LIÇÕES BÍBLICAS CPAD – 3º TRIMESTRE 2014. LIÇÃO 4

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LIÇÕES BÍBLICAS CPAD – 3º TRIMESTRE 2014.
LIÇÃO 4.
GERADOS PELA PALAVRA DA VERDADE. SUBSÍDIO
INTRODUÇÃO
I – RELAÇÕES ENTRE OS POBRES E OS RICOS DA IGREJA (TG 1.9-11)
II – DEUS SÓ FAZ O BEM (TG 1.16,17)
III – PRIMÍCIAS ENTRE AS CRIATURAS (TG 1.18)
CONCLUSÃO
A PERSPECTIVA DO EVANGELHO DE CRISTO PARA A SUA IGREJA.
(TG 2.5)
A pregação de Cristo atraía as multidões que buscavam ouvir o que o humilde
Nazareno ensinava em seus sermões. Muitos ficavam admirados ao escutar
palavras de uma sabedoria jamais vista. O evangelista Mateus informa que isto se
dava, porque o Senhor “os ensinava com autoridade e não como os escribas” (Mt
7.28-29). Era comum encontrar Cristo cercado de pessoas que o seguiam por conta
de um milagre, para estar mais perto do “messias” ou mesmo por causa da comida
(Jo 6.26,27). De modo geral, os evangelhos apresentam o “Messias” com
características peculiares de um “Reino que não é deste mundo”, com propósitos e
ensinamentos totalmente diferentes daqueles apresentados pela liderança judaica
que dominava a religião em Israel naquela época. Nesse sentido, é importante
refletirmos acerca do propósito da mensagem de Cristo no período em que
desenvolveu o seu ministério terreno. Que perspectiva Jesus trazia em seu
discurso? Qual a base de sua mensagem? Qual o maior interesse de Jesus em sua
pregação? Estas são algumas questões que devem ser consideradas pela igreja ao
anunciar a Mensagem do Reino. Para isso, a igreja deve refletir se está
compreendendo corretamente o propósito do Evangelho de Cristo e se a mensagem
anunciada atualmente corresponde à perspectiva do anúncio do Reino Divino.
Para entendermos o discurso de Jesus, é importante destacarmos que a
compreensão de reino messiânico aguardada pelos judeus estava deturpada. Israel
havia deixado de honrar a Deus para honrar aos homens. A Torá, ensinada por
Moisés, já não tinha a mesma significância. Os escritos do Pentateuco haviam sido
alterados em seu sentido original para dar lugar a uma nova interpretação que
satisfazia os interesses do Concílio Sacerdotal. De acordo com Lawrence O.
Richards, em o Comentário Histórico-Cultural do Novo Testamento, entre os textos
utilizados pelos fariseus estão “a ‘Tradição’, ou paradosis, e se refere à lei oral, ou
ao conjunto de comentários e interpretações que até mesmo no século I haviam sido
transmitidos de geração a geração com autoridade”; faziam uso também da
“Halakah (regras para o estilo de vida); e do Mishnah, que é um importante código
de leis dividido em seis partes que tem a intenção de regulamentar a vida diária e a
adoração do povo judeu. Está na forma de declarações de rabinos dos séculos I e II
d.C., e reflete a perspectiva dos mestres da Lei na época de Jesus” (CPAD, 2007,
pp. 48-49).
Estes ensinamentos foram adquirindo ao longo do tempo determinada
autoridade de ensino no meio judaico e foram confrontados por Cristo, pois eram
constituídos por mandamentos de ordem humana, superficiais e de falsa
espiritualidade tratados por Jesus como “fardos pesados colocados sobre os ombros
dos homens” (Mt 23.4). Sem contar a total corrupção dos sacerdotes e levitas que
buscavam a troca de favores políticos junto ao Governo Romano (Jo 11.47-48).
Nesse contexto, o povo andava cego, “como ovelhas que não tem Pastor” (cf. Mt
9.36; 10.6), vivendo em extrema decadência espiritual. A nação de Israel não
esperava um reino sobrenatural, mas um reino terreno, onde o “messias” tão
esperado traria a libertação do domínio romano e instituiria o reino messiânico
formado por um forte exército, levando todas as nações a se prostrarem ante a
supremacia israelita (Jo 4.25; 12.12-13; 18.36-37).
Contudo, não foi nesta perspectiva terrena que Cristo “veio para os que eram
seus” (cf. Jo 1.11). O humilde Nazareno pregou o “Evangelho do Reino” da forma
mais simples possível, convidando a todos para que “se arrependessem de seus
pecados, pois era chegado o Reino de Deus”. A mensagem messiânica apresentada
aos judeus não tinha como objetivo reinstituir uma nova dinastia, tal como a
davídica, tomando o governo de Roma e descartando a liderança judaica a fim de
instituir um domínio terreno. Antes, o propósito do Senhor foi trazer a salvação às
nações por meio de Israel, “extirpando” o pecado e ensinando o amor de Deus em
uma nova perspectiva quando, finalmente, seria possível o domínio divino sobre o
coração de todos os homens. Esta mensagem não foi bem compreendida pelos
judeus, que rejeitaram a Cristo e mataram o Filho de Deus, pendurando-o numa
cruz.
Uma peculiaridade do ministério terreno do Senhor Jesus, era o fato de os
seus ensinamentos serem práticos. Ele tratava com grande valor a obediência a
Deus, o amor ao próximo e uma vida santificada diante do Criador e dos homens.
Seus ensinos não eram propagados com superficialidade e aparência de
religiosidade, mas objetivavam em tornar conhecido o próprio Deus, amoroso,
compassivo e misericordioso, disposto a perdoar e restaurar os corações daqueles
que estavam presos no pecado e distantes da salvação. O discurso de Jesus
indicava um novo caminho a ser trilhado por aqueles que recebiam a mensagem do
Reino de bom grado (Jo 14.6).
Em observação a estes preceitos, a igreja de Atos deu início à grande missão
de pregar a “Palavra da salvação”. Podemos observar que a igreja estava
fundamentada em, ao menos, quatro pilares: “E perseveravam na doutrina dos
apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações (At 2.42). Vemos que
estes princípios estavam de acordo com os ensinos de Jesus apresentados nos
evangelhos (Mt 5-7; Lc 6.17-49). Dessa forma, a boa, agradável e perfeita vontade
de Deus era experimentada por todos os irmãos daquela igreja que estava surgindo
(At 2.40,41; Rm 12.1,2). Pois “em cada alma havia temor, e muitas maravilhas e
sinais se faziam pelos apóstolos” (v.43). O “fruto do Espírito” era abundante entre
todos, a ponto de “venderem as suas posses e repartirem conforme as
necessidades de cada um” (v.45). Entre outras palavras, a identidade daquela igreja
estava plenamente moldada não a uma perspectiva terrena, e sim, à perspectiva do
Reino de Deus, onde “não há diferença entre judeu ou grego, servo ou livre, macho
ou fêmea, porque todos são de Cristo Jesus” (Gl 3.28); “porque um mesmo é o
Senhor de todos, rico para com todos os que o invocam” (Rm 10.12). Assim, não
havia acepção de pessoas e todos trabalhavam em prol do bem comum da
comunidade.
É esta perspectiva do Reino de Deus que a Igreja atual precisa ter. A
pregação do evangelho foi revestida de várias faces de acordo com a época em que
a igreja atravessou e conforme a visão adotada pelos diversos cleros que surgiram
ao longo da Igreja Cristã, bem como resultante do período pós-Reforma Protestante.
Todos se apropriaram da Verdade conforme o contexto em que estavam inseridos. A
igreja evangélica atual, com sua grande diversidade denominacional, possui muitos
ensinamentos que precisam ser analisados se estão de acordo com o Evangelho de
Cristo e se possui, em sua essência, a perspectiva do Reino de Deus. Notamos que
a atenção maior de Cristo nos evangelhos estava justamente nas pessoas. São
estas, e não os protocolos institucionais, a razão do ministério de Jesus. Com efeito,
boa parte da pregação de Cristo era voltada para as classes sociais mais baixas que
eram desprezadas e desprovidas até mesmo de recursos básicos para a própria
subsistência. Em Jesus, as multidões encontravam o retorno à fé e à comunhão com
Deus através de um “jugo suave e de alívio para as suas almas cansadas por conta
dos pecados” (Mt 11.28-30). O reflexo daquele evangelho era a unanimidade
presente na comunidade de Atos, exemplo para os dias atuais onde o cenário
encontra-se carente de uma profunda reflexão quanto aos princípios e valores
expostos por Cristo para que a fé pura e verdadeira seja renovada.
Desta forma, o evangelho de Cristo alcança os corações em todas as
ordenações humanas sem haver qualquer acepção por parte dAquele que chama e
quer que todos venham alcançar a salvação (1 Tm 2.3-4). Portanto, como afirma
Tiago em sua epístola, as relações no seio da igreja devem ser legítimas sem
qualquer distinção entre pobres e ricos, pois “Deus escolheu aos pobres deste
mundo para serem ricos na fé e herdeiros do Reino que prometeu aos que o amam”
(Tg 2.5). Sendo gerados pela palavra da verdade, os “nascidos de novo” possuem
valores que estão em contraste com os valores egocêntricos do mundo, cuja
preocupação encontra-se em tudo o que é carnal e terreno. Para o Evangelho do
Reino, o amor de Deus se mostra interessado pelas pessoas, não por aquilo que
elas possuem, e sim, por aquilo que elas são. Este Evangelho está fundamentado
no amor a Deus, seguido pelo amor ao próximo que devem reger a igreja para uma
perspectiva de vida cristã, onde aquilo que cremos é inerente ao que praticamos.
Por Thiago Santos.
Educação Cristã.
Publicações. CPAD.
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