A Obra de Cristo – Parte 3 Romeu Bornelli Hebreus 7:23-28 – Ora, aqueles são feitos sacerdotes em maior número, porque são impedidos pela morte de continuar; este, no entanto, porque continua para sempre, tem o seu sacerdócio imutável. Por isso, também pode salvar totalmente os que por ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles. Com efeito, nos convinha um sumo sacerdote como este, santo, inculpável, sem mácula, separado dos pecadores e feito mais alto do que os céus, que não tem necessidade, como os sumos sacerdotes, de oferecer todos os dias sacrifícios, primeiro, por seus próprios pecados, depois, pelos do povo; porque fez isto uma vez por todas, quando a si mesmo se ofereceu. Porque a lei constitui sumos sacerdotes a homens sujeitos à fraqueza, mas a palavra do juramento, que foi posterior à lei, constitui o Filho, perfeito para sempre. Irmãos esta é a terceira reunião que nós estamos partilhando algo sobre a obra de Cristo. Já dissemos que para compreendermos a obra de Cristo precisamos ter, pelo menos, um vislumbre, segundo a Palavra de Deus ensina tão claramente no Novo Testamento e no Velho Testamento de forma profética, que a obra de Cristo consumou, realizou toda a profecia relacionada àqueles três ofícios que, no Velho Testamento, no reino teocrático de Israel, eram absolutamente fundamentais para a subsistência até mesmo da nação de Israel como o povo da Aliança. Deus levantou e levantava durante todo o tempo, depois que esses ministérios foram instituídos, profetas, reis e sacerdotes em Israel, para que a revelação de Deus pudesse ser mantida através desses três ministérios, desses três ofícios. E nenhum homem no Velho Testamento ocupou os três ofícios, porque isso não era permitido, alguns ocuparam dois ofícios. Samuel foi um sacerdote e um profeta, Davi foi rei e também foi considerado um profeta, mas somente o Senhor Jesus ocupou, em realidade, esses três ofícios e de uma forma que nenhum outro homem do Velho Testamento pôde se assemelhar, porque o Senhor trouxe a realidade do que eles tipificaram. O reinado de Davi foi glorioso, sem dúvida nenhuma, mas Davi era um simples mortal, um homem pecador. O Reino do Senhor Jesus é um Reino eterno, um Reino que nunca pode ser abalado. As promessas foram feitas a Davi, profeticamente, como um tipo de Cristo quando foi dito que o seu reino jamais teria fim. O Senhor Jesus ocupou essas funções, desses três ministérios, de uma forma absolutamente completa. Jesus não era, por exemplo, além de Rei, um Sacerdote que precisava ser substituído ou que precisou ser substituído pela Sua morte, porque Ele ressuscitou. Então, o Seu ministério sacerdotal é um ministério eterno também, assim como é o Seu ministério real, e assim como é o Seu ministério profético. Porque Ele é eterno, Ele é o Filho de Deus. Esse texto que nós acabamos de ler em Hebreus diz que esse nosso Sumo Sacerdote permanece para sempre, Ele não é impedido pela morte de continuar, como eram aqueles sacerdotes do Velho Testamento. Os irmãos vejam com que glória esses ofícios brilham na Pessoa de Jesus: como 1 Rei, Ele é Rei eterno, não é rei como Davi, não é rei como Salomão, mesmo que esses reinos tenham sido tão gloriosos. Como Sacerdote, Ele é Sacerdote eterno, Ele não é um sacerdote como Arão, e como tantos outros que viveram depois de Arão, que puderam oficiar dia após dia, ano após ano, ali no Tabernáculo, até morrerem, os sumo sacerdotes, que era apenas um. Quando ele morria era substituído, automaticamente, através da linhagem dos sacerdotes que era a linhagem de Levi, os levitas, os filhos de Arão especificamente. Nós vemos que a glória do ministério de Cristo brilha nesses ofícios por Ele ser quem é. A glória do ministério profético, sacerdotal e do Reino de Cristo brilha por causa da Pessoa de Cristo, da glória de Cristo, dEle ser quem Ele é. É por isso que o livro de Hebreus começa nessa ordem. O livro de Hebreus começa falando sobre a Pessoa de Cristo. Se os irmãos lerem os primeiros versículos vão ver que toda referência é à Pessoa. Deus falou de muitas maneiras, lá no passado, aos pais, pelos profetas, nos últimos dias, nos falou no Filho, e o Filho é o herdeiro, o Filho é o resplendor da glória, o Filho é a expressão exata do Seu Ser, o Filho sustenta todas as coisas pela palavra do Seu poder, o Filho fez a purificação dos pecados, o Filho é maior do que os anjos, o Filho é maior do que Moisés, o Filho é maior do que Arão. O livro de Hebreus se desenvolve assim. A glória do Filho; Ele não se compara com os outros, os outros eram meras sombras, meros tipos; sejam reis, profetas ou sacerdotes. Nós já vimos que Cristo é o cumprimento desse ministério real do Velho Testamento, Ele é O Rei e nós falamos sobre o que isso significa. Como Rei, Ele é aquele que nos liberta do poder do pecado. Esse tríplice ofício tem relação com a nossa salvação. O Senhor realizou a Sua obra na terra cumprindo esses três ofícios, e os três ofícios têm relação com a nossa salvação. Cristo como Rei nos liberta do poder do pecado - Ele nos libertou do império das trevas e nos transportou para o reino do Filho do seu amor (Cl 1:13). Cristo como Rei, Rei eterno, Rei segundo o coração de Deus, Ele nos liberta do poder do pecado, Ele nos introduz no Seu Reino, tirando-nos do império das trevas, Ele nos coloca sob o Seu governo, o pecado não mais terá domínio – reino – sobre vós, porque não estais debaixo da lei, e sim da graça, não reine o pecado nos vossos corpos mortais, de maneira que obedeçais as vossas paixões, porque Cristo nos transportou para o Seu Reino. O Seu ministério, Sua função real, como Rei que Ele é, Rei celestial, Ele nos livra do império das trevas, Ele nos livra do poder do pecado. Nós vimos outro ministério: profético. Cristo é O Profeta. Aquele que foi profetizado no Velho Testamento, aquele que até mesmo falou através dos profetas do Velho Testamento. Quando você abre a Epístola de 1Pedro 1:11, você vê que, claramente, Pedro, nesse versículo, diz que o Espírito de Cristo falava nos profetas, o Espírito de Cristo falava nos profetas do Velho Testamento. Na verdade, era O Profeta, Cristo, falando através dos profetas. Os irmãos vejam que os profetas eram portavozes do eterno Profeta, Cristo. E o que significa Cristo como O Profeta de Deus? Significa simplesmente que Cristo é Deus, Ele revela a Deus como ninguém pôde, por isso o livro de 2 Hebreus diz: Deus falou de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas. Um pouco em Isaías, um pouco em Jeremias, um pouco em Ezequiel, um pouco em Daniel, e todos os outros profetas, mas no Filho, Ele nos falou totalmente, completamente. Nenhum dos profetas do Velho Testamento pôde dizer: quem me vê a mim, vê o Pai, mas Cristo pôde, porque Cristo é O Profeta, Ele é Deus, o Verbo que se fez carne. Cristo cumpre todo aquele tipo do que os profetas representaram, figuraram, no Velho Testamento. E como Profeta, qual a função de Cristo no que concerne à nossa salvação? Como Rei, Ele nos liberta do poder do pecado e nos introduz no Seu Reino, debaixo do Seu governo. Como Profeta, o que Ele faz com relação à nossa salvação? Como Profeta, Cristo nos liberta das trevas do pecado, da ignorância do pecado. Ele revela Deus, então, Ele nos liberta das trevas do pecado. Revelando Deus a nós, Ele nos leva a contrastar Deus com as coisas que não são Deus; Deus com os ídolos; Ele revela a Deus, por isso Ele é O Profeta. Com relação à nossa salvação, Cristo, como Profeta, nos liberta da ignorância do pecado, das trevas espirituais que o pecado gera em nós, das trevas intelectuais, das trevas em todos os sentidos. Cristo é a luz, a verdadeira luz que veio ao mundo e ilumina todo homem. Então, Profeta, Ele apresenta Deus plenamente, por ser Deus. Ele não é um mensageiro de Deus, Ele não é um portavoz de Deus, Ele é Deus. Quando João Batista veio anunciando o Senhor, ele diz assim: Eu sou a voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor; endireitai no ermo vereda a nosso Deus (Jo 1:23; Is 40:3). Foi assim que João Batista anunciou a Jesus, ninguém menos do que Deus, em carne. Ele é O Profeta. Agora, e como Sacerdote? Nós falamos na reunião passada que hoje nós introduziríamos este assunto e ficaríamos nele até terminarmos esta série de mensagens: Cristo como Sacerdote. Por que nós vamos destacar este aspecto? Porque Cristo como Sacerdote cumpre, de uma maneira plena, completa, absoluta, o que concerne tanto à expiação, no sentido de livrar-nos da culpa do pecado, quanto o que concerne a essa intercessão celestial que Ele realiza sobre nós, agora ressurreto, até que nós estejamos na presença dEle. Esse ministério de Cristo realizando expiação e realizando intercessão é a chave para a compreensão da nossa salvação. É claro que é importante ver Cristo como Rei, é claro que é importante ver Cristo como O Profeta. Agora, quando nós olhamos para Cristo, a Pessoa de Cristo, o Seu caráter de Sacerdote, tipificado aqui pelos sumo sacerdotes do Velho Testamento, e que o livro de Hebreus traz à luz toda realidade desse ministério em Cristo, esse ministério sumo sacerdotal de Cristo brilha de uma forma muito especial. Porque se Cristo fosse apenas Rei, isso de alguma forma traria glória apenas para Ele mesmo, porque, como Rei, exclusivamente, Ele não teria o poder e nem autoridade, vamos chamar de judicial, de nos comprar para Deus, como Rei não. Porque a nossa libertação não era apenas uma questão de poder, tinha culpa envolvida. Nós não podíamos ser reconciliados com Deus pelo poder de Cristo apenas, nós precisamos entender isto. Nós tínhamos que ser reconciliados com Deus mediante o sacrifício vicário ou expiador de Cristo. Na Pessoa de Cristo, nosso pecado precisava ser julgado, para que nós pudéssemos ser aproximados de Deus, porque trevas e luz não têm comunhão. Não é apenas uma questão de poder, senão Cristo não precisava ter morrido na cruz, bastava Deus ter exercido o Seu poder. Ele é onipotente, 3 então, Ele diria assim: Eu quero que os que Eu escolhi se aproximem de mim e ponto final, quem vai se opor à Minha vontade? Ninguém, não é? Mas sabe por que Deus não podia fazer isso? Porque se Deus, de alguma maneira, fizesse isso, isso contrariaria o Seu próprio caráter. É impossível para Deus fazer isso, era impossível. Não é porque Ele é todo poderoso que Ele podia fazer isso, isso Ele não podia fazer, porque trevas não podem ser aproximadas de luz. Luz e trevas não têm compatibilidade nenhuma. A questão envolvida entre Cristo e nós não é uma questão de poder apenas, é uma questão de culpa, é uma questão judicial, além de uma questão de poder. Precisava ser tratado algo que impedia a nossa comunhão com Deus e Ele fez isso não como Rei, Ele fez isso como Sacerdote. É claro que quando Ele fez isso, Ele não deixou de ser Rei. Cristo sempre foi Profeta, Sacerdote e Rei, e tudo o que Ele fez na cruz, Ele continuou sendo as três coisas. Era o Rei na cruz, era o Profeta na cruz, mas é por causa de Cristo ser o nosso grande Sumo Sacerdote que o problema foi resolvido. Então, nós vamos a esse terceiro ponto aqui: Cristo como Sacerdote nos liberta da culpa do pecado. Como Rei, nos liberta do poder do pecado, como Profeta, nos liberta das trevas do pecado, da ignorância do pecado. E, como Sacerdote, Ele nos liberta da culpa do pecado. Nós podemos dizer assim: o ministério sacerdotal de Cristo é o fundamento dos outros no que concerne à nossa salvação. Para nós não resolveria termos um Profeta em Cristo, para nós não resolveria termos um Rei em Cristo, porque nem mesmo Rei sobre nós Ele seria. Nós precisávamos de um Sumo Sacerdote. Olha como esse texto que nós acabamos de ler, Hebreus 7:26 - Com efeito, nos convinha um sumo sacerdote como este, santo, inculpável, sem mácula, separado dos pecadores e feito mais alto do que os céus. Cada expressão dessa é importantíssima no que concerne à nossa visão de Cristo como Sumo Sacerdote. O livro de Hebreus menciona Cristo como Sumo Sacerdote sete vezes. E hoje nós vamos gastar todo o nosso tempo aqui examinando as sete vezes no livro de Hebreus, onde Cristo é mencionado, para que nós entendamos um pouco mais sobre esse ministério de Sumo Sacerdote do Senhor. Nos convinha um sumo sacerdote assim como este, santo, inculpável, sem mácula, separado dos pecadores, ou seja, Ele não é um pecador, este é o sentido da expressão “separado dos pecadores”. Ele nasceu através daquele nascimento virginal, aquela obra do Espírito Santo no ventre de Maria, preparando um corpo para o Senhor. Ele é separado dos pecadores, Ele participou da natureza humana, mas não do pecado humano, então, Ele é separado dos pecadores, mas não só isso - é feito mais alto do que os céus. Ele não apenas realizou expiação, mas realiza intercessão, porque Ele foi feito mais alto que os céus, Ele ressuscitou. Cristo, como Sumo Sacerdote, trata com a questão da culpa do pecado. Como Ele trata da culpa do pecado? Vamos subdividir em dois esse ministério sacerdotal, porque o Novo Testamento faz isto. Cristo, como Sacerdote, trata o problema, Ele resolve a questão da expiação. Expiar significa remover a culpa. Cristo como Sacerdote faz expiação pelo sacrifício dEle mesmo, e Ele trata com a culpa, mas não só isso. Cristo, como Sacerdote, realiza intercessão, e como intercessor, Ele é certeza e garantia de que nós estaremos face a face com Ele. Não apenas Ele realizou expiação, a culpa está resolvida, o problema está 4 resolvido, e vocês podem ter comunhão com Deus. Como Sacerdote Ele não resolveu apenas a questão da culpa e expiou nosso pecado, mas Ele intercede por nós. Nós vamos ver que essa também é uma visão de Hebreus e de muitas outras passagens. Aquela oração, por exemplo, chamada de sacerdotal do Senhor, em João 17, o que Ele está fazendo é exatamente isso. Como Sacerdote, Ele está intercedendo pelos santos. Lembra de João 17 quando Ele diz assim:...não rogo pelo mundo, mas por aqueles que me deste (rogo, ou intercedo pelos que me deste no mundo), porque são teus. Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade. Pai, a minha vontade é que onde eu estou, estejam também comigo os que me deste... (Jo 17:9; 17; 24). Naquela oração, chamada de sacerdotal, Cristo está intercedendo, porque esse é um segundo aspecto do ministério sacerdotal. Se nós vimos que Cristo, como Profeta, revela a verdade de Deus a respeito de Deus e a verdade a respeito de nós - ministério profético - Cristo cumpre essas duas facetas. Ele revela a verdade sobre Deus para que nós não vivamos na ignorância do pecado, nas trevas da idolatria e da confusão, levantando coisas que não são deuses para as quais nosso coração vai se voltar. Cristo como Profeta revela a verdade sobre Deus e a verdade sobre nós, sobre o nosso pecado. Da mesma maneira, Cristo, como Sumo Sacerdote, cumpre um duplo ministério. Ele realiza expiação pelo sacrifício dEle mesmo e resolve o problema da culpa. Ele realiza intercessão como Sumo Sacerdote e essa intercessão é garantia, certeza de que tudo o que Deus planejou a nossa respeito será concretizado: a nossa semelhança com Ele, o nosso habitar com Ele, o nosso vê-Lo face a face, o fato de nós sermos herdeiros com Ele, do Seu Reino, de tudo o que Ele é. Então, Ele não só resolveu o problema da culpa, expiando o pecado, mas Ele intercede por nós. O livro de Hebreus mostra as duas coisas. Agora, antes de ler os versículos de Hebreus, que falam de Cristo como Sumo Sacerdote, abram um texto comigo no Salmo 84. Queria que os irmãos atentassem para uma expressão muito interessante aqui neste Salmo que tem esta questão do sacerdócio como pano de fundo, porque é um Salmo a respeito do templo, a respeito do tabernáculo. Eu queria que os irmãos notassem aqui duas expressões, para nós vermos como o Espírito Santo foi minucioso e tão delicado ao escrever a Palavra de Deus no que concerne aos tipos, às figuras. Salmo 84:1-3 - Quão amáveis são os teus tabernáculos, Senhor dos Exércitos! Está se vendo claramente que este Salmo vai ter relação com a questão do tabernáculo, da habitação com Deus, do sacerdócio. Não tem relação com o ministério real, porque o rei não tinha nada a ver com o tabernáculo, e nem o Profeta, porque o Profeta também não tinha relação com o tabernáculo. Quem tinha relação com o tabernáculo era o sacerdote, o ministro do tabernáculo era o sacerdote. Não era nem o rei, nem o profeta. Quão amáveis são os teus tabernáculos, Senhor dos Exércitos! A minha alma suspira e desfalece pelo átrios do Senhor; o meu coração e a minha carne exultam pelo Deus vivo! O pardal encontrou casa, e a andorinha, ninho para si, onde acolha os seus filhotes; eu, os teus altares, Senhor dos Exércitos, Rei meu e Deus meu! Notem esta expressão: os teus altares, porque nós vamos pensar um pouquinho sobre ela. 5 Quantos altares nós tínhamos no tabernáculo? Dois altares. Havia muitos móveis lá, mas somente dois altares. O primeiro altar, onde ficava? Lá fora, no átrio, era o altar de bronze, o altar do holocausto. O altar do holocausto tem relação com quê? O que era feito ali no altar do holocausto, ou no altar de bronze? Até o nome deixa claro, ali era oferecido o quê? Os sacrifícios. Com que finalidade? Realizar – primeiro aspecto do ministério sacerdotal que nós estamos falando aqui – expiação. Olha a tipologia como é perfeita. No altar do holocausto, lá no átrio, o sangue dos animais era oferecido. Quando era o caso do holocausto, o próprio animal era queimado ali, totalmente, era o altar do sacrifício, ele também era chamado de altar do sacrifício. Para que serve o altar do sacrifício? Serve para oferecer sacrifício. Para que serve o sacrifício? Para expiar pecado. Era uma figura, então, do Senhor, o verdadeiro Cordeiro de Deus, como disse João Batista, que tira o pecado do mundo: expiação. O altar de bronze, o altar do sacrifício serve para oferecer sacrifícios, para remover pecados. É claro que aqueles não removiam pecados no que concerne à consciência. Eles eram praticados pela fé, porque era ordenação de Deus. Não traziam consciência purificada para o adorador, mas ele poderia confiar no Senhor em que, através daquele tipo que Deus ordenou - aquilo não foi da cabeça de Moisés, foi da mente de Deus - baseado na fé, o judeu poderia levar o seu animalzinho, oferecer, impondo a mão sobre ele, significando identificação, transferência de pecado, o animal era morto e ele podia crer, porque Deus falou que devia ser assim: leva o teu animal e oferece no teu lugar, se você cometeu pecado, e o seu pecado vai ser coberto. Até que viesse o verdadeiro Cordeiro, que seria oferecido ali na cruz, o qual aquele altar de bronze era um tipo. O verdadeiro Cordeiro seria oferecido na cruz e resolveria o problema da nossa consciência, é isso que o livro de Hebreus fala. O sangue de Cristo tem poder para purificar consciência de obras mortas, capítulo 9 de Hebreus. Os irmãos vejam que a tipologia é perfeita: o altar de bronze, para se oferecer sacrifício, para expiar pecados, expiar com x, não é com s não. Expiar com x significa tirar, remover a culpa. Esta é a finalidade do altar de bronze. Agora, tinha o outro altar, qual era? O altar de incenso. Não fica claro? Qual a finalidade do altar de incenso? Queimar incenso. O que o incenso tipifica? Adoração, oração, intercessão. O outro aspecto do ministério sacerdotal de Cristo, os irmãos estão vendo? Por isso que o salmista diz aqui: eu encontrei os teus altares, Senhor dos Exércitos. Esses dois altares, de alguma maneira, resumem toda a finalidade do ofício sacerdotal. No altar de bronze: expiação, remoção da culpa, mas parou aí? Os irmãos estão vendo como Deus, desde a tipologia, queria deixar claro que esse ministério de Cristo era algo tão glorioso, tão completo, tão perfeito, tão absoluto que Deus não usou apenas um altar para representar a totalidade da eficiência, da abrangência do ministério sacerdotal, Ele usou dois altares. Quando Corá escreveu esse salmo, ele está falando disso, ele está centralizando essa questão dos tabernáculos nos dois altares, ali ele encontrou refúgio. Irmãos, e da mesma maneira conosco. Nós temos hoje comunhão com Deus, nós podemos adorar a Deus, nós podemos nos relacionar com Deus porque também encontramos os Seus altares, ou seja, Cristo como oferta pelo pecado, que realizou expiação por nós lá na cruz, e Cristo como nosso intercessor celestial. A gente vai ver o que isso significa. 6 A primeira coisa que você deve considerar é nunca pensar em Cristo como apenas aquele que perdoou pecados, nunca pensar em Cristo como aquele que removeu a culpa apenas, embora isso seja algo tão glorioso, porque isso trouxe paz para a nossa consciência. Mas nós precisamos ver Cristo de uma forma ainda mais elevada, como Sacerdote: não só altar de bronze, não só remoção da culpa, expiação, mas intercessão, tipificada pelo altar do incenso que como tudo no tabernáculo era uma figura de Cristo. Cristo é aquele que exala incenso para Deus, significando exatamente intercessão. Se você quiser ver o altar de incenso no Novo Testamento, você vai ver lá em João 17, essa oração sacerdotal que eu citei. Ali você tem o verdadeiro altar de incenso queimando incenso para Deus, quando Ele diz assim: não rogo somente por estes, mas também por aqueles que vierem a crer em mim, por intermédio da Sua palavra. Cristo estava queimando ali incenso diante do Pai, intercedendo não somente pelos 12, por aqueles discípulos, mas por todos que vierem a crer, inclusive nós. Ele estava e esteve intercedendo por nós mesmo quando estava em carne. João 17:20 - Não rogo somente por estes (se referindo aos 12 ali com Ele) mas por aqueles que vierem a crer em mim, por intermédio da sua palavra. Ele orou por toda a Igreja nesses dois mil anos, pelos eleitos de Deus, durante todos esses dois mil anos. Ele intercedeu por nós enquanto estava na Terra, porque Ele é Sacerdote, e Ele intercede por nós enquanto no céu, ou por toda a eternidade no céu. Isso o livro de Hebreus deixa muito claro: Ele vive para interceder por nós, Hebreus 7:25, versículo chave do livro de Hebreus: Por isso, também pode salvar totalmente os que por ele se chegam a Deus, vivendo sempre (eternamente) para interceder por eles. O Sacerdote realiza expiação, altar de bronze e intercessão, altar de ouro, onde o incenso era queimado. E nesses dois aspectos, nesses dois altares vemos o brilho, a glória da obra sacerdotal de Cristo. Isso é muito interessante e muito importante. Olha uma outra expressão neste Salmo. Você vai ver outra combinação muito linda, no versículo 11 deste Salmo 84 - Porque o Senhor Deus é sol e escudo; o Senhor dá graça e glória;... Que você acha quando você relaciona estas duas questões aos dois altares? Quando você olha o altar de bronze, o que você vê brilhar ali? Graça, está certo? Graça. O Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo, o Senhor dá graça, Ele realizou expiação, Ele removeu a culpa, Ele dá graça. Mas quando você olha o altar de ouro, onde o incenso era queimado, você vê a segunda verdade, o Senhor não só dá graça, mas o Senhor dá glória. O que o livro de Hebreus diz? Hebreus 2:10 diz que o Senhor está conduzindo muitos filhos á glória. Então, através do ministério sacerdotal de Cristo, nós vemos que Ele, como nosso grande Sumo Sacerdote, dá graça e glória. Ele realizou expiação e Ele realiza uma eterna intercessão. Vamos, agora, no livro de Hebreus, e eu queria mostrar algumas coisas para os irmãos, primeiro nesse sentido, antes da gente ler os versículos que mostram Cristo como Sumo Sacerdote. Abra esse texto primeiro, Hebreus 2:10, que eu acabei de ler. Ainda vamos procurar olhar isso aqui na luz do Salmo 84 que nós acabamos de ler: eu encontrei os teus altares – o altar de 7 bronze, o altar de ouro, o altar do sacrifício e o altar do incenso, Cristo como aquele que expiou o nosso pecado, e Cristo como nosso intercessor. Hebreu 2:10 – Porque convinha que aquele, por cuja causa e por quem todas as coisas existem, conduzindo muitos filhos à glória, aperfeiçoasse, por meio de sofrimentos, o Autor da salvação deles. Olha lá, capítulo 6:18-20, o que significa o Senhor dá glória, como é que isso está ligado a esse poder intercessor de Cristo como Sumo Sacerdote: para que, mediante duas coisas imutáveis, nas quais é impossível que Deus minta, forte alento tenhamos nós que já corremos para o refúgio, a fim de lançar mão da esperança proposta; (nós temos uma esperança proposta, futura, agora, olha lá) a qual temos (essa esperança) por âncora da alma, segura e firme e que penetra além do véu, aonde Jesus, como precursor, entrou por nós... Isso é que o Salmo está dizendo. Ele não só dá graça, Ele dá glória. Como Ele dá glória? Ele já entrou como Sumo Sacerdote na presença imediata de Deus. O que o livro de Hebreus chama de Santo dos Santos, o Santo dos Santos celestial, porque no terreno Jesus nunca entrou. Jesus não era sumo sacerdote segundo a ordem de Arão, Ele nunca entrou no Santo dos Santos no tabernáculo, nunca. Ele não tinha nada a ver com aquele tabernáculo. Aquele tabernáculo era uma figura do que Ele era. Ele entrou (........) presença imediata de Deus. Agora, não apenas sendo Deus, mas sendo homem também, por isso que Ele é âncora para a nossa alma, é porque como Homem Ele entrou na presença de Deus. Em Cristo, há um Homem na presença de Deus, um Homem, e esse Homem na presença de Deus, o Senhor Jesus, DeusHomem, Ele é a plena certeza e garantia de que todos os outros homens, eleitos de Deus, aqueles que foram redimidos, aqueles pelos quais Ele realizou expiação, eles também alcançarão a mesma posição, e é isso que a Bíblia chama de glória. Glória não é, propriamente, a nova Jerusalém, glória não é a coroa de justiça que nós vamos receber um dia. Glória é a presença de Cristo, glória é ser como Cristo, glória é ver a Cristo, glória é habitar com Cristo. Então, quando diz: o Senhor dá graça e glória, aponta para os dois extremos do ministério sacerdotal de Cristo. Ele dá graça, porque removeu o pecado, Ele tratou com a culpa, Ele fez expiação, mas não parou aí. Isso, de certa forma, tem ênfase mais negativa, Ele tirou, Ele removeu, culpa, pecado. Mas qual que é o lado positivo do ministério sacerdotal de Cristo? Ele dá glória, ou seja, Ele nos introduz na presença de Deus para sermos semelhantes a Cristo. Irmãos, na verdade, a luz maior, podemos dizer, a luz final, ficaria melhor colocarmos assim, ela está nesse segundo aspecto, e é o aspecto que nós, normalmente, negligenciamos, vemos tão pouco. Nós enfatizamos mais a questão da culpa, que Cristo removeu o pecado, Cristo tratou com o pecado, Cristo realizou expiação. Nós não vemos que esse Sacerdote que ressuscitou intercede por nós, e Ele é a garantia e segurança da nossa eterna salvação, da nossa adoção, da nossa glória. O livro de Hebreus apresenta o Senhor assim: a âncora da alma. O versículo 18, no finalzinho diz que nós temos uma esperança. Esperança, segundo o versículo 18 aqui, é só um atributo, se lermos apenas o versículo 18, esperança não é uma pessoa, esperança é um atributo. Contudo, quando vemos o versículo 19 e 20, vamos observar que o autor de Hebreus une a nossa esperança a uma Pessoa, a nossa esperança passou a 8 ser uma Pessoa. Nossa esperança não é vaga, nossa esperança não é apenas uma questão de falarmos assim: ah, eu espero que um dia estarei com o Senhor. Nossa esperança é certeza, porque nossa esperança é uma Pessoa. O versículo 19 diz assim: a qual (ou seja, a esperança, essa esperança, nós) temos por âncora da alma, (a nossa alma está ligada a esse fio, firme de esperança, mas até aqui não falou nada da Pessoa ainda, então, continua dizendo: essa esperança nós temos por âncora da alma), segura e firme e que penetra além do véu (aqui já está sugerindo alguma coisa. E o versículo 20 fala claramente) onde Jesus, como precursor, entrou....Não fica claro que a esperança do versículo 18 é o Jesus do versículo 20? Será que não está absolutamente claro? Nós temos uma esperança proposta, âncora da alma, além do véu, onde Jesus está, e se não ficasse claro em Hebreus, se você abrir em 1Timóteo 1:1, a primeira coisa que Paulo fala nesta carta, diz exatamente isto, que a nossa esperança não é uma virtude que nós temos, não é apenas algo que nós esperamos, mas é alguém que nós esperamos: Paulo, apóstolo de Cristo Jesus, pelo mandato de Deus, nosso Salvador, e de Cristo Jesus, nossa esperança. Este versículo deixa tudo claro. Nossa esperança não é uma virtude, não é um sentimento, não é alguma coisa que pode ser abalada de alguma maneira. Nossa esperança é Cristo. A nossa esperança já está na presença de Deus, nossa esperança é um Homem, que é Deus. Nossa esperança é Jesus, aquele que fez o curso na nossa frente, precursor, Ele já trilhou esse caminho até a presença de Deus na nossa frente. Nós não poderíamos ir de jeito nenhum. Ele está lá. Estando lá, o livro de Hebreus diz no capítulo 7: Ele intercede por nós que ainda estamos aqui. Agora, essa intercessão é tão segura, tão firme, que ela é certeza de que nós estaremos lá. I João 3:2 - Amados, agora, somos filhos de Deus, e ainda não se manifestou o que haveremos de ser. Sabemos que, quando ele se manifestar (esse Cristo que é a nossa esperança), seremos semelhantes a ele, porque haveremos de vê-lo como ele é. Essa é a nossa esperança. Não é uma vaga esperança, não é um sentimento de esperança. É uma esperança segura e firme, porque é uma Pessoa. Esse é o aspecto de Cristo como nosso intercessor. Ele é Sacerdote, Sumo Sacerdote, também nesse sentido, Ele intercede por nós, Ele é a nossa esperança, certeza, segurança, garantia, de que nós estaremos face a face com Ele mesmo, que nós veremos a Deus face a face. Ele pôde nos dar essa certeza baseado no que Ele cumpriu como Sacerdote, como Sumo Sacerdote. Não como Profeta, não como Rei, mas como Sacerdote. Agora, nós podíamos passar pelos versículos de Hebreus. Os textos que mostram Cristo como Sumo Sacerdote de uma maneira direta, porque existem várias outras menções indiretas. Nós vamos examinar só as sete diretas. Capítulo 1:3, é somente uma introdução aqui, é a primeira menção sugestiva de Cristo como Sumo Sacerdote, ela não é direta, ela é uma menção indireta, apenas sugestiva, mas por ser a primeira eu queria ler com os irmãos. Hebreus 1:3 – Ele, que é o resplendor da glória e a expressão exata do seu Ser, (nós já comentamos esta frase aqui. O que significa isso. Cristo é aquele carácter da hipóstase do Pai, expressão exata do seu Ser), sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder, depois de ter feito a purificação dos pecados, assentou-se à direita da Majestade, nas alturas. Aqui, a primeira sugestão, no livro de Hebreus, de que Jesus é 9 Sumo Sacerdote, porque profeta não faz purificação de pecados, e rei também não. Quem realiza o ministério de purificar pecados é o sacerdote, no Velho Testamento. Então, esse texto já está sugerindo para nós que Ele, Jesus, fez a purificação de pecados, e Ele não é apenas um Sacerdote, Ele é o resplendor da glória e a expressão exata do Seu Ser. Olha como esse versículo cresce aos nossos olhos, mostrando que esse Sacerdote, que fez a purificação dos pecados, é o Sacerdote Deus. É o Sacerdote Filho, é o Sacerdote Verbo. Ele fez a purificação dos pecados, por isso é tão seguro, por isso é tão firme, por isso a nossa salvação nunca pode ser abalada, por isso o Senhor disse: aqueles que o Pai me deu, ninguém das minhas mãos pode arrebatar, e das mãos do Pai, igualmente, ninguém pode arrebatar. Eu lhes dou a vida eterna, jamais perecerão, por causa do que Ele realizou ali na cruz, tendo feito a purificação dos pecados. Esse aqui é o altar de bronze, é aquele primeiro altar, é o altar no qual Ele fez purificação de pecados. Hebreus 1:3, é sugerido aí muito claramente. Quando a gente vai lá para Hebreus 7, você vai chegar ao outro altar, no altar de ouro, que diz que Ele vive para interceder por nós. Então, purificação nesse versículo 3, tem a ver com altar de bronze, e intercessão em Hebreus 7:25 - ...vivendo sempre para interceder por eles. Tem a ver com o altar de ouro. Eu encontrei os teus altares, Senhor dos Exércitos! Plena salvação. Sumo Sacerdote que expiou pecados e que intercede por nós. O Senhor dá graça e glória (Sl 84:11). Nós precisamos manter na nossa vista, irmãos, essa visão, porque essa visão é que o livro de Hebreus apresenta. Agora, vamos ver alguns versículos sobre as menções de Cristo como Sumo Sacerdote. A primeira vez em Hebreus 2:17-18 - Por isso mesmo, convinha que, em todas as coisas, se tornasse semelhante aos irmãos...É a segunda vez que vocês estão vendo a palavra “convinha” hoje, ela já apareceu no capítulo 7: nos convinha um Sumo sacerdote assim como este, ou seja, nós tínhamos absoluta necessidade, não podia ser de outra maneira, nos convinha um Sumo Sacerdote assim como este, e aqui diz a mesma coisa, em outro sentido, aqui fala da encarnação - nos convinha que, em todas as coisas, ele se tornasse semelhante aos irmãos. Segundo o versículo 14, logo acima, fala que Ele precisava participar de carne e sangue, por que, como nós teríamos um mediador que não fosse humano, se nós somos homens? Como nós teríamos um mediador que entendesse das nossas tentações se Ele não fosse humano? Como nós poderíamos ter um mediador compassivo se Ele não soubesse o que era sofrimento? Então, nos convinha que, em tudo, Ele fosse semelhante aos irmãos porque aí Ele saberia o que é fragilidade. Irmãos, a natureza do Senhor é algo impressionante, a encarnação, o que a encarnação realizou, o que o Espírito Santo realizou através da encarnação do Verbo de Deus. Porque quando o Senhor habitou naquele corpo, Ele experimentou todas as consequências da queda. Ele não tinha um corpo de super-homem, Ele tinha um corpo como resultado da queda, menos o pecado. Ele, então, pôde experimentar todo tipo de sofrimento, tentação, angústia, tudo isso é resultado do pecado. Deus não tem angústia, Deus não tem tentação. Tiago diz que Deus não pode nem ser tentado pelo mal, Deus é absolutamente perfeito. O Senhor Jesus, quando habitou naquele corpo, esse é um dos mistérios da encarnação, Ele habitou num corpo que trazia as consequências da queda, ou seja, fragilidade, 10 tentação. Ele experimentou, nEle mesmo, desespero e angústia, Ele deixa isso muito claro: a minha alma está angustiada até a morte. Aflições de todo tipo, só que sem pecado, Ele não pecou, Ele não tinha pecado, Ele nem mesmo podia pecar. Mas, em tudo, diz aqui, em todas as coisas, se tornasse semelhante aos irmãos. O primeiro contexto em que Jesus é mencionado como Sumo Sacerdote é esse, e cada contexto lança uma luz gloriosa, é claro, não podia ser diferente. A Bíblia é a Palavra de Deus. No primeiro contexto, que é este aqui, Hebreus 2:17-18, esta luz também é tão gloriosa, sobre o nosso Sumo Sacerdote. Está dizendo que o nosso Sumo Sacerdote é Homem, está dizendo que o nosso Sumo Sacerdote foi tornado semelhante aos irmãos, pelos quais Ele intercedeu. Está dizendo que este Sumo Sacerdote (......) Ele se tornou semelhante aos irmãos para que Ele fosse fiel, se Ele não fosse humano, verdadeiramente, e não pudesse ser fiel nas coisas referentes a Deus, Ele não podia fazer propiciação por nós. Se Ele, pessoalmente, não satisfizesse a Deus, Ele não poderia fazer propiciação por nós. Se Ele mesmo não fosse um aroma agradável a Deus, como que Ele iria se oferecer por nós? Ele não teria condição nem para Ele mesmo. Então, Ele precisava ser testado como Homem, se Ele realmente era fiel. Olha como este versículo é forte. Ele precisava ser Homem, em todas as coisas semelhante aos irmãos, está escrito aí, para Ele ser duas coisas: por um lado, misericordioso, por outro lado, fiel. Um lado olha para o homem, outro lado olha para Deus. Misericordioso: Deus não precisa de misericórdia, quem precisa é o homem, então, Ele é misericordioso, isso olha para o homem. Ele é fiel, isso olha para Deus. A partir do capítulo 3, ele vai descrever que Jesus é fiel, se você ler, fica tão claro, Hebreus 3:2 - o qual é fiel àquele que o constituiu (está falando de Jesus. Lá no versículo 6, diz assim: Cristo, porém, como Filho, sobre sua casa.... Versículo 5: Moisés era fiel, em toda a casa de Deus, como servo, para testemunho das coisas que haviam de ser anunciadas; Cristo, porém, como Filho, ou seja, é fiel como Filho. Então, nesse contexto, mostrando que Jesus, como Sumo Sacerdote, em tudo foi feito semelhante aos irmãos, para que Ele fosse como Sumo Sacerdote, misericordioso para com o homem, fiel para com Deus. Ele foi testado em toda a Sua fidelidade. Para que isso tudo? Olha o final do versículo, continua: ...misericordioso e fiel sumo sacerdote nas coisas referentes a Deus e para fazer propiciação pelos pecados do povo (Hb 2:17). Se Ele não fosse misericordioso e fiel, Ele nem podia satisfazer a Deus, Ele não seria fiel nas coisas referentes a Deus, então, não satisfaria a Deus, e nem poderia, por consequência, fazer propiciação pelos pecados. Porque propiciação, essa é uma das palavras importantes do Evangelho: propiciação, e ela significa, se quiser resumir numa palavra, a palavra seria satisfação. Propiciação é satisfação. Jesus propiciar a Deus significa que Ele satisfez todas as exigências da santidade de Deus que foi violada por causa do pecado. O homem violou a santidade de Deus, Cristo satisfez a santidade de Deus. E, porque Ele satisfez, Ele pôde propiciar. Ele propiciou a Deus, porque Ele satisfez as exigências da santidade violada de Deus. Então, este é o primeiro contexto, e o versículo 18 diz assim: Pois, naquilo em que ele mesmo sofreu, tendo sido tentado, é poderoso para socorrer os que são tentados (Hb 2:18). Você vai ver que em cada menção, a luz brilha de uma maneira. Aqui está dizendo que o nosso Sumo 11 Sacerdote é humano, em tudo semelhante aos irmãos, misericordioso, fiel e poderoso para socorrer os que são tentados. A segunda menção está logo à frente. Capítulo 3:1 - Por isso, santos irmãos, que participais da vocação celestial, considerai atentamente o Apóstolo e Sumo Sacerdote da nossa confissão, Jesus. Aqui há uma outra menção de Jesus como Sumo Sacerdote, muito clara, e o que o contexto está falando nesta menção? Também é muito precioso. Está dizendo, usando, agora, as minhas palavras, do capítulo 3:1, está dizendo que Jesus, como Sumo Sacerdote, ressurreto, celestial, que nós devemos focalizar, a palavra considerar aí, é a mesma palavra que se usa em astronomia, que significa enfocar algo, considerar, de onde vem a palavra, por exemplo, espaço sideral, uma palavra tirada da astronomia. Significa que você vai instalar o seu telescópio espiritual, e vai focalizar Cristo, somente Cristo. Você não vai focalizar nada mais que não seja Cristo. Você não vai focalizar as bênçãos de Cristo, você não vai focalizar o poder de Cristo, você não vai focalizar nem a Igreja de Cristo, é o foco errado, você não vai focalizar nada, senão Cristo. Considerai, quer dizer, estica o teu telescópio e focaliza Cristo e só Cristo. Hebreus 12:2 fala a mesma coisa: olhando firmemente para o Autor e Consumador da fé, Jesus... Então, está dizendo que esse nosso Sumo Sacerdote se colocou naquela posição gloriosa de tal forma que Ele é o foco da nossa vocação. Queria que você atentasse para isso aí. Mais um aspecto interessante do sacerdócio de Cristo, irmãos. O fato do Senhor Jesus ser esse nosso Sumo Sacerdote celestial implica em que nós temos uma vocação direcionada para Ele. Queria que os irmãos atentassem para isso aqui, olhassem o versículo assim. Ele é o Apóstolo e Sumo Sacerdote da nossa confissão. O autor de Hebreus diz: Considerai atentamente, vós que participais da vocação celestial. Está conseguindo entender a mensagem aqui? Está dizendo que só na medida em que nós enfocamos este grande Sacerdote que nós temos, este que não só fez expiação, mas este que realiza intercessão, este que não só deu graça, mas este que também dá glória, este que está conduzindo muitos filhos à glória. Na medida em que nós consideramos o grande Sumo Sacerdote, a nossa vocação celestial se cumpre. Isso é tão precioso, irmãos. Não é apenas importante entender na doutrina, não. Isso é tão prático. Isso significa que se você e eu - vamos aplicar este versículo de Hebreus 3:1 - enfocarmos qualquer coisa, qualquer coisa, por melhor que ela pareça, pode ser até a Igreja, como nós falamos. Se você enfocar a Igreja, no lugar de Cristo, você vai ter como um eclipse. Na Palavra de Deus, Cristo é comparado ao sol, Ele é o Sol da justiça, a Igreja é comparada à lua, ela não tem luz própria, ela reflete a glória do sol, assim como a Igreja reflete a glória de Cristo. Se a lua se coloca na frente do sol, o que nós temos são trevas, eclipse. A Igreja nunca pode ofuscar a glória de Cristo, a Igreja tem que estar atrás de Cristo. Então, nem a Igreja pode ser enfocada por nós. Nosso foco é somente Cristo. Quando nós enfocamos Cristo, nós temos a Igreja. Assim, quando você tem o Sol, você tem a lua, mas, se nós enfocamos a Igreja, nós perdemos Cristo, e nós sabemos disso. Existem movimentos espirituais, hoje em dia, que pregam a Igreja: quando eu conheci a Igreja, quando eu vim para a Igreja, quando eu conheci a vida da Igreja, a minha vida foi mudada, a minha vida foi transformada, e parece que a pregação é a Igreja. A nossa 12 mensagem é Cristo, e não a Igreja. A glória da Igreja é derivada à glória de Cristo. Considerai o Apóstolo e Sumo Sacerdote da nossa confissão para quê? Porque nós temos uma vocação celestial para Ele, como está falando no capítulo 3. Os irmãos estão vendo o que Cristo, como Sumo Sacerdote, realiza nas nossas vidas? Ele determinou como Sumo Sacerdote o fato de nós termos uma vocação para Ele, vocação celestial, e só na medida em que Ele, e somente Ele, é enfocado por nós, a vocação se cumpre. Se você enfoca trabalho na sua vida, sua vocação não se cumpre; se você enfoca família na sua vida, por mais maravilhoso que isso seja, e importante, sua vocação não se cumpre; se você enfoca dinheiro, sua vocação não se cumpre; se você enfoca a Igreja sua vocação não se cumpre. Se você enfoca Cristo, a sua vocação se cumpre, a nossa vocação celestial. Nós, então, caminhamos nessa espiral ascendente, assim como Jó naquele redemoinho. A nossa vocação celestial. Os irmãos vejam que importante a visão do Sumo Sacerdote, por isso nós vamos gastar mais tempo com ela. Não é que o Senhor não seja importante como Rei, é claro que Ele é, Ele é o eterno Rei, que reina sobre nós e que reinará sobre nós eternamente. Ele é o eterno Profeta que revela toda a glória de Deus a nós. Mas Cristo, como Sumo Sacerdote, cumpre a nossa salvação, da graça até a glória. Então, nós precisamos nos deter neste detalhe. A terceira menção no livro de Hebreus 4:14-16. São menções diretas, claras, Cristo é chamado de Sumo Sacerdote. Tendo, pois, a Jesus, o Filho de Deus, como grande sumo sacerdote (antes de comentar, eu queria lembrar o seguinte: somente em Hebreus, Cristo é chamado de Sumo Sacerdote. É claro que, por inferência, Ele é considerado Sumo Sacerdote em outras epístolas. Paulo, em Romanos 3, por exemplo, fala que Cristo realizou propiciação, então, Ele é apresentado como Sumo Sacerdote de forma indireta. Mas Ele nunca é chamado de Sacerdote, nem de Sumo Sacerdote, em nenhum outro lugar, senão somente em Hebreus, por isso o livro de Hebreus é tão especial, tão rico, tão profundo, porque somente ele entra nos detalhes mais profundos do Sumo Sacerdócio de Cristo, tanto no que concerne à expiação, quanto no que concerne à intercessão, esses dois lados, graça e glória, expiação e intercessão. Então, aqui é a terceira vez que ele chama o Senhor de grande Sumo Sacerdote, vamos ver qual é a implicação agora, mais uma, mais um contexto aqui. Primeiro) que penetrou os céus (já falamos isso, agora pouco. Ele é essa âncora da alma, que entrou além do véu, fala no capítulo 6. Aqui diz penetrou os céus, é exatamente a mesma coisa: além do véu, penetrou os céus é o mesmo sentido) conservemos firmes a nossa confissão. (Agora, olha aqui o contexto) Porque não temos sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; antes, foi ele tentado em todas as coisa, à nossa semelhança, mas sem pecado (Já falou isso também no capítulo 2:18, a gente já leu isso, Ele foi tentado e é poderoso para socorrer os que são tentados, mas aqui acrescenta alguma coisa a mais, olha o verso 16). Acheguemo-nos (aproximemo-nos), portanto, confiadamente, junto ao trono da graça, a fim de recebermos misericórdia e acharmos graça para socorro em ocasião oportuna. Aqui tem mais uma visão linda. Está mostrando que o nosso Sumo Sacerdote, no 13 que concerne a esse ministério celestial que Ele tem, está assentado num trono de misericórdia, é a expressão exata aí do original, a expressão que se refere ao propiciatório, ou “assento de misericórdia”. Aquela tampa da arca, onde o sangue era levado pelo sumo sacerdote uma vez por ano no dia da expiação, onde ele tinha comunhão com Deus, aquele propiciatório, a palavra no original significa assento de misericórdia. Ali, Deus e o homem podiam se encontrar, porque ali tinha o sangue, mesmo que o sangue do animal, que era uma figura, mas, pela fé, Deus recebia aquela oferta, porque era figura do Seu Filho, do verdadeiro Cordeiro. Deus aceitava, porque era tipo de Cristo, Deus aceitava porque foi Ele que ordenou, só que Ele ordenou como tipo. Agora, Hebreus não está falando do tipo, Hebreus está falando da realidade. Hebreus não está falando da figura, Hebreus está falando da substância. Está dizendo que o nosso Sumo Sacerdote penetrou os céus, então, quando nós nos achegamos a Ele, nós temos o nosso Sumo Sacerdote intercessor num assento de misericórdia. Este é o lugar do Senhor no que concerne à Sua relação com a Igreja. Ele está no trono da graça. Nós recebemos misericórdia e achamos graça para socorro por causa dEle ser Sumo Sacerdote. Não por ser Rei, nem por ser Profeta, mas especificamente por ser Sumo Sacerdote. Mais um contexto que lança mais luz sobre esse ministério de Cristo como Sumo Sacerdote. Acheguemo-nos, confiadamente, junto ao trono da graça, a fim de recebermos misericórdia. Por que misericórdia? Porque nós somos pó. Por que graça? Porque nós precisamos de provisão. Então, estas duas coisas se combinam: Misericórdia porque nós somos pó, graça porque nós precisamos de provisão. Graça significa isto, nós precisamos de provisão para podermos viver a vida cristã, e conseguimos essa provisão achegando-nos ao trono da graça, ou seja, vivendo esse relacionamento de proximidade, aproximemo-nos, ou acheguemo-nos, confiadamente, junto ao trono da graça. Onde está a provisão para viver a vida cristã? Em Cristo. No fato dEle ser o nosso Sumo Sacerdote. É por isso que o capítulo 3 diz: considerai atentamente, enfoca Cristo. Lembra quando o Senhor chamou Pedro de dentro daquele barco para que ele exercesse a sua fé e caminhasse sobre aquelas ondas? Primeiro eles achavam que o Senhor era um fantasma. Eles não tinham ainda aquela acuidade espiritual para discernir o Senhor - nossa, olha aquele fantasma andando em cima das ondas. Depois descobriram que era o Senhor, e quando viram que era o Senhor, o Senhor quis encorajar Pedro a exercitar fé, e chamou Pedro para ir ter com Ele, e Pedro foi muito bem, enquanto estava considerando atentamente, enquanto estava enfocando esse Senhor. Mas a palavra diz que o mar estava bem agitado e bem tumultuoso então, Pedro começou a enfocar as ondas, o vento, e na medida em que ele virou o foco ele começou a afundar. Mas porque o Senhor é este intercessor eterno, porque esse ministério dEle não pode ser abalado, a fé de Pedro fraquejou, mas não mudou o ministério do Senhor, a fé de Pedro afundou, totalmente, mas isso não mudou a intercessão do Senhor. Ele estendeu a mão para Pedro e o recolheu, porque o ministério do Senhor não pode afundar nem vacilar. Ele vive para interceder por nós, mesmo que a nossa fé vacile, a Sua posição não altera. Esse é só um exemplo, entre tantos, do motivo pelo qual nós precisamos enfocar Cristo como Sumo Sacerdote. Daí vem a nossa segurança, 14 a nossa certeza, a nossa alegria, daí vem a nossa adoração, nosso júbilo, nosso regozijo, daí vem o nosso culto, daí vem o nosso serviço aos irmãos, daí vem tudo, daí vem o cumprimento da nossa vocação celestial, é só olhando para Ele, enfocando Ele, que a nossa vocação vai se cumprir. As vocações menores que nós temos são apenas parciais, são apenas temporárias. Nossa vocação de pais, de marido, de irmãos, dos nossos ofícios particulares, isso são apenas vocaçõezinhas diante dessa soberana vocação, como Paulo fala em Filipenses, esse alvo, esse chamado, da soberana vocação. Nós só podemos concretizar essa vocação em nós se enfocarmos Cristo. Considerai atentamente o Apóstolo e Sumo Sacerdote. Nas outras reuniões vamos examinar os outros textos de Hebreus que mencionam Cristo como Sumo Sacerdote, e olhar o contexto de novo, e ver o que é falado dEle nesse sentido, o que é para nós vermos Cristo como Sumo Sacerdote. Até agora vamos ficar com estes três aspectos: o fato dEle ser nosso irmão, ter se encarnado, capítulo 2, misericordioso e fiel; o fato dEle ser aquele, no qual, a nossa vocação se cumpre; e Ele ser aquele que está assentado no trono da misericórdia, nesse assento da misericórdia. Nas próximas reuniões a gente vê as outras menções. Amém! Senhor, te agradecemos, porque o Senhor é esse nosso grande e eterno Sumo Sacerdote. Como te agradecemos! Como nós temos podido, Senhor, ter a graça e o privilégio (...) 15