Serviço Público Federal Universidade Federal do Pará Núcleo de Teoria e Pesquisa do Comportamento Programa de Pós-Graduação em Teoria e Pesquisa do Comportamento ENSINO CONCEITUAL EM ABA E TREINO DE ENSINO POR TENTATIVAS DISCRETAS PARA CUIDADORES DE CRIANÇAS COM AUTISMO LUCIENE AFONSO FERREIRA Belém, Pará Agosto, 2015 ii Serviço Público Federal Universidade Federal do Pará Núcleo de Teoria e Pesquisa do Comportamento Programa de Pós-Graduação em Teoria e Pesquisa do Comportamento ENSINO CONCEITUAL EM ABA E TREINO DE ENSINO POR TENTATIVAS DISCRETAS PARA CUIDADORES DE CRIANÇAS COM AUTISMO LUCIENE AFONSO FERREIRA Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Teoria e Pesquisa do Comportamento, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre. Área de concentração: Psicologia Experimental Orientador: Prof. Dr. Romariz da Silva Barros. Belém, Pará Agosto, 2015 iii FOLHA DE APROVAÇÃO Nome: Luciene Afonso Ferreira Título: Ensino conceitual em ABA e treino de ensino por tentativas discretas para cuidadores de crianças com autismo. Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Teoria e Pesquisa do Comportamento, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre. Apoio financeiro: CNPq, FAPESP, INCT-ECCE Área de concentração: Psicologia Experimental. Aprovado em: Banca Examinadora Prof. Dr. Romariz da Silva Barros. Instituição: Universidade Federal do Pará. Profa. Dra. Ana Emília Vita Carvalho. Instituição: Centro Universitário do Estado do Pará. Profa. Dra. Marilu Michelly Cruz de Borba. Instituição: Integra - Clínica de Desenvolvimento Infantil. iv v AGRADECIMENTOS Meu agradecimento primeiro é um testemunho de fé, pois eu creio na existência de Deus e agradeço a Ele pela vida, pelas oportunidades, família, amigos e todas as pessoas que Ele tem posto em meu caminho. Agradeço a meu esposo Inaldo Leão Ferreira, por acreditar em meu potencial e por me expor a algumas contingências que me fazem ir um pouco mais além. Sempre lembrando o poeta que dizia que “tudo vale a pena quando a alma não é pequena”. Agradeço à minha filha, minha grande alegria, que me faz enxergar a vida diferente. Pela credibilidade e incentivos muitas vezes presentes. Amiga e companheira, conhecedora profunda daquilo que sou. Meus agradecimentos ao meu orientador Prof. Dr. Romariz Barros, pessoa a quem admiro por suas conquistas, por sua educação, simpatia, inteligência e competência. E, também, pela maneira animadora e descontraída com que conduzia nossas discussões durante as reuniões no APRENDE. Aos meus professores Carlos Souza, François Tonneau e Grauben Assis pela grande competência com que ministraram as aulas, pela paciência demonstrada com os alunos e pela simplicidade. Ao amigo, meu irmão de curso e pai deste trabalho, Álvaro Júnior, pelos ouvidos doados e atentos, pelos ensinos e orientações, pelo respeito sempre presente, pela confiança depositada, por ter entendido e aceitado minhas brincadeiras e as de cada cuidador. Enfim, por todo o seu empenho para que este trabalho se concretizasse. Aos amigos do APRENDE Adriano Barboza, André Abraçado, Andréa Farias, Eugênia Leão, Glaucy Costa, Lidiane Queiroz, Patricia Madeira, Izabel Brasiliense, Shirley Carmona, Marilu Borba, Cláudia Nogueira, Karen Portilho, Ana Carolina, Jennifer Muniz, Renata Pinheiro e Vera Novaes por cada palavra dada, pelas ajudas fornecidas e pela cooperação demonstrada uns com os outros. A Professora Rosana Éleres Figueiredo, que me ajudou na escrita deste trabalho e que exerceu papel fundamental apontando-me o caminho que foi percorrido. Agradeço pelo ouvido atento, pela leitura minuciosa de cada etapa da escrita, pela simplicidade e leveza com que conduziu sua orientação, pela paciência sempre presente, pela confiança, pelos estímulos reforçadores produzidos a cada conquista minha, pelos sorrisos e histórias compartilhadas. Aos cuidadores que participaram deste projeto, pelo tempo dedicado, pela superação de seus limites, pela confiança demonstrada em nosso trabalho, pela alegria de cada conquista. Enfim, os meus sinceros agradecimentos a toda a equipe do APRENDE, aos funcionários do NTPC e a todos que de alguma forma contribuíram para o desenvolvimento desta pesquisa. vi LISTA DE FIGURAS Figura 1. Etapas do procedimento de ensino conceitual. Figura 2. Resultado do desempenho dos participantes no teste teórico escrito, (A) préteste em relação ao pós-teste, e (B) evolução dos comportamentos individuais e médias dos comportamentos dos participantes. Figura 3. Categoria. Tipos de interação: (A) amistosa, (B) cooperativa. Figura 4. Categorias. Tipos de estímulos produzidos na interação lúdica. Participante Henrique. Figura 5. Categoria. Tipos de estímulos produzidos na interação lúdica. Participante Jade. Figura 6. Categoria. Tipos de estímulos produzidos na interação lúdica. Participante Marlene. Figura 7. Categoria. Tipos de estímulos produzidos na interação lúdica. Participante Rita. Figura 8. Categorias. Tipos de estímulos produzidos na interação lúdica. Participante Josenilda. Figura 9. Etapas do procedimento de treino prático. Figura 10. Esquema do role playing. Figura 11. Evolução de desempenho do participante Antônio após o procedimento de treino. Figura 12. Evolução de desempenho do participante André após o procedimento de treino. Figura 13. Evolução de desempenho do participante Henrique após o procedimento de treino. Figura 14. Evolução de desempenho da participante Marlene após o procedimento de treino. Figura 15. Evolução de desempenho da participante Jade após o procedimento de treino. Figura 16. Desempenho dos participantes Antônio, André e Jade antes e após o treino do procedimento de correção de erros de respostas. vii LISTA DE TABELAS Tabela 1. Informações pessoais sobre os participantes. Tabela 2. Descrição de episódio de interação adaptado de França-Freitas & Gil (2012). Tabela 3. Passos da implementação de tentativa discreta com os comportamentos correspondentes para cada passo. viii Ferreira, L. A. (2015). Ensino conceitual em ABA e treino de ensino por tentativas discretas para cuidadores de crianças com autismo. Dissertação de mestrado. Programa de Pós-Graduação em Teoria e Pesquisa do Comportamento, Universidade Federal do Pará. 77 páginas. RESUMO O treino de cuidadores tem sido uma alternativa plausível no contexto brasileiro para a disseminação da intervenção analítico-comportamental ao Transtorno do Espectro Autista (TEA), considerando a escassez ainda vigente de profissionais formados nessa área e a baixa disponibilidade de serviços públicos voltados a esse fim. O presente estudo se subdividiu em dois experimentos. O primeiro verificou a) o efeito do ensino das bases conceituais em Análise Aplicada do Comportamento (ABA) sobre o repertório de conhecimento de sete cuidadores de crianças diagnosticadas com autismo e b) o efeito do ensino sobre o desempenho em interação lúdica dos cuidadores com suas crianças. O procedimento desse estudo ocorreu em três etapas. Na 1ª realizou-se um pré-teste teórico, com quinze questões objetivas de múltipla escolha e uma sondagem do tipo de interação que ocorria entre cuidador e a criança com TEA. Na 2ª etapa ocorreu o ensino conceitual, por meio do Sistema Personalizado de Instrução (SPI) e na 3ª etapa o teste teórico foi repetido e uma nova situação de interação da díade foi promovida. A média de conhecimento de todos os participantes durante a fase do pré-teste do ensino das bases conceituais foi de 32%, passando para 71% na fase de pósteste. Para a análise da interação lúdica, as respostas dos cuidadores foram categorizadas em tipos de interação e tipos de estímulos, e contadas suas frequências durante 3 minutos de vídeo. Quanto aos tipos de interação (cooperativa e amistosa), para 4 participantes houve aumento nas respostas de cooperação, apresentando os seguintes resultados, respectivamente: 47, 40, 42 e 31 no pré-teste e 83, 96, 64 e 36 no pós-teste. Para uma das participantes, houve aumento na emissão de respostas amistosas de 73 para 133. No segundo experimento verificou-se o efeito do treino de ensino por tentativas discretas sobre o desempenho dos participantes junto a um confederado. Igualmente ao Experimento 1, o procedimento ocorreu em três etapas, pré-teste, treino e pós-teste. Os resultados mostraram que todos os participantes alcançaram precisão de desempenho apresentando 100% de acertos de acordo com o protocolo de avaliação preestabelecido. Avaliou-se como eficiente o procedimento de treino adotado para o ensino por tentativas discretas a cuidadores de crianças autistas. Palavras-chave: Transtorno do Espectro Autista; Análise Aplicada do Comportamento; Treino de cuidadores. ix Ferreira, L. A. (2015). Conceptual teaching in ABA and teaching training for discrete trial for caregivers of children with autism. Master Thesis. Programa de Pós-Graduação em Teoria e Pesquisa do Comportamento, Universidade Federal do Pará. 77 pages. ABSTRACT The caregivers training has been a plausible alternative in the Brazilian context for the spread of behavior analytic intervention in Autism Spectrum Disorder (ASD), considering the still prevailing shortage of trained professionals in this area and the low availability of public services aimed at this end. This study subdivided into two experiments. The first one verified a) the effect of teaching the conceptual bases in Applied Behavior Analysis (ABA) on the repertoire of knowledge of seven caregivers of children diagnosed with autism and b) the effect teaching on performance in playful interaction of caregivers with their children. The procedure of this study took place in three stages. The 1st held a theoretical pre-test, with fifteen objective multiple-choice questions and a survey of the type of interaction that occurred between caregiver and the child with ASD. In the 2nd stage was the conceptual teaching, through Personalized System of Instruction (PSI) and in the 3rd stage the theoretical test was repeated and a new dyad interaction situation was promoted. The average knowledge of all participants during the phase of pre-test teaching of conceptual basis was 32% rising to 71% in the post-test phase. For the analysis of playful interaction, the responses of caregivers were categorized into types of interaction and types of stimuli and their frequencies reckoned for 3 minutes of video. Concerning the types of interaction (cooperative and friendly), for four participants there was an increase in cooperative answers, with the following results, respectively: 47, 40, 42 and 31 in the pre-test and 83, 96, 64 and 36 in the posttest. For one of the participants there was an increase in the issuance of friendly answers from 73 to 133. In the second experiment evaluated the effect of teaching training for discrete trial on the performance of participants with a confederate. Also to Experiment 1, the procedure occurred in three stages: pre-test, training and post-test. The results showed that all the participants achieved performance accuracy where 100% correct according to predetermined evaluation protocol. It was verified as efficient training procedure adopted for the teaching of discrete attempts to caregivers of autistic children. Keywords: Autism Spectrum Disorder; Applied Behavior Analysis; Training caregivers. x Sumário INTRODUÇÃO ............................................................................ Erro! Indicador não definido. EXPERIMENTO 1........................................................................................................................ 8 MÉTODO...................................................................................................................................... 9 Participantes.............................................................................................................................. 9 Ambiente ................................................................................................................................. 10 Instrumentos e materiais ........................................................................................................ 10 Delineamento Experimental ................................................................................................... 10 Procedimento .......................................................................................................................... 11 RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................................................ 15 EXPERIMENTO 2...................................................................................................................... 27 MÉTODO.................................................................................................................................... 28 Participantes............................................................................................................................ 28 Ambiente ................................................................................................................................. 28 Instrumentos e materiais ........................................................................................................ 28 Delineamento Experimental ................................................................................................... 28 Procedimento .......................................................................................................................... 29 Acordo entre observadores .................................................................................................... 36 RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................................................ 37 DISCUSSÃO GERAL ................................................................................................................ 43 REFERÊNCIAS .......................................................................................................................... 46 ANEXOS..................................................................................................................................... 50 ANEXO 1 - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO COMO DISPOSTO NA RESOLUÇÃO CNS 196/96 E NA RESOLUÇÃO CFP N°016/2000 ................................................ 51 ANEXO 2 - TESTE TEÓRICO ESCRITO ........................................................................................ 53 ANEXO 3 - PROTOCOLO DE IDENTIFICAÇÃO DAS RESPOSTAS DO CUIDADOR ........................ 57 ANEXO 4 - PROTOCOLO GERAL DE PROGRAMAS DE INTERVENÇÃO ...................................... 59 ANEXO 5 - FOLHA DE REGISTRO DO PROTOCOLO DE INTERVENÇÃO ..................................... 63 ANEXO 6 - PROGRAMAS TREINADOS ...................................................................................... 64 ANEXO 7 - PROTOCOLO DE AVALIAÇÃO DE PRECISÃO DE DESEMPENHO .............................. 75 ANEXO 8 - DESCRIÇÃO PROCEDIMENTO DE CORREÇÃO......................................................... 76 ANEXO 9 - PROTOCOLO DE AVALIAÇÃO DE PRECISÃO DO PROCEDIMENTO DE CORREÇÃO . 77 Autismo foi descrito pela primeira vez nos Estados Unidos pelo médico austríaco Leo Kanner no ano de 1943. No ano posterior, o médico Hans Aspeger, também, identificou o transtorno descrevendo-o de modo bastante semelhante à Kanner, mesmo sem ter tido contato com este (Melo, Ho, Dias & Andrade, 2013). Desde sua primeira identificação em 1943 até os dias atuais, vários critérios foram adotados pelos profissionais na tentativa de descrever e identificar melhor o autismo. Atualmente, existe consenso de que o Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) é um transtorno neurobiológico com forte componente genético (Lord & Bishop, 2010), mas que se associa, também, a aspectos ambientais (Johnson & Myers, 2007; Silver & Rapin, 2012). O TEA é um transtorno definido por padrões comportamentais que apresentam uma variedade de sintomas que são específicos para cada indivíduo e se manifestam de forma única na trajetória do desenvolvimento (Camargo & Rispoli, 2013). O diagnóstico, geralmente feito por uma equipe multidisciplinar, é clínico e dimensional, pois se baseia nos sintomas do indivíduo afetado e em dados comportamentais (Silver & Rapin, 2012). Conforme o DSM V (2013), pessoas com TEA apresentam déficits persistentes na comunicação e interação social, podendo incluir dificuldades em estabelecer e manter contato visual, atenção compartilhada e interesse por outras pessoas. Algumas crianças apresentam comportamentos não vocais para estabelecerem comunicação e, também, padrões repetitivos e restritivos de comportamentos. Os sintomas devem ser apresentados desde a primeira infância, mesmo que não sejam reconhecidos mais tarde (American Psychiatric Association, 2013). 2 Em relação a sua incidência, Fombonne (2003) afirma que a frequência de diagnósticos de TEA tem aumentado, provavelmente, devido ao aperfeiçoamento do diagnóstico e disseminação dos meios para obtê-lo, assim como, ao maior acesso da população aos tipos de intervenção. No ano de 2000, a prevalência média global era de uma criança com autismo a cada 160 indivíduos pesquisados (Elsabbagh et al., 2012). Estatísticas recentes estimam que 1 em cada 50 crianças em idade escolar (6-12 anos) são diagnosticadas com autismo nos Estados Unidos (Blumberg et al., 2013; Camargo & Rispoli, 2013). No Brasil, os levantamentos epidemiológicos são escassos (BRASIL, 2013; Camargo & Rispoli, 2013). Dentre eles, há um estudo piloto realizado na cidade de Atibaia - São Paulo que apontou uma prevalência de aproximadamente 0,3% de pessoas com Transtornos Globais do Desenvolvimento (Paula, Ribeiro, Fombonne, & Mercadante, 2011). Quanto às formas de intervenção, a Análise Aplicada do Comportamento, também conhecida como ABA (Applied Behavior Analysis), tem sido apontada como uma das mais eficazes; (Howard, Sparkman, Cohen, Green, & Stanislaw, 2005; Landa, 2007; Smith, Mozingo, Mruzek, & Zarcone, 2007) permitindo o desenvolvimento de habilidades e a redução de excessos comportamentais (Naoni, 2009). Intervenções em ABA envolvem identificação de comportamentos e habilidades que precisam ser melhorados, análise funcional entre eventos antecedentes e consequentes à resposta do indivíduo e delineamento das estratégias de intervenção (Camargo & Rispoli, 2013). Sua principal função é descobrir, integrar e disseminar novos conhecimentos e aplicar estes conhecimentos para atingir metas desejadas em circunstâncias identificáveis (Moore & Cooper, 2003). O arranjo de ensino mais utilizado em ABA é o ensino por tentativas discretas, que tem um formato estruturado e caracteriza-se por dividir unidades pequenas de 3 instruções em pequenos passos ensinados um de cada vez durante uma série de tentativas. Consiste na apresentação de um estímulo antecedente claro pelo instrutor, na emissão da resposta da criança e o provimento de uma consequência (Fazzio, 2007; Leaf & McEachin, 1999; Lear, 2004). O estudo clássico de Lovaas (1987) apresenta dados relevantes sobre a eficácia da utilização da ABA na intervenção a crianças com autismo. Em sua pesquisa foram selecionadas 59 crianças que foram distribuídas em grupo experimental e grupo controle. As crianças do grupo experimental receberam tratamento intensivo (mais do que 40 horas semanais) e individualizado (um terapeuta para uma criança); as crianças do grupo controle receberam tratamento de 10 horas ou menos semanais, no mesmo modelo um para um, além de receberem uma variedade de tratamentos de outras fontes da comunidade. Os grupos receberam o tratamento por dois ou mais anos. Os dados demonstraram que 47% das crianças pertencentes ao grupo experimental passaram com sucesso pela primeira série em escola pública, apresentando funcionamento compatível com o típico da idade. Apenas 2% dos participantes pertencentes ao grupo controle foram considerados com funcionamento de acordo com o característico da idade (Sallows & Graupner, 2005). Estudos posteriores apontaram para resultados semelhantes aos obtidos pela pesquisa de Lovaas em 1987, os quais demonstraram que o tratamento comportamental pode produzir ganhos duradouros e significativos para crianças com autismo (McEachin, Smith, & Lovaas, 1993; Sallows & Graupner, 2005). O sucesso do ensino está relacionado a diversos fatores e dentre eles estão, principalmente, a intensidade de sua aplicação (40 horas semanais); a durabilidade; (no mínimo 2 anos) (Lovaas,1987; Salows & Graupner, 2005); e a precocidade; (antes dos 4 anos de idade) (Cautili, Hancock, Thomas, & Tillman, 2002; Landa, 2007). Esse 4 modelo de intervenção ficou conhecido como Intervenção Comportamental Intensiva e Precoce (Early Intensive Behavioral Intervention, EIBI) (Diggle, McConachie & Randle, 2005; Lovaas, 1993). Um fator importante a ser considerado na intervenção ao autismo são os custos financeiros acarretados pelo atendimento aos indivíduos que apresentam esse tipo de transtorno. Camargos Júnior (2010) afirma que, nos Estados Unidos, o gasto chega a US$ 35 bilhões anuais. Esses dados não podem ser comparados ao Brasil, uma vez que o sistema sócio assistencial em nosso país ainda é precário, pois o Sistema Único de Saúde não está aparelhado para as múltiplas necessidades apresentadas pelos indivíduos diagnosticados com autismo. Conforme este mesmo autor, nosso modelo de Estado se aproxima ao do México, onde os mais pobres gastam mais com seus parentes afetados. Pouquíssimas famílias têm condições econômicas de arcar com o custo do tratamento adequado e, para atender as necessidades geradas pelo autismo, todas elas dependerão, em determinado momento, de algum tipo de apoio institucional (Melo et al., 2013). Portanto, mesmo sendo um modelo de intervenção eficiente para indivíduos com TEA, é relevante considerar que a ABA nos moldes EIBI acarreta alto investimento financeiro tanto para a família, como para as instituições que a utilizam, uma vez que seu arranjo é de um aplicador/professor para uma criança (um para um). Sendo assim, elaborar alternativas que diminuam os custos, ampliem o acesso ao atendimento e mantenham os benefícios adquiridos pela intervenção em ABA, é de suma importância. Uma das alternativas é preparar os cuidadores de crianças diagnosticadas com autismo para que eles promovam o ensino de habilidades em seus tutelados. O Treinamento de Habilidades Comportamentais (BST, que procede da língua inglesa Behavioral Skills Training) tem sido um conjunto efetivo de estratégias para ensinar procedimentos em ABA. O BST foi utilizado com sucesso para ensinar 5 procedimentos em ABA a pais e professores, produzindo mudanças desejadas nos comportamentos dos filhos e alunos (Lafasakis & Sturmey, 2007; Sarokoff & Sturmey, 2004). Os primeiros estudos sobre a eficácia e viabilidade da ABA no atendimento a crianças autistas via cuidadores no contexto brasileiro, ainda são recentes (Barboza, 2015; Borba, 2014; Faggiani, 2012). O BST é constituído de um pacote de treinos que consiste em instruções, feedback, ensaios, modelação produzindo melhorias rápidas e grandes na aplicação de ensino por tentativas discretas (Sarokoff & Sturmey, 2004). Sarokoff e Sturmey (2004) utilizaram o BST para ensinar três professores a implementar corretamente o ensino por tentativas discretas com crianças autistas nas idades de 1 a 3 anos. Os resultados obtidos deste estudo apontaram para um aumento de respostas de ensino corretas para os professores 1, 2 e 3, respectivamente, de 43%, 49% e 43% na linha de base para 97%, 98% e 99% no pós-teste. Lafazakis e Sturmey (2007) realizaram um estudo semelhante ao de Sarokoff e Sturmey (2004), utilizaram o BST para ensinar três pais a implementar o ensino por tentativas discretas a crianças com déficits de desenvolvimento. Foi avaliado se o BST foi eficaz para o ensino por tentativas discretas; a ocorrência de generalização das habilidades dos pais e, ainda, se as mudanças no ensino dos pais eram acompanhadas pelas respostas corretas dos filhos. O procedimento consistiu em linha de base, treino e pós-treino. Durante a linha de base, o pai recebia uma lista digitada de definições dos 10 componentes de ensino em tentativas discretas. No início de cada sessão era dado o comando pelo experimentador de que o participante deveria aplicá-lo com o melhor de sua capacidade. As sessões foram gravadas em vídeo e cada sessão consistiu em 10 tentativas que durava cerca de 5 minutos. Durante o treino, o experimentador fornecia a cópia digitada de 10 6 componentes de ensino em tentativas discretas e descrevia cada um deles. Em seguida, o pesquisador permitia ao pai assistir aos vídeos gravados durante a fase de linha de base. Nesta ocasião, era descrito e discutido o desempenho do pai e o mesmo poderia retirar suas dúvidas. Posteriormente, o experimentador, sob observação do pai, realizava o ensino por tentativas discretas diretamente com a criança e, em seguida, o genitor aplicava o programa em três tentativas com seu filho. O pai recebia feedback imediatamente após sua performance, sendo elogiados seus acertos, explicados e corrigidos os erros cometidos. Logo após, o experimentador sentava-se com a criança e aplicava o programa de ensino em três tentativas discretas adicionais que incluíam os componentes específicos que anteriormente foram implementados de forma incorreta. O ensaio e modelação foram repetidos com o pai e experimentador em três tentativas. O pós-treino transcorreu nos mesmos moldes da linha de base. Os dados do estudo de Lafazakis & Sturmey (2007) demonstraram uma média de 50% na linha de base para mais de 80% de acertos após o treino. O pai com menor quantidade de respostas corretas melhorou seu desempenho em mais de 30%. Os resultados para generalização foram de mais de 30% de aumento de respostas corretas nas medidas de tentativas discretas para a imitação vocal. Além disso, o desempenho das crianças melhorou junto com o desempenho de seus pais. A criança que apresentou menor número de respostas corretas na linha de base (0%) aumentou a quantidade de acertos para mais de 50% nas tentativas de imitação vocal. Este estudo, portanto, demonstrou a eficácia e eficiência do BST no treino de habilidades de ensino por tentativas discretas, a ocorrência de generalização e, ainda, que as melhoras no desempenho dos pais foram acompanhadas pelas respostas corretas das crianças. Sallows e Graupner (2005) apontam para a melhora significativa dos comportamentos das crianças autistas através do ensino via cuidadores. Em seu estudo 7 os resultados demonstraram que o desempenho das crianças atendidas por seus pais foi tão bom quanto o desempenho daquelas que receberam atendimento diretamente provido por profissionais na clínica. Este dado é bastante relevante uma vez em que se torna uma alternativa de tratamento, provavelmente, menos onerosa tanto para a família quanto ao poder público. Além de possibilitar a realização diária do tratamento e sua extensão ao longo dos anos, pois estaria presente no contexto domiciliar da criança; também possibilitaria maior abrangência ao aumentar o número de crianças que poderiam ser beneficiadas com a ABA. Pode-se afirmar que o ensino de cuidadores em ABA é uma relevante área de estudo e aplicabilidade pois, em geral, é no contexto familiar que a criança passa a maior parte do seu tempo, fazendo com que este ambiente seja fundamental para a aquisição e manutenção de determinados comportamentos. Mesmo para aquelas crianças que recebem atendimento intensivo e direto por meio de profissionais, o engajamento, treinamento e participação dos familiares, em especial dos cuidadores primários, é essencial no ensino a crianças com TEA, contribuindo para o desenvolvimento e generalização de repertórios (Borba, 2014). Outro fator que justifica a importância do ensino em ABA é que seus benefícios se estendem aos demais membros da família, uma vez que promove a aquisição de habilidades inexistentes no repertório comportamental da criança, tornando-a mais independente das ajudas fornecidas por seus cuidadores. Quanto maior for a autonomia da criança, maior será o tempo que o cuidador poderá disponibilizar para atender as suas próprias necessidades e minimizar o estresse vivenciado pela família, que em geral, precisa aprender a se reestruturar sem abrir mão de seu lazer e bem-estar (BRASIL, 2000). 8 O presente trabalho consistiu em uma pesquisa aplicada que se baseou nos estudos de Borba (2014) e Lafazakis & Sturmey (2007), e, se subdividiu em dois experimentos. O primeiro verificou o efeito do ensino de bases conceituais em ABA sobre o repertório de conhecimento e desempenho de cuidadores em interação lúdica com a criança; e o segundo experimento verificou o efeito do treino de programas de ensino por tentativas discretas sobre desempenho dos cuidadores e a ocorrência de generalização de respostas corretas dos cuidadores para o uso do ensino por tentativas discretas de programas que não tinham sido previamente ensinados. Em ambos, o procedimento consistiu em linha de base, treino e pós-treino. EXPERIMENTO 1 É possível que o ensino de conceitos básicos de Análise do Comportamento tenha efeito favorável sobre o beneficiário no sentido de ampliar sua compreensão e engajamento em formas de intervenção baseadas em Análise Comportamental Aplicada - ABA (Camargo & Rispoli, 2013). A importância do provimento de bases conceituais a cuidadores de crianças com TEA pode estar no fato de torná-los minimamente preparados para analisar o comportamento de suas crianças e funcionar como agentes importantes no processo de intervenção, além de torná-los ouvintes e leitores mais proficientes a respeito do conhecimento gerado em ABA voltado diretamente para este público. Sendo assim, este primeiro estudo objetivou verificar a eficácia de um treino conceitual baseado em Sistema Personalizado de Instrução (Keller, 1999) para ensino de bases conceituais de Análise do Comportamento a pais de crianças diagnosticadas com autismo. Visando respeitar o ritmo de aprendizagem de cada cuidador, além de promover maior autonomia aos mesmos. Adicionalmente, foram avaliados os efeitos deste ensino sobre a habilidade dos cuidadores em interações com sua criança em atividade lúdica. 9 MÉTODO Participantes A tabela 1 apresenta as informações sobre os participantes, que, por questões éticas, receberam nomes fictícios. Fizeram parte do estudo, sete cuidadores de crianças diagnosticadas com TEA que apresentavam déficits de linguagem, comportamentos auto lesivos e agressivos leves. Entendendo-se por cuidador, aquela pessoa que lida diretamente e frequentemente com a criança, procurando atender suas necessidades, além de ser o indivíduo facilitador no processo de desenvolvimento das habilidades necessárias à autonomia da criança. Os participantes eram cuidadores de crianças assistidas por meio do Projeto Caminhar do Hospital Bettina Ferro de Souza e foram encaminhadas ao Projeto de Atendimento e Pesquisa sobre Aprendizagem e Desenvolvimento (APRENDE) do Núcleo de Teoria e Pesquisa do Comportamento da Universidade Federal do Pará. Esses cuidadores conduziam suas crianças, em média, três vezes por semana ao APRENDE para receberem atendimento direto realizado por alunos de pós-graduação em Teoria e Pesquisa do Comportamento e permaneciam numa sala de espera que era separada da sala de atendimento por um espelho unidirecional. Além disso, embora não tivessem recebido ensino direto sobre ABA, esses cuidadores por vezes receberam orientações sobre manejo de comportamento de suas crianças. Cada participante assinou o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Anexo 1). O presente trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Instituto de Ciências da Saúde da UFPA, conforme o parecer nº 175.303 de 14/12/2012, em consonância com a Resolução 196/96 do CNS/MS. 10 Tabela 1. Informações pessoais sobre os participantes Nome Idade Vínculo Escolaridade Profissão Renda André 16 Primo Fundamental Estudante ½ salário Antônio 49 Pai Médio Vidraceiro 3 salários Josenilda 35 Mãe Médio Do lar 2 salários Jade 43 Mãe Médio Manicure 2 salários Rita 37 Babá Fundamental Babá 1 salário Marlene 38 Mãe Médio Comerciante 4 salários Henrique 46 Pai Superior Autônomo 3 salários Ambiente Para o ensino conceitual, foi utilizada uma sala de aula localizada no prédio do Núcleo de Teoria e Pesquisa do Comportamento da Universidade Federal do Pará. Esta sala possuía 25 m² (5 x 5 m), tinha iluminação artificial e direta, e climatização. O mobiliário consistiu em carteiras, cadeiras, mesa e um quadro branco. Para as filmagens da interação cuidador/criança foi usada uma sala que media 12,5 m² (5 x 2,5 m), com iluminação artificial e direta, climatizada. Continha dois sofás, uma mesinha com duas cadeiras e armários nos quais eram guardados os brinquedos. Instrumentos e materiais Foram utilizados textos impressos sobre princípios básicos de ABA, a partir de Borba (2014), notebook, data show e caixa de som. Para registro em filmagens da interação entre cuidador e a criança, antes e depois do ensino conceitual, foi utilizada uma câmera de vídeo, brinquedos com peças de encaixe e jogos de quebra cabeças. Delineamento Experimental O delineamento utilizado foi o intrassujeito de comparação de medidas pré e pós tratamento. As variáveis dependentes analisadas foram: (a) desempenho em teste de avaliação conceitual dos cuidadores com relação aos princípios básicos de Análise do 11 Comportamento e (b) uso dos princípios de ABA para manter interações amistosas e cooperativas com sua criança. (Anexos 2 e 3). A variável independente manipulada foi a implementação do procedimento para ensino conceitual sobre conceitos básicos de Análise do Comportamento. Procedimento 1) Ensino Conceitual sobre Análise do Comportamento Teste Teórico Linha de base Filmagem de interação lúdica Ensino conceitual (SPI) Leitura de textos sobre ABA e Exercício Pós- teste Aula expositiva dialogada Teste Teórico Filmagem de interação lúdica Figura 1. Etapas do procedimento de ensino conceitual 1.1) Linha de base: avaliação do repertório de entrada dos cuidadores A figura 1 demonstra as etapas do procedimento adotado neste experimento. Primeiramente foi feita linha de base, momento em que foi aferido o repertório de entrada dos participantes. Os cuidadores individualmente passaram por um teste de sondagem teórico escrito que continha quinze questões objetivas de múltipla escolha cada (Anexo 2). Houve orientação prévia de que deveriam responder as perguntas conforme o que lhes parecia correto e caso não soubessem a resposta, poderiam marcar a alternativa “Não sei”. Ao finalizar a sondagem, o cuidador era conduzido para outra sala para interagir em atividade lúdica com a criança. A situação foi arranjada para que cada díade cuidador/criança brincasse livremente numa sala com brinquedos de peças 12 de encaixe e jogos de quebra cabeças que foram sugeridos como estímulos reforçadores por profissionais que atendiam diretamente a criança no APRENDE. Os desempenhos dos cuidadores foram vídeo-gravados por 5 minutos. 1.2) Ensino conceitual A metodologia de ensino utilizada durante esta etapa foi individualizada, respeitando o processo de aprendizagem de cada participante, baseando-se no Sistema Personalizado de Instrução de Keller (Keller, 1999). Assim, os conteúdos ministrados foram divididos partindo dos mais simples e básicos para os mais complexos. Os textos com cada conteúdo foram entregues para cada participante que conforme terminavam a leitura e demonstravam compreensão sobre a mesma, recebiam os textos posteriores. Assim, foram lidos seis textos que abordaram, respectivamente, sobre:1) Autismo e intervenção comportamental; 2) Análise do Comportamento: resposta, evento antecedente e evento consequente; 3) Fortalecimento do comportamento: reforço positivo e reforço negativo; 4) Enfraquecimento do comportamento: punição positiva e negativa, e extinção; 5) Controle discriminativo; 6) Comportamento verbal: operantes verbais básicos (cf. Borba, 2014 – Tese de doutorado disponível em www.ufpa.br/ppgtpc). Durante a leitura dos textos, o participante podia pedir explicações ao pesquisador sobre possíveis dúvidas apresentadas. Após a leitura, pedia-se que o participante respondesse os exercícios contidos ao final de cada texto. As perguntas e respostas eram corrigidas pelo pesquisador juntamente com o participante e após a verificação, através das respostas escritas e/ou vocais, que houve compreensão por parte do cuidador, este passava por uma aula expositiva dialogada sobre o conteúdo do mesmo material. Neste momento foram utilizados slides e vídeos, objetivando fortalecer 13 a compreensão sobre o assunto abordado. Somente após este procedimento, o participante recebia o próximo texto. 1.2) Pós-teste: avaliação do repertório adquirido pelos cuidadores O procedimento adotado para a aplicação de teste teórico e vídeo gravação da interação cuidador/criança, bem como, o teste teórico administrado foram os mesmos utilizados na etapa de Linha de base: avaliação do repertório de entrada dos cuidadores. 2) Tratamento de dados O procedimento no tratamento dos dados teve início com a transcrição da interação, identificando os eventos antecedentes, a resposta do cuidador e eventos consequentes (Anexo 3). A observação e registro foram dos 3 minutos iniciais de vídeo gravação durante o pré-teste e 3 minutos iniciais de vídeo gravação do pós-teste, totalizando 6 minutos de registro. Posteriormente, foram contabilizadas as respostas emitidas pelo cuidador sendo utilizado um protocolo de identificação das respostas do cuidador (Anexo 3). Este possuía duas categorias de análise: a) tipos de interação e b) tipos de estímulos. A primeira, tipos de interação, foi elaborada a partir do trabalho de França-Freitas & Gil (2012), cujas subcategorias são: a) amistosa e b) cooperativa. Quanto aos tipos de estímulos, o foco da análise foi a função que a resposta do cuidador exerceu sobre a reposta emitida pela criança, ou seja, estímulo discriminativo antecedente e estímulo social condicionado consequente. Assim, foram criadas as seguintes subcategorias: a) estímulo discriminativo verbal; b) estímulo discriminativo não verbal; c) estímulo consequente condicionado verbal; d) estímulo consequente condicionado não verbal. Ambas as categorias e suas respectivas subcategorias estão demonstradas na figura 2. 14 Tabela 2. Descrição de episódio de interação adaptado de França-Freitas & Gil (2012). Categorias Sub categorias Amistosa Tipos de Interação (Tipo de afeto) Cooperativa Estímulo discriminativo verbal Estímulo discriminativo não verbal Descrição Exemplos Ocorre quando o comportamento socialmente dirigido de pelo menos um dos indivíduos envolvidos no episódio interativo resulta em acolhimento e/ou demonstração de afeto de outro indivíduo envolvido no episódio e, ainda, estabelecimento de um diálogo. Liberar estímulos sociais, tais como: bater palmas, sorrir, olhar para o rosto da criança, pegar nas mãos da criança, beijar. Dizer: parabéns, perfeito, isso, legal. Tentar estabelecer conversa através de perguntas. Ocorre quando os comportamentos socialmente dirigidos se completam entre si na consecução de um objetivo comum. Exemplo: montar o quebra cabeça e encaixar as peças no brinquedo de encaixe. Pegar peças, entregar peças para a criança, encaixar peças, fornecer ajuda física total ou parcial a criança para execução da atividade, fornecer dica verbal ou não verbal para a criança para desenvolver a atividade. Ocorre quando o comportamento verbal do cuidador exerce a função de estímulo discriminativo que controla a resposta da criança. Dizer: Vamos montar?; O que vem aqui?; Olha!; Senta aqui!; olha para mamãe! Ocorre quando o comportamento não verbal do cuidador exerce a função de estímulo discriminativo que controla a resposta da criança. Apontar com o dedo indicador para a peça/figura ou brinquedo; entregar peça à criança, apontar com o dedo indicador o local onde a criança deve sentar ou encaixar a peça do jogo. Ocorre quando o comportamento do cuidador exerce a função durante a interação com a criança de estímulo social verbal condicionado que segue a resposta da criança. Dizer: Muito bem!; parabéns!; perfeito!; legal! Ocorre quando o comportamento do cuidador exerce a função durante a interação com a criança de estímulo social não verbal condicionado que segue a resposta da criança. Bater palmas; sorrir; beijar a criança, olhar para o rosto da criança, pegar nas mãos da criança. Tipos de estímulos Estímulo consequente condicionado verbal Estímulo consequente condicionado não verbal 15 Acordo entre observadores Os episódios de interações registrados para análise foram identificados por dois observadores, alunos de pós-graduação e com formação em Análise do Comportamento, que assistiram juntos às cenas e acordavam se as respostas emitidas pelo cuidador deveriam ou não ser consideradas dentro da categoria estabelecida. Somente quando havia concordância entre os observadores as respostas eram registradas e contabilizadas. Quanto aos testes teóricos as respostas foram contabilizadas de acordo com acertos e erros na escolha das alternativas. A escolha da alternativa “não sei” foi computada como erro. RESULTADOS E DISCUSSÃO Este estudo teve como objetivo avaliar a eficiência de um programa de ensino de conceitos básicos de Análise do Comportamento, comparando os efeitos deste ensino sobre a habilidade dos participantes cuidadores em interagir com sua criança em atividade lúdica. A Figura 2 apresenta o desempenho de sete cuidadores participantes no pré-teste e pós-teste sobre o conhecimento das bases conceituais da Análise do Comportamento. Durante a etapa de linha de base, observa-se que o desempenho de cada participante foi abaixo de 50%. Estes resultados, demonstram que todos os cuidadores estavam dentro do critério de participação no estudo, uma vez que não possuíam conhecimento prévio sobre ABA. Após a introdução do procedimento de ensino, observa-se que todos os participantes apresentaram percentual maior de acertos nas respostas do pós-teste teórico. Mesmo a participante Rita que obteve um percentual de 46% de conhecimento no pós-teste, apresentou aumento de desempenho da etapa de pré-teste para o pós-teste, pois na linha de base seu repertório era de 26%. Antônio foi o participante que demonstrou ter maior aproveitamento apresentando uma evolução de desempenho de 16 60%. Os participantes André, Jade, Josenilda, Marlene e Henrique apresentaram como resultados na fase de pré-teste, respectivamente: 26%, 40%, 40%, 46% e 33%. Sendo que após o procedimento de ensino das bases conceituais o desempenho de cada um destes participantes foram, respectivamente: 80%, 66%, 80%, 73% e 80%. Ao calcular a média global de todos os participantes durante a etapa do pré-teste foi obtido o percentual de 32% passando para 73% na etapa de pós-teste. 100 Pré-Teste Pós-Teste 90 Percentagem de Acerto 80 70 60 50 40 30 20 10 0 Antônio André Jade Josenilda Rita Marlene Henrique Participantes (A) 100 Evolução dos Comportamentos Individuais Média do Pré-teste Média do Pós-teste 90 80 Percentagem 70 60 50 40 30 20 10 0 Antônio André Jade Josenilda Rita Marlene Henrique Participantes (B) Figura 2. Resultado do desempenho dos participantes no teste teórico escrito, (A) préteste em relação ao pós-teste, e (B) evolução dos comportamentos individuais e médias dos comportamentos dos participantes. Os dados fornecidos por meio dos testes teóricos escritos indicam que o procedimento adotado foi eficiente para o ensino de bases conceituais, pois houve aumento no desempenho de cada um dos participantes, conforme demonstrado na figura 2. A média de evolução de cada participante foi respectivamente: 60%, 53%, 26%,40%, 17 20%, 26% e 46%. Observa-se que nenhum dos cuidadores apresentaram desempenho acima de 80% no pós- teste. Isto pode ter ocorrido pelo fato de que os conceitos da análise do comportamento não faziam parte da história de condicionamento dos cuidadores que manifestavam em suas verbalizações durante as aulas expositivas interpretações mentalistas sobre o comportamento humano. Skinner afirma que: “... o indivíduo adquire do grupo um extenso repertório de usos e costumes” (Skinner, 1953 p. 389). Portanto, pode-se dizer que a história de condicionamento desses cuidadores sofreu influência da cultura do grupo social ao qual pertencem, pois na cultura ocidental é, ainda, muito frequente interpretações internalistas sobre a origem do comportamento, contrariando o princípio básico da ABA, de que o comportamento é função das relações estabelecidas com o meio. A Figura 3 apresenta os resultados dos tipos de interação (Amistosa e Cooperativa) de cinco participantes (Henrique, Jade, Marlene, Rita e Josenilda) nas fases de pré-teste e pós-teste da interação em atividade lúdica do cuidador com sua criança. Ressalta-se que dois cuidadores não participaram das filmagens dessa interação, não havendo, portanto, dados sobre eles para serem mostrados nessa etapa. Os resultados demonstram a variação no desempenho de cada cuidador. Foram contabilizadas as frequências simples das respostas emitidas pelos participantes individualmente de acordo com as categorias (tipos de interação) e subcategorias preestabelecidas (Amistosa e Cooperativa), tendo como foco de análise as respostas do cuidador. 18 Interação Amistosa Pré-teste Pós-teste 130 Frequência simples em 3 min. 120 110 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 Henrique Jade Marlene Rita Josenilda Participantes (A) 100 Interação Cooperativa Pré-teste Pós-teste Frequência simples em 3 min. 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 Henrique Jade Marlene Rita Josenilda Participantes (B) Figura 3. Categoria. Tipos de interação: (A) amistosa, (B) cooperativa. Observa-se que o participante Henrique apresentou maior número de respostas amistosas (66) na fase do pré-teste em comparação às respostas cooperativas (18). No pós-teste, a frequência de respostas de cooperação passou para 83 e as respostas amistosas decresceram para 47. As respostas cooperativas foram menores na fase de pré-teste, provavelmente, porque o cuidador se comportou como observador da atividade desenvolvida pela criança, ficando por algumas vezes com os braços debruçados sobre a mesa e o queixo apoiado sobre as palmas de suas mãos. A criança praticamente desenvolveu a atividade sozinha o que controlou o comportamento do cuidador a interagir de maneira amistosa estabelecendo conversa com a criança a 19 respeito das figuras montadas no jogo. Foi observada respostas intraverbais entre o participante e a criança através de perguntas como: quem é esse aqui?; quem são? Somando-se as respostas amistosas e cooperativas obteve-se como resultado na fase de pré-teste o total de 84 respostas e no pós-teste 130. Observa-se que o número de respostas do cuidador aumentou de forma significativa entre as duas fases, mesmo que o foco do procedimento de ensino não tenha sido produzir maior frequência de interações amistosas e cooperativas entre cuidador e sua criança. No entanto, a atividade lúdica escolhida nas fases de pré-teste e pós-teste estimulou a interação entre a díade. A participante Jade apresentou aumento de respostas da fase de pré-teste para o pós-teste nas interações amistosas e cooperativas, passando de 73 para 133 comportamentos amistosos e de 58 para 65 os comportamentos cooperativos. Durante a observação dos vídeos gravações, verificou-se que na fase de pós-teste houve maior engajamento da criança na atividade proposta do que no pré-teste. Neste a criança emitiu diversos comportamentos opositores à tarefa, levantava-se da cadeira com frequência o que controlava o comportamento da mãe em ter que conduzir a criança ao assento novamente. Embora o brinquedo escolhido para a etapa de interação tenha sido indicado como estímulo reforçador para a criança, não houve controle desta variável durante a pesquisa, pois o brinquedo utilizado na fase do pré-teste diferenciou-se do que foi usado no pós-teste. Esta variável pode ter interferido no desempenho da criança e seu engajamento na atividade lúdica, fator este que também pode ter interferido nos resultados do desempenho do cuidador durante a interação. Pode ser que o jogo escolhido durante o pós-teste tenha sido um reforçador de maior magnitude para a criança, portanto por este motivo ela não emitiu comportamentos opositores à atividade, permitindo ao cuidador emitir com maior frequência comportamentos amistosos e 20 cooperativos durante o pós-teste. Sendo assim, propõe-se para estudos posteriores o controle desta variável interveniente, brinquedo/jogo utilizado. Quanto a participante Marlene, na fase do pré-teste a frequência de respostas amistosas foi de 48 e no pós-teste de 15. Quanto aos comportamentos cooperativos os resultados foram no pré-teste e pós-teste, respectivamente 40 e 96. Através da observação dos vídeos, verificou-se que durante o pré-teste a criança apresentou diversos comportamentos opositores a atividade lúdica com a mãe. Demonstrava querer entrar logo na sala de atendimento para interagir com uma das profissionais que a atendia no APRENDE. Desta forma, a mãe diversas vezes emitiu o comportamento de pegar no queixo da criança e levantar a cabeça dela para que assim a mãe pudesse manter contato visual, enquanto explicava que a criança deveria fazer a atividade com ela primeiramente e somente depois teria acesso a sala de atendimento. Isto explica a frequência maior de comportamentos amistosos da mãe em relação à criança na fase do pré-teste. Verificou-se, também, que a forma adotada pela cuidadora para manejar o comportamento opositor da criança foi adequada e que embora sem informação prévia, ela utilizou o princípio de David Premak apud Lundin (1977), estabelecendo a atividade menos reforçadora (jogar com a mãe) como requisito para acesso àquela mais reforçadora (ser atendida pela profissional do APRENDE). A cuidadora dizia: se você quer ir com a tia “fulana”, deve primeiro montar o quebra cabeça. Sendo assim, a mãe conseguiu controlar o comportamento da criança que desenvolveu a atividade lúdica conjuntamente com a cuidadora. Na fase de pós-teste houve maior engajamento por parte da criança na atividade lúdica, o que provavelmente explica o aumento considerável das respostas cooperativas da mãe em relação à criança. 21 Os resultados da cuidadora Rita demonstram que no pré-teste a frequência de respostas amistosas foi 29 passando para 8 no pós-teste e as respostas cooperativas foram 42 e 64, respectivamente. No segundo momento, a cuidadora teve maior participação durante a construção do quebra cabeça, selecionando peças, entregando-as para a criança e encaixando-as nas demais peças do jogo. Sobre os tipos de interação, a participante Josenilda apresentou os seguintes resultados na fase de pré-teste: comportamentos amistosos 46 e comportamentos cooperativos 31. A frequência de respostas passou para 40 na fase de pós-teste para respostas amistosas e 36 para respostas cooperativas. O gráfico da figura 3 demonstra, portanto que houve aumento de respostas cooperativas na fase do pós-teste para todos os participantes. As figuras 4 a 8 apresentam os resultados obtidos da interação lúdica cuidador versus criança em sua categoria de análise tipos de estímulos. 30 Frequência simples em 3 min. 25 Tipos de Estímulos Sd Verbal Sd nao verbal Consequente condicionado verbal Consequente condicionado nao verbal 20 15 10 5 0 Pré-teste Pós-teste Participante Henrique Figura 4. Categoria. Tipos de estímulos produzidos na interação lúdica. Participante Henrique. A Figura 4 apresenta os resultados do participante Henrique quanto aos tipos de estímulos. Observa-se que na fase do pós-teste o cuidador consequenciou, em maior frequência, com estímulos verbais e não verbais condicionados as respostas emitidas pela criança, totalizando nas fases de pré-teste e pós-teste respectivamente 24 e 41 respostas. É provável que esse aumento esteja relacionado às respostas emitidas pela 22 criança, que funcionaram como estímulo reforçador para o participante. Por outro lado, a consequência social disponibilizada pelo participante pode ter funcionado para a criança como estímulo reforçador que ocasionou maior engajamento da criança na atividade lúdica proposta. Sendo assim, o comportamento do cuidador deve ter exercido controle sobre o comportamento da criança e vice-versa. O gráfico da Figura 4 indica, ainda, que na fase de pós-teste houve aumento de respostas verbais do cuidador quer seja como estímulo antecedente quer seja como consequente, passando de 23 respostas verbais no pré-teste para 38 respostas no pósteste, quase o dobro de sua ocorrência. Portanto, é possível observar mudança no desempenho deste cuidador na interação estabelecida com sua criança da fase do préteste para o pós-teste. 40 Tipos de Estímulos Frequência simples em 3 min. 35 Sd verbal Sd nao verbal Consequente condicionado verbal Consequente condicionado nao verbal 30 25 20 15 10 5 0 Pré-teste Pós-teste Participante Jade Figura 5. Categoria. Tipos de estímulos produzidos na interação lúdica. Participante Jade. Quanto aos tipos de estímulos, os resultados do desempenho da participante Jade indicam que a emissão de estímulos discriminativos verbais e não verbais se mantiveram estáveis durante as duas fases, que totalizaram 38 respostas quer seja no pré-teste, quer seja no pós-teste. Quanto aos estímulos consequentes, observa-se acréscimo nas respostas categorizadas como estímulos condicionados não verbais que passaram de 7 para 33. Sendo assim, a cuidadora procurou consequenciar as respostas adequadas da criança disponibilizando estímulos não verbais, tais como: sorrir (18), 23 bater palmas (13) e beijar a criança (2). Observou-se que estes estímulos funcionaram como reforçadores para a resposta da criança que emitiu várias respostas de beijar a mãe, sorrir para ela e bater palmas. 50 Frequência simples em 3 min. 45 Tipos de Estímulos 40 Sd verbal Sd nao verbal Consequente condicionado verbal Consequente condicionado nao verbal 35 30 25 20 15 10 5 0 Pré-teste Pós-teste Participante Marlene Figura 6. Categoria. Tipos de estímulos produzidos na interação lúdica. Participante Marlene. Quanto aos tipos de estímulos para a participante Marlene houve aumento na emissão de estímulos discriminativos verbais entre as fases de pré-teste e pós-teste de 27 para 35 e estímulos não verbais de 19 para 24. Quanto aos estímulos consequentes verifica-se que houve estabilidade nos valores dos estímulos consequentes verbais (25) e redução na emissão de estímulos não verbais que passou de 13 para 4. Mesmo havendo redução na emissão de estímulos condicionados consequentes, a criança participou da atividade, provavelmente, porque a própria brincadeira pode ter tido função reforçadora. Diante disto, é possível que o cuidador não tenha ficado sob controle da necessidade de consequenciar (com estímulos sociais condicionados) as respostas de construção do jogo emitidas pela criança. 24 40 Frequência simples em 3 min. 35 Tipos de Estímulos Sd verbal Sd nao verbal Consequente condicionado verbal Consequente condicionado nao verbal 30 25 20 15 10 5 0 Pré-teste Pós-teste Participante Rita Figura 7. Categoria. Tipos de estímulos produzidos na interação lúdica. Participante Rita. O gráfico da Figura 7 apresenta os dados obtidos da participante Rita. No que se refere a categoria dos tipos de estímulos, a participante apresentou os seguintes resultados nas fases de pré-teste e pós-teste, respectivamente: Sd verbal 8 e 8; Sd não verbal 19 e 28; estímulo consequente social condicionado verbal 12 e 2 e estímulo consequente social condicionado não verbal 5 e 0. Poucas interações verbais com a criança foram registradas tanto na fase do pré-teste, como na fase do pós-teste. Este comportamento levanta a hipótese de que provavelmente o operante verbal não deveria ser frequente na interação com a criança, pois a referida cuidadora, que era a babá da criança, além de ter que cuidar da mesma se dividia em outras atividades domésticas tais como: cuidar da casa, fazer comida, lavar e passar as roupas. Portanto, deveria estabelecer pouca resposta verbal com a criança para poder dar conta de realizar todas as atividades das quais era responsável. Além disso, esta participante foi a que apresentou maiores dificuldades na compreensão dos conceitos básicos da ABA, obtendo baixo rendimento nos testes teóricos em comparação aos demais cuidadores. As dificuldades de compreensão sobre os princípios da ABA e sua aplicabilidade são variáveis também a serem consideradas para a explicação dos resultados obtidos do desempenho desta cuidadora na interação com a criança. Além disso, outra variável a 25 ser considerada era o grau de escolaridade dessa participante que tinha apenas o ensino fundamental. Frequência simples em 3 min. 20 Tipos de Estímulos Sd verbal Sd nao verbal Consequente condicionado verbal Consequente condicionado nao verbal 15 10 5 0 Pré-teste Pós-teste Participante Josenilda Figura 8. Categoria. Tipos de estímulos produzidos na interação lúdica. Participante Josenilda. No que se refere a categoria dos tipos de estímulos, a participante apresentou os seguintes resultados nas fases de pré-teste e pós-teste respectivamente: Sd verbal 13 e 10; Sd não verbal 12 e 7; estímulo consequente social condicionado verbal 6 e 4 e estímulo consequente social condicionado não verbal 4 e 1. Verifica-se que o número de respostas desta cuidadora decresceu em todas as subcategorias estabelecidas. Uma variável relevante a ser considerada nos resultados obtidos é que a criança apresentava padrões de comportamentos bastante distintos das demais crianças. Déficit persistente em atenção conjunta e interação social, comportamentos estereotipados em alta frequência. Estes comportamentos estereotipados foram emitidos em quase todo o tempo de transcrição do vídeo na fase do pós-teste, diante destes comportamentos a participante fez diversas tentativas em disponibilizar estímulos antecedentes que exercessem controle sobre a resposta da criança, tentando extinguir as estereotipias da criança e engajá-la na atividade proposta. No entanto, as tentativas não foram bemsucedidas. Este dado indica a necessidade para os próximos estudos em inserir 26 orientações e exercícios práticos sobre manejos de comportamentos considerados problemas, aspecto que não foi abordado com muito detalhe durante o treino de bases conceituais. Enfim, os resultados demonstram que para os cinco participantes Henrique, Jade, Rita, Marlene e Josenilda houve aumento na frequência de respostas cooperativas durante a interação destes participantes na atividade lúdica desenvolvida com a criança. Ressaltando que os participantes Henrique e Rita eram cuidadores da mesma criança e apresentaram em comum o aumento do repertório categorizado como cooperação. No caso da participante Jade, os resultados demonstram que ocorreram em maior frequência as respostas da subcategoria de repostas amistosas na interação com a criança. Diante dos resultados não se pode afirmar que o treino conceitual tenha interferido de maneira efetiva para todos os participantes. O participante Henrique demonstrou resultados significativos aumentando suas respostas verbais diante do filho e também consequenciando os comportamentos adequados da criança com estímulos condicionados verbais e não verbais. A participante Marlene também apresentou maior frequência de respostas antecedentes que funcionaram como estímulos discriminativos para o comportamento da criança, desta forma, parece ter aumentado o uso de controle de estímulos na interação com seu filho. Para os demais participantes, parece que o efeito do ensino dos princípios do comportamento não influenciou muito em seus desempenhos, demonstrando não ter ocorrido a generalização do repertório adquirido sobre os conceitos da ABA para sua aplicação na interação com a criança. Diante desses resultados, propõe-se para os próximos estudos que os participantes sejam submetidos ao mesmo modelo de ensino adotado neste estudo, acrescida da técnica de role playing e treino direto com a própria criança que permita aplicar o conhecimento teórico adquirido na prática. 27 Os resultados também corroboram com o conceito da ABA de que o comportamento deve ser entendido na relação com o meio, pois mesmo sendo uma análise focal, cujo foco foi o comportamento do cuidador, observa-se que tanto o comportamento do cuidador pode controlar a resposta da criança e vice-versa. Embora o registro tenha sido da frequência simples de respostas do cuidador nas categorias preestabelecidas, elas somente podem ser explicadas a partir da análise funcional, pois o comportamento apenas pode ser entendido na relação com o meio. Após a implementação do ensino conceitual que permitiu a ampliação de repertórios de conhecimento sobre a ABA, tornando os participantes ouvintes mais proficientes sobre os conceitos analítico-comportamentais, foi iniciado o experimento 2. EXPERIMENTO 2 Estudos empíricos têm registrado resultados satisfatórios sobre o efeito da intervenção a crianças autistas por meio de seus cuidadores (Borba, 2014; Lafazakis & Sturmey, 2007). No Brasil, este tipo de estudo ainda é bastante escasso, tendo como registros iniciais as pesquisas de alguns autores que implementaram procedimentos de ensino a cuidadores em formatos diferenciados (Barboza, 2015; Borba, 2014; Faggiani, 2012). Borba (2014) objetivou verificar a eficácia de um programa de intervenção via cuidadores de crianças com TEA a fim de estabelecer comportamentos adequados tal como os de colaboração. Inicialmente, a autora instrumentalizou os cuidadores ensinando-os conceitos básicos sobre ABA. Foi utilizada a técnica de role playing com feddback, além de ser realizado o acompanhamento e a avaliação contínua sobre o desempenho desses cuidadores junto às suas crianças, bem como, a avaliação sobre o desempenho das próprias crianças. O pacote de treino utilizado neste experimento se assemelha ao adotado por Sarokoff e Sturmay (2004) e replicado por Lafazakis e Sturmey (2007), que consistiu 28 em instruções, role playing com feedback imediato. O presente experimento, portanto, se baseou nesse modelo de ensino e procurou verificar seus efeitos sobre o repertório de cuidadores ao realizar o ensino por tentativas discretas junto a um confederado, a fim de evitar a exposição da criança às possíveis respostas erradas emitidas pelos cuidadores na implementação do programa de ensino. MÉTODO Participantes Participaram cinco participantes do Experimento 1. As participantes Rita e Josenilda ficaram impossibilitadas de continuarem na pesquisa. Rita porque deixou de trabalhar com a família da criança e Josenilda por causa da mudança de horário na escola em que a criança estudava. Ambiente O ambiente utilizado foi o mesmo do Experimento 1. Instrumentos e materiais Para registro em filmagens do pré-teste e pós-teste, foi utilizada uma câmera de vídeo. Além disso, utilizou-se notebook, brinquedos e materiais impressos tais como: protocolo geral dos programas de intervenção (Anexo 4), folhas de registro do protocolo de intervenção (Anexo 5), programas de ensino (Toque aqui; Imitação; Seguir Instruções; Intraverbal informações pessoais; Tato com autoclítico; Esperar; Mando com gestos) (Anexo 6) e protocolo de avaliação de precisão de desempenho (Anexo 7). Delineamento Experimental Foi utilizado o delineamento intrassujeito de comparação de medidas pré e póstratamento. A variável dependente percentual de emissão de respostas corretas dos 29 cuidadores na implementação dos programas de ensino por tentativas discretas e a variável independente manipulada foi o treino dos programas de ensino. Procedimento Leitura prévia do programa de ensino e Pré-teste Treino Filmagem da aplicação do programa de ensino Role playing com feedback (Modelo descrito na Figura 10) Pós-teste Filmagem da aplicação do programa de ensino Figura 9. Etapas do procedimento de treino prático. 1) Treino de Programas de Ensino por Tentativas Discretas. 1.1) Linha de base: avaliação do repertório de entrada. Este experimento ocorreu com cada participante em separado, pois os programas de ensino foram diferenciados para cada cuidador em decorrência do currículo de ensino das crianças no APRENDE. Na fase de pré-teste, o cuidador recebeu primeiramente um texto contendo o protocolo geral dos programas de intervenção (Anexo 4) e foi orientado a realizar sua leitura. Após a leitura, o cuidador recebeu feedback por parte dos experimentadores sobre o conteúdo do texto. Logo após, o participante recebeu por escrito o programa de ensino que seria treinado, sendo solicitado que realizasse a leitura individualizada. Neste momento, o cuidador não recebeu qualquer feedback sobre o conteúdo do material lido. 30 De modo geral, os programas de ensino por tentativas discretas são subdivididos em passos que se referem ao tipo de ajuda que deve ser fornecida para que a resposta desejada seja emitida. Dependendo da criança, pode-se iniciar o ensino fornecendo ajuda física total (AFT), posteriormente ajuda física parcial (AFP) até que respostas independentes (RI) sejam emitidas pela criança. Ressaltando que as respostas independentes são aquelas emitidas sem qualquer tipo de ajuda. No pré-teste, elegeu-se como resposta de ajuda do cuidador em relação ao confederado a ajuda física parcial (AFP) que caracteriza o passo 2 dos programas de ensino. Desta forma o cuidador foi instruído a realizar, com o confederado que simulou ser a criança autista, cinco tentativas consecutivas no Passo 2. Além de implementar o programa, o cuidador foi orientado a registrar as respostas certas e erradas na folha de registro (Anexo 5). As respostas registradas se referiam àquelas emitidas pelo confederado na simulação. A cada novo programa que foi treinado, o participante passava pelas três fases do procedimento: pré-teste, treino e pós-teste. 1.2) Treino de programas de ensino por tentativas discretas. Nesta fase da pesquisa foram utilizadas 3 horas semanais durante os mesmos dias de atendimento direto das crianças por profissionais do APRENDE, totalizando 60 horas. Durante o treino, o cuidador recebeu feedback por parte dos experimentadores sobre o conteúdo do texto que continha a descrição do programa de ensino recebido na fase de linha de base. Na fase de treino, o participante podia fazer perguntas e suas dúvidas eram esclarecidas. Os programas de ensino foram selecionados para cada cuidador a partir da informação obtida com o profissional que atendia diretamente a criança no projeto APRENDE de que a criança apresentava precisão de desempenho nesses programas. Assim, quando o cuidador começasse a aplicar o programa com a 31 criança em casa, as respostas corretas emitidas pela criança provavelmente o motivaria a voltar às sessões experimentais afim de adquirir novas estratégias de condução de respostas funcionais em sua criança. Os cuidadores passaram pelo treino de três programas de ensino, exceto a participante Jade que foi treinada em dois programas, pois seu filho apresentava desempenho preciso nesses programas. Ressalta-se, também, que o programa denominado “Toque aqui” foi comum a todos os participantes (Anexo 6). A escolha deste programa foi em decorrência de o mesmo ser um procedimento de ensino considerado fácil de ser implementado, por requerer respostas simples do aluno. Além disso, as crianças apresentavam alta taxa de precisão de respostas independentes. Os treinos de ensino foram realizados através de role playing com feddback seguindo o esquema demonstrado na figura abaixo: - Pesquisador aplicava o programa com o confederado. Cuidador observava e recebia feedback. Em seguida o confederado assumia o papel de aplicador e o pesquisador o papel de confederado. Um dos pesquisadores aplicava o programa com o cuidador. - O cuidador aplicava o programa com o pesquisador que assumia o papel de confederado. - O cuidador assistia a filmagem realizada durante a linha de base. Figura 10. Esquema do role playing. Nesta fase, o pesquisador, que era uma analista do comportamento, implementou três tentativas de cada passo do protocolo de ensino com o confederado, também analista do comportamento. Enquanto isso, o cuidador participante ficava observando e era orientado sobre o repertório comportamental necessário para a implementação dos programas. Em seguida, o confederado trocou de papel com o pesquisador, assumindo a função de aplicador do programa e o pesquisador passou a exercer a função de 32 confederado. Realizou-se o mesmo procedimento em três tentativas de cada passo do programa enquanto o participante permanecia como observador. Depois, um dos pesquisadores implementava o programa em três tentativas de cada passo com o cuidador participante. Por fim, o próprio cuidador realizava três tentativas dentro de cada passo com o confederado. Durante o role playing, o participante podia pedir explicações e os experimentadores forneciam feedback imediato sobre o desempenho do cuidador. A cada momento do treino o participante recebeu instruções sobre o procedimento que devia ser adotado em cada passo do programa, partindo da ajuda física total (AFT), posteriormente ajuda física parcial (AFP), até respostas independentes (RI). Foram ressaltados os seguintes aspectos durante a execução do programa de ensino em tentativas discretas: garantia da atenção da “criança” antes de fornecer o estímulo discriminativo, o estímulo discriminativo disponibilizado pelo aplicador, o tipo de ajuda que o passo requeria, a apresentação do estímulo reforçador positivo imediatamente após a emissão da resposta desejada e o registro da resposta. Ao término do role playing, o cuidador teve acesso à filmagem realizada durante a etapa de linha de base. Nesta ocasião foi solicitado ao participante que observasse sua atuação identificando os seguintes aspectos: se garantiu a atenção do confederado antes de fornecer o estímulo discriminativo, se disponibilizou o estímulo discriminativo antecedente a resposta, se forneceu ajuda conforme exigência do passo, apresentou o estímulo reforçador imediatamente após a emissão da resposta desejada e, ainda, realizou o registro da resposta na folha de registro. 1.3) Pós-teste: repertório do cuidador após o treino 33 Na fase do pós-teste foi solicitado ao cuidador que realizasse cinco tentativas de ensino dentro do Passo 2 do programa com o confederado que desempenhou o papel da criança. 2) Tratamento de dados Para avaliação da precisão da aplicação dos programas de ensino pelos cuidadores, foi utilizada um protocolo de avaliação de precisão baseado em Fazzio (2007). Os comportamentos de interesse que foram analisados estão descritos na Tabela 3. Tabela 3. Passos da implementação de tentativa discreta com os comportamentos correspondentes dos participantes para cada passo. PASSOS DA TENTATIVA COMPORTAMENTOS DO DISCRETA PARTICIPANTE Garantir a atenção do confederado Conseguir contato visual com o aluno chamando pelo nome ou virando a face do aluno em sua direção. Apresentar a instrução Dar a dica vocal conforme a descrito no programa. Fornecer ajuda Dar ajuda física parcial sugerida no passo 2 do programa Reforçar a resposta esperada Consequenciar com elogios e acesso ao brinquedo. Realizar o registro da resposta Registrar cada resposta. O desempenho do cuidador, nas fases de pré e pós-teste, foi avaliado com base no protocolo de avaliação de precisão (Anexo 7) e foi considerado preciso quando o mesmo alcançou entre 90% a 100% de acertos em cada protocolo de ensino. Os comportamentos de interesse (Anexo7) foram aferidos pelos pesquisadores independentemente. O desempenho do participante foi considerado preciso somente quando preenchia todos os critérios preestabelecidos no protocolo de precisão de 34 desempenho (Anexo 7). Caso algum comportamento preestabelecido fosse esquecido ou emitido de forma inadequado pelo participante, os observadores consideraram toda a tentativa de ensino como incorreta e era avaliada a próxima tentativa. Após a análise individual dos vídeos, foram somadas a quantidade de acordos entre o que os observadores avaliaram como respostas corretas emitidas pelo cuidador e dividido pela somatória de acordos e desacordos e multiplicados por 100. Houve 94% de concordância entre os observadores. 3) Treino de procedimento de correção de erros de respostas A correção de erros de respostas, consiste num procedimento específico adotado diante da emissão de respostas erradas durante o ensino por tentativas discretas, mesmo que tenha sido fornecida a ajuda requerida dentro do passo. Durante a execução da pesquisa foi observada a necessidade de inserir este procedimento no ensino aos cuidadores, uma vez em que os cuidadores deveriam estar instrumentalizados para lidarem corretamente caso suas crianças cometessem erros de respostas durante a etapa de implementação dos programas pelos cuidadores junto a suas crianças no contexto domiciliar. Esta etapa, desde a linha de base até o pós-teste, também foi realizada envolvendo um confederado e cada participante em separado. 3.1) Linha de base do repertório inicial dos cuidadores Foi fornecido ao cuidador o procedimento de correção de erros por escrito para que ele pudesse ler sem que recebesse qualquer feedback por parte dos experimentadores (Anexo 8). Posteriormente, o participante foi orientado a aplicar o procedimento de correção em dez tentativas dentro do Passo 2 de um determinado programa e este momento foi registrado por meio de vídeo gravação. Durante a filmagem o confederado que desempenhou o papel da criança cometeu erros de respostas em cinco das dez tentativas. 35 3.2) Treino do procedimento de correção de erros O treino do procedimento de correção ocorreu através de role playing seguindo o mesmo esquema usado durante o treino de ensino de programas por tentativas discretas conforme ilustrado na Figura 10. Após observar os pesquisadores implementando o procedimento de correção entre si e de receber orientações durante este momento, o cuidador foi orientado a implementar a correção com o confederado. No procedimento, a emissão de resposta errada por parte de quem simulava ser a criança não era reforçada pelo aplicador do programa e este deveria registrá-la com um sinal de menos (-) na folha de registro. Após o registro de resposta incorreta (-) e da não consequenciação a ela, o cuidador devia iniciar o procedimento de correção. Este consistia em retornar ao passo anterior ao que estava sendo ensinado, consequenciar a resposta correta, com um estímulo reforçador de menor magnitude e realizar o registro da resposta. Por exemplo: se o erro de resposta ocorreu dentro do Passo 2 (AFP), o participante devia retornar ao Passo 1 (AFT). Caso o estímulo reforçador de maior magnitude fosse um aparelho de celular e o de menor magnitude um brinquedo de encaixe, no procedimento de correção o estímulo reforçador disponibilizado após a emissão da resposta correta, devia ser o brinquedo. Após esta tentativa, o cuidador devia voltar para o passo anterior à emissão da resposta errada que requeria ajuda física parcial (Passo 2). Devia, ainda, utilizar como consequência um estímulo reforçador de menor magnitude. Depois, repetia-se a tentativa dentro do passo 2 e ao ser emitida a resposta correta, esta era consequenciada com o estímulo reforçador de maior magnitude. Após a execução deste procedimento, o ensino retomava para o passo em que estava antes do erro cometido pelo confederado durante a simulação, ou seja, retomava-se às tentativas no passo 2. 36 O participante também foi instruído acerca de como deveria proceder quando uma resposta errada do confederado persistisse mesmo após a implementação do procedimento de correção. Neste caso, o cuidador solicitava ao confederado uma resposta mais fácil como por exemplo “Toque aqui”. Isto para não expor a erros consecutivos e sem acesso ao estímulo reforçador por parte do confederado no papel da criança. Durante o treino, o cuidador podia fazer perguntas e recebia feedback imediato sobre seus próprios erros e acertos. 3.3) Pós-teste: avaliação do repertório do cuidador após o treino. ´Foi realizada filmagem do cuidador implementando o protocolo de ensino, o mesmo utilizado na linha de base, em dez tentativas com um confederado. Em cinco destas dez tentativas, o confederado que estava desempenhando o papel da criança emitiu respostas erradas. 4) Tratamento de dados. Para verificação da precisão da implementação do procedimento de correção executada pelos cuidadores, no pré e pós-teste, foi utilizado um protocolo de avaliação de respostas corretas na implementação do procedimento de correção (Anexo 9). Acordo entre observadores O protocolo de Avaliação de Precisão (Anexo 9) foi utilizado por dois avaliadores independentes, através da observação dos vídeos do pré-teste e pós-teste. Para ser considerado preciso o desempenho dos cuidadores, era necessário o preenchimento de todos os critérios preestabelecidos no protocolo de precisão de desempenho (Anexo 9). Após o preenchimento do protocolo durante estas observações, os dados dos dois experimentadores foram comparados. O total de acordos foram 37 divididos pelo total de acordos e desacordos, e multiplicados por 100. Houve 100% de concordância entre os observadores. RESULTADOS E DISCUSSÃO O Experimento 2 teve por objetivo verificar o efeito de um procedimento de ensino baseado no estudo de Lafazakis e Sturmey (2007), que consistiu em instruções e role playing com feedback imediato. As Figuras de 11 a 15 representam os resultados das respostas apresentadas por cada cuidador participante no treino de ensino por tentativas discretas. Pré-teste Pós-teste 100 90 80 Percentual de acertos 70 60 50 40 30 20 10 0 Toque aqui Espera Imitação Participante Antônio Figura 11. Evolução de desempenho do participante Antônio após o procedimento de treino. A Figura 11 apresenta os resultados do participante Antônio que recebeu treino em três programas distintos que foram: “Toque aqui”; “Espera” e “Imitação sem objeto”. Observa-se que na fase de pré-teste do primeiro programa (toque aqui) o participante obteve 0% de acerto, apresentando na fase de pós-teste o percentual de 80% de acertos. No segundo programa treinado, o participante obteve 0% de acertos no préteste, passando para 100%, no pós-teste. No terceiro programa de ensino os resultados foram, respectivamente, nas fases de pré e pós-teste, 80% e 100%. 38 Observa-se que este participante apresentou evolução em seu desempenho, pois apresentou 100% de acertos em todos os programas de ensino após a fase de treino. Esses resultados permitem concluir que o procedimento de treino de ensino por tentativas discretas adotado foi efetivo para este participante. Pré-teste Pós-teste 100 90 Percentual de acertos 80 70 60 50 40 30 20 10 0 Toque aqui Espera Imitação Participante André Figura 12. Evolução de desempenho do participante André após o procedimento de treino A Figura 12 apresenta os resultados do participante cuidador André. Este foi treinado em três programas que foram iguais aos do participante Antônio, pois os dois eram cuidadores da mesma criança. Portanto, os programas de ensino treinados foram: “Toque aqui”; “Espera” e “ Imitação sem objeto”. Observa-se que na fase do pré-teste do programa “Toque aqui”, o participante obteve 40% de acertos passando para 100 % na fase de pós-teste. Nos demais programas treinados, o participante obteve o percentual de 0% de acerto no pré-teste e 100% de acertos na fase do pós-teste. Os dados demonstram que o procedimento de treino também foi efetivo para este participante, pois seu desempenho passou para 100% de acertos no pós-teste dos três programas ensinados. No entanto, parece não ter ocorrido generalidade das 39 habilidades adquiridas durante o treino de ensino do programa “Toque aqui”, que foi o primeiro programa treinado, para os demais programas de ensino, pois este participante não apresentou nenhuma precisão de desempenho na fase de pré-teste dos programas “Espera” e “ Imitação”, que foram os dois últimos programas treinados. Pré-teste Pós-teste 100 90 Percentual de certos 80 70 60 50 40 30 20 10 0 Toque aqui Intraverbal Seguir instruções Participante Henrique Figura 13. Evolução de desempenho do participante Henrique após o procedimento de treino. Observa-se no gráfico da Figura 13 os resultados do participante Henrique que apresentou, respectivamente, na fase de pré-teste dos programas “Toque aqui”, “Intraverbal” e “Seguir instruções”, 0%, 0% e 100%. Apresentando na fase de pós-teste, os seguintes resultados: 100%; 100% e 100%. Verifica-se que para este participante houve evolução de desempenho para os três programas de ensino treinados, pois o participante apresentou 100% de acerto nas fases de pós-teste para todos os programas. 40 Pré-teste Pós-teste 100 90 Percentual de acertos 80 70 60 50 40 30 20 10 0 Toque aqui Intraverval Tato com autoclitico Participante Marlene Figura 14. Evolução de desempenho da participante Marlene após o procedimento de treino. Conforme os resultados demonstrados no gráfico da Figura 14, a participante Marlene apresentou na fase de pré-teste no primeiro programa de ensino treinado, 0% de acertos, e no pós-teste 100% de acertos. Nos demais programas de ensino por tentativas discretas treinados esta participante apresentou 100% de acertos tanto na fase de pré-teste como na fase de pós-teste. Dessa forma, é possível afirmar que esta participante apresentou precisão de desempenho após os treinos realizados nos três programas de ensino, demonstrando que o procedimento de treino adotado foi efetivo para produzir as respostas alvo no ensino por tentativas discretas nos programas de ensino implementados junto a esta participante. 41 Pré-teste Pós-teste 100 90 Percentual de acertos 80 70 60 50 40 30 20 10 0 Toque aqui Mando com gestos Participante Jade Figura 15. Evolução de desempenho da participante Jade após o procedimento de treino. O gráfico da Figura 15 apresenta os resultados obtidos pela participante Jade. Ressaltando que a mesma foi treinada em dois programas de ensino, uma vez que a criança dessa díade demonstrava precisão de desempenho nesses dois programas. Ressalta-se que a precisão de desempenho da criança foi pré-requisito estabelecido para a escolha do programa treinado junto aos cuidadores. A participante Jade apresentou, portanto, como resultados os seguintes valores: 0% e 100% nas fases de pré-testes dos dois programas de ensino treinados. Na fase de pós-testes, os resultados foram iguais a 100% de acerto. Os resultados apresentados demonstram a evolução de desempenho da participante que no primeiro programa de ensino apresentou 0% de acerto no pré-teste e aumentando para 100% o seu desempenho no pós-teste. Para o programa de ensino denominado “Mando com gestos”, que foi o último programa treinado, esta cuidadora apresentou 100% de respostas corretas tanto no pré-teste, quanto no pós-teste. Portanto, pode-se afirmar que o procedimento de ensino adotado neste estudo demonstrou ser efetivo, também, para esta participante. Houve aumento no percentual de acertos comparando as fases de pré e pós-teste dos dois programas treinados. 42 Por fim, os resultados demonstram que além de o procedimento ter sido eficaz para estabelecer o repertório diretamente ensinado, a programação de ensino também permitiu evidenciar a generalidade do repertório aprendido uma vez que para os participantes Antônio, Henrique, Marlene e Jade a precisão de desempenho no pré-teste de programas subsequentes ensinados, foi maior e frequentemente de 100% do que para o primeiro programa treinado (ver Figuras 11,13,14 e 15). Pré-teste Pós-teste 100 Percentual de acertos 80 60 40 20 0 Antônio André Jade Participantes Figura 16. Desempenho dos participantes antes e após o treino do procedimento de correção de erros de respostas. Os resultados do treino do procedimento de correção de erros de respostas estão demonstrados na Figura 15. Nesta etapa, participaram 3 cuidadores, pois os demais tinham saído da pesquisa por questões pessoais. Observa-se que os resultados para os 3 participantes são iguais, pois todos apresentam 0% de acerto na fase de pré-teste e 100% na fase de pós-teste. Portanto, pode-se afirmar que o procedimento adotado também foi efetivo para o treino de procedimento de correção de erros. 43 DISCUSSÃO GERAL O presente estudo foi subdividido em dois experimentos. O primeiro verificou: a) o efeito do ensino das bases conceituais em ABA sobre o repertório de conhecimento dos participantes; e b) o efeito do ensino das bases conceituais sobre o desempenho dos participantes na interação lúdica com sua criança. O segundo experimento verificou o efeito do treino de ensino por tentativas discretas sobre o desempenho dos participantes junto a um confederado. Os resultados do primeiro experimento mostram que o procedimento de ensino adotado foi eficiente para ampliação do repertório de conhecimento teórico sobre os princípios que regem o comportamento humano em ABA. Todos os participantes apresentaram menos de 50% de acerto nas respostas do teste teórico escrito durante a linha de base. A evolução média do percentual de acertos foi de 39% (com variação entre 20% para a participante Marlene e 60% para o participante Antônio). No pós-teste, apenas uma das participantes apresentou 46% de acertos, sendo que os demais apresentaram percentual acima de 66% de acertos. Observou-se que o procedimento adotado produziu alteração no repertório de conhecimento dos participantes até mesmo para aqueles que tinham o ensino fundamental, portanto, pode-se afirmar que o procedimento de ensino adotado é válido para promover a aprendizagem dos conceitos básicos em ABA para pessoas com grau de escolaridade menor. Esse dado é relevante e complementar aos resultados obtidos por Borba (2014), pois em seu estudo os participantes tinham apenas o ensino médio e ensino superior. Quanto aos efeitos do ensino conceitual sobre o desempenho do cuidador na interação lúdica com sua criança, os resultados variaram para cada um dos 5 cuidadores que participaram dessa etapa. No entanto, observou-se que houve aumento de respostas categorizadas como cooperativas para os cinco participantes Henrique, Jade, Marlene, 44 Rita e Josenilda que apresentaram a frequência de respostas em 3 minutos de análise de vídeo gravação do pré e pós-teste, respectivamente: 18, 58, 40, 42, 31 e 83, 65, 96, 64, 36. A participante Jade apresentou aumento significativo de respostas categorizadas como amistosas, sendo seus resultados nas fases de pré e pós-teste, respectivamente: 73 e 133. A análise dos resultados aponta para algumas limitações desse estudo, no que se refere a instrumentalização dos cuidadores na intervenção direta com suas crianças, uma vez que o avanço no domínio conceitual não necessariamente foi acompanhado de avanço nas respostas adequadas dos cuidadores diante das respostas emitidas por suas crianças. Observou-se que as participantes Jade e Josenilda tiveram dificuldades em manejar comportamentos inadequados emitidos por suas crianças durante a etapa de interação lúdica, tais como não atender ao comando da tarefa e não permanecer sentado. Neste sentido, propõe-se para os próximos estudos que além do ensino conceitual com leituras de conteúdos escritos e aulas expositivas dialogadas, seja utilizado Role Playing do participante com um confederado e, posteriormente, ensaios de interação com feedback imediato do cuidador com sua criança. O segundo experimento verificou o efeito do treino de ensino por tentativas discretas sobre o desempenho do participante junto a um confederado. Este experimento se baseou no estudo de Borba (2014) e no modelo de treino implementado por Lafazakis & Sturmey (2007), que utilizou um pacote de ensino com instruções, modelação, feedback e ensaios. Os resultados obtidos, conforme as Figuras de 11 a 16, mostram que houve significativa melhora de desempenho para todos os participantes. Além da ocorrência de 100% de acertos na implementação do protocolo de ensino no último programa ensinado para cada participante, verificou-se, para a maioria dos participantes, a 45 ocorrência de generalização das habilidades adquiridas durante o treino de um programa de ensino para outro que ainda não tinha sido ensinado. Habilidades que foram: garantir atenção do confederado antes de fornecer o estímulo discriminativo, disponibilizar o estímulo discriminativo antecedente à resposta, fornecer ajuda conforme exigência do passo, apresentar o estímulo reforçador imediatamente após a emissão da resposta desejada e realizar o registro da resposta na folha de registro. Os resultados, portanto, confirmam que o procedimento de treino aqui descrito, baseado em instruções, modelação, feedback e ensaios, é eficaz para ensinar cuidadores a implementarem este tipo de ensino junto a um confederado. Uma limitação desse segundo estudo é que não avaliou o desempenho do cuidador implementando o ensino por tentativas discretas diretamente com sua criança, o que foi planejado para ser investigado posteriormente com a continuidade da pesquisa. Porém, esta continuidade ficou comprometida, uma vez em que os cuidadores ficaram impossibilitados, por questões pessoais, a permanecer no estudo. Portanto, sugere-se para pesquisas futuras, a avaliação do desempenho dos cuidadores na intervenção direta às suas crianças diagnosticadas com autismo. Enfim, o presente estudo demonstrou que os procedimentos de ensino adotados em ambos os experimentos foram eficientes para a melhoria de desempenho de todos os participantes. O segundo experimento confirmou os resultados obtidos no estudo realizado por Lafazakis e Sturmey (2007) e Borba (2014) que demonstrou a eficácia de um procedimento assemelhado ao Behavioral Skills Training (BST), cujo pacote de ensino consistiu em instruções, modelação, ensaios e feedback. O Experimento 2, além de melhorar o desempenho de cada participante na implementação de ensino por tentativas discretas junto ao confederado, promoveu a 46 generalização, para a maioria dos participantes, das habilidades aprendidas para outros programas que não tinham sido ensinados. Estudos subsequentes devem verificar outros procedimentos de ensino que também sejam eficazes para a disseminação da Análise Aplicada do Comportamento na intervenção ao autismo em países em desenvolvimento, como o Brasil. Diminuindo custos e ampliando o acesso das famílias a essa forma de tratamento. Uma alternativa já proposta é o investimento em vídeo modelação instrucional (Barboza, Silva, Higbee, & Barros, in press) que permite ao cuidador se expor a contingências de aprendizado de forma remota (à distância), além de permitir a ocorrência de desempenho mais preciso desde o início do treino por role playing e, contribuir para a otimização do tempo dispensado ao treino de cuidadores de crianças com TEA. REFERÊNCIAS American Psychiatric Association (2013). Diagnostic and statistical manual of mental disorders. 5th ed. American Psychiatric Publishing. Barboza, A. (2015). 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O presente estudo tem como objetivos: 1) Realizar atendimento e Pesquisa sobre o atendimento a crianças com desenvolvimento atrasado; 2) Realizar pesquisa básica sobre aprendizagem e desenvolvimento e 3) Formar profissionais capacitados para atendimento e pesquisa com crianças com desenvolvimento atrasado. Para isso, as crianças diagnosticadas com autismo, e seus responsáveis, deverão comparecer três vezes por semana à Sala de Atendimento do projeto, que fica no Prédio do Núcleo de Teoria e Pesquisa do Comportamento (NTPC) da UFPA, Campus Universitário do Guamá. Estima-se que a duração da coleta de dados seja de 3 horas por dia. A extensão do programa está prevista para dois anos e dependerá do desempenho da criança e do cumprimento integral dos objetivos e etapas previstos. Os procedimentos que serão utilizados são essencialmente tarefas de ensino ou de avaliação de habilidades comunicação e interação. A aprendizagem, atenção e motivação das crianças serão avaliadas e os pesquisadores apresentação tarefas para serem desenvolvidas no computador ou sobre a mesa, de forma a tentar estimular o desenvolvimento da criança. A eficácia dessas tarefas será avaliada. Não haverá uso de medicamentos ou qualquer procedimento invasivo. As sessões serão gravadas para melhor apreciação dos resultados. Os vídeos gerados das sessões poderão ser apresentados em congressos ou palestras, porém isto só ocorrerá com a permissão prévia dos responsáveis pela criança. O sigilo sobre a identidade do participante no estudo será garantido. Os resultados finais serão apresentados aos responsáveis e posteriormente poderão ser divulgados por meio de apresentações em congressos, trabalhos acadêmicos e/ou publicações em periódicos. Na divulgação dos resultados, os participantes e seus responsáveis não serão identificados. Se por qualquer motivo o responsável pela criança desejar interromper a participação dela no estudo, ele poderá fazer isto a qualquer momento, bastando comunicar esta intenção aos pesquisadores. Os riscos envolvidos são mínimos e equivalentes ao nível de risco ao qual a criança se expõe cotidianamente em casa, na escola, na locomoção urbana. Os responsáveis poderão permanecer durante todo o atendimento numa sala anexa de onde podem observar o atendimento da criança. Como benefícios do engajamento da criança na pesquisa, ela receberá atendimento de profissionais especializados voltado à estimulação do seu desenvolvimento, em 52 especial com relação à comunicação e a interação social. Haverá palestras e oficinas sobre autismo voltadas para os responsáveis. Haverá ressarcimento de despesas de locomoção decorrentes do engajamento da criança na pesquisa. Gostaríamos de contar com sua participação e colocamo-nos à disposição para maiores esclarecimentos sobre a pesquisa. Caso você concorde em participar desta primeira etapa preencha o termo de consentimento abaixo. _____________________________________________________________________ Pesquisador responsável: Prof. Dr. Romariz da Silva Barros E-mail: [email protected] _____________________________________________________________________ CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO Declaro que li as informações apresentadas acima, que estou esclarecido (a) sobre a pesquisa que será realizada e de seus riscos e benefícios. Declaro que na condição de responsável pela criança ________________________________________ _______________________________________________, é por minha livre vontade que eu o (a) autorizo a participar da presente pesquisa. Belém, ______de ______________de 2012 ___________________________________ Assinatura do Responsável pelo Participante 53 ANEXO 2 - TESTE TEÓRICO ESCRITO Atendimento e Pesquisa sobre Aprendizagem e Desenvolvimento Intervenção via cuidadores – Linha de base conceitual Prezado cuidador, Você está agora iniciando uma nova etapa de sua participação no APRENDE. Agora nosso objetivo é prepará-lo melhor para lidar com sua criança. Antes de começar, precisamos saber o que você já conhece sobre aquilo que queremos ensinar, para podermos planejar melhor nosso trabalho. Vamos apresentar a você 15 perguntas. Você deve ler com bastante atenção e marcar a alternativa que você achar correta. Não se preocupe se você não souber a resposta. Nesse caso você deve marcar a alternativa “Não sei”. NOME DO CUIDADOR: _________________________________________ DATA: ____/____/____ 01Sabemos que as características das crianças diagnosticadas com autismo podem variar de um caso para outro. Mas existem características centrais. Estas características são observadas por profissionais para que possam dar o diagnóstico. Quais são estas características centrais do autismo? A (..) - Dificuldades nas habilidades cognitivas, deformidades físicas, déficits sociais e de comunicação. B (..) - Habilidades motoras comprometidas, movimentos estereotipados, dificuldades sociais. C (..) - Déficits sociais e de comunicação, comportamentos repetitivos e restritivos. D (..) - Não sei. 02Todos os diagnósticos do autismo estão dentro de uma categoria maior. Como é hoje denominada essa categoria? A (..) - Transtornos Globais do Desenvolvimento. B (..) - Transtorno do Espectro do Autismo. C (..) - Síndrome de Rett e Autismo. D (..) - Não sei. 03O diagnóstico do autismo geralmente é feito através de: A (..) - Teste do pezinho que deve ser feito no primeiro mês de vida. B (..) - Testes genéticos como o de DNA. C (..) - Dados clínicos colhidos por profissionais (pediatras, psicólogos, neurologistas, fonoaudiólogos) através de informações sobre comportamentos e da observação da criança. D (..) - Não sei. 54 04Existem diversas formas de intervenção a crianças com autismo, uma delas é a Análise do Comportamento Aplicada, que se propõe a: A (...)- Modificar o comportamento da criança através do controle dos eventos antecedentes e consequentes a estes comportamentos, considerando que o comportamento é produto da interação da criança com o seu ambiente. B (...)- Criar testes para identificação das dificuldades apresentadas pela criança. C (...)- Intervir junto à criança através de atividades lúdicas (brincadeiras), sem direcionar nem determinar o que ela deve fazer, mas fazendo aquilo que ela mostrar interesse espontaneamente. D (...)- Não sei. 05Quando falam em comportamento, os analistas comportamentais se referem a: A (...)-Toda e qualquer atividade do organismo. B (...)-A interação do organismo com o ambiente, identificando o (s) estímulo (s) que está (ão) relacionados à resposta do organismo. C (...)-A ação de um indivíduo baseando-se nos processos mentais que não podem ser observados por outra pessoa e conhecidos apenas através da fala. D (...)- Não sei. 06Imagine a seguinte situação cotidiana. Você diz para seu filho desligar a TV e ir para a cama porque está na hora de dormir. Ele chora e diz que não quer dormir. Você se mantém firme e cuidadosamente o conduz pelo braço até à cama. Tomando como foco a resposta de chorar do seu filho na situação descrita acima, podemos dizer que: A (...)- O evento antecedente foi você dizer para seu filho ir dormir. A resposta de seu filho foi chorar. A consequência foi você conduzi-lo até à cama. B (...)- O evento antecedente foi o choro de seu filho. A resposta foi você dizer para ele desligar a TV. A consequência foi você conduzi-lo até a cama. C (...)- O evento antecedente foi você achar que estava na hora de seu filho dormir. A resposta foi dizer para que ele desligasse a TV. A consequência foi o choro de seu filho. D (...)- Não sei. 07Imagine a seguinte situação cotidiana. Você está no supermercado com seu filho. Ele pede uma caixa de bombons. Você diz que não pode comprar o bombom. Seu filho se joga no chão e começa a gritar. Você pega a caixa de bombons e entrega para ele dizendo que vai comprá-la. Vamos pensar sobre os efeitos que o seu comportamento terá sobre o comportamento do seu filho. Considerando o seu comportamento de entregar a caixa de bombons novamente para seu filho nessa situação, podemos dizer que você: A (..) - Reforçou positivamente o comportamento de seu filho. B (..) - Reforçou negativamente o comportamento de seu filho. C (..) - Você puniu o comportamento de seu filho. D (..) – Não sei. 08Imagine a seguinte situação cotidiana. Você está em uma festa de família. De repente chega alguém com quem você não gostaria de encontrar. Você então sai da festa imediatamente. Analisando este seu comportamento de sair da festa, podemos dizer que: A (..) - foi reforçado negativamente por fuga do estímulo aversivo – encontrar a pessoa indesejada. B (..) - foi reforçado negativamente por esquiva do estímulo aversivo – encontrar a pessoa indesejada. 55 C (..) - foi reforçado positivamente por estar numa festa interessante. D (..) - Não sei. 09Se seu filho pede dinheiro para comprar picolé e você diz que não vai dar o dinheiro porque ele está gripado. Ele pede mais uma vez, e outra e outra, mas você ignora. Lá pela décima vez que ele pede, você resolve dar o dinheiro a ele. Noutro dia, ele pede novamente dinheiro e insiste umas doze vezes até que você dá. Esse tipo de interação se repete por alguns dias, de forma que seu filho percebe que a probabilidade de o comportamento dele ser bem sucedido aumenta quanto mais ele pede. Ao dar o dinheiro para seu filho nessa situação, você estará: A (..) - Reforçando o comportamento de pedir de seu filho num esquema de intervalo fixo. B (..) - Reforçando negativamente o comportamento de seu filho. C (..) - Reforçando o comportamento de pedir de seu filho num esquema de razão variável. D (..) - Não sei. 10Seu filho rasga as folhas do caderno do irmão. Você retira dele o caderno e o coloca de “castigo” sentado numa cadeira durante 5 minutos sem dar atenção a ele. Nesse caso, você: A (..) - Puniu positivamente o comportamento de seu filho. B (..) - Puniu negativamente o comportamento de seu filho. C (..) - Reforçou negativamente o comportamento de seu filho. D (..) – Não sei. 11Imagine que você tenha percebido que seu filho faz muita birra porque ele só consegue o que quer se ele fizer birra. Você então resolveu não dar o que o seu filho quer se ele estiver fazendo birra. O comportamento dele ficou ainda pior no início, mas depois a birra foi aos poucos ficando menor e ocorrendo com menor frequência até que ele praticamente deixou de fazer birra. Nesse caso, o que você fez com o comportamento de birra do seu filho foi: A (..) - Manutenção. B (..) - Extinção. C (..) - Reforçamento. D (..) - Não sei. 12Imagine que você está dirigindo um carro. Então o semáforo à sua frente fica vermelho. Você então pára o carro. O semáforo vermelho é considerado: A (..) - Um estímulo discriminativo. B (..) - Um estímulo reforçador para sua resposta de “parar o carro”. C (..) - Uma resposta adequadamente reforçada. D (..) - Não sei. 13Imagine que você está passeando na praça e sente aquele cheiro gostoso de tucupi do tacacá da Tia Maria. Imediatamente você começa a salivar. Sua resposta de salivar foi: A (..) - Eliciada pelo cheiro do tucupi (Condicionamento respondente). B (..) - Emitida sob controle do cheiro do tucupi (Condicionamento operante). C (..) - Reforçado pelo cheiro do tucupi (Condicionamento respondente) D (..) - Não sei. 56 14Ao vir ao mundo, a criança é inserida em um ambiente repleto de pessoas que mantêm entre si interações verbais. Pense nas seguintes situações: Uma criança está na praça onde tem um pipoqueiro. Ela fala “mãe, compra pipoca pra mim, por favor”. A mãe atende o pedido da criança, compra a pipoca e dá a ela. O comportamento verbal da criança nesse caso pode ser considerado um: A (..) - Tato. B (..) - Mando. C (..) - Ecoico. D (..) - Não sei. 15Uma criança está na praça onde tem um belíssimo cavalo da polícia montada. Ela fala “cavalo, cavalo, cavalo”. A mãe olha pra ela e depois para o cavalo e diz “isso mesmo, filha. É um cavalo”. O comportamento verbal da criança nesse caso pode ser considerado um: A (..) - Tato. B (..) - Mando. C (..) - Ecoico. D (..) - Não sei. 57 ANEXO 3 - PROTOCOLO DE IDENTIFICAÇÃO DAS RESPOSTAS DO CUIDADOR Descrição da tríplice contingência - identificação das respostas do cuidador Antecedente Resposta Consequência TIPOS DE INTERAÇÃO Amistosa f(s) Pré-teste Sorrir Bater palmas Olhar para o rosto da criança Olhar para o comportamento da criança Falar: muito bem! Isso! Perfeito! Parabéns Conversar com a criança Outros Cooperativa Pegar peças do jogo Entregar peças para a criança Arrumar objetos sobre a mesa Desmontar o brinquedo Fornecer ajuda fica total ou parcial para a execução da atividade Fornecer dica verbal para a execução da atividade Encaixar peças Outros Pós-teste 58 Tipos de Estímulos Sd verbal Sd não verbal Estímulo consequente cond. Verbal Estímulo consequente cond. Não verbal 59 ANEXO 4 - PROTOCOLO GERAL DE PROGRAMAS DE INTERVENÇÃO Atendimento e Pesquisa Sobre Aprendizagem e Desenvolvimento Ensino de Cuidadores OBJETIVO: Ao final deste encontro, esperamos que você seja capaz de entender como funcionam os programas de ensino. Programas de Ensino Como vimos anteriormente, cada criança com autismo é única e apresentará determinadas necessidades e características. Deste modo, o ensino da criança com autismo é individualizado. Apresentaremos aqui um modelo padrão de ensino e realizaremos as mudanças necessárias de acordo com o desempenho de cada criança. A avaliação inicial do comportamento da criança nos permitirá identificar quais habilidades já estão bem desenvolvidas, quais habilidades precisam ser aperfeiçoadas e até mesmo quais ainda precisam ser ensinadas desde o princípio. Cada habilidade que pretendermos ensinar à criança irá compor um programa. Estes programas juntos formarão o currículo de ensino. Lembra-se do tempo de escola? Lá as matérias ensinadas (programas) pelos professores faziam parte de um currículo que eles deveriam cumprir durante o ano. A ideia é a mesma. Alguns programas estão voltados para ensinar habilidades muito básicas que chamamos de prérequisitos. Eles são considerados básicos porque não há necessidade de habilidades anteriores para sua aplicação e porque eles servem de base para aprendizagem de outras coisas. Na escola, por exemplo, aprender os números é um pré-requisito que possibilita a aprendizagem de programas mais complexos, como somar. Os programas pré-requisitos que usaremos envolvem as habilidades de sentar, sentar-direito, esperar, estabelecer contato visual, tocar na mão de outra pessoa (toque aqui), procurar objetos (visual tracking), atender pelo nome e atender a instruções. Porém, esse ensino é gradual e realizado em pequenas etapas. Chamamos de passos essas etapas do ensino que são necessárias para que uma habilidade seja aprendida. Muitas vezes, ao realizar o ensino, precisaremos fornecer algumas dicas para 60 criança do que queremos que ela faça antes que suas respostas se tornem independentes (sem ajuda). Imagine, por exemplo, que você queira ensinar a criança a sentar. Nas primeiras tentativas, pode ser necessário não apenas dizer à criança o que ela precisa fazer (“senta”), mas também fornecer uma Ajuda Física Total (AFT), por exemplo, pegando a criança pela mão levando até a cadeira e auxiliando-a a sentar-se. Quando a criança começar a demonstrar mais independência na tarefa essa ajuda será uma Ajuda Física Parcial (AFP). Neste caso, você deve fornecer a instrução “senta” e apenas indicar, com um toque, por exemplo, o que ela deve fazer. Esse processo vai sendo continuado até que a criança emita respostas independentes, ou seja, senta sozinha diante da instrução de sentar-se. O procedimento de ensino, ou seja, a forma como vamos ensinar, pode ser através de Tentativa Discreta ou Ensino Incidental. No procedimento de ensino por tentativa discreta, o ambiente de aplicação do programa é controlado e estruturado. O que isso quer dizer? Isso significa que nós, que estamos aplicando o procedimento, pensamos e planejamos situações para aplicação, escolhemos os possíveis reforçadores (tudo aquilo que pode servir para fortalecer o comportamento da criança e fazer com que a resposta que desejamos seja emitida novamente, como alimentos, brinquedos e elogios). Além disso, estabelecemos quantas tentativas vamos realizar, ou seja, quantas vezes vamos pedir para criança emitir uma determinada resposta, como sentar. Podemos agrupar essas tentativas em blocos de tentativas. Por exemplo, a cada doze tentativas consideraremos que concluímos um bloco. Os acertos e erros da criança em cada tentativa são anotadas na folha de registro, de maneira que, ao final de cada bloco, podemos calcular a percentagem de acertos e avaliar dessa forma o desempenho da criança. Veja o modelo: Data Passo Resposta Início Término RT RI RT: Total de Respostas Corretas RI: Total de Respostas Independentes O ensino incidental é diferente. Nesse caso, aproveitamos oportunidades do diaa-dia para ensinar o programa para a criança. Também podemos criar condições para que uma atividade não tão corriqueira aconteça, como uma brincadeira ou uma tarefa 61 doméstica, para aproveitá-la como oportunidade para ensino incidental. Por exemplo, podemos aproveitar que a criança vai fazer um lanche ou almoçar para fazer ensino incidental da resposta de sentar. Estabelecemos que a criança deve sentar antes de comer. Apresentamos a instrução “senta” indicamos que a criança deve sentar através de ajuda física total ou parcial, se necessário, até que a criança realize a atividade de modo independente. Perceba que nesse caso, não há um número determinado de tentativas ou blocos de tentativas. Muitas vezes é a criança que começa uma atividade que pode ser considerada uma tentativa e então aproveitamos aquela oportunidade para aplicar o procedimento de treino. É muito importante reforçar as respostas corretas, tanto no treino por tentativas discretas, quanto no ensino incidental. A resposta correta, no nosso exemplo, é sentar quando for apresentada a instrução. O mesmo tipo de treino incidental pode ser feito para sentar no carro, no sofá, sentar para brincar, sentar para ver televisão, etc. Deste modo, você deverá usar as oportunidades diárias, em que a criança deve sentar para ensinar este repertório para ela. Agora vamos conhecer melhor um programa de ensino? Nome do Programa: Pré–requisito – Sentar Objetivo: Ensinar o aluno a sentar na cadeira. Como Ensinar 1. Tentativa discreta O Cuidador deixa o reforçador em cima da mesa ou manipula o reforçador na frente do aluno, em seguida instrui “senta”. Assim que o aluno senta na cadeira corretamente o reforçador é disponibilizado à criança. 2. Ensino Incidental O ensino pode ser feito de acordo com oportunidades do dia-a-dia, como por exemplo, na hora de sentar à mesa para as refeições, sentar no sofá, em uma cadeira da casa ou no carro. Sempre que estiver em situações em que a criança deva ou precise sentar, forneça o comando “senta” e reforce as respostas corretas. 62 Tentativa discreta O que eu devo fazer? (Estímulo) O que considero como uma resposta correta? O cuidador se posiciona em frente à criança, emite a instrução e aguarda a resposta do aluno. Reinicie completamente a tentativa se houver distração durante a apresentação. Instrução: “fulano, senta” ou “senta”. Andar em direção à cadeira, sentar e permanecer sentado por no mínimo 1s. (Resposta) Como faço para reforçar o sentar? (Consequência) Sugestões de Passos para o programa. Um modo de ensinar a criança a sentar gradualmente. Sempre que a criança sentar, essa resposta deve ser reforçada (com elogio, comidas, brinquedo, carinho, etc). Quanto mais imediato o reforçamento melhor. Passo 1 - Ajuda física total (AFT) imediatamente após a instrução. O cuidador deve auxiliar fisicamente o aluno, levando-o a fazer o movimento completo de sentar. Assim que sentar, o cuidador reforça a resposta. Passo 2 - Ajuda física parcial (AFP) sem atraso, ou seja, imediatamente após o comando. O cuidador deve auxiliar o aluno com AFP (um simples toque, ou direcionar com leveza o movimento). Passo 3 – Ajuda física parcial (AFP) com atraso, neste caso espere 3s antes de fornecer a AFP. Passo 4 – Respostas Independentes, diga „fulano, senta‟ e aguarde para que a criança sente independentemente. Como sei se devo trocar de passo? Anote sempre as respostas do Treino Incidental na folha de registro e leve para o monitor analisar durante as reuniões semanais. Ele irá lhe instruir sobre quando mudar de passo e porque a mudança está sendo realizada. as Use o sinal “+” para registrar um acerto, ou seja, uma resposta apresentada pela criança de acordo com o esperado naquele passo. Use o sinal “+” para registrar uma resposta independente, ou seja, quando a criança apresenta a resposta esperada sem ajuda física total ou parcial. Use o sinal “-” para registrar um erro, ou seja, uma situação em que a resposta apresentada pela criança não foi aquela esperada no passo. Como registro respostas? 63 ANEXO 5 - FOLHA DE REGISTRO DO PROTOCOLO DE INTERVENÇÃO PROGRAMA: PROFESSOR: ESTIMULOS: PASSO: DATA: RI + RI + RI + RI + RI + RESPOSTA: OBS: PROGRAMA: PROFESSOR: ESTIMULOS: PASSO: DATA: RESPOSTA: OBS/Sonda PROGRAMA: PROFESSOR: ESTIMULOS: PASSO: DATA: RESPOSTA: OBS/Sonda PROGRAMA: PROFESSOR: ESTIMULOS: PASSO: DATA: RESPOSTA: OBS/Sonda PROGRAMA: PROFESSOR: ESTIMULOS: PASSO: RESPOSTA: DATA: 64 ANEXO 6 - PROGRAMAS TREINADOS PROGRAMA TOQUE AQUI Nome do Programa: Toque Aqui – Ensino de Cuidadores Objetivo: Ensinar a criança a atender uma instrução e aprender uma resposta alternativa simples que pode ser usada para produzir reforçadores. Como Ensinar: O cuidador instrui “toque aqui” deixando a mão aberta na frente da criança que deve responder batendo na mão do cuidador com a mão aberta, recebendo em seguida o reforçador. Fazer este programa junto com outro ou durante uma atividade da criança (jogos ou brincadeiras) e no dia-a-dia. O que o fazer (Estímulo) A resposta correta Diga “toca aqui” e abra a mão para que a criança toque na mesma. Reinicie completamente a tentativa se houver distração durante a apresentação. Tocar a mão do cuidador com a própria mão. (Resposta) Como reforçar (Consequência) Com elogios, carinhos, brinquedos, comestíveis, conforme avaliação prévia de preferência. Lembre-se que o reforço deve ser imediato. Passos de Ensino Passo 1 - Ajuda Física Total (AFT): O cuidador deve auxiliar a criança mão sobre mão conduzindoo a fazer o movimento completo. Passo 2 - Ajuda Física Parcial (AFP), sem atraso: O cuidador deve auxiliar a criança com dica leve (um simples toque, ou direcionar com leveza o movimento). Passo 3 - Ajuda Física Parcial (AFP), com atraso: O cuidador deve esperar 3s, caso a criança não emita uma resposta independente, deve auxiliar a criança com ajuda leve. Passo 4 - Respostas independentes (RI): O cuidador 65 deve aguardar 3s a resposta independente da criança, isto é, sem dicas. Como trocar de passo Critérios para avançar de Passo: dois blocos consecutivos com, no mínimo, 9 acertos. Critérios para permanecer no Passo: 8 acertos. Critérios para retornar ao passo anterior: menos de 7 acertos. Como registro as respostas Solução de Problema + = acerto de acordo com o passo + = acerto sem dica (independente) - = erro Correção de erros: O cuidador deve: registrar o erro, olhar para o lado e aguardar 5s, fornecer uma tentativa com AJUDA FÍSICA, que não será reforçada e iniciar uma nova tentativa. Ocorrência de comportamentos disruptivos: Se o aluno tentar sair da mesa, se engajar em outros comportamentos ou não estiver mantendo contato visual durante a sessão o professor deve apresentar o reforçador para chamar atenção da criança Ocorrência de 3 respostas erradas consecutivas: Se a criança errar 3 vezes seguidas e começar a mostrar desinteresse pela tarefa, o cuidador poderá solicitar uma resposta fácil (um comportamento que ele já aprendeu) deste ou de outro programa e reforçar essa resposta com um reforçador de menor preferência. Se aluno continuar apresentando uma taxa alta de erros o passo deve ser avaliado. 66 PROGRAMA IMITAÇÃO Nome do Programa: Imitação motora SEM objeto Objetivo: Ensinar respostas de imitação motora ampla generalizada sem objeto. Pré-Requisitos: Material: Brinquedos favoritos da criança. Folha de registro. Como ensinar: Tentativa Discreta: consistirá no ensino estruturado onde o cuidador deverá estabelecer contato visual com a criança, fazer o movimento a ser imitado (sem falar) aguardar a resposta da criança e consequenciar com o reforçador. O que o fazer (Estímulo) Se posicionar em frente a criança apresente o modelo da ação que ele deve imitar, aguardar até 3 segundos pela resposta (quando independente). A cada 1 bloco de 20 tentativas intercalar dois grupos de cinco imitações aleatoriamente. Grupo 1 Pegar na Cabeça Pegar no Nariz Pegar na Barriga Pegar na Orelha Pegar na Boca A resposta correta Repetir o movimento apresentado pelo cuidador. Como reforçar Reforçador arbitrário: elogios, contato físico (Consequência) (cócegas e brincadeiras), comestíveis, conforme avaliação prévia de preferência. Passos do Ensino Passo 1 - Ajuda Física (AFT) com atraso zero: A AFT consiste em auxiliar a criança, mão sobre mão, conduzindo-a a fazer o movimento completo. Passo 2 – Ajuda Leve (AFP) com atraso zero: Fornecer AFP de forma que o aluno 67 complete o movimento com menor intensidade de auxílio. Passo 3 – Ajuda Leve (AFP) com atraso de 3s: Espere 3s caso a criança não responda independente forneça AFP de forma que o aluno complete o movimento com menor intensidade de auxílio. Passo 4 – Respostas independentes (RI): fornecer a instrução e esperar até 3 segundos pela resposta. Como registro as respostas + = acerto de acordo com o passo + = acerto com resposta independente - = erro Generalização Quanto mais você estimular e criar oportunidades de imitação em casa e reforçar as respostas de imitação, melhor será o desempenho da criança e ela aprenderá a fazer isso em situações não ensinadas diretamente. PROGRAMA SEGUIR INSTRUÇÕES Nome do Programa: Seguir Instruções Objetivo: Ensinar o aluno a seguir instruções vocais Pré-Requisitos: Sentar por no mínimo 1 minuto Material: mesa cadeira timer Preferências registro Esperar por no mínimo 3 segundos Olhar para o professor por no mínimo 3 segundos Programa de reforçadores condicionamento de Programa de pareamento de palavras Procedimento Geral – tentativa discreta Quatro grupos com cinco instruções cada, sendo uma delas sem sentido em cada grupo (pode ser um som sem sentido ou uma ação impossível). Em alguns casos, é válido iniciar com dois ou três grupos de 68 instrução, mas deve-se aumentar para quatro grupos tão cedo quanto possível. Cada grupo de instrução deve conter 20 tentativas (quatro tentativas por instrução do grupo). Os grupos devem ser ensinados ao mesmo tempo, mas como diferentes programas. Após dar a instrução, deve-se esperar 3s pela resposta. Se ela não ocorrer, deve-se fornecer ajuda. Depois de dominados dois grupos, as instruções deles devem ser misturadas. O mesmo com os quatro grupos, posteriormente. Resposta do professor O professor se posiciona em frente à criança, emite a instrução e aguarda a resposta do aluno. O professor só deve iniciar a tentativa quando o aluno sentar direito e estiver mantendo contato visual Observar se o prompt do passo é sem ou com atraso, caso seja sem atraso o professor deve dar a ajuda imediatamente, se o prompt for com atraso o professor deve dar a instrução e esperar 3s pela resposta. Se ela não ocorrer, deve-se fornecer ajuda. Cuidado para não fornecer qualquer pista visual! Reinicie completamente a tentativa se houver distração durante a apresentação. Instrução: Fazer o movimento determinado na instrução Resposta do aluno Reforçamento Elogios e contato físico (cócegas e brincadeiras). O reforço deve ser dado logo após a emissão da resposta. Sugestões de Passos para o programa: Passo 1 - Ajuda Física Total, sem atraso (AFT): O professor deve auxiliar o aluno mão sobre mão conduzindo-o a fazer o movimento completo. Passo 2 – Ajuda Física Parcial (AFP): O professor deve auxiliar o aluno com dica leve (um simples toque, ou direcionar com leveza o movimento). Passo 3 - Respostas independentes (RI): O professor deve aguardar a resposta independente do aluno, isto é, sem dicas. 69 Registro + = acerto de acordo com o passo + = acerto sem dica ( independente) - = erro PROGRAMA INTRAVEBAL INFORMAÇÕES PESSOAIS Nome do Programa: Intraverbal de informações pessoais – Ensino de Cuidadores Objetivo: Ensinar a criança a responder perguntas que ajudem a localizar sua família. Procedimento Geral – Tentativa discreta O professor irá realizar a pergunta e aguardar pela resposta de acordo com o passo. Estimule que outras pessoas da família realizem a pergunta para criança também. Antecedente Resposta Consequência Faça a pergunta para criança de Responder à pergunta. Reforço social, brinquedo ou acordo com o grupo adequado. GRUPO 1 GRUPO 2 Qual o nome do Como seu pai se seu pai? comestível GRUPO 3 GRUPO 4 chama? Qual o nome de sua mãe? Como sua mãe se chama? Quantos anos você Qual a sua idade? tem? Qual o seu Onde você mora? endereço? Passos Antes de dos passos 1 e 2, o cuidador deverá realizar uma sonda de 3 tentativas para verificar a ocorrência de respostas independentes. Se a resposta ocorrer em pelo menos 2 das 3 tentativas de sonda, recomenda-se aplicar imediatamente o Passo 3. Passo 1 (Grupo 1 e 2) Dica Modelo (DM) com atraso zero: o cuidador emite a pergunta e imediatamente dá a resposta 70 adequada. Passo 2 (Grupo 1 e 2) Dica Modelo (DM) com atraso (3 segundos): o cuidador espera 3s pela resposta da criança, caso ela não ocorra emita a DM. Passo 3 (Grupo 1 e 2) Resposta independente (RI): espere até 5s pela resposta independente. Registro + = acerto de acordo com o passo + = acerto sem dica ( independente) - = erro PROGRAMA TATO COM AUTOCLÍTICO Comportamento de falante – Tato com autoclítico. Objetivo Geral: O aluno deve emitir a resposta de tatear com autoclítico de modo funcional e variado. Procedimento Geral: Tentativa Discreta Estímulo Antecedente Resposta Consequência Apresente o estímulo Tatear o estímulo discriminativo usando autoclíticos Reforce com elogios e entregue um item diferente do tateado. Observações sobre reforçamento: CRF (Ex.: elogios, contato físico como cócegas e brincadeiras) até o Passo 3; Intermitente a partir do Passo 4. Orientações ao professor Emita a instrução verbal e aguardar a resposta do aluno; Reinicie completamente a tentativa se houver distração. Tatos Artigo + Substantivo + Adjetivo Serão ensinados quatro grupos com cinco estímulos. A criança só avançará de um grupo para o outro 71 após atingir a independência. Registro + + = acerto de acordo com o passo = acerto sem dica (resposta independente) - = erro Passo 1 Dica Modelo (DM) com atraso zero: Apresentem o objeto, imediatamente após a apresentação (atraso zero), o cuidador apresenta a DM (ex.: “O carro amarelo”) e espera 3 segundos. Passo 2 Dica Modelo (DM) com atraso (3 segundos): O cuidador apresenta o objeto e espera 3 segundos, se a criança não emitir o tato independente apresente a DM. Passo 3 Resposta independente (RI): O cuidador apresenta o objeto, e espera 5 segundos pela resposta independente PROGRAMA - ESPERAR Nome do programa: Colaboração – esperar Objetivo: ensinar o aluno a esperar por 10 segundos quando for solicitado. Pré-requisito: sentar na cadeira por 10 min. Material: mesa, cadeira, timer, folha para registro e estímulo reforçador. Resposta do professor O Professor se posiciona em frente a criança, emite a instrução e aguarda a resposta do aluno. O professor só deve iniciar a tentativa quando o aluno sentar direito e estiver mantendo contato visual. Observar se o passo requer prompt com ou sem atraso. Caso seja sem atraso, o professor deve dar a ajuda imediatamente. Se o prompt for com atraso, o professor deve dar a instrução e esperar 3s pela 72 resposta. Se ela não ocorrer, deve fornecer ajuda. Reinicie completamente a tentativa se houver distração durante a apresentação. Instrução: “espera”. Resposta do aluno Colocar mão sobre mão em cima da mesa e manter o comportamento por um determinado momento. Esquema de reforçamento Reforço arbitrário = iniciar com CRF e aumentar a razão gradualmente. Passos Passo 1. Ajuda física total (AFT). O professor deve auxiliar o aluno conduzindo-o a fazer o movimento completo. Passo 2. Ajuda física parcial (AFP) – sem atraso. O professor deve auxiliar o aluno com dica leve (simples toque) Passo 3. Respostas independentes (RI). O professor deve esperar 3s para a resposta independente ocorrer sem dica. Passo 4. Respostas independentes (RI). Deve esperar a resposta ocorrer e permanecer por 3 segundos. Registro + = acerto de acordo com o passo + = acerto sem dica (resposta independente) - = erro 73 PROGRAMA MANDO COM GESTO Nome do Programa: Mando usando gestos – Apontar Objetivo: Ensinar a apontar para os objetos (estímulos reforçadores) usando o dedo indicador, com função de mando. Material: estímulos reforçadores e folha de registro Procedimento Geral: o professor deve sentar-se à frente da criança e requer dela a resposta de apontar para o item sobre a mesa sem utilizar instrução. Após a emissão da resposta correta da criança, reforçar e anotar na folha de registro. Resposta do professor Só deve iniciar a tentativa quando o aluno demonstrar interesse por um estímulo. Observar se o prompt do passo é sem ou com atraso, caso seja sem atraso, o professor deve dar ajuda imediatamente. Se o prompt for com atraso, esperar 3 segundos para fornecer a ajuda necessária para a emissão da resposta. Resposta do aluno Apontar para o objeto com o dedo indicador. Esquema de reforçamento CRF Elogios e contato físico (cócegas e brincadeiras) Sugestões de passo Passo 1. Ajuda física total (AFT): o professor deve auxiliar o aluno mão sobre mão, conduzindo-o a fazer o movimento completo. Passo 2. Ajuda física parcial (AFP): o professor deve auxiliar o aluno com ajuda leve (um simples toque, ou direcionar com leveza o movimento). Passo 3. Ajuda física parcial com atraso (AFP): o professor deve aguardar 3 segundos a resposta independente do aluno ocorrer. Auxiliar caso a reposta não ocorra 74 após 3 segundo com toque leve. Passo 4. Resposta independente (RI): o professor deve esperar por 3 segundos a resposta ocorrer sem ajuda. Registro + = acerto de acordo com o passo + = acerto sem dica (resposta independente) - = erro 75 ANEXO 7 - PROTOCOLO DE AVALIAÇÃO DE PRECISÃO DE DESEMPENHO Experimentador: Cuidador: Confederado: Fase: LB ( ) PÓS-TESTE ( ) Data: Programa: TAREFA Legenda: + Correta; - Incorreta Apresentação de SDs 1. Na tentativa, garante a atenção do confederado? 2. Apresenta a instrução conforme descrito no programa? 3. Fornece ajuda exigida no passo? TENTATIVAS 1 2 3 4 5 Consequências para as respostas corretas 4. Reforça imediatamente a resposta? 5. Registra a resposta imediatamente? Respostas certas: Percentual de precisão: Qualquer erro emitido em qualquer um dos critérios elencados, a tentativa será considerada como errada. 76 ANEXO 8 - DESCRIÇÃO PROCEDIMENTO DE CORREÇÃO Procedimento de correção 1- Registra o erro da resposta com o sinal de menos (-); 2- Tentativa de correção – depois de 3 segundos após a tentativa de ensino, o aplicador faz a tentativa de correção fornecendo ajuda referente ao passo anterior ao passo em que o aluno está dentro do programa, logo após a emissão da resposta por parte do aluno, o professor deve fornecer um estímulo reforçador de menor magnitude e faz o registro. Ex: Se o aluno está no passo de resposta independente (RI) e não emitiu a resposta esperada dentro deste passo, registra-se o erro, e volta ao passo anterior fornecendo Ajuda Física Parcial (AFP), fornece o estímulo reforçador de menor magnitude e registra a resposta na folha de registro. 3- Nova tentativa de correção – Após a primeira tentativa de correção, o aplicador volta à tentativa dentro do passo no qual o aluno estava anteriormente. Caso a resposta seja emitida dentro do passo, o aplicador fornece o reforço de menor magnitude. 4- Retorno às tentativas – depois do procedimento de correção, o aplicador retorna para a aplicação das tentativas dentro do passo em que o aluno estava antes de emitir a resposta errada. Fornece o reforço de maior magnitude e registra a resposta. 5- Caso o aluno emita resposta errada novamente, o aplicador deve solicitar uma resposta que esteja bem estabelecida, ou seja, uma resposta fácil que o aluno já saiba e liberar um reforçador de menor magnitude. Caso o aluno continue apresentando uma taxa alta de erros o passo deve ser avaliado. 77 ANEXO 9 - PROTOCOLO DE AVALIAÇÃO DE PRECISÃO DO PROCEDIMENTO DE CORREÇÃO Experimentador: Cuidador: Data: Confederado: Programa: Fase: LB ( ) PÓS-TESTE ( ) Respostas esperadas Acerto (+)* Garante a atenção da criança antes de fornecer o SD Apresenta o SD Fornece a ajuda de acordo com o Passo Registra o erro da resposta emitido pelo confederado Não reforça a resposta errada do confederado Reinicia a tentativa no Passo anterior Apresenta o SD Fornece a ajuda de acordo com o Passo Após a resposta correta do confederado utiliza um estímulo reforçador de menor magnitude Registra o acerto da resposta emitida pelo confederado Volta ao Passo em que o confederado estava inicialmente Apresenta o SD Fornece a ajuda de acordo com o Passo Após a resposta correta do confederado, utiliza um estímulo reforçador de menor magnitude Registra o acerto da resposta emitida pelo confederado Erro (-)* * (+) símbolo utilizado para registrar a resposta correta emitida pelo cuidador. * (-) símbolo utilizado para registrar a resposta errada emitida pelo cuidador.