão coclear. Békèsy do tipo I e II (MOMENSOHN-SANTOS et al., 2011). 2.3.4 Distúrbios metabólicos Doença de Meniére (hidropsia labiríntica) Doença caracterizada por sintomas súbitos como: vertigens, zumbido e perda auditiva. Com o progresso da doença a perda se torna permanente estando associada a desconforto frente a sons fortes (recrutamento), sensação de oclusão e dificuldade em compreender as palavras. As crises vertiginosas podem ser precedidas de zumbido e acompanhadas de náuseas, vômitos e sudorese. Além das causas metabólicas, existe a possibilidade de outros agentes etiológicos estarem envolvidos, tais como: processos alérgicos e processos vasculares. A maior incidência da doença é entre os 30 e 60 anos com predominância para o sexo masculino. Na maioria dos casos é unilateral comprometendo tanto a função coclear como a vestibular. O padrão audiológico geral mostra perda neuro-sensorial, com perda auditiva nas freqüências mais baixas na fase inicial. IRF abaixo de 90%, compatível com o grau de perda e timpanometria do tipo A. Reflexos acústicos presentes indicando a presença de recrutamento. Békèsy do tipo II, Fowler e SISI mostrando presença de recrutamento e TDT com adaptação normal (MOMENSOHN-SANTOS et al., 2011). Perda auditiva neurossensorial súbita – idiopática Refere-se a uma perda de audição abrupta ou em poucos dias sem causa estabelecida. Podem ser decorrentes de etiologias vasculares como: espasmos vasculares, tromboses, embolias, hemorragias da orelha interna e hipercoagulação. É mais comum após os 40 anos tanto em homens quanto em mulheres. Zumbido e vertigem podem estar presentes. O padrão audiológico geral mostra perda auditiva neuro-sensorial em geral unilateral, variando de leve à profunda no início e sua configuração pode ser plana, descendente ou ascendente. O IRF é compatível com o grau da perda e a timpanografia é do tipo A. Os reflexos acústicos podem estar presentes em níveis de sensação reduzidos ou ausentes por aferência. Weber lateraliza para a melhor orelha. Békèsy do tipo I e II. SISI com resultados entre 60 a 100% se a lesão for coclear e de 0 a 20% se a lesão for retrococlear. Fowler e Reger acusam recrutamento presente se a lesão for coclear (MOMENSOHN-SANTOS et al., 2011). Finalmente, acima estão relacionadas todas as patologias que podem causar algum tipo de deficiência auditiva. 3. OS APARELHOS DE AMPLIFICAÇÃO SONORA A audição é um dos mais importantes sentidos para o desenvolvimento da comunicação entre os humanos. A função danificada pode trazer sérias conseqüências para o indivíduo acometido, como dificuldades para praticar a comunicação oral e para compreender adequadamente as informações sonoras. A maneira como a sensibilidade auditiva se comporta em diferentes níveis de intensidade sonora em indivíduos que se candidatam ao uso de próteses auditivas “é um importante aspecto a ser considerado para casos de adaptação ao uso da amplificação” (BRAGA, 2003, p. 35). Experiências clínicas têm mostrado que entre as queixas mais recorrentes que o usuário de próteses auditivas apresenta é o desconforto quando submetido a sons muito intensos, como: ruído de tráfego, motores de caminhões, vozes muito altas e ruídos ambientais em geral (BRAGA, 2003). A partir da confecção da primeira prótese auditiva elétrica em 1900, pelo Dr. Ferdinand Alt, investiu-se em muita pesquisa para que se chegassem às próteses digitais deste século. Engenheiros fabricantes de próteses foram buscar subsídios na eletrônica, informática, física e audiologia com o intuito de desenvolver próteses cada vez mais aperfeiçoadas visando aumentar os benefícios e o conforto para os pacientes com deficiências auditivas que buscam fazer uso desta tecnologia (RADINI, 2003). Até a década de 80 do século XX, todas as próteses eram confeccionadas usando a tecnologia analógica. Nessa época foram feitos grandes progressos relacionados à potência e à diminuição do tamanho da prótese, mas ainda não eram priorizadas a fidelidade acústica e a flexibilidade de seleção de saída e faixa de freqüências do aparelho (RADINI, 2003). Foi somente em 1988 que as primeiras próteses com sistema digitalmente programável (híbridas) surgiram no mercado. Esse tipo de aparelho, também chamado de prótese híbrida associava duas tecnologias no mesmo aparelho: a analógica e a digital. As próteses 100% digitais priorizavam a qualidade sonora, mas é importante lembrar que essa tecnologia se refere ao processamento de sinal que ocorre internamente, mas a entrada e a saída do sinal sempre serão analógicas (RADINI, 2003). 3.1 BENEFÍCIOS DO APARELHO DE AMPLIFICAÇÃO SONORA INDIVIDUAL (AASI) O Aparelho de Amplificação Sonora Individual (AASI) pode minimizar os problemas causados pela perda da audição, pois permite o resgate da percepção dos sons da fala e dos sons ambientais, promovendo melhorias no exercício da comunicação (SILMAN et. al, 2004). Múltiplos fatores contribuem para o uso com sucesso da amplificação, podem ser listados alguns como: idade do indivíduo, grau e tipo de perda auditiva, fatores físicos como o tamanho da orelha e a destreza manual, potencial de processamento auditivo, uso prévio do AASI e dimensões da perda auditiva, que em conjunto podem desempenhar um papel fundamental para o uso bem sucedido da amplificação. A percepção do handicap auditivo, as despesas decorrentes e as expectativas pessoais como um bom desempenho e os benefícios gerados pelo uso podem indicar aqueles usuário do aparelho de amplificação sonora que ficarão satisfeitos (SILMAN et. al, 2004). Os efeitos positivos do uso do AASI têm uma grande influência no índice da satisfação dos usuários. O fato de melhorar a comunicação e a qualidade sonora precocemente, logo que se inicia o uso do AASI, gera pouca susceptibilidade para que ocorram mudanças ao longo do tempo. Acreditar que o AASI possa fazer a pessoa parecer incompetente é um tipo de impedimento ao resultado bem sucedido da amplificação e isso é observado quando novos usuários de AASI apresentam expectativas mais baixas que usuários experientes (FARIAS E RUSSO, 2010). O AASI é um recurso de extrema importância para a reabilitação do deficiente auditivo que tem como função captar os sons, amplificá-los e conduzi-los à orelha do portador de deficiência auditiva (MILLER-HANSEN et. al, 2003). Segundo Boechat (2003), o uso do AASI representa uma grande chance de se modificar os rumos da relação do deficiente auditivo com o meio em que vive. Quando bem adaptado, o AASI deve propiciar benefícios aos usuários, ou seja, é uma ferramenta que promove ou aumenta o bem estar do usuário. Dados da ASHA mostram que de 5 a 10 % das alterações auditivas encontradas em pacientes adultos não podem ser tratadas de modo cirúrgico ou medicamentoso, e é nestes casos que os aparelhos de amplificação sonora têm sua maior indicação. 3.1.1 Tipos de próteses As próteses de amplificação dividem-se em retroauriculares, intraauriculares, intracanais e peritimpânicas. Quanto menor a prótese, menor o ganho acústico, menor a flexibilidade de controles, menos numerosos e menores os controles do usuário, menores as modificações acústicas e menor a pilha (STAAB, LYBARGER, 1999). A prótese auditiva retroauricular é aquela em que todos os componentes eletrônicos estão localizados dentro de uma caixa, em formato de vírgula que se adapta atrás do pavilhão auricular. A abertura do microfone localiza-se na parte superior da orelha e um tubo em forma de gancho (gancho de som), contorna o pavilhão auricular e acopla o receptor ao molde auricular. Elas adaptam-se a graus de perda auditiva que variam de leve ao profundo, possuindo uma boa aceitação estética e são encontradas nos tamanhos: retroauricular e mini-retroauricular (BRAGA, 2003). Figura 04 – Prótese Auditiva Retroauricular Fonte: http://www.amplisoundpoa.com.br, 2012 As próteses intra-auriculares ocupam toda a concha ou a maior parte dela. Possibilitam maior ganho e circuitos mais complexos (com mais controles internos), porém ganhos muito elevados são difíceis de obter devido à proximidade entre o microfone e o receptor, que freqüentemente leva à realimentação acústica. Geralmente utilizam pilha 13 e atendem até perdas de grau severo (STAAB, LYBARGER, 1999). Figura 05 – Prótese auditiva Intrauricular Fonte: http://www.centroauditivobrasileiro.com.br, 2012 As próteses intracanais ocupam o meato acústico externo e atendem a perdas de grau leve a moderado. Apresentam menor ganho do que as intra-auriculares e geralmente utilizam pilha 312 ou 10. Pacientes com dificuldades de destreza manual podem ter problemas no manuseio deste tipo de aparelho, no que diz respeito à inserção / remoção e ajuste do controle de volume (STAAB, LYBARGER, 1999). Figura 06 – Prótese Auditiva Intracanal Fonte: http://www.audiocare.com.br , 2012 As próteses peritimpânicas atendem ao mesmo grau de perda auditiva que as intracanais. Utilizam pilha 10 e encontram-se totalmente inseridas no conduto auditivo externo, devendo ser retiradas com o auxílio de um fio de nylon preso em seu faceplate. Não possuem controle de volume e requerem menor ganho acústico por estarem mais profundamente inseridas no conduto (aproximadamente 10 dB a menos). Pode ser de difícil manuseio para alguns pacientes. Geralmente apresentam menor distorção e possibilidade de realimentação acústica, melhor localização sonora, facilidade no uso ao telefone e com fones de ouvido, redução do efeito de oclusão e estética favorecida (STAAB, LYBARGER, 1999). Figura 07 – Prótese Auditiva Peritimpânica Fonte: www.phonakpro.com/br, 2012. 3.2 IMPLANTES COCLEARES O implante coclear (IC) multicanal é um recurso altamente benéfico e efetivo para a (re)habilitação de indivíduos com deficiência auditiva neurossensorial de graus severo e profundo. O IC é formado por componentes externos e internos. Os componentes externos são o microfone, o processador de fala e a antena transmissora. Dentre os componentes internos estão: o receptorestimulador, o qual inclui a antena interna, colocado cirurgicamente junto ao osso do crânio, atrás da orelha, sob a pele e o feixe de eletrodos, o qual é posicionado dentro da cóclea. O IC substitui parcialmente as funções da cóclea, transformando a energia sonora em sinais elétricos. A sobrevivência de estruturas neurais em quantidade suficiente no nervo coclear permite que esta estimulação elétrica seja transmitida para o córtex cerebral (COSTA, 1998). Figura 08 – Implante coclear Fonte: http://newsoundessence.files.wordpress.com/2012. O desenvolvimento da tecnologia do IC e os resultados de reconhecimento da fala vastamente comprovados têm levado a uma expansão nos critérios para seleção de candidatos à cirurgia de implante coclear, tanto no que se refere ao critério audiológico como à idade cirúrgica (COSTA, 1998). Os implantes cocleares possuem diferentes números e posicionamento dos eletrodos intra-cocleares e permitem que parâmetros selecionados sejam ajustados em cada eletrodo de maneira específica. Com a expansão dos critérios de seleção a utilização de medidas objetivas para auxiliar a programação do processador de fala torna-se desejável (COSTA, 1998). Nos últimos anos, os benefícios obtidos com a utilização do IC multicanal, em especial no que se refere à percepção da fala, provaram ser este um recurso altamente eficiente, promovendo resultados superiores aos da utilização do AASI (COSTA, 1998). 3.3 PRÓTESE IMPLANTÁVEL DE CONDUÇÂO ÓSSEA Os implantes osteointegrados surgiram na Suécia nos anos 70, e desde então obtiveram ampla aceitação nas áreas da odontologia, cirurgias maxilo-faciais, reconstrutoras e ortopédicas. Foi por meio do Sistema Bone anchored Hearing Aid (BAHA) que o potencial dos implantes osteointegrados também ganhou reconhecimento na área da otologia. Os princípios básicos que levaram ao desenvolvimento deste aparelho foram a biocompatibilidade e a osteointegração que permitem a fixação de um material sintético no osso temporal. O material que se mostrou mais adequado foi o titânio tornando-se o material utilizado em todos os aparelhos implantáveis desenvolvidos posteriormente (TJELLSTROM, LINDSTROM. HALLEN, 1991). Figura 09 – Prótese implantável de condução óssea Fonte: http://www.otorrinopenido.com.br, 2012. A indicação do sistema de condução óssea se faz para pacientes com perdas auditivas condutivas e mistas. A média da via óssea nas frequências de 0.5, 1, 2 e 3 kHz deve ser melhor ou igual 45 dBNA, para o processador acoplado ao pilar, ou até 65 dBNA para o processador de caixa. Uma indicação mais recente é para pacientes com perdas auditivas sensorioneurais unilaterais ou Single Sided Deafness (SSD) que apresentam o ouvido contralateral com média da via óssea igual, ou melhor, que 20 dBNA (VAN DER POUW et al., 1999). Este aparelho se constitui de um parafuso de titânio implantado na cortical do osso mastóideo e uma unidade externa. A unidade externa é encaixada no pino e é facilmente removível. Esta unidade externa se constitui no processador sonoro que capta a energia sonora do ambiente e o transforma em energia mecânica que se traduz em vibração, estimulando a cortical do osso temporal. O uso do sistema de condução óssea assim como nos aparelhos de estimulação óssea convencionais, os mecanismos condutivos da via aérea não são utilizados. Assim, através da vibração do crânio, ocorre estimulação direta da cóclea com vantagens sobre os AASI convencionais nos casos de diacusia condutiva severa (VAN DER POUW et al., 1999). Apesar de ser usado na Europa e nos Estados Unidos há longo tempo, no Brasil o sistema de condução óssea tem uma utilização recente, com escassa publicação nacional e poucos casos operados. 4. O APARELHO AUDITIVO E A SATISFAÇÃO DO USUÁRIO O benefício das próteses auditivas, sejam de uso externo ou implantáveis, está relacionado à melhora da comunicação na vida diária, incluindo a redução da inabilidade e do handicap auditivo dos usuários de AASI. Os resultados do aparelho auditivo, no entanto, vão muito além do seu benefício e a satisfação desponta como uma medida mais fiel de tais resultados, uma vez que engloba uma constelação de fatores, tem caráter dinâmico, depende da percepção e atitudes do usuário e não tem relação apenas com a performance da prótese auditiva (COX E ALEXANDER, 1999). Indivíduos que esperam mais benefícios psicológicos e psicoacústicos dos seus aparelhos antes da adaptação tendem a apresentar maior satisfação nestes aspectos após a protetização. Isso não quer dizer que a alta expectativa em relação a estas questões seja a causa de um bom resultado com o AASI, mas indica que existe uma influência preditiva da expectativa e da aceitação da perda auditiva antes da amplificação no uso e no benefício do AASI (COX E ALEXANDER, 2000). Fatores relacionados às particularidades do indivíduo têm efeito no aumento da aderência ao tratamento como as expectativas mais positivas a respeito do uso do AASI: a internalização da responsabilidade sobre a própria saúde, as características de personalidade e as recomendações dadas por profissionais de saúde. Finalmente devem ser consideradas as atitudes dos indivíduos frente à deficiência auditiva e uso do AASI já que estas possuem um papel importante na percepção das limitações de atividade e restrições de participação, bem como na aceitação do uso e no benefício obtido com a amplificação e equipamentos auxiliares de audição (SOUTHALL et al., 2006). Em alguns casos, curiosamente, pode ser observado que existem pacientes que, apesar de apresentarem benefício com o aparelho, não se encontram muito satisfeitos. Em contrapartida, outros, mesmo sem grande benefício, demonstram grande satisfação em serem usuários de AASI. A experiência clínica mostrou ao fonoaudiólogo que a relação entre sistemas de amplificação e necessidades acústicas encontradas nos exames clínicos não garantem a efetividade da adaptação do usuário ao equipamento. É necessário que o fonoaudiólogo enfoque sua avaliação no sujeito e não mais na deficiência auditiva, para encontrar uma prática clínica mais satisfatória e que atenda à expectativa do usuário (ASSAYAG E RUSSO, 2006). 4.1 ESTUDOS SOBRE O BENEFÍCIO DO APARELHO AUDITIVO Com vistas a ilustrar esta discussão, foi realizada uma pesquisa acerca do que estudiosos da área da surdez vêm publicando acerca do tema. Procedemos consulta às bases de dados e verificamos que nos últimos 10 anos, foram publicados 20 artigos em língua portuguesa que tratam dos benefícios encontrados com o uso de próteses auditivas. A relação dos artigos e as respectivas revistas encontram-se relatados no quadro 1. Quadro 01 – Relação de artigos Título do Periódico Autores Rev. Soc. Bras. Buriti ACL, Área artigo Adaptação à prótese auditiva em usuários pelo Sistema Fonoaudiol. 2012; Único de Saúde 7(1):41-6 Oliveira SHS. Fonoaudiologia Efeitos da adaptação às próteses auditivas na qualidade Otorrinolaringologia Int. Arch. Lacerda de vida, no equilíbrio e Otorhinolaryngol.v. 16, CF, Silva LO, Canto no medo de queda em n.2, p. 156-162, RST, Cheik NC. idosos com perda abr/mai/junho. neurossensorial. Qualidade de Brazilian vida em idosos antes e Journal of após a adaptação do Otorhinolaryngology.78(3) AASI mai/jun. Perda auditiva Brazilian Mondelli MFCG, Souza PJS. Jose MR, Otorrinolaringologia unilateral: benefício e Journal of Campos PD, satisfação com o uso do Otorhinolaryngology.77 Mondelli MFCG. AASI (2) mar/abr. Otorrinolaringologia Adaptação aberta: avaliação da Rev. CEFAC Picolini satisfação dos usuários 2011 jul-ago; 13(4) 676- MM, Blasca WQ, de um centro de alta 684. Campos K, Mondelli Fonoaudiologia MFCG complexidade Avaliação da Fonoaudiologia satisfação dos usuários de aparelho de amplificação sonora individual- Revisão Rev. CEFAC Magalhães 2011 mai-jun; 13(3): 552- FF, Mondelli MFCG. 558. sistemática Saúde auditiva: estudo do grau de Rev. soc. bras. satisfação de usuários fonoaudiol. 2010;15(1): de aparelho de 26-31. Farias RB, Fonoaudiologia Russo ICP. amplificação sonora individual. Direcionalidade e redução de ruído em Braz J AASI: percepção de fala Otorhinolaryngol. 2010; e benefício. 76(5):630-8 Quintino CA, Mondelli MFCG, Ferrari DV. Satisfação de usuários de próteses auditivas, com perda Arc. Int. Otorrinolaringol. São Lessa HA, Costa MJ, Becker Otorrinoloringologia auditiva de graus severo Paulo – Brasil, v. 4, n. 3, e profundo p. 338-245, KT, Vaucher AVA. Otorrinoloringologia jul/ago/setembro, 2010 Soares Satisfação dos usuários de prótese Acta ORL. Vol. 28 (3:117-9,2010) DO, Tavares RA, Ferreira RT, auditiva em seu dia-a- Guglielmino G, dia Dinato C. Otorrinoloringologia Relação entre o processo de reabilitação e a auto Araújo TM, Disturb Comum, Morettin M, Torres percepção da Qualidade São Paulo, 22(1), 25-36, KCC, Brasil HK, de Vida em usuários de abril, 2010 Silva TA, Laperuta Apaprelho de Fonoaudiologia EB, Bevilaqua MC. Amplificação Sonora Individual: Revisão Sistemática Arakawa AM, Picolini MM, A avaliação da Arc. Int. Sitta EI, Oliveira NA, satisfação dos usuários Otorrinolaringol. São Bassi AKZ, Bastos de AASI na região Paulo – Brasil, v. 4, n. 1, JRM, Lauris JRP, amazônica p. 38-44, jan/fev/março, Blasca WQ, 2010 Caldana ML. Pedriali Prótese implantável de condução IVG, Buschle M, óssea (BAHA): relato de Mendes RC, Ataíde caso Otorrinoloringologia Arc. Int. Otorrinolaringol. São AL, Pereira R, Vassoler TMF, Otorrinoloringologia Paulo – Brasil, v. 4, n. 2, Polanski JF, Ribas p. 249-255, A, Stumpf CM, abr/mai/junho, 2010 Nobre RA, Daroit R. Percepção de Fialho IM, idosos sobre o uso de Rev. CEFAC AASI concedido pelo vol. 11, n. 2 São Paulo, Bortolli D, Sistema Único de Saúde abr/junho, 2009 Mendonça GG, Fonoaudiologia Pagnosim DF, Scholze AS. Prótese Rev. CEFAC Teixeira usuário com sua prótese vol. 10, n. 2 São Paulo, CF, Augusto LGS, e com seu meio 245-253, abr/junho, 2008. Caldas Neto SS. Rev. Soc. Bras. Teixeira auditiva: satisfação do Fonoaudiologia ambiente Qualidade de vida de adultos e idosospós adaptação de Fonoaudiol. 2008; AR, Almeida LG, próteses auditivas 13(4)357-61 Jotz GP, Barba MC. Fonoaudologia Avaliação dos Boscolo benefícios proporcionados pelo Rev. Bras. Ed. CC, Costa MPR, AASI em crianças e Esp. Marília, Mai.-Ago. Domingos CMP, jovens da faixa etária de 2006, v.12, n.2, p. 255- Perez FC. 7 a 14 anos 268 Avaliação subjetiva do benefício e dos efeitos Assayag Fonoaudiologia proporcionados pelo uso Rev Dist de amplificação sonora Comun. 2006, 18(3):383- em indivíduos idosos. 90. FHM, Russo ICP. Fonoaudiologia Andrade Fonoaudiologia A satisfação do usuário de aparelho de amplificação sonora Salusvita. individual com a Bauru, v. 24, n. 2, p. 257- tecnologia digital 265, 2005 CF, Blasca WQ. Próteses auditivas: um estudo sobre seu benefício na qualidade de vida de Distúrb. Com. 2004;16(2):153-65. indivíduos portadores de Silman S, Iório MCM, Mizhahi Fonoaudiologia MM, Parra VM. perda auditiva neurossensorial. Os artigos acima relacionados enfocam assuntos diversos como a melhoria da percepção da fala como o uso de AASI, da satisfação dos usuários de próteses portadores de deficiências auditivas que vão de graves a severas, da relação entre a melhoria da percepção auditiva com o uso das próteses com a qualidade de vida dos usuários, até a adaptação dos usuários de próteses atendidos pelos Sistemas Únicos de Saúde. Este estudo considerou que os artigos elaborados nos últimos 10 anos nas áreas de fonoaudiologia e otorrinolaringologia são bastante completos e esclarecedores, contribuindo de forma significativa para a pesquisa científica nestes setores da saúde. 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS Este estudo concluiu que a deficiência auditiva é uma doença gravemente incapacitante e que seus efeitos negativos podem ser minimizados através dos recursos disponíveis aos fonoaudiólogos e médicos que atuam na área de Audiologia, ou seja, os aparelhos auditivos. É muito importante que estes recursos sejam utilizados pelo deficiente auditivo visando diminuir a dificuldade no desempenho de seus papéis sociais, pois o declínio da audição gera uma diminuição na compreensão da fala, o que acaba comprometendo a comunicação do indivíduo com os familiares, amigos e a comunidade a qual pertence. A utilização de próteses auditivas significa grandes possibilidades de se modificar para melhor a relação do deficiente auditivo com o meio em que convive. Quando bem adaptado, o aparelho propicia benefícios aos usuários, ou seja, promove conforto e melhorias generalizadas na qualidade de vida. O desenvolvimento da tecnologia do implante coclear e os resultados positivos obtidos sobre o reconhecimento da fala têm sido claramente comprovados o que vêm propiciar o aumento nos critérios para seleção de candidatos à cirurgia de implante coclear, seja relacionando-se o critério audiológico ou a idade cirúrgica para a qual o paciente se encontra habilitado. A indicação do sistema de prótese implantável de condução óssea é recomendado para pacientes com perdas auditivas condutivas e mistas, mas embora venha sendo utilizado com sucesso em países da Europa e nos Estados Unidos há bastante tempo, no Brasil o sistema é muito recente e pouco utilizado, pois não são divulgados relatos freqüentes nos informativos publicados em nível nacional. Este estudo concluiu também que a acentuada perda auditiva dos portadores de alguma deficiência tem colaborado para que a prótese auditiva seja parte integrante do cotidiano do usuário e tem se tornado essencial no auxílio à comunicação. Os usuários relatam ser esta a melhor opção para reduzir suas dificuldades e manifestam grande satisfação com a escolha feita, pois a reintegração social que as próteses propiciam faz com que se sintam mais capazes e integrados em seus meios sociais. Por fim, cabe ressaltar que este tema é de interesse da classe fonoaudiológica e médica, haja vista que tem sido assunto para pesquisas e publicações recentes. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALMEIDA, K.; IORIO, M. C. M. Próteses Auditivas: Fundamentos Teóricos e Aplicações Clínicas. 2ª Ed. São Paulo: Editora Lovise, 2003. ASSAYAG, F. H. M.; RUSSO, I. C. P. Avaliação subjetiva do benefício e dos efeitos proporcionados pelo uso de amplificação sonora em indivíduos idosos. Rev Dist Comun. 2006, 18(3):383-90. BERNARDI, A. P. A. (Org.) Audiologia Ocupacional: Conhecimentos essenciais para atuar bem nas empresas. São José dos Campos: Pulso, 2003. BOECHAT, E. Amplificação em crianças. BRAGA, S. Prótese Auditiva, São José dos Campos: Pulso, 2003. BRAGA, S. R. S. (Org.) Conhecimentos essenciais para atender bem o paciente com prótese auditiva. São José dos Campos: Pulso, 2003. COSTA, O. A. (1998). Implantes cocleares multicanais no tratamento da surdez em adultos. Tese de doutorado. 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