O ENSINO DA CIÊNCIA CONTÁBIL: OS RECURSOS DIGITAIS NECESSÁRIOS TANTO NA MODALIDADE PRESENCIAL QUANTO NA MODALIDADE A DISTÂNCIA E O PAPEL DO PROFESSOR Profª Mestra Divane Alves da Silva – UNIP INTERATIVA [email protected] Prof. Mestre Alexandre Saramelli – UNIP INTERATIVA [email protected] MODALIDADE: Relato de Experiência EIXO TEMÁTICO: O ensino de Ciências Humanas e os recursos digitais RESUMO No processo de ensino e aprendizagem de ciências contábeis, observa-se que o Fórum ainda não é usado na modalidade presencial. Como os professores de ciências contábeis são impelidos a cada vez mais se comunicarem com os alunos, o fórum poderia ser mais utilizado. Porém, há resistências para que isso ocorra. Este trabalho se dispôs a pesquisar esse problema, disposto na pergunta É possível utilizar o fórum na modalidade de educação presencial? Para responder a essa pergunta, empreendeu-se uma pesquisa descritivo-exploratório onde descobriu-se que é possível que o fórum venha a ser utilizado também na modalidade presencial, e que sua falta pode inclusive trazer estorvos a professores e alunos. Apesar das especificidades de cada modalidade, é necessário pensar a relação ensino-aprendizagem de forma ampla, sem se ater a modalidades de ensino. Palavras-Chave: Educação Universitária, Ciências Contábeis, Recursos Digitais São Paulo – SP, Junho de 2015 PROBLEMA Peleias et al (2007) comentam que o primeiro curso de contabilidade no Brasil foi inaugurado ainda no período imperial por Dom João VI em 1808. Denominado de “Aula de Comércio”. Depois, em 1908 era inaugurado o “Curso Superior de Ciências Comerciais” da Escola de Comércio Álvares Penteado. Nesses cursos, os métodos ou ferramentas didáticas utilizadas pelos professores eram basicamente os seguintes: Exposição teórica em sala de aula. Uso de casos e simulações, muitas vezes criados por outros professores, onde os alunos rascunhavam em seus cadernos ou livros contábeis em papel 1. Nessas simulações, a intenção era a de realmente simular o mais próximo possível qual seria a prática, a rotina do contador em seu trabalho. Para isso, era fundamental que o professor conversasse com os alunos e conduzisse os exercícios, com exemplos iniciais citados em lousas ou ditados e depois acompanhando dúvidas de alunos. Desde então, esses métodos ou ferramentas didáticas continuam idênticas em se tratando de modalidade presencial. Nos cursos atuais, essa preocupação prática continua a existir no ensino presencial de ciências contábeis utilizando basicamente, como foi exposto acima, os mesmos métodos ou ferramentas didáticas, ajustadas às necessidades contemporâneas, considerando, em particular, as exigências trazidas com as Normas Internacionais de Contabilidade a partir de 2007. Na modalidade de ensino a distância – cuja sigla é EaD com a letra “a” minúscula, os mesmos métodos de ensino foram adaptados à linguagem audiovisual e a técnicas específicas do ensino à distância, mas em sua essência e grade curricular, o curso a distância é idêntico ao curso presencial. A modalidade de ensino que, por conta de suas características, requer o uso de tecnologias e inovações vem contribuindo com o desenvolvimento da educação brasileira, tanto pelo alcance territorial quanto pela aceitação de diversos setores da sociedade, em especial o do mercado de trabalho. 1 Em muitos casos, os exercícios envolvem a técnica de “escrituração contábil” que é o registro dos fatos contábeis. Com a Internet, a EaD deu um grande salto qualitativo, atraindo milhares de estudantes. Isso aumentou a esperança de muitos professores em poder lidar com uma modalidade de ensino que contribui com o processo educativo. Sabe-se que os sistemas tradicionais de educação, que giram em torno de edifícios de tijolo e concreto, não mais tem capacidade de atender a imensa demanda de jovens. Diversos professores preocupam-se com essa questão que pode inclusive levar a crises sociais, devido ao fato de que uma massa de jovens excluídos do sistema tradicional de educação irá se transformar em um grande problema no futuro bem próximo. Não mais há uma preocupação em atender estudantes que realmente estão distantes, o que é a priori a especificação principal da EaD, mas uma população numerosa de jovens e que precisam ter acesso à educação sob risco de gerar um problema social gravíssimo. Isso traz para a EaD outra conotação: a de proporcionar inclusão social, mesmo para jovens que não estariam entusiasmados em estudar e trabalhar, fenômeno que está sendo chamado popularmente de “geração nem-nem”, porque não querem nem estudar, nem trabalhar. Para esses jovens da “geração nem-nem”, que não tem vontade de disputar uma vaga em uma boa universidade presencial e que provavelmente serão direcionados ao EaD, é necessário um incentivo, uma conscientização permanente. A atuação do professor para esse grupo é a de encorajar, empolgar, disciplinar, dar perspectivas e motivações. Ao mesmo tempo, curiosamente, muitos estudantes das cidades que não necessitariam de EaD porque possuem serviços educacionais próximos a suas residência e locais de trabalho, passaram a preferir a EaD. Entre esses estudantes temos dois grupos: a) Estudantes que moram em periferias longe dos grandes centros urbanos e que gastam muito tempo no trânsito ou trabalham em horários onde a maioria dos cursos presenciais são ofertados. b) Alunos da “geração Y”, que costumam ser chamados de “nativos digitais”. Quanto ao grupo dos “nativos digitais”, para muitos a ideia de sentar em uma sala de aula junto com mais dezenas de alunos e acompanhar aulas tradicionais é insuportável! Preferem muito mais estudar e extravasar sua criatividade em um computador, sozinhos em um smartphone ou tablet a qualquer momento e em qualquer lugar. Observa-se, ainda, a eclosão de grupos que se opõe às rotinas e tradições da estrutura educacional formal e dizem estar participando, (não raramente até mesmo em seus curriculum vitae), de “mestrados ou doutorados informais”. Nesses casos, as próprias pessoas montam um roteiro e uma grade dos conhecimentos que precisam adquirir e passam a colaborar em grupo2. São pessoas altamente motivadas, que em muitos momentos não sentem a necessidade do professor. Esses grupos, principalmente dos nativos digitais, vem influenciando mudanças significativas e profundas na educação. Nesses ambientes, onde alunos dispensam o trabalho do professor na certeza sofismática de que conseguem encontrar tudo o que precisam na internet, o professor precisa se impor, se dispor a ajudar, estar disponível, ajudar a romper “bolhas de conhecimento”, dar novos pontos de vistas a problemas já conhecidos. Ou seja, a atuação do professor nesse grupo é fundamental para abrir horizontes. Como um exemplo disso, Alves da Cunha et al (2010), aplicaram a “Teoria da Autoeficácia” de Bandura (1993) entre 826 alunos de ciências contábeis de quatro estados brasileiros (Ceará, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e São Paulo) e descobriram que os alunos de ciências contábeis mantém um nível de modéstia muito elevada. Como normalmente já trabalham na área, julgam que já conhecem perfeitamente os assuntos propostos para estudo, o que cria um bloqueio para a absorção de conhecimentos. No entanto, os alunos, na realidade, precisam se esforçar porque não conhecem todo o conteúdo, apenas uma parte ou a parte mais visível e aplicável. Esses comportamentos fazem com que a exposição oral do professor seja influenciada por modéstia, críticas, desconfianças, arrogância. Tudo isso, leva a diálogos memoráveis com os alunos na modalidade presencial. O mesmo ocorre com a modalidade a distância, onde utiliza-se o fórum. As conversas, as opiniões dos colegas e contribuições individuais junto com a experiência do professor e seu direcionamento científico, não apenas prático, tornam as conversas muito ricas. Enquanto na modalidade presencial a interação entre professor e aluno e entre os alunos é realizada exclusivamente ao vivo, dentro de sala de aula, ou de forma “síncrona” como se diz em EaD, na modalidade a distância é possível ter a comunicação síncrona e a comunicação assíncrona, ou seja, sem a necessidade de todos os agentes estarem em um mesmo momento conversando. A comunicação assíncrona tem várias vantagens. O aluno tem mais tempo para pensar no assunto e realizar perguntas melhor elaboradas, o que no calor de uma conversa em sala de aula presencial nem sempre é possível. Como os fóruns podem ficar abertos por semanas ou meses, durante o trabalho o aluno pode inspirar-se e realizar uma pergunta ou redigir uma contribuição. 2 Ver http://reevo.org/pt-br/columna/o-doutorado-informal-e-a-coceira-nas-ideias/ Porém, o fórum não é usado na modalidade presencial! Entende-se que os fóruns podem ser usados com sucesso não apenas na modalidade a distância, mas também na modalidade presencial, ainda mais atualmente onde praticamente todos tem condições de portar telefones celulares do tipo “smartphone” e tablets, ou seja computadores portáteis de mão. Uma das resistências ao seu uso é trabalhista-legal: Os professores acabam por trabalhar mais horas. Porém, isso pode ser resolvido. Assim, define-se para este artigo o seguinte problema, expresso na forma de uma pergunta: É possível utilizar o fórum na modalidade de educação presencial? OBJETIVOS Considerando-se que as técnicas empregadas no ensino da ciência contábil devem ser apropriadas à modalidade, ou seja, na presencial, o professor pode utilizar aula expositiva, perguntas e respostas dentre outras; e na modalidade do ensino a distância, aulas gravadas, fórum, chats; porém, o que não se deve desconsiderar é o objetivo que se pretende alcançar. Logo a técnica a ser utilizada, e aqui a modalidade presencial e distância torna-se apenas um meio e não um fim, conforme aponta Piletti (2006, p.139) “os métodos e técnicas são veículos usados pelo professor para criar situações e abordar conteúdos que permitam ao aluno viver as Experiências necessárias para alcançar os objetivos (mudanças cognitivas, efetivas, motoras)”. O objetivo geral do presente estudo é demonstrar que os recursos digitais tornam-se necessários para o ensino de quaisquer área do conhecimento, uma vez que o mundo hoje está digital, logo o nosso aluno fazendo parte desta realidade não poderia ser privado desta técnica, meio que irá contribuir com o resultado que pretende-se alcançar, que neste trabalho está pautado no ensino da ciência contábil. Mais especificamente, neste artigo, exemplifica-se o uso do recurso “fórum”, que permite a alunos e professores uma comunicação em tempo assíncrono, recurso que é usado atualmente amplamente na modalidade EaD mas não é exigido na modalidade presencial. METODOLOGIA Reserva-se esta seção para demonstrar o método, o caminho percorrido utilizado neste estudo e assim validar os resultados a serem apresentados no respectivo item. Para Gil (1991, p.27) o método ou o caminho é necessário ser delimitado para alcançar um fim proposto. E assim, para este trabalho o método apropriado é o descritivo exploratório. Oliveira (1197, pg.114) considera que a classificação de um estudo em descritivo está em “permitir que o pesquisador obtenha uma compreensão do comportamento de diversos fatores e elementos que influenciam determinado fenômeno”, para o nosso trabalho a referência está no ensino da ciência contábil, modalidade presencial e a distância; sobre a classificação em exploratório, Oliveira (1997, pg.134) explica que trata-se de uma prática que precisa ser modificada, em nosso estudo, envolve a prática de recursos digitais no ensino em questão. Classificar uma pesquisa, conforme comentado, é de extrema importância para validar seus resultados e neste caso, a classificamos como descritivo-exploratório. Porém, Oliveira (1997, pg.116) adverte que também é necessário informar a abordagem utilizada e assim, a aplicável foi a qualitativa, uma vez que segundo o mesmo Autor “não tem a pretensão de numerar ou medir unidades ou categorias homogêneas”, o que possibilita afirmar que esta abordagem qualitativa visa entender a relação causa e efeito das aplicação dos recursos digitais no ensino da ciência contábil em ambas modalidades, presencial e a distância. ESBOÇO DE FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA A comunicação em qualquer interação (humana ou não) é fator imprescindível para alcançar o objetivo proposto. Em relação à modalidade presencial, esta comunicação ocorre de maneira pessoal – professor/aluno, já na modalidade a distância, por não ocorrer a presença física de ambos atores, dois tipos de comunicação são comuns: síncrona e assíncrona. Zaina (2002) expõe que uma comunicação síncrona ocorre em tempo real, ou seja, professor/aluno mesmo não estando face a face então em espaço tecnológico que permita tal interação, como por exemplo chat, videoconferência, vídeo-aula ao vivo, entre outros; já a comunicação “assíncrona” ocorre de forma atemporal, ou seja, professores e alunos não precisam conversar em tempo real. Por meio de fóruns, vídeo-aulas gravadas entre outros recursos tecnológicos, as mensagens são gravadas, lidas e respondidas; não é necessário que emissor e receptor estejam ao mesmo tempo conectados. O tempo e o espaço têm significados diferentes nas modalidades de ensino presencial e a distância – EaD. Neder (2010) teceu uma pesquisa sobre essa questão do tempo e do espaço, onde sustenta que estaria havendo uma mudança ou como diz, uma (re)ssignificação do tempo na educação. Neder (2010), chama a atenção ao trabalho de Santos (1997, p.115-33), que afirma que “O evento é um instante do tempo dando-se em um ponto do espaço” e que “o tempo somente é porque algo acontece, e onde algo acontece o tempo está.”. Assim Neder (2010) explica, baseada no raciocínio de Santos (1997) que não há um evento sem atores. Para haver um evento é imprescindível que haja ação humana. Logo, evento e ação seriam correlatos. Como diz Santos (1997), “O evento está no lugar preciso em que estou e no instante preciso que o reconheço.” O tempo relaciona-se com o espaço, onde as pessoas se entrelaçam, como diz Santos (1997): Em cada lugar, o tempo das diferentes ações e dos diferentes atores e a maneira como utilizam o tempo social não são os mesmos. Cada ação se dá segundo seu tempo; as diversas ações se dão conjuntamente. / / A vida social, nas suas diferenças e hierarquias, dá-se segundo tempos diversos que se casam, entrelaçados no chamado viver comum. (Santos, 1997, p.115-33) Neder (2010) explica ainda que “o acontecimento é uma cristalização de um momento da totalidade em processo de totalização, afirma que são, em conjunto, esses acontecimentos que reproduzem a totalidade, por isso se complementamse e se explicam entre si”, e cita uma conclusão de Santos (1997) em que “Cada evento é um fruto do mundo e do lugar ao mesmo tempo.” Essa relação entre tempo, evento e espaço, para Neder (2010), nos ajuda a refletir sobre processos complexos, como o de globalização do mundo. Muito se diz que a globalização, acompanhada pelos artefatos tecnológicos de telecomunicações, acabaram por unir as pessoas em diversas partes do mundo, alterando seu modo de ser. Hoje é comum, por exemplo, profissionais finalizarem um expediente de trabalho por volta das 18:00 e ao invés do trabalho ficar parado aguardando a retomada do expediente de trabalho na próximo dia às 08:00 horas, esse trabalho ser transferido para uma equipe na India, que por conta do fuso horário está iniciando um novo expediente. No Brasil, quando os trabalhadores retomam o expediente, irão trabalhar já em uma fase mais avançada ou iniciar um novo trabalho. Para isso tudo é fundamental haver não apenas tecnologia, mas uma forte comunicação entre os trabalhadores dos dois países. O evento “trabalho” passa a não ser apenas um expediente de oito horas de trabalho com intervalo para o almoço, mas uma série de acontecimentos onde cada ator realiza uma parte do trabalho e não o todo, mas precisa compreender esse trabalho de forma ampla. Dessa forma, Neder (2010) expõe a reflexão de Ianni: Ao globalizar-se, o mundo se pluraliza, multiplicando as suas diversidades, ao lado das singularidades de cada lugar, colocam-se as singularidades próprias da sociedade global. Entrecruzam-se, fundamse, e antagonizam-se perspectivas, culturas, civilizações, modos de ser, agir, pensar e imaginar.”(...) Através do processo de globalização “alteram-se os contrapontos singular, universal, espaço e tempo, local e global, eu e outro. A despeito de que tudo parece permanecer no mesmo lugar, tudo muda. O significado e a conotação das coisas, gentes e ideias modificam-se, estranham-se, transfiguram-se. (Ianni, 1996, p.31) Esse mesmo pensamento, levado ao ambiente universitário, nos mostra que algo semelhante ocorre com os alunos em uma sala de aula. Atualmente eles não estão absolutamente concentrados no que está sendo tratado no período da aula e não prestam tanto a atenção à presença o professor. Uma aula pode começar bem antes do horário, com comentários e expectativas dos alunos, ter todo um histórico ao longo do período oficial de aula onde cada aluno pode via smartphones e tablets consultar a internet e tratar de outros assuntos alheios e depois de finalizada a aula, podem surgir vários assuntos e dúvidas, que envolve muita conversa entre os alunos. Atualmente, caso haja esse período de “pós-aula” na modalidade presencial não é acompanhado pelo professor. Enquanto na modalidade presencial ainda se conserva um evento clássico, apesar das interferências tecnológicas já estão ocorrendo , é na EaD que esses assuntos surgem com mais intensidade. Assim, também na educação temos os efeitos práticos da globalização, como vemos no pensamento de Neder (2010) A educação aberta e a distância que, em razão de sua natureza, utiliza, com mais intensidade, técnicas eletrônicas informática, telecomunicação, rede, infovia, multimídia, contribui para que o complexo real transforme-se em virtual. A teoria sistêmica, utilizada pela maioria das universidades que desenvolvem a EAD, impõe uma interpretação sincrônica, em que a realidade é apresentada como um todo orgânico, funcional e auto-regulado, dentro da lógica de racionalidade da modernidade. Neste tipo de interpretação, o todo não é visto em seu caráter relacional. Não importam o indivíduo, o grupo, povo, etnia, raça, religião, língua, por isso o todo é orgânico, sistêmico, que pode ser explicado descolado de um processo de construção de eventos, acontecimentos em determinado tempo – espaço Neder (2010) Segundo Palloff e Pratt (2004), os alunos virtuais tem várias características próprias. Entre essas características, vemos que “eles não se sentem prejudicados se em um processo de comunicação há ausência de sinais auditivos ou visuais”, ao contrário, eles gostam e se sentem mais livres ao utilizar textos para sua comunicação em geral e para contribuir com uma discussão. Em particular, os alunos virtuais de sucesso possuem as seguintes características: Tem a mente aberta e compartilham detalhes sobre sua vida, trabalho e outras experiências educacionais. Isso é bastante importante quando pedimos aos alunos on-line para que ingressem em comunidades de aprendizagem a fim de que utilizem determinado material do curso. Os alunos virtuais são capazes de usar suas experiências no processo de aprendizagem e também aplicar sua aprendizagem de maneira contínuja a suas experiências de vida. Palloff e Pratt (2004 p.26), Partindo-se do princípio que a relação/processo ensino-aprendizagem deve ser estabelecida entre todos envolvidos (professor, aluno, assunto e instituição) em busca da eficácia e eficiência do mesmo processo e explicado por Coimbra (2012, p.132) “ a aprendizagem é o processo cognitivo através do qual pessoa adquire conhecimentos e se torna capaz de interagir com o mundo. Já o ensino é entendido como uma atividade educacional mais específica, voltada para a apropriação de conhecimentos e saberes vinculados a uma escola, faculdade ou universidade”. Apesar de haver um número considerável em nosso País de instituições de ensino que oferecem o curso superior em Ciências Contábeis em ambas modalidades – presencial e a distância, não há um estilo que determine a eficácia do processo ensino-aprendizagem, considerando-se o perfil dos alunos em ativo, sensorial, visual e sequencial e dos professores em reflexivo, intuitivo, visual e sequencial, conforme demonstra Coimbra (2012,p.138), pode-se entender que não será modalidade –presencial e a distância – que determinará o sucesso, mas sim, o envolvimento de todos no processo. RESULTADOS OBTIDOS Para fins de estudo, convencionou-se dividir as modalidades de educação presencial e EaD (que alguns autores também denominam como “online”) dois universos completamente diferentes, como se estivéssemos estudando dois países com língua, cultura e folclore completamente distintos. Devido as suas particularidades, a modalidade EaD tem recebido e usado recursos digitais com mais ênfase, sendo que a modalidade presencial costuma adotar por último os recursos digitais. No entanto, com o processo de globalização observa-se dois comportamentos: a) em muitos aspectos os alunos dos cursos presenciais se aproximam muito das características dos alunos de EaD conforme descrito por Palloff e Pratt (2004) e um fórum passa a ser um recurso digital salutar ou até imprescindível. b) Cada vez mais os professores precisam conversar intensamente com os alunos, e nem sempre isso é possível ser feito na própria sala de aula, em um período síncrono. Se faz necessário um fórum onde possa haver uma comunicação assíncrona. Dessa forma, é necessário abordar a relação ensino-aprendizagem de forma ampla, não apenas se atendo à diferenciar as necessidades mais prementes de uma ou outra modalidade. A utilização de um recurso digital como o fórum pode gerar algumas resistências na modalidade presencial, muitas delas justificadas. Por exemplo, os professores não recebem remuneração pela participação em conversas via fórum com os alunos, o que traz evidentemente mais horas de trabalho e dedicação. No entanto, observa-se que, em muitos casos, para o processo de comunicação mesmo que a instituição não disponibilize um fórum, os próprios alunos acabam por organizar um fórum não oficial. Fóruns amadores podem trazer transtornos como, por exemplo a perda de dados e conversas importantes e a entrada de terceiros, alheios a preparação teórica para a discussão do assunto que podem interferir negativamente. Por isso, recomenda-se pensar na utilização de um fórum oficial na modalidade presencial. CONCLUSÃO Este trabalho se dispôs a estudar os recursos digitais necessários tanto na modalidade presencial como na modalidade a distância, no ensino da ciência contábil e o papel do professor. Como um recorte desses recursos digitais, estudamos em particular o “fórum”. Atualmente os recursos digitais são adotados com ênfase pela modalidade EaD até pelas características e necessidades específicas. Em particular o Fórum é usado largamente na modalidade a distância mas não é usado na modalidade presencial. Como os professores de ciências contábeis são impelidos a cada vez mais se comunicarem com os alunos, o fórum poderia ser mais utilizado. Porém, há resistências para que isso ocorra. Justificou-se este trabalho, então, preparandose a seguinte pergunta de problematização: É possível utilizar o fórum na modalidade de educação presencial? Realizou-se uma pesquisa descritivo-exploratório, onde em resposta ao problema apontado, demonstrou-se que é possível utilizar o fórum como um recurso digital na modalidade de ensino presencial como um importante auxiliar para o processo de ensino e aprendizagem. Mais do que isso, a sua não utilização pode levar os alunos a adotar de forma não oficial fóruns amadores, expondo-se a riscos. Conforme exposto, independente da modalidade do ensino - presencial ou a distância, nada poderá comprometer a respectiva qualidade, em outras palavras, não é a modalidade que vai determinar a qualidade e sim, o comprometimento de todos os agentes envolvidos no processo ensino-aprendizagem. Devido este trabalho ter uma abordagem qualitativa descritivo-analítica, há uma limitação quanto ao seu uso: as conclusões não trazem resultados empíricos que possam demonstrar a validade das afirmações apresentadas no texto, sendo percepções ensaísticas. É necessária então, a ampliação da pesquisa com o emprego de testes quantitativos ou mesmo qualitativos, capazes de dar validade a essas percepções ensaísticas. Recomenda-se a outros pesquisadores que se interessem por esse problema e desejem continuar esta pesquisa, que analisem resistências ao uso do fórum na modalidade presencial, incluindo as jurídico-trabalhistas, pensando na atuação dos professores . E em outra abordagem, tanto por métodos de pesquisa quantitativos como qualitativos, que analisem as vantagens e desvantagens do uso de fóruns assíncronos para educação de ciências contábeis na modalidade presencial. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BANDURA, A. Perceived self-efficacy in cognitive development and functioning. Educational Psychologist, v. 28, n. 2, p. 117-148, 1993. COIMBRA, Camila Lima (organizadora). Didática para o ensino nas áreas de administração e ciências contábeis. São Paulo: Atlas, 2012. GIL, Antonio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. São Paulo: Atlas, 1991 NEDER, Maria Lúcia Cavalli. A Orientação Acadêmica na Educação a Distância: a perspectiva de (res)significação do processo educacional. Cuiabá: 2010. 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