Untitled - Cidade Viva

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APRESENTAÇÃO
O desafio de escrever um material intitulado “Como falar de Jesus” é muito grande, principalmente
pelo fato de que, talvez, gere a expectativa de um manual com dicas e macetes para a evangelização. Mas,
esse não é o propósito desse material. Mas, também, não deixa de ser. O material está dividido em duas
grandes seções, na primeira tentamos montar uma base teológica para assegurar a transmissão de uma
mensagem segura e equilibrada, fortemente alicerçada nas Sagradas Escrituras. Na segunda seção, tentamos
trazer a prática evangelística, especialmente no último capítulo do material. A tentativa é de produzir um
material que ofereça caminhos para a prática evangelística, mas, também, uma reflexão teológica, realmente
equilibrada e capacitadora.
Acreditamos que cada cristão é comissionado para propagar o Reino de Deus, mas sabemos que cada
um tem um chamado específico e uma forma própria de cumprir as ordens do Senhor. Esse material,
portanto, tem o intuito de fazer você compreender as bases desse comissionamento e de lhe ajudar/desafiar a
descobrir o seu próprio jeito de evangelizar.
COMO UTILIZAR O MATERIAL
Recomendamos a leitura completa de todos os capítulos na sequência apresentada, fazendo, também,
em casa, o exercício proposto. Apenas os cinco primeiros capítulos apresentam exercícios para casa, os
capítulos 6 e 7, pela sua própria natureza, não requerem exercícios escritos, pois apresentam um viés mais
prático. O Capítulo 7 é uma exceção, ele pode ser estudado a qualquer momento. Mesmo assim,
aconselhamos que não seja exposto antes dos três primeiros capítulos, pois eles dão uma base teológica mais
forte, facilitando a aplicação do Plano de Salvação (tema do Capítulo 7).
Seria interessante que a turma, em consenso com o professor, marcasse, nas primeiras aulas, o dia de
estudo do Capítulo 7 e, também, uma data para sair e colocar em prática as técnicas apresentadas no material.
NOSSA ORAÇÃO
Nossa oração é que você seja extremamente abençoado na prática do exercício missionário,
compreendendo a teologia, mas, sobretudo, enchendo-se de amor pelas almas perdidas e tornando-se um
pescador de homens. Que Deus lhe use imensamente e que você tenha cada dia mais alegria de ser usado por
Deus no processo de resgate da humanidade.
Que o Senhor te abençoe e te guarde que Ele te use e faça experimentar a alegria do cumprimento de
sua obra.
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SUMÁRIO
LIÇÃO 1: QUEM PRECISA DE JESUS?..............................................................................3
LIÇÃO 2: SALVOS DE QUE? ..................................................................................................................9
LIÇÃO 3: A DOUTRINA DA SALVAÇÃO ........................................................................15
LIÇÃO 4: SEGUINDO O EXEMPLO DO MESTRE .......................................................................21
LIÇÃO 5: RECEBENDO E ENTENDENDO A MISSÃO ..........................................................28
LIÇÃO 6: O SEU JEITO DE EVANGELIZAR ..................................................................33
LIÇÃO 7: O PLANO DE SALVAÇÃO E A COMUNICAÇÃO DO EVANGELHO..........41
LIÇÃO 8: APÊNDICE .........................................................................................................49
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .....................................................................................
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LIÇÃO 1: QUEM PRECISA DE JESUS?
“Estão chegando os dias, declara o Senhor, o Soberano, em que enviarei fome a toda esta terra; não fome de
comida nem sede de água, mas fome e sede de ouvir as palavras do Senhor”. (Am 8:11)
Quando pretendemos nos preparar com amor e boa consciência para a
evangelização, devemos, antes de tudo, estar aptos para responder questões
de ordem prática e teológica que podem surgir no processo. E, nesse
momento, estamos iniciando uma reflexão sobre uma pergunta muito
importante, uma pergunta que deve estar nos nossos corações.
O problema é que a resposta à questão “quem precisa de Jesus?” parece óbvia demais, para todos nós,
que estamos interessados na evangelização das pessoas. Portanto, não pretendo fazer muitos rodeios, quero
ser objetivo com aquilo que já sabemos. Afinal, a resposta é simples e clara: todos precisam de Jesus. Isso é
um fato! Mas, se a pergunta tem resposta tão óbvia, porque, então fazê-la? Primeiramente, por que ela só
parece óbvia, mas, na realidade, é muito profunda. Em segundo lugar, por que nos parece claro que a grande
maioria das pessoas não é capaz de entender a objetividade dessa resposta.
Cada vez mais, as pessoas parecem entender o evangelho como algo a mais, como uma moda, como
um consolo, como uma saída, mas não o estão entendendo como uma necessidade. Por isso fazem questão de
ignorar a pessoa de Cristo e os seus valores. Às vezes chego a pensar que nem os cristãos têm compreendido
muito bem essa questão. Isso acontece, na maioria dos casos, por que as veiculações do evangelho através
das pregações de massa – seja nas igrejas, na televisão, seja em alguns livros, ou onde for – têm corrompido
a mensagem do evangelho gerando falsas expectativas, isto é, fazendo promessas que o cristianismo nunca
fez.
Creio, então, que para iniciar esse curso, precisamos de uma resposta satisfatória sobre essa questão e,
também, que se faz necessário compreender a pregação contemporânea e as falsas expectativas às quais as
pessoas estão constantemente expostas. Porque isso? Por que devemos ter o compromisso com a verdadeira
pregação do evangelho, com a pregação autêntica da Palavra de Deus, devemos ser responsáveis com a
mensagem da Cruz.
O fato é que, durante muitos anos, fomos treinados para combater o catolicismo e suas posturas
dogmáticas; mas, há muito, o Brasil não é um país católico. Um dos nossos principais desafios é levar a
mensagem bíblica àquelas pessoas que estão decepcionadas e frustradas com aquilo que ouviram das igrejas
neopentecostais através da mídia.
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As mensagens que vão desde a “unção do emagrecimento”1 até a ação de “revolta”2, nada têm a ver
com o evangelho, e geram toda sorte de problemas. Pessoas que ficam frustradas por que não enriqueceram
pessoas que ridicularizam o evangelho por causa das “mungangas” que são feitas usando o nome de Cristo e
muitos outros que prefiro não listar aqui. Esse tipo de mensagem faz com que as pessoas não compreendam a
necessidade que elas têm de Cristo.
“Ora, posso emagrecer sozinho, não preciso de nenhum tipo de intervenção divina para isso” – pensam
alguns. E o pior é que estão certos, Cristo, embora possa todas as coisas, normalmente não interfere nesse
tipo de petição narcisista. Some-se a isso o legalismo desmedido, mulheres que não podem usar calça, não
podem cortar o cabelo, nem se depilar ou usar maquiagem de tipo algum; homens que precisam usar paletós,
não podem jogar futebol, não podem ir à praia ou aproveitar as belezas da natureza que o Senhor criou.
Ainda há os que se recusam a falar sobre o pecado, que se negam a entender o homem como um ser
que corrompeu a imagem e semelhança que recebeu do Senhor. Falam de um evangelho “soft”, só de graça,
sem transformação de vida, sem culpa, sem arrependimento. Ou pior ainda de um evangelho “light” que é
aquele que se nega a enxergar as consequências das ações humanas. Esses pregadores sonegam informações
importantes, omitem a realidade do evangelho e confundem o significado do amor de Deus. Desta forma,
conquistam as plateias, enchem as igrejas, preenchem muitas fichas de conversão (ou adesão, não sei), mas,
lá no fundo eles têm consciência de que esses números são irreais.
O problema é que vivemos numa geração viciada em números, ansiosa por quantidade. Desta maneira
qualquer coisa vale para alcançar as pessoas. Bem! Concordo que temos que alcançar o maior número de
pessoas, mas se a mensagem não for correta, então, não estaremos alcançando ninguém. Para não cairmos
em enganos semelhantes, iniciamos esse curso, analisando a pregação contemporânea.
1. A PROBLEMÁTICA DA PREGAÇÃO CONTEMPORÂNEA
É preciso começar esclarecendo o que quero dizer com “a problemática da pregação
contemporânea”. Esse tema tem o intuito de ressaltar a grande fragmentação da pregação na nossa era. Veja
bem, o conteúdo de uma pregação estará invariavelmente ligado aos objetivos dela, quando alguém prepara
um sermão, esse alguém deve ter em mente o objetivo de comunicar algo ao seu público. A problemática da
pregação contemporânea está justamente aí, nos objetivos. Na última metade do século passado, foram
fundadas milhares de denominações evangélicas e o movimento neopentecostal cresceu vertiginosamente. A
ideia de que o pastor deve pregar aquilo que as pessoas querem ouvir também se fortaleceu muito. Além de
tudo isso, surgiu, nos Estados Unidos, o chamado “Movimento de Crescimento de Igreja”, esse movimento
desvinculou as igrejas locais de suas convenções e, assim, cada um passou a ter os seus próprios objetivos,
daí as pregações estarem se distanciando tanto do propósito maior: ganhar almas para Cristo. Quando o foco
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Parece brincadeira, mas, realmente, algumas igrejas realizaram, aqui mesmo em João Pessoa, cultos para os gordinhos
perderem peso, com a suposta “unção do emagrecimento”. Um guru do evangelho se propunha a orar e as pessoas iriam emagrecer.
2
Movimento iniciado pela Igreja Universal do Reino de Deus. As pessoas se declaram revoltadas com o que Deus lhes tem
dado e manifestam seu descontentamento dizendo: “Senhor, não viemos aqui para te adorar, viemos aqui para nos revoltar. Não
aceitamos o pouco que temos recebido, queremos mais”.
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da pregação sai da bíblia e passa a ser o crescimento do rebanho, o pregador assume, muitas vezes, o
compromisso de falar aquilo que o seu público alvo quer ouvir, assim, a mensagem do evangelho verdadeiro
passa a ser substituída.
Estamos vivenciando uma espécie de mosaico cristão, onde cada pastor, cada denominação, cada
corrente, prega um evangelho segundo a sua própria imagem e semelhança. A problemática da pregação
contemporânea é, portanto, a falta de comprometimento com as Escrituras e a falta de uma hermenêutica que
nos permita buscar e vivenciar a vontade de Deus.
Diante dessas circunstâncias, penso que, antes de responder a pergunta sobre quem precisa de Jesus,
precisaremos investigar outra questão: “porque precisamos de Jesus?”. Vendo o que se prega, vendo a
correria das multidões em busca de certos pregadores e de certos tipos de pregação, fico me perguntando:
Será que as pessoas têm consciência daquilo que realmente Cristo se propõe a fazer por nós?
Quando vejo as pregações que oferecem milagres, consolo, prosperidade, vida sem sofrimento, etc.,
fico a perguntar: e a salvação? Será que a salvação perdeu espaço na nova hermenêutica? É fato que
precisamos suprir as nossas necessidades nos seus mais diversos âmbitos. Precisamos de saúde, segurança,
afeto, reconhecimento e de auto realização, veremos isso ao falar sobre a missão integral da igreja. Porém,
mais que tudo isso, precisamos de salvação.
A resposta que diz que “todos precisam de Jesus” só faz sentido quando se sabe por que precisamos
d’Ele. E, para isso, necessitamos de uma interpretação franca, clara e respeitosa das promessas que
efetivamente o Senhor nos faz. Pois, parece-nos que a pregação contemporânea, principalmente as
televisivas, salvo as suas raríssimas exceções, têm gerado expectativas que Jesus jamais se propôs a suprir.
Se as pessoas não entenderem o verdadeiro sentido da mensagem da Cruz, elas jamais vão entender
que Cristo tem algo que só Ele pode dar. Usando o exemplo do tópico anterior:
Quem pode lhe ajudar a emagrecer? Resposta: qualquer academia! Porque eu preciso de alguém com
uma unção do emagrecimento? Resposta: Eu não preciso disso, posso emagrecer sozinho! Daí a
“ridicularização” que o evangelho sofre nos dias de hoje.
Como alguém pode entender que precisa de Jesus ouvindo esse tipo de pregação? “Ah! Mas as pessoas
ensinam essas coisas cheias de boas intenções” – dizem alguns adeptos da pregação a todo custo.
Precisamos, então, entender duas coisas importantes acerca da pregação do evangelho:
1) O que vale na pregação do evangelho é o conteúdo e não a intenção
Quando Paulo fala sobre a intenção que está no coração daqueles seus perseguidores que desejavam
apenas feri-lo, ele fala: “Mas, que importa? O importante é que de qualquer forma, seja por motivos falsos ou
verdadeiros, Cristo está sendo pregado, e por isso me alegro” (Fl 1:18). Nesse texto, Paulo não fala sobre o
conteúdo da pregação, é possível que aquelas pessoas a quem ele se refere, no versículo dezessete, quisessem
apenas competir com ele, mas parece que estavam pregando um evangelho coerente; de outra maneira Paulo
não diria “por isso me alegro”. Mas, sobre a doutrina, Paulo é implacável, e diz: “... ainda que nós ou um
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anjo vindo dos céus pregue um evangelho diferente daquele que lhes pregamos, que seja amaldiçoado! Como
já dissemos, agora repito: se alguém lhes anuncia um evangelho diferente daquele que já receberam, que seja
amaldiçoado!” (Gl 1:8 e 9). Paulo tinha tanta segurança da revelação do evangelho que recebera do Senhor
que disse que nem um anjo vindo dos céus, nem ele mesmo, poderia pregar algo diferente daquilo já havia
sido apresentado aos gálatas. Ele sabia que nenhum anjo vindo dos céus jamais faria isso. Mas, o importante
é o tom de condenação que ele impõe a qualquer um que fugir da doutrina estabelecida pelo Senhor Jesus.
Essas duas passagens nos mostram que a intenção do coração do pregador não é mais importante do que a
mensagem pregada. Portanto, é a Palavra que deve ser respeitada e valorizada, não importando as
motivações humanas. O que quero dizer é que não existe intenção que justifique a corrupção da mensagem
do evangelho.
2) A Palavra é dirigida às pessoas
Além do compromisso com o conteúdo da pregação, precisamos entender que a evangelização exige
compromisso com as pessoas e com o futuro espiritual delas. O Senhor Jesus ensina: “Portanto, vão e façam
discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a
obedecer a tudo que lhes ordenei” (Mt 28:19-20).
Aprendemos, nesse texto, que a evangelização, no seu sentido mais amplo, não se limita a apresentar
os conteúdos bíblicos, mas estende-se ao aprofundamento dos relacionamentos e ao compromisso do
acompanhamento e ensino (veremos isso com detalhes nos próximos capítulos).
Mas, algumas pessoas justificam certo descaso com os compromissos da evangelização, afirmando:
“A palavra de Deus não volta vazia”. É verdade, essa frase é bíblica e, portanto, correta, porém, está sendo
interpretada e aplicada de maneira equivocada e descontextualizada. O Senhor, nessa passagem, estava
falando sobre os seus próprios decretos e não sobre a pregação do evangelho. (Você pode fazer um exercício
de interpretação: leia o capítulo 55 do livro de Isaías e tente compreender o assunto ao qual o Senhor se
refere quando afirma que sua palavra não voltará vazia. Tente entender o que significa, como se aplica, a
expressão “palavra” nesse contexto e veja o que significa dizer que ela “não voltará vazia”). Precisamos
atentar para o fato de que se esse texto for interpretado com a perspectiva da evangelização, teremos uma
séria contradição com a Parábola do Semeador, contada pelo próprio Cristo em Mt 13:1-23, Mc 4:1-20 e Lc
8:1-15.
Ora, precisamos entender que a semente precisa de cuidados para que possa germinar, então, não é
suficiente jogar a palavra, é preciso investir na vida da pessoa que a recebe. Assim, a mensagem, aqui
chamada de semente, precisa ser boa e precisa ser colocada em terreno fértil. A pergunta seria: podemos
fertilizar o solo para semear a Palavra? A resposta é sim. Podemos preparar o terreno com testemunho, amor,
paciência, compaixão e outras formas que vamos estudar aqui. O problema é que muitos pregadores do
evangelho estão assumindo uma postura equivocada em relação à soberania de Deus e distorcendo a
mensagem, ou seja, defraudando a semente, e assim, ela é lançada em terreno fértil, mas não germina, pois
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não é a semente original.
ANOTAÇÕES:
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2. A MENSAGEM CORROMPIDA
O fato é que a mensagem da salvação está sendo substituída pela mensagem da ilusão. Veja alguns
exemplos:
Mensagem da Ilusão
Mensagem Bíblica
“Neste mundo vocês terão aflições; contudo, tenham bom
“Pare de sofrer”
ânimo! Eu venci o mundo”. (Jo 16:33b)
“Não continue a beber somente água; tome também um pouco
“Crente não adoece”
de vinho, por causa do seu estômago e das suas frequentes
enfermidades”. (I Tm 5:23)
“Então Jesus respondeu: ‘As raposas têm suas tocas e as aves
“Crente tem que ser rico”
do céu têm seus ninhos, mas o Filho do homem não tem onde
repousar a cabeça”. (Mt 8:20)
“Como é feliz o homem a quem Deus corrige; portanto, não
“Deus não castiga a ninguém”
despreze a disciplina do Todo-poderoso” (Jó 5:17)
A grande questão é que essas promessas não são condizentes com aquilo que a bíblia diz. A
mensagem do prazer e da pura ilusão impede as pessoas de perceber que existe uma necessidade real a ser
alcançada: a salvação da alma. Paulo recomenda a Timóteo que ore por todos os homens, pelas autoridades e
pelos reis “para que tenhamos uma vida tranquila e pacífica com toda a piedade e dignidade” (I Tm 2:2).
Sim, isso é importante, mas Paulo continua informando que “Isso [aquelas orações] é bom e agradável
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perante Deus, nosso Salvador, que deseja que todos sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade” (I
Tm 2:3-4). A vontade do Senhor para a vida de todos é a salvação, essa é a mensagem do evangelho a
mensagem pura e verdadeira.
CONCLUINDO
A resposta à pergunta “Quem precisa de Jesus?” é simples, todos precisam de Jesus. Mas, a nossa
pregação tem que ensinar isso às pessoas, elas têm saber que realmente precisam de Jesus, precisam entender
que têm necessidade de salvação e que só Jesus Cristo pode dar isso a elas.
As pregações contemporâneas, aquelas da mídia, estão confundindo as pessoas, elas não entendem as
suas reais necessidades. Essas pregações retiram os olhos dos seus ouvintes daquilo que é eterno e
direcionam para toda efemeridade e ilusão do presente tempo. Somos convocados a mudar esse quadro,
somos convocados a trazer de volta a verdadeira mensagem do evangelho de Jesus Cristo, somos convocados
a apresentá-lo como Salvador.
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ATIVIDADES PARA CASA
1) Liste algumas falsas expectativas que são geradas por pregações equivocadas do evangelho.
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2) Como essas expectativas que você listou acima podem afetar o relacionamento de uma pessoa com
Cristo?
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3) O que você entende quando afirmamos que, na pregação do evangelho, o conteúdo é mais importante do
que a intensão?
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4) Baseado em Mt 28:19-20, que tipo de compromisso precisamos assumir ao evangelizar uma pessoa?
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LIÇÃO 2: SALVOS DE QUE?
“Pois eles mesmos relatam de que maneira vocês nos receberam, e como se voltaram para Deus,
deixando os ídolos a fim de servir ao Deus vivo e verdadeiro, e esperar dos céus seu Filho, a quem
ressuscitou dos mortos: Jesus, que nos livra da ira que há de vir”.
(I Ts 1:9, 10)
No capítulo anterior discutimos sobre o fato de que todos precisam de
Jesus. Essa é uma questão sobre a qual nós já tínhamos pleno conhecimento, mas
precisávamos ampliar e aprofundar as nossas reflexões. Então, ao nos debruçar
com mais dedicação sobre essa questão, fizemos um exercício mental que nos
permitiu enxergar mais claramente as razões pelas quais necessitamos do nosso
Senhor Deus e Jesus Cristo. Entretanto, no final das contas, voltamos para a óbvia
conclusão de que a verdadeira necessidade de todas as pessoas é a SALVAÇÃO
DA ALMA. Vimos, então, que, embora a mensagem seja evidente, a pregação dos
dias de hoje, em muitos casos, está atrapalhando essa compreensão, pois seus
ministrantes não têm passado uma mensagem de salvação da alma, mas sim, de satisfação do ego. A dúvida
que queremos levantar agora é: será que isso é intencional, ou as pessoas, inclusive os pregadores, não estão
entendendo o que verdadeiramente significa ser salvo? É fato que existem interesses particulares por trás de
muitas pregações. Mas, acho interessante saber que algumas pesquisas realizadas nos Estados Unidos
mostraram que a grande maioria da população evangélica daquele país não consegue definir
satisfatoriamente o que seja salvação. Aqui no Brasil ainda não existem pesquisas formais sobre esse
assunto, mas a grande confusão que se faz em torno do significado da obra salvadora de Cristo é muito clara.
Infelizmente, é cada vez mais comum que certos pregadores façam analogias entre a ressurreição de Cristo e
a “ressurreição” do dinheiro, da saúde, da família, do namoro, etc. Claro que cremos que Jesus pode resolver
todas essas coisas, porém esse não era o objetivo do Senhor naquela cruz, esse não era o objetivo de Deus ao
enviar o seu filho amado para submeter-se a tanta humilhação. Ele queria simplesmente nos salvar, essa era a
vontade do Pai. Mas, salvar de quê? Vamos tentar entender.
1. O QUE SIGNIFICA SALVAÇÃO?
A bíblia utiliza o termo salvação muitas vezes, mas nem sempre com o mesmo sentido. Muitas vezes
esse termo se apresenta como um verbo, nas mais diversas conjugações e, em outras tantas, apresenta-se
como um substantivo. No evangelho segundo Mateus (14:30), por exemplo, Pedro, tomado pela sua falta de
fé, afogando-se depois de andar sobre as águas, diz: “Senhor, salva-me!”. Tenho por certo que ele não falava
em salvação da sua alma, uma vez que o que ele realmente temia naquele momento era afogar-se. Nesse
sentido o verbo salvar é utilizado para pedir livramento de um mal iminente. Assim, como no evangelho
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segundo Marcos (5:34), quando Jesus diz àquela mulher que Ele havia acabado de curar da hemorragia que
lhe afligira por doze anos: “Vai, a tua fé te salvou!”, o verbo salvar também é empregado no sentido de
oferecer livramento de um mal físico. A questão é: foi pra isso que Jesus morreu? Para nos livrar das doenças
e dos acidentes? A resposta não é tão simples, mas também não é tão complexa. E mais, a resposta que se
segue pode ser desapontadora para alguns. A verdade é Jesus não morreu para nos curar, embora Ele
possa fazer isso. Para entender melhor essa questão, é preciso dar uma olhada para o Antigo Testamento,
mas sempre entendendo que Jesus Cristo veio cumprir a Lei (Mt 5:17). Então, na Lei do Antigo Testamento,
que é perfeita, embora estivesse sob a responsabilidade de pessoas imperfeitas, a cura nunca esteve associada
ao sacrifício, mas a remissão dos pecados sim. Os sacrifícios, na antiga aliança, existiam para purificar as
pessoas dos seus pecados, eram expiatórios, ou seja, o sangue dos animais era derramado em favor da alma
daquele que oferecia o sacrifício. Jesus Cristo foi o sacrifício perfeito que serviu como “propiciação
[expiação] pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos, mas também pelos pecados de todo o mundo”
(I Jo 2:2), dispensando, assim, novos holocaustos. O importante é perceber que esse sacrifício tinha uma
finalidade bem específica, perfeitamente compreendida na seguinte expressão de Jesus Cristo: “para que todo
o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3:16).
Outra confusão pode ser feita a partir da utilização do verbo salvar em I Tm 2:15. Naquele versículo,
Paulo afirma que “a mulher será salva dando à luz filhos”. Mais uma vez somos desafiados a compreender o
significado desse termo, pois algum desavisado pode entender, a partir desse verso, que a salvação pode ser
conquistada sem a necessária presença de Cristo, mas apenas pela maternidade. Pior ainda, poderia propor
que a maternidade fora do casamento já seria suficiente para salvar a mulher. Ora, analisando o contexto,
podemos observar que Paulo reportava-se ao fato de Eva ter provocado o pecado de Adão, trazendo não
apenas condenação para toda a humanidade, mas também, colocando a mulher em situação diferenciada. O
Apóstolo fala, nesse trecho, justamente sobre essa nova situação, na qual a mulher perde alguns privilégios,
mas é restaurada através da maternidade, “se ela permanecer na fé, no amor e na santidade, com bom
senso”. Novamente, o assunto em pauta não é a salvação da alma, mas, neste caso específico, a maternidade
como instrumento de dignificação do gênero feminino que estaria perdido se não fosse coroado com a
maternidade.3
Mas, afinal de que salvação nós estamos falando? Falamos daquela salvação que Deus nos deu
quando “nos resgatou do domínio das trevas e nos transportou para o Reino do seu Filho amado, em quem
temos a redenção, a saber, o perdão dos pecados” (Cl 1:13,14). Salvação, portanto, significa ser retirado das
“trevas para a maravilhosa luz” (I Pe 2:9). Para entender melhor, atentemos para o fato de que a palavra luz
na bíblia está sempre ligada com os seguintes significados:
1. Santidade, ser santificado (At 20:32; 26:18,23);
3
Necessário entender-se que o Apóstolo fala sobre a função da mulher como um todo e não
especificamente para cada mulher. Ou seja, a maternidade restaura o gênero e não o indivíduo, se não
fosse assim, as mulheres solteiras e as estéreis não seriam também beneficiadas com essa salvação.
Estariam, portanto, em uma outra classe de mulheres: as que aguardam a salvação. Isso seria absurdo.
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2. Revelação divina, verdade e discernimento desta revelação, conhecimento (Sl 36:9; II Co 4:4, 6);
3. Amor (I Jo 2:9, 10)
4. Glória (Is 60:1-3)
5. Paz, prosperidade, liberdade, alegria (Sl 97:11; Is 9:1-7).
Note-se que há, no discurso neotestamentário, uma antagonia entre as palavras luz e trevas para explicar
a ideia de salvação. Nas palavras de William Handriksen, podemos chegar a uma conclusão clara da ligação
entre luz e salvação:
Já que o próprio Deus é em seu próprio ser santidade, onisciência, amor, glória, etc., e já que para o seu
povo ele é a Fonte de todas as graças e bênçãos acima mencionadas (1)-(5), ele próprio é luz. “Deus é luz, e
não há nele treva nenhuma” (I Jo 1:5). Jesus disse: “Eu sou a luz do mundo” (Jo 8:12). Como tal Deus é, em
Cristo, a salvação do seu povo. Luz e salvação são, portanto, sinônimos (Sl 127:1; Is 49:6). Assim também
são luz e graça ou favor divino (Sl 44:3).4
Ao entender que a salvação é uma ação puramente divina que nos resgata das trevas para a luz, e que a
luz é o próprio Deus. É mistér que conheçamos o significado daquilo que a Bíblia chama de trevas.
Analisando as mesmas passagens acima citadas, aquelas numeradas de (1) a (5), podemos perceber que a
palavra trevas, sendo o oposto completo de luz, simboliza o pecado em suas diversas formas de escravizar as
pessoas: desobediência, rebeldia, cegueira, falsidade, ódio, ira, discórdia, mentira, ignorância, obscuridade e
muito mais. Assim, podemos, finalmente, compreender que a salvação é a libertação de uma natureza
inteiramente voltada ao pecado (Cl 3:5) chamada “trevas”; trazendo-nos para a participação plena na
natureza divina (II Pe 1:4) chamada “luz”, que, por sua vez, nos garante forças para ficar distantes da
primeira (I Jo 3:9).
Como vemos, a palavra “salvação” é uma daquelas expressões que possui vários significados ao longo
da Bíblia, principalmente no Novo Testamento, requerendo uma compreensão contextual adequada para que
seja entendida e aplicada corretamente. Mas, para efeitos do nosso estudo, apenas um sentido dessa palavra
nos interessa, aquele que nos remete à mudança de vida, considerando a nossa saída das trevas para a luz.
Essa referência à salvação – como saída das trevas para a luz – remete a uma profunda mudança interior
operada pelo Espírito Santo na alma de cada pessoa salva. A expressão luz remete-nos, por sua vez, à ideia
de verdade. Dessa maneira, ser salvo implica em conhecer a verdade, ou seja, em ser iluminado para ver o
mundo sob a ótica de Deus e manter-se na perspectiva da vida eterna.
Como veremos mais adiante, podemos baseados nos ensinos bíblicos, afirmar que estamos salvos pela
fé (Ef 2:8-9). Isso não é presunção, nem tem qualquer base no merecimento. Somos salvos pela graça de
Deus. Mas, esse assunto será adequadamente tratado no Capítulo 3 deste material. O que nos importa agora
é: nós somos salvos de quê?
Já comentamos que ser salvo é estar na luz, o oposto disso é estar nas trevas. Mas, o que, no contexto do
estudo da salvação e da evangelização, significa estar em trevas? É essa a questão que antecede àquela que
fizemos logo acima.
4
HENDRIKSEN, William. Comentário do Novo Testamento. Colossenses e Filemon. 1a ed. CEP. São Paulo: 1993.
12
2. O QUE QUER DIZER A EXPRESSÃO “ESTAR EM TREVAS”?
A salvação, como já vimos, é o ato divino que nos resgata das trevas para a maravilhosa luz, que é
próprio Deus. Entendemos também que “trevas” é um termo bíblico utilizado para representar o pecado, ou
seja, tudo aquilo que nos afasta de Deus. Mas, é só isso? Não. A palavra “trevas” representa a própria
condenação, pois é apresentada como um estado de completo afastamento de Deus. “Este é o julgamento
[condenação]: a luz veio ao mundo, mas os homens amaram as trevas, e não a luz, porque as suas obras eram
más” (Jo 3:19). A luz a que João se refere neste texto é o próprio Jesus (veja Mt 4:16 e Jo 1:5) e o amor as
trevas é o amor àquilo que o homens praticavam [praticam] no seu cotidiano, ou seja, ao pecado. As trevas
são apresentadas como sendo o próprio poder de Satanás (At 26:18) que milita contra o poder de Deus, que é
a perfeita luz (I Jo 1:5).
Estar em trevas significa estar envolvido com o poder de Satanás, estar cego para o amor do Senhor
Jesus e completamente afastado da presença de Deus, portanto, entregue aos sentimentos perversos que
tomam conta da alma daqueles que negligenciam os caminhos divinos. Mas, pior do que tudo isso, estar em
trevas é, sobretudo, estar no alvo da ira de Deus (Rm 1:18). E é justamente dessa situação tenebrosa que
envolve o domínio poderoso de Satanás cegando o entendimento das pessoas e a ira divina sendo revelada
contra toda impiedade que o homem precisa ser salvo.
3. COMPREENDENDO O SENTIDO DA SALVAÇÃO
Agora que já relembramos o significado dos termos bíblicos “salvação” e “trevas”, faz-se necessário
retomar o tema principal do corrente capítulo, isto é, precisamos nos voltar agora para a questão formulada
no título desta seção do nosso estudo: ser salvo é ser resgatado de que afinal? A resposta a essa questão está
dividida em três pontos. Ser salvo é ser resgatado:
1) Da miserável condição de amante do pecado
Ao ser salvos, nós, infelizmente, não deixamos de ser pecadores, mas deixamos de ser amantes do
pecado. Por isso Jesus afirma: “Aquele que ama a sua vida, a perderá; ao passo que aquele que odeia a sua
vida neste mundo, a conservará para a vida eterna” (Jo 12:25). Da mesma forma, João nos recomenda: “Não
amem o mundo nem o que nele há. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele” (I Jo 2:15). Mas, o
importante é perceber que o desapego à vida mundana e o amor à vida eterna são consequências da ação
divina sobre nossas almas e não uma atitude nossa. Jamais seríamos capazes de atender a essas
recomendações se não fôssemos tocados pelo próprio Cristo. Quando o Senhor resgata alguém das trevas,
realiza uma obra completa imputando a fé no coração, pois Ele é o autor e consumador da nossa fé (Hb
12:2); dando ao homem a capacidade de amar (I Jo 4:19) e capacitando-o, através do seu Espírito, a
distanciar-se da prática, e, consequentemente, do amor ao pecado (I Jo 3:9).
13
2) Do julgamento e da condenação eterna
A salvação encontra seu sentido perfeito nas seguintes palavras de Jesus: “Eu lhes asseguro: Quem
ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou, tem a vida eterna e não será condenado, mas já passou da
morte para a vida” (Jo 5:24). E, também, na reconfortante mensagem de Paulo, que na verdade é uma
ratificação dessas palavras de Jesus, “portanto, agora já não há nenhuma condenação para os que estão em
Cristo Jesus” (Rm 8:1). Quem crê não passará pelo julgamento, não sofrerá condenação, pois já tem o seu
lugar assegurado na glória divina. Mas, aos que não foram salvos um quadro terrível e assolador aguarda
para uma eternidade de sofrimentos, na qual haverá choro e ranger de dentes (Mt 13:42, 50; 22:13; 24:51;
25:30; Lc 13:28), um terrível lago de fogo no qual os adoradores da besta serão jogados vivos (Ap 19:20),
onde experimentarão a segunda, e horrenda, morte (Ap 20:14).
3) Da ira de Deus
Os salvos estão livres da ira de Deus. Da ira de Deus? É exatamente isso! A bíblia nos ensina que a
ira de Deus se lançará contra toda “impiedade e injustiça dos homens que suprimem a verdade pela injustiça”
(Rm 1:18). Esse será o terrível dia do Senhor, descrito da seguinte maneira:
O grande dia do Senhor está próximo; está próximo e logo vem.
Ouçam! O dia do Senhor será amargo; até os guerreiros gritarão.
Aquele dia será um dia de ira, dia de aflição e angústia, dia de sofrimento e ruína, dia de trevas e
escuridão, dia de nuvens e negridão, dia de toques de trombeta e gritos de guerra contra as cidades
fortificadas e contra as torres elevadas.
Trarei aflição aos homens; andarão como se fossem cegos, porque pecaram contra o Senhor.
O sangue deles será derramado como poeira, e suas entranhas como lixo.
Nem a sua prata nem o seu ouro poderão livrá-los no dia da ira do Senhor.
No fogo do seu zelo o mundo inteiro será consumido, pois ele dará fim repentino a todos os que
vivem na terra. (Sf 1:14-18)
O quadro é aterrorizante, mas extremamente real. É isso que efetivamente sucederá a todos aqueles
que não se converterem ao poder do Senhor Jesus. Por isso há uma necessidade tão grande de salvação. O
Senhor diz: “Teria eu algum prazer na morte do ímpio? Palavra do Soberano, o Senhor. Ao contrário, acaso
não me agrada vê-lo desviar-se dos seus caminhos e viver?” (Ez 18:23). O Senhor, definitivamente, não se
alegra em ver alguém perecendo e sendo condenado, mas esse é um fato do qual os ímpios jamais poderão se
esquivar, a não ser por meio da conversão. Pois o dia do Senhor será essa terrível catástrofe para os que não
crerem, mas será o maravilhoso dia do Senhor para todos os salvos.
CONCLUINDO
14
Para falar de Jesus, levando a verdadeira mensagem do evangelho, precisamos ter a consciência do
terror do qual Ele, em sua magnífica obra redentora, nos livrou. Assim, teremos uma noção do significado do
seu grande amor por nós. E, entendendo que não temos mérito na nossa salvação, mas que somos agraciados
com a infinita misericórdia do Pai poderemos, enfim, levar uma mensagem da salvação. Lembrando que nós
não convertemos ninguém, mas somos usados por Deus para a perfeita propagação do seu grande amor. É
para isso que precisamos compreender de que fomos salvos, e entender o que significa, na prática, a salvação
da nossa alma, para conhecer a obra do amor de Cristo em nossas vidas e da alegria que o Senhor tem ao nos
ver restaurados pela sua mensagem.
Precisamos lembrar, também, que a salvação da alma é o maior milagre que Cristo realiza em nós. A
salvação da alma é o milagre por excelência. Não devemos confundir o significado da morte sacrificial do
Senhor Jesus, Ele não morreu para termos opulência, nem para termos prosperidade, nem para termos saúde,
nem para termos felicidade nessa terra, nem para nos dar conquistas materiais. Ele morreu para que
tenhamos a vida eterna. Simples assim!
ATIVIDADES PARA CASA
15
1) A partir da leitura desse capítulo, pudemos entender que a expressão “salvação” pode ser utilizada de
várias maneiras diferentes. Temos, agora, duas tarefas para você: a) Indique quais são os possíveis usos da
expressão “salvação” apresentada nessa apostila [se quiser pode pesquisar em outras fontes]; b) Destaque o
principal uso dessa expressão e explique por que esse é o principal uso.
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2) Explique a relação que o Novo Testamento faz entre “luz” e “salvação”.
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3) Afinal, somos salvos de quê? Essa foi a pergunta que tentamos responder nesse capítulo. Você consegue
responder com suas próprias palavras?
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4) Explique qual é a importância de responder essa pergunta na preparação do evangelista.
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LIÇÃO 3: A DOUTRINA DA SALVAÇÃO
No primeiro capítulo nós tentamos visualizar o
problema da pregação contemporânea e entendemos que um
dos nossos grandes desafios ao pregar o evangelho é
desconstruir, sem nos colocar como donos da verdade, as
“Não há salvação em nenhum outro,
imagens equivocadas que alguns montaram acerca da
pois, debaixo do céu não há nenhum
outro nome dado aos homens pelo qual
devamos ser salvos”.
salvação e do próprio Jesus. Depois disso estudamos um
(At 4:12)
compreender as diversas variantes que ela apresenta. O
pouco sobre o significado prático e verdadeiro da salvação.
Agora, vamos estudar a doutrina da salvação e tentar
propósito é compreender os fundamentos teológicos da
pregação do evangelho.
1. A SALVAÇÃO É UM PROJETO INICIADO NO CORAÇÃO DE DEUS
Deus preparou o Paraíso de maneira muito especial para que o homem ali vivesse. Mas, uma
catástrofe espiritual aconteceu: o homem pecou e teve que sair do lugar que Deus lhe havia amorosamente
concedido. Esse fato, entretanto, não agradou ao coração do Senhor que imediatamente começou a elaborar
um projeto de salvação (Gn 3:15), um projeto tão cheio de amor e cuidado que incluía a morte do seu próprio
Filho como propiciação pelos pecados do mundo inteiro (I Jo 2:2). Deus se dispôs a pagar um alto preço
pelos nossos pecados (I Co 6:20) para que assim pudéssemos retornar para a sua presença. Por isso, Ele
afirma que não se agrada na morte do ímpio (Ez 33:11), pois sabe que estes jamais estarão perto d’Ele, afinal
Deus abomina o pecado (Rm 1:18), mas nunca deixou de amar o pecador. O fato simples e verdadeiro é que
Deus nos quer de volta ao Paraíso e por isso tomou a iniciativa de nos salvar.
Sabendo o Senhor que nós não seríamos capazes de encontrar o caminho do Paraíso, Ele decidiu
iniciar esse maravilhoso projeto de salvação. De maneira surpreendentemente amorosa, o Caminho veio até
nós em forma de homem e apresentou-se como única forma de chegar à casa do Pai (Jo 14:6). A nossa
incapacidade de fazer algo por nós mesmos era clara aos olhos do Senhor, por isso Ele tomou a decisão de
nos libertar dos nossos pecados, elegendo-nos de maneira soberana, para que em nós o Seu poderoso nome
fosse glorificado.
2. O PROBLEMA CALVINISTA
Dois grandes grupos discutem a doutrina da salvação, são os Calvinistas e os Arminianos. Os
primeiros creem que a salvação é obra exclusiva de Deus que escolhe aqueles a quem vai salvar desde a
17
fundação do universo. Já os Arminianos defendem que a salvação depende do livre-arbítrio, ou seja, da
capacidade que o homem tem de escolher o seu Salvador. Não pretendemos, aqui, resolver esse problema
teológico, nem pretendemos que esse seja o foco da nossa discussão. Apenas queremos dizer que as duas
doutrinas carecem da ação da Igreja na evangelização dos povos. Isso é o que realmente nos importa.
A doutrina Arminiana se auto explica no que concerne à evangelização, pois defende uma
participação humana muito forte na salvação das pessoas. O problema é mostrar que o Calvinismo também
deve ter foco no evangelismo e que apesar de sua doutrina da predestinação, o evangelismo é indispensável.
“Poucas doutrinas suscitam tanta polêmica ou provocam tanta consternação como a doutrina da
predestinação. Trata-se de uma doutrina difícil, que precisa ser discutida com grande cuidado e preocupação.
Apesar disso, trata-se de uma doutrina bíblica, com a qual temos de lidar. Não devemos ousar ignorá-la”5.
Então, sem fazer julgamentos, nem tentar resolver um problema que se discuto há séculos, vamos tentar
entender um pouco da doutrina da predestinação e verificar como a evangelização aparece nessa doutrina.
Um breve conceito
A eleição incondicional, ou predestinação, é o ato divino de escolher, segundo os critérios da perfeita
e soberana justiça, os pecadores que Ele vai salvar em todos os tempos. Veja que Paulo ensina que: “Pois
aqueles que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a
fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos. E aos que predestinou, também chamou; aos que
chamou, também justificou; aos que justificou, também glorificou”. Fica claro nesse texto que não era
apenas uma questão de saber quem ia ser salvo, pois o Apóstolo fala de uma ação ativa da parte de Deus:
“predestinar”.
O processo da predestinação
Somos constantemente tentados a considerar injusta a atitude de Deus e a dizer que se Ele
predestinou as pessoas, então não precisamos evangelizar. Isso não é verdade. A Igreja tem uma participação
fundamental no processo de efetivação da salvação dos eleitos, vejamos:
“vocês são salvos pela graça” (Ef 2:8a)
O texto é claro ao dizer que é pela graça e não pela nossa escolha que somos salvos. A graça é uma
ação divina totalmente desvinculada de qualquer mérito humano. Assim, a nossa salvação vem da iniciativa
plena e individual de Deus.
“por meio da fé, e isto não vem de vocês, é dom de Deus” (Ef 2:8b).
5
SPROUL, R.C. Verdades Essenciais da Fé Cristã. Doutrinas básicas em linguagem simples e prática. 20 caderno. Ed. Cultura
Cristã. São Paulo: 2006. p. 55.
18
A fé é o meio que o Senhor escolheu para nos salvar. Se alguém acha que teve alguma participação
em sua própria salvação por que teve fé, Paulo deixa bem claro: “isto não vem de vocês, é dom de Deus” e o
autor da carta aos Hebreus ensina-nos que Jesus Cristo é o “autor e consumador” da nossa fé (Hb 12:2).
“a fé vem por se ouvir a mensagem, e a mensagem é ouvida mediante a palavra de Cristo” (Rm
10:17)
Eis aí a participação da Igreja na efetivação da salvação. A fé é um dom de Deus, mas é entregue ao
indivíduo por meio da pregação do evangelho (mensagem). “Como, pois, invocarão aquele em quem não
creram? Como crerão naquele de quem não ouviram falar? E como ouvirão se não houver quem pregue?”
(Rm 10:14).
Então podemos entender o seguinte: a predestinação nos dá a segurança de que ninguém vai deixar
de ir para o céu por causa da nossa incompetência como evangelistas. Ou seja, não é a nossa pregação que
vai salvar ou deixar de salvar, mas é o Espírito Santo que, conhecendo os eleitos, fará toda a obra. Paulo nos
ensina: “Eu plantei, Apolo regou, mas Deus é quem faz crescer; de modo que nem o que planta nem o que
rega é alguma coisa, mas unicamente Deus, que efetua o crescimento” (I Co 3:6, 7). Assim, não existem
méritos em quem se converteu, nem, tampouco, em quem pregou o evangelho, mas apenas em Deus que
operou a salvação.
Estamos diante da maravilhosa obra de Deus. Ele se responsabiliza pelos salvos e também pelos
perdidos. Ele diz: “Terei misericórdia de quem eu quiser ter misericórdia e terei compaixão de quem eu
quiser ter compaixão” (Rm 9:15 e Êx 33:19). Isso, aos olhos humanos, pode parecer injusto, mas o Rei
Salomão, inspirado pelo próprio Deus, ensina: “O Senhor faz tudo com um propósito; até os ímpios para o
dia do castigo” (Pv 16:4) e Paulo ratifica, questionando: “Quem é você ó homem, para questionar a Deus?
Acaso aquilo que é formado pode dizer ao que o formou: Por que me fizeste assim? O oleiro não tem direito
de fazer do mesmo barro um vaso para fins nobres e outro para uso desonroso?” (Rm 9:20,21).
Assim, considerando a doutrina Calvinista, a nossa responsabilidade com a pregação é apresentar a
boa nova do Senhor e deixar que o Espírito Santo faça a obra que lhe cabe. Temos, então, uma grandiosa
responsabilidade, mas, também, a perfeita segurança de que a soberania do Senhor é quem determina tudo o
que vai acontecer em relação à salvação das pessoas.
Portanto, o fato de se crer na predestinação não significa que não se deva pregar o evangelho a toda
criatura. Muito pelo contrário, deve-se entender que a Igreja tem uma participação fundamental na salvação
da humanidade eleita por Deus.
3. A DOUTRINA DO ESTADO INTERMEDIÁRIO
19
O que acontece imediatamente depois da morte? Essa é uma pergunta bem frequente. Algumas vezes
a bíblia refere-se à morte dos santos como adormecimento. Por exemplo, quando Jesus chega até o leito da
filha de Jairo e todos já estão chorando a morte da menina, então Ele diz: “Ela não está morta, mas dorme”
(Lc 8:52). E assim, por causa dessa figura de linguagem, algumas pessoas têm concluído que o Novo
Testamento ensina a doutrina do sono da alma. “O sono da alma é geralmente descrito como um tipo de
animação suspensa temporária da alma, entre o momento da morte pessoal e o tempo quando nosso corpo
será ressuscitado”.6 Mas, essa doutrina não é aceita pelo cristianismo ortodoxo. Que sustenta que ao morrer a
alma do crente é imediatamente glorificada e aperfeiçoada em santidade, entrando, assim, na Glória de Deus.
Os corpos, no entanto, aguardam o dia da ressurreição.
Veja que Jesus prometeu ao ladrão na cruz: “Hoje estarás comigo no paraíso” (Lc 23: 43). Algumas
pessoas insistem em tentar desmanchar esse argumento, falando que Jesus não subiu ao céu naquele dia, pois
permaneceu morto por três dias, e não podendo, assim, estar naquele mesmo dia no céu acompanhado do
ladrão. Esse contra-argumento faria de Jesus um mentiroso, pois a Bíblia é clara, Ele afirmou “hoje”. Não
cabendo também a explicação de que um dia para Deus é como mil anos (II Pe 3: 8), pois esse argumento
mostraria Jesus como alguém impreciso e com uma comunicabilidade equivocada, fazendo dele um deus de
confusão, pois estaria cometendo o erro que Ele mesmo reprova: o de não ser claro naquilo que se comunica
a Igreja (I Co 14:33). Entende-se, por tanto, que apenas o corpo de Jesus ficou morto durante aqueles dias,
mas o seu Espírito havia subido à casa do Pai como Ele mesmo havia predito (Jo 14:1-3).
Entenda-se, então, o seguinte:
Depois da morte a alma do cristão vai imediatamente para a presença de Deus
A morte deve ser vista apenas como uma separação temporária entre a alma, que vai imediatamente
para a presença de Deus, e o corpo, que espera a ressurreição na volta de Cristo (I Co 15: 35-50). Paulo
afirma que prefere estar “ausente do corpo e habitar com o Senhor” (II Co 5: 8). Ele também afirma: “Estou
pressionado dos dois lados: desejo partir e estar com Cristo, o que é muito melhor; contudo, é mais
necessário, por causa de vocês, que eu permaneça no corpo” (Fl 1: 23,24). Veja-se que a expressão “partir e
estar com Cristo” faz oposição a “estar no corpo”. Assim, podemos compreender que ao partir dessa vida, ou
seja, ao morrer, estaremos imediatamente com Cristo, porém, sem o corpo que nos será restituído na
glorificação.
A bíblia não ensina a doutrina do purgatório
O estado intermediário não pode, de maneira alguma, ser confundido com a doutrina do purgatório.
“Na doutrina católica romana, o purgatório é o lugar onde a alma do cristão é purificada do pecado até que
esteja pronta para ser aceita no céu”.7 Ora, esse tipo de doutrina nega a validade e a eficácia do sacrifício
6
7
SPROUL, 91.
GRUDEM, Wayne. Teologia Sistemática. 1a ed. São Paulo: Edições Vida Nova. 2000. p. 686.
20
expiatório de Cristo que morreu pelos nossos pecados (Is 53: 4; I Jo 2: 2). Acreditar no purgatório seria dizer
que o sacrifício de Cristo não foi suficiente para perdoar todos os nossos pecados e que seria necessário
sofrer um pouco mais para merecer o céu. A Igreja Católica toma como base para essa doutrina os livros
apócrifos, principalmente II Macabeus 12: 42-45. O problema é que isso gera uma contradição como cânon
aceito da Bíblia.
A bíblia não ensina a doutrina do “sono da alma”
Entendendo que ao morrer o cristão vai diretamente para junto de Deus, podemos deduzir que a
doutrina do sono da alma é um equívoco teológico. “Quando as Escrituras falam da morte como “dormir”
trata-se apenas de uma metáfora usada para indicar que a morte é apenas temporária para os cristãos, como é
temporário o sono”.8 Os versículos utilizados no tópico “a” mostram claramente que nesse estado
intermediário haverá um convívio maravilhoso com o Senhor, portanto não se estará dormindo. Veja em Hb
12: 22-24 que descreve a grande alegria da chegada à Jerusalém celestial onde encontraremos a alegria dos
anjos e a igreja dos primogênitos. Certamente essa alegria exige consciência plena.
A alma dos descrentes vai imediatamente para o castigo eterno
A bíblia não faz nenhuma menção à possibilidade de uma segunda chance. Pelo contrário, ao
conhecer as sagradas escrituras aprendemos que todo arrependimento deve acontecer nessa vida, em caso
contrário não terá mais validade. Veja-se o exemplo da parábola sobre Lázaro e o rico: “Então, chamou-o:
Pai Abraão, tem misericórdia de mim e manda que Lázaro molhe a ponta do dedo na água e refresque a
minha língua, porque estou sofrendo muito neste fogo”. Depois de falar rapidamente sobre a vida que cada
um teve, Abraão respondeu: “E, além disso, entre vocês e nós há um grande abismo, de forma que os que
desejam passar do nosso lado para o seu, ou do seu lado para o nosso, não conseguem”. Confirmando isso, o
juízo final é sempre apresentado como uma análise do período que vivemos aqui e jamais leva em
consideração qualquer fato pós-morte (Mt 25: 31-46; Rm 2: 5-10; cf. II Co 5: 10). Importante saber que “o
homem está destinado a morrer uma só vez e depois disso enfrentar o juízo” (Hb 9: 27).
CONCLUINDO
Nesta lição, aprendemos que a crença na doutrina da predestinação jamais pode funcionar como
subterfúgio para não se evangelizar, que, ao contrário disso, a Igreja, ou seja, nós temos uma participação
decisiva no plano de Deus para a nossa salvação. Aprendemos, também, que existe um estado intermediário
entre a nossa morte e a ressurreição do corpo, que esse estado é muito melhor do que o que vivemos hoje,
mas ainda não é tão maravilhoso quanto o estado no qual nos encontraremos quando formos glorificados.
Ficou entendido que após a morte segue-se o juízo e que os cristãos irão diretamente para junto de Deus e
8
Ibidem. p. 688.
21
terão uma vida, sem corpo, mas inteiramente consciente na alegria celestial, enquanto os descrentes
esperarão pelo juízo final em um estado de forte sofrimento, mas que ainda não se compara ao que
acontecerá na segunda morte (Ap 21: 8). Sobre o purgatório, vimos que essa doutrina elimina o significado e
o valor do sacrifício de Cristo e que, por essa razão, não pode ser aceita. Além disso, trata-se de uma
doutrina baseada em um livro apócrifo, ou seja, em um livro de autoria duvidosa.
22
ATIVIDADES DE CASA
1) A que nos referimos quando dizemos que a salvação é uma iniciativa exclusiva de Deus?
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2) Como a evangelização deve ser entendida, considerando o ponto de vista da doutrina Calvinista?
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3) O que significa a doutrina do estado intermediário?
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4) Por que não podemos aceitar a doutrina do “sono da alma”?
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5) E a ideia de purgatório, por que não podemos aceitá-la do ponto de vista bíblico?
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LIÇÃO 4: SEGUINDO O EXEMPLO DO MESTRE
“A colheita é grande, mas os trabalhadores são poucos. Portanto, peçam ao Senhor da colheita que
mande trabalhadores para a sua colheita. Vão! Eu os estou enviando como cordeiros entre lobos”.
(Lc 10: 2 e 3)
Até o presente momento, estávamos nos preparando nos limites da intelectualidade, buscando
entendimento contextualizado sobre os modernos problemas que envolvem a pregação do evangelho. Nos
capítulos anteriores, procuramos obter maior compreensão teológica sobre as questões mais relevantes da
doutrina da salvação, nos apegamos àquilo que Jesus disse. Agora, precisamos assumir um novo desafio,
buscar, nas letras das Sagradas Escrituras, o pleno entendimento das práxis do evangelho, ou seja, vamos nos
apegar àquilo que Jesus fez. Vamos buscar, na observação da Palavra de Deus, as questões eminentemente
práticas da comunicação do evangelho. Para isso, não há nenhum exemplo mais perfeito que o do próprio
Cristo, que nos ensina na doçura das suas atitudes a transmitir a mensagem da salvação. Vamos procurar,
então, fazer uma reflexão que nos leve a aprender mais com o modo de viver do nosso Senhor.
Vamos analisar especificamente o trecho das Escrituras que está em Jo 4: 1-42. Ali, naquela
narrativa, encontramos Jesus em plena ação evangelística e ensinando através das suas atitudes, vejamos o
que Ele nos ensina nesse episódio:
1. JESUS NOS ENSINA A COMPREENDER A URGÊNCIA DA PREGAÇÃO E A APROVEITAR
AS OPORTUNIDADES (VS. 6 E 7)
Sejamos sinceros agora, vamos assumir algumas falhas. Muitas vezes deixamos de comunicar o
evangelho a algumas pessoas por pura negligência. Parecemos, em alguns momentos, não ter a noção real da
urgência da pregação e, por esse motivo, deixamos passar oportunidades maravilhosas. No texto em estudo,
podemos observar que Jesus não perdia tempo, não ficava procurando razões para não falar do Reino de
Deus, Ele tinha plena consciência de que aquela mulher precisava ouvir a boa nova da salvação e precisava
urgentemente.
Podemos, inclusive, inferir que Jesus tinha esse senso de urgência por que Ele tinha, e tem pleno
conhecimento do que significa uma pessoa morrer sem salvação. Quando falamos no senso de urgência,
estamos nos referindo, também, ao fato de que o ser humano é efêmero e pode morrer a qualquer momento.
Como veremos adiante, Jesus não quis correr o risco de deixar ninguém sem conhecer a mensagem do
evangelho, pois Ele sabe o que significa não ser salvo (como estudado no Capítulo 2).
Jesus, naquele momento, estava cansado (v.6), sozinho e com fome (v.8), além disso, Ele tinha um
plano de viagem a ser cumprido (v.3). Porém, a despeito de tudo isso, Ele não se furtou de iniciar uma
conversa do tipo “quebra gelo” com aquela mulher e, também, não se poupou de permanecer mais dois dias
24
naquela comunidade (v.40), atrasando a sua viagem. Ele sabia que havia algo mais importante do que seu
cansaço, fome ou plano de viagem. Ele tinha plena consciência de que a salvação daquela mulher era a
prioridade número um daquele dia. Os seus sensos de urgência e de oportunidade ficam bastante claros
quando os seus discípulos o convidam insistentemente a comer e Ele responde: “a minha comida é fazer a
vontade daquele que me enviou e concluir a sua obra” (v. 34).
Essa ação de Jesus Cristo nos faz perceber de maneira prática três coisas que nós já estudamos na
teoria: 1) se temos conhecimento bíblico acerca do terror que espera por todos os que não são salvos,
devemos, então, assumir a responsabilidade de ser instrumentos de Deus para o resgate necessário; 2)
sabemos, pela própria realidade da vida, que a morte não manda avisos de visita, portanto é urgente que se
pregue o evangelho, antes que seja tarde demais; 3) se sabemos da importância da pregação e da efemeridade
da vida, temos que entender que a pregação da mensagem é a nossa prioridade número um.
2. JESUS NOS ENSINA A RESPEITO DA MAIOR NECESSIDADE (VS. 13 E 14)
“Quem beber dessa água terá sede outra vez, mas quem beber da água que eu lhe der nunca mais terá
sede” (vs. 13 e 14a). Essas palavras proferidas por Jesus na beira de um poço onde as pessoas pegavam água
para beber, cozer seus alimentos, tomar banho e manter sua higiene ganham um significado profundo e até
certo ponto constrangedor. Jesus, sem desprezar a importância das necessidades materiais que a água viria a
suprir na vida daquela mulher, apresenta uma perspectiva totalmente nova da verdadeira necessidade
humana: a salvação eterna. Muitas vezes, quando estamos evangelizando, esquecemo-nos de dar um sentido
real à necessidade de salvação da alma e precisamos ter cuidado para não anunciar às pessoas um evangelho
confuso e materialista.
O conceito de eternidade deve estar presente na pregação do evangelho, pois é na eternidade, e
somente na eternidade, que o homem será pleno. Assim, Jesus, como dito acima, sem desprezar os benefícios
da água material, vem oferecer uma água muito mais excelente. Eis o fundamento da pregação do evangelho
segundo Jesus Cristo: a excelência daquilo que está preparado por Deus para todos os salvos. Muitas pessoas
dizem que não querem ser crentes agora, pois têm coisas importantes a fazer, ou, simplesmente, por que
querem aproveitar mais a vida. A mensagem pregada segundo o exemplo de Cristo mostra que o evangelho
supre uma necessidade muito mais profunda do que qualquer bem material.
É para a eternidade em Cristo que o crente é chamado (Jo 14: 3 e 23). Então, precisamos entender
que essa é a nossa principal necessidade, a salvação em Cristo por meio da fé, que nos garantirá a liberdade
plena, fora de qualquer possibilidade de condenação (Rm 8:1).
3. JESUS NOS ENSINA QUE VALE A PENA CORRER RISCOS
Outro fato marcante desse texto é que Jesus estava falando com uma mulher samaritana. Mas, o que
há de surpreendente nisso? Vários aspectos da cultura e da política daquela época tornavam aquela conversa
25
um verdadeiro escândalo: 1) Judeus e samaritanos não se davam (v. 9b), havia um grande problema políticoreligioso entre esses dois grupos e era inadmissível que houvesse qualquer tipo de amizade entre eles; 2) Não
era comum que um homem conversasse com uma mulher em um lugar público (v.27), naquela época as
conversas entre homens e mulheres eram restritas e deveriam acontecer em lugares apropriados como, por
exemplo, na casa dos pais dela; 3) Aquela mulher tinha um testemunho de vida bastante fora dos padrões
religiosos (v. 18), ela poderia ser facilmente considerada uma mulher adúltera pelo fato de já ter tido cinco
maridos e estar no sexto. Jesus sabendo de tudo isso, assumiu o risco de conversar sozinho com aquela
mulher em lugar público (v. 6-8). Esse fato hoje seria semelhante a um pastor conhecido de uma cidade
qualquer evangelizando, sozinho, uma prostituta em praça pública. Seria um verdadeiro escândalo. E aí? A
Bíblia não condena aqueles por meio de quem o escândalo se dá? É verdade, Jesus disse aos seus discípulos:
“É inevitável que aconteçam coisas que levem o povo a tropeçar, mas ai da pessoa por meio de quem elas
acontecem” (Lc 17:1). Mas o escândalo a que Jesus se refere é aquele que faz os novos na fé (que Paulo
chama de fracos na fé em Rm 15:1, 2) tropeçarem (Lc 17:2), Ele não aceita a postura legalista da “igreja”
que, de certa maneira, impõe um padrão de pessoas que devem ser alcançadas pelo evangelho.
Jesus correu o risco de ser mal compreendido, de ser rejeitado, de ser criticado, mas Ele fez aquilo
que deveria fazer, pregou o evangelho a alguém que realmente precisava. Em outra ocasião ele foi duramente
criticado pelos fariseus por sentar-se junto aos publicanos e pecadores, mas, com sua infinita sabedoria, Ele
respondeu: “Não são os que têm saúde que precisam de médico, mas sim os doentes” (Mt 9: 12). Não vamos
confundir os ensinamentos, Jesus não estava “assentado na roda dos zombadores” (Sl 1: 1b), Ele não estava
em concordância com o pecado, Ele estava influenciando a vida dos pecadores, Ele estava sendo um “agente
de transformação” na vida daquelas pessoas.
É importante perceber que além dos riscos de sofrer calúnias e diversos tipos de injustiça, outros
riscos estão presentes na evangelização, o apóstolo Paulo afirmou: “Estive continuamente viajando de uma
parte para outra, enfrentei perigos nos rios, perigos de assaltantes, perigos dos meus compatriotas, perigos
dos gentios, perigos na cidade, perigos no deserto, perigos no mar, e perigos dos falsos irmãos” (II Co 11:
26). Não podemos nos desestimular diante das situações de riscos, aqueles que amam a Cristo precisam estar
dispostos a tudo para glorificar o nome do Senhor, pois sabemos que um triunfo incomparável nos aguarda,
pois “considero que nossos sofrimentos atuais não podem ser comparados com a glória que em nós será
revelada” (Rm 8: 18). Paulo era um imitador de Cristo e nos convida para fazer o mesmo (I Co 11: 1), o
exemplo magnífico do Senhor e a certeza das coisas que estão por vir são o motivo maior para que
continuemos firmes no propósito de resgatar um mundo que clama em desespero (Rm 8: 22) pela salvação
que encontramos na doce esperança do nome de Cristo. “Portanto, meus amados irmãos, mantenham-se
firmes, e que nada os abale. Sejam sempre dedicados à obra do Senhor, pois vocês sabem que, no Senhor, o
trabalho de vocês não será inútil” (I Co 15: 58).
26
ANOTAÇÕES
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4. JESUS NOS ENSINA A SER AGENTES DE MULTIPLICAÇÃO DO SEU EVANGELHO
A água que Cristo dá faz algo muito mais importante do que matar a sede, ela capacita àquele que
dela bebe a ser uma fonte de água viva. Assim, todos os que conhecem ao Senhor Jesus e bebem de sua
Palavra devem tornar-se agentes multiplicadores da mensagem mais poderosa de toda a Terra. Aprendemos
nessa passagem que nós não fomos chamados apenas para aproveitar o prazer de beber da água de Cristo,
mas fomos convidados para servir dessa água para outras pessoas.
Esclarecendo: Cristo nos ensina que quando nos convertemos, recebemos, dentre outras coisas, a
capacidade de falar da maravilha que Ele operou em nossas vidas para todo o mundo. Depois de ressurreto,
Ele mesmo disse aos seus discípulos: “receberão poder quando o Espírito Santo descer sobre vocês, e serão
minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judéia e Samaria, e até os confins da terra” (At 1: 8). Ele,
também, nos mostra que não precisamos temer quanto ao que haveremos de dizer quando formos
confrontados em seu Nome, pois Ele porá as palavras certas em nossos lábios (Mt 10: 19; Mc 13: 11 e Lc
12:11). Veja-se que aquela mulher que estava à beira do poço, buscando água, embora fosse uma pessoa
provavelmente mal vista pela sociedade em virtude da forma como vivia, ao crer na palavra de Cristo tratou
logo de convidar as pessoas a ouvirem a Palavra. De um jeito simples, aquela mulher atraiu outras pessoas
para a salvação, a Palavra diz que “muitos samaritanos daquela cidade creram nele por causa do seguinte
testemunho dado pela mulher: Ele disse tudo o que tenho feito” (v. 39).
Ora, o gozo da experiência com Cristo, tornou-se para aquela mulher um instrumento para a
pregação das maravilhas de Deus. O que ela fez foi simples, assumiu que a partir daquele momento ela
tornara-se “uma fonte de água viva a jorrar para a vida eterna” (v. 14b). É maravilhoso perceber que isso
também se aplica a cada um de nós, que todos nós recebemos de Deus o “poder” de sermos testemunhas
vivas de Cristo, por isso Paulo afirma tão contundentemente: “Não ofereçam os membros do corpo de vocês
ao pecado, como instrumentos de injustiça; antes se ofereçam a Deus como quem voltou da morte para a
vida; e ofereçam os membros do corpo de vocês a ele, como instrumentos de justiça” (Rm 6: 13). O apóstolo
nos ensina a serem evangelistas até com o nosso próprio corpo, ou seja, ele nos instiga a ser exemplo vivo
das maravilhas que o Senhor tem feito em nós. Podemos perceber, quando o Senhor diz que seremos fonte de
água viva para a eternidade, que recebemos uma missão de multiplicar a doçura do milagre que em nós foi
realizado.
27
5. JESUS NOS ENSINA A CONFIAR EM MILAGRES (V. 39-42)
Quantas vezes ouvimos falar de que “fulano é um caso sem jeito”? Existem pessoas que, realmente,
parecem que jamais vão se permitir tocar pelo Espírito Santo de Deus, mas o importante é saber que a Graça
de Deus é irresistível. Jesus afirmou: “todo aquele que meu Pai me der virá a mim, e quem vier a mim eu
jamais rejeitarei” (Jo 6:37), precisamos levar em consideração a soberania de Deus, precisamos entender que
o Espírito Santo é quem convence o mundo do pecado, da justiça e do juízo (Jo 16: 8). Jesus tinha uma
percepção muito clara do milagre da salvação, Ele sabia o que estava para acontecer na vida daquela mulher
e sabia que esse milagre se daria pelo poder da pregação do evangelho (Rm 1: 16). É essa confiança no
milagre que vem dos céus, através da grandeza da Palavra de Deus, que precisamos carregar em nossos
corações todas as vezes que formos falar de Jesus Cristo para alguém. Não existem pessoas sem jeito, pois
para Deus não existem coisas impossíveis (Lc 18:27) e precisamos acreditar que Ele está sempre disposto a
fazer o impossível por nós.
Somos filhos de uma geração que desacreditou no sobrenatural, somos filhos de um mundo que se
tornou mais racional do que pode suportar, agora estamos vendo nascer uma segunda geração, uma geração
que se agarra nas saias do misticismo. Que enorme desafio, enfrentar os ateus racionalistas de um lado e os
místicos naturalistas do outro! Como poderemos fazer isso? Como poderemos enfrentar esse desafio? A
resposta é simples: confiando em milagres. O evangelismo sem a confiança de que milagres vão acontecer
está fadado ao fracasso. O primeiro milagre de Jesus foi, justamente, a transformação da água em vinho (Jo
2: 1-11), por trás desse milagre existe um significado muito forte. A transformação é o principal ato que
Cristo realiza no milagre da salvação, transformar a água em vinho foi uma simbologia daquilo que Ele viria
a fazer na vida das pessoas. 1) Cristo modifica a natureza das pessoas, a transformação da água em vinho
exige uma reformulação química, uma renovação da estrutura, uma modificação da natureza antiga para uma
nova natureza capaz de oferecer algo a mais. Assim, Cristo pega como matéria prima a nossa natureza caída
(Cl 3: 5) e nos faz participantes da sua natureza divina (II Pe 1: 4), tornando a nossa natureza nova e pura; 2)
Cristo dá um novo significado a vida, o bom vinho, naquela época, era sinônimo de vida boa e de felicidade,
trazia um sentido de excelência e era sempre utilizado para fazer analogia às coisas boas da vida. Assim,
Jesus transforma a vida sem gosto em uma vida saborosa e atraente, cheia de significado e de plenitude. A
transformação, portanto, é uma ação divina sobre a vida daquele que ainda não conhece o “dom de Deus” (Jo
4: 10), ela é o milagre operado pela divina soberania.
É esse senso de milagre que Jesus apresenta diante daquela mulher samaritana e diante de toda a
comunidade que mais tarde vem ouvir a sua palavra, é desse senso de milagre que Ele deseja que esteja
impregnado o nosso coração como exemplo firme da confiança que devemos ter no Pai amado, aquele que
nos enviou para essa obra. Jesus nos ensina que não apenas devemos fazer a boa obra de Deus, mas devemos
também concluí-la (v. 34), pois milagres continuam acontecendo.
CONCLUINDO
28
Cristo é o modelo perfeito para a nossa ação cotidiana, incluindo a nossa missão evangelística. No
Seu encontro com a mulher samaritana, vemos que Jesus tinha como alvo a salvação das almas. Essa é a
grande lição do texto: estabelecer nossas prioridades com base naquilo que realmente importa: a vida eterna.
Jesus nos pergunta: “que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma?” (Mc 8:
36). Essa pergunta é muito profunda e nos faz refletir sobre o modo como vivemos e estabelecemos nossas
prioridades de vida. As palavras de Cristo, nesse trecho das escrituras, somos convidados a pensar sobre a
tendência que temos de colocar as coisas espirituais em segundo plano. Isso nos faz pensar sobre a nossa
responsabilidade de propagar o Reino de Deus.
O evangelismo é a nossa responsabilidade maior, é através da ação evangelística que nos tornamos
instrumentos nas mãos de Deus, é através da ação evangelística que nos tornamos luz para o mundo e assim
trazemos um pouco de esperança para um povo perdido. Podemos correr riscos, podemos sofrer decepções,
podemos enfrentar dificuldades, mas tudo será recompensado por aquele que nos enviou.
ANOTAÇÕES
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ATIVIDADE PARA CASA
1) Relendo o capítulo 4 do evangelho segundo João, retire do texto expressões que nos permitam perceber as
prioridades de Jesus em relação à mulher samaritana e ao povo do qual ela fazia parte.
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2) Como podemos aplicar esse exemplo de Cristo à nossa vida cotidiana? Para responder essa pergunta,
pense sobre os seguintes fatos: Jesus interrompeu seus afazeres; Jesus se expôs ao risco de ser criticado e
recriminado; Jesus agiu com amor em relação a uma pessoa que normalmente seria indigesta por causa das
relações sociais; tudo isso para pregar o evangelho da salvação.
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3) Como a certeza de que milagres podem acontecer pode nos ajudar na missão de evangelizar as pessoas?
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4) Reflita sobre a forma como você tem aplicado o exemplo de Jesus na vida cotidiana. Se quiser,
compartilhe isso com algum irmão, para que possa trocar experiências.
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LIÇÃO 5: RECEBENDO E ENTENDENDO A MISSÃO
Vocês são o sal da terra. Mas se o sal perder o seu sabor, como restaurá-lo? Não servirá para nada,
exceto para ser jogado fora e pisado pelos homens”.
(Mt 5: 13)
“Portanto, vão e façam discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do
Espírito Santo, ensinando-os a obedecer a tudo o que eu lhes ordenei”.
(Mt 28: 19,20)
Ser cristão é tomar parte no corpo de Cristo, considerando, nessa afirmativa, todas as suas possíveis
implicações (I Co 12:26-27). Por isso, não se pode pensar na existência de um cristão que se comporte
passivamente diante da principal obra que o Senhor deixou para sua Igreja, ou seja, diante da evangelização.
Isso seria tecnicamente chamado de oxymoron, um termo grego que faz referência a elementos que, por
definição, não combinam entre si. Logo, falar em crente passivo é como falar em água seca ou em gelo
quente. Por isso, diz-se que “o ministerium verbi divini é ‘destinado e ordenado a todo cristão que não deseja
deixar de ser cristão”.9 Jesus é bem claro quanto a isso quando afirma que nós somos o sal da terra e enfatiza
dizendo que o sal sem sabor não servirá para nada. Não se trata de utilitarismo, mas de finalidade da vida
cristã, nós fomos “chamados das trevas para a maravilhosa luz” com o propósito de “anunciar as grandezas”
de Deus (c.f. I Pe 2: 9). Somos como já visto, enviados do Senhor para a concretização do projeto de Deus
para a salvação.
1. NÃO DÁ PARA FUGIR
O Dr. John Haggai afirma em um de seus livros: “Ouse pedir uma decisão”. Essa frase é bastante
pertinente, pois muitos cristãos têm utilizado a própria Palavra de Deus como desculpa para falar de Deus
como quem fala de um amigo, ou de outro assunto qualquer. Ou seja, o que o Dr. Haggai nos orienta é que
em toda e qualquer ocasião, quando falarmos de Deus com as pessoas, devemos pedir que elas tomem uma
decisão por Cristo.
Mas, o problema mais recorrente é como dito acima, o mau uso da Palavra de Deus para servir como
subterfúgio para não pedir a decisão. Os erros mais comuns são os seguintes:
A palavra de Deus não volta vazia
Já mencionamos esse problema no Capítulo 1 deste material, mas, agora, esclarecemos melhor a
9
Käsemann: 1960, p. 117. in Schwarz. Christian A. Mudança de Paradigma na Igreja. Como o desenvolvimento natural da Igreja pode
transformar o pensamento teológico. 1a ed. Curitiba: Editora Evangélica Esperança, 2000. p. 173.
31
questão. Muitos cristãos acham que podem falar de Jesus sem a devida clareza e deixar que Deus opere a
conversão no coração do ouvinte. Isso não é verdade. Precisamos ser claros na mensagem da salvação e
precisamos, também, pedir uma decisão.
O texto bíblico em questão afirma o seguinte: “assim também ocorre com a palavra que sai da minha
boca: ela não voltará para mim vazia, mas fará o que desejo e atingirá o propósito para o qual a enviei” (Is
55: 11). Quando lemos atentamente o capítulo inteiro, podemos perceber que Deus não estava falando sobre
a palavra que Ele envia através dos seus servos na ação da proclamação do evangelho. Ele estava se
referindo ao cumprimento de suas próprias ordens sobre a vida do povo e sobre o próprio mundo, como, por
exemplo, quando Ele disse “Haja luz” (Gn 1: 3) e a luz se fez. No caso do capítulo 55 do livro do profeta
Isaías Deus fazia menção à aliança que estava fazendo com o seu povo. Logo, não podemos de maneira
alguma confundir o significado dessas palavras e achar que estão ligados ao contexto da evangelização como
se pudéssemos dizer: “Ah! Já falei. Agora Deus faz o resto”. Não é esse o sentido da palavra.
A minha preocupação é que essa expressão possa causar confusões maiores. Embora não duvidemos
da soberania de Deus, precisamos compreender que a conversão das pessoas não é algo que ocorra
simplesmente lançando a Palavra. Ao contrário, é necessário o cumprimento completo do comissionamento
de Cristo, como veremos adiante.
Não atirem as suas pérolas aos porcos
Esse é outro texto que, quando mal interpretado, causa confusão. É como se houvesse algumas
pessoas a quem não devêssemos pregar o evangelho. Mas, não é assim. Então, o que Jesus queria dizer com:
“Não deem o que é sagrado aos cães, nem atirem suas pérolas aos porcos”? Bem, pérolas eram objetos
caríssimos (Mt 13: 46) e, nesse caso, simbolizavam a magnitude do valor da mensagem do evangelho que
Jesus estava ensinando aos seus discípulos. Já porcos e cães eram animais desprezíveis (Pv 26: 11; II Pe 2:
22) que, no discurso de Jesus, representam aquelas pessoas que desprezam o evangelho constantemente. Veja
que isso não é um incentivo a desistir de pregar para quem não aceita, mas para não perder tempo com os
escarnecedores enquanto muitos estão ávidos por receber a palavra de Deus (Am 8: 11). Como julgar, então?
Isso depende da própria experiência que temos com Deus na atividade de evangelismo. O que não podemos é
desistir de falar sobre Jesus para as pessoas sem tentar, sem criar oportunidades para a propagação da
Palavra. Lembre-se que não cabe a nós, mas a Deus, decidir quem são os “porcos” e “cães” para quem não
devemos atirar nossas pérolas.
2. APLICANDO A PALAVRA DA SALVAÇÃO
Não há como, nem por que, fugir. Precisamos nos apegar, e nos alegrar, nas palavras de Cristo que
nos ordenam a fazer discípulos de todas as nações. Ou seja, devemos entender a evangelização como a
formação de um relacionamento no qual o cristão é o elemento influenciador da vida que se deseja alcançar.
32
Veja-se que a grande comissão não se limita a ordenar o anúncio do evangelho, mas ordena algo muito mais
profundo. Vejamos mais cuidadosamente esse trecho das Escrituras no intuito de entender com clareza
aquilo que o Senhor espera de nós:
1) Façam discípulos de todas as nações – nesse trecho da ordem que o Senhor Jesus nos deixou
precisamos entender duas coisas fundamentais: a) fazer discípulos é fazer seguidores, imitadores, enfim, é
educar as pessoas para que sigam o mesmo caminho; b) a ordem não se restringe a um povo, a palavra grega
traduzida por nação é ethine, na realidade essa palavra tem um significado amplo, ela quer dizer gente, povo.
Isso quer dizer que a ordem de Jesus é que façamos seguidores do evangelho que Ele nos deixou entre todas
as gentes, não apenas países, mas todos os povos que estão inseridos nos países.
2) Batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo – batizar é o mesmo que tornar
parte do povo de Deus. Jesus não estava referindo-se apenas ao batismo nas águas. Ele falava que o processo
de evangelização é inclusivo, é um processo que deve trazer as pessoas para a comunhão com o corpo e que
isso deve ser feito em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo como as pessoas que constituem a Trindade.
Assim, a pessoa evangelizada estará adentrando o corpo de Cristo na terra, a Igreja, e nos céus, a vivência
com a Trindade.
3) Ensinando-as a obedecer tudo aquilo que lhes ensinei – Jesus não quer as pessoas de qualquer
jeito, Ele quer pessoas obedientes e respeitadoras da doutrina que Ele ensinava. Para Deus não existem
crentes nominais, ou seja, aqueles que apenas fazem parte das estatísticas, mas Ele deseja crentes ativos que
façam aquilo que Ele ensinou. Por isso é necessário que os discipulados aprendam a OBEDECER TUDO
QUE O SENHOR ENSINOU. É nossa responsabilidade ensinar as pessoas a obedecer às ordens de Deus.
No original grego, o versículo 19 não se apresenta no imperativo, ou seja, ir não é uma ordem, a
ordem é fazer discípulos. Claro que ao considerar o contexto hermenêutico e linguístico, entendemos que há
uma ordem para ir. Mas, atrevo-me a sugerir uma análise da seguinte tradução: “tendo ido [indo], façam
discípulos...”. Colocando dessa forma, diminuímos a importância do “ir” e aumentamos a do “façam”, antes
de qualquer crítica quero me antecipar, dizendo só estou sugerindo uma visão diferenciada que nos
possibilite a ideia de que devemos fazer discípulos no decurso de nossa vida. Ir e vir são ações cotidianas e
entendo que Jesus quer que nos diversos movimentos da vida, estejamos agindo em favor da evangelização
das pessoas. A hermenêutica que nos leva a apresentar o termo grego poreuthentes no imperativo é a
hermenêutica do dever10 e sem críticas a essa tradução (até mesmo pela minha falta de capacidade para isso)
quero apenas sugerir, como dito acima, uma hermenêutica do viver. Isto é, aqueles que não foram enviados
como missionários; aqueles que não tomaram a atitude de “ir”, estão igualmente convocados a apregoar o
evangelho e a fazer discípulos nos movimentos cotidianos da vida. Não quero, com isso, contestar as
traduções da bíblia, mas apenas fazer compreender que o evangelho deve ser uma prática de quem está
10
Para compreender por que esse termo grego que se encontra no particípio aoristo é comumente traduzido como se estivesse escrito
no imperativo leia: ROGERS, Cleon. The Great Comission. Bib Sac. p. 130.
33
“indo”, ou seja, de quem está vivendo, de quem está se relacionando com pessoas.
3. DISCIPULANDO
Fazer discípulos é a ordem, então, é necessário se ter a compreensão de que o evangelismo é um
conjunto que só se torna completo com o discipulado. Para compreender melhor essa afirmação, vamos
entender dois conceitos necessários:
1) Evangelismo ou evangelização: é a tradução do verbo grego kerigma que significa anunciar,
comunicar a mensagem. Mas, para que o kerigma que nos é ordenado tenha os efeitos desejados, precisamos
observar que o processo de comunicação só é perfeito se houver uma emissão correta da mensagem por parte
do evangelista, se a mensagem for inteiramente passada e, finalmente, se houver compreensão plena de quem
ouve. Então, o evangelismo não termina no ato de falar, mas prolonga-se pela ação de ensinar.
2) Conversão: está ligada ao termo grego metanoia que literalmente significa mudança de mente.
Entende-se que a conversão é um acontecimento promovido pelo Espírito Santo na mente da pessoa
evangelizada, não é baseado nas emoções, mas na razão como ensina o apóstolo Paulo em Romanos 12: 2.
Tem eficácia para o resto da vida. A conversão difere da simples decisão, embora toda conversão requeira
uma decisão, elas não se confundem. Alguém pode tomar uma decisão baseada apenas uma emoção
momentânea e depois de algum tempo mudar essa decisão. Nesses casos, podemos afirmar que não houve
conversão, mas, tão somente, uma adesão religiosa.
Bem, tratados esses dois conceitos basilares, podemos avançar o nosso estudo dizendo que a ação de
evangelizar deve necessariamente ser seguida da ação de discipular, ou melhor, podemos dizer que o
discipulado é uma etapa da evangelização. Vamos compreender melhor: ao anunciar o evangelho, nós
apresentamos o plano de salvação, explicamos sobre o pecado, sobre a necessidade de confessá-los e
principalmente sobre a necessidade de crer em Cristo como Senhor e Salvador. O serviço está completo?
Não. Essa pessoa precisa aprender mais, pois o objetivo é fazer imitadores (I Co 11: 1) e, agora, usando a
retórica paulina, pergunto: como serão imitadores daqueles a quem não conhecem? E como conhecerão se
não houver quem ensine? É necessário que os novos convertidos aprendam, no mínimo, sobre o caráter de
Cristo, sobre a vida em comunidade e sobre o cotidiano da vida cristã.
Assim, podemos dizer que durante o processo de anunciar o evangelho nasce o compromisso de
discipular aquela pessoa que está sendo evangelizada. Mas, o que significa discipular? E como se dá o
discipulado? Bem, discipular é como diz o texto bíblico, ensinar a obedecer todas as coisas que Cristo tem
ensinado e o programa ideal de discipulado parece ser o ensino individualizado. O grande problema é que
faltam pessoas dispostas a discipular, ou seja, a dedicar o seu tempo a aprender e a transmitir o que aprende
na letra do evangelho.
É necessário compreender a
Palavra da Salvação.
34
ATIVIDADE PARA CASA
1) Além daqueles motivos elencados nesse material, quais são as razões que os cristãos
alegam para não pregar o evangelho? Qu e respostas bíblicas podem ser dadas a essas
alegações?
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2) Como compreender o momento em que devemos parar de “jogar nossas pérolas aos porcos”?
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3) Quais seriam as implicações práticas de entender que Jesus afirmou em Mt 28: 19-20 “indo, façam
discípulos” e não “vão e façam discípulos”?
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4) Como podemos entender o discipulado no contexto da evangelização?
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LIÇÃO 6: O SEU JEITO DE EVANGELIZAR
“Todos os dias continuavam a reunir-se no pátio do templo. Partiam o pão em suas casas, e juntos
participavam das refeições, com alegria e sinceridade de coração, louvando a Deus e tendo a simpatia
de todo o povo. E o Senhor lhes acrescentava diariamente os que iam sendo salvos”.
(At 2: 46, 47)
Depois de tudo que estudamos até aqui, talvez você esteja se perguntando: “como devo
evangelizar”? É uma pergunta natural e, algumas vezes, perturbadora, pois queremos logo nos envolver com
a prática evangelística e, em certos momentos, nos angustiamos quando pensamos em como devemos
abordar as pessoas. Perguntas como, “Como vou iniciar a conversa?”, “Qual o melhor jeito de evangelizar?”,
são comuns nesse processo de descoberta da evangelização. Precisamos lembrar um fato básico, Deus nos
deu uma mensagem para transmitir, mas ele não fez nenhuma determinação sobre a forma como ela deveria
ser anunciada. Logo, podemos perceber que precisamos nos preocupar apenas com a melhor forma de
comunicar aquilo que o Senhor deseja que as pessoas saibam. Para isso, precisamos utilizar não apenas os
dons que o Senhor nos deu, mas também o nosso estilo próprio de conversar, de conviver e de interagir com
as pessoas.
1. O SEU ESTILO FAZ A DIFERENÇA
Vejamos bem, Deus nos criou diferentes uns dos outros, mas nos deu “estilos” que podem se
identificar, ou não, com outras pessoas. Assim, podemos utilizar o nosso estilo pessoal para otimizar a
pregação evangelho, fazendo aquilo que sabemos fazer melhor. O nosso estilo inclui não apenas aquilo que
somos, mas também aquilo que fazemos, assim, podemos dizer que o nosso estilo compõe-se de: 1)
características pessoais como a nossa desenvoltura nas conversas, a nossa forma de tratar as pessoas ou nossa
forma de lidar com as diversas situações da vida, amabilidade, afetuosidade além de outras características
próprias da nossa personalidade; 2) habilidades como capacidade de falar em público, de organizar eventos,
de fazer trabalhos manuais, aptidões profissionais, música, ensino, aconselhamento e muitas outras; 3)
hábitos de vida tais como prática de esportes, trabalhos seculares, grupos de afinidade, reuniões com amigos,
enfim, tudo que lhe faz relacionar-se com outras pessoas; 4) visual, é isso mesmo a forma como nós nos
vestimos comunica muito acerca dos nossos amigos e das pessoas que nós vamos atrair. Então, todas essas
características, e muitas outras, que formam o nosso estilo pessoal devem ser utilizadas para melhor a nossa
comunicação do evangelho. Você quer ver alguns exemplos bíblicos? Pois, muito bem, apresentaremos
agora seis personagens bíblicos que tinham estilos completamente diferentes, mas que foram muito eficientes
no cumprimento da evangelização. Vamos, então, aprender sobre eles e, também, vamos aprender com eles.
O nosso propósito nesse capítulo é descobrir o nosso próprio jeito de evangelizar.
36
1) O Estilo confrontador de Pedro
A bíblia deixa claro qual era o caráter de Pedro: homem explosivo, ousado, incisivo e que gostava de
ir direto ao ponto. Sem rodeios, Pedro respondia os questionamentos e revidava as afrontas. Em Mt 16: 15,
quando os discípulos foram indagados por Cristo sobre quem Ele era, o primeiro a responder foi Pedro.
Quando o soldado romano se aproximou para prender Jesus, Pedro avançou para decepar-lhe a orelha. Pedro
não hesitou em andar sobre as águas para ficar junto de Jesus. Pedro confrontava as pessoas e situações. Em
Atos 2, ele não se utiliza de meias palavras e responde com franqueza aos que o acusavam de estar bêbado,
deixando claro que os que o acusavam tinham crucificado o Messias e que precisavam se arrepender. O
resultado foi a conversão de três mil pessoas.
Se você é um confrontador, assuma o seu estilo.
Características básicas:
Confiante, audacioso, direto, evita conversa fiada e tem opiniões e convicções firmes.
Cuidados necessários:
Mas, os confrontadores têm algumas tendências que precisam de cuidados especiais, são elas:

Assumem o controle das situações, às vezes esquecendo-se de que é o Espírito Santo quem convence
do pecado, da justiça e do juízo;

Agem de forma precipitada;

Não aprofundam as questões;

Têm pouca habilidade no trato de questões pessoais;

Têm dificuldade para ouvir a opinião dos outros.
2) O Estilo intelectual de Paulo
A maior característica de Paulo, embora também fosse um grande confrontador, era a exposição
racional e sistemática do evangelho. Lendo qualquer uma das epístolas paulinas (experimente ler Efésios)
pode-se perceber o quanto ele utilizava-se de colocações filosóficas, exemplos contemporâneos, observações
da natureza e do comportamento humano para construir argumentações inabaláveis acerca das novidades da
mensagem cristã. Uma das maiores comparações está na Carta aos Efésios, quando ele fala da Armadura de
Deus (Ef 6: 10-20).
Se a formulação de raciocínios lógicos e sistemáticos é característica sua, então a use-a como arma
para evangelizar. Paulo fez isso e, por muitas vezes, as pessoas se converteram diante dele.
37
.Características básicas:
Analítico, lógico, questionador, gosta de debater ideias, mais atento ao que as pessoas pensam do que
ao que elas sentem.
Cuidados necessários:

Perde-se no estabelecimento de relações entre os vários pontos de vista;

Tem dificuldade para perceber os sentimentos envolvidos na questão;

Tem dificuldade de falar sobre coisas práticas;
o
Não tem facilidade de se relacionar com pessoas.
3) O Estilo testemunhante do homem cego
No evangelho segundo João, é contado o caso do homem cego que Jesus curou. Este homem, depois
de algum tempo, é posto diante de um auditório de judeus hostis, e é inquirido a respeito de Cristo. Ele se
nega a participar de uma discussão teológica e apenas responde: “eu era cego e agora vejo” (Jo 9: 25). Diante
do testemunho daquele homem, muitos judeus creram no milagre realizado por Jesus, pelo simples fato do
ex-cego não ter se calado diante das maravilhas recebidas do Senhor.
Contado a sua história, simplesmente relatando o que Deus fez em sua vida, você também poderá
ganhar vidas para Cristo. Não é necessário que você tenha um passado de vício, bandidagem ou de desgraças
para legitimar o seu testemunho, basta falar de como o amor de Deus se manifestou, ou se manifesta, na sua
vida.
Características básicas:
Se expressa com facilidade, transparente quanto aos altos e baixos de sua vida pessoal, empolgado pela
maneira como Deus o resgatou.
Cuidados necessários:
 Fala muito, tendo dificuldade para ouvir os outros;
 Pode ter uma postura voltada para si mesmo, para os fatos da sua vida;
 Fixado em experiências, pode tornar-se instável em momentos de dificuldade;
 Quer, em geral, aplicar a sua experiência pessoal a todos com quem conversa.
4) O Estilo interpessoal de Mateus
Mateus, o evangelista, também conhecido como Levi, depois de se tornar conhecedor da boa nova de
Cristo, decide proclamá-la. Resolve, então, dar uma festa (Lc 5: 29), e convida todos os seus amigos, crentes
e ímpios. Lá esteve presente o próprio Jesus, e embora vários dos crentes tenham contestado a participação
dos ímpios, o próprio Jesus sai em defesa do método utilizado Mateus, pois foi a forma que ele encontrou
38
para falar do evangelho àquelas pessoas.
Festas, como a de Mateus, e outros eventos podem ser meios eficazes de proclamar a mensagem do
evangelho. É claro que devemos nos preocupar com os detalhes e com o testemunho, pois a nossa festa não
deve apenas atrair pessoas, mas, sobretudo, influenciá-las.
Talvez seja esse o seu jeito de evangelizar, organizando eventos, festas, reuniões, etc.
Características básicas:
Dado a um bom bate-papo, compreensivo, sensível, orientado para amizades, focalizado em pessoas e
suas necessidades.
Cuidados necessários:

Costuma estabelecer relacionamentos superficiais;

Tem dificuldade em ajudar os outros a reconhecerem seus erros;

Às vezes, as ações não correspondem ao que o coração realmente deseja.
5) O Estilo convidativo da mulher samaritana
Ao conhecer Jesus Cristo e ouvir a Palavra da Salvação (Lc 5: 29), aquela mulher samaritana saiu
imediatamente a convidar pessoas para que também pudessem ouvir as mesmas maravilhas que ela tinha
ouvido. Talvez nem soubesse repetir o que Jesus lhe dissera, mas sabia o valor daquelas poucas palavras e,
assim, decidiu que outras pessoas precisavam ouvir sobre a água da vida. Repare que Jesus ainda não havia
conversado muito com aquela mulher, mas ela deixou-se impregnar pelo amor verdadeiro e foi em busca de
transmiti-lo.
Nesse caso, a mulher samaritana utilizou a sua rede social para levar as pessoas para ouvirem as coisas
lindas do evangelho e muitos se converteram graças à sua dedicação em convidá-las para ouvir a Palavra de
Deus. Talvez você não tenha muito jeito com as palavras e não seja, ainda, muito bom com a pregação do
evangelho, mas você pode convidar as pessoas para participarem dos cultos e outros programas
evangelísticos que a sua igreja venha a promover.
Muitas vezes, Deus nos dá a capacidade e o ambiente para falar, outras vezes, Ele nos dá apenas as
ferramentas necessárias para conduzir as pessoas para ouvirem a Palavra da Salvação. Atualmente, nós
temos redes sociais gigantescas na Internet e nos smartphones. Esse pode ser um eficiente caminho para
levar as pessoas ao contato com o evangelho.
39
Características básicas:
Hospitaleiro, persuasivo, gosta de conhecer novas pessoas, vê os eventos da igreja como oportunidades
singulares.
Cuidados necessários:

Em geral não gosta de aceitar “não” como resposta;

Às vezes sufoca as pessoas com grandes e persistentes convites;

Muitas vezes se torna inconveniente, forçando relacionamentos que deseja que aconteçam;

Pode assumir um radicalismo irracional.
6) O Estilo convidativo de Dorcas
O nosso sexto, e último exemplo, está no livro dos Atos dos Apóstolos. Ali, vemos que Dorcas “se
dedicava a praticar boas obras e dar esmolas” (At 9: 36). Sabemos que a salvação não vem pelas obras, mas
muitas vezes os cristãos deixam de realizar obras assistenciais embasados nessa passagem, sem se lembrar
que pequenas atitudes, pequenos gestos de carinho e solidariedade podem fazer grande diferença na vida das
pessoas. Às vezes, um gesto fala mais do que mil palavras.
Portanto, disponibilizar um pouco de tempo, pagar um almoço, quitar uma pequena conta de energia
elétrica de alguém; são gestos que podem levar a pessoa em direção à salvação, pois elas vão se sentir
seguras, amparadas e amadas. É bom saber que alguém se preocupa conosco, com as nossas necessidades,
com o nosso sofrimento.
Se você se identifica com Dorcas, por que você não usa o seu estilo para evangelizar?
Características básicas:
Paciente, centrado nos outros, valoriza atividades simples.
Cuidados necessários:

Excessivamente tolerante;

Desleixado consigo e com a família;

Tem dificuldade de verbalizar o que pensa e sente;

Subestima-se evitando fazer tarefas de maior vulto.
Você não está obrigado a ter um desses estilos, você pode ter vários deles, ou uma mistura deles, ou
nenhum deles. Esses não são os únicos estilos, nem são os estilos certos, são apenas exemplos. O importante
é você perceber como cada uma dessas pessoas utilizou o seu jeito de ser para tornar-se mais efetivo na
comunicação do evangelho. É interessante perceber que utilizando a criatividade você pode ir longe e levar
muitas pessoas ao pleno conhecimento de Cristo Jesus. Lembre-se o Deus que lhe chamou é o mesmo que
lhe capacitou.
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2. RELACIONAMENTOS FAZE M A DIFERENÇA
Evangelizar é relacionar-se. Para evangelizar com eficácia é fundamental construir relacionamentos
íntegros que testemunhem o amor de Deus. Afinal, a forma como nos aproximamos das pessoas pode ser
reveladora das nossas mais íntimas intenções. Podemos, por exemplo, passar àquelas pessoas que estamos
tentando evangelizar uma imagem de descaso completo, ou de falta de amor, quando ignoramos as suas
necessidades, quando não lembramos o seu nome, quando esquecemos dela num segundo encontro, etc. Mas,
por outro lado, com pequenas atitudes, podemos, também, transmitir muito carinho, respeito, amor e a
imagem de um cristão autêntico. Precisamos, portanto, estabelecer relacionamentos envolventes,
relacionamentos que provoquem nas pessoas o desejo de estar inseridos no nosso meio, isto é, na
comunidade cristã; que sejam capazes de fazer com que as pessoas se sintam cuidadas; e que provoque nelas
o desejo de seguir o nosso exemplo.
As pessoas do mundo de hoje precisam cada vez mais de relacionamentos que ofereçam segurança,
que proporcionem afetividade e cuidados especiais. O mundo é carente de amigos sinceros e honestos.
Vivemos em um mundo de desconfiança e de individualismo, baseado em emoções que não têm nenhum
compromisso com a verdade. Para se pregar o evangelho de maneira efetiva para pessoas que vivem nessa
situação, é necessário desenvolver relacionamentos que sejam impactantes.
O fato é que todos nós experimentamos uma sensação desagradável quando alguém de fora de nosso
círculo de amigos tenta influenciar-nos em assuntos pessoais, significativos. Todos nós gravitamos de
maneira natural ao redor de pessoas que já conhecemos e em quem confiamos. Amigos ouvem a amigos.
Amigos confiam nos amigos, permitem que eles os influenciem. Portanto, se pretendemos criar impacto no
mundo com a mensagem de Cristo, o primeiro passo será construir relacionamentos íntegros com os que
interagimos em nosso cotidiano. Precisamos nos relacionar para que consigam enxergar, através de nossa
integridade, que Jesus se interessa por cada um como pessoa e que se preocupa com seu bem-estar. O tempo
se encarregará de, através dessa consciência, gerar confiabilidade e respeito.11
A oportunidade para se desenvolver relacionamentos íntegros normalmente estão ligadas ao cultivo de
amizades com pessoas com quem convivemos em nossa rotina diária: o caixa do supermercado em que faço
compras, o vizinho do condomínio, o colega que senta do meu lado no trabalho, o professor da universidade,
o mecânico da oficina em que conserto o carro, o pediatra dos meninos, a professora do colégio, o
companheiro de ônibus no horário da manhã, o corretor de seguros. Enfim, todos com os quais nos
relacionamos podem ser alvo da tentativa de se desenvolver relacionamentos íntegros.
Entretanto, existem algumas barreiras que precisam ser transpostas para que possamos desenvolver
relacionamentos íntegros:
11
HYBELS, Bill. MITTELBERG, Mark. BISPO, Armando. Cristão Contagiante. Descubra o seu próprio jeito de evangelizar. 1a ed. São
Paulo: Vida, 1999. p. 105.
41
Contatos superficiais, que não destacam a nossa integridade;
Super atividade, que não deixa tempo para os relacionamentos;
Modelos evangelísticos defeituosos, que geram falta de compromisso;
Barreiras culturais, que estabelecem dificuldades de comunicação;
Falta de integridade, resultado um desequilíbrio entre testemunho e verbalização da fé;
Inércia, que paralisa as nossas iniciativas.
Todos esses são comportamentos que nos impedem de formar relacionamentos íntegros e
influenciadores. Mas, tome bastante cuidado antes de imaginar que você não faz essas coisas, pois esses são
comportamentos típicos do nosso tempo. Como cristãos, devemos andar em sentido contrário, otimizando e
valorizando o nosso tempo com as pessoas que nos cercam.
3. CAUSANDO IMPACTO
Os relacionamentos íntegros causam impactos positivos nas vidas das pessoas. Como exposto acima, o
mundo vive relacionamentos de interesse e de superficialidade, por isso, quando falamos em construir
relacionamentos íntegros, estamos, na realidade, falando em impactar a vida das pessoas com o amor que só
pode ser transmitido pelas pessoas que têm a Jesus em seu coração. Jesus impactou as vidas das pessoas com
quem conviveu, vejamos alguns exemplos:
Mesmo nas acusações levianas as pessoas percebiam o impacto da presença de Cristo:
“Veio o Filho do Homem, comendo e bebendo, e dizem: Ai está um comilão e beberrão, amigo de
publicanos e pecadores” (Mt 11: 19)
Jesus convivia com todos indistintamente e as pessoas se admiravam disso. Os publicanos eram
cobradores de impostos, geralmente corruptos e invariavelmente mal vistos pelos judeus. Mesmo assim,
Jesus mantinha boas relações com eles e vários desses homens se converteram e se tornaram importantes na
propagação do evangelho. Além de conviver com os publicanos que eram desprezados pelos judeus em
geral, Jesus convivia com os pecadores que eram desprezados pelas autoridades religiosas da sua época.
Jesus não tomava uma postura acusadora diante daquelas pessoas a quem Deus havia amado. Seus
relacionamentos eram repletos de compaixão e longanimidade. Isso impactava as pessoas ao seu redor.
O pequeno Zaqueu foi exemplo vivo do impacto amigo de Cristo (Lc 19: 1-10)
“Quando Jesus chegou àquele lugar, olhou para cima e lhe disse: Zaqueu desça depressa. Quero ficar
em sua casa hoje. Então ele desceu rapidamente e o recebeu com alegria. Todo o povo viu isso e começou a
42
se queixar: Ele se hospedou na casa de um pecador”. (Lc 19: 5-7)
A sensibilidade de Jesus e a forma como Ele, apesar de todas as críticas que recebeu, tratou Zaqueu
naquele dia, causaram um grande impacto na vida daquele homem que se converteu e, mais que isso, tomou
a decisão de passar a ter uma vida íntegra diante de todos. Um pouco de atenção e carinho pode surpreender
as pessoas e transformar definitivamente a sua forma de viver. Relacionamentos baseados na sensibilidade
podem impactar as vidas das pessoas.
Esses são apenas alguns exemplos de como o amor de Cristo, através de relacionamentos íntegros,
pode impactar positivamente a vida das pessoas. Nós também podemos agir dessa forma, imitando a Cristo
não apenas em ações, mas também no envolvimento com as pessoas.
CONCLUINDO
Nesse capítulo nós aprendemos sobre a importância de descobrir o nosso próprio jeito de evangelizar,
sobre aprender a observar as nossas próprias características e, principalmente, a utilizá-las na obra do
Senhor. Vimos também à importância de desenvolver relacionamentos que possam impactar
verdadeiramente as vidas das pessoas.
43
LIÇÃO 7: O PLANO DE SALVAÇÃO E A COMUNICAÇÃO DO EVANGELHO
“Como, pois, invocarão aquele em quem não creram? E como crerão naquele de quem não ouviram falar? E
como ouvirão se não houver quem pregue? E como pregarão, se não forem enviados? Como está escrito: Como
são belos os pés dos que anunciam boas novas”. (Rm 10: 14, 15)
Nesse capítulo, o nosso maior propósito é estudar o Plano de Salvação que Deus amorosamente
elaborou e colocou em prática para que a humanidade, ou, pelo menos parte dela, volte ao Paraíso criado por
Ele para que nós habitemos. Esse é, sem dúvidas, o capítulo mais prático do nosso material.
Vamos estudar os versículos e textos bíblicos específicos que podemos utilizar para anunciar as boas
novas do Senhor Jesus. Mas, além disso, vamos apresentar formas de iniciar e conduzir conversas
evangelísticas.
1. O CAMINHO DA SALVAÇÃ O
Primeiramente, vamos entender os caminhos que Deus utilizou para que o seu plano de resgate da
humanidade fosse efetivamente cumprido.
1) O Plano do amor de Deus para o homem desde a Criação:
Deus criou todas as coisas (Gn 1: 1-25);
Deus criou o homem a Sua imagem e semelhança (1: 26-28; 2:7);
Deus deu ao homem autoridade sobre toda a Criação (Gn 1: 28-30 e 2:18-25).
2) A falha do homem o desviou do Plano de Deus:
A ordem anterior era: usufruir de tudo que estava no Jardim, menos de uma árvore (Gn 2: 15-17);
A tentação, a desobediência, a queda e a separação de Deus (Gn 3: 1-33, 23 e 24);
As consequências: toda a descendência de Adão está na mesma condição (Sl 51: 5; Rm 3: 23; 5: 18).
3) O homem cria suas tentativas de salvar-se, através de:
Boas obras (Ef 2: 8,9 e Tt 3: 5,6)
44
Observação da Lei (Rm 3: 19-22; Gl 2: 16; Tg 2: 10);
Religião (Tg 1: 25-27);
Outros deuses (Jo 14: 6; At 4: 12);
Méritos pessoais (Ec 7: 20; Rm 3: 10);
Purgatório (Lc 16: 19-31).
4) Jesus Cristo é o ÚNICO caminho para a salvação
Para Deus não há impossíveis (Lc 18: 26, 27);
Em amor (Jo 3: 16), graça (Ef 2: 8) e poder (Rm 1: 16);
Cristo pagou o preço dos nossos pecados (I Pe 2: 24; 3: 18);
O único “remédio” para o pecado (Is 1: 18; I Jo 1: 7-9);
Jesus veio para libertar o homem da escravidão do pecado (Jo 8: 32, 36);
Jesus salva perfeitamente da condenação eterna (Jo 5: 24).
5) Só há um jeito de o homem obter salvação
Crendo em Jesus como o seu único e suficiente salvador (At 4: 12; Jo 14: 6);
Arrependendo-se dos seus pecados (At 2: 38; I Jo 1: 7,9; Pv 28: 13);
Entregando a vida a Jesus Cristo (Sl 37: 5).
6) Bênçãos decorrentes da salvação
Não será mais condenado (Rm 8: 1);
Foi livre da maldição e do poder do pecado (Rm 5: 18 e 19);
Tem seus pecados perdoados (I Jo 1: 7);
Torna-se filho de Deus (Jo 1: 12, 13);
Herda o céu como o prêmio da sua fé em Cristo (Ap 21).
7) Consequências da conversão
Renunciar o mundo (Tt 2: 12-14);
Tomar a cruz (Mt 10: 34-39);
Amar a Deus sobre todas as coisas e praticar sua Palavra (Jo 14: 15 e 21);
Fazer boas obras (Tt 2: 14; Ef 2: 10);
Um preço a pagar (Mt 7: 13, 14).
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2. COMUNICANDO O PLANO DE SALVAÇÃO
Você não precisa saber todas as referências acima decoradas para passar o Plano de Salvação, mas o
ideal é que você sempre estude e tenha em mente a lógica do plano de Deus para a humanidade. Para pregar
o evangelho de maneira efetiva, precisamos ter uma metodologia para passar a mensagem de maneira clara e
rápida (Não quero dizer com isso que toda evangelização tem que ser rápida, pelo contrário, a velocidade da
conversa vai ser determinada pelo Espírito Santo e pela percepção do momento, mas precisamos estar
preparados para pregar rápido também). Por isso vamos passar algumas ideias para você:
1) O Livro sem Palavras
Esse é um recurso muito utilizado na evangelização de crianças, mas também tem se mostrado
altamente eficiente na comunicação do evangelho para adultos. O Livro sem Palavras pode ser apresentado
de várias formas: individualmente, através de peças e até mesmo por meio de outros objetos que não sejam
livros, tais como pulseiras, colares e tudo que a criatividade lhe permitir.
Esse método baseia-se em relacionar as cores com as etapas da comunicação do Plano de Salvação, da
seguinte forma:
Dourado – representa o céu;
Preto – representa o pecado;
Vermelho – representa o sacrifício;
Branco – representa o coração limpo por Jesus;
Verde – representa da nova vida que recebemos em Jesus.
Você pode contar a seguinte história, ou fazer as suas adaptações:
Introdução
Este livro tem páginas coloridas, e elas nos contam uma história maravilhosa.
Geralmente, quando lemos um livro, começamos na frente, não é? Mas com este vamos começar com
a última página, para saber logo o fim da história. Minha história termina maravilhosamente. Termina no
Céu!
Página Dourada
Esta página dourada nos fala do Céu. Não posso lhe dizer como é lindo o Céu, mas há um versículo da
Palavra de Deus que nos dá uma ideia. É o Apocalipse 21: 21 “E as doze portas eram doze pérolas... A
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praça da cidade é de ouro puro”.
Mais do que isso, o céu é um lugar de alegria. Ninguém fica doente no Céu. Não há dores, nem
sofrimentos, nem tristezas. Melhor ainda, ninguém morre. “E Deus enxugará dos olhos as lágrimas e a
morte já não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor” (Ap 21: 4)
Somente Deus poderia criar um lugar tão maravilhoso. Você já sabia que Deus o ama tanto que quer
que você esteja no Céu com Ele para sempre? Quando o Senhor Jesus voltou para o céu depois de morrer na
cruz e ressuscitar dos mortos, Ele disse que ia preparar um lugar para nós. E Deus quer você lá com Ele para
ser feliz eternamente.
Página Preta
Mas, vamos pensar em outra coisa: se a calçada na frente da sua casa fosse de ouro, quanto tempo ela
ficaria ali? Uma noite? “Oh”, você diz, “alguém a roubaria”. Mas não é pecado roubar? Claro que é. E lá no
Céu... “Nela nunca, jamais penetrará coisa alguma contaminada... e mentira” (Ap 21: 27). Quer dizer que o
pecado não poderá entrar no Céu para estragá-lo.
Pense, então: Deus quer que cada um de nós vá para o Céu, mas se há pecado em nossos corações,
este nos impede de entrar no Céu.
A página preta representa o pecado em nossos corações, o pecado que nunca poderá entrar no Céu. A
Palavra de Deus nos diz que “Todos pecaram” (Rm 3: 23). Você também precisa dizer, “eu pequei”.
Mas, Deus tem Boas Novas para você! Ele tem um remédio que faz possível nos livrar dos pecados!
Nós não podemos fazer nada para limpar os nossos corações. Mas Deus pode e o fará... se crermos no
Evangelho: “que Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras, e que foi sepultado, e
ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras” (1 Co 15: 3-4).
Página Vermelha
Esta página vermelha representa o precioso sangue do Senhor Jesus Cristo. A Bíblia nos ensina que “o
sangue de Jesus seu Filho nos purifica de todo pecado” (1 Jo 1: 7). Não é maravilhoso saber que Deus não
somente nos ama tanto que nos quer no Céu, mas nos ama tanto que deu Seu único Filho para ser o nosso
Salvador e para levar o castigo de nossos pecados? Quando o Senhor Jesus morreu na cruz, Deus pôs sobre
Ele os nossos pecados. Assim que diz II Co 5: 21 “Aquele que não conheceu pecado, o fez pecado por nós;
para que n'Ele fôssemos feitos justiça de Deus”.
Depois de morrer em nosso lugar, Jesus foi sepultado, e ao terceiro dia ressuscitou! Viveu novamente!
Jesus está vivo! E porque Ele vive, Ele pode vir morar em nossos corações. Ele diz agora: “Eis que estou à
porta e bato: se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa” (Ap 3: 20). Quando
convidamos o Senhor Jesus a entrar em nossos corações e ficar para nos salvar do pecado, Ele entra e fica.
47
Página Branca
A página branca representa o coração limpo, que Jesus já purificou. Sabe quão branco ele faz o
coração que O recebe? Tão branquinho como a neve? Não! Mais branco do que a neve! A Bíblia diz: “Lavame, e ficarei mais alvo que a neve” (Sl 51: 7b).
Você não gostaria de ter o seu coração tão limpinho assim? Deus quer perdoar os seus pecados e
purificar o seu coração, e assim Ele fará no momento que você receber Jesus como seu Salvador. Jesus já
morreu em seu lugar; ele quer ser o seu Salvador; quer lhe dar a vida eterna... vida eterna no Céu.
Jesus está batendo à porta do seu coração. Você precisa abrir a porta e deixá-lo entrar. Não quer fazer
isso agora mesmo? Então, abaixe agora a sua cabeça e peça ao Senhor Jesus que entre em seu coração. Peça
para Ele ser o seu Salvador.
A salvação é um presente. Como fazemos ao receber um presente? Agradecemos, não é? Então, diga
“muito obrigado” agora mesmo a Deus, o Pai. Agradeça a Deus por ter enviado o Senhor Jesus para morrer
em seu lugar. Agradeça que Ele agora o salvou e perdoou seus pecados. Agradeça que Ele lhe deu agora a
vida eterna.
Página Verde
A página verde nos fala da nova vida que recebemos quando aceitamos o Senhor Jesus com Salvador.
Quais são as coisas verdes que existem na natureza? Sim, as ervas, as árvores, o gramado e as plantas
em geral. E todas são coisas que têm vida. Vamos ler mais um versículo da Bíblia. É João 3: 36 “Quem crê
no filho tem a vida eterna”. Você agora crê no Senhor Jesus como Salvador e Senhor da sua vida (dono)?
Então, este versículo fala de você. Diz que você tem o quê? Exatamente, você tem a vida eterna - o tipo de
vida que precisamos ter para poder entrar no Céu. Você não está contente de ter recebido Jesus como seu
Salvador?
E, agora, esta nova vida precisa ser alimentada pela leitura da Palavra de Deus (2 Pe 3: 18), e pela
oração. Assim você irá crescendo espiritualmente na vida cristã, agradando ao Senhor Jesus na sua vida
diária e ganhando outros para Ele.
2) A Ilustração da Ponte
Essa ilustração é bastante conhecida, mas é extremamente útil e você pode apresentá-la em qualquer
lugar, utilizando apenas uma caneta e um papel. Dá para apresentá-la em um restaurante, em um
supermercado, na escola, no trabalho, em qualquer lugar que tenha um papel e uma caneta. Ela é mais
simples e mais rápida que o Livro Sem Palavras, pois se baseia em um desenho e em poucos versículos.
Tente compreender a lógica, baseado no Caminho da Salvação que estudamos no início desse capítulo.
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A história agora é assim:
Nós vivíamos plenamente com Deus, dividindo o mesmo espaço no Paraíso (o desenho do quadrado
é importante para mostrar a nossa proximidade e com Deus no início de tudo).
Então, nós nos rebelamos contra o Senhor e criamos, através dos nossos pecados ativos e passivos,
uma grande separação entre Ele e nós (O versículo chave para essa separação é Rm 3: 23. Veja que estamos
apenas evoluindo no desenho, mostrando que agora existe uma separação entre nós e Deus, mas que
continuamos dentro do mesmo espaço).
O homem, mesmo inconscientemente, tenta alcançar a Deus, chamando isso de buscar a felicidade
(Você pode incluir alguns versículos do ponto 3 do Plano de Salvação). Mas, seus esforços são inúteis, pois
entre o homem e Deus estabeleceu-se um grande abismo chamado morte (Rm 6: 23) que é a separação
espiritual de Deus.
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Embora a situação pareça, até aqui, bastante desanimadora (é importante que se diga isso à pessoa
que está sendo evangelizada), Deus providenciou uma forma de retomar o caminho. Você pode citar I Pe 3:
18, ou mesmo Jo 3: 16. Ressaltando a cruz como o caminho de volta para o Paraíso, ou para a verdadeira
felicidade.
Através do Seu Filho Amado, Deus providenciou uma ponte que nos faz ultrapassar o abismo e
chegar definitivamente perto d’Ele. Para sobrepor esse abismo precisamos apenas confessar com fé ao
Senhor (Rm 10: 9) e assim seremos adotados e chamados filhos de Deus (Jo 1: 12; I Jo 3: 1).
Depois de tudo, pergunta-se à pessoa se a ilustração faz sentido para ela ou se existe alguma coisa
que ela gostaria de discutir. Finalmente, pergunta-se a ela onde ela estaria no desenho e, caso haja boa
recepção, a pergunta seguinte é: “Você não gostaria de passar pela ponte tornando Cristo seu Senhor e
Salvador?”.
3) A Estrada Romana
Essa é uma ilustração bastante eficaz, principalmente para aqueles que já ouviram a mensagem, mas
precisam esclarecê-la na bíblia. Você só precisa saber três versículos: Rm 3: 23; 6: 23 e 10: 13.
O primeiro versículo para mostrar ao seu amigo é Romanos 3: 23: “Pois todos pecaram e estão
destituídos da glória de Deus”. Eu explico: “De acordo com esse versículo, todos nós pecamos contra Deus.
Isso inclui não apenas os grandes pecados, como estupro e homicídio, mas também coisas como erros
morais, mentiras, crueldade, insensibilidade para com os outros, perda de controle, fraudes e egoísmo.
50
Admito que cometo alguns deles. E você?”. A maioria das pessoas não tem dificuldade em assumir que
também comete esses erros.
Então passo para o segundo versículo, Romanos 6: 23: “Pois o salário do pecado é a morte, mas o dom
gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor”. Eu digo: “De acordo com o versículo, essas
pequenas transgressões que eu e você admitimos cometer merecem uma justa punição. O castigo é a morte”.
Mas, então, chamo atenção para a segunda parte do versículo: “Aqui fala de uma dádiva. Deus nos
ofereceu o presente da vida eterna. Podemos aceitar de graça o perdão de Deus e seu indulto da pena de
morte que merecemos. A penalidade foi paga com a morte de Jesus na cruz. Como qualquer outro presente,
não podemos trabalhar por ele, pode apenas aceitá-lo. Para descobrir como vamos ver mais um versículo”. E
então deixo que a pessoa leia Romanos 10: 13, que diz: “Porque todo aquele que invocar o nome do Senhor
será salvo”.
“Você vê como é simples aceitar o presente de Deus? Tudo o que temos de fazer é reconhecer o fato
de que pecamos e merecemos a morte, e então invocar a Deus humildemente para que nos dê o Seu perdão e
a vida nova que nos oferece. Foi o que eu fiz há alguns anos, e gostaria de incentivá-lo a fazer o mesmo”.12
CONCLUINDO
Para evangelizar com efetividade é importante que você use e abuse da criatividade que Deus lhe deu.
Mas, preste bem atenção para ministrar um conteúdo sólido e embasado na Verdade bíblica. Tome as
seguintes precauções:
1) Evite discursos longos: as pessoas querem conversar, querem ser ouvidas e não apenas ficar ouvindo o
que você tem a dizer. Lembre-se: seja sensível às necessidades das pessoas. Uma forma excelente de fugir do
discurso é iniciar a conversa com perguntas e prestar muita atenção naquilo que as pessoas respondem.
2) Ensine o evangelho aos poucos: tenha cuidado para não querer colocar informações demais para as
pessoas. No primeiro momento, elas precisam apenas do essencial, evite os detalhes, não tome tempo demais
das pessoas, saiba o momento de parar.
3) Seja ousado: Ore, peça a Deus oportunidades para colocar em prática tudo que aprendeu e não tema, pois
o Senhor porá nos seus lábios as palavras de sabedoria. Confie no Senhor e creia nos milagres que Ele
realiza.
12
HYBELS, Bill. MITTELBERG, Mark. BISPO, Armando. Cristão Contagiante. Descubra o seu próprio jeito de evangelizar. São
Paulo:1a ed. São Paulo: Vida, 1999. p. 176.
51
LIÇÃO 8: APÊNDICE
Reflexões sobre o nosso tempo
Nas últimas décadas as comunidades cristãs13 latino-americanas têm desenvolvido poderosas reflexões
acerca do envolvimento da Igreja do Senhor Jesus com as alas mais carentes da sociedade. Essas reflexões
nos convidam a estarem mais atentos aos sofrimentos e às esperanças das pessoas pobres do nosso continente
e, no nosso caso, do Brasil e, especificamente, da nossa castigada Paraíba. Tais ponderações bíblicosociológicas são, na realidade, um desafio a uma aproximação mais efetiva da Igreja com as camadas mais
necessitadas da sociedade no inestimável intuito de SERVIR e RESGATAR estes homens e estas mulheres
que são a maior e mais tangível referência viva aos sofrimentos do próprio Cristo.
Por isso, seguindo essa linha de raciocínio, entende-se que a comunidade cristã, de maneira geral, deve
apresentar-se, mais firmemente, como um agente prático e poderoso do Reino de Deus na história de um
povo sofrido e de poucas esperanças. Dando testemunho de Cristo e agindo em favor de mudanças
significativas no contexto sociocultural da presente época. Tais reflexões, graças a Deus, têm conduzido as
instituições religiosas dos nossos dias, através de um profundo mergulho nas Sagradas Escrituras, ao retorno
à ideologia social firmada no amor ao próximo, imitando a conduta da Igreja Primitiva. Também é muito
bom saber que essas reflexões pastorais, e espirituais, da igreja contemporânea têm surtido efeito positivo
sobre os movimentos políticos e, até mesmo, sobre as instituições sociais seculares. Essas entidades têm,
paulatinamente, tomado consciência da importância do voluntariado no combate a pobreza14 desumana a que
muitos de nossos irmãos estão subjugados. É preciso lembrar que a Igreja inventou o trabalho voluntário e
que cremos ser esse o exercício verdadeiramente prático do sacerdócio universal do Povo de Deus: refletir,
agir e multiplicar os caminhos do evangelho, entendendo que a boa nova do Senhor Jesus é a vida em
abundância.15
Todas as reflexões e ações pastorais das comunidades cristãs latino-americanas trazem como pano de
fundo o reconhecimento de que o evangelho deve ser levado para “toda criatura”16 investido de
espiritualidade e de dignidade. E não devem ser jamais, confundidas com a doutrina da Teologia da
Libertação que desconsidera os aspectos espirituais da vida humana. Pelo contrário, a compreensão de que é
o pecado o grande causador das distorções sociais que acompanham a história da humanidade é
absolutamente necessária para um entendimento real do problema e para a formulação de propostas para
aliviar esse sofrimento. Por isso é importante atentar para as palavras do professor Louis Berkhof
denunciando que “o pecado obscureceu o entendimento do homem e ainda exerce influência perniciosa sobre
13
Incluem-se aqui as comunidades cristãs evangélicas e católicas .
A pobreza a que nos referimos nesse instante é muito mais do que a falta de elementos para a subsistência, é a pobreza da alma, a
pobreza do distanciamento de Deus e a cegueira espiritual.
15
C.f. Jo 10: 10 – Considerando, aqui, todos os cuidados interpretativos, pois abundância não se confunde com opulência.
16
C.f. Mc 16: 15.
14
52
a vida mental consciente. Consequentemente, esforços especiais são necessários para que possamos nos
proteger contra o erro”.17 Não estamos falando que os pobres pecaram mais ou menos que os abastados.
Muito longe desse tipo de julgamento, estamos introduzindo os tais “esforços especiais” para uma
compreensão mais ampla e profunda da realidade do sofrimento humano a partir das revelações do
evangelho. O pecado é apresentado aqui como causador das distorções sociais e não apenas da pobreza.
Assim, ricos e pobres são chamados ao arrependimento e ao reconhecimento das suas implicações
espirituais, morais e materiais.
Baseados nessa inevitável observação da relação do homem com o pecado, nós, enquanto Igreja do
Senhor precisamos entender que não são apenas as cadeias da pobreza que prendem a humanidade ao
sofrimento, mas que existem outros grilhões que cerceiam a liberdade e cegam o entendimento das pessoas.
Como, por exemplo, as drogas, a prostituição e o abandono familiar, que estão presentes nas realidades de
todas as camadas da sociedade e não apenas nas classes mais pobres. O fato é que essas atitudes são tipos de
pecados que geram apartamento no convívio social, ou seja, rejeição, violência e intolerância, formando,
dentro de cada extrato social, determinados grupos de excluídos, execrados, ou, simplesmente,
marginalizados. Estas pessoas precisam de Cristo, elas precisam ouvir a proclamação do evangelho e
experimentar a vivência prática de uma mensagem de restauração e esperança para a vida e para a eternidade.
Elas precisam de uma cura afetivo-emocional, da recuperação de sua dignidade frente à sociedade, de uma
condição econômico-financeira que viabilize o seu sustento e principalmente, mas não somente, da salvação
de sua alma. É esse o rumo dos pensamentos das comunidades que verdadeiramente se importam em cumprir
a missão integral da Igreja do Senhor.
Felizmente, essa preocupação com a pregação integral do evangelho do nosso Senhor Jesus Cristo não
está restrita às fronteiras da América Latina. Pelo contrário, apresentou-se ao mundo através de um dos mais
significativos congressos evangélicos já realizados na história recente da humanidade, o Congresso Mundial
de Evangelização de Lausanne, na Suíça. É necessário falar um pouco sobre esse momento rico da história
do evangelho, pois aquele evento realizado em 1974, numa cidadezinha da Europa, reuniu 2.700 líderes
evangélicos de mais de 150 países diferentes e mudou a trajetória ministerial de milhares de igrejas no
mundo inteiro. Aqueles líderes, reunidos sob o tema “Que o mundo ouça a Sua voz”, enfrentaram os
obstáculos impostos pelas suas diferenças culturais, linguísticas e conjunturais, esforçaram-se para deixar de
lado as divergências teológicas e produziram um documento de intenções missionárias que ficou conhecido
como Pacto de Lausanne. As reflexões ali contidas tornaram-se um marco na contextualização do evangelho
e levaram muitos homens e mulheres de Deus, espalhados pelo mundo, a alterar a forma como até então
encaravam seu compromisso com o Evangelho, com o Senhor e com a Sua obra. Apesar de ficar longe de
conquistar unanimidade, o Pacto conquistou legitimidade, pois, apesar de receber críticas pelas suas
inovações, este documento é uma referência mundial para iniciativas cristãs que contribuem para a
construção de sociedades mais justas e igualitárias.18 O Pacto de Lausanne convoca a igreja evangélica a uma
17
BERKHOF, Louis. Princípios de Interpretação Bíblica. 2ª ed. São Paulo: Cultura Cristã, 2004. p. 10.
Não se trata de igualitarismo político ou de comunismo, mas de oportunidades de vida igualmente acessíveis aos diversos setores
sociais de uma comunidade ou região.
18
53
participação singular nos seus próprios contextos sociais através do efetivo atendimento ao chamado do Pai,
na esperança de que o Reino de Deus seja brevemente instaurado. Por isso clama-se: “Que o mundo ouça a
Sua voz”.
A influência de Lausanne, talvez por causa da sua preocupação com a ação social, foi muito maior nos
países pobres, como os da América Latina. Aqui no Brasil o Pacto teve reflexos muito fortes, principalmente
entre os membros da ABUB (Aliança Bíblica Universitária do Brasil). Como resultado disso, três grandes
congressos missionários foram realizados entre os estudantes universitários brasileiros. O primeiro deles foi
realizado em Curitiba, em 1976, e através de um documento chamado Pacto de Curitiba, estimulou os
participantes ao compromisso de uma atividade de evangelização pessoal, porém envolvida com a igreja
local, utilizando suas profissões como instrumento ideal para proliferar a mensagem do evangelho em todos
os setores da sociedade. Logo depois, em 1983, um novo congresso foi realizado em Belo Horizonte,
produzindo, como nos outros encontros, um documento chamado “Compromisso de Belo Horizonte” que é
uma reafirmação das linhas teológico-missionárias de Lausanne e Curitiba. E, 23 anos mais tarde, em 2006,
realizou-se, em Viçosa-MG, o terceiro encontro missionário promovido pela ABUB nessa linha de ação.
Esse encontro, a exemplo dos outros, também gerou uma carta missionária declarando os propósitos bíblicos
que devem nortear a igreja moderna, considerando a sua atual conjuntura, nos caminhos da evangelização do
Brasil. Os dois grandes elos entre esses documentos produzidos em épocas e lugares distintos são: 1) a
humildade em admitir que se faz muito pouco pela evangelização do mundo e; 2) o reconhecimento da
necessidade de um envolvimento integral do cristão com a missão da Igreja do Senhor Jesus.
Então, mesmo afirmando que todos os perdidos precisam da salvação oriunda do Senhor Jesus,
entendemos que a prática da pregação do evangelho deve ser um exercício preferencialmente direcionado ao
resgate e à dignificação dos excluídos, ou marginalizados, de maneira geral. E entendemos, também, que
toda ação relevante para um povo necessitado tem o seu início ligado a um contexto intelectual que
vislumbra uma realidade social impressa no tempo e no espaço.
Assim, a Cidade Viva nasceu sob a égide intelectual da mensagem do evangelho debulhada sob o
atento olhar da teologia latino-americana e aplicada à dura realidade do nordeste brasileiro. Isso significa que
a Cidade Viva foi concebida como um projeto de igreja voltado inteiramente para as reais necessidades do
povo que a rodeia.
O DESAFIO DE FALAR D E JESUS PARA UM MUND O PÓS-MODERNO
(Texto de Cláudio Régis)
Sem os punhos de ferro da modernidade,
a pós-modernidade precisa de nervos de aço.
Zygmunt Bauman
“Não há longo prazo.”
54
Lema do capitalismo contemporâneo
– Eu – disse ele ainda – possuo uma flor que rego todos os dias.
Possuo três vulcões que revolvo toda semana. Porque revolvo também o que está extinto. A gente
nunca sabe! É útil para os meus vulcões, é útil
para a minha flor que eu os possua. Mas tu não és útil às estrelas...
O empresário abriu a boca, mas não encontrou nenhuma resposta, e o principezinho se foi...
“As pessoas grandes são mesmo extraordinárias”, repetia para si durante a viagem.
(SAINT-EXUPÉRY, 2000: 49).
Pois que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, se perder a sua alma?
Jesus Cristo (Mateus 16: 26)
O filósofo marxista Frederic Jameson considera os anos 60 como o início da pós-modernidade,
entendida por ele como lógica cultural do capitalismo tardio. Mas apenas a partir da década de 70 o debate
em torno do tema torna-se mais inflamado. As raízes da discussão encontram-se na crise cultural que se faz
sentir, principalmente, a partir do pós-guerra. O desencanto que se instala na cultura é acompanhado da crise
de conceitos fundamentais ao pensamento moderno, tais como “Verdade”, “Razão”, “Legitimidade”,
“Universalidade”, “Sujeito”, “Progresso”, etc. O efeito da desilusão dos sonhos alimentados na modernidade
se faz presente nas três esferas axiológicas por ela mesma diferenciadas: a estética, a ética e a ciência. Tal
efeito apresenta-se nos mais diversos campos de produção cultural, tais como a literatura, a arte, a filosofia, a
arquitetura, a economia, a moral, etc.
Dentro desde panorama, certo pregador propõe a seguinte pergunta: ”Que Evangelho-Boa-Nova cabe
para salvar a geração mais incrédula e perversa, complexa, complicada, insegura, agitada, desalmada,
tarada, bem-sucedida e insatisfeita, injusta e materialista que já habitou o chão do planeta Terra”?
Ora, estamos numa época em que as igrejas, no sentido das instituições, vivem uma crise de
identidade, tentando tresloucadamente se agarrar a modelos pré-fabricados a fim de que possa através destas
“muletas” obterem o almejado “sucesso ministerial”.
Paremos para pensar. Se o Evangelho é simples, por que tantos modelos? G12, M12, D2, C3PO, com
propósito, sem propósito, de propósito, episcopal, “apostólico”, etc... Tanto faz. O ponto é que esta geração,
a geração nascida após a década de 1960, chamada pós-moderna, em que estamos inseridos existencialmente,
precisa de respostas e não destes modelos enlatados importados.
Mas afinal, quem é este homem pós-moderno?
55
Conforme um artigo de Paulo Brabo19, ele define o homem pós-moderno como “ao mesmo tempo
cético, espiritual e tolerante. Ele duvida da eficácia da razão, do pensamento linear, da lógica convencional,
da explicação racional. Ele está, portanto aberto a todas as formas de misticismo e religiosidade, mas não
apostará na validade definitiva de nenhuma, porque crê que todas contêm sua parcela de “verdade” e
nenhuma pode ter a pretensão de se posicionar como verdade – possibilidade que arruinaria a validade e a
beleza das outras alternativas.”
Somos a geração “vídeo-clipe” onde toda linearidade e lógica convencional são desconstruídas. Basta
ver a propaganda, o cinema, o vídeo-game, a música, o “facebook”, o “second life”... Nesta sociedade
imediatista e flexível, as relações interpessoais são apenas fragmentos de uma “história pessoal”20.
“Como transmitir-se a verdade a quem não acredita numa verdade definitiva?” - Pergunta Brabo no
mesmo artigo.
A alma pós-moderna diz: “Eu posso estar redondamente enganado / eu posso estar correndo pro lado
errado / mas a dúvida é o preço da pureza / e é inútil ter certeza.” (Infinita Highway – Engenheiros do
Havaí).
Como na música transcrita acima, o homem pós-moderno, ou o filho desiludido do modernismo, não
consegue acreditar numa verdade definitiva, absoluta e racional. Verdades vindas das “teologias
sistemáticas” não conseguem atingir esta geração. Não adianta ficar falando de “plano de salvação”, “quatro
leis espirituais”, “predestinação”, “livre-arbítrio”, ou qualquer plano vindo dos livros e seminários21.
Devemos voltar a Bíblia, compreender e reconhecer que a VERDADE (agora em maiúsculo) que
precisamos transmitir é uma PESSOA e não uma série “sensata” de proposições racionais. Devemos
transmitir “a insensatez do Evangelho” e o “escândalo da Cruz”. Como escrito acima, esta geração duvidará
de toda verdade definitiva, mas sendo esta racional. Portanto devemos apresentar uma verdade relacional,
ou ainda, um relacionamento com a VERDADE.
Como assim?
Devemos apresentar uma VERDADE-PESSOA chamada JESUS (“a palavra se fez pessoa” ou “a
palavra se fez gente” – João 1: 1).
19
www.baciadasalmas.com
Sennett, R. A corrosão do caráter – consequências pessoais do trabalho no novo capitalismo. Rio de Janeiro. Record. 1999
21
Vejam que eu não estou dizendo que a teologia ou qualquer estudo sistemático não tem valor, mas que a VERDADE é muito mais
do que lógica e raciocínio.
20
56
Significa que a PALAVRA-VERDADE-PESSOA-JESUS deve ser a tônica de nossa pregação para
esta geração.
De que forma precisamos apresentar esta VERDADE?
Para isso, obviamente, não existe respostas prontas. Cabe a cada um de nós em nosso trabalho, família,
academia, escola, clube, esquina, casa, grupo pequeno, bares, ônibus, comunidade, roda de amigos, grupo
de teatro, sala de aula, vestiário, chat, blog... Enfim, onde estivermos, devemos apresentar JESUS como a
VERDADE-PESSOA através de um relacionamento e não com uma abordagem “convencional-racionalista”,
pois esta, talvez, não conseguirá despertar interesse de quem estiver ouvindo.
Veja, talvez seja mais importante você contar uma história (Jesus sempre tinha uma parábola ou
história – “... a que posso comparar o Reino...” Ele dizia.) ou ir ao cinema com alguém do que chamá-lo para
ir a “igreja”, visto que a Igreja somos nós. Abrace seus amigos e deixe que eles vejam Cristo em suas vidas.
Aqueça corações através de sua vida.
Tenha em mente que a VERDADE-PESSOA-JESUS não pode ser comprovada ou refutada pelo
método científico. Ora, se a VERDADE é uma PESSOA, significa que ela precisa ser abraçada e
experimentada, nunca explicada racionalmente.
Estamos diante de um grande desafio. Um desafio que requer uma verdadeira espiritualidade (no
melhor e mais amplo sentido), visto que se nós mesmos não abraçarmos e experimentarmos a PESSOAVERDADE-JESUS não estaremos qualificados a apresentá-lo. Outro desafio é rompermos com as barreiras
dos métodos, da liturgia engessada, das institucionalizações, das quatro paredes da “igreja” e de todos os
achismos e “penduricalhos evangélicos” existentes no mercado.
Precisamos dizer ao mundo que o Evangelho-Boa-Nova-Verdade-Pessoa-JESUS é o poder de Deus
para salvação:

Da depressão (o mal do século segundo a OMS);

Da síndrome do pânico mundial que estamos vivendo;

Do desespero contido na alma civilizada e cheia de fios neuro-elétricos desencapados;

Da insatisfação crônica que consome, consome, consome e nunca sacia!

Da insegurança espiritual que faz que todos se sintam pisando em campo minado!

Das alucinações geradas pelo excesso de informação e marketing;

Do entorpecimento anestesiante, da embriaguez dos sentidos, da promiscuidade suicida;

Das “guerras que militam dentro de nós” segundo Tiago;
57

Da frieza relacional, que impõe o lema: Eu antes, Eu primeiro, eu acima! – como base social
dos casamentos, das comunidades, das amizades, das igrejas, das empresas, das corporações
e entre as nações! (CF)
Em um artigo escrito em quatro partes pelo Pr. Sérgio Queiroz – As marcas de uma liderança
servidora (quem não leu é só entrar no site: www.cidadevida.org.br), observamos alguns pontos interessantes
sobre como sobressair neste mundo pós-moderno. Este artigo nos mostra como Jesus é o exemplo do perfil
que devemos ter para que “tenhamos uma influência transformadora na vida dos outros” e mostra que
“servir” é a chave das relações interpessoais. Um Rabino uma vez disse: Deus não está nas pessoas está
entre as pessoas. Significa que se nós que dizemos ter a VERDADE em nossas vidas e não formos
relevantes para o próximo, de forma que este enxergue Deus em nós, sinto muito, mas nós estamos
transformando a verdade em mentira pelas nossas omissões.
No Reino, as hierarquias são horizontais, não verticais. No Reino, o maior é aquele que serve.
É uma lógica invertida, uma vez que, o homem desta geração é avesso às lógicas. Portanto é um ponto
a favor daqueles que querem mudar e transformar o mundo em sua volta.
Pregue a Boa-Nova de Jesus, o Evangelho da Ressurreição, da Graça e da Reconciliação através da
sua vida, através dos relacionamentos e se necessário use as palavras.
Lembrem-se, mais uma vez, que as hierarquias são horizontais e que todos devem servir a todos
através de seus dons e talentos.
Jesus deu o exemplo, que mesmo sendo Senhor e Mestre, lavou os pés de seus discípulos.
No Reino, os maiores são:
João Batista que serviu a Deus até ser “servido” numa bandeja;
O samaritano que tratou de um estranho, gastando seu tempo e dinheiro, sem se importar quem
era;
A prostituta que lavou os pés de Jesus com lágrimas e os enxugou com seus cabelos;
Aqueles que vestiram Jesus e o visitaram na cadeia, cuidaram dos pobres, dos órfãos e das viúvas
e não os que em nome dele operaram milagres e expulsaram demônios sem, contudo nada amar
senão a si próprios e seus ventres.
Por fim, somente a VERDADE-PESSOA-JESUS pode libertar os cativos dos novos cativeiros pósmodernos. Servir não é só “fazer o serviço” da igreja, mas é tentar ter o mesmo “sentimento que houve em
58
Cristo Jesus, o qual, subsistindo em forma de Deus, não considerou o ser igual a Deus coisa a que se devia
aferra, mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, tornando-se semelhante aos homens; e,
achando-se na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, tornando-se obediente até a morte, e morte de
cruz”. (Filipenses 2: 5-8)
Pensem nisso.
Nele, que foi, é e sempre será a resposta para todas as gerações.
59
REFERÊCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BERKHOF, Louis. Princípios de Interpretação Bíblica. 2ª ed. São Paulo: Cultura Cristã, 2004.
GRUDEM, Wayne. Teologia Sistemática. 1a ed. São Paulo: Edições Vida Nova. 2000.
HENDRIKSEN, William. Comentário do Novo Testamento. Colossenses e Filemon. 1a ed. São Paulo:
CEP, 1993.
HYBELS, Bill. MITTELBERG, Mark. BISPO, Armando. Cristão Contagiante. Descubra o seu
próprio jeito de evangelizar. São Paulo:1a ed. São Paulo: Vida, 1999.
SCHWARZ. Christian A. Mudança de Paradigma na Igreja. Como o desenvolvimento natural da
Igreja pode transformar o pensamento teológico. 1a ed. Curitiba: Evangélica Esperança, 2000.
SENNETT, R. A corrosão do caráter – consequências pessoais do trabalho no novo capitalismo. Rio
de Janeiro: Record, 1999.
SPROUL, R. C. Salvos de quê? Compreendendo o significado da salvação. São Paulo: Vida, 2002.
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