Volume 17 Novembro número 3 ISSN 0102-0536 1999 SOCIEDADE DE OLERICULTURA DO BRASIL Presidente Rumy Goto UNESP-Botucatu Vice-Presidente Nilton Rocha Leal UENF-CCTA 1º Secretário Arlete Marchi T. de Melo IAC 2º Secretário Ingrid B. I. Barros UFRGS-Porto Alegre 1º Tesoureiro Marcelo Pavan UNESP-Botucatu 2º Tesoureiro Osmar Alves Carrijo Embrapa Hortaliças COMISSÃO EDITORIAL DA HORTICULTURA BRASILEIRA Presidente Leonardo de Brito Giordano Embrapa Hortaliças Editor Antônio T. Amaral Jr. UENF-CCTA Editora Arminda Moreira Carvalho Embrapa Cerrado Editor Danilo F. Silva Fo INPA Editor José Magno Q. Luz UFU Editor Marcelo Mancuso da Cunha IICA-MI Editora Maria Aparecida N. Sediyame EPAMIG Editora Maria do Carmo Vieira UFMS - CEUD - DCA Editora Mirtes Freitas Lima Embrapa Semi-Árido Editor Renato Fernando Amabile Embrapa Cerrados Editora Sieglinde Brune Embrapa Hortaliças CORRESPONDÊNCIA: Horticultura Brasileira Caixa Postal 190 70.359-970 - Brasília-DF Tel.: (061) 385-9000/9051 Fax: (061) 556-5744 www.hortbras.com.br [email protected] ÍNDICE CARTA DO EDITOR 181 PESQUISA Influência do ácido acetilsalicílico, da sacarose e da temperatura na conservação in vitro de segmentos caulinares de batata. A. M. da Conceição; G. R. de L. Fortes; J. B. da Silva. 182 Densidade radicular de progênies de pupunheira em função de adubação NPK. M. L. A. Bovi; S. H. Spiering; A. M. M. Barbosa. 186 Crescimento e estado nutricional de abóbora híbrida em função de adubação orgânica e mineral. N. F. Silva; F. A. Ferreira; P. C. R. Fontes; M. A. N. Sediyama. 193 Rendimento de híbridos de melão amarelo em diferentes densidades de plantio. L. C. Grangeiro; J. F. Pedrosa; F. B. Neto; M. Z. de Negreiros. 200 Aplicação de esterco bovino e uréia na couve e seus reflexos nos teores de nitrato e na qualidade. V. C. P. Zago; M. R. Evangelista; D. L. de Almeida; J. G. M. Guerra; M. C. P. Neves; N. G. Rumjanek. 207 Adubação química e calagem em erva-baleeira. M. de F. Arrigoni-Blank; V. Faquin; J. E. B. P. Pinto; A. F. Blank; O. A. Lameira. 211 Caracterização e avaliação de substratos para o cultivo do tomateiro fora do solo. J. L. Andriolo; T. S. Duarte; L. Ludke; E. C. Skrebsky. 215 Acúmulo de matéria seca e exigências nutricionais de plantas de alho provenientes de cultura de tecidos e de propagação convencional. F. V. Resende; V. Faquin; R. J. de Souza; V. S. Santos. 220 Ação do etileno em combinação com thidiazuron, nitrato de prata e ácido acetilsalicílico na cultura de anteras de pimentão. J. M. Q. Luz; J. E. B. P. Pinto; P. A. D. Ehlert; E. S. Cerqueira; I. Bedin. 226 Época de aplicação de fungicida para controle da mancha de Mycosphaerella do morangueiro. C. Furlanetto; C. K. Tomita; A. C. Café Filho. 231 INSUMOS E CULTIVARES EM TESTE Características comerciais de alho em Picos, PI. M. E. da C. Veloso; R. L. R. Duarte; C. A. Sobrinho; F. de B. Melo; V. Q. Ribeiro. 234 Avaliação da eficiência de formulações de Bacillus thuringiensis para o controle de traça-dascrucíferas em repolho no Distrito Federal. M. C. Branco. 237 Produção hidropônica de alface cv. Verônica em diferentes substratos. H. L. Tavares; A. M. R. Junqueira. 240 Desempenho de cultivares de batata em solo infestado com Ralstonia solanacearum, raça 1. A. M. Quezado-Duval; C. A. Lopes. 244 Caracterização dos estádios fenológicos da cúrcuma, em função da época e densidade de plantio. A. B. Cecílio Filho; R. J. de Souza. 248 NOVA CULTIVAR IPR 82-Araucária, cultivar de batata para olericultura sustentável. C. A. Scotti; N. R. X. de Nazareno. Leopoldina: primeira cultivar de grão-de-bico para Minas Gerais. R. F. Vieira; M. A. V. de Resende; C. Vieira. 254 257 NORMAS PARA PUBLICAÇÃO 259 ESPECIAL Resumos do XXXIX Congresso Brasileiro de Olericultura 263 ÍNDICES 338 Hortic. bras., v. 17, n. 3, nov. 1999. ISSN 0102-0536 Volume 17 number 3 November 1999 INDEX Journal of the Brazilian Society of Vegetable Science EDITOR'S LETTER 181 RESEARCH Effect of acetyl salycilic acid, sucrose and temperature on in vitro storage of potato shoots. A. M. da Conceição; G. R. de L. Fortes; J. B. da Silva. Root density of pejibaye progenies as a function of NPK fertilisation. M. L. A. Bovi; S. H. Spiering; A. M. M. Barbosa. Nutritional state of hybrid squash as a function of organic compost and mineral fertilizer. N. F. Silva; F. A. Ferreira; P. C. R. Fontes; M. A. N. Sediyama. Yield of yellow melon hybrids in different plant densities. L. C. Grangeiro; J. F. Pedrosa; F. B. Neto; M. Z. de Negreiros. Cattle manure and urea use on kale and their influence on the quality and nitrate content. V. C. P. Zago; M. R. Evangelista; D. L. de Almeida; J. G. M. Guerra; M. C. P. Neves; N. G. Rumjanek. Chemical fertilization and liming in Cordia verbenacea. M. de F. Arrigoni-Blank; V. Faquin; J. E. B. P. Pinto; A. F. Blank; O. A. Lameira. Evaluation of substrates for growing tomatoes in soilless culture. J. L. Andriolo; T. S. Duarte; L. Ludke; E. C. Skrebsky. Dry matter accumulation and nutrition requirements of garlic planted with cloves obtained by tissue culture or produceed directly on the field. F. V. Resende; V. Faquin; R. J. de Souza; V. S. Santos. Ethylene action in combination with Thidiazuron (TDZ), silver nitrate (AgNO3) and acetylsalicylic acid on sweet pepper anther culture. J. M. Q. Luz; J. E. B. P. Pinto; P. A. D. Ehlert; E. S. Cerqueira; I. Bedin. Timing of fungicide application for Mycosphaerella leaf spot control on strawberry. C. Furlanetto; C. K. Tomita; A. C. Café Filho. 182 186 193 200 207 211 215 220 226 231 PESTICIDES AND FERTILIZERS IN TEST Evaluation of garlic cultivars in Picos region, PI. M. E. da C. Veloso; R. L. R. Duarte; C. A. Sobrinho; F. de B. Melo; V. Q. Ribeiro. 234 Efficiency of Bacillus thuringiensis formulations in controlling Diamondback Moth in cabbage in the Federal District. M. C. Branco. 237 Yield response of hydroponic lettuce grown on three different substrates. H. L. Tavares; A. M. R. Junqueira. 240 Performance of potato cultivars in soil naturally infested with race 1 of Ralstonia solanacearum. A. M. Quezado-Duval; C. A. Lopes. 244 Characterisation of phenology stages of the turmeric, as a function of time and planting density. A. B. C. Filho; R. J. de Souza. 248 NEW CULTIVAR IPR 82-Araucária, potato cultivar for sustainable vegetable production. C. A. Scotti; N. R. X. de Nazareno. Leopoldina: first chickpea cultivar for Minas Gerais State, Brazil. R. F. Vieira; M. A. V. de Resende; C. Vieira. 254 256 INSTRUCTUINS TO THE AUTHOR Address: Caixa Postal 190 70359-970 Brasília-DF Tel: (061) 385-9000/9051/9066 Fax: (061) 556-5744 www.hortbras.com.br [email protected] 259 SPECIAL Abstracts of the XXXIXCongress of the Brazilian Society of Vegetable 263 ÍNDICES 338 Hortic. bras., v. 17, n. 3, nov. 1999. carta do editor Com a publicação deste volume, completamos mais um ano de lutas e vitórias na condução da nossa revista Horticultura Brasileira. Neste ano de 1999 temos a satisfação de poder apresentar ao nosso público a revista com publicação quadrimestral. Todos aqueles que acompanham a nossa luta e que colaboram conosco, sabem o árduo trabalho que temos para conseguir manter a frequência e a qualidade da nossa revista. Dessa forma quero aqui expressar o meu agradecimento especial aos nossos editores associados (Alice, Antônio Amaral, Arminda, Danilo, José Magno, Salles, Marcelo, Maria Aparecida, Maria do Carmo, Mirtes, Renato e Sieglinde). Infelizmente neste ano deixamos de contar com a valiosa contribuição de dois de nossos editores. Nossa colega Alice, que em março iniciou seu curso de doutorado, e nosso colega Salles que estará dedicando mais tempo à pesquisa com a mosca-das-frutas. Aproveito esta oportunidade para agradecer a ambos pela valiosa contribuição que prestaram à nossa revista nestes últimos anos. Muito sucesso em seus novos empreendimentos. Aproveito a oportunidade para parabenizar a nova Diretoria da Sociedade de Olericultura do Brasil, na pessoa da presidenta, Dra. Rumy Goto, desejando-lhe pleno sucesso. Leonardo de Brito Giordano Hortic. bras., v. 17, n. 3, nov. 1999. 181 pesquisa CONCEIÇÃO, A.M. da; FORTES, G. R. de L.; SILVA, J.B. da. Influência do ácido acetilsalicílico, da sacarose e da temperatura na conservação in vitro de segmentos caulinares de batata. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 17, n. 3, p.182-185, novembro 1999. Influência do ácido acetilsalicílico, da sacarose e da temperatura na conservação in vitro de segmentos caulinares de batata. Adriane M. da Conceição1; Gerson Renan de L. Fortes2 ; João Baptista da Silva.3 1/ UFPel - Colegiado de Pós-Graduação em Agronomia, C. Postal 354, 96.010-900 Pelotas-RS; 2/ Embrapa Clima Temperado, C. Postal 403, 96001-970 Pelotas-RS; 3/ UFPel/IFM, C.Postal 354, 96.010-900 Pelotas-RS. RESUMO ABSTRACT O presente trabalho foi realizado no Laboratório de Cultura de Tecidos da Embrapa Clima Temperado (Pelotas-RS), com o objetivo de estudar o efeito do ácido acetil salicílico (AAS), associado à sacarose e à temperatura na conservação in vitro de segmentos caulinares das cultivares de batata Baronesa e Santo Amor. Os segmentos foram inoculados em meio de cultura com sais e vitaminas de MS, acrescido de 100 mg.L-1 de mio-inositol, 6 g.L-1 ágar e com sacarose nas concentrações de 10, 30 e 50 g.L-1 combinadas com ácido acetil salicílico a 0, 3, 6, 9 e 12 mg.L-1 . Após a inoculação o material foi mantido às temperaturas de10 e 25°C. O experimento constituiu-se de um fatorial AxBxCxD [temperatura (2) x sacarose (3) x AAS (5) x cultivar (2)], em blocos casualizados, com quatro repetições, sendo cada explante uma parcela. O comprimento do segmento caulinar foi analisado pelo teste de Duncan e pela regressão polinomial dos fatores. As avaliações foram iniciadas 15 dias após a instalação do experimento e continuadas a cada 15 dias, sucessivamente ao longo de 180 dias. Da variável percentagem de sobrevivência do material em conservação in vitro foi calculado apenas o valor médio. A concentração de sacarose de 30 g.L-1 no meio de cultura, e a temperatura de 10°C, foram os melhores tratamentos para a melhor conservação in vitro e maior percentagem de sobrevivência dos segmentos caulinares de batata. Effect of acetyl salycilic acid, sucrose and temperature on in vitro storage of potato shoots. Palavras chaves: Solanum tuberosum L., cultura de tecidos. Keywords: Solanum tuberosum L., tissue culture. This work was carried out at the Tissue Culture Laboratory at Embrapa Clima Temperado Pelotas-RS, Brazil, to evaluate the influence of acetyl salycilic acid (ASA), sucrose and temperature in the in vitro storage of potato shoot cvs. Baronesa and Santo Amor. The shoot segments were inoculated on a medium containing MS salts, vitamins, myo-inositol (100 mg.L-1 ), agar (6.0 g.L-1 ) and sucrose at 10, 30 and 50 g.L-1 combined with acetyl salicylic acid at 0, 3, 6, 9 and 12 mg.L-1 . After inoculation the material was kept at 10 or 25°C. The experiment was designed in a factorial A x B x C x D [temperature (2) x sucrose (3) x ASA (5) x cultivars (2)] and displayed in a randomized block with four replicates being each explant one plot. The shoot growth was studied and the data were compared by the Duncan test and by polinomial regression. Evaluation took place every 15 days and the last one was done 180 days after inoculation. The best results were obtained using in vitro storage with the shoots kept at 10°C, on a medium containing to 30 g.L-1 sucrose. (Aceito para publicação em 01 de setembro de 1999) A batata (Solanum tuberosum L.) é a olerácea mais importante cultivada no Brasil, pelo seu alto potencial de rendimento e pelas suas propriedades nutricionais, com produtividade média de 15 t/ha, com uma área plantada, em 1995 de 178.174 ha e uma produção de 2.692334 t (IBGE, 1997). As áreas de produção estão concentradas, principalmente no Centro-Sul do país; o Rio Grande do Sul encontra-se em primeiro lugar em área plantada e em quinto em produtividade, com 9,9 t/ha (IBGE, 1997). O processo de conservação in vitro, que é baseado no crescimento lento das espécies, tem sido considerado uma al182 ternativa à conservação de germoplasma feita a campo em espécies propagadas vegetativamente (Roca et al., 1991). O crescimento rápido das espécies in vitro exige mais mão-de-obra e aumenta a possibilidade de perdas devido à contaminação do material durante repetições contínuas de subcultivo. Por outro lado, o processo de conservação in vitro diminui o número de subcultivos, como também reduz os custos financeiros, as contaminações por microorganismos e a variação somaclonal. O método de conservação in vitro objetiva desacelerar ou até suprimir totalmente o crescimento das células e tecidos in vitro, aumentando o período entre cada subcultivo (Dorion et al., 1991). O crescimento lento tem sido um sucesso na manutenção das gemas de algumas espécies e tem manifestado aplicabilidade podendo ser utilizado rotineiramente para espécies como: batata, batata-doce, maçã, pêra, kiwi, banana, forrageiras e ornamentais (Withers & Williams, 1990). Entre os fatores mais estudados para retardamento do crescimento, encontram-se a redução de temperatura, bem como adição de inibidores de crescimento e osmóticos ao meio de cultura. Os retardantes de crescimento são um grupo de componentes sintéticos que Hortic. bras., v. 17, n. 3, nov. 1999. Ácido acetilsalicílico, sacarose e temperatura na conservação in vitro de batata. reduzem o elongamento da haste; e, geralmente aumentam a coloração verde das folhas. Esses componentes inibem a divisão celular no meristema subapical das gemas, mas tem pouco efeito na produção de folhas e no crescimento de raízes (Gianfagna, 1987). Segundo Salisbury (1992), o ácido acetil salicílico é um hormônio vegetal importante para algumas respostas fisiológicas conhecidas. Tais como, formação floral (Kaihara et al., 1981; Khurama & Maheshwari, 1978); fechamento dos estômatos (LarqueSaavendra, 1979); inibição da síntese de etileno (Leslie & Romani, 1988); resistência a patógenos (Mills & Wood, 1984); produção de proteínas relacionadas a patogenicidade (Ohashi & Matsuoka, 1987) e promotor na formação de colônias de protoplastos (Carswell et al., 1989). Leite et al. (1995), conservaram meristemas de alho in vitro utilizando o ácido acetil salicílico em concentrações de até 4,0 mg.L-1 combinado com manitol 30 g.L-1 , em substituição a sacarose; a maior percentagem de plantas sobreviventes (34,55%) foi obtida na concentração de 0,5 mg.L-1, de ácido acetilsalicílico. Esse trabalho teve como objetivo estudar a modificação do meio de cultura, utilizando o ácido acetilsalicílico como retardante de crescimento associado a um agente osmótico, a sacarose, e à temperatura, na conservação in vitro de segmentos caulinares das cultivares de batata, Baronesa e Santo Amor. por sais e vitaminas de MS (Murashige & Skoog, 1962), acrescido de sacarose (30 g.L-1), mio-inositol (100 mg.L-1), 6benzilaminopurina (BAP) 1 mg.L-1 , ácido-naftalenoacético (ANA) 0,01 mg.L1, ácido giberélico (AG ) 1 mg.L-1 e ágar 3 (6 g.L-1), sendo o pH ajustado a 5,9 com NaOH (1N) antes da adição do agente solidificante. Após a inoculação dos explantes no meio de cultura os frascos foram mantidos em sala de crescimento, por 45 dias, sob 16 horas de fotoperíodo, 2000 lux de intensidade luminosa e temperatura de 25°C ± 2°C. A partir do desenvolvimento dos meristemas, em meio de cultura obteve-se brotações com 2 a 3 cm que foram divididas em segmentos caulinares contendo uma gema axilar e inoculadas em tubos de ensaio contendo 10 ml de meio básico MS sem reguladores de crescimento e com todos os demais componentes da fase anterior. Os frascos foram mantidos em sala de incubação à temperatura e fotoperíodo idênticos aos utilizados no desenvolvimento de meristemas. Após quatro semanas originaram-se novas brotações de 10 a 12 cm Ao atingir o comprimento médio de 12 cm, as brotações sadias (conforme teste de indexação realizados previamente) das duas cultivares foram divididas em segmentos caulinares de 2 cm de comprimento, contendo duas gemas axilares e inoculadas em meio MS acrescido de sacarose (10, 30 e 50 g.L-1); ácido acetilsalicílico (0, 3, 6, 9 e 12 mg.L-1) e mantidas às temperaturas de 10 e 25°C. O experimento constituiu-se de um fatorial AxBxCxD [temperatura (2) x sacarose (3) x AAS (5) x cultivar (2)], em blocos casualizados, com quatro repetições, sendo que cada explante representou uma parcela. Os dados referentes ao comprimento do segmento caulinar foram analisados utilizando-se o teste de Duncan e a regressão polinomial dos fatores. As avaliações foram iniciadas quinze dias após a instalação do experimento e continuadas a cada quinze dias, sucessivamente, ao longo de 180 dias. Da variável percentagem de sobrevivência do material em conservação in vitro foi apenas calculado o seu valor médio. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os resultados da análise da variação apresentaram significância estatística para a grande maioria dos fatores e interações. Somente não foram significativas (a=0,05) as interações AAS x cultivar e temperatura x AAS x cultivar. Tendo em vista este fato e visando uma simplificação do trabalho, selecionamos apenas interações de primeira ordem que se apresentaram como altamente significativas (a=0,01). Da variável percentagem de sobrevivência do material em conservação in vitro foi apenas calculado o seu valor médio. A redução de temperatura proporcionou um menor crescimento dos segmentos caulinares para a cultivar Baronesa à temperatura de 10°C (Figura 1). Para 25°C ocorreu uma inversão de cresci- MATERIAL E MÉTODOS O trabalho foi realizado no Laboratório de Cultura de Tecidos da Embrapa Clima Temperado, Pelotas-RS. Foram utilizadas plantas de batata (Solanum tuberosum L.) das cultivares Baronesa e Santo Amor. Os tubérculos dessas cultivares foram plantados em vasos contendo solo esterilizado com brometo de metila. Após o crescimento e desenvolvimento das ramas até a altura aproximada de 20-25 cm, estas foram cortadas e utilizadas para retirada dos meristemas. O meio de cultura utilizado para isolamento de meristemas foi constituído Hortic. bras., v. 17, n. 3, nov. 1999. Figura 1. Comprimento de segmentos caulinares de batata cvs. Baronesa e Santo Amor à temperatura de 10 e 25°C, após seis meses de conservação in vitro, Pelotas-RS, Embrapa Clima Temperado, 1997 (as letras minúsculas correspondem as comparações entre as cultivares, dentro de uma mesma temperatura e as letras maiúsculas indicam as comparações entre as temperaturas, para uma mesma cultivar, pelo teste de Duncan (a=0.05)). 183 A.M. da Conceição et al. Figura 2. Comprimento dos segmentos caulinares de batata cvs. Baronesa e Santo Amor nas concentrações de 10, 30 e 50 g/l de sacarose, após seis meses de conservação in vitro, PelotasRS, Embrapa Clima Temperado, 1997 (as letras minúsculas correspondem as comparações entre as concentrações de sacarose para uma mesma cultivar e as letras maiúsculas indicam as comparações entre as cultivares, para uma mesma concentração, pelo teste Duncan (a=0.05)). Figura 3. Comprimento de segmentos caulinares de batata para a média das cultivares às concentrações de 10, 30 e 50 g/l de sacarose, e sob temperatura de 10 e 25°C, após seis meses de conservação in vitro, Pelotas-RS, Embrapa Clima Temperado, 1997 (as letras minúsculas correspondem às comparações entre as concentrações de sacarose dentro de uma mesma temperatura e as letras maiúsculas indicam as comparações entre as temperaturas, para uma mesma concentração de sacarose, pelo teste Duncan (a=0.05)). mento em relação às cultivares, sendo os segmentos caulinares da cultivar Baronesa os que mais cresceram. Isto pode ser atribuído a uma característica genotípica (Jabuonski & Furumoto, 1987); a cv. Baronesa possui porte médio, e a cv. Santo Amor porte baixo, embora a Santo Amor seja proveniente do cruzamento entre as cultivares Baronesa e Konsuragis (Hawkes, 1978). À temperatura de 10°C, ocorreu um crescimento lento dos segmentos caulinares de batata, provocado por uma desaceleração na velocidade do metabolismo celular, devido à baixa temperatura os processos metabólicos são mais lentos (Desbrunais 184 et al., 1992). Resultados similares foram obtidos por Bhat & Chandel (1993), na conservação in vitro de gemas de banana, às temperaturas de 15 e 25°C. Estes autores concluíram que o crescimento lento dos segmentos ocasionado pela redução de temperatura é um fator importante e determinante para a longevidade do material em conservação. Sharma & Chandel (1992) utilizando temperaturas de 5, 10, 15 e 25°C na conservação in vitro de segmentos caulinares de Raulvofia serpentina, observaram que os segmentos apresentaram redução no crescimento durante os quinze meses de armazenamento. Henshaw et al. (1980), trabalhando com segmentos caulinares de genótipos de batata à temperatura de 6°C e 8 h de fotoperíodo à noite e de 12°C e 16 h de fotoperíodo durante o dia, obtiveram um índice de 80% de sobrevivência do material em seis meses de conservação in vitro. As cultivares Baronesa e Santo Amor produziram 24 e 27 microtubérculos respectivamente, após 6 meses da conservação in vitro. Verificou-se que ocorreu um maior crescimento dos segmentos caulinares com o aumento do nível de sacarose, sendo que para o nível de 30 g.L-1 obteve-se o maior comprimento dos segmentos caulinares, principalmente para a cultivar Baronesa (Figura 2). A redução verificada quando se passa de 30 g.L-1 para 50 g.L-1 para a cultivar Santo Amor pode ser atribuída à formação de microtubérculos quando utilizada a concentração maior de sacarose no meio de cultura. Karssem et al. (1991), relatam que a formação de microtubérculos é conseguida pela alta concentração de açúcar no meio de cultura. Aumentando a concentração de sacarose de 2 a 8%, houve um aumento de até 100% na formação de microtubérculos em estacas nodais com concomitante redução no elongamento do estolão. Segmentos caulinares à temperatura de 25°C apresentaram um maior comprimento, do que aqueles a 10°C em todas as concentrações de sacarose, sendo que a concentração de 30 g.L-1 foi superior às demais. A temperatura de 25°C proporciona um aumento na velocidade do metabolismo celular e, consequentemente, um maior crescimento dos segmentos caulinares (Figura 3). Resultados similares foram obtidos por Desbrunais et al. (1992) conservando segmentos caulinares de café in vitro à temperatura de 27°C com 20g.L-1 de sacarose. Com o aumento da concentração de AAS em meios de cultura submetidos à temperatura de 25°C, ocorreu redução no crescimento médio dos segmentos caulinares das distintas cultivares (Figura 4). Os retardantes de crescimento reduzirem o elongamento das hastes (Gianfagna, 1987). A temperatura de 100C, quando comparada com a de 250C, foi mais eficiente na redução do crescimento dos segmentos caulinares, mesmo na ausência de AAS. Entretanto, segundo Grout (1991), retardantes de Hortic. bras., v. 17, n. 3, nov. 1999. Ácido acetilsalicílico, sacarose e temperatura na conservação in vitro de batata. crescimento devem ser adicionados ao meio de cultura e a temperatura deve ser reduzida entre 1 e 10°C, para promover uma redução na velocidade de crescimento do material em conservação. Com respeito à percentagem de sobrevivência dos segmentos caulinares em conservação in vitro, obteve-se maior percentual de sobrevivência a 10°C, atingindo cerca de 87%, para a média das cultivares. À temperatura de 25°C, ocorreu um maior percentual de perda de material atingindo aos seis meses de conservação, com aproximadamente 57% de sobrevivência. Estas perdas foram atribuídas à contaminação por microorganismos, pois com o aumento da temperatura há uma maior condensação de água no frasco, favorecendo o desenvolvimento de fungos. Resultados semelhantes foram obtidos em estudos sobre a conservação in vitro de gemas de macieira, onde ocorreu perda do material à temperatura de 26°C, devido à contaminação por microorganismos e à diminuição do meio de cultura. (Lundergan & Janick, 1979). Estes resultados com as cultivares Baronesa e Santo Amor superaram os obtidos por Fortes et al. (1995), que obtiveram quatro meses e meio de conservação in vitro para segmentos caulinares das cultivares Baronesa e Monte Bonito. Os resultados obtidos neste trabalho, sugerem que a melhor conservação in vitro e a maior percentagem de sobrevivência dos segmentos caulinares de batata foram obtidos com a concentração de 30 g.L-1 de sacarose no meio de cultura e à temperatura de 10°C. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem à Embrapa Clima Temperado, pelo uso das instalações para execução do ensaio e também ao CNPq pelos recursos fornecidos. LITERATURA CITADA BHAT, S.R., CHANDEL; K.P.S. In Vitro Conservation of Musa Germplasm: Effects of Manitol and Temperature on Growth and Storage. Journal of Horticultural Science, v. 6, p. 841-846, 1993. CARSWELL, G.C.; JOOHNSON, R.D.; HARMA, C.T. O-acetyl-salicilyc acid promotes colony formation from protoplasts of an elite maize inbred. Plant Cell Reports, v. 8, p. 282-284, 1989. Hortic. bras., v. 17, n. 3, nov. 1999. Figura 4. Comprimento de segmentos caulinares de batata para a média das cultivares às concentrações de 0, 3, 6, 9, e 12 mg/l de AAS, e temperatura de 10 e 25°C, após seis meses de conservação in vitro, Pelotas-RS, Embrapa Clima Temperado, 1997. DESBRUNAIS, B.A.; NOIROT, M.; CHARRIER, A. Slow growth in vitro conservation of coffee (Coffea spp.). Plant Cell Tissue and Organ Culture, v. 31, p. 105-110, 1992. DORION, N.; KADRI, M.; BIGOT, C. In vitro preservation at low temperature of rose plantlets usable for direct acclimatization. Acta Horticulturae, v. 298, p. 335-343, 1991. FORTES, G.R. de L.; LEITE, D.L.; MAGALHÃES, Junior., A.M. Conservação in vitro de alho (Allium sativum); aspargo (Asparagus oficinallis) e batata (Solanum tuberosum L.). In: REUNIÃO ESTADUAL DE BIOTECNOLOGIA VEGETAL, 8, Pelotas, 1995, p. 30. GIANFAGNA, T. J. Natural and Synthetic Growth Regulators and Their use in Horticultural and Agronomic Crops. In: Plant Hormones and Their Role in Plant Growth and Development. DAVIES, P.J. (Ed.), London, 1987 p. 626-632. GROUT, B.W.W. Conservation in vitro. Acta Horticulturae, v. 289, p. 171-178, 1991. HAWKES, J.G. History of the potato. In: HARRIS, P.M. The Potato Crop: The scientific basis of improvement.London, Chapman and Hall, p. 1-14, 1978. HENSHAW, G.G.; HARA, J.FO.; WESTCOTT, R.J. Tissue culture methods for the storage and utilization of potato germplasm. In: INGRAM, D.S.; HELGESON, J.P. Tissue culture methods for plant pathologists. Boston: Blackwell, 1980, p. 71-76. IBGE, Anuário Estatístico Brasileiro, v. 57, p. 341, 1997. JABUONSKI, R.E.; FURUMOTO, O. Características das cultivares. In: Produção de Batata . REIFSCHNEIDER, F.J.B. (Coord). Brasília, 1987, p. 6-11. KAIHARA, S.; WATANABE, K.; TAKIMOTO, A. Flower-inducing effect of benzoic and salicylic acids on various strains of Lenna paucicostata and L. Minor. Plant Cell Physiology, v. 22, p. 819-825, 1981. KARSSEM, C M.; VFANLOON, L.C.; VREUGDENHIL, D. Hormonal and metabolic control of tuber formation: Current Plant Science and Biotechnology in Agriculture. Kluwer Academic Publishers, p . 393-400, 1991. KHUARAMA, J.; MAHESWARI, S. Induction of loweing in Lenna paucicostata by salicylic acid. Plant Science Letters, v. 12, p. 127-131, 1978. LARQUE-SAAVENDRA, A. Stomatal closure in response to acetylsalicylic acid treatment. Zeitschrift der Pflanzenphysiology, v. 93, p. 371-375, 1979. LEITE, D.L.; FORTES, G.R. de L.; GARCIA, A; WINKLER, L.M. Conservação in vitro de alho (Allium sativum L.) cv. Quitéria. In: ENCUENTRO LATINO AMERICANO DE BIOTECNOLOGIA VEGETAL 2, Puerto Iguazu, Argentina, 1995, A-67p. LESLIE, C.A.; ROMANI, R.J. Inhibition of ethylene biosynthesis by salicylic acid. Plant Physiology, v. 88, p. 833-837, 1988. LUNDERGAN, C.; JANICK, J. Low temperature storage of in vitro apple shoots: HortScience, v. 88, 1979, p. 833-837. MILLS, P.R.; WOOD, R.K.S. The effects of polyacrylic acid, acetylsalicilic acid and salicylic acid on resistance of cucumber to Colletotrichum lagenarium. Phytopathology Zeitschrift, v. 111, p. 209-216, 1984. MURASHIGE, T.; SKOOG, F.A revised medium for rapid growth and bioassays with tobacco tissue culture. Physiologia Plantarum, v. 15, p. 473-497, 1962. OHASHI, Y.; MATSUOKA, M. Induction and secretion of pathogenesis-related proteins by salicylate or plant hormones in tobacco suspension cultures. Plant Cell Physiology, v. 28, p. 573-580, 1987. ROCA, W.M.; ARIAS, D.I.; CHAVES, R. Metodos de Conservacion in vitro del Germplasma. In: ROCA, W.M.; MIOGINSKI, L.A. Cultivos de Tejidos en la Agricultura, Cali, 1991, p. 697-714. SALISBURY, F.B.; ROSS, C.W. Plant Physiology, Wadsworth Publishing Company, California, 1992, 400p. SHARMA, N.; CHANDEL, K.P.S. Low Temperature Storage of Raulfovia serpentina Benth. Ex Kurg and Endangered Endemic Medicinal Plant. Plant Cell Reports , New York, v. 11, p. 200-203, 1992. WITHERS, L.A.; WILLIAMS, J.T. Germplasm Conservation in vitro and Cryopresevation. In: TORRES, A.C., CALDAS, L.S. Técnicas e aplicações da cultura de tecidos de plantas. Brasília: ABCTP/EMBRAPA-CNPH, 1990, p. 267-286. 185 BOVI, M.L.A.; SPIERING, S.H.; BARBOSA, A.M.M. Densidade radicular de progênies de pupunheira em função de adubação NPK. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 17, n. 3, p. 186-193, novembro 1999. Densidade radicular de progênies de pupunheira em função de adubação NPK . Marilene L. A. Bovi; Sandra H. Spiering; Antonia Marlene M. Barbosa Instituto Agronômico, C. Postal 28, 13.001-970 Campinas - SP RESUMO ABSTRACT O uso eficiente de fertilizantes requer o conhecimento de seus efeitos tanto na biomassa aérea quanto na radicular, permitindo que se identifique uma adubação adequada do ponto de vista de uma melhor partição entre ambas. A massa de raízes secas por volume de solo vem sendo utilizada, principalmente em espécies perenes, como subsídio para estimativas de biomassa radicular. Com esse objetivo, foram estudados os efeitos da adubação NPK na densidade radicular de três progênies de pupunheira (Bactris gasipaes Kunth), cultivadas em um Aluvial álico (corrigido por meio de calagem) em Ubatuba, SP (clima “Cfa”), durante o ano de 1993. O delineamento foi um fatorial fracionado, composto por quatro doses crescentes de nitrogênio (0 a 400 kg/ha/ano de N), fósforo (0 a 200 kg/ha/ano de P2 O5 ) e potássio (0 a 200 kg/ha/ano de K 2 O), em experimento integrado (progênies e adubação). As amostras foram coletadas por ocasião da primeira colheita de palmito (outubro de 1993), quando as plantas (cultivadas no espaçamento de 2 x 1 m) tinham cerca de dois anos de campo. Utilizou-se o método do trado, coletando-se, por parcela experimental, duas amostras na linha e duas na entrelinha. Houve diferenças entre genótipos (GE), com as progênies 2 e 3 apresentando, em média, maior densidade radicular que a progênie 1 (5,15 e 6,20 contra 2,61 g/dm3 , respectivamente). A interação GE x PO (posição da amostra) foi significativa, sendo que para as progênies 1 e 2 a maior densidade radicular foi obtida na linha (3,30 e 6,60 g/dm3 na linha, contra 1,92 e 4,70 g/dm3 na entrelinha, respectivamente), enquanto para a 3 a ordem foi inversa (5,57 g/dm3 na linha e 6,84 g/dm3 na entrelinha). Doses crescentes de potássio (K) apresentaram efeitos lineares positivos e significativos (R2 =0,93 a 0,97) na densidade radicular das três progênies, com acréscimos entre dose mínima e máxima variando de 18 a 28%. Não houve efeito significativo isolado de P, enquanto doses crescentes de N proporcionaram um efeito linear positivo e significativo, mais evidente na progênie 1 (médias de 2,26, 2,39, 2,62 e 3,16 g/dm3 para as doses 0, 100, 200 e 400 kg/ha/ano de N, respectivamente). Não houve interação estatisticamente significativa entre GE e fertilizantes aplicados (NPK), exceto para GE x N x P. Embora com respostas diferenciais de acordo com a progênie, constatou-se que a maior densidade radicular foi sempre obtida nas doses mais elevadas de N. Root density of pejibaye progenies as a function of NPK fertilization. Palavras-chave: Bactris gasipaes, sistema radicular, palmito, absorção de nutrientes. Keywords: Bactris gasipaes , root-system, heart of palm, nutrient uptake. The efficient use of fertilizers requires a knowledge of their effects, not only on shoot biomass, but also on below-ground biomass, to identify an adequate fertilization level from the point of view of a better partition between both. Dried root mass per soil volume has been used, especially in perennial crops, as a substitute for estimates of root biomass. With this objective, the root density of three progenies of the pejibaye palm (Bactris gasipaes Kunth) was studied under a combination of four nitrogen (0 to 400 kg/ha/year of N), phosphorus (0 to 200 kg/ha/year of P2 O5 ) and potassium (0 to 200 kg/ha/year of K2 O) doses, in a field experiment. The area was located at Ubatuba, SP, Brazil, in an allic alluvial soil, corrected by liming. The samples were collected during the first heart of palm harvest (October, 1993), when the plants (cultivated in a 2 x 1 m spacing) were two years old. Samples were collected, between and within planting rows, using a root-soil auger sampler, 50 cm from the main stem and at a 0-20 cm soil depth. There were differences among genotypes (GE), with progenies 2 and 3 showing, on average, higher root densities than progeny 1 (5.15 and 6.20, against 2.61 g/dm3 , respectively). The interaction GE x PO (sample position) was significant: progenies 1 and 2 showed the highest root densities within planting rows (3.30 and 6.60 g/dm3 within row, against 1.92 and 4.70 g/dm3 between rows, respectively), while progeny 3 showed an inverse order (5.57 g/dm3 in the within row, and 6.84 g/dm3 between rows). There was a positive linear response to applied potassium (R2 =0.93 to 0.97), with increments between minimum and maximum doses varying from 18 to 28%. There was no isolated significant effect of P, while increasing doses of N provided a positive and significant linear effect, more evident in progeny 1 (averages of 2.26, 2.39, 2.62 and 3.16 g/dm3 for the doses 0, 100, 200 and 400 kg/ha/ year of N, respectively). There was no significant interaction between GE and fertilizers (NPK), except for GE x N x P. Although the responses varied with progeny, higher root density was always found at high nitrogen doses. (Aceito para publicação em 01 de outubro de 1999) P almeiras apresentam uma alta demanda por nutrientes para maximizar crescimento e produção (Hartley, 1977; Tinker, 1982; Bovi & Cantarella, 1996). No entanto, a magnitude das respostas à aplicação de fertilizantes depende de uma série de fatores relacionados à aquisição, transporte e 186 utilização dos nutrientes disponíveis e aplicados ao solo. O sistema radicular das plantas ocupa não mais que 2% do volume superficial do solo (Böhm, 1979; Sieverding, 1991). Portanto, as relações entre a biomassa radicular e a quantidade e a proporção dos nutrientes aplicados determinam a eficiência de absorção e, consequentemente, as respostas de crescimento e/ou produção (Mengel, 1983). Comparadas às dicotiledôneas, palmeiras possuem sistema radicular pouco eficiente devido à presença em grande proporção de raízes grossas, fibrosas e sem pelos absorventes (Tomlinson, 1990). Talvez por isso, Hortic. bras., v. 17, n. 3, nov. 1999. Densidade radicular de progênies de pupunheira em função de adubação NPK. alocam proporcionalmente mais biomassa às raízes do que as dicotiledôneas. A absorção de nutrientes nessas plantas tende a ser função quase que exclusiva do desenvolvimento do sistema radicular. O uso de fertilizantes em cultivos com alta extração de nutrientes exige cautela. O suprimento inadequado de nutrientes, tanto falta quanto excesso, pode provocar restrições ao crescimento das plantas e alterar relações entre biomassa aérea e radicular. Desbalanceamentos entre crescimento radicular e aéreo, causados por falta ou excesso de algum nutriente, são reportados em algumas espécies (Buwalda & Goh, 1982; Peng et al., 1993), evidenciando que nem sempre a alocação de maior quantidade de fotossintatos ao sistema radicular se traduz em maior crescimento da parte aérea. Em plantas dependentes de fungos micorrízicos, como a pupunheira (Sudo et al., 1996), esse efeito pode ser ainda maior, com uma mudança no comportamento simbiótico entre micorrizas e planta hospedeira. Embora a associação entre fungos micorrízicos e plantas tenha se mostrado benéfica em situações de baixa disponibilidade de fósforo (Chulan, 1991), ela é altamente detrimental em condições de elevada disponibilidade desse elemento (Peng et al., 1993). Há, nessas condições, maior demanda do fungo por fotossintatos, induzindo a planta a aumentar o sistema radicular em detrimento do crescimento da biomassa aérea. Sabe-se que a produção de palmito por pupunheiras e a duração econômica do cultivo estão direta e positivamente associadas à sua biomassa aérea (Mora-Urpí et al., 1997; Bovi, 1998). Dessa forma, fatores que possam interferir nessa característica devem ser objeto de pesquisa. O crescimento e a densidade radicular são bastante afetados pelas propriedades físicas e químicas do solo (Barley, 1970). Segundo esse autor, a fertilidade de um solo reside, pelo menos parcialmente, na habilidade das raízes crescerem e se ramificarem facilmente no mesmo. Poucos são os artigos que relatam os efeitos da adubação no crescimento ou densidade radicular a campo (Anilkumar & Wahid, 1988; Hortic. bras., v. 17, n. 3, nov. 1999. Pavan, 1995). A dificuldade da análise da biomassa radicular nessas condições provavelmente é um dos principais fatores que restringem esses estudos. Existem vários métodos para o estudo do sistema radicular de cultivos. Dentre eles, o método do trado descrito por Böhm (1979), além da simplicidade, mostra-se bastante adequado quando grande parte do sistema radicular está nas primeiras camadas de solo. Por esse motivo, o método é indicado para plantas com sistema radicular fasciculado. Embora possa subestimar a densidade de raízes, devido a perdas no processo de lavagem das mesmas, o método é apropriado para avaliações comparativas de tratamentos. O modo de reportar a quantidade de raízes presentes em uma amostra também tem sido sujeito a muitas indagações. Comprimento, diâmetro e porcentagem de raízes em diferentes categorias de tamanho têm sido reportados (Gardner, 1960; Tailliez, 1971; Farrell et al., 1993). No entanto, quando é feita comparação entre tratamentos, a densidade radicular, expressa em massa/volume ou em comprimento/volume, é uma das características mais utilizadas (Gross et al., 1992; Hauser, 1993; Mullins et al., 1994). Existe alguma informação sobre o sistema radicular da pupunheira. Artigos de Vandermeer (1977), Ferreira et al. (1980; 1995) e Morales & Vargas (1990) relatam que essa espécie possui raízes em sistema fasciculado, com cerca de 75 a 80% delas distribuídas, de modo mais ou menos uniforme, nos primeiros 20 cm do solo. Algumas raízes apresentam maiores diâmetros, são mais curtas e possuem acentuado geotropismo, sendo consideradas raízes de sustentação ou ancoramento. Há ainda alguma informação sobre o comportamento do sistema radicular da pupunheira em solos distintos (Ferreira et al., 1980; 1995). Em ambos os estudos, foram utilizadas plantas adultas (cerca de 13 e 17 anos de idade, respectivamente), não submetidas a adubações regulares. No entanto, artigos comparando densidade radicular de pupunheiras cultivadas para a produção de palmito, tanto em solos distintos como sob diferentes condições de fertilização, não foram encontrados na literatura. O presente trabalho foi realizado visando estudar os efeitos da adubação NPK em um Aluvial álico na densidade radicular de pupunheiras, de forma a relacioná-la posteriormente com teores de elementos no solo, crescimento da planta e taxa de colonização de raízes por fungos micorrízicos nativos, permitindo que se identifique uma adubação adequada do ponto de vista de uma melhor partição entre biomassa aérea e biomassa radicular. MATERIAL E MÉTODOS Foram utilizadas parcelas experimentais de um ensaio fatorial fracionado instalado na Estação Experimental do Instituto Agronômico, localizada em Ubatuba (23 o 27’S, 45 o 04’W, a seis metros de altitude). O clima da região é “Cfa”, pela classificação de Köppen, tropical, quente e úmido, com pluviosidade anual normal de 2841 mm, evapotranspiração potencial normal de 992 mm, excedente normal de 1849 mm, temperatura média anual de 20,8 oC e déficit hídrico nulo. Os tratamentos foram quatro doses de nitrogênio (0, 100, 200 e 400 kg de N/ha), de fósforo (0, 50, 100 e 200 kg de P2O5/ha) e de potássio (0, 50, 100 e 200 kg de K2O/ha), divididas em cinco aplicações anuais ao longo da estação chuvosa (outubro a março). As fontes de nutrientes foram, respectivamente, nitrocálcio (22% de N), superfosfato triplo (45% de P2O5) e cloreto de potássio (60% de K2O). Os adubos foram aplicados em cobertura, em faixas de 50 cm de largura, dos dois lados das plantas. A adubação teve início seis meses após a instalação do experimento. O ensaio foi conduzido em solo classificado como Aluvial álico (Udifluvent), com as seguintes propriedades químicas a 0-20 cm de profundidade, após aplicação de calcário dolomítico visando elevar a saturação por bases (originalmente 14%) e diminuir a saturação em alumínio: pH em CaCl2 5,0 (equivalente a pH 5,6 em água); matéria orgânica 39 g/dm3; P (resina) 9 mg/dm3 ; K 1,3; Ca 28; Mg 16; H+Al 43 mmolc /dm3; capacidade de troca catiônica 88 mmol c /dm3 ; saturação por alumínio de 0% e saturação por ba187 M.L.A. Bovi et al. ses de 51%. O relevo da área experimental é plano, apresenta boa drenagem e não há erosão. A composição granulométrica do solo na profundidade de 0-15 cm é de 10% de argila, 14% de silte, 13% de areia fina e 63% de areia grossa. A maiores profundidades há uma progressiva diminuição na porcentagem de areia grossa e aumento de areia fina. A porosidade total na profundidade de 0-20 cm é de 49,97%, sendo constituída por 29,65% de macroporos e 20,32% de microporos. Na camada imediatamente inferior (20-40 cm) há uma redução acentuada da microporosidade (9,75%) e um aumento da macroporosidade (42,92%). A densidade global nas duas camadas está em torno de 1,20 g/cm 3 (Jorge & Bovi, 1994). O espaçamento entre plantas foi de 2 x 1 m. As parcelas possuíam 24 plantas úteis, com bordaduras duplas ao redor e as progênies, da raça “microcarpa” Pará (Mora-Urpí & Clement, 1988), estavam sorteadas dentro de cada parcela. Para o presente estudo foram utilizadas três progênies. Dentro de cada progênie, as amostragens para o cálculo da densidade radicular foram feitas com duas repetições na linha e duas na entrelinha. As plantas apresentavam, por ocasião da amostragem, dois anos de campo e não tinham sido ainda colhidas. Cerca de 70% das plantas no experimento estavam aptas à colheita. Observações preliminares sobre a distribuição do sistema radicular das plantas sob essas condições de cultivo foram feitas em duas plantas localizadas nas bordas do ensaio. Utilizou-se o método de trincheira (Böhm, 1979), com profundidade até 2 m e distância do estipe principal de 3 m. A partir dessas observações preliminares, assumindo-se simetria radial, estabeleceu-se que a maior concentração de raízes na profundidade de 0 a 20 cm estava a uma distância de 50 cm do estipe. A densidade radicular das touceiras dos diferentes tratamentos (combinações de doses de NPK) foi estimada pelo método do trado (Böhm, 1979), segundo metodologia descrita por Fujiwara et al. (1994). Retiraram-se amostras na linha (1 m entre plantas) e na entrelinha (2 m entre plantas) para cada ponto amostrado, ambas a cerca de 50 cm da 188 planta e na profundidade de 0 a 20 cm, onde, segundo a literatura (Vandermeer, 1977; Ferreira et al., 1980; 1995; Morales & Vargas, 1990) e as observações preliminares, mais de 80% das raízes da pupunheira se situam. As raízes foram separadas do solo, lavadas e pesadas. A secagem das mesmas foi feita em estufa a 70o C até peso constante, seguindo-se nova pesagem. Os dados foram expressos em massa de raízes secas por volume de solo (g/dm3). Os resultados foram submetidos à análise de variância, com comparação entre médias feita pelo teste de Tukey a 5%. Regressões múltiplas em passos foram usadas para modelar a resposta das doses crescentes dos elementos na densidade radicular das progênies de pupunheira. A escolha da equação que melhor se ajustou aos dados foi baseada na significância do efeito da regressão, dos desvios da regressão testados pelo teste F a 5% de probabilidade e no maior coeficiente de determinação (R²). Os coeficientes das equações de regressão foram testados até 10% pelo teste “t”. As derivadas primeiras das equações foram igualadas a zero, determinando-se as doses dos elementos associadas à máxima e à mínima densidade radicular por genótipo. RESULTADOS E DISCUSSÃO Caracterização e dimensões das raízes O sistema radicular das plantas observado pelo método de trincheira, seguiu, de um modo geral, o padrão apresentado pelas palmeiras (Tailliez, 1971; Hartley, 1977; Avilan et al., 1984; Tomlinson, 1990). Mostrou-se como do tipo fasciculado, com a grande maioria das raízes de primeira ordem ou primárias (R1) crescendo horizontalmente e medindo cerca de 3,3 a 5,9 mm de diâmetro. A maior parte delas alcançou, nas plantas observadas, de 1,5 a 2,0 m na horizontal. Algumas raízes primárias cresciam verticalmente, alcançando profundidades em torno de 1,5 a 2 m, sendo consideradas raízes de sustentação. No entanto, notou-se que o ancoramento dessas plantas não é bom. Tombamento de touceiras após ocorrência de ventos fortes tem sido frequentemente obser- vado no banco de germoplasma dessas palmeiras instalado na região. Observou-se que as raízes de segunda ordem ou secundárias (R2) originaram-se de ramificações das raízes primárias, apresentando dimensões de 1,2 a 2,9 mm de diâmetro, chegando a alcançar até 35 cm de comprimento. Podem ter crescimento ascendente ou descendente, com uma tendência das raízes superficiais crescerem acima da superfície do solo. Raízes terciárias (R3) saíram das secundárias e apresentaram dimensões em torno de 0,4 a 1,1 mm de diâmetro e 2 a 8 cm de comprimento. As raízes quaternárias (R4) raramente mediram mais do que 2 cm, com maior frequência encontrada entre 0,1 a 1 cm de comprimento e diâmetros sempre inferiores a 0,5 mm (média entre 0,16 a 0,32 mm). Juntamente com as terciárias, essas raízes são consideradas os órgãos principais de absorção em palmeiras e podem ser extensivamente desenvolvidas em solos ricos em nutrientes e matéria orgânica (Tomlinson, 1990). Como nas demais palmeiras, observou-se que as raízes de pupunheira não possuem pelos absorventes. No entanto, presume-se que a absorção é facilitada pelo grande número de raízes, alta proporção de raízes secundárias e terciárias em relação às de maiores diâmetros e presença de fungos micorrízicos que comportam-se como prolongamentos do sistema radicular (Tomlinson, 1990; Sieverding, 1991). Observou-se ainda que as raízes saíram invariavelmente em ângulo próximo a 90o. Houve variação nesse padrão apenas quando as raízes foram anterior e involuntariamente cortadas, o que pode ocorrer durante a operação de roçada. Nesse caso, detectou-se um crescimento em tufo das raízes (observouse de quatro a oito raízes de diâmetros apenas um pouco inferiores à secção cortada), principalmente das R1 e R2, que ocorreu próximo ao ponto de corte. Embora não tenha sido feita separação das raízes por diâmetro em cada amostra dos tratamentos analisados (parcelas com diferentes combinações de NPK), observou-se que o diâmetro médio das raízes teve variação semelhante às duas plantas anteriormente observadas (5,9 a 0,16 mm). Observouse ainda que cerca de 63% (em peso) Hortic. bras., v. 17, n. 3, nov. 1999. Densidade radicular de progênies de pupunheira em função de adubação NPK. dos segmentos de raízes amostradas pertenciam às classes de menores diâmetros (raízes terciárias e quaternárias - 1,1 a 0,16 mm), sem variações nítidas nessa porcentagem entre os tratamentos. Dimensões próximas às aqui encontradas foram obtidas anteriormente por Ferreira et al. (1995). Efeito de genótipos Observou-se, pela análise de variância dos dados obtidos pelo método do trado, influência significativa dos genótipos (F = 82,92***) na densidade radicular da pupunheira. Não ocorreram interações significativas entre genótipos e nutrientes isolados (F de GE x N = 0,91ns; F de GE x P = 1,07ns; F de GE x K = 0,92ns). Não foram também significativas as interações triplas entre genótipo, nitrogênio e potássio (F de GE x N x K = 0,87ns) e entre genótipos, fósforo e potássio (F de GE x P x K = 0,73ns). Apenas a interação entre genótipos, nitrogênio e fósforo mostrou ser significativa a 1% de probabilidade (F de GE x N x P = 3,14**). Pela significância dessa interação para palmeiras, a mesma será discutida mais adiante. Por sua vez, a interação entre genótipos e posição das amostras foi significativa (F de GE x PO = 15,12***) indicando que as progênies divergem na densidade radicular encontrada na linha e na entrelinha. A progênie 1 apresentou significativamente menor densidade radicular que as progênies 2 e 3 (Tabela 1), tanto na linha como na entrelinha. Dois fatores principais podem estar envolvidos. O primeiro deles referese ao fato, já constatado para várias espécies vegetais (Salisbury & Ross, 1991), de que genótipos divergem na partição entre biomassa aérea e biomassa radicular. Raízes, assim como folhas e frutos, são drenos (centros de importação de fotoassimilados). No entanto, são drenos mais fracos que esses dois últimos órgãos. Sempre que houver uma maior demanda de crescimento e expansão da parte aérea, estabelece-se um processo competitivo entre drenos que resulta no esgotamento das reservas das raízes e na paralisação de seu crescimento, em detrimento de maior crescimento aéreo (Salisbury & Ross, 1991). Diferenças entre material genético para biomassa aérea e radicular têm sido reportadas em outras palmeiras (Ruer, 1967a,b; Hardon, 1982). Outro fator que poderia ser aventado como causa da diferenças significativa para densidade radicular entre progênies está relacionado à maior ou menor suscetibilidade de genótipos ao alumínio. Tratando-se de solo originalmente ácido, tal fator poderia estar envolvi- Tabela 1. Densidade radicular média de progênies de pupunheiras quando cultivadas sob doses crescentes de adubação nitrogenada, fosfatada e potássica. Ubatuba, Instituto Agronômico, 1998. Elementos e doses Progênie 1 Progênie 2 Progênie 3 Progênie 1 Progênie 2 Progênie 3 Linha Entrelinha Médias g/dm3 Nitrogênio 0 2,53 B a 5,28 A a 5,82 A b 1,98 C b 5,62 B a 7,69 A a 4,82 100 200 400 3,24 C a 3,53 B a 3,90 B a 5,54 A a 5,56 A a 6,02 A a 4,84 B b 5,25 A b 6,35 A a 1,55 C b 1,71 C b 2,42 C b 3,71 B b 4,41 B b 5,08 B b 5,75 A a 7,23 A a 6,67 A a 4,11 4,62 5,07 0 50 100 3,61 B a 2,45 C a 3,43 B a 5,50 A a 5,58 B a 5,55 A a 5,01 A b 6,43 A a 5,65 A b 1,99 C b 1,73 C b 2,01 C b 4,46 B b 4,99 B b 4,64 B b 6,81 A a 6,65 A a 7,73 A a 4,56 4,64 4,80 200 3,73 B a 5,77 A a 5,19 A b 1,93 C b 4,72 B b 6,35 A b 4,61 Potássio 0 50 2,96 B a 3,05 C a 5,27 A a 4,75 B a 5,29 A b 5,22 A b 1,89 C b 1,82 C b 3,97 B b 4,51 B a 6,10 A a 6,51 A a 4,24 4,31 100 200 3,73 B a 3,47 B a 5,72 A a 6,66 A a 5,37 A b 6,40 A b 1,68 C b 2,27 C b 5,16 B b 5,17 B b 6,71 A a 8,03 A a 4,73 5,33 Médias 3,30 6,60 5,57 1,92 4,70 6,84 4,48 CV (%) 50,50 29,72 22,09 46,12 27,14 26,09 34,83 Fósforo Médias seguidas da mesma letra na horizontal (maiúsculas para comparação entre progênies na mesma posição de amostra e minúsculas para comparação entre posições de amostra dentro da mesma progênie) não diferem entre si a 5% de probabilidade pelo Teste de Tukey. Hortic. bras., v. 17, n. 3, nov. 1999. 189 M.L.A. Bovi et al. Figura 1. Densidade radicular de progênies de pupunheira em função de doses crescentes de potássio. Ubatuba, Instituto Agronômico, 1998. do. No entanto o solo foi corrigido previamente com calcário, alcançando pH em água de 5,6, com consequente neutralização do alumínio trocável (saturação por alumínio = 0). Além disto, as raízes do genótipo com menor densidade radicular apresentavam a mesma morfologia e medidas dos demais genótipos, não evidenciando os sintomas usuais de toxidez ao elemento e, deve-se lembrar ainda, que a pupunheira é uma espécie tropical, nativa de regiões com solos ácidos, de baixos teores de nutrientes e com elevada saturação por alumínio (Mora-Urpí, 1984), portanto originalmente pouco sensível à toxidez causada por esse elemento. Essa característica foi comprovada recentemente por Pachêco (1997) em mudas de pupunheira cultivadas em solução nutritiva com concentrações crescentes de Al (0 a 30 mg/L). O autor reporta que não foram visualizados sintomas tais como encurtamento e engrossamento de raízes e que os maiores efeitos foram na parte aérea (redução no crescimento devido a menor absorção de Ca, Mg e P) e não no sistema radicular, concluindo que, em relação a outras plantas cultivadas, a pupunheira mostrou ser tolerante ao alumínio. Posição das amostras Não houve efeito significativo da posição das amostras (F = 2,09 ns) quan190 do se considerou a média das progênies. No entanto, a interação progênie x posição das amostras (GE x PO) foi significativa (F 15,12***). Não obstante, não houve interações significativas (simples ou múltiplas) entre posição da amostra e nutrientes. Via de regra, maiores densidades radiculares na linha (média de 3,30 e 6,60 g/dm3, respectivamente) foram obtidas para as progênies 1 e 2, enquanto para a progênie 3, maiores massas radiculares por volume fixo de solo foram encontradas na entrelinha (média de 6,84 g/dm3) (Tabela 1). Exceções são a progênie 2 na dose zero de N e na dose 50 de K, onde não houve diferença estatística na densidade radicular entre linha e entrelinha; e a progênie 3, onde as doses 400 de N e 50 de P não mostraram diferenças significativas entre a densidade radicular obtida na linha e na entrelinha. Como o espaçamento nas entrelinhas foi o dobro do espaçamento na linha, os resultados encontrados para as progênies 1 e 2 estão dentro do esperado. Por sua vez, os resultados obtidos para a progênie 3 indicam que trata-se provavelmente de material genético com sistema radicular mais abrangente, exigindo maior espaçamento entre plantas. Não obstante a diferença entre densidade radicular encontrada para as progênies em estu- do, não é possível fazer nenhuma afirmação quanto à superioridade desta ou daquela, visto que o balanço entre as biomassas aérea e radicular é que indica a eficiência de um genótipo. Efeito isolado de potássio Dentre os elementos em estudo, houve um efeito linear positivo das doses de potássio aplicadas ao solo sobre a densidade radicular (F = 5,10**) (Figura 1). Não foram detectadas interações significativas entre esse elemento e os demais, bem como entre ele e genótipos (F de N x K = 1,81 ns; F de P x K = 1,31ns; F de GE x K = 0,92 ns). As progênies reagiram de forma linear a doses crescentes de potássio. O efeito foi mais evidente nas progênies 2 e 3, que apresentaram acréscimos na densidade radicular, entre dose mínima e máxima de potássio, de 28,1 e 26,7%, respectivamente (Tabela 1). A progênie 1, com densidade radicular média significativamente menor que as demais, apresentou menor acréscimo entre doses de K (18,6%). De acordo com Sieverding (1991), a absorção dos íons que são supridos às raízes pelo mecanismo de difusão, tais como fósforo e potássio, depende da densidade de raízes por volume do solo. Um sistema radicular bem desenvolvido, principalmente com relação às raízes de menores diâmetros, apresenta maior área superficial, favorecendo a absorção desses nutrientes. Embora para algumas espécies, tais como algodão, seja notório o efeito de aplicação de potássio na densidade radicular (Mullins et al., 1994), não foram encontradas citações relacionandoos em palmeiras. No entanto, sabe-se que as palmeiras apresentam alta demanda por potássio, estando a biomassa aérea e a produção diretamente relacionadas a uma fertilização adequada em N e K (Hartley, 1977; Tinker, 1982; Bonneau et al., 1993). Principalmente em solos arenosos, como o do presente estudo, o potássio tem sido considerado o principal elemento que afeta o crescimento e a produção do dendezeiro (Hartley, 1977; Tinker, 1982). Interação entre N e P Embora tenha sido reportado que o fósforo é um dos elementos que mais afetam o sistema radicular de várias espécies (Sieverding, 1991), não foi deHortic. bras., v. 17, n. 3, nov. 1999. Densidade radicular de progênies de pupunheira em função de adubação NPK. tectado efeito isolado, estatisticamente significativo, de doses de fósforo na densidade radicular de pupunheiras (F de 0,26 ns). Por sua vez, não obstante tenha sido observado efeito significativo de doses de N (efeito linear positivo) na característica avaliada (F = 3,96**), detectou-se também interação significativa entre nitrogênio e fósforo (F = 6,83***) e, mais importante, entre progênies e esses dois elementos (GE x N x P, com F = 3,14**). Como reportado anteriormente, não houve interação significativa (simples ou múltipla) entre a posição da amostra e os nutrientes, permitindo que se avalie o efeito dos nutrientes nos diferentes genótipos pela média de suas densidades radiculares (linha e entrelinha). As figuras 2, 3 e 4 mostram a variação média da densidade radicular de cada uma das progênies em relação as doses de N e P. Interação significativa N x P já havia sido detectada anteriormente para as características biomassa aérea e atividade in vivo da enzima fosfatase ácida em folhas de pupunheira (Bovi et al., 1998). Interação positiva entre nitrogênio e fósforo tem sido reportada também para outras palmeiras (Ollagnier & Ochs, 1980; Tinker, 1982; Tampubolon et al., 1990; Bonneau et al., 1993). Em todas as citações, o efeito de N em P é maior do que o efeito de P em N, tal como o reportado aqui. Embora com respostas diferenciadas de acordo com a progênie em estudo, nota-se que maior densidade radicular foi sempre obtida nas doses mais elevadas de N (figuras 2, 3 e 4). Diante dos resultados obtidos com coqueiro e dendezeiro, Bonneau et al. (1993) argumentam que uma boa nutrição nitrogenada aumenta automaticamente o teor de P nessas palmeiras, mas isso não elimina a necessidade de aplicação de adubos fosfatados. Do ponto de vista fisiológico, o sinergismo de absorção e assimilação existente entre N e P é facilmente explicado. Enquanto o nitrogênio é parte estrutural da molécula da clorofila, a taxa de fotossíntese é fortemente influenciada pela concentração de fósforo inorgânico no cloroplasto (Salisbury & Ross, 1991). Dessa forma, plantas bem nutridas em N e P têm maior capacidade de assimilação de CO 2 e de sintetização de carboidratos durante a fotossíntese, reHortic. bras., v. 17, n. 3, nov. 1999. Figura 2. Densidade radicular da progênie 1 em função de doses de nitrogênio (N) e fósforo (P) (K = 0). Ubatuba, Instituto Agronômico, 1998. Figura 3. Densidade radicular da progênie 2 em função de doses de nitrogênio (N) e fósforo (P) (K = 200). Ubatuba, Instituto Agronômico, 1998. Figura 4. Densidade radicular da progênie 3 em função de doses de nitrogênio e fósforo (P) (K = 200). Ubatuba, Instituto Agronômico, 1998. 191 M.L.A. Bovi et al. sultando em maiores quantidades de biomassa. A maior alocação desta para o sistema radicular pode ser particularmente importante para a planta, pois permite mudanças na rizosfera (mediada pela exudação de ácidos orgânicos e interação com fungos micorrízicos), com conseqüente aumento na aquisição de nutrientes minerais e água. Maximização e minimização das respostas As respostas modeladas por meio de análise de regressão, utilizando uma função polinomial quadrática, indicaram que as doses que maximizaram ou minimizaram a densidade radicular foram diferentes para cada uma das três progênies. Para a progênie 1, a densidade radicular máxima (3,4 g/dm3) foi obtida com a seguinte combinação de elementos: N = 400 kg/ha/ano de N, P = 0 a 200 kg/ha/ano de P2O5 e K = 0 kg/ha/ano de K2O (Figura 2). Para essa mesma progênie o mínimo (1,2 g/dm3) foi obtido com N = 50 a 350, P = 80 a 150 e K = 200. A densidade radicular máxima estimada para a progênie 2 foi de 6,10 g/dm3, obtida com N = 400, P = 0 a 200 e K = 200 (Figura 3). Para essa mesma progênie, o valor mínimo foi de 3,8 g/dm3, para a seguinte combinação de elementos: N = 100 a 150, P = 200 e K = 200. Para a progênie 3, a densidade radicular máxima foi de 8,2 g/dm3, obtida através da seguinte combinação: N = 400, P = 50 a 100 e K = 200 (Figura 4). A densidade mínima de 4,6 g/dm3 foi obtida em duas combinações diferentes: N = 200 a 280, P =0 e K =0, ou N = 100 a 150, P = 200 e K =200. Diferenças nutricionais observadas entre genótipos, tais como as aqui reportadas, são esperadas, visto que os processos de absorção, transporte e utilização de nutrientes estão sob controle genético (Baligar & Fageria, 1997). Segundo Baligar e Bennett (1986), a densidade radicular e a morfologia das raízes afetam especialmente a eficiência de absorção de potássio e fósforo, pela maior ou menor interceptação das rotas de difusão. Embora com diferenças marcantes entre as progênies, a maior densidade radicular esteve sempre relacionada à doses elevadas de nitrogênio (400 kg/ 192 ha/ano de N). No entanto, em plantas onde o produto comercial é constituído pelo conjunto de folhas, como a pupunheira para palmito, ênfase deve ser dada aos fatores que promovam também o crescimento da parte aérea. Torna-se, portanto, imperativo verificar se essa maior densidade radicular, alcançada com doses balanceadas de nitrogênio, fósforo e potássio, se reflete em maior biomassa aérea. LITERATURA CITADA ANILKUMAR, K.S.; WAHID, P.A. Root activity pattern of coconut palm. Oléagineux, v. 43, n. 8-9, p. 337 - 342, 1988. AVILAN, L.; RIVAS, M.; SUCRE, R. Estudio del sistema radical del cocotero. Oléagineux, v. 39, n. 1, p. 13 - 23, 1984. BALIGAR, V.C.; BENNETT, O.L. Outlook on fertilizer use efficiency in the tropics. Fertilizer Research, v. 10, n. 4, p. 83 - 96, 1986. BALIGAR, V.C.; FAGERIA, N.K. Nutrient use efficiency in acid soils: nutrient management and plant use efficiency. In: MONIZ, A.C. ed. Plant-soil interactions at low pH. Campinas: Sociedade Brasileira de Ciência do Solo, 1997. p. 75 - 95. BARLEY, K.P. The configuration of the root system in relation to nutrient uptake. Advances in Agronomy, v. 22, n. 2, p. 159 - 201, 1970. BÖHM, W. Methods of studying root systems. Berlin: Springer-Verlag, 1979. 189 p. BONNEAU, X.; OCHS, R.; QUSAIRI, L.; LUBIS, L.N. Nutrition minérale des cocotiers hybrides sur tourbe de la pépinière à l’entrée en production. Oléagineux, v. 48, n. 1, p. 9 26, 1993. BOVI, M.L.A. Palmito pupunha: informações básicas para cultivo . Campinas: Instituto Agronômico, 1998. 50 p. (Boletim Técnico 173). BOVI, M.L.A; CANTARELLA, H. Pupunha para extração de palmito. In: RAIJ, B.; CANTARELLA, H.; GUAGGIO, J.A.; FURLANI, A.M.C. eds. Recomendações de adubação para algumas culturas do Estado de São Paulo. Campinas: Instituto Agronômico, 1996. p. 240 - 242. (Boletim Técnico 100). BOVI, M.L.A.; BASSO, L.C.; TUCCI, M.L.S. Avaliação da atividade “in vivo” da fosfatase ácida em Bactris gasipaes cultivada em dois níveis de nitrogênio e fósforo. Revista Brasileira de Ciência do Solo, Viçosa, v. 22, n. 3, p. 427 - 434, 1998. BUWALDA, J.C.; GOH, K.M. Host-fungus competition for carbon as a cause of growth depressions in vesicular-arbuscular mycorrhizal ryegrass. Soil Biology and Biochemistry, v. 14, n. 2, p. 103 - 106, 1982. CHULAN, H.A. Effect of fertilizer and endomycorrhizal inoculum on growth and nutrient uptake of cocoa (Theobroma cacao L.) seedlings. Biology and Fertility of Soil, v. 11, n. 4, p. 250 -254, 1991. FARRELL, R.E.; WALLEY, F.L.; LUKEY, A.P.; GERMIDA, J.J. Manual and digital lineintercept methods of measuring root length: a comparison. Agronomy Journal, v. 85, n. 6, p. 1233 -1237, 1993. FERREIRA, S.A.N.; CLEMENT, C.R.; RANZANI, G. Contribuição para o conhecimento do sistema radicular da pupunheira (Bactris gasipaes H.B.K. - Guilielma gasipaes (H.B.K.) Bailey) I - Solo Latossolo Amarelo, textura média. Acta Amazônica, Manaus, v. 10, n. 2, p. 245 - 249, 1980. FERREIRA, S.A.N.; CLEMENT, C.R.; RANZANI, G.; COSTA, S.S. Contribuição ao conhecimento do sistema radicular da pupunheira (Bactris gasipaes Kunth, Palmae). II. Solo latossolo amarelo, textura argilosa. Acta Amazônica, Manaus, v. 25, n. 3-4, p. 161 -170, 1995. FUJIWARA, M.; KURACHI, S.A.H.; ARRUDA, F.B.; PIRES, R.C.M.; SAKAI, E. A técnica de estudo de raízes pelo método do trado. Campinas: Instituto Agronômico, 1994. 9 p. (Boletim Técnico 153). GARDNER, W.R. Dynamic aspects of water availability. Soil Science , v. 89, n. 1, p. 63 73, 1960. GROSS, K.L.; MARUCA, D.; PREGITZER, K.S. Seedling growth and root morphology of plants with different life-histories. New Phytologist, v. 120, n. 4, p. 535 - 542, 1992. HARDON, J.J. Oil palm breeding – Introduction. In: CORLEY, R.H.V., HARDON, J.J.; WOOD, B.J. eds. Oil Palm Research . New York: Elsevier, 1982. p. 89 - 108. HARTLEY, C.W.S. The oil palm (Elaeis guineensis Jacq.), 2 ed. London: Longman, Tropical Agriculture Series, 1977. 806 p. HAUSER, S. Root distribution of Dacryladenia (Acioa) barteri and Senna (Cassia) siamea i n alley cropping on Ultisol. I. Implication for field experimentation. Agroforestry Systems, v. 24, n. 2, p. 111 - 121, 1993. JORGE, J.A.; BOVI, M.L.A. Influência das propriedades físicas e químicas do solo no crescimento da palmeira pupunha. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE FRUTICULTURA 13., 1994, Salvador. Resumos expandidos. Salvador: SBF, 1994. p. 1145 - 1146. MENGEL, K. Responses of various crop species and cultivars to fertilizer application. Plant and Soil, v. 72, n. 2-3, p. 305 - 319, 1983. MORA-URPÍ, J. El pejibaye (Bactris gasipaes H.B.K.): origen, biología floral y manejo agronómico. In: MORA-URPÍ ed. Palmeras poco utilizadas de América Tropical. Turrialba: Food and Agriculture Organization y Centro Agronómico Tropical de Investigación y Enseñanza (CATIE), 1984. p.118 - 160. MORA-URPÍ, J.; CLEMENT, C.R. Races and populations of peach palm found in the Amazon basin. In: CLEMENT, C.R.; CORADIN, L. eds. Peach palm (Bactris gasipaes H.B.K.) germplasm bank . Manaus: US-AID project report, Manaus, 1988. p. 78 94. (Final report revised) MORA-URPÍ, J.; WEBER, J.C.; CLEMENT, C.R. Peach palm. Bactris gasipaes Kunth . Promoting the conservation and use of underutilized and neglected crops. 20. Rome: Institute of Plant Genetics and Crop Plant Research, Gaterleben and International Plant Genetic Resources Institute, 1997. 83 p. Hortic. bras., v. 17, n. 3, nov. 1999. Densidade radicular de progênies de pupunheira em função de adubação NPK. MORALES, A.L.; VARGAS, H.S. Observaciones sobre la distribucion radical del pejibaye (Bactris gasipaes H.B.K.) para palmito en un andosol. ASBANA, v. 14, n. 34 , p. 9 - 15, 1990. MULLINS, G.L.; REEVES, D.W.; BURMESTER, C.H.; BRYANT, H.H. In-row subsoiling and potassium placement effects on root growth and potassium content of cotton. Agronomy Journal, v. 86, n. 1, p. 136 - 139, 1994. OLLAGNIER, M.; OCHS, R. Management of mineral nutrition in industrial oil palm plantation. Fertilizers savings. Oléagineux, v. 36, n. 4, p. 539 - 544, 1980. PACHÊCO, R.G. Crescimento de mudas de pupunha (Bactris gasipaes H.B.K.) em resposta à calagem e às relações cálcio/magnésio do solo e em resposta às relações nitrato/amônio e alumínio em soluções nutritivas. Viçosa: UFV, 1997. 102 p. (Tese doutorado). PAVAN, M.A. Efeito da adubação mineral na distribuição do sistema radicular da macieira. Revista Brasileira de Ciência do Solo, Campinas, v. 19, n. 3, p. 477 - 480, 1995. PENG, S.; EISSENSTAT, D.M.; GRAHAM, J.H.; WILLIAMS, K.; HODGE, N.C. Growth depression in mycorrhizal citrus at highphosphorus supply. Plant Physiology, v. 101, n. 4, p. 1063 - 1071, 1993. RUER, P. Morphologie et anatomie du système radiculaire du palmier à huile. Oléagineux, v. 22, n. 10, p. 595 - 599, 1967a. RUER, P. Répartition en surface du système radiculaire du palmier à huile. Oléagineux, v. 22, n. 9, p. 535 - 537, 1967b. SALISBURY, F.B.; ROSS, C.W. Plant physiology. 4 ed. Belmont: Wadsworth Publishing Company, 1991. 682 p. SIEVERDING, E. Vesicular-arbuscular mycorrhiza management in tropical agrosystems . Eschborn: Technical Cooperation, 1991. 371 p. SUDO, A.; SILVA, E.M.R.; BOVI, M.L.A; ALMEIDA, D.L.; COZZOLINO,K. Produção de mudas de pupunheira colonizadas por fungos micorrízicos arbusculares. Revista Brasileira de Ciência do Solo, Campinas, v. 20, n. 4, p. 529 - 532, 1996. TAILLIEZ, B. Le système racinaire du palmier a huile sur la plantation de San Alberto (Colombie). Oléagineux, v. 26, n. 10, p. 435 447, 1971. TAMPUBOLON, F.H.; DANIEL, C.; OCHS, R. Réponses du palmier à huile aux fumures azotées et phosphorées à Sumatra. Oléagineux, v. 45, n. 11, p. 475 - 484, 1990. TINKER, P.B. Soil requirements of the oil palm. In: CORLEY, R.H.V., HARDON, J.J.; WOOD, B.J. eds. Oil Palm Research . New York: Elsevier, 1982. p. 165 - 181. TOMLINSON, P.B. The structural biology of palms. Oxford: Clarendon Press, 1990. 463 p. VANDERMEER, J. Observations on the root system of the Pejibaye palm (Bactris gasipaes H.B.K.) in Costa Rica. Turrialba, v. 27, n. 3, p. 239 - 242, 1977. SILVA, N.F.; FERREIRA, F.A.; FONTES, P.C.R.; SEDIYAMA, M.A.N. Crescimento e estado nutricional de abóbora híbrida em função de adubação orgânica e mineral. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 17, n. 3, p. 193-200, novembro 1999. Crescimento e estado nutricional de abóbora híbrida em função de adubação orgânica e mineral1 . Natan F. Silva2; Francisco A. Ferreira3; Paulo C. R. Fontes3; Maria Aparecida N. Sediyama4 2 /UFG Escola de Agronomia, C. Postal 131, 74.001-970 Goiânia - GO; 3/ UFV - Dep. de Fitotecnia, 36.571-000 Viçosa-MG; 4 EPAMIG/ UFV, 36.571-000 Viçosa - MG. RESUMO ABSTRACT Foi conduzido um ensaio em estufa com cobertura plástica, em Viçosa, MG, com finalidade de avaliar a resposta da abóbora híbrida, cv. Tetsukabuto, a cinco doses (0, 25, 50, 100 e 150 g.dm-3 ) de composto orgânico produzido com resíduos de suínos e bagaço de cana em três níveis (0, 1 e 2) de adubação mineral (AM). No nível 1 da adubação mineral foram adicionados, em mg.dm-3 de substrato, os elementos: 150 de P; 50 de N; 75 de K; 20 de S; 58,5 de Ca; 14 de Mg; 0,5 de B; 0,5 de Cu; 1 de Zn e 0,1 de Mo. No nível 2 adicionouse o dobro das doses dos nutrientes aplicadas no nível 1. O experimento foi em fatorial 5 x 3, e os tratamentos distribuídos em blocos ao acaso com quatro repetições. Cada parcela foi constituída por um vaso contendo 10 dm3 de substrato, com uma planta cada. Após 36 dias da semeadura, o composto orgânico e o adubo mineral propiciaram aumentos da área foliar, da matéria seca da parte aérea das plantas e aumentos dos teores de P, K e S e redução dos teores de N, Mg, e Ca na matéria seca do limbo foliar. Nutritional state of hybrid squash as a function of organic compost and mineral fertilizer. Palavras-chave: Cucurbita maxima x C. moschata, teores de nutrientes, crescimento, adubação orgânica, adubação mineral. Keywords: Cucurbita maxima x C. moschata, nutrient concentration, growth, organic compost, mineral fertilizer. An experiment was carried out in a plastic greenhouse, in Viçosa, Minas Gerais, Brazil, to evaluate the response of hybrid squash cv. Tetsukabuto to five rates (0, 25, 50, 100, and 150 g/dm3 ) of organic compost combined with three levels (0, 1 and 2) of mineral fertilizer. At level 1 of mineral fertilizer the following nutrients were added in mg per dm3 of substrate: 150 of P; 50 of N; 75 of K; 20 of S; 58.5 of Ca; 14 of Mg; 0.5 of B; 0.5 of Cu; 1 of Zn and 0.1 of Mo. At level 2, a double of the quantities applied at level 1 were added. The experiment was laid out as a 5 x 3 factorial arrangement, and the treatments randomly distributed in blocks, with four repetitions. Each sample comprised a pot containing 10 dm3 of substrate and a single plant. Thirty six days after planting the organic compost and mineral fertilizer resulted in increases in leaf area, dry weight of aerial parts, and P, K and S content, and a decrease in the contents of N, Mg and Ca in the dry matter of the leaf blade. (Aceito para publicação em 22 de setembro de 1999) 1 Parte da tese de doutoramento do primeiro autor, apresentado à UFV, Viçosa, MG. Trabalho executado com o apoio financeiro da CAPES e FAPEMIG. Hortic. bras., v. 17, n. 3, nov. 1999. 193 N.F. Silva et al. O cultivo de abóbora híbrida cv. Tetsukabuto tem sido feito em diversas regiões produtoras do país, utilizando adubação orgânica e mineral, mas as doses ainda não estão bem estabelecidas (Makishima, 1991). No Brasil, trabalhos relatando os efeitos da adubação no crescimento e nutrição deste híbrido são, praticamente, inexistentes. Mesmo na literatura estrangeira poucos trabalhos contemplam esta planta (Fontes & Lima, 1993). A adubação orgânica, prática milenar de fertilização dos solos cultivados, reconhecidamente contribui para a atividade biológica e produção das culturas. Esse efeito da matéria orgânica tem sido relacionado com seu conteúdo de nutrientes e modificações nas propriedades físicas do solo, principalmente através da melhor agregação do solo, que, por sua vez, influencia na capacidade de infiltração e retenção de água, drenagem, aeração, temperatura e penetração radicular (Allison, 1973; Kang, 1991). Chen & Aviad (1990) e Varanine et al. (1993) afirmam que a resposta de crescimento obtida na presença de matéria orgânica não pode ser explicada somente pelo seu conteúdo de nutrientes ou melhores condições físicas do solo, mas também pela melhor absorção de nutrientes. Essa melhor absorção de nutrientes pelas plantas na presença de matéria orgânica pode ser atribuída à interações entre compostos orgânicos e a membrana plasmática das células. Varanine et al., (1993) constataram um aumento da atividade de H+ -ATPases da membrana de vesículas isoladas de raízes de aveia na presença de substâncias húmicas de baixo peso molecular. Nos solos brasileiros onde predominam minerais argilosos como a caulinita e os óxidos hidratados de ferro e alumínio, com baixo poder de troca catiônica (Moniz et al. 1995; Santos & Batista 1996), a matéria orgânica torna-se constituinte de extrema importância na manutenção da sua fertilidade, (Kang, 1991). Silva Jr. & Vizzoto (1990) observaram maior rendimento e qualidade de frutos na cultura do tomateiro, quando parte dos fertilizantes minerais foi substituída pelo adubo orgânico. Kang (1993) afirma que, em solos do sul da 194 Nigéria, maiores produtividades de milho foram obtidas com a combinação da aplicação dos fertilizantes minerais e orgânicos. Rodrigues (1990) também relata maior produtividade de alface em função de doses de composto orgânico. No entanto, Pacheco (1996) estudando doses de composto orgânico de cana-deaçúcar e dejeto de suínos não obteve ganho de produtividade em repolho, mas observou uma redução dos teores de N na planta. Na região da Zona da Mata de Minas Gerais, em razão de sua topografia acidentada, o cultivo de olerícolas é feito em pequenas propriedades e com pouca utilização de insumos. Em Ponte Nova, a suinocultura é uma atividade de relativa expressão, gerando grandes volumes de resíduos orgânicos e constituindo-se em grave problema de poluição ambiental, pois são acumulados em lagoas ou lançados diretamente nos cursos d’água. Uma alternativa seria utilizálos como fonte de matéria orgânica para os solos cultivados. Assim surgiu a necessidade de um estudo que oriente o uso racional desses resíduos, principalmente no cultivo de hortaliças, que tradicionalmente utilizam, além dos fertilizantes minerais, a adubação orgânica (Sediyama et al., 1995). Desse modo o objetivo deste trabalho foi avaliar o crescimento e o estado nutricional da abóbora híbrida cv. Tetsukabuto, em função da adubação com doses de composto orgânico produzido com resíduos de suínos e bagaço de cana em três níveis de adubação mineral. MATERIAL E MÉTODOS O ensaio foi conduzido em condições de estufa com cobertura plástica, nas dependências do DFT/UFV, no Município de Viçosa, MG. Utilizaramse vasos de plástico preto, contendo 10 dm3 de substrato, preparado com amostra de um solo Podzólico VermelhoAmarelo Câmbico fase terraço, de textura argilosa, coletado na camada arável, na Estação Experimental da EPAMIG. Originalmente, esse solo apresentava as seguintes características: pH (H2O) = 5,9; P = 13,8 mg/dm3; K = 66 mg.dm-3; Al = 0,0 cmolc.dm-3 ; H+Al = 2,4 cmolc .dm-3 ; Ca = 3,4 cmolc .dm-3 ; Mg = 1,1 cmolc .dm-3 ; CTC-total = 7,01 cmolc .dm-3 ; saturação de bases 65,7% e carbono orgânico = 15,6 g.kg-1 . Os tratamentos foram constituídos por cinco doses de um composto previamente preparado (0, 25, 50, 100 e 150 g.dm-3, em base seca) e três níveis (0, 1 e 2) de adubação mineral (AM), arranjados em esquema fatorial 5 x 3, com quatro repetições. O delineamento experimental foi blocos completos casualizados. Cada parcela foi constituída de um vaso com uma planta. O composto utilizado foi preparado com bagaço de cana enriquecido com dejeto líquido de suínos atingindo relação C/N inicial aproximada de 35:1, seguindo metodologia adaptada de Kielh (1985). Na confecção da pilha do composto, o bagaço de cana foi disposto em camadas de 20 a 30 cm e irrigado com dejeto líquido de suínos. Na operação de revolvimento, a cada três ou quatro semanas, adicionou-se mais dejeto líquido de suínos, enriquecendo e devolvendo a umidade adequada ao composto. No momento de utilização, aos 90 dias, o composto apresentava as seguintes características pH (H2O) = 6,9; N = 14,5 g.kg-1 P = 12,4 g.kg-1; K = 6,7 g.kg-1 ; Ca = 24,9 g.kg-1; Mg = 5,0 g.kg1; S = 3,1 g.kg-1; carbono orgânico = 250 g.kg-1; matéria seca = 354 g.kg-1 e relação carbono/nitrogênio = 17,2. No nível 1 da adubação mineral, foram adicionados os seguintes elementos, por dm3 de substrato: 150 mg de P, 50 mg de N, 75 mg de K, 20 mg de S, 58,5 mg de Ca, 14 mg de Mg, 0,5 mg de B, 0,5 mg de Cu, 1 mg de Zn e 0,1 mg de Mo, utilizando-se os sais KH 2PO 4 , Ca(H2PO 4)H 2 O, (NH 4) 2SO 4 , NH4 N0 3 , MgSO 4 , H3 BO 3, CuSO 4 , ZnSO 4 e (NH4) 6Mo7 O24. No nível 2 adicionou-se o dobro das doses dos nutrientes aplicados no nível 1. Esses nutrientes foram adicionados ao solo na forma de solução, na quantidade de 500 ml por vaso. Nos vasos correspondentes aos tratamentos da dose 0 (zero) de adubo mineral, foram aplicados 500 ml de água deionizada. Foram feitas duas adubações de cobertura com uréia, em todos os vasos, inclusive no tratamento zero, aplicando-se 50 e 80 mg.dm-3 de N no décimo quinto e no vigésimo-quinto dia, respectivamente, após a semeadura. Hortic. bras., v. 17, n. 3, nov. 1999. Crescimento e estado nutricional de abóbora híbrida em função de adubação orgânica e mineral. Na semeadura plantaram-se quatro sementes por vaso, a 1,5 cm de profundidade, deixando-se após os desbastes, apenas uma planta por vaso no décimo dia após a semeadura. As irrigações foram feitas, inicialmente a cada dois ou três dias aplicando-se dois ou três litros de água por vaso. Com o crescimento das plantas a freqüência e as quantidades de água aplicadas foram aumentadas de modo a atender a demanda e manter o substrato com umidade próxima da capacidade de campo. No décimo quinto dia, antes da primeira adubação em cobertura, e no trigésimo-sexto dia após a semeadura, foram tomadas amostras de solo dos vasos, a dez centímetros da haste das plantas, para determinar a condutividade elétrica na umidade de saturação em extrato aquoso de 100 g de solo seco (Richards, 1954). No trigésimo-sexto dia foi feita a medida da maior largura de cada folha, para estimar a área foliar por meio de um modelo matemático previamente desenvolvido (Silva, 1997). O limbo foliar da quinta, sexta e sétima folha aberta contadas a partir do ápice foram colhidos, pesados e utilizados para a determinação do teor de nutrientes. A parte aérea das plantas foi colhida para obtenção do peso da matéria fresca e, em seguida, juntamente com as amostras dos limbos foliares, foram submetidas a secagem, em estufa a 600C, até peso constante, determinando-se então o peso da matéria seca. As amostras para as determinações dos teores de nutrientes foram moídas em moinho do tipo Wiley, com peneira de 20 mesh, e acondicionadas em frascos, para posterior análise. Para as análises químicas realizadas conforme metodologia empregada por Malavolta et al. (1997), as amostras foram digeridas com H2SO 4 e H2O 2 para determinação dos teores de N pelo reagente de Nessler, e com ácido nitro-perclórico, para as determinações de P por colorimetria, K por fotometria de chama, S por turbidimetria e Ca e Mg por espectrofotometria de chama de absorção atômica. RESULTADOS E DISCUSSÃO A Tabela 1 apresenta as equações de regressão com os respectivos coeficienHortic. bras., v. 17, n. 3, nov. 1999. Tabela 1. Equações de regressão, aos 15 dias após a semeadura, da condutividade elétrica dos substratos, e aos 36 dias após a semeadura, da condutividade elétrica dos substratos, da área foliar e do peso da matéria seca da parte aérea, em função do composto orgânico e da adubação mineral (AM) em três níveis (0, 1 e 2). Viçosa (MG), UFV, 1997. *,** Significativos a 5 e 1% de probabilidade, respectivamente pelo teste t. tes de determinação (R2) da condutividade elétrica dos substratos aos 15 dias e aos 36 dias após a semeadura, da área foliar e do peso da matéria seca da parte aérea. Observou-se efeito significativo da interação AM x Composto na área foliar. O desdobramento da interação mostrou que no nível zero da AM, o efeito da dose de composto orgânico sobre a área foliar seguiu o modelo quadrático base raiz quadrada, e, nas doses 1 e 2, modelos lineares positivos (Tabela 1). Na ausência de AM as doses iniciais (25 e 50 g.dm-3 ) de composto, além de contribuir com as propriedades físicas do solo, parecem ter suprido boa parte dos nutrientes propiciando um aumento significativo da área foliar que foi crescente até a dose de 121 g.dm-3, quando atingiu o máximo de 7.714 cm2 .planta-1 (Tabela 2). Doses maiores que 121 g.dm- 3 de composto orgânico reduziram a área foliar, provavelmente devido a imobilização de N, que nesse caso não foi suprido pela AM. A imobilização do N pode ser atribuída à composição fibrosa do bagaço de cana-de-açúcar no composto, concordando com o encontrado por Pacheco (1996). Na característica peso da matéria seca da parte aérea constatou-se a existência de interação entre AM e composto. Nos níveis 0 e 1 da adubação mineral, a resposta do peso da matéria seca às doses de composto seguiu o modelo quadrático, e, no nível 2, a resposta foi linear positiva (Tabela 1). Esse efeito quadrático, observado nos níveis 0 e 1 da AM, pode ser explicado pela contribuição significativa do composto, principalmente nas doses menores, na absorção de P, K e S pelas plantas e, nas maiores, pela imobilização do N que reduziu os teores na planta. Nota-se que o composto orgânico sozinho é capaz de explicar a maior parte do crescimento das plantas em matéria seca. O efeito positivo da matéria orgânica no crescimento de plantas tem sido relacionado com o aumento da absorção de nutrientes minerais, sendo relatados na literatura efeitos no crescimento, tanto de raízes como da parte aérea (Rauthan & Schnitzer, 1981; Chen & Aviad, 1990; Varanine et al., 1993; Vidigal et al., 1997). Considerando que em geral a máxima eficiência econômica situa-se um pouco abaixo do ponto de máximo, estimaram-se por meio das equações de 195 N.F. Silva et al. Tabela 2. Valores estimados, aos quinze dias após a semeadura da condutividade elétrica e aos 36 dias após a semeadura, da condutividade elétrica, área foliar, peso da parte aérea seca e correspondentes doses do composto orgânico, nos pontos de máximo, 95% e 90% do máximo daquelas características, em três níveis de adubação mineral. Viçosa (MG), UFV, 1997. Nível de Adubação Mineral 0 1 2 Valores estimados Máximo 4,4 4,2 4,0 5,8 5,5 5,2 Condutividade elétrica aos 36 dias (dS.m-1 ) 1,5 1,2 2 1,6 0 1 2 7.714 8.824 10.546 Máximo 95% 150 g.dm-3 144 90% 132 150 150 133 128 g.dm-3 119 102 1,3 1,1 150 150 142 123 130 123 1,5 1,4 Área foliar por planta (cm²) 150 140 g.dm-3 133 121 150 150 67 120 122 49 90 94 g.dm-3 73 63 62 118 44 85 1,4 1,1 7.328 8.383 10.019 6.943 7.941 9.491 Peso da parte aérea seca (g.planta-1) 64,9 61,6 58,4 60,4 71,6 regressão, além do ponto de máximo, os valores das características a 95 e a 90% do máximo e as respectivas doses do composto (Tabela 2). Para as funções lineares crescentes considerou-se, como ponto de máximo, a maior dose de composto utilizada (150 g.dm-3). A análise estatística dos dados de condutividade elétrica (CE) dos extratos dos substratos, medida aos quinze e aos 36 dias após a semeadura, mostrou efeitos significativos, apenas para os fatores isolados composto orgânico e adubo mineral. A CE aos 15 dias após a semeadura cresceu linearmente em função das doses de composto orgânico nos três níveis da adubação mineral (Tabela 1). Através das equações estimaram-se os pontos de máximo da CE nos níveis 0, 1 e 2 da AM que foram, respectivamente, 2,7, 4,4 e 5,8 dS.m-1 correspondentes à dose de 150 g/dm3 de composto (Tabela 2). Aos 36 dias após a semeadura a resposta de CE às doses de composto orgânico foi quadrática base raiz quadrada no nível 0, linear no nível 1 e quadrática no nível 2 da AM (Tabela 1). Nessa época os valores máximos esti196 90% Condutividade elétrica aos quinze dias (dS.m-1) 2,7 2,6 2,4 0 1 0 1 2 95% Doses do composto 57,4 68,0 54,3 64,5 98 106 150 mados de CE (Tabela 2) foram menores que 3 dS.m-1 , que indica baixa salinidade. Nas doses 0, 25 e 50 g.dm- 3 de composto do nível zero da AM o crescimento quadrático positivo em matéria seca da parte aérea, provavelmente exigiu absorção de mais nutrientes e reduziu os teores de sais do substrato correspondendo um decréscimo quadrático da CE. Os valores de CE aos 36 dias da semeadura, menores que aos dos 15 dias, podem ser explicados pela absorção em função do crescimento das plantas, e possivelmente de lixiviação, atingindo no final do experimento, aos 36 dias após a semeadura, valores menores que 3 dS.m-1 (Tabela 2). Nota-se que aos 15 dias após a semeadura, os níveis 1 e 2 do adubo mineral associados às doses maiores de composto elevaram a CE a valores acima de 4 dS.m-1 , (Tabela 2). Estes valores indicam níveis de salinidade que podem ser prejudiciais para a nutrição e o crescimento das plantas, podendo, de acordo com os sais envolvidos, alterar os teores de K, Ca e Mg nas plantas e, ou, o crescimento em resposta ao estresse salino (Marschner, 1995). Rodrigues (1990), trabalhando com composto de palha de milho e esterco de bovinos, também, observou CEs bem acima de 4 dS.m-1 nas doses maiores de adubação orgânica e mineral. A análise dos dados de teor de N na matéria seca do limbo foliar mostrou efeito significativo dos fatores composto orgânico e AM com ausência de interação. Na dose 0 da AM, o teor de N seguiu o modelo quadrático base raiz quadrada, decrescendo de 39,75 g.kg-1 de N até atingir o ponto de mínimo, 30,36 g.kg-1 de N, com a dose de 76 g.dm-3 de composto (Figura 1). Na dose 1 da AM, o teor de N decresceu linearmente e, na dose 2, as doses de composto não influíram nos teores de N. Nesta situação, o N foi suprido pela adubação mineral com formas prontamente disponíveis. Contudo, mesmo os teores menores de N encontrados na matéria seca do limbo foliar, nas doses 0 e 1 da AM, ficaram dentro ou um pouco acima da faixa considerada adequada para as abóboras (30 a 35 g.kg- 1 de N), segundo Piggott (1986). Os valores decrescentes do teor de N na folha obtidos em função das doses Hortic. bras., v. 17, n. 3, nov. 1999. Crescimento e estado nutricional de abóbora híbrida em função de adubação orgânica e mineral. de composto parecem ser devido ao fato do bagaço de cana ser de difícil decomposição, o que torna lenta a mineralização do N, dificultando sua disponibilidade para as plantas. Matos et al. (1995), estudando a dinâmica de decomposição de compostos orgânicos preparados com resíduos de suínos, encontraram para o composto de bagaço de cana a menor taxa de decomposição do carbono (Kc ) em relação aos outros materiais estudados. Esses resultados concordam com os obtidos por Pacheco (1996), enquanto que Rodrigues (1990), trabalhando com materiais de decomposição mais fácil, encontrou teores crescentes de N em alface em função de doses de composto orgânico. A análise de variância dos dados de teor de fósforo na matéria seca do limbo foliar mostrou efeito significativo da interação entre os fatores AM e composto orgânico. O desdobramento da interação, apresentado na Figura 2, mostrou que o teor de fósforo na matéria seca do limbo foliar, em função das doses de composto apresentou resposta quadrática positiva na dose zero de AM, indicando que o composto sozinho pode explicar o aumento do teor de P na folha; na dose 1, a resposta foi linear crescente, mostrando que nesse nível de AM o composto ainda contribuiu com o aumento do teor de P na folha; na dose 2, as doses de composto não influenciaram os teores de P da folha. Nas doses 0 da AM e de composto (ausência de adubação de plantio), o teor de P estimado foi baixo, 1,80 g.kg-1, indicando que o teor de 13,8 mg.dm-3 de P disponível encontrado nesse solo antes dos tratamentos de adubação, considerado alto pela Comissão de Fertilidade do Solo do Estado de Minas Gerais (1989), não foi suficiente para atender às necessidades nutricionais da planta; porém, com doses de composto acima de 22 g.dm-3, os teores estimados ficaram na faixa de 3 a 5 g.kg-1 , considerada por Jones Jr. et al. (1991) como adequada para as abóboras. Clough et al. (1992), estudando doses de N e K e método de irrigação em dois locais diferentes, encontraram em folhas de C. pepo teores de P variando de 5,4 a 6,5 g.kg-1 de matéria seca. O teor de cálcio na matéria seca do limbo foliar não foi influenciado pelas Hortic. bras., v. 17, n. 3, nov. 1999. *, ** Significativo a 5 e 1% de probabilidade, respectivamente, pelo teste t. Figura 1. Teores de N na matéria seca do limbo da 6a folha a partir do ápice da planta de abóbora, em função do composto orgânico e da adubação mineral (AM) em três níveis (0, 1 e 2). Viçosa (MG), UFV, 1997. *, ** Significativo a 5 e 1% de probabilidade, respectivamente, pelo teste t. Figura 2. Teores de P na matéria seca do limbo da 6a folha a partir do ápice da planta de abóbora, em função do composto orgânico e da adubação mineral (AM) em três níveis (0, 1 e 2). Viçosa (MG), UFV, 1997. doses da AM, mas apresentaram resposta quadrática base raiz quadrada negativa em função das doses de composto, decrescendo de 20,4 g.kg-1 até o ponto de mínimo de 12,4 g.kg-1 na dose de 118 g.dm-3 do composto (Figura 3). Rodrigues (1990) encontrou redução do teor de Ca em alface pela adição de doses crescentes de composto, que foi justificada pelo desequilíbrio de sódio e potássio em relação ao cálcio; contudo, no presente trabalho o composto utilizado apresentou teor de Ca de 24,9 g.kg-1, ou seja, 3,7 vezes maior que o de K. É possível que esse Ca no composto estivesse em formas não prontamente disponíveis, além disso o maior crescimento da parte aérea em função do composto tenha provocado um efeito de diluição nos teores de Ca encontrados na 197 N.F. Silva et al. ** Significativo a 1% de probabilidade pelo teste t. Figura 3. Teores de cálcio ( ), de potássio ( ) na matéria seca do limbo da 6a folha a partir do ápice da planta de abóbora, em função de doses de composto orgânico. Viçosa-MG, UFV, 1997. ** Significativo a 1% de probabilidade pelo teste t. Figura 4. Teores de magnésio na matéria seca do limbo da 6a folha a partir do ápice da planta de abóbora, em função de doses de composto orgânico. Viçosa (MG), UFV, 1997. folha que ficaram dentro da faixa de 12 a 25 g.kg-1 considerada por Jones Jr. et al. (1991) adequada para as abóboras. A análise de variância do teor de potássio na matéria seca do limbo foliar mostrou efeito significativo apenas para as doses de composto. Na Figura 3 podese ver que os teores de K encontrados no limbo foliar cresceram linearmente 198 em função das doses do composto orgânico sendo menores que a faixa de 24 a 26 g.kg-1 considerada adequada para C. pepo (Piggott, 1986). Estes resultados mostram que a dose de K (150 mg.dm-3 ) no nível 1 e 2 da AM, nesse solo, foi insuficiente para suprir as plantas. O composto utilizado apresentava 6,7 g.kg-1 de K total, teor que não é alto, quando comparado com outros materiais orgânicos. Além disso é possível que parte desse K total estivesse disponível para as plantas. Sediyama et al. (1995) estudando diferentes composto encontraram os mais baixos teores de K total nos compostos preparados com bagaço de cana e dejeto líquido de suínos sendo K disponível apenas cerca de 40% do K total. É possível que a abóbora híbrida seja uma planta que exige teores mais altos desse nutriente. Buwalda (1986) encontrou resposta de produção por adubação potássica nesse tipo de planta em solos com K disponível de até 220 mg.kg-1 . A análise de variância dos dados de teor de Mg na matéria seca do limbo foliar mostrou efeitos das doses de composto e de AM e ausência de interação. Nas três doses da AM o teor de Mg foi melhor representado pelos modelos quadrático base raiz quadrada (Figura 4). Na dose 0 da AM, decresceu de 5,6 g.kg-1 com a dose 0 do composto até atingir o ponto de mínimo em 3,3 g.kg1 de Mg na dose de 71 g.dm-3 do composto; na dose 1 da AM, decresceu de 4,3 g.kg-1 com a dose 0 até o mínimo de 3,1 g.kg-1 com a dose de 104 g.dm-3 de composto; e, na dose 2 da AM, decresceu de 4,6 g.kg-1 com a dose 0 até o mínimo de 3,3 g.kg-1 com a dose de 73 g.dm-3 de composto. Estes teores estão dentro da faixa considerada adequada para as abóboras, que é de 3 a 10 g.kg- 1 de Mg (Jones Jr. et al., 1991). As respostas decrescentes nos teores de Ca e de Mg da folha podem estar relacionadas em parte com o efeito salino encontrado no composto até os 15 dias após a semeadura e em parte com o efeito de diluição pelo maior crescimento da parte aérea. Gianello & Ernani (1983) afirmaram que, apesar dos aumentos do teor de magnésio no solo, as concentrações em plantas de milho foram decrescentes em função dos aumentos das doses de adubo orgânico, por causa da competição exercida pelo potássio, mas isso não explica os dados obtidos no presente trabalho. Pela análise de variância constatouse interação significativa dos fatores doses do composto orgânico e adubo mineral no teor de S encontrado na matéria seca do limbo foliar (Figura 5). No Hortic. bras., v. 17, n. 3, nov. 1999. Crescimento e estado nutricional de abóbora híbrida em função de adubação orgânica e mineral. nível 0 da AM, o teor de S da folha foi melhor representado pelo modelo raiz quadrático, crescendo de 1,6 g.kg-1 com a dose 0 de composto até o ponto de máximo, 2,8 g.kg-1 , com a dose de 75 g.dm-3 de composto; nos níveis 1 e 2 da AM, as doses do composto não influíram no teor de S da folha, que foram de 2,8 e 3,3 g.kg-1 , respectivamente. Observa-se que doses de composto acima de 50 g.dm-3 apresentaram a mesma contribuição nos teores de S na planta quando comparados ao nível 1 da AM. Nos solos agrícolas o S está presente na forma de matéria orgânica, na forma de sulfato na solução ou adsorvido no complexo sortivo do solo, mas a matéria orgânica é a principal fonte de S, que é liberado durante a sua decomposição; adições ao solo de resíduos orgânicos pobres em S (<1,5 g.kg-1 ) conduzem à imobilização do S (Tisdale et al., 1985). De acordo com os dados obtidos no presente trabalho, aos 36 dias da semeadura, o composto orgânico e o adubo mineral propiciaram aumentos da área foliar, da matéria seca da parte aérea e dos teores de P, K e S. Os teores de Ca e Mg na matéria seca do limbo foliar não foram influenciados pelas doses de adubação mineral, mas foram decrescentes com o aumento das doses de composto. Nas doses 0 e 1 da adubação mineral o composto orgânico reduziu os teores de N do limbo foliar. A produção máxima de matéria seca na parte aérea no nível 0 da adubação mineral, foi de 62,9 g.planta-1 , obtida com 95 g.dm-3 (base seca) do composto e, no nível 2, foi de 71,6 g.planta-1, obtida com 150 g.dm- 3 do composto. LITERATURA CITADA ALLISON, F.E. Soil organic matter and its role in crop production. New York: Elsevier Scientific, 1973. 637 p. BUWALDA, J.G. Hybrid squash: yield responses to potassium and phosphorus fertilisers at four sites of varying initial fertility. New Zealand of Experimental Agriculture, v. 14, p. 347-354. 1986. CHEN, Y.; AVIAD, T. Effects of humic substances on plant growth. In: Mac CARTHY, P.; CLAPP, C.E.; MALCOLM, R.L.; BLOOM, P.R. Humic substances in soil and crop sciences: selected readings. Madison: American Society of Agronomy, Soil Science Society of America, 1990. p. 161- 186. Hortic. bras., v. 17, n. 3, nov. 1999. ** Significativo a 1% de probabilidade pelo teste t. Figura 5. Teores de enxofre na matéria seca do limbo da 6a folha a partir do ápice da planta de abóbora, em função do composto orgânico e da adubação mineral (AM) em três níveis (0, 1 e 2). Viçosa (MG), UFV, 1997. CLOUGH, G.H.; LOCASCIO, S.J.; OLSON, S.M. Mineral concentration of yellow squash responds to irrigation method and fertilization management. Journal American Society for Horticultural Science, v. 117, n. 5, p. 725729. 1992. COMISSÃO DE FERTILIDADE DO SOLO DO ESTADO DE MINAS GERAIS. Recomendação do uso de corretivos e fertilizantes em Minas Gerais. 4a aproximação. Lavras; MG: 1989. 159 p. FONTES, R.R.; LIMA, J. de A. Nutrição mineral e adubação do pepino e da abóbora. In: FERREIRA, M.E., CASTELLANE, P.D.; CRUZ, M.C.P. da. (Ed.). Nutrição e adubação de hortaliças. Piracicaba: Associação Brasileira para Pesquisa da Potassa e do Fosfato, 1993. p. 281-300. GIANELLO, C.; ERNANI, P.R. Rendimento de matéria seca de milho e alterações na composição química do solo pela incorporação de quantidades crescentes de cama de frangos, em casa de vegetação. Revista Brasileira de Ciência do Solo Campinas, v. 7, p. 285 - 90, 1983. JONES JR., J.B.; WOLF, B.; MILLS, H.A. Plant analysis handbook. Athens: Micro - Macro, 1991. 213 p. KANG, B.T. Changes in soil chemical properties and crop performance with continuos cropping on an Entisol in the humid tropics. in: MULONGOY, K.; MERCKX, R. ed. S o i l organic matter dynamics and sustainability of tropical agriculture. New York: John Wiley & Sons, 1991. p. 297 - 305. KIEHL, E.J. Fertilizantes orgânicos. São Paulo: Agronômica Ceres, 1985. 429 p. MAKISHIMA, N. Situação das cucurbitáceas no Brasil. Horticultura brasileira, Brasília, v. 9, n. 2, p. 99 - 101, 1991. MALAVOLTA, E.; VITTI, G.C.; OLIVEIRA, S.A. de. Avaliação do estado nutricional das plantas: princípios e aplicações. 2 ed. Piracicaba: Associação Brasileira para Pesquisa da Potassa e do Fosfato, 1997. 319 p. MARSCHNER, H. Mineral nutrition of higher plants. 2 ed. London: Academic Press, 1995. 889 p. MATOS, A.T. de; SEDIYAMA, M.A.N.; VIDIGAL, S.M.; GARCIA, N. .P.; RIBEIRO, M.F. Compostos orgânicos contendo dejeto líquido de suínos como fonte de nitrogênio. I Dinâmica da compostagem. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIA DO SOLO, 25, 1995, Viçosa, MG, Resumos expandidos... Viçosa, MG: SBCS, UFV, 1995. p. 663 - 665. MONIZ, A.C.; OLIVEIRA, J.B.; CURI, N. Mineralogia da fração argila de rochas sedimentares e de solos da folha de Piracicaba, SP. Revista brasileira de Ciência do Solo, Campinas, v. 19, p. 375-385, 1995. PACHECO, D.D. Índices de disponibilidade de nitrogênio, teores de nitrato e de vitamina C, composição mineral e produção de repolho em resposta a doses de nitrogênio, de composto orgânico e de molibdênio. Viçosa, UFV, 1996. 79 p. (Tese mestrado). PIGGOTT, T.J. Vegetable crops. In: REUTER, D.J.; ROBINSON, J.B. ed. Plant analysis: an interpretation manual. Sydney: Inkata Press, 1986. p. 146 - 187. RAUTHAN, B.S.; SCHNITZER. Effects of soil fulvic acid on the growth and nutrient content of cucumber (Cucumis sativus) plants. Plant and Soil, v. 63, p. 491 - 495, 1981. RICHARDS, L.A. Diagnóstico y rehabilitacion de suelos salinos y sodicos. México: L.A. Richards editor, Centro Regional de Ayuda Tecnica, 1954. 172 p. 199 N.F. Silva et al. RODRIGUES, E.T. Efeitos das adubações orgânica e mineral sobre o acúmulo de nutrientes e sobre o crescimento da alface (Lactuca sativa L.). Viçosa, UFV, 1990. 60 p. (Tese mestrado). SANTOS, M.C. dos; BATISTA, M. de A. Avaliações física, química e mineralógica em solos plínticos da região Meio-Norte do Brasil, submetidos a teste de umidecimento e secagem. Revista brasileira de Ciência do Solo, Campinas, v. 20, p. 21-31, 1996. SEDIYAMA, M.A.N.; GARCIA, N.C.P.; VIDIGAL, S.M.; MATOS, A.T. de M.; LOURES, E.G. Compostos orgânicos contendo dejeto líquido de suínos como fonte de nitrogênio: II. Valor fertilizante dos compostos. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIA DO SOLO, 25, 1995, Viçosa, MG, Resumos expandido s... Viçosa, MG: SBCS, UFV, 1995. p. 666 - 668. SILVA JR., A.A.; VIZZOTTO, V.J. Efeito da adubação mineral e orgânica sobre a produtividade e tamanho de fruto de tomate. Horticultura brasileira, Brasília, v. 8, p. 17-19, 1990. SILVA, N.F. da. Crescimento, nutrição e produção da abóbora híbrida, em função de adubação mineral e orgânica. Viçosa, UFV, 1997. 131 p. (Tese doutorado). TISDALE, S.L.; NELSON, W.L.; BEATON, J.D. Soil fertility and fertilizers. 4 ed. New York: Macmillan, 1985. 754 p. VARANINE, Z.; PINTON, R.; BIASE, M.G.; ASTOLFI, S.; MAGGIONI, A. Low molecular weight humic substances stimulate H+ -ATPase activity of plasma membrane vesicles isolated from oat (Avena sativa L.) roots. Plant and Soil, v. 153, p. 61-69, 1993. VIDIGAL, S.M.; SEDIYAMA, M.A.N.; GARCIA, N.C.P.; MATOS, A.T. de. Produção de alface cultivada com diferentes compostos orgânicos e dejetos suínos. Horticultura brasileira, Brasília, v. 15, n. 1, p. 35-39, 1997. GRANGEIRO, L.C.; PEDROSA, J.F.; BEZERRA NETO, F.; NEGREIROS, M.Z.de. Rendimento de híbridos de melão amarelo em diferentes densidades de plantio. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 17, n. 3, p.200-206, novembro 1999. Rendimento de híbridos de melão amarelo em diferentes densidades de plantio. Leilson Costa Grangeiro; Josué Fernandes Pedrosa; Francisco Bezerra Neto; Maria Z. de Negreiros ESAM - Depto. de Fitotecnia, C. Postal 137, 59.625-900 Mossoró - RN. RESUMO ABSTRACT Este trabalho teve como objetivo avaliar o rendimento de híbridos de melão amarelo em diferentes densidades de plantio. Para tanto, conduziu-se um experimento na Fazenda Santa Júlia Agro Comercial Exportadora de Frutas Tropicais Ltda., no município de Mossoró RN. O delineamento experimental foi o de blocos casualizados em esquema fatorial 3 x 4, com quatro repetições, sendo o primeiro fator, os híbridos (Gold Mine, AF 646 e XPH 13096) e o segundo as densidades de plantio (10.000, 20.000, 30.000 e 40.000 plantas/ha). As características avaliadas foram, número de frutos por planta e total, peso médio dos frutos, produtividade e classificação dos frutos. O número de frutos por planta e o peso médio dos frutos diminuíram com o aumento da densidade de plantio, sendo que os híbridos XPH 13096 e AF 646 apresentaram os maiores decréscimos 70,16% e 27,60% respectivamente. A densidade de 30.000 plantas/ha, proporcionou a maior produtividade (61,75 t/ha ). A percentagem de frutos tipo 5, 6 e 7, diminuíram com o aumento da densidade de plantio, enquanto os outros tipos aumentaram, sendo o híbrido AF 646 o que apresentou maior percentagem de decréscimo. O híbrido AF 646 foi superior aos demais, para o número total de frutos e produtividade. Yield of yellow melon hybrids in different plant densities. The purpose of this work was to evaluate the yield of fruits in hybrids of yellow melon. The experiment was carried out at the Fazenda Santa Júlia Agro Comercial Exportadora de Frutas Tropicais Ltda. The experimental design was a complete randomised block, with four replicates, in a 3 x 4 factorial scheme, with the following factors: hybrids (Gold Mine, AF 646 and XPH 13096) and plant density (10,000; 20,000; 30,000 and 40,000 plants/ha). Fruit classification, total number of fruits and total per plant, mean fruit weight and yield were evaluated. Total number of fruits and total per plant, mean fruit weight and yield were reduced with increasing plant density. The hybrids XPH 13096 and AF 646 showed the greatest reductions in the number of fruits per plant and in the mean fruit weight, 70.16 and 27.60%, respectively. The density of 30,000 plants/ha provided the greatest productivity (61.75 t/ha). The increase in the plant density produced less fruits of categories 5, 6, and 7, particularly for hybrid AF 646, while number of fruits for other categories increased. The hybrid AF 646 showed the highest total number of fruits and yield. Palavras-chave: Cucumis melo, população de plantas, produtividade, peso médio de frutos. Keywords: Cucumis melo, plant population, yield, mean fruit weight. (Aceito para publicação em 10 de agosto de 1999) O Brasil é, atualmente, o terceiro produtor de melão da América do Sul, depois da Argentina e do Chile, com 17% da produção total. A região Nordeste responde por mais de 91% da pro- 200 dução total do país (ANUÁRIO... 1987/ 1994). O Estado do Rio Grande do Norte, é o maior produtor brasileiro, destacando-se, em 1996, com 56,12% da área plantada e 63,36% da produção. Aproximadamente 98% do melão produzido no Brasil pertence ao grupo “Amarelo” (inodorus) do qual fazem parte diversas cultivares e híbridos. Os outros 2% pertencem aos melões das Hortic. bras., v. 17, n. 3, nov. 1999. Rendimento de híbridos de melão amarelo em diferentes densidades de plantio. variedades cantalupensis e reticulatus, que apesar de possuírem alto valor comercial, principalmente no mercado externo, têm cultivo ainda muito restrito devido à limitada resistência dos frutos ao transporte e à má conservação pós-colheita. No polo agrícola Mossoró - Açu (RN), essa espécie olerícola é cultivada com alto nível tecnológico e sua exploração é feita, atualmente, tanto por grandes empresas quanto também por pequenos agricultores, predominando o cultivo de melões tipo Amarelo. Entretanto, com a abertura de novos mercados, principalmente as grandes empresas, têm procurado diversificar e ampliar sua produção, através da introdução de novas cultivares e híbridos. Essas introduções têm sido feitas, na maioria das vezes de forma precipitada, e tem proporcionado em alguns casos, prejuízos para os produtores. Nem sempre uma nova cultivar está adaptada às condições de cultivo da região, refletindo em menor produtividade, frutos de qualidade inferior, e algumas vezes de menor aceitação pelo consumidor. Nesse contexto, o estudo de fatores de produção, tais como, adubação, irrigação, densidade de plantio e outras práticas culturais, torna-se necessário para esses novos materiais. No caso especifico da densidade de plantio, tem sido verificado em diversos trabalhos que os resultados variam de acordo com as cultivares e híbridos e também com as regiões produtoras. Paris et al. (1988), utilizando populações de 5.000 a 40.000 plantas/ha com melão Galia, obtiveram decréscimo no tamanho e no número de frutos por planta com o aumento da densidade. Os mesmos resultados foram obtidos por Mendlinger (1994), trabalhando também com melão Galia, nas densidades de 20, 40 e 80 mil plantas por hectare, porém ocorrendo aumento no número total de frutos. Resultados similares foram encontrados por Knavel (1988), Farias et al. (1988) e Scharles & Timothy (1988). A modificação na densidade de plantio, por meio do aumento do número de plantas por cova, também proporcionou ganhos de produtividade em melão, segundo Costa et al. (1996), trabalhando com o espaçamento 1,8 x 0,20m, cv. Hortic. bras., v. 17, n. 3, nov. 1999. Valenciano Amarelo, observaram aumento na produtividade quando utilizaram duas plantas/cova, enquanto que no tratamento com uma planta/cova houve aumento no peso médio dos frutos. Pedrosa et al. (1991), utilizando também uma e duas plantas por cova, mas no espaçamento 2,0 x 0,6m, não encontraram efeito significativo dos tratamentos sobre a produção total e comerciável, entretanto o cultivo com uma planta por cova apresentou frutos de maior diâmetro longitudinal, aumentou em 87% o número e em 20% o peso médio de frutos comerciáveis. Segundo Pedrosa (1997), a densidade de plantio em melão, varia em função do nível tecnológico empregado e da finalidade do produto (fruto para o mercado interno ou externo), sendo que no Rio Grande do Norte, o espaçamento adotado pelos produtores, segundo Almeida (1992), é de 2,0 a 2,5m entre fileiras e 0,3 a 1,0m entre plantas, deixando 1 ou 2 plantas por cova (4.000 a 30.000 plantas/ha). Atualmente o espaçamento mais utilizado, principalmente pelas grandes empresas, tem sido 2,0 x 0,5m com duas ou três plantas por cova (20.000 a 30.000 plantas/ha). Com relação às regiões produtoras, o melão pode responder diferentemente ao aumento das densidades de plantio, dependendo das condições edafoclimáticas em que está sendo cultivado. Paris et al. (1988), conduziram experimentos em Israel e na Flórida (EUA), e obtiveram com o aumento da densidade de plantio uma queda no peso médio de frutos em ambos os locais, porém o número e a produção não foram afetados pela densidade na Flórida, mas teve um aumento significativo em Israel. Os autores citam ainda, que ocorreu uma elevação na concentração do número de frutos e no total da produção durante o período de colheita com o incremento da densidade, em Israel. O presente trabalho teve como objetivo avaliar o rendimento de híbridos de melão amarelo, cultivados em quatro densidades de plantio. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido na Fazenda Santa Júlia Agro Comercial Exportadora de Frutas Tropicais Ltda., em Mossoró, em solo Podzólico Vermelho-Amarelo Eutrófico, textura arenosa. As análises químicas, feitas em amostras retiradas da área experimental, revelaram os seguintes resultados: pH (água 1:2,5) = 5,2; Ca = 1,0 cmol/ kg; Mg = 0,2 cmol/kg; K = 0,28 cmol/ kg; Al = 0,10 cmol/kg e P = 28 mg/kg. O preparo do solo constou de uma aração e duas gradagens, seguidas do sulcamento em linhas, espaçadas de dois metros com profundidade de aproximadamente 0,2 m, onde foi realizada a adubação de base, com 10 t/ha de esterco bovino curtido, 500 kg/ha da fórmula 624-12, 150 kg/ha de superfosfato simples e 100 kg/ha de calcário dolomítico. O plantio foi realizado no dia 1 de outubro de 1996, sendo que após a germinação o estande foi completado com mudas produzidas em bandejas. As adubações de cobertura foram realizadas via água de irrigação, com aplicação diária de 2,91 kg de N/ha e 4,9 kg de K2O/ha, na concentração de 228 g/L, da germinação até os 45 e 60 dias após esta, respectivamente. As fontes de nitrogênio utilizadas foram uréia e nitrato de amônio e a de potássio foi o cloreto de potássio. Seguida a cada adubação, injetou-se no sistema de irrigação 1,5 L/ha de ácido fosfórico, com o objetivo de limpar a tubulação e evitar a obstrução dos gotejadores. Essa injeção permitiu um fornecimento total de 72 kg/ha de P2O 5. As adubações foram complementadas com aplicações foliares semanais, da germinação até os 60 dias após esta, de 3 L/ha da formulação comercial líquida, contendo 8% de cálcio e 2% de boro e, 2,5 L/ha da formulação comercial líquida, contendo 14% de N; 4% de P2O5 ; 6% de K2O; 0,8% de S; 1,5% de Mg; 2% de Zn; 1,5% de Mn; 0,1% de B e 0,05% de Mo. O controle fitossanitário foi realizado preventivamente e os demais tratos culturais de acordo com as necessidades da cultura. O delineamento experimental utilizado foi o de blocos casualizados completos, em esquema fatorial 3 x 4, com quatro repetições, sendo que o primeiro fator refere-se aos híbridos (Gold Mine, AF 646 e XPH 13096) e o segundo, às densidades de plantio (1, 2, 3 e 4 plan201 L.C. Grangeiro et al. O critério para colheita adotado foi a coloração do fruto, ou seja, quando os mesmos apresentavam-se totalmente amarelos. As características avaliadas foram: peso médio dos frutos (kg), número de frutos por planta, número total de frutos por hectare, classificação dos frutos, realizada de acordo com o tipo (5 a 12 frutos por caixa), padronizados pela empresa para mercado interno, em caixa de papelão (52 x 32 x 17,5 cm ) com capacidade para 13kg e produtividade (t/ha). As análises de variância foram realizadas através do software SPSSPC (Norusis, 1990). Para o fator quantitativo foi feito análise de regressão através do software Table Curve (Jandel Scientific, 1991), enquanto que para o fator qualitativo foi utilizado o teste Tukey ao nível de 5% de probabilidade (Gomes, 1987). RESULTADOS E DISCUSSÃO Dentre as características avaliadas, apenas verificou-se efeito significativo da interação densidade de plantio e híbridos, para número de frutos por planta e peso médio de frutos. Peso médio dos frutos Densidade de plantio (plantas/ha) Figura 1. Peso médio dos frutos em função das diferentes densidades de plantio para os híbridos de melão Gold Mine, AF 646 e XPH 13096. Mossoró (RN), ESAM, 1996. tas/gotejador, correspondendo às populações de 10.000, 20.000, 30.000 e 40.000 plantas/ha). Cada parcela era composta por uma fileira de cinco metros de comprimento, contendo dez gotejadores, com distanciamento de 2,0 m x 0,5 m, sendo que os das extremida202 des eram considerados como bordadura, ficando com uma área útil de 8 m2. Entre os blocos foi deixada uma fileira de plantas como bordadura. As colheitas foram realizadas aos 62, 69 e 76 dias após a semeadura, sendo a primeira no dia 2 de dezembro de 1996. Observa-se que à medida que aumentou a densidade de plantio houve redução no peso médio dos frutos, em todos os híbridos (Figura 1). Entretanto o maior decréscimo foi registrado para o híbrido Gold Mine (27,60%) e o menor para o AF 646 (12,0%). Para essa mesma variação de densidade, Mendlinger (1994) obteve redução de 18,85% no peso médio dos frutos de melão Galia. Pedrosa et al. (1991), detectaram redução de 20%, quando utilizaram duas plantas por cova na cultivar Valenciano Amarelo. Reduções também foram observadas por Brinen et al. (1979), Paris et al. (1988) e Powell et al. (1993). Nessa redução, apesar de ter sido expressiva, mesmo na densidade de 40.000 plantas/ha, os híbridos apresentaram peso médio dos frutos, variando de 1,3 a 1,6 kg, sendo comercialmente desejável para o consumidor. Robinson & Decker-Walteres (1997), relatam que a redução no peso médio dos frutos em altas densidades de Hortic. bras., v. 17, n. 3, nov. 1999. Rendimento de híbridos de melão amarelo em diferentes densidades de plantio. plantio é esperada, pois os recursos do solo (água e nutrientes) são insuficientes, devida à competição entre as plantas. Em estádios mais avançados de desenvolvimento, a sobreposição das folhas, induz à reduzida taxa fotossintética líquida, prejudicando todo o processo de assimilação e distribuição dos fotoassimilados. Número de frutos por planta O número de frutos por planta decresceu com o aumento da densidade de plantio em todos os híbridos estudados, sendo registrado o maior decréscimo para o híbrido XPH 13096 (em torno de 70,16%) e o menor para o ‘Gold Mine’ (em torno de 55,32%) (Figura 2). Esses resultados concordam com os encontrados por Paris et al. (1988) e Mendlinger (1994) para melão, Patil & Bhosale (1979), Brinen et al. (1979), Gramberry et al. (1986), Nesmith (1993) para melancia, e por Cantliffe & Phatak (1975) e O’Sullivan (1980) para pepino. Observa-se que o ‘Gold Mine’ foi o que apresentou menor decréscimo no número de frutos por planta com o aumento da densidade, indicando ser menos susceptível às pressões de competições entre as plantas, com relação à diminuição do rendimento individual por planta. Geralmente espera-se a obtenção de menor número de frutos por planta, com o aumento da densidade de plantio, em conseqüência do menor espaço disponível às plantas, que favorece maior competição por elementos do solo e luz, diminuindo com isso, a atividade fotossintética, produção de ramos, folhas, flores, frutos e o trabalho das abelhas no processo de polinização. Número total de frutos Para o número total de frutos, verificou-se efeito significativo para a densidade de plantio e híbridos. Inversamente ao número de frutos por planta, foi observado com o aumento da densidade de plantio maior número de frutos por hectare. Esse acréscimo foi de aproximadamente 28,57%, equivalente a um incremento de 11.746 frutos/ha (Figura 3). Sendo, segundo Nesmith (1993), o componente que mais contribui para o aumento da produtividade. Esses resultados estão aquém dos Hortic. bras., v. 17, n. 3, nov. 1999. Densidade de plantio (plantas/ha) Figura 2. Número de frutos por planta em função das diferentes densidades de plantio para os híbridos de melão Gold Mine, AF 646 e XPH 13096. Mossoró (RN), ESAM, 1996. encontrados por Paris et al. (1988) que obtiveram aumentos de 158% e 80% respectivamente no número total de frutos, em melão Galia e híbrido D-72, quando variou a população de 5.000 para 40.000 plantas/ha. Para Mendlinger (1994), a percentagem foi de 24,43% na população de 10.000 a 40.000 planta/ ha. Com relação aos híbridos, o AF 646 foi o que apresentou maior número to203 L.C. Grangeiro et al. Densidade de plantio (plantas/ha) Figura 3. Número total de frutos por hectare em função das diferentes densidades de plantio de melão. Mossoró (RN), ESAM, 1996. Densidade de plantio (plantas/ha) Figura 4. Produtividade de frutos de melão em função das diferentes densidades de plantio de melão. Mossoró - RN, ESAM, 1996. tal de frutos, seguidos pelo ‘XPH 13096’ e ‘Gold Mine’ (Tabela 1). Produtividade Para a produtividade, observou-se que híbridos e densidade de plantio apresentaram efeito significativo. A medida que se aumentou a densidade de plantio, houve aumento na produtividade, até a população de 32.584 plantas/ha (Figura 4). Esses resultados corroboram com os obtidos por Paris et al. (1988) e 204 Mendlinger (1994) em melão Galia. Nesses trabalhos a densidade de 20.000 plantas/ha foi a que proporcionou maior produtividade, sendo que a partir desta, houve reduções significativas no rendimento da cultura. Os resultados obtidos, à semelhança dos citados por Blesdale (1969), Holliday (1969) e Willey & Heath (1969), refletem o efeito da densidade de plantio no rendimento. Segundo es- ses autores, o rendimento é crescente até uma determinada população; a partir desta há um decréscimo na produtividade à medida que se aumenta a população. Isto ocorre em função da competição excessiva que se estabelece entre as plantas, principalmente com relação à radiação solar devido ao aumento do índice de área foliar. Este índice incrementa com o desenvolvimento da planta e com o número de planta na área, e varia em função da cultivar e híbrido, época do ano e das condições climáticas. O incremento observado pode ser expressivo, quando se compara o aumento da população de 10.000 para 30.000 plantas/ha, em torno de 15%, equivalente a um ganho de 9,04 t/ha. A maior produtividade foi obtida para o híbrido AF 646 (Tabela 1), sendo superior em 10,56% e 14,75% respectivamente ao ‘Gold Mine e ‘XPH 13096’. Este fato se deve principalmente, ao maior número total de frutos produzidos pelo o AF 646, mesmo com peso médio menor. Outro aspecto também analisado, foi a concentração de frutos nas respectivas colheitas (Tabela 2). Verificou-se que o aumento da densidade de plantio não interferiu nesta característica, discordando dos resultados observado por Paris et al. (1988) em melão ‘Galia’ e híbrido D 72, Cantliffe & Phatak (1975), Paris et al. (1986) em pepino, que obtiveram concentrações maiores no número de frutos nas primeiras colheitas quando aumentaram a densidade de plantio. Embora não tenha havido diferença significativa entre híbridos, em média, 63,61% dos frutos foram obtidos na primeira colheita, com uma superioridade do ‘AF 646’ (70,52%) sobre os demais (Tabela 2). Em alguns híbridos tem se observado que em cultura bem conduzida, a colheita chega a se estender por cerca de um mês (4 a 5 colheitas a intervalos de uma semana). A concentração da produção em menor número de colheitas possíveis, é fator desejável, principalmente do ponto de vista econômico, pois reduz custos com insumos, água, energia e mão de obra para as colheitas adicionais. Classificação dos frutos Um dos principais fatores que influencia na boa comercialização é a classificação do produto, que por sua vez, Hortic. bras., v. 17, n. 3, nov. 1999. Rendimento de híbridos de melão amarelo em diferentes densidades de plantio. depende do controle de qualidade. É altamente benéfico ao produtor, pela disponibilidade de mercado mais amplo, e ao consumidor, pela opção de compra e garantia de qualidade. Verifica-se que com o aumento da densidade de plantio, houve de uma maneira geral, redução na percentagem de frutos dos tipos 5, 6 e 7 para todos os híbridos, e aumento de frutos menores (tipos 8 a 12). Essa redução foi, respectivamente, para o ‘Gold Mine’, ‘XPH 13096’ e ‘AF 646’ de 36,0%, 44,59% e 58,68% (Tabela 3). Davis & Meinert (1965) e Mendlinger (1994), obtiveram também maior quantidade de frutos de categorias menores, quando aumentaram a densidade de plantio de melão. Os frutos que não se enquadraram nessa classificação, foram considerados a granel, sendo os mesmos comercializados em feiras livres e supermercados locais. Nas maiores densidades de plantio, a percentagem desse Tabela 1. Número total de frutos (x1000) e produtividade (t/ha) para os híbridos Gold Mine, AF 646 e XPH 13096. Mossoró (RN), ESAM, 1996. Híbridos Gold Mine AF 646 Número total de frutos/ha (x 1000) Produtividade (t/ha) 31,10 C1 56,32 AB 42,00 A 62,98 A XPH 13096 CV (%) 35,95 14,23 B 53,69 17,24 B 1 Médias na vertical seguidas da mesma letra não diferem entre si (p< 0,05) pelo teste de Tukey. Tabela 2. Percentagem de frutos nas diferentes colheitas para os híbridos Gold Mine, AF 646 e XPH 13096 Mossoró (RN), ESAM, 1996. Híbridos Gold Mine AF 646 1ª Colheita (%) 2ª Colheita (%) 3ª Colheita (%) 58,67 31,93 9,40 70,52 22,43 7,05 XPH 13096 MÉDIA 61,64 63,61 29,65 28,00 8,71 8,39 tipo de fruto aumentou para todos os híbridos, com destaque para o ‘XPH 13096’. O’Sullivan (1980) e Paris et al. (1986), verificaram maior quantidade de frutos refugos, quando aumentaram a densidade de plantio em pepino e Brinen et al. (1979) em melancia. Segundo os autores, isso pode ser atribuído à grande competição entre plantas por luz e nutrientes. Em termos econômicos, estes resultados são de grande importância para o agricultor, haja visto que, dependendo do mercado e da variação de preços, a modificação da densidade de plantio pode ser utilizada, como uma ferramenta para se conseguir maiores lucros, sem maiores despesas. LITERATURA CITADA ALMEIDA, J.H.S. Sistema de produção de melão cv. Valenciano Amarelo para o estado do Rio Grande do Norte. Mossoró: ESAM, 1992. 45 p. (Monografia graduação). ANUÁRIO ESTATÍSTICO DO BRASIL. Rio de Janeiro: IBGE, v. 43/45, 1987/1994. BLESDALE, J.K.A. Plant growth crop yield. Annals Applied Biology, v. 57, p. 173-182, 1969. BRINEN, G.H.; LOCASCIO, S.J.; ELMSTROM, G.W. Plant and row spacing, mulch, and fertilizer rate effects on watermelon production. Journal of the American Society for Horticultural Science, v. 104, p. 724-726, 1979. Tabela 3. Classificação percentual dos frutos de acordo com o tamanho, nas diferentes densidades de plantio para os híbridos Gold Mine, AF 646 e XPH 13096. Mossoró (RN), ESAM, 1996. Híbridos Gold Mine AF 646 XPH 13096 10.000 05 8,57 06 42,86 07 28,00 08 5,71 TIPOS* 09 10,00 20.000 30.000 40.000 0,90 1,64 27,96 15,84 18,85 36,56 32,67 30,33 15,05 23,75 13,93 10.000 20.000 13,20 6,38 31,14 25,05 30.000 40.000 10.000 8,00 3,50 20,00 13,40 13,52 6,50 Densidade Pl/ha 20.000 30.000 40.000 2,10 2,68 0,95 10 11 12 2,86 Granel 2,00 10,72 14,85 9,02 3,22 3,95 4,10 0,90 4,10 1,07 1,00 6,56 5,39 5,94 11,47 30,04 23,41 2,80 4,74 8,40 11,07 1,90 4,00 7,48 13,11 5,04 12,14 30,40 14,82 34,75 20,00 15,27 20,00 9,60 19,08 7,37 8,20 14,50 3,16 5,22 3,82 2,10 5,60 9,92 1,05 12,98 15,20 9,47 28,57 17,15 25,00 17,86 20,95 12,46 9,82 6,68 7,43 1,78 9,52 8,60 3,57 5,71 13,04 5,36 9,52 6,96 16,96 16,00 20,00 * Número de frutos por caixa de papelão com capacidade de 13kg. Hortic. bras., v. 17, n. 3, nov. 1999. 205 L.C. Grangeiro et al. CANTLIFFE, D.J.; PHATAK, S.C. Plant population studies with pickling cucumbers grown for once-over harvest. Journal of the American Society for Horticultural Science, v. 100, n. 5, p. 464-66, 1975. COSTA, N.D.; SOARES, J.M.; BRITO, L.T. de L.; FARIA, C.M.B. Doses de nitrogênio aplicadas via fertirrigação e densidade de plantio na cultura do melão. In: REUNIÃO BRASILEIRA DE FERTILIDADE DO SOLO E NUTRIÇÃO DE PLANTAS, 22, Manaus, 1996. Resumos. Manaus - AM, p. 196-7. DAVIS, G.N.; MEINERT, U.G.H. The effect of plant spacing and fruit pruning on the fruits of P.M.R. No. 45 cantaloupe. Journal of the American Society for Horticultural Science, v. 87, p. 299-302, 1965. FARIAS, J.R.B.; MARTINS, S.R.; FERNANDES, H.S. Comportamento do meloeiro cultivado em estufa plástica, em diferentes espaçamento e cobertura do solo. Horticultura brasileira, Brasília, v. 6, n. 1, p. 52, 1988. GOMES, P.F. Curso de estatística experimental. São Paulo: Nobel, 1987, 430 p. GRANBERRY, D.M.P.; COLDITZ; McLAURIN, W.J. Watermelon: comercial vegetable production. Univ. of Georgia, Athens, Coop. Ext. Serv. Circ. 466, 1986. 206 HOLLIDAY, R. Plant population and crop yield. Nature, v. 186, p. 22-24, 1969. JANDEL SCIENTIFIC User’s Manual. California: Jandel Scientific, 1991, 280 p. KNAVEL, D.E. Growth, development, and yield potential of short internode muskmelon. Journal of the American Society for Horticultural Science, v. 113, p. 595-99, 1988. MENDLINGER, S. Effect of increasing plant density and salinity on yield and fruit quality in muskmelon. Scientia Horticulturae, v. 57, p. 41-49, 1994. NESMITH, D.S. Plant spacing influences watermelon yield and yield components. HortScience, v. 28, n. 9, p.885-887, 1993. NORUSIS, M.J. SPSS statistics . Illinois, SPSS Inc., 1990, 320 p. O’ SULLIVAN, J. Irrigation, spacing and nitrogen effects on yield and quality of pickling cucumbers grown for mechanical harvesting. Canadian Journal Plant Science, v. 60, p. 92328, 1980. PARIS, H.S.; NERSON, H.; BURGER, Y.; EDELSTEIN, M.; KARCHI, Z. Synchrony of yield of melons as affected by plant type and density. Journal of Horticultural Science, v .63, n. 1, p. 141-47, 1988. PARIS, H.S.; NERSON, H.; KARCHI, Z. Yield and quality of courgette as affected by plant density. Horticultural Abstracts, v. 56, n. 10, p. 836, 1986. PATIL, C.B.; BHOSALE, R.J. Effect of nitrogen fertilization and spacings on the yield of watermelon. Indian Journal Agronomy, v. 21, p. 300-301, 1976. PEDROSA, J.F. Cultura do melão. Mossoró: ESAM, 1997. 50 p. (Apostila). PEDROSA, J.F.; TORRES FILHO, J.; MEDEIROS, I.B. de. Poda e densidade de plantio em melão. Horticultura brasileira , Brasília, v. 9, n. 1, p.18-20, 1991. POWELL, C.A.; STOFFELLA, P.J.; PARIS, H.S. Plant population influence on squash yield, sweetpotato whitefly, and Zucchini yellow mosaic. Hortscience, v. 28, n. 8, p. 796-98, 1993. ROBINSON, R.W.; DECKER-WALTERS, D.S. Cucurbits. New York: CAB Internacional, 1997. 226 p. SCHALES, F.D.; TIMOTHY, J.N. Population density and mulch effects on muskmelon yields. HortScience, v. 23, n. 3, p.148, 1988. WILLEY, R.W.; HEATH, S.B. The quantitative relationships between plant population crop yield. Advance Agronomy, v. 21, p. 281-321, 1969. Hortic. bras., v. 17, n. 3, nov. 1999. ZAGO, V.C.P.; EVANGELISTA, M.R.; ALMEIDA, D.L. de; GUERRA, J.G.M.; PRATA, M.C.P.; RUMJANEK, N.G. Aplicação de esterco bovino e uréia na couve e seus reflexos nos teores de nitrato e na qualidade. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 17, n. 3, p.207-211, novembro 1999. Aplicação de esterco bovino e uréia na couve e seus reflexos nos teores de nitrato e na qualidade. Valéria Cristina P. Zago1 ; Marcus R. Evangelista; Dejair L. de Almeida; José Guilherme M. Guerra; Maria Cristina P. Neves; Norma G. Rumjanek. Embrapa Agrobiologia, C. Postal 74505, 23.851-970 Seropédica-RJ. e-mail: [email protected] RESUMO ABSTRACT O excesso de nitrato nos alimentos é indesejável devido à sua conversão a nitrito, composto conhecido por participar de reações formadoras de compostos cancerígenos e modificadores da hemoglobina. A influência da aplicação de esterco bovino, uréia e a associação destes nos teores de N-NO3 - presente nos tecidos foliares de couve (Brassica oleracea var. acephala) foi avaliada, com o objetivo de verificar o efeito de fontes e doses diferentes de nitrogênio no acúmulo deste composto. Para tanto, um experimento foi conduzido a campo, de março a agosto de 1995, na Embrapa Agrobiologia. O delineamento experimental adotado foi o de blocos ao acaso, com quatro repetições e seis tratamentos: adubação com esterco bovino (20 t/ha), aplicação de N-uréia (900 kg/ha), associação de esterco (20 t/ha) com doses crescentes de N-uréia (225; 450 e 900 kg/ha) e testemunha. O espaçamento foi de 0,6 m entre plantas, 0,6 m entre linhas e 0,8 m entre fileiras duplas, perfazendo um total de 24 parcelas com 9,6 m2 cada. Verificou-se que as plantas adubadas exclusivamente com esterco apresentaram nos limbos foliares, menores conteúdos de nitrato que aquelas que receberam uréia complementar (17,6 mg/g M.F. e 303 a 579 mg/g M.F.), respectivamente. Enquanto os teores de N-NO3 - nos pecíolos de todos os tratamentos foram pelo menos três vezes maiores que os observados nos limbos foliares (1.830 e 561 mg/g M.F.), respectivamente. A OMS recomenda uma dose diária aceitável (DDA) de 53,3 mg de N-NO3 -, para um adulto de 65 kg, isto é, a quantidade máxima deste composto que pode ser ingerida diariamente, através dos alimentos e da água. Considerando-se os dados obtidos no experimento, seria necessário o consumo de 2,67 kg de couve (limbos foliares) quando produzida apenas com esterco (20 t/ha) e 0,18 kg quando adubadas com esterco (20 t/ha) + 111 kg/ha de uréia (próximo a dosagem recomendada pelo Manual de Adubação do Rio de Janeiro), para atingir a DDA. Devido aos menores teores de nitrato encontrados na couve adubada exclusivamente com esterco, conclui-se que este adubo proporcionou um produto de melhor qualidade para consumo. Cattle manure and urea use on kale and their influence on the quality and nitrate content. Palavras-chave: Brassica oleracea var. acephala, nitrogênio, matéria orgânica, compostos cancerígenos . Keywords: Brassica oleracea var. acephala, nitrogen, organic matter, carcinogenic compound. High levels of nitrate in food is undesirable, as it may be easily converted to nitrite, which is a well known carcinogenic compound that can also interfere with hemoglobin activity. The objective of this study was to evaluate the influence of different forms of N-fertilizer (cattle manure, urea and a mixture of both) on the N-NO 3 - concentration observed on leaf tissues of kale (Brassica oleracea var. acephala). A field experiment was conducted from March until August 1995, at the Embrapa-Agrobiology Research Center. The experiment was laid out in a randomized block design, with six treatments: cattle manure addition (20 t/ha), urea addition (900 kg/ha), mixtures of cattle manure (20 t/ha) with increasing urea levels (225, 450 and 900 kg/ha) and a control. A total of four replicates was used. The distance between plants in a row and between single rows was 0.6 m, and 0.8 m was the distance between double rows. A total of 24 plots with 9.6 m2 each was used. Plants growing solely on cattle manure showed lower nitrate contents on leaf blades than those receiving additional urea (17.6 mg/ g F. M. and 303 mg/g F. M.), respectively. Petiole N-NO3 - contents for all treatments were three times higher than the ones observed in leaf blades (1830 and 561 mg/g F. M.), respectively. According to WHO, the Daily Acceptable Intake (DAI) for an adult weighting 65 kg is 53.3 mg of N-NO3 -, which represents the maximum quantity this compound that can be swallowed daily, through food and water. From the results obtained, the DAI would be reached after consumption of 2.67 kg of kale (leaf blade) cultivated under cattle manure fertilization, or just 0.18 kg of kale cultivated under cattle manure and urea (111 kg/ha) fertilization, which approximates to the urea dosage recommended in the “Manual de Adubação de Rio de Janeiro”. As a result of the lower nitrate contents found in kale growing solely on cattle manure, it was concluded that the cattle manure fertilization improved the quality of the product. (Aceito para publicação em 20 de agosto de 1999) A atenção mundial das ciências agrícola e nutricional tem focalizado atualmente, a controvérsia concernente à qualidade versus quantidade dos alimentos produzidos, e que juntamente com os problemas ambientais emergentes, que 1 decorrem da utilização dos recursos naturais de forma predatória, têm conduzido a pesquisa agrícola à busca de alternativas que possam substituir o uso de insumos agrícolas-industriais, de elevados custos energéticos, econômicos e sociais. A utilização de fertilizantes é um dos vários fatores que pode influenciar a composição química dos vegetais e, consequentemente, sua qualidade biológica. Diversos estudos têm comprovado que o uso excessivo de fertilizantes Endereço atual: Embrapa-Agrobiologia, C.Postal 74505, 23851-970Seropédica-RJ. Hortic. bras., v. 17, n. 3, nov. 1999. 207 V.C.P. Zago et al. nitrogenados aumenta o acúmulo de nitrato nos vegetais (Pereira et al., 1989; Rodrigues, 1990; Almeida, 1991; Ricci,1993). Tal problemática tem recebido especial atenção em alguns países, visto que, o excesso de nitrato na dieta, com sua posterior conversão a nitrito, pode conduzir a formação de compostos cancerígenos e, indiretamente, inibir o transporte de oxigênio no sangue, alteração metabólica conhecida como metahemoglobinemia. Recém-nascidos formam o principal grupo de risco devido a baixa acidez estomacal deste, levando a uma rápida conversão do nitrato a nitrito. Uma estimativa da ingestão média de nitrato revelou que para um consumidor normal, os vegetais representam um quarto do total de nitrato ingerido (Walker, 1975). Também para Reinink & Blom-Zandstra (1989); Laitinen et al., (1993) e Meach et al., (1994), a principal fonte de nitrato na alimentação humana origina-se da ingestão de olerícolas. A exigência de alta disponibilidade de nitrogênio pelas hortaliças é uma das condições responsável pela utilização de altas doses de fertilizantes nitrogenados ao longo do ciclo de cultivo. O presente trabalho teve como objetivo a avaliação dos efeitos da aplicação de uréia, esterco e suas associações, nos teores de NNO3- nas folhas de couve. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido no campo experimental da Embrapa agrobiologia, Seropédica-RJ, num Planossolo, com as seguintes características químicas: pH em água (1:2,5) = 4,7; Al trocável = 3 mmolc /dm3; Ca + Mg trocável = 15 mmol c /dm3 ; 34 mg/ dm3 de P extraível; 22 mg/dm3 d e K extraível; 3 g/kg de C; 5,2 g/kg de M.O. (Embrapa, 1979); 0,4 g/kg de N (Bremmer & Mulvaney, 1982). O preparo inicial do solo constou de aração e gradagem, com aplicação de 750 kg/ha de calcário dolomítico (PRNT = 80%), com teores de 38% de CaO e 10% de MgO, um mês anterior ao plantio definitivo no campo. A área experimental era coberta, anteriormente, com vegetação espontânea, predominante208 mente de Indigofora hirsuta, leguminosa herbácea, incorporada ao solo durante a aração. O delineamento experimental adotado foi o de blocos ao acaso, com quatro repetições e seis tratamentos: testemunha (sem esterco e sem uréia); adubação orgânica (20 t/ha de esterco bovino); adubação orgânica + uréia na dose 1 (20 t/ha de esterco + 225 kg/ha de Nuréia); adubação orgânica + uréia na dose 2 (20 t/ha de esterco + 450 kg/ha de N-uréia); adubação orgânica + uréia na dose 3 (20 t/ha de esterco + 900 kg/ ha de N-uréia) e uréia na dose-3 (900 kg/ha de N-uréia). As mudas foram formadas a partir de sementes de couve, do grupo Geórgia, em canteiro adubado com esterco bovino curtido e, transplantadas para o local definitivo um mês após a semeadura. O espaçamento foi de 0,6 m entre plantas, 0,6 m entre linhas e 0,8 m entre fileiras duplas, perfazendo um total de 24 parcelas com 9,6 m2 cada. A aplicação de uréia foi parcelada e aplicada em cobertura, quinzenalmente, até o final do experimento, sendo a aplicação inicial 15 dias após o transplantio das mudas para o campo. O esterco foi aplicado em uma única dosagem e incorporado na cova de plantio, juntamente com 100 kg de K2O/ha, na forma de KCl. A análise química do esterco apresentou os seguintes teores de nutrientes (g/kg de matéria seca): N=9,29; P=2,67; K=8,25; Ca=3,84; Mg=3,08; Cu=0,01; Zn=0,7; B=0,02; Fe=1,77; Mo=<0,1; Mn=0,31; M.O.= 152,8; C=84,7 com umidade (65o C)=39,11% e pH em água(1:2,5)=6,8. A irrigação foi do tipo aspersão convencional, com turno de rega médio diário, sendo o controle da lâmina feito através do tempo de irrigação. A condução do experimento se deu em período de baixa precipitação. Realizaram-se três amostragens no período inicial de produção de folhas de couve, sendo estas: um, cinco e quinze dias após a segunda adubação em cobertura com uréia (30 dias após o transplantio), onde os tratamentos receberam, até aquele momento, as quantidades equivalentes a 50 kg/ha (dose 1), 100 kg/ha (dose 2) e 200 kg/ha (dose 3) de uréia. Foram amostradas duas folhas inferiores completamente desenvolvidas, das quatro plantas centrais da parcela. Estas foram separadas em “limbo foliar” e “pecíolo + nervura central”. Após homogeneização deles, retirou-se uma amostra de cinco gramas do material fresco (“limbo foliar” e “pecíolo + nervura central”), para extração alcoólica (Magalhães et al., 1992), onde procedeu-se à separação da fração polar (metanólica) para retenção dos compostos solúveis, fração apolar (cloroformio) e resíduo do tecido foliar. A partir do extrato metanólico obtido determinouse N-NO3- (Cataldo et al., 1975). Os procedimentos estatísticos constaram de análises de variância pelo teste F. Nas fontes de variação, onde houve diferença significativa, aplicou-se o teste de Tukey a 5%, para comparação de médias. A análise de variância, para as três coletas, foi feita em esquema “splitplot”, sendo os seis tratamentos na parcela e as coletas na subparcela. Visando isolar alguns efeitos, os cinco graus de liberdade relativos ao efeito de tratamento foram desdobrados nos seguintes contrastes ortogonais: a testemunha contra os outros tratamentos que receberam alguma fonte de nitrogênio (1 grau de liberdade); os tratamentos que receberam esterco contra aquele que recebeu somente uréia (1 grau de liberdade); análise de regressão (termos linear, quadrático e cúbico) dos tratamentos que receberam esterco + doses crescentes de uréia (três graus de liberdade) (Tabela 3). RESULTADOS E DISCUSSÃO As plantas que receberam apenas esterco bovino (trat. 2) apresentaram nos limbos foliares e nos pecíolos + nervura central, teores de N-NO3- similares aos das plantas testemunhas (Tabelas 1 e 2). As concentrações de N-NO3- nos limbos foliares mostraram interação entre as amostragens. De modo geral, os tratamentos apresentaram concentrações mais altas de N-NO3- no quinto dia após a aplicação da uréia, observando-se a partir daí uma diminuição neste parâmetro, com exceção do tratamento 5, onde os teores de N-NO3- aumentaHortic. bras., v. 17, n. 3, nov. 1999. Esterco bovino e uréia na couve e seus reflexos nos teores de nitrato. ram a partir do quinto dia após a aplicação de uréia e o tratamento 6, que recebeu somente aplicação de uréia, sendo que os teores de N-NO3- foram maiores no primeiro dia, caindo no quinto e voltando a subir no décimo quinto dia após a aplicação de uréia (Tabela 1). Após o primeiro dia da aplicação, o teor de N-NO3- observado nas plantas que receberam adubação complementar com uréia, na dose próxima à recomendada para a cultura (50 kg/ha de N-uréia) pelo Manual de Adubação do Estado do Rio de Janeiro (Almeida et al., 1988), foi cerca de 50 vezes maior do que aquele observado para o tratamento que recebeu apenas esterco, observando-se um declínio nesta taxa ao longo do período para cerca de 8 vezes (Tabela 1). Os dados referentes aos teores NNO 3 - nos pecíolos não mostraram interação, sendo que o tratamento com esterco foi inferior aos tratamentos que receberam adubação complementar com uréia, não diferindo, no entanto, daquele que recebeu exclusivamente uréia (Tabela 2). Outros trabalhos também relatam teores de nitrato maiores em plantas adubadas com adubos industriais em relação a adubos orgânicos em diferentes olerícolas: cenoura (Lecterc, 1987); alface (Pereira et al., 1989; Rodrigues, 1990; Almeida, 1991; Ricci, 1993); cenouras, alho-poró e vagem (Bosh et al., 1991); alface, rabanete, repolho, beterraba, cenoura, salsa, aipo e batata (Rutkowska, 1993). Enquanto Silva (1985) e Lyons et al. (1994) não observaram diferenças significativas quanto aos teores de nitrato para vegetais produzidos com esterco adubos minerais. Pôde-se observar também que, apesar das quantidades de nitrogênio presentes no tratamento que recebeu exclusivamente esterco (equivalente a 186 kg de N/ha, trat. 2) e naquele onde a adubação foi apenas com uréia (equivalente a 200 kg de N/ha, trat.6) terem sido próximas, o conteúdo de N-NO3- nos limbos foliares das plantas com uréia, no primeiro dia após a aplicação de uréia, foi cerca de 80 vezes maior do que as plantas que receberam apenas esterco, observando-se um declínio nesta taxa ao longo do período (Tabela 1). Isto parece ser em parte, devido ao nitrogênio do esterco tornar-se disponível às plantas de forma Hortic. bras., v. 17, n. 3, nov. 1999. Tabela 1. Teores de N-NO3 - nos limbos foliares (mg N.g-1 matéria fresca), como resposta à adubação com esterco bovino e/ou doses crescentes de uréia, valores das folhas coletadas aos um, cinco e quinze dias após a segunda adubação de cobertura com uréia. Seropédica (RJ), Embrapa Agrobiologia, 1995. Tratamentos 1º dia 5º dia 15º dia médias 1-Testemunha 5 2,1 Ba 27,5 Ba 19,2 Ba 16,3 B 2-Esterco1 7,5 Ba 27,3 Ba 17,9 Ba 17,6 B 3-Esterco+uréia na dose 1² 357 ABa 404 ABa 148 Ba 4-Esterco + uréia na dose 2³ 186 ABb 669 Aa 409 ABab 421 A 5-Esterco + uréia na dose 34 455 ABa 613 Aa 668 Aa 579 A 6-Uréia na dose 34 649 Aa 355 ABa 678 Aa 561 A Médias 276 a 349 a 303 AB 323 a 1 esterco= 20 t/ha; uréia 1= 50 kg.ha-1 ; uréia 2= 100 kg.ha-1 ; uréia 3= 200 kg.ha-1 ; 5 valores seguidos de letras iguais, minúsculas nas linhas e maiúsculas nas colunas não diferem significativamente entre si pelo teste de Tukey (p< 0,05). 2,3,4 Tabela 2. Teores de N-NO3 - nos pecíolos + nervuras (mg N.g-1 matéria fresca), como resposta à adubação com esterco bovino e/ou doses crescentes de uréia, valores das folhas coletadas aos um, cinco e quinze dias após a segunda adubação de cobertura com uréia. Seropédica (RJ), Embrapa Agrobiologia, 1995. Tratamentos 1º dia 5º dia 15º dia médias 1-Testemunha 3495 967 774 697 C 2-Esterco1 359 886 777 873 BC 3-Esterco+uréia na dose 1² 2328 2129 1618 2025 A 4-Esterco + uréia na dose 2³ 1789 2678 1664 2044 A 5-Esterco + uréia na dose 34 2578 2185 2570 2444 A 6-Uréia na dose 34 1537 2259 1693 1830 AB Médias 1490 a 1851 a 1515 a 1 esterco= 20 t/ha; uréia 1= 50 kg.ha-1 ; uréia 2= 100 kg.ha-1 ; uréia 3= 200 kg.ha-1 ; 5 valores seguidos de letras iguais, minúsculas nas linhas e maiúsculas nas colunas não diferem significativamente entre si pelo teste de Tukey (p< 0,05). 2,3,4 mais gradual (Rodrigues, 1990; Kiehl, 1993). Além disso, é possível que outros nutrientes presentes no esterco, também possam ter importante papel no metabolismo de acúmulo de nitrogênio, na forma de nitrato. O potássio, por exemplo, participa da ativação das enzimas assimilatórias de amônia e transporte de aminoácidos. Altos níveis de potássio resultam em aumentos na taxa de transferência de compostos nitrogenados solúveis para frações insolúveis devido ao efeito deste nutriente na síntese de proteínas (Hagin et al., 1990). Nas plantas adubadas exclusivamente com esterco, os teores de potássio foram maiores (41 e 75 g/kg), nos limbos foliares e nos pecíolos, quando comparadas àquelas que receberam além de esterco, adubação complementar com uréia em doses crescentes ou apenas uréia, que apresentaram valores variando de 22 a 35 e 48 a 66 g/kg, nos limbos e pecíolos, respectivamente. Outro elemento importante na assimilação do nitrogênio é o Mo, visto ser este micronutriente um componente essencial da nitrato redutase que favorece 209 V.C.P. Zago et al. a redução nos teores de nitrato dos tecidos vegetais (Mondy & Munshi, 1993; Pansenhagen et al., 1996). De acordo com a Organização Mundial de Saúde da FAO, a Dose Diária Aceitável (DDA) para nitrato é de no máximo 325 mg de NaNO3, que corresponde a 53,5 mg de N-NO3- , por dia, para um adulto de 65 kg de peso (Olmedo & Bosh,1988). Para atingir os valores recomendados pela OMS e, usando os dados médios da concentração de N-NO3- nos limbos foliares, nas amostragens realizadas (0,02 mg de N/ g M.F., trat.2 e 0,3 mg de N/g M.F., trat.3), no período inicial de produção de folhas, calculou-se as quantidades de couve que teriam que ser consumidas para atingir 100% da DDA. Desta forma, chegou-se as quantidades de 2,70 kg de couve, quando esta foi produzida apenas com esterco e 0,20 kg, quando as plantas foram crescidas suplementadas com esterco + 50 kg/ha de N-uréia (dose próxima à recomendada para a cultura, pelo Manual de Adubação do Rio de Janeiro (Almeida et al., 1988). Estes valores foram calculados sem considerar os teores contidos nos pecíolos, que elevariam muito a concentração de N-NO3-, principalmente nos tratamentos que receberam uréia (Tabela 2). Se acrescentássemos os teores de N-NO3- presente nos pecíolos, a DDA estaria contida em apenas 0,06 kg de couve adubada com apenas esterco e 0,02 kg de couve adubada com esterco + 50 kg/ha de N-uréia. Considerando-se que um adulto consuma em média uma porção de 60 gramas de couve fresca ou cozida (limbos foliares), estaria ingerindo 1,2 mg de NNO 3- de couve produzida apenas com esterco e, aproximadamente 18 mg de N-NO3- quando as plantas forem adubadas com uréia, numa quantidade aproximada àquela recomendada pelo Manual de Adubação do Rio de Janeiro (Almeida et al., 1988). Porém, o consumo comum de couve envolve as nervuras centrais que foram, neste experimento, analisadas juntamente com os pecíolos, desta forma, os valores acima estão subestimados. Levando-se em conta os altos teores de nitrato encontrados nos pecíolos de couve, é recomendável a retirada destes, no momen210 to da preparação dos alimentos, principalmente em se tratando do consumo infantil, como forma de evitar os efeitos tóxicos. Estes resultados são importantes, visto o perigo que o nitrato oferece à saúde humana, pela transformação deste em nitrito durante o armazenamento das hortaliças, seu preparo e por ação da saliva e do estômago, devido à ação de microrganismos (Ahrens, 1983). O nitrito tem a propriedade de formar nitrosaminas, que são substâncias comprovadamente carcinogênicas. Em crianças recém - nascidas, o nitrito pode levar à chamada cianose, isto é, uma deficiência na absorção de oxigênio pelo sangue (Vogtmann & Wagner, 1987). A preocupação com a concentração de nitrato e nitrito em vegetais tem levado alguns países europeus a fixarem limites máximos aceitáveis. A Yusgoslavia, por exemplo, estabelece o máximo de 50 ppm de KNO3 para alimentos infantis preparados com vegetais, enquanto na Suíça admite-se o valor máximo de 4,0 g de NO 3-/kg para alface. Já na Holanda, para culturas de inverno e verão, os máximos estabelecidos são de 4,5 e 2,5 g de NO3-/kg de matéria fresca, respectivamente (Olmedo & Bosch, 1988; Gunes et al., 1996). No entanto, no Brasil não existe legislação específica que regulamente os teores máximos permissíveis de nitrato e nitrito em alimentos vegetais. Dentro do contexto sócio-econômico agrícola do Estado do Rio de Janeiro, com 80% da população rural formada por pequenos agricultores, em sua maioria de baixa renda e visando um mercado em expansão, em busca de produtos com melhor qualidade biológica, a utilização de recursos disponíveis dentro da propriedade, como o uso de estercos animais, pode ser uma alternativa a mais para uma maior independência do produtor e oferta de alimentos mais saudáveis. AGRADECIMENTOS Aos pesquisadores Marco Antônio Leal e Marcelo Grandi Teixeira, pelo auxílio nas análises estatísticas e a Rojane Chapeta Peixoto pelo apoio técnico. LITERATURA CITADA ALMEIDA, D.L. Contribuições da adubação Orgânica para a fertilidade do solo. UFRRJ, Itaguaí-RJ, 1991, 188 p. (Tese doutorado). ALMEIDA, D.L.; SANTOS, G.A.; DE-POLLI, H.; CUNHA, L.H.; FREIRE, L.R.; AMARAL SOBRINHO, N.M.B.; PEREIRA, N,N,C.; EIRA, P.A.; BLOISE, R.M.; SALEK, R.C . Manual de Adubação para o Estado do Rio de Janeiro, 1988. 179 p. (Coleção Universidade Federal Rural. Ciências Agrárias, 2). AHRENS, E. Significance of fertilization for postharvest condition of vegetables, especially spinash. In: Environmentally sound agriculture. New York, Praeger Publishers, p. 229-246, 1983. BREMMER, J.M.; MULVANEY, C.S. Nitrogen Total. In: Methods of Soil Analysis Part 2 . Chemical and Microbiological Properties Monograpf. v. 9, n. 2, p. 595-624, 1982. BOSH, N.; MARTINEZ ALVAREZ, J.R.; PEREZ RODRIGUES, M.L. Effect of fertilizer type on nitrate accumulation in vegetables. Anales de Bromatologia v. 43, n. 2/3, p. 215-220, 1991. CATALDO, D.A; HAROON, M.; SCHRADER, L.; YOUNGS, V.L. Rapid colorimetric determination of nitrate in plant tissue by nitration of salicylic acid. Communications of Soil and Science Plant Anal., v. 6, n. 1, p. 7180, 1975. EMBRAPA. Serviço Nacional de Levantamento e Conservação do Solo. Rio de Janeiro. Manual de Métodos de Análises do Solo. Rio de Janeiro, 1979. 1 v. il. GUNES, A; INAL, A.; AKTAS, M. Reducting nitrate content of NFT grown winter onion plants (Allium cepa L.) by partial replacement of NO3 with amino acid in nutrient solution. Scientia Horticulturae, v. 65, p. 203-208, 1996. HAGIN, J.; OLSEN, S.; SHAVIO, A. Review of interaction of ammonium-nitrate and potassium nutrition of crops. Journal of Plant Nutrition, v. 13, n. 10, p. 1211-1226, 1990. KIEHL, E.J . Fertilizantes Organominerais. Piracicaba - SP, 1993, 189 p. LAITINEN, S.; VIRTANEN, S.M.; RASANEN, L.; PENTTILA, P.L. Calculated dietary intakes of nitrate and nitrite by young Finns. Food Addition Contamination, v. 10, n. 4, p. 469477, 1993. LECTERC, B. Mineralization of nitrogen of organic fertilizers and nitrate contents in carrots cultivated in spring. In: Conservation y elaboration de alimentos, p. 272-278, 1993. LYONS, D.J.; RAYMENT, G.E.; NOBBS, P.E.; MACCALLUM, L.E. Nitrate and nitrite in fresh vegetables from Queesland. Journal the Science of Food and Agriculture, v. 64, n. 3, p. 279-281, 1994. MAGALHÃES, J.R.; HUBER, D.M.; TSAI, C.Y. Evidence of increased N-ammonium assimilation in tomato plants with exogenous alfa-ketoglutarate. Plant Science, v. 85, p. 135141, 1992. MEACH, M.N.; HARRISON, N.; DAVIS, A. Nitrate and nitrite in foods and the diet . Food Addition Contamination., v. 11, n. 4, p. 519532, 1994. Hortic. bras., v. 17, n. 3, nov. 1999. Esterco bovino e uréia na couve e seus reflexos nos teores de nitrato. MONDY, N.I.; Munshi, C.B. Effect of soil and foliar application of molybdenum on the glycoalkaloid and nitrate concentration of potatoes. Journal the Agriculture and Food Chemical, v. 41, p. 256-258, 1993. OLMEDO, R.G.; BOSH, N.B. Ingestion de nitratos procedentes de productos hortícolas, y su incidencia toxicológica. Alimentaria, v. 25, p. 76-78, 1988. PANSENHAGEN, N.V., SCHWARZ, R.; CLARO, S.A. Produção e qualidade de alface (Lactuca sativa L.) em função de fontes de doses de nitrogênio. In: XXXVI Congresso Brasileiro de Olericultura, Rio de Janeiro-RJ, Anais... p.105, 1996. (Resumo expandido). PEREIRA, N.; FERNANDES, M.S.; ALMEIDA, D.L. Adubação nitrogenada na cultura da alface: Fontes de N e inibidor de nitrificação. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v.4, n. 6, p. 647-654, 1989. REININK, K.; BLOM-ZANSTRA, M. The relation between cell size, ploidy level and nitrate concentration in lettuce. Physiology Plantarum, v. 76, p. 575-580, 1989. SILVA, J.J.S. Adubação orgânica e inorgânica e suas relações com a qualidade nutritiva e com o rendimento de grãos de feijão e ervilha. UFRGS, Porto Alegre, RS, 1985. (Tese mestrado). RICCI, M.S.F. Crescimento e teores de nutrientes em cultivares de alface (Lactuca sativa L) adubados com vermicomposto. Viçosa: UFV, 1993. 101 p. (Tese doutorado). VOGTMANN, H.; WAGNER, R. Agricultura ecológica: Teoria e prática. Porto Alegre, RS, Mercado Aberto, 1987. 168 p. RODRIGUES, E.T. Efeitos das adubações orgânicas e mineral sobre o acúmulo de nutrientes e sobre o crescimento da alface (Lactuca sativa L . ). Viçosa- MG: Universidade Federal de Viçosa, 1990. 60 p. (Tese mestrado). WALKER, R. Naturally ocurring nitrate/nitrite in foods. Journal of Science and Food Agriculture, v. 26, p. 1735-1742, 1975. RUTKOWSKA, G. Contents of nitrites and nitrates in vegetables. Chlodnictwo, v. 28, n. 2, p. 29-31, 1993. ARRIGONI-BLANK, M. de F.; FAQUIN, V.; PINTO, J.E.B.P.; BLANK, A.F.; LAMEIRA, O.A. Adubação química e calagem em erva-baleeira. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 17, n. 3, p. 211-215, novembro 1999. Adubação química e calagem em erva-baleeira. Maria de Fátima Arrigoni-Blank 1; Valdemar Faquin2; José Eduardo B. P. Pinto2; Arie F. Blank 1; Osmar A. Lameira5. 1 UFS - DFS, Av. Marechal Rondon s/n, B. Rosa Elze, 49.100-000 São Cristóvão - SE; 2 UFLA - DCS, C. Postal 37, 37.200-000 Lavras MG; 5 Embrapa Amazonia Oriental, C. Postal 48, 66.095-100, Belém - PA. RESUMO ABSTRACT Cordia verbenacea, popularmente conhecida como erva-baleeira, é uma planta medicinal perene com propriedade antiinflamatória. O trabalho teve como objetivo avaliar os efeitos da adubação química e da calagem no crescimento e na nutrição da erva-baleeira, mediante a técnica da diagnose por subtração. Foram utilizados no experimento mudas com 40 dias de idade após a emergência das sementes e, cultivadas em vasos com capacidade para 5 dm3 em condições de casa de vegetação. Os tratamentos usados foram: completo (adubado com N, P, K, S, B, Cu, Fe, Zn e calagem); completo sem calagem; completo exceto cada nutriente (N, P, K, S, B, Cu, Fe, Zn) e testemunha (solo natural). Após 120 dias do transplantio observou-se que, no cultivo da erva-baleeira em solos ácidos e de baixa fertilidade, a calagem e a adubação são essenciais para o seu crescimento. No solo utilizado, os nutrientes que apresentaram maiores respostas quanto ao crescimento e nutrição da espécie foram o N, K e B, bem como a calagem. Chemical fertilization and liming in Cordia verbenacea. Palavras-chave: Cordia verbenacea, nutrição mineral, elemento faltante. Cordia verbenacea is popularly known as ‘erva-baleeira’ and is a perennial medicinal plant with anti-inflammatory properties. The aim of this work was to evaluate the effects of chemical fertilization and liming on growth and nutrition of C. verbenacea, using the missing element technique. The experiment was conducted in greenhouse using 40 day old seedlings, which were cultivated into 5 dm3 pots. The treatments were: complete (fertilization with N, P, K, S, B, Cu, Fe, Zn and liming); complete without liming; complete missing each nutrient (N, P, K, S, B, Cu, Fe, Zn) and control (natural soil). Evaluation was done 120 days after transplanting. Liming and fertilization are essential for C. verbenacea growth, when cultivated in poor acid soils. For the soil employed in this experiment the nutrients N, K and B, as well as liming, gave best results for C. verbenacea growth and nutrition. Keywords: Cordia verbenacea, mineral nutrition, missing element. (Aceito para publicação em 04 de outubro de 1999) A erva-baleeira (Cordia verbenacea L. - Boraginaceae) é uma planta medicinal perene, de 1 a 2 m, podendo excepcionalmente atingir 3 m de altura, muito ramosa e flexível, com folhas tipicamente verrucosas, aromáticas, inflorescência espigosa com flores brancas e fruto vermelho quando maduro (Silva Jr. et al., 1995), que ocorre ao Hortic. bras., v. 17, n. 3, nov. 1999. longo de todo o litoral brasileiro. Os princípios ativos básicos da planta são os óleos essenciais, os flavonóides como a artemetina (Sertie et al., 1990) e isoflavonóides (Lameira, 1997) com atividades antiinflamatória. A maioria dos solos brasileiros são ácidos, o que pode causar problemas em plantios comerciais. Além da alta satu- ração de alumínio que pode ter efeitos tóxicos para as plantas, os solos ácidos normalmente contêm baixo teor de cálcio e de magnésio trocáveis, cátions de grande importância para o desenvolvimento radicular. Uma das alternativas para minimizar esse problema é a correção da acidez através da prática da calagem (Goedert et al., 1991). 211 M. de F. Arigoni-Blank et al. Na literatura há poucas informações sobre a fertilização química e exigências nutricionais de plantas medicinais, principalmente no Brasil. Raras vezes o emprego de adubos químicos, dentro dos limites técnicos, altera o teor dos princípios ativos das plantas. O aumento de biomassa pode compensar uma redução do teor de fitofármacos, mas depende da análise econômica, que deve ser feita em cada situação (Correa Jr. et al., 1991). A adubação química em guaco (Mikanea glomerata), foi benéfica quando na aplicação de nitrogênio mineral (60 g de sulfato de amônio por planta) e resultou no aumento da produção de fitomassa em torno de seis vezes em relação à testemunha (Pereira et al., 1996). Na fertilização de plantas medicinais, avaliando o efeito de doses de NPK durante a fase de formação de mudas de jaborandi (Pilocarpus microphyllus Starf.), utilizando-se como substrato uma mistura de terra preta, serragem curtida e esterco de curral, na proporção de 3:1:1, concluiu-se que as melhores produções de matéria seca foram conseguidas com as aplicações de 180 e 120 mg/kg de nitrogênio e fósforo, respectivamente (Brasil, 1996). Para Atropa belladona a fertilização com 100, 35 e 120 kg/ha de N, P e K, respectivamente, resultou no aumento de 750 kg/ha para 1700 kg/ha de folhas secas e não houve diferença significativa entre os teores de atropina, o que indica que a adubação química é vantajosa para esta espécie (Montanari Jr. et al., 1993). Com a erva-baleeira o NPK em plantas adultas aumentou a produção de artemetina e hidroxiartemetina (Montanari Jr.et al., 1992). Na busca de um sistema de produção economicamente viável, deve-se implantar um programa de nutrição na cultura. No caso da erva-baleeira (C. verbenacea), tem-se pouca ou nenhuma informação disponível sobre suas exigências nutricionais e dos teores dos nutrientes na parte aérea. Assim, objetivou-se no presente trabalho, avaliar os efeitos da adubação química e da calagem no crescimento e na nutrição da erva-baleeira. MATERIAL E MÉTODOS O trabalho foi conduzido na casa de vegetação do Departamento de Agricul212 tura da Universidade Federal de Lavras - UFLA, em vasos com 5 dm3 . Utilizou-se amostra da camada superficial (0 - 20 cm) de um Cambisolo álico, textura média, coletado no município de Itumirim - MG, com as seguintes características químicas: pH em água - 4,7; P - 2 e K - 39 mg/dm3 (Mehlich 1); Ca - 8, Mg - 2 e Al - 7 mmolc /dm3 (KCl 1 mol.L-1) (EMBRAPA, 1979); S - SO 42- 11 mg/dm3 (Tedesco et al., 1985); Zn 11, Cu - 0,2, Fe - 65,4 e Mn 9,3 mg/dm3 (DTPA) e B (água quente) - 0,13 mg/ dm3 (Jackson, 1970). O delineamento experimental foi o de blocos ao acaso, com 10 tratamentos baseados na técnica do elemento faltante e 8 repetições. Os tratamentos foram: Completo (adubado com N, P, K, S, B, Cu, Fe, Zn e calagem); Completo sem calagem (-Cal); Completo sem N (-N); Completo sem P (-P); Completo sem K (-K); Completo sem S (-S); Completo sem B (-B); Completo sem Zn (-Zn); Completo sem Fe (-Fe) e Testemunha (solo natural). O tratamento completo não recebeu Mn porque encontrava-se em níveis elevados no solo. Para o cálculo da necessidade de calagem, empregou-se o método da saturação por bases, para elevar V a 70%, usando-se CaCO 3 e MgCO 3 p.a., na proporção equivalente Ca:Mg de 4:1 (Comissão..., 1989; Raij et al., 1996). Após a calagem, o solo foi mantido em incubação por 20 dias, com umidade de 70% do volume total de poros (VTP). Quando pertinente ao tratamento, foi aplicada a seguinte adubação básica de plantio: 67 mg/dm3 de N; 150 mg/dm3 de P; 97,5 mg/dm3 de K; 40 mg/dm3 de S; 0,5 mg/dm3 de B; 1,5 mg/dm3 de Cu; 5,0 mg/dm3 de Zn e 5,0 mg/dm3 de Fe de solo. As fontes dos nutrientes foram reagentes p.a. (NH4NO3, NH4H2PO4, K2SO4, KH2PO4, Ca(H2 PO 4) 2 .H 2O, CaSO 4.2H 2 O, MgSO 4 .7H 2 O, H3BO 3, CuCl2 , ZnCl 2 , Fe-EDTA). Duas adubações de cobertura foram realizadas. A primeira, aos 40 dias após plantio (DAP), aplicaram-se 15 mg/dm3 de N, exceto nos tratamentos -N e solo natural, e 20 mg/dm3 de P no tratamento -P. Essa dose de P foi necessária para obtenção de material vegetal para as análises químicas e dos princípios ativos. A segunda, aos 70 DAP, constou da aplicação de: 20 mg de N, 32,8 mg de Mg, 114 mg de Ca, 32 mg de S/dm3 de solo, exceto na testemunha e nos tratamentos onde foram omitidos. As mudas de erva-baleeira (Cordia verbenacea L.) foram obtidas de sementes germinadas em bandejas com areia. Aos 40 dias da emergência transplantou-se uma única muda por vaso, mantendo-se a umidade na capacidade de campo. As plantas foram colhidas aos 120 dias após o transplantio, separando-se em folhas, ramos e raízes, secas em estufa a 70 oC, exceto as folhas, que foram secas a 45oC, em virtude da posterior análise do princípio ativo, tomando-se em seguida, o peso da matéria seca de cada parte da planta. Os teores dos macro e micronutrientes na matéria seca da parte aérea (caule e folha) foram analisados quimicamente: o N, pelo método de Kjeldahl; o P, K, Ca, S, Fe e Zn, pela digestão nitricoperclórica, e a determinação no extrato foi feita como segue: P colorimetria; K - fotometria de chama; S - turbidimetria; Ca, Fe e Zn espectrofotometria de absorção atômica e o B por incineração e determinação colorimétrica pelo método da curcumina (Malavolta et al., 1989). Foram realizadas análises de variância da matéria seca de cada parte e do total da parte aérea, das raízes, altura de planta, teores dos macro e micronutrientes, sendo as médias comparadas pelo teste de Tukey, de acordo com Gomes (1985). RESULTADOS E DISCUSSÃO Altura e peso de matéria seca A omissão da calagem (-Cal), do B (-B) e K (-K) reduziram significativamente a produção de matéria seca de raiz (exceto no -K), folhas, caule e parte aérea total da espécie. O tratamento -N apresentou uma redução somente no peso da matéria seca de folhas e parte aérea total (Tabela 1). Por outro lado, os tratamentos com omissão do S (-S), Zn (-Zn), Fe (-Fe) e do P (-P) não promoveram nenhum efeito sobre o crescimento da espécie. Vale ressaltar que o P não foi totalmente omitido da adubação, em virtude da sua aplicação em cobertura aos 40 dias após o transplante. Esse Hortic. bras., v. 17, n. 3, nov. 1999. Adubação química e calagem em erva-baleeira. Tabela 1. Altura de planta, peso da matéria seca de raiz, caule, folha e produção relativa da parte aérea de Cordia verbenacea, em função dos tratamentos. Lavras, UFLA, 1996. Tratamento Altura de Planta Peso da matéria seca Raiz Caule cm Folha Parte aérea g/planta Produção Relativa1/ (%) Completo -Cal 35,83 abc 19,50 e 7,00 ab 3,74 d 4,41 a 2,02 cd 7,39 ab 5,42 c 11,81 a 7,45 cd 100 63 -N -P 28,30 cd 36,50 ab 7,82 a 6,42 ab 3,69 ab 3,92 ab 5,25 c 6,33 abc 8,94 bcd 10,26 ab 76 87 -K -S -B 34,18 abc 30,20 bc 28,29 cd 5,85 bc 6,10 abc 3,41 d 2,96 bc 4,10 ab 1,92 cd 5,51 c 7,65 a 5,47 c 8,47 bcd 11,76 a 7,40 d 72 99 63 -Zn -Fe 35,64 abc 38,70 a 7,81 a 7,50 ab 4,10 ab 4,21 ab 6,05 bc 6,30 abc 10,16 abc 10,51 ab 86 89 Testemunha 21,75 4,42 de cd 1,03 d 2,55 d 3,59 e 30 Médias seguidas pela mesma letra nas colunas não diferem entre si (Tukey 5%). 1/ PR(%) = [MS (Trat.)/MS (completo)] x 100. fato deve-se à total paralisação do crescimento e dos sintomas visuais típicos de deficiência de fósforo observado nas plantas do tratamento -P, nesse período. Assim, visando a obtenção de material vegetal para as análises químicas e dos princípios ativos, decidiu-se pela aplicação de 20 mg/dm3 de P no tratamento de sua omissão. Mas, a dose de P aplicada, promoveu uma grande resposta das plantas em crescimento e produção de matéria seca (Tabela 1). De acordo com a Comissão de Fertilidade do Solo do Estado de Minas Gerais (1989) e Raij et al. (1996), o solo utilizado no experimento é ácido, com baixos níveis de K, P, Ca, Mg e S e com níveis de Al e Mn elevados. Mesmo assim, os resultados da Tabela 1, mostram que a omissão da calagem e dos nutrientes da adubação, não promoveu efeitos drásticos no crescimento e produção de matéria seca da espécie. Essa observação, associada à grande resposta da planta à pequena dose de P aplicada em cobertura (20 mg/dm3), permite inferir que a erva-baleeira é uma espécie de pequena exigência nutricional e/ou apresenta elevada eficiência de absorção e utilização dos nutrientes. Também, que a adubação básica utilizada no presente experimento e aquelas sugeridas para vasos (Malavolta, 1980 e Raij et al., 1996), certamente, são doses excessivas Hortic. bras., v. 17, n. 3, nov. 1999. para essa espécie. Interessante ressaltar, também, que de acordo com Raij et al. (1996), os teores dos micronutrientes encontram-se na análise química do solo: B - baixo, Fe - alto, Mn - alto e Zn - médio. Portanto, a resposta da planta às suas omissões, está de acordo com a classificação citada. Teores dos nutrientes na matéria seca As espécies medicinais fazem parte de um grupamento de plantas pouco estudado e praticamente inexistem informações sobre adubação e nutrição dessas espécies e no caso de suspeitas de distúrbios nutricionais recomenda-se utilizar técnicas de análises de micronutrientes em solos, bem como a diagnose foliar comparativa, usando amostras pareadas (com e sem problemas), para análise química de macro e micronutrientes (Raij et al., 1996). Assim, a Tabela 2 mostra os teores dos nutrientes no caule e nas folhas da erva-baleeira, nos tratamentos nos quais foram omitidos (-M), comparativamente aos valores obtidos no tratamento completo (Compl.). Observa-se que, de maneira geral, houve uma tendência de os teores, dos nutrientes serem maiores no tratamento completo (Compl.) em relação àqueles onde foram omitidos (-M), porém, nem sempre significativamente. As omissões de B, K e N, bem como a omissão da calagem, foram aquelas que mais influenciaram a produção relativa (PR) do caule e das folhas e, à exceção do B no caule, os teores no tratamento -M, foram sempre inferiores ao completo, indicando que os mesmos encontram-se em níveis abaixo do adequado. Ressalta-se que foram observados sintomas visuais típicos de deficiência desses nutrientes nos tratamentos nos quais foram omitidos (-M). Os tratamentos -S, -Zn, -Fe e -B, no caule, não diferiram significativamente do tratamento completo, enquanto que na folha, somente o -Zn foi significativamente igual ao completo. É interessante observar que a omissão de B (-M) promoveu uma drástica redução da PR do caule (44%), com teores do micronutriente significativamente igual ao tratamento completo (Tabela 2). Segundo Malavolta et al. (1989), esse fato é explicado pelo efeito “Steenyberg”, que ocorre em casos onde o nutriente está muito deficiente no solo e a sua aplicação na adubação promove uma resposta muito grande da planta em crescimento, o que pode ser visto na Tabela 1, comparando-se a matéria seca do caule do tratamento -B com o completo. Nesse caso, o rápido incremento na produção de massa vegetal, proporcionalmente maior à absorção do nutriente, não permite o aumento na sua 213 M. de F. Arigoni-Blank et al. Tabela 2. Teores de macro e micronutrientes no caule e folhas no tratamento completo (Compl.) e nos respectivos tratamentos de omissão (-M), e produção relativa (PR) de matéria seca de caule e folhas do tratamento de omissão em comparação ao completo, de Cordia verbenacea. Lavras, UFLA, 1996. Nutriente Caule -M Compl. PR Folha -M Compl. N P g.kg-1 15,35 a 8,65 b 2,25 a 2,00 a % 84 89 30,35 2,12 K Ca (calagem) Mg (calagem) 10,57 a 0,072 a 0,076 a 67 46 46 20,90 a 0,0035 a 0,00054 a S B 1,32 a 0,92 a mg.kg-1 18,66 a 20,03 a 93 % 44 58,27 Zn Fe 17,49 a 96,51 a 93 95 37,94 374,46 3,42 b 0,049 b 0,044 b 11,41 a 66,21 a 2,22 g kg-1 a 20,05 a 2,10 PR1/ b a 4,10 b 0,0019 b 0,00025 b a 1,45 mg.kg-1 a 43,08 a a 22,38 302,05 b % 71 86 74 73 73 b 103 % 74 b 82 85 a Médias seguidas pela mesma letra nas linhas, para cada órgão, não diferem entre si (Tukey 5%). 1/ PR(%) = [MS (-M) / MS (Compl.)] x 100. concentração no tecido, podendo inclusive, ocorrer a diluição do mesmo. Já para as folhas este fato não foi observado. Possivelmente, devido a uma menor diferença na produção de matéria seca foliar entre o tratamento completo e o de omissão de B (Tabela 1). Mas, também, pela maior atividade metabólica e fisiológica das folhas do tratamento completo. Sabe-se que o B é um elemento imóvel na planta e seu transporte é feito de forma unidirecional no xilema, via corrente transpiratória (Marschner, 1995). Dessa maneira, o B encontrou melhores condições de ser transportado das raízes para a parte aérea no tratamento completo, apresentando, comparativamente ao tratamento de sua omissão (-M), maiores teores nas folhas e menores no caule (Tabela 2). Devido à carência de informações sobre a nutrição mineral da erva-baleeira, os teores foliares dos nutrientes no tratamento completo (Tabela 2), podem ser usados, pelo menos como um referencial, na avaliação do estado nutricional da espécie, pela diagnose foliar. Embora, como já discutido, acredita-se que as doses de alguns nutrientes na adubação básica, tenham sido excessivas. É importante lembrar, também, que os teores foliares variam com as condições e épocas de cultivo, órgão analisado, idade do órgão e da planta, dentre outros. 214 Conclui-se que, após 120 dias do transplantio, no cultivo da erva-baleeira em solos ácidos e de baixa fertilidade, a calagem e a adubação são essenciais para seu crescimento. No solo utilizado, a falta da calagem e dos nutrientes N, K e B causaram as maiores quedas na produção de folhas, órgão usado na medicina popular e que contém os princípios ativos. Quanto ao fósforo, os autores sugerem a realização de um estudo de curvas de resposta para obter dados precisos sobre a exigência nutricional dessa espécie quanto ao P. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem ao CNPq RHAE e a UFLA - DAG pela oportunidade de execução deste trabalho. LITERATURA CITADA BRASIL, E.C. Níveis de nitrogênio, fósforo e potássio na produção de mudas de jaborandi. REUNIÃO BRASILEIRA DE FERTILIDADE DO SOLO E NUTRIÇÃO DE PLANTAS, 22., 1996, Manaus. Anais ... Manaus: SBCS, 1996. p. 666-667. COMISSÃO DE FERTILIDADE DO SOLO DO ESTADO DE MINAS GERAIS. Recomendações para o uso de corretivos e fertilizantes em Minas Gerais. 4a Aproximação. Lavras: CFSEMG, 1989. 176 p. CORREA Jr., C.; MING, L.C.; SCHEFFER, M.C. Cultivo de plantas medicinais, condimentares e aromáticas. Curitiba: EMATER-PR, 1991. 151 p. EMBRAPA - Serviço Nacional de Levantamento e Conservação dos Solos. Manual de métodos de análise de solo. Rio de Janeiro: EMBRAPA, 1979. n. p. GOEDERT, W.J.; SOUZA, D.M.G. de; SCOLARI, D.O.G. Critérios para recomendação de calagem e adubação. In: OLIVEIRA, A.J.; GARRIDO, W. E.; ARAUJO, J.D.; LOURENÇO, S. (Coord.). Métodos de pesquisa em fertilidade do solo . Brasília: EMBRAPA SEA, 1991. p. 363-392. GOMES, F.P. Curso de estatística experimental. São Paulo: Nobel, 1985. 466 p. LAMEIRA, O.A. Propagação in vitro e in vivo, dinâmica de crescimento de células, nutrição e identificação de flavonóides em erva-baleeira (Cordia verbenacea L . ). Lavras: UFLA, 1997. 88 p. (Tese doutorado). JACKSON, M.L. Analisis quimico de suelos. Barcelona: Omega, 1970. 662 p. MALAVOTA, E. Elementos de nutrição mineral de plantas. Piracicaba: ESALQ, 1980. 251 p. MALAVOLTA, E.; VITTI, G.C.; OLIVEIRA, S.A. de. Avaliação do estado nutricional das plantas: princípios e aplicações . Piracicaba: POTAFOS, 1989. 201 p. MARSCHNER, H. Mineral nutrition of higher plants. New York: Academic Press, 1995. 889 p. MONTANARI Jr., I.; FIGUEIRA, G.M.; MAGALHÃES, P.M. de; RODRIGUES, N. Influência da fertilização NPK na biomassa e no teor de alcalóide de Atropa belladona Linn. Revista Brasileira de Fisiologia Vegetal, Brasília, v. 5, n. 1, p. 71, 1993. MONTANARI Jr., I.; MAGALHÃES, P.M. de; FIGUEIRA, G.M.; FOGLIO, M.A.; RODRIGUES, R.A.F.; HOPPEN, V.R.; SHARAPIN, N. Aspectos agronômicos e fitoquímicos do cultivo da baleeira. In: SIMPÓSIO DE PLANTAS MEDICINAIS DO BRASIL, 12., 1992, Curitiba. Anais ... Curitiba: UFPR, 1992. p. 180. Hortic. bras., v. 17, n. 3, nov. 1999. Adubação química e calagem em erva-baleeira. PEREIRA, A.M.S.; MENEZES JÚNIOR, A.; CÂMARA, F.L.A.; FRANÇA, S.C. Efeito da adubação na produção de biomassa de Mikanea glomerata (guaco). In: SIMPÓSIO DE PLANTAS MEDICINAIS DO BRASIL, 14., Florianópolis, 1996. Anais..., Florianópolis: UFSC, 1996. RAIJ, J.B. van; CANTARELLA, H.; QUAGGIO, J.A.; FURLANI, A.M.C. (eds.) Recomendações de adubação e calagem para o Estado de São Paulo. Campinas: IAC, 1996. 258 p. (Boletim Técnico, 100). SERTIE, J.A.A.; BASILE, A.C.; PANIZZA, S.; MATIDA, A.K.; ZELNIK, R. Antiinflamatory activity and sub-ocute toxicity of artemetin. Planta Medica, Stuttgart, v. 56, n. 11, p. 36 - 40, 1990. SILVA JÚNIOR, A.A., VIZZOTO, V.J., GIORGI, E., MACEDO, S.G.; MARQUES, L.F. Plantas medicinais; caracterização e cultivo . Florianópolis: EPAGRI, 1995. 71 p. (Boletim Técnico, 68). TEDESCO, M.J.; VOLKWEISS, S.T.; BOHNEM, H. Análise de solo, plantas e outros materiais. Porto Alegre: UFRGS, 1985. (Boletim Técnico, 5). ANDRIOLO, J.L.; DUARTE, T.S.; LUDKE, L.; SKREBSKY, E.C. Caracterização e avaliação de substratos para o cultivo do tomateiro fora do solo. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 17, n. 3, p. 215-219, novembro 1999. Caracterização e avaliação de substratos para o cultivo do tomateiro fora do solo. Jerônimo L. Andriolo; Tatiana S. Duarte; Loeni Ludke; Etiane C. Skrebsky UFSM-CCR-Depto. de Fitotecnia, 97.119-900, Santa Maria-RS. RESUMO ABSTRACT Três diferentes materiais foram avaliados quanto ao seu potencial de uso como substrato para o cultivo do tomateiro. Os experimentos foram realizados no Departamento de Fitotecnia da UFSM, em Santa Maria-RS e os materiais avaliados foram: húmus proveniente da minhocultura, casca de arroz e substrato comercial (Plantmax Folhosas). O substrato comercial foi comparado no seu estado original correspondente a primeira utilização e também na sua segunda utilização com a mesma cultura. A casca de arroz foi comparada no seu estado puro e também em mistura com solo da região na proporção de 50% de cada componente. A caracterização física foi efetuada pela determinação da densidade e da massa úmida e pelo cálculo do volume retido e da capacidade máxima de retenção de água. A avaliação qualitativa dos substratos foi realizada por meio de avaliações do crescimento e produção de frutos de dois cultivos de tomateiro, respectivamente no outono-inverno e primavera-verão do ano de 1997. O húmus apresentou características físicas similares ao substrato comercial, enquanto que a casca de arroz reteve volume de água aproximadamente 50% inferior aos outros dois substratos avaliados. Porém, essa diferença diminuiu quando a casca de arroz foi misturada com o solo. O crescimento das plantas na casca de arroz foi inferior e a produção de frutos atingiu apenas 56% daquela obtida nos outros substratos. Tanto a mistura de casca de arroz e solo como os outros substratos avaliados se mostraram apropriados para o cultivo do tomateiro fora do solo. Evaluation of substrates for growing tomatoes in soilless culture. Palavras-chave: Lycopersicon esculentum, crescimento, rendimento, fertirrigação. Keywords: Lycopersicon esculentum, yield, fertigation, growth. Three different organic materials were tested at the UFSM, Santa Maria, Brazil, as substrate for growing tomatoes in soilless culture. Humus originated from the digestion of organic materials by earthworms, rice husk, and a commercial substrate “Plantmax Folhosas” were used. Two successive cycles of tomato plants were evaluated, by replacing old plants with young ones after the first cycle of the crop. Rice husk was compared solely in a homogeneous form and as a mixture with soil in a 50% basis. Substrates were characterized by physical parameters of bulk density, wetness and through calculation of the volumetric water content and maximum capacity of water retention. Quality of substrates was evaluated by measuring growth and yield of two successive tomato crops, in the Autumn and the Spring of 1997. Comparisons between humus and the commercial substrate showed similar physical characteristics, while volumetric water content of rice husk was about 50% lower. This difference was reduced when soil was added to the rice husk. Growth of tomato plants on rice husk was lower and fruit yield achieved a maximum value of 56% of that observed on the two other substrates. Humus, the commercial substrate “Plantmax Folhosas” and the mixture of rice husk with soil may be used successfully for growing tomatoes in soilless culture. (Aceito para publicação em 16 de agosto de 1999) O cultivo de hortaliças utilizando substratos como suporte das raízes é uma técnica amplamente empregada na maioria dos países de horticultura avançada (Musard & Letard, 1990; Alarcon et al., 1997; Rosa et al., 1997). Essa modalidade de cultivo representa grande avanço frente aos sistemas de cultivo no solo, porque oferece como principais vantagens: 1) o manejo mais adequado da água, evitando a umidade excessiva em torno das raízes, que é Hortic. bras., v. 17, n. 3, nov. 1999. muito comum no solo em períodos de elevada precipitação pluviométrica; 2) o fornecimento dos nutrientes em doses e épocas apropriadas, de acordo com os períodos de maior necessidade ao longo do ciclo de produção das culturas; 3) a redução dos riscos de salinização do meio radicular, por meio de drenagem de nutrientes excedentes e não absorvidas pelas plantas; 4) a possibilidade de diminuir a ocorrência de problemas de ordem fitossanitária das culturas, tanto da parte aérea como das raízes (Blanc, 1987; FAO, 1990b). Os benefícios diretos dessa técnica se traduzem principalmente em maior rendimento e melhor qualidade dos produtos colhidos, associados a menor utilização de defensivos agrícolas. Como benefício indireto, pode-se citar um menor risco de perda das lavouras, permitindo melhor planejamento da produção e contribuindo para a profissionalização dos produtores frente a um mercado cada vez mais competitivo. 215 J.L. Andriolo et al. Um substrato agrícola é definido como todo material, natural ou artificial, colocado em um recipiente, puro ou em mistura, que permita a fixação do sistema radicular e sirva de suporte a planta (Blanc, 1987). Do ponto de vista do crescimento e da atividade radicular, um substrato deve armazenar um determinado volume de água e ao mesmo tempo manter teor adequado de oxigênio em torno das raízes. O oxigênio é indispensável para a respiração das raízes a fim de suprir a energia necessária à absorção dos nutrientes (Salsac et al., 1987). Um substrato que guarda uma proporção correta entre as fases sólida e líquida favorece, portanto, a atividade fisiológica das raízes e ao mesmo tempo evita as condições favoráveis ao aparecimento de moléstias radiculares, especialmente as podridões fúngicas e bacterianas. Qualquer material, orgânico ou mineral, que preencha estas condições, sem ser fitotóxico, apresenta potencial de uso como substrato agrícola. O desenvolvimento da cultura do tomateiro em substratos, nas diferentes regiões do Brasil, depende de duas condições fundamentais: 1) da disponibilidade de fertilizantes solúveis e com preços compatíveis para efetuar a fertirrigação e 2) da disponibilidade de matérias-primas abundantes e baratas com potencial de utilização como substratos para as culturas. A primeira condição já foi atingida no País, uma vez que formulações e doses utilizadas em países do Hemisfério Norte já foram adaptadas aos fertilizantes e equipamentos existentes no mercado nacional (Andriolo et al., 1997; Andriolo & Poerschke, 1997). A segunda condição depende ainda de estudos com a finalidade de inventariar os materiais disponíveis nas diferentes regiões e caracterizar o seu potencial de uso como substrato agrícola. Este trabalho foi realizado em duas etapas, tendo como objetivo na primeira fase a caracterização das principais propriedades físicas de alguns materiais disponíveis no Estado do Rio Grande do Sul com potencial de utilização como substratos para a cultura do tomateiro. Na segunda fase foi feita a avaliação do crescimento e da produção de frutos das plantas cultivadas nos diferentes materiais selecionados e caracterizados. 216 MATERIAL E MÉTODOS Os experimentos foram conduzidos no Departamento de Fitotecnia da Universidade Federal de Santa Maria-RS, (latitude: 29º43’S, longitude: 53º42’W, altitude: 95m), no ano de 1997. Os materiais comparados foram a casca de arroz, o húmus proveniente de resíduos do rúmen de bovinos abatidos na indústria frigorífica obtidos por meio da digestão por minhocas e um substrato comercial definido pelo fabricante como sendo uma mistura de matéria orgânica de origem vegetal e vermiculita expandida (Plantmax Folhosas). A casca de arroz foi submetida a queima parcial antes de ser utilizada. O húmus foi empregado sem qualquer modificação. O substrato comercial foi dividido em dois lotes: comercial de primeira utilização (comercial-1) e de segunda utilização (comercial-2), esse último reutilizado após ter sido utilizado no cultivo do tomateiro. O comportamento do tomateiro em cada um dos materiais foi avaliado por meio de dois cultivos sucessivos, sendo o primeiro no período entre fevereiro e julho e o segundo entre agosto e dezembro de 1997. Para implantar o segundo ciclo da cultura, removeu-se dos diferentes substratos a raiz principal das plantas da cultura anterior, transplantando-se novamente mudas de tomateiro no estádio de seis folhas. Não houve manipulação dos substratos de um ciclo para outro, tendo sido retiradas ao acaso cinco sacolas de cada material para efetuar a caracterização física dos substratos antes de iniciar o segundo cultivo. Após concluída a caracterização, as sacolas foram identificadas e recolocadas nas suas respectivas posições dentro do ensaio.As plantas que cresceram nas sacolas amostradas não foram utilizadas para efetuar medidas. Tendo em vista os baixos resultados obtidos com a casca de arroz na primeira cultura, esse material foi inteiramente substituído por uma mistura de casca de arroz e solo da estufa (Podzólico vermelho-amarelo, Unidade de Mapeamento São Pedro), na proporção de 50% de cada componente, antes de iniciar o segundo ciclo da cultura. a. Caracterização física dos materiais As variáveis físicas determinadas para cada substrato foram a densidade e a capacidade máxima de retenção de água. Para realizar essas determinações, os materiais foram previamente secos em estufa, na temperatura de aproximadamente 50ºC, durante 48 horas. Para determinar a densidade de cada substrato, mediu-se a massa seca correspondente ao volume de um litro, após adensamento natural por agitação manual. Imediatamente após a pesagem, os materiais foram acondicionados em sacolas plásticas com capacidade de dois litros e saturados com água. Após a saturação, as sacolas foram fechadas na parte superior e grande número de perfurações finas foi efetuado na parte inferior e lateral das mesmas, com auxílio de uma agulha histológica. Para assegurar a livre drenagem da água excedente através dos orifícios, as sacolas foram suspensas durante aproximadamente 14 horas, no período entre o final da tarde e o início da manhã seguinte, quando foram novamente pesadas para determinar a massa úmida. A diferença de massa entre os valores das pesagens úmida e seca representou o volume de água retido e esse valor expresso em porcentagem da massa úmida, representou a capacidade máxima de retenção de água (Gras, 1987; Andriolo & Poerschke, 1997Foram efetuadas cinco repetições para cada uma das determinações e no final foram calculadas as médias. Para avaliar a evolução das características físicas dos substratos, as determinações foram repetidas no início de cada uma das duas culturas de tomateiro, respectivamente em março (ciclo 97/ 1) e julho (ciclo 97/2) de 1997, e também uma avaliação final após encerramento do último ensaio (98/1). Para realizar essas determinações, foi sorteada uma sacola dentro da área útil de cada parcela, mais uma adicional entre as quatro parcelas de cada bloco, totalizando cinco amostras de cada material. Em cada ciclo, as medidas foram efetuadas sempre sobre o material das mesmas sacolas, de forma a detectar sua evolução no decorrer dos ciclos de cultura. b. Avaliação do crescimento e desenvolvimento da cultura Para avaliar o comportamento do tomateiro (Lycopersicon esculentum Mill.) nos diferentes materiais estudados, foram implantadas duas culturas. A primeira com o híbrido longa-vida Diva, semeado em 20 de fevereiro e transplantado para as sacolas no dia 19 de março. Hortic. bras., v. 17, n. 3, nov. 1999. Caracterização e avaliação de substratos para o cultivo do tomateiro fora do solo. O experimento foi concluído aos 138 dias após o transplante, quando foi determinada a massa seca (após secagem em estufa a ±50ºC, até peso constante) de folhas, caule e frutos e a área foliar, esta última por meio da relação entre a massa seca e a área de 40 discos (diâmetro de oito milímetros) de cada planta, coletados em folhas representativas do dossel da cultura. A segunda cultura foi realizada com o híbrido Monte Carlo, com semeadura em 22 de agosto e transplante em 21 de setembro. O experimento foi concluído aos 87 dias após o transplante, determinando-se as mesmas variáveis de crescimento definidas no ensaio anterior. As mudas destinadas à implantação de ambas as culturas foram produzidas em bandejas de poliestireno e transplantadas no estádio de seis folhas definitivas. As sacolas plásticas de coloração branca e capacidade para 10 litros foram preenchidas com os seguintes volumes, em litros, de cada um dos substratos secos: húmus = 3,9; comercial-1 = 3,7; comercial-2 = 4,1; casca de arroz = 8,5; casca de arroz e solo = 5,7. O volume de cada um dos substratos foi determinado de acordo com a capacidade de retenção de água de cada material, a fim de manter para cada planta um volume semelhante de água facilmente utilizável, da ordem de 1.250 mL planta1. As sacolas contendo os substratos foram arranjadas sobre camalhões de aproximadamente 25 cm de altura, revestidos com filme de polietileno opaco de coloração preta, construídos no interior de uma estufa de polietileno tipo “Pampeana” de 500 m2 , localizada no Departamento de Fitotecnia da Universidade Federal de Santa Maria-RS. O delineamento experimental foi o de blocos casualizados completos, com quatro repetições, sendo a área útil de cada parcela formada por cinco sacolas, que posteriormente receberam as mudas. A fertirrigação foi efetuada em intervalos semanais durante todo o ciclo das culturas, com as seguintes quantidades de fertilizantes, em g planta-1 : nitrato de potássio = 4; nitrato de cálcio = 6,3; super fosfato simples = 1,5; sulfato de magnésio = 3. O ferrro foi fornecido separadamente através de uma formulação quelatizada, na dose de 0,13 mL planta-1 e os demais micronutrientes através de uma solução completa, na dose de 0,7 mL planta- 1 (Andriolo & Poerschke ,1997). Nos intervalos entre duas fertirrigações sucessivas, foi efetuada somente a irrigação das plantas, por gotejamento. A frequência e os volumes de água fornecidos em cada irrigação foram estimados de forma a repor o consumo pela transpiração das plantas e ao mesmo tempo restabelecer o volume retido na capacidade máxima de retenção de cada substrato. Uma drenagem de aproximadamente 30% do volume retido foi efetuada no dia anterior a cada uma das fertirrigações, a fim de lixiviar para fora das sacolas os elementos eventualmente não absorvidos pelas plantas. O manejo do ambiente da estufa foi efetuado por ventilação natural, por meio da abertura das cortinas laterais às 9:00h e fechamento às 15:00h, aproximadamente. A densidade de plantas foi de 2,2 plantas m-2, em fileiras simples (1,0m entre fileiras e 0,45m entre plantas), conduzidas com uma haste por meio de fitas plásticas, removendo-se as ramificações axilares uma vez por semana. Um hormônio vegetal comercial (citocinina na concentração 8 ´ 10-5 %) foi aplicado duas vezes por semana durante o período de inverno, quando as temperaturas diurnas se situaram em valores inferiores a 18ºC, a fim de estimular o crescimento dos frutos jovens e compensar possíveis falhas na polinização (FAO, 1990a). Na primeira cultura foram efetuadas duas aplicações de fungicidas para o controle do oídio e na segunda cul- Tabela 1 - Valores de densidade, massa úmida, volume retido e capacidade máxima de retenção de água (CR) dos substratos, no início dos dois ciclos e no final do segundo ciclo da cultura do tomateiro. Santa Maria, UFSM, 1997*. (Os dados entre parênteses indicam os valores relativos em relação àqueles medidos no ciclo 97/1). Densidade (g L-1 ) Massa úmida (g L-1 ) 483,9 a 345,8 b 1.126,0 a 1.018,5 a 642,1 a 672,7 a 57 66 Comercial-2 Casca de arroz Início do ciclo da cultura 97/2 312,7 c 140,9 d 920,0 b 434,7 c 607,3 b 293,8 c 66 66 Húmus Comercial-1 Comercial-2 448,4 b (92,6) 326,2 c (94,3) 283,1 d (90,5) 1.202,0 a (106) 916,1 c (90) 810,8 d (88) 753,6 a (117) 589,9 b (88) 527,7 c (87) 63 64 65 Casca de arroz e solo Final do ciclo da cultura 97/2 Húmus 677,9 a 1.112,4 b 434,5 d 39 391,5 b (80,9) 1.079,3 a (96) 687,8 a (107) 64 Comercial-1 Comercial-2 Casca de arroz e solo 273,6 c (79,1) 244,4 d (78,1) 678,4 a (100) 899,8 b (88) 813,9 c (88) 1.088,8 a (98) 626,2 b (93) 569,5 c (94) 410,4 d (94) 70 70 38 Substrato Início do ciclo da cultura 97/1 Húmus Comercial-1 Volume retido (ml L-1 ) CR (%) * Médias seguidas pela mesma letra na vertical não diferem entre si pelo teste de Duncan a 5% de probabilidade. Hortic. bras., v. 17, n. 3, nov. 1999. 217 J.L. Andriolo et al. tura somente duas aplicações de acaricida foram necessárias. RESULTADOS E DISCUSSÃO a. Caracterização física dos materiais O húmus foi o material que apresentou a maior densidade, seguido pela substrato comercial e pela casca de arroz (Tabela 1). A adição de solo à casca de arroz aumentou a densidade de 141 para 678 g L-1. O húmus e o substrato comercial apresentaram perda de densidade de um ciclo de cultura para o outro. A perda foi visível já no final do primeiro ciclo, variando de 8 a 10%, aproximadamente. O substrato comercial-2, constituído pelo mesmo material do comercial-1 e tendo passado por um ciclo de cultura adicional, apresentou redução mais acentuada após o cultivo 97/1. No final do ciclo 97/2, os três substratos acumularam uma perda semelhante, da ordem de 20%, em relação aos valores iniciais. Essa perda não foi observada na mistura de casca de arroz e solo, que mostrou densidade similar após um ciclo de cultura. O húmus e o comercial-1 foram os materiais que apresentaram valores iniciais mais elevados de massa úmida, seguidos pelos substratos comercial-2 e a mistura de casca de arroz e solo (Tabela 1). Essa variável mostrou tendência decrescente entre o início do primeiro e o final do segundo ciclo de produ- ção e de forma mais intensa no substrato comercial. A diferença entre a massa úmida e a densidade indica o volume de água retido por unidade de volume de substrato. No início do ciclo 97/1, o maior volume foi medido no húmus e no substrato comercial-1, enquanto a casca de arroz isolada reteve aproximadamente 50% do volume retido pelos outros substratos estudados. Os valores do volume retido mostraram alteração após um ciclo de cultura, passando o húmus a reter maior volume que os demais substratos, até o final do experimento. A mistura de casca de arroz e solo também mostrou redução do volume de água retido após um ciclo de cultura e seu valor absoluto foi aproximadamente 40% menor do que aquele do húmus. Os valores de capacidade máxima de retenção de água variaram aproximadamente entre 60 e 70% tanto para o húmus como para o substrato comercial e foram próximos de 40% para a mistura de casca de arroz e solo. A vida útil de um substrato orgânico é determinada principalmente pela velocidade das reações de decomposição, que modificam a textura do material e, consequentemente, a proporção entre as fases sólida, líquida e gasosa. Tanto o húmus como o substrato comercial mostraram degradação, estimada pela perda de densidade, após dois ciclos de cultura. Entretanto, esta degradação repercutiu de maneira diferente sobre o volume retido por esses dois materiais, que diminuiu apenas no substrato comercial. Esse comportamento está provavelmente relacionado com a composição física desses dois substratos. O húmus se caracteriza por maior homogeneidade de partículas e sua degradação é mais lenta, pois o material já passou por transformações biológicas no aparelho digestivo das minhocas. Por outro lado, o substrato comercial empregado no experimento foi definido pelo fabricante como uma mistura de vermiculita e resíduos vegetais triturados, o que implica maior heterogeneidade de partículas. A vermiculita é um material constituído por lamelas expandidas de silicatos, que sofrem rapidamente fragmentação mecânica e saturação química. A fração fina das partículas desagregadas é facilmente carregada pelos volumes drenados. Esses fatores reduzem a plasticidade, aumentando a compactação e diminuindo o volume de água retido (Moinereau et al., 1987). A massa úmida dos substratos comparados não se constituiu em fator limitante à sua utilização. Essa variável se torna limitante somente quando atinge valores muito elevados, dificultando o seu manuseio na lavoura. Cada sacola contendo aproximadamente quatro litros de húmus, que foi o substrato que apresentou o maior valor para essa variável, atingiu uma massa úmida inferior a cinco quilogramas. Por outro lado, o volume de água retido foi muito baixo na Tabela 2 - Valores de matéria seca de caule, folhas, frutos e total da planta, fração da matéria seca total alocada para os frutos (FMSF), índice de área foliar (IAF) e produção de frutos de tomateiro determinados ao término de cada um dos experimentos. Santa Maria, UFSM, 1997*. Substrato Matéria seca (g planta-1) Caule FMSF IAF Produção de frutos (g planta-1 ) 0,53 0,41 0,45 4,7 ab 6,0 a 5,1 ab 2.709, a 2.164, ab 2.562, a 0,40 3,0 Folhas Frutos Total 67,3 b 96,1 ab 101,7 a 51,3 a 61,0 a 56,3 a 135,4 a 108,2 ab 128,1 a 254,2 ab 265,3 ab 286,1 a Casca de arroz Ciclo da cultura 97/2 Húmus 83,6 b 33,5 a 87,1 ab 60,7 a 120,1 a 267,8 a 0,44 3,4 b 2.401,7 a Comercial-1 Comercial-2 Casca de arroz e solo 95,4 a 86,3 ab 81,7 b 68,5 a 56,3 a 61,1 a 137,9 a 105,9 a 141,1 a 301,8 a 260,5 a 283,9 a 0,45 0,43 0,50 4,7 a 3,1 b 3,3 b 2.757,9 a 2.117,4 a 2.823,0 a Ciclo da cultura 97/1 Húmus Comercial-1 Comercial-2 77,2 b 194,4 b c 1.544, b * Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste de Duncan a 5% de probabilidade. 218 Hortic. bras., v. 17, n. 3, nov. 1999. Caracterização e avaliação de substratos para o cultivo do tomateiro fora do solo. casca de arroz empregada isoladamente. Nesse substrato, a água disponível às plantas diminuiu muito rapidamente, exigindo irrigações frequentes. Esse inconveniente se torna ainda mais acentuado quando a demanda evaporativa da atmosfera é elevada. Trata-se de uma situação pouco favorável à cultura, porque dificulta o manejo correto da água e aumenta os volumes drenados, que estão associados também a uma maior perda de nutrientes. A mistura desse material com o solo se mostra uma alternativa simples e eficiente para minimizar seus defeitos e permitir o emprego como substrato. b. Comportamento da cultura do tomateiro A produção de matéria seca no final dos ensaios mostra que a repartição da biomassa total entre os órgãos da parte aérea da planta foi diferente entre os substratos estudados (Tabela 2). No ciclo 97/1, a produção de matéria seca vegetativa, formada pelo caule e folhas, foi mais elevada nos substratos comercial-1 e comercial-2. O húmus e a casca de arroz apresentaram valores semelhantes para essa variável. Porém, a maior diferença foi constatada na produção de frutos, que foi 38% menor na casca de arroz quando comparada com a média dos outros três substratos, que não diferiram significativamente entre si. A fração de matéria seca alocada para os frutos foi mais elevada no húmus e no comercial-2. A mistura de casca de arroz e solo mostrou o valor mais baixo do índice de área foliar. No ciclo 97/2, não houve diferenças significativas entre os substratos na produção de matéria seca de folhas e de frutos (Tabela 2). Porém, houve diferença na acumulação de matéria seca do caule, que foi mais baixa na mistura de casca de arroz e solo em relação ao substrato comercial-1. A produção de frutos não mostrou diferenças significativas entre os tratamentos, porém o valor mais elevado foi observado na mistura de casca de arroz e solo. A utilização da casca de arroz isoladamente reduziu a produção de frutos, indicando que para ser eficiente como substrato esse material deverá ser empregado em mistura com outros materiais Hortic. bras., v. 17, n. 3, nov. 1999. capazes de reter um maior volume de água. O baixo volume retido repercute negativamente sobre o rendimento da cultura porque dificulta o manejo tanto da água como dos nutrientes. Com relação ao primeiro, o volume disponível às plantas passa rapidamente de uma situação de potencial hídrico total próximo de zero para valores negativos, os quais induzem o estresse hídrico, com a entrada em ação dos mecanismos fisiológicos de controle da transpiração. O principal mecanismo dessa natureza é o fechamento dos estômatos, que reduz simultaneamente a saída de vapor d’agua e a taxa de fotossíntese (Urban, 1991). Fenômeno semelhante ocorre com a nutrição mineral, pois somente uma pequena fração dos nutrientes fica retida pelo substrato, induzindo uma forte lixiviação pela drenagem. Em substratos desse tipo a fertirrigação contínua com uma solução nutritiva completa é quase obrigatória (Baille, 1994). Os resultados apresentados são importantes para a produção comercial do tomateiro, pois mostram que substratos de baixo custo como a casca de arroz e o húmus proveniente da minhocultura se constituem em materiais apropriados para uso como substrato, possuindo características similares ao substrato comercial testado. A casca de arroz é um subproduto abundante da agroindústria arrozeira e o húmus pode ser produzido facilmente nas propriedades rurais. Indicam também que outras misturas de materiais podem ser empregadas com sucesso, desde que apresentem características físicas semelhantes àquelas mostrados neste trabalho. Entretanto, os substratos orgânicos são materiais biologicamente ativos que sofrem transformações no decorrer do tempo. Por isso, suas características físicas devem ser reavaliadas periodicamente e nenhuma generalização pode ser feita em relação a sua vida útil. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem ao Eng.º Agrº. Nereu Streck pelo fornecimento do húmus empregado nos ensaios e também à FAPERGS - Fundação de Âmparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul, pela concessão de uma bolsa de Iniciação Científica a um dos autores do trabalho. LITERATURA CITADA ALARCON, A.L.; MADRID, R.; EGEA, C.; RINCÓN, L. Respuesta del melón Galia (Cv. Revigal) sobre lana de roca, a diferentes aguas de riego y zonas de cultivo. Acta Horticulturae, v. 16, p. 91 - 97, 1997. ANDRIOLO, J.L.; POERSCKE, P.L. Cultivo do tomateiro em substratos . Santa Maria: UFSM - Centro de Ciências Rurais, 1997. 12 p. (Informe Técnico, 2). ANDRIOLO, J.L.; DUARTE, T.S.; LUDKE, L.; SKREBSKY, E.C. Crescimento e desenvolvimento do tomateiro cultivado em substrato com fertirrigação. Horticultura Brasileira , Brasília, v. 15, n. 1, p. 28 - 32, maio 1997. BAILLE, M. Gestion global del cultivo fuera del suelo. In: JORNADA DE SUBSTRATOS, 2., 1994. Madrid: Sociedad Española de Ciencias Horticolas, 1994 , 63 p. BLANC, D. Les substrats. In : BLANC, M. ed. Les cultures hors sol, Paris: INRA, 1987. p. 9 - 13. FAO. Protected cultivation in the mediterranean climate. Rome: Food and Agriculture Organization of the United Nations, 1990a. 313 p. (FAO Plant Production and Protection Paper, 90). FAO. Soilless culture for horticultural crop production. Rome: Food and Agriculture Organization of the United Nations, 1990b. 188 p. (FAO Plant Production and Protection Paper, 101). GRAS, R. Proprietés physiques des substrats. In : BLANC, M. ed. Les cultures hors sol , Paris: INRA, 1987. p. 80 - 126. MOINEREAU, J.; HERRMANN, P.; FAVROT, J. C.; RIVIÈRE, L. M. Les substrats Inventaire, caractéristiques, ressources. In: BLANC, D. ed. Les cultures hors sol. Paris: INRA, 1987. p. 15 - 77. MUSARD, M.; LETARD, M. Le maraîchage sous serres et abris en culture sur substrats. In : RASTOIN, F. ed. Cultures légumières sur substrat. Infos-Ctfil hors série, 1990. p. 5 - 7. ROSA, A.; SOUSA, J.; CAÇO, J. Melancia em substrato de lã de rocha. Acta Horticulturae, v. 16, p. 127 - 131, 1997. SALSAC, L.; CHAILLOU, S.; MOROTGAUDRY, J.; LESAINT, C.; JOLIVET, E. Nitrate and ammonium nutrition in plants. Plant Physiology and Biochemistry, v. 25, n. 6, p. 805 - 812, 1997. URBAN, L. Etat hydrique et production sous serre en hors sol. PHM Revue Horticole, v. 319, p. 37 - 43, 1991. 219 RESENDE, F.V.; FAQUIN, V. ; SOUZA, R.J. de; SILVA, V.S. Acúmulo de matéria seca e exigências nutricionais de plantas de alho provenientes de cultura de tecidos e de propagação convencional. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 17 n. 3, p .220-226, novembro 1999. Acúmulo de matéria seca e exigências nutricionais de plantas de alho provenientes de cultura de tecidos e de propagação convencional1. Francisco Vilela Resende 1, Valdemar Faquin2, Rovilson José de Souza2, Vanderlei S. Santos 2 1 UNIMAR - Faculdade de Ciências Agrárias, C. Postal 554, 17.525-902 Marília - SP, E-mail: [email protected]; 2 UFLA, C. Postal 37, 37.200-000 Lavras - MG. RESUMO ABSTRACT Com o objetivo de estudar comparativamente a exigência nutricional de plantas de alho provenientes de cultura de tecidos e multiplicadas de forma convencional, foi conduzido um experimento sob condições de campo, no Setor de Olericultura da Universidade Federal de Lavras (MG). O experimento foi montado em delineamento de blocos casualizados com quatro repetições e esquema de parcelas subdivididas no tempo. Os tratamentos foram constituídos por plantas provenientes de cultura de tecidos (cultura de meristemas) e multiplicadas de forma convencional e sete épocas de avaliação: 30, 50, 70, 90, 110, 130, e 150 dias após o plantio. Em cada época foram coletadas seis plantas/parcela, avaliado o peso da matéria seca da parte aérea e do bulbo e determinadas as quantidades acumuladas de N, P, K, Ca, Mg, S, B, Zn, Cu, Mn e Fe em cada parte. De maneira geral a absorção de nutrientes acompanhou o crescimento da planta, em ambas as formas de multiplicação, sendo que o acúmulo foi mais intenso entre 70 e 110 dias na parte aérea e 90 e 150 dias no bulbo. Diferenças significativas no acúmulo de nutrientes entre as formas de multiplicação foram verificadas somente na fase que coincidiu com o máximo desenvolvimento da parte aérea e do bulbo. As plantas multiplicadas por via convencional mostraram maior exigência por nitrogênio, em relação ao potássio, que plantas provenientes de cultura de tecidos. As plantas obtidas por cultura de tecidos acumularam quantidades significativamente maiores de nutrientes do que as obtidas de forma convencional e as diferenças percentuais na época da colheita foram da seguinte magnitude: Ca 83,2%, K - 77,8%, S - 70,0%, Mg - 62,7%, P - 55,5%, N - 16,0%, Fe - 116,6%, Mn - 94,5%, Cu - 64,7%, Zn - 62,7%, B - 57,3%. Dry matter accumulation and nutritional requirements of garlic planted with cloves obtained by tissue culture or produced directly on the field. Palavras-chave: Allium sativum L., multiplicação “in vitro”, crescimento, nutrição mineral. Keywords: Allium sativum L., “in vitro” multiplication, growth, mineral nutrition. An experiment was conducted under field conditions with the objective of studying differences on nutrient uptake and dry matter accumulation, between garlic plants produced from cloves obtained by tissue culture and plants originated from cloves produced directly in the field. A randomized block design with four replications was used in the split-plot scheme. The treatments consisted of garlic plants obtained from tissue culture (meristem-tip culture) and from cloves produced in the field, evaluated 30, 50, 70, 90, 110, 130, and 150 days after planting. At each period, six plants/plot were collected and dry matter of both aerial part and bulb were evaluated. Accumulated amounts of N, P, K, Ca, Mg, S, B, Zn, Cu, Mn and Fe in the garlic plants were also determined. In general, the amount of nutrient uptake corresponded to the development of the plants in both propagation system. Nutrient uptake was more intense between 70 and 110 days in the aerial part of the plants, and 90 and 150 days in the bulb. Differences in nutrient uptake between these two multiplication systems were verified only at the maximum development of both aerial and bulb portions. Plants originated from field propagation required more nitrogen than potassium when compared to those previously propagated by tissue culture. Plants originated from tissue culture accumulated more nutrients than those obtained from cloves produced directty on the field. These differences in nutrient accumulation were observed at the harvesting time and were expressed as percentage: Ca – 83.2%, K – 77.8%, S – 70.0%, Mg – 62.7%, P – 55.5%, N – 16.0%, Fe – 116.6%, Mn – 94.5%, Cu – 64.7%, Zn – 62.7%, B – 57.3%. (Aceito para publicação em 11 de agosto de 1999) A produtividade brasileira de alho, 4,83 t/ha (IBGE, 1998), encontrase ainda muito abaixo da média mundial, principalmente se comparada a de países como Argentina (7,57 t/ha), China (8,67), EUA (12,17 t/ha) e Egito (24,47 t/ha) (FAO, 1998). Entretanto, quando conduzido em condições de clima e solo adequadas, o alho chega a atingir, no Brasil, produtividades de até 12 t/ha (Blank et al.,1998). No Egito, em regiões de solos férteis a produtividade 1 chega a 30t/ha (Menezes Sobrinho, 1984), mostrando que a nutrição mineral adequada das plantas é um dos componentes de produção mais importantes para a cultura. Tem sido mostrado que o alho é uma das hortaliças mais exigentes em nutrientes (Oliveira et al., 1971), inclusive em alguns micronutrientes como o B e o Zn, sendo necessário em muitos casos, a realização de adubações com os mesmos (Garcia et al., 1994). Entretan- to, muitas vezes, a nutrição mineral é um dos fatores que recebe menos atenção pelos produtores brasileiros, causando sérios prejuízos não só à produção, como também à conservação pós-colheita dos bulbos. A extração de nutrientes pelo alho apresenta uma relação bastante direta com o crescimento e desenvolvimento da planta. O crescimento da cultura se acentua a partir dos 60 dias e cessa aos 120 dias após o plantio e a bulbificação Parte da tese de doutoramento do primeiro autor apresentada à Universidade Federal de Lavras (UFLA), Lavras - MG. 220 Hortic. bras., v. 17, n. 3, nov. 1999. Exigências nutricionais de plantas de alho provenientes de cultura de tecidos. inicia-se por volta dos 70 dias, intensificando-se entre 90 até 130 dias após o plantio (Zink, 1963; Silva et al., 1970). Estes autores mencionam ainda, que o acúmulo de nutrientes até os 45 dias é reduzido, sendo que o nitrogênio e o potássio são acumulados intensamente nos períodos subsequentes. Os demais macronutrientes são acumulados em menor quantidade, acompanhando a curva de crescimento. Os micronutrientes são acumulados ativamente, porém de forma inconstante, desde os primeiros dias da cultura. A partir dos 45 dias, o ferro é acumulado intensamente, destacando-se como o micronutriente acumulado em maior quantidade pelo alho. Os demais micronutrientes são acumulados em quantidades menores e com menor intensidade, contudo, destacam-se o zinco e o manganês, que apresentam um acúmulo elevado no período entre 120 a 135 dias (Silva et al.,1970). Algumas técnicas de cultura de tecidos, com destaque para cultura de meristemas, têm sido utilizadas com êxito, visando recuperar a sanidade de clones infectados por viroses de espécies multiplicadas vegetativamente como a batata, alho, moranguinho, batata-doce, mandioquinha-salsa, dentre outras. Sabe-se que a presença de vírus nas plantas ocasiona uma série de distúrbios nas funções da célula, afetando principalmente a síntese de proteínas, além da inibição da fotossíntese, transporte de assimilados, ação de reguladores de crescimento e redução da produção (Gibbs & Harrison, 1979), sendo que muitas destas funções envolvem direta ou indiretamente a participação de nutrientes minerais. Na cultura do alho, a eliminação de alguns vírus pela cultura de meristema, tem proporcionado aumentos significativos no vigor vegetativo (Walkey & Antill, 1989; Resende et al., 1995), na produtividade e qualidade dos bulbos (Walkey & Antill, 1989; Barni & Garcia 1994; Resende et al., 1995). Entretanto, a exigência nutricional do alho multiplicado por cultura de tecidos ainda é pouco conhecida. O estudo do acúmulo e utilização de nutrientes em plantas provenientes de cultura de tecidos torna-se necessário Hortic. bras., v. 17, n. 3, nov. 1999. visando adequar a exigência nutricional à recomendação de adubação desses materiais em lavouras comerciais. Neste sentido, este trabalho teve como objetivos estudar o acúmulo de matéria seca e a absorção de nutrientes por plantas de alho provenientes de cultura de tecidos, comparativamente ao mesmo material multiplicado de forma convencional. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido no campo, em área experimental do Setor de Olericultura do Departamento de Agricultura da Universidade Federal de Lavras (UFLA) em um Latossolo Roxo, cujas características químicas e físicas, analisadas de acordo com a metodologia da Embrapa (1979), foram as seguintes: pH = 6,4, P = 14 mg/dm3, K = 148 mg/ dm3 , Ca = 41 mmolc/dm3 , Mg = 18 mmolc/dm3 , Al = 1 mmolc/dm3 , V =75% , matéria orgânica = 35 g/dm3 e areia, limo e argila, 210, 280 e 510 g/ kg, respectivamente. Utilizaram-se plantas da cultivar Gigante Roxão obtidas de duas formas de multiplicação, sendo que os tratamentos foram definidos em função da obtenção do material de plantio. O primeiro tratamento foi composto por bulbos não indexados para viroses, provenientes de cultura de tecidos (propagação “in vitro” através de meristemas), obtidos pelo Laboratório de Biotecnologia da UFLA. O segundo tratamento foi composto por bulbos de plantas multiplicadas de forma convencional na Embrapa Hortaliças, em Brasília DF. Os tratamentos foram dispostos em delineamento de blocos casualizados, em um esquema de parcela subdividida no tempo, com quatro repetições. Foram coletadas seis plantas/parcela em intervalos pré-definidos de 20 dias, resultando em sete épocas de coletas: 30, 50, 70, 90, 110, 130 e 150 dias após o plantio. As parcelas foram formadas por canteiros com 0,20 m de altura, 1,00 m de largura por 2,00 m de comprimento, com cinco fileiras de plantas no espaçamento de 0,20 m entre linhas e 0,10 m entre plantas. A área útil de cada parcela foi constituída pelas três fileiras centrais, descartando-se duas plantas na extremidade de cada fileira, resultando numa área de 0,9 m2 . O plantio foi realizado no dia 29/04/ 95, tomando-se o cuidado de utilizar bulbilhos de mesmo tamanho dentro de cada bloco. Após o plantio realizou-se uma aplicação em pré emergência com o herbicida Linuron, seguida pela adição de uma camada de 5 cm de cobertura morta composta por casca de arroz. Em função da alta infestação da área por plantas daninhas, foi feita uma segunda aplicação de Linuron em pós-emergência, aos 20 dias após a emergência das plantas de alho. Todos os demais tratos culturais foram realizados de acordo com as recomendações técnicas para a cultura na região. As adubações foram realizadas de acordo com a análise química do solo e as recomendações da Comissão... (1989). Aplicaram-se 200 kg/ha de P2O 5 como superfosfato simples, 60 kg/ha de K2O como cloreto de potássio, 50 kg/ha de sulfato de magnésio, 15 kg/ha de bórax e 10 kg/ha de sulfato de zinco. Foram utilizados 105 kg/ha de nitrogênio na forma de uréia, parcelado em 1/3 no plantio, 1/3 aos 45 e 1/3 aos 70 dias após o plantio. As plantas coletadas foram lavadas em água corrente e enxaguadas em água destilada, separando-se a parte aérea (folhas + bainhas) do bulbo. As partes foram distribuídas em sacos de papel perfurados e colocadas em uma estufa com circulação forçada de ar temperatura de ± 70oC, para secagem. Após a secagem, o material vegetal foi pesado para obtenção da produção de matéria seca, moído e analisado quimicamente para os macro e micronutrientes. O N foi determinado pelo método semi-micro-kjeldahl com digestão ácida a quente. O B foi determinado através do método colorimétrico da curcumina com digestão por via seca. Para os demais nutrientes foi utilizado a digestão nitríco-perclórica, sendo as concentrações no extrato determinadas: P - colorimetria; K - fotometria de chama; S - turbidimetria e o Ca, Mg, Fe, Zn, Cu e Mn por espectrofotometria de absorção atômica (Malavolta et al., 1989). A quantidade de nutrientes acumulada pelo alho foi calculada com base no teor dos mesmos nos tecidos da parte aérea e bulbos e na produção de matéria seca dessas partes 221 F.V. Resende et al. Os dados obtidos foram submetidos aos testes de Lilliefors e Barttlet para verificar, respectivamente, o ajuste aos critérios de normalidade e homogeneidade exigidos para a análise de variância (Little & Hills, 1978). As diferentes formas de multiplicação foram comparadas quanto ao acúmulo de matéria seca e nutrientes, em cada época de amostragem, pelo teste F (Gomes, 1990). RESULTADOS E DISCUSSÃO Figura 1. Produção de matéria seca em função da idade da planta, pela parte aérea (A), bulbo (B) e parte aérea + bulbo (C) de alho proveniente de cultura de tecidos e de multiplicação convencional. Lavras, UFLA, 1995. O crescimento das plantas, ilustrado pelo acúmulo de matéria seca, foi diminuto no período compreendido entre 30 e 70 dias para a parte aérea e 30 e 90 dias para o bulbo, para as duas formas de multiplicação (Figura 1). O acúmulo de matéria seca, considerando parte aérea + bulbo, mostrou-se significativamente (p<0,01) superior no período compreendido entre 90 e 150 dias para as plantas de cultura de tecidos e 110 e 150 dias para as plantas de propagação convencional, em relação às épocas anteriores. A partir dos 90 dias para parte aérea e parte aérea + bulbo e, 110 dias para o bulbo, o acúmulo de matéria seca das plantas provenientes de cultura de tecidos Figura 2. Acúmulo de nitrogênio, fósforo e potássio em função da idade da planta, pelo alho proveniente de cultura de tecidos e de multiplicação convencional. Lavras, UFLA, 1995. 222 Hortic. bras., v. 17, n. 3, nov. 1999. Exigências nutricionais de plantas de alho provenientes de cultura de tecidos. diferiu significativamente (p<0,01) do das plantas de propagação convencional. A extração de nutrientes para ambas as formas de multiplicação (cultura de tecidos e convencional) acompanhou diretamente o crescimento das plantas, seguindo, de maneira geral, o comportamento observado em outros trabalhos (Zink, 1963; Silva et al.,1970 e Nascimento et al., 1996). Os macronutrientes foram absorvidos em concentrações muito baixas até 50 dias após o plantio. O período de maior absorção do N, P, K, Mg e S foi verificado entre 50 e 110 dias (Figuras 2 e 3). O Ca, à exceção dos demais macronutrientes, teve sua extração intensificada somente a partir dos 70 dias (Figura 3). O acúmulo de macronutrientes pelo bulbo foi muito pequeno nos primeiros 70 dias do ciclo. A partir dos 90 dias foram intensamente acumulados até o final do ciclo, com exceção do Ca que teve sua quantidade diminuída no bulbo a partir de 130 dias. Entre os micronutrientes, o Cu apresentou um padrão de aumento relativamente constante no acúmulo pela parte aérea e parte aérea + bulbo desde os 30 dias após o plantio, em ambas as formas de multiplicação, enquanto os demais micronutrientes tiveram sua absorção aumentada a partir de 70 dias (Figuras 4 e 5). No bulbo o acúmulo de Figura 3. Acúmulo de cálcio, magnésio e enxofre em função da idade da planta pelo alho proveniente de cultura de tecidos e de multiplicação convencional. Lavras, UFLA, 1995. Figura 4. Acúmulo de Boro, Cobre e Ferro em função da idade da planta, pelo alho proveniente de cultura de tecidos e de multiplicação convencional. Lavras, UFLA, 1995. Hortic. bras., v. 17, n. 3, nov. 1999. 223 F.V. Resende et al. Figura 5. Acúmulo de Manganês e Zinco em função da idade da planta, pelo alho proveniente de cultura de tecidos e de multiplicação convencional. Lavras, UFLA, 1995. micronutrientes foi pequeno até 90 dias, sendo intensamente acumulados a partir deste ponto até final do ciclo, à exceção do B que reduziu a quantidade acumulada depois de 130 dias após o plantio (Figura 4). A partir de 110 dias verifica-se uma queda acentuada no acúmulo de nutrientes pela parte aérea da planta, marcando o início da senescência das folhas e desencadeando uma fase de intensa exportação dos nutrientes para o bulbo que se encontra em acelerado processo de crescimento. É interessante notar também que, parte da quantidade absorvida de alguns nutrientes como o K, Ca, Mg, B e Mn foi perdida ou eliminada próximo ao final do ciclo da cultura. Este fato também foi observado no trabalho de Silva et al. (1970). As diferenças estatísticas na absorção de nutrientes entre plantas oriundas de cultura de tecidos e multiplicadas pelo modo convencional aconteceram no período de maior acúmulo de matéria seca pelas plantas. Sabe-se que a multiplicação do vírus acompanha proporcionalmente o padrão de crescimento da planta, de forma que, se a planta 224 intensifica o crescimento, o mesmo ocorre com a multiplicação do vírus (Gibbs & Harrison, 1979). Portanto, o alho proveniente de cultura de tecidos, devido ao menor grau de infecção viral, apresentou crescimento significativamente superior ao multiplicado de forma convencional, traduzindo-se conseqüentemente em maior acúmulo de nutrientes. Para o acúmulo de N (p<0,05), P (p<0,01) e S (p<0,01), foram observadas diferenças significativas entre as plantas oriundas das diferentes formas de multiplicação, a partir de 90 dias para a parte aérea e 110 dias para o bulbo, estendendo-se até 130 dias para o N e 150 dias para o P e S. O K, Mg e Ca diferiram (p<0,01) desde os 110 dias para a parte aérea e para o bulbo. O N, K e Ca foram os macronutrientes absorvidos em maior quantidade pela planta, tanto no alho proveniente de cultura de tecidos quanto no multiplicado de forma convencional. A quantidade máxima de N acumulada na parte aérea + bulbo por plantas provenientes de cultura de tecidos foi de 206,4 mg/planta aos 130 dias e em plantas multiplicadas de forma convencional foi de 178,0 mg/ planta aos 150 dias. O K teve seu ponto máximo de acúmulo aos 130 dias (261,5 mg/planta) em plantas de cultura de tecidos e 110 dias (147,1 mg/planta) em plantas propagadas convencionalmente. Em plantas de propagação convencional, verificou-se que a quantidade acumulada de N foi superior à de K, como tem sido observado com freqüência em trabalhos com alho multiplicado de forma convencional (Zink, 1963, Silva et al.,1970; Büll & Nakagawa, 1995). Entretanto, as plantas provenientes de cultura de tecidos, mostraram-se mais exigentes em K do que em N. Esta inversão pode estar relacionada à menor demanda de N em relação ao K pelas plantas de cultura de tecidos, em função da menor concentração viral em seus tecidos. As plantas multiplicadas pela via convencional, ao contrário, necessitam, proporcionalmente ao K, de uma quantidade maior de N para atender à multiplicação do patógeno. Outra possível explicação para esta inversão está relacionada às quantidades de matéria seca significativamente superiores produzidas pelo alho de cultura de tecidos, tornando-o mais exigente em K. Este nutriente desempenha um papel fundamental em espécies que armazenam compostos orgânicos, como é o caso do alho, atuando no transporte de assimilados das folhas para os órgãos de reserva (Faquin, 1994). As adubações de cobertura com N, realizadas aos 45 e 70 dias após o plantio, alteraram de forma significativa o padrão de absorção deste nutriente em plantas oriundas de cultura de tecidos e de propagação convencional, sendo que as primeiras responderam com maior intensidade às adubações de cobertura. A resposta à primeira cobertura refletiu-se mais significativamente na parte aérea, enquanto após a segunda cobertura, os bulbos mostraram maior intensidade de acúmulo. De 30 para 50 dias verificou-se um acréscimo no acúmulo de N de 190,0 e 110,9% na parte aérea e 25,1 e 83,3% no bulbo e entre 70 e 90 dias, 86,0 e 39,3% na parte aérea e 160,0 e 52,2% no bulbo, respectivamente, para plantas provenientes de cultura de tecidos e multiplicação convencional. Quanto aos micronutrientes, foram observadas diferenças significativas Hortic. bras., v. 17, n. 3, nov. 1999. Exigências nutricionais de plantas de alho provenientes de cultura de tecidos. (p<0,01) entre plantas oriundas de cultura de tecidos e de multiplicação convencional desde de 50 dias e 90 dias para o Zn e o Mn, respectivamente para parte aérea e bulbo, 90 e 110 dias para o B, 110 e 130 dias para o Cu e 90 dias em ambas as partes para o Fe. Os micronutrientes absorvidos em maior quantidade foram o B com 580,4 e 368,9 µg/planta e o Fe com 7560,8 e 3490,5 µg/planta, respectivamente, para o alho de cultura de tecidos e de multiplicação convencional. Silva et al. (1970), verificaram também em seu trabalho, como sendo estes, os micronutrientes absorvidos em maior quantidade pela cultura do alho. Convertendo-se os dados experimentais para uma população de 400.000 plantas/ha, obteve-se as quantidades de macro e micronutrientes extraídas em um hectare (Tabela 1). Observou-se que o Ca, K e S entre os macronutrientes e Fe e Mn entre os micronutrientes apresentaram as maiores diferenças de extração entre plantas provenientes de cultura de tecidos e propagação convencional. A extração de nutrientes do solo pela planta está diretamente relacionada, além da intensidade de crescimento, também ao nível de produção da cultura. Cultivares de alho mais produtivas, têm-se mostrado também como mais exigentes em nutrientes (Bogatirenko, 1976; Minardi, 1978). Da mesma forma, o alho proveniente de cultura de tecidos tem-se mostrado superior ao mesmo material multiplicado de forma convencional em ensaios de produção a nível de campo, em níveis que variam desde 3,7% (Garcia et al. 1989) até 104,8% (Resende et al., 1995). Pode-se concluir que, de maneira geral, o acúmulo de nutrientes intensificou-se 90 dias após o plantio, acompanhando o crescimento da planta, em ambas as formas de multiplicação, sendo que as plantas obtidas por cultura de tecidos mostraram-se mais exigentes em nutrientes comparativamente àquelas multiplicadas de forma convencional. A extração de macronutrientes, pelas plantas obtidas por ambas as formas de multiplicação, deu-se na seguinte ordem decrescente: N>K>Ca>S>P>Mg, à exceção do K para as plantas oriundas de cultura de tecidos, que foi o nutriente mais exigido. Para os micronutrientes, esta ordem foi: Fe>B>Zn>Mn>Cu, para as duas formas de multiplicação. Hortic. bras., v. 17, n. 3, nov. 1999. Tabela 1. Quantidades totais de nutrientes extraídas pelo alho proveniente de cultura de tecidos e de multiplicação convencional. Lavras, UFLA, 1995. Nutriente N P K S Mg Ca Cultura de Convencional tecidos Macronutrientes (kg/ha) 82,56 71,20 16,60 104,60 22,64 Diferença (%) 16,00 10,68 58,84 13,32 55,43 77,77 70,00 14,12 8,68 84,56 46,16 Micronutrientes (g/ha) 62,67 83,18 B Zn Cu 232,16 176,40 24,24 147,56 108,44 14,72 57,33 62,67 64,67 Mn Fe 139,00 3.024,32 71,48 1.396,20 94,45 116,61 AGRADECIMENTOS Ao pesquisador João Alves de Menezes Sobrinho (Embrapa Hortaliças) pelo fornecimento do alho-semente, possibilitando a realização deste trabalho. À Coordenadoria de Aperfeiçoamento de Pessoal de Ensino Superior (CAPES) pela concessão da bolsa de doutorado e à Fundação de Amparo a Pesquisa de Minas Gerais (FAPEMIG) pelo apoio financeiro. LITERATURA CITADA BARNI, V.; GARCIA, A. Comportamento do alho Quitéria isento do vírus do estriado amarelo em diferentes condições de cultivo. Hortisul , Pelotas, v. 3, n. 3, p. 15-19, 1994. BLANK, A.F.; PEREIRA, A.J.; SOUZA, R.J. de; ARRIGONI-BLANK, M. F. Competição de cultivares de alho não vernalizado visando à maior produção quantitativa e qualitativa para região de Lavras (MG). Ciência e Agrotecnologia, Lavras, v. 22, n. 1, p. 5-12, 1998. BOGATIRENKO, A.K. The effects of organic and mineral fertilizers on garlic yield and nutrient removal from the soil. Ovochivniststvo i Bashtannitsvo, v. 20, p. 21-27, 1975. In: Horticultural Abstracts , v. 46, p. 9, 1976. (Abstract 8378). BÜLL, L.T.; NAKAGAWA, J. Desenvolvimento e produção de bulbos e absorção de nutrientes na cultura do alho vernalizado em função das relações cálcio:magnésio no solo. Revista Brasileira de Ciência do Solo, Campinas, v. 19, n. 3, p. 409-415, 1995. COMISSÃO DE FERTILIDADE DO SOLO DE MINAS GERAIS. Recomendações para uso de corretivos e fertilizantes em Minas Gerais; 4a aproximação. Lavras, 1989. 76 p. EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA. Serviço Nacional de Levantamento de Solos. Manual de métodos de análise do solo. Rio de Janeiro: EMBRAPA, 1979. n.p. FAO (Roma, Italy). Agricultural production, primary crops - garlic. Disponível em http:// www.fao.org. Consultado em 11 de nov. de 1998. FAQUIN, V. Nutrição Mineral de Plantas. Lavras:ESAL/FAEPE, 1994. 227 p. GARCIA, D.C.; DETTMANN, L.A.; BARNI, V.; RIBEIRO, N. Resposta do alho à adubação com boro, zinco e cobre. Hortisul, Pelotas, v. 3, n. 1, p. 20-25, 1994. GARCIA, A.; PETERS, J.A.; CASTRO, L.A.S. Formação de estoques pré-básicos de alho-semente e estudo da sensibilidade da cultura à infecção por vírus. Hortisul, Pelotas, v. 1, n. 1, p. 42-44, 1989. GIBBS, A.; HARRISON, B. Plant Virology: the principles. New York: Buffer and Turner, 1979. 292 p. IBGE (Rio de Janeiro, RJ). Informações estatísticas, produção agrícola - alho. Disponível em http://www.sidra.ibge.gov.br. Consultado em 11 de nov. de 1998. LITTLE, T.M.; HILLS, F.J. Agricultural Experimentation, New York: John Willey and sons, 1978. 350 p. MALAVOLTA, F.; VITTI, G.C.; OLIVEIRA, S.A. de. Avaliação do estado nutricional das plantas: princípios e aplicações . Piracicaba: Associação Brasileira para Pesquisa da Potassa e do Fosfato, 1989. 201 p. MENEZES SOBRINHO, J.A. Cultivo do alho (Allium sativum L.), Brasília:EMBRAPACNPH, 1984. (EMBRAPA-CNPH. (Instruções técnicas, n. 2)). 225 F.V. Resende et al. MINARDI, H.R.G. Effect of clove size, spacing, fertilizers, and lime on yield and nutrient content of garlic (Allium sativum L.). New Zealand Journal of experimental Agriculture, v. 6, n. 2, p. 139-143, 1978. NASCIMENTO, V.M.; SENO, S.; DELAVALE, F.G. Produção e absorção de nutrientes em duas cultivares de alho (Allium sativum L.) na região de Ilha Solteira, SP. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 14, n. 1, p. 102. 1996. GOMES, F.P. Curso de estatística experimental. Piracicaba:Nobel, 1990. 468 p. OLIVEIRA, G.D.; FERNANDEZ, P.D.; SARRUGE, J.R.; HAAG, H.P. Nutrição mineral de hortaliças XIII. Extração dos macronutrientes pelas hortaliças. O Solo, Piracicaba, v. 63, n. 1, p. 7-12.1971. RESENDE, F.V.; SOUZA, R.J.; PASQUAL, M. Comportamento em condições de campo de clones de alho obtidos por cultura de meristema. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 13, n. 1, p. 44-46, 1995. SILVA, N.; OLIVEIRA, G.R.; VASCONCELOS, E.F.C.; HAAG, H.P. Absorção de nutrientes pela cultura do alho. O Solo, Piracicaba, v. 62, n. 1, p. 8-17. 1970. WALKEY, D.G.A.; ANTILL, D.N. Agronomic evaluation of virus-free and virus-infected garlic (Allium sativum L.). Journal of Horticultural Science, v. 64, n. 13, p. 53-60, 1989. ZINK, K.F.W. Rate of growth and nutrient absorption of late garlic. Proceedings of American Society of Horticultural Science, v. 83, p. 579-584.1963. LUZ, J.M.Q.; PINTO, J.B.P.P.; EHLERT, P.A.D.; CERQUEIRA, E.S.; BEDIN, I. Ação do etileno em combinação com thidiazuron, nitrato de prata e ácido acetilsalicílico na cultura de anteras de pimentão. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 17, n. 3, p. 226-230, novembro 1999. Ação do etileno em combinação com thidiazuron, nitrato de prata e ácido acetilsalicílico na cultura de anteras de pimentão. José Magno Q. Luz1; José Eduardo B. P. Pinto2; Polyana Aparecida D. Ehlert 2; Estér Solange Cerqueira2; Ivan Bedin2 1 UFU – Dep to. Agronomia, Campus Umuarama, C. Postal: 593, , 38.400-902 Uberlândia - MG; 2 UFLA – Dep to. Agricultura, C. Postal :37, 37.200-000 Lavras – MG. RESUMO ABSTRACT Verificou-se o efeito do etileno em combinação com o thidiazuron (TDZ), nitrato de prata (AgNO3 ) e ácido acetilsalicílico (AAS), na indução e regeneração de embriões em anteras de pimentão, genótipos F1 (PIX21C12#35 x Agronômico 08), (PIX21C04#4 x Linha 004), (PIX22C#31 x Linha 004), (PIX21C15#45 x Ikeda) e (PIX22C#21 x Ikeda). Os botões foram coletados quando sépalas e pétalas tinham tamanhos aproximadamente iguais, correspondendo ao estádio de anteras com micrósporos uninucleados. As anteras foram inoculadas em placa de Petri contendo meio de cultura C adicionado de 4,5 mM de TDZ; meio C acrescido de 0,05 mM de 2,4-D, 0,05 mM de cinetina e 88,8 mM de AAS; meio C acrescido de 0,05 mM de 2,4-D, 0,05 mM de cinetina e 5,0 mg/L de AgNO3 . Em seguida, foram colocadas em ambiente escuro a 35o C durante oito dias e enriquecido com ethephon, por 0; 2; 4; 6 ou 8 dias num esquema fatorial com quatro repetições, sendo cada placa considerada uma parcela contendo 20 a 24 anteras. O período de permanência de quatro dias, em ambiente enriquecido com ethephon, e os meios com TDZ e AgNO3 , foram os mais favoráveis à indução de anteras. O TDZ também promoveu maior indução de calos embriogênicos. As maiores taxas de necrose ocorreram no meio com AAS. Só ocorreu regeneração direta em plântulas no meio C acrescido de 5 mg/L de AgNO3 , sendo oito dias o melhor período. Os genótipos mais responsivos foram PIX22C#31 x linha 004 e PIX22C#21 x Ikeda. Observou-se a formação de plântulas haplóides e diplóides mediante análise da ponta de raíz. Considerando-se que a regeneração foi direta, sem passar por calos, supõe-se que as plântulas diplóides obtidas sejam provenientes dos micrósporos, devendo portanto ter ocorrido uma diploidização in vitro. Ethylene action in combination with Thidiazuron (TDZ), silver nitrate (AgNO3 ) and acetylsalicylic acid on sweet pepper anther culture. Palavras-chave: Capsicum annuum L., melhoramento, biotecnologia, cultura de tecidos. Keywords: Capsicum annuum L., breeding, biotechnology, tissue culture. The influence of ethylene used in combination with Thidiazuron (TDZ), silver nitrate (AgNO3 ) and acetylsalicylic acid (ASA) was evaluated on sweet pepper androgenesis of F1 genotypes (PIX21C12#35 x Agronômico 08, PIX21C04#4 x Line 004, PIX22C#31 x Line 004, PIX21C15#45 x Ikeda and PIX22C#21 x Ikeda). Floral buds were collected when sepals and petals were approximately of equal size, corresponding to the uninucleated stage of microspores. Anthers were placed in Petri dishes containing three mediums: C medium supplemented with TDZ (4.5mM); C medium plus 2,4-D (0,05mM), Kinetin (0.5mM) and ASA (88,8mM) or AgNO3 (5.0 mg/L). After inoculation, the anthers were kept in the environment with ethephon for 0, 2, 4, 6 or 8 days at 35o C for eight days in the dark. The experiment was conducted in a factorial design with four replications. Each replicate consisted of one Petri dish containing 20-24 anthers. TDZ and AgNO3 were most effective for inducing somatic embryos after four days with Ethrel. The greatest rates of necrosis took place on the medium with AAS. Direct regeneration of plantlets occurred only on medium supplemented with 5 mg/L of AgNO3 after an eight-day treatment with Ethrel. The most responsive genotypes were PIX22C#31 x Line 004 and PIX22C#21 x Ikeda. Chromosome number of the seedlings was verified through the root tip analysis which indicated the presence of haploid and diploid chromosome number. Since regeneration was direct, ie without going through callus phase, it is hypothesized that the diploid seedlings came from in vitro diploidization. (Aceito para publicação em 14 de setembro de 1999) 226 Hortic. bras., v. 17, n. 3, nov. 1999. Etileno em cultura de anteras de pimentão. N a área de estudos sobre o cultivo in vitro de vegetais, uma das linhas de pesquisa mais explorada atualmente é a composição e a influência de gases nos recipientes de cultivo, bem como a adição de componentes que influenciam na formação e ação destes gases. Sabese que estes gases afetam diretamente a resposta do explante, pricipalmente no que diz respeito à embriogênese. Entre eles, o etileno é o principal gás envolvido, ocasionando diferentes influências conforme a espécie (Auboiron et al., Adkins et al., 1993, 1990; Nissen, 1994). Diversos trabalhos mostraram o efeito do etileno sobre as plantas doadoras (Argarwal & Bhojwani, 1993), o seu efeito e dos seus antagônicos adicionados ao meio de cultura, bem como a relação destes com outros componentes do meio, principalmente auxinas. Uma vez que seu efeito geralmente é negativo na embriogênese, são utilizadas em baixas concentrações ou omitidas na fase de regeneração dos calos devido à maior biossíntese de etileno (Ockendon & McClenaghan, 1993; Evans & Batty, 1994). O tratamento inicial de anteras com altas temperaturas é essencial para a embriogênese, pois afeta a ação de compostos adicionados, além de influenciar a biossíntese de etileno (Biddington & Robinson, 1991). Em pimentão, verificou-se que a presença de 5 mg/L de nitrato de prata (AgNO3) no meio de indução C (Sibi et al., 1979) teve efeito favorável na androgênese, provavelmente devido ao fato do AgNO3 bloquear a ação inibitória do etileno endógeno dos embriões, permitindo assim o maior desenvolvimento dos mesmos (Nervo et al.,1994). Em suspensão de células de cenoura, tanto o ácido salicílico (AS) quanto o ácido acetilsalicílico (AAS), em forma de aspirina, estimularam a embriogênese, numa faixa de concentração de 10 à 100µM, e não causaram qualquer prejuízo no crescimento e sobrevivência das células (Herman, 1991). Devido à interação de diversas substâncias com a produção ou inibição in vitro do etileno, sabe-se que para várias espécies estudadas em técnicas de cultura de tecidos, os resultados devem ser interpretados com cuidado, principalmente no que diz respeito ao real papel do etileno no Hortic. bras., v. 17, n. 3, nov. 1999. controle da embriogênese. O presente trabalho teve como objetivo verificar o efeito das combinações de ethephon com o thidiazuron (TDZ), o AgNO3 e o AAS na indução e regeneração de embriões em anteras de pimentão. MATERIAL E MÉTODOS Os genótipos utilizados foram os híbridos F1 (PIX21C12#35 x Agronômico 8), (PIX21C04#04 x Linha 004), (PIX22C#31 x Linha 004), (PIX21C15#45 x Ikeda) e (PIX22C#21 x Ikeda) sendo PIX21C12#35, PIX21C04#04 e PIX21C15#45 resistentes aos nematóides das galhas Meloidogyne javanica e M. incognita (Peixoto, 1995). As plantas doadoras dos botões florais foram cultivadas em casa de vegetação sob condições controladas e temperatura média de 27oC. Os botões florais foram coletados no estádio de pétalas e sépalas de mesmo tamanho, correspondendo a anteras contendo micrósporos uninucleados. Foram desinfestados com álcool a 70% por 20 segundos e hipoclorito de sódio a 2%, por 10 minutos e, em fluxo laminar, foram lavados 3 vezes com água destilada e autoclavada. As anteras foram retiradas com o auxílio de um microscópio estereoscópio em aumento de 40 vezes, descartando-se as danificadas. As anteras foram inoculadas em placa de Petri contendo meio de cultura C (Sibi et al., 1979) adicionado de 4,5 mM de TDZ; meio C acrescido de 0,05 mM de 2,4-D, 0,05 mM de cinetina e 88,8 mM de AAS; meio C acrescido de 0,05 mM de 2,4-D, 0,05 mM de cinetina e 5.0 mg/L de AgNO3. Após a inoculação, as placas, somente tampadas e não lacradas, foram colocadas em um recipiente com volume de dois litros e capacidade para doze placas empilhadas. Neste mesmo recipiente foi colocado um becker contendo 10 ml do produto comercial ETHRELâ(Ethephon = ácido 2cloro etilfosfônico - 240g/L), como fonte de etileno. O pH foi ajustado em 4 (em solução aquosa com pH abaixo de 4, o ethephon é estável, ao passo que é quebrado liberando etileno, em valores de pH acima de 4). Posteriormente o recipiente foi hermeticamente fechado e colocado em BOD a 350C, no escuro por 0, 2, 4, 6 e 8 dias, totalizando quinze tratamentos para cada genótipo. Após estes períodos, as placas foram retiradas do recipiente, vedadas com filme plástico e recolocadas na BOD até completarem oito dias. Posteriormente, foram colocadas em sala de crescimento a 26oC com 16 h de luz, onde permaneceram até o 12o dia após a inoculação. A seguir, as anteras foram transferidas para o meio R (Sibi et al., 1979), suplementado com 0,5 mM de cinetina. O delineamento utilizado foi um split-plot com parcelas divididas no tempo de permanência com o ETHRELâ, com 4 repetições, sendo cada placa de Petri uma parcela contendo anteras de 4 botões, totalizando de 20 a 24 anteras por placa. Trinta dias após a inoculação no meio C, avaliou-se a percentagem de anteras que continham embrióides, o número de embrióides por 100 anteras inoculadas, a percentagem de calos embriogênicos e de anteras necrosadas e o número de plantas regeneradas. Os embrióides foram retirados das anteras e transferidos para placa de Petri contendo meio R adicionado de 9,3 mM de cinetina. Os dados foram submetidos quanto à normalidade e homogeneidade através dos testes de Lilliefors e Bartlett, respectivamente e para todas as características foram realizadas análises de variância e teste de média. As plântulas obtidas nas placas foram transferidas para tubos de ensaio (150 x 25mm) contendo 20 ml de meio R, sem a presença de regulador de crescimento. As primeiras plântulas obtidas tiveram suas pontas de raízes retiradas para contagem cromossômica. Após alcançarem, in vitro, tamanho pouco maior que 3 cm, as plantas regeneradas foram aclimatadas em casa de vegetação com temperatura média de 27 o C e sob sombrite 50%. As plantas periodicamente eram irrigadas com solução nutritiva até o transplantio definitivo em vasos com solo e adubo químico. RESULTADOS E DISCUSSÃO A porcentagem de anteras com embrióides e o número de embrióides por 100 anteras foram influenciados, significativamente, pelos tratamentos 227 J.M.Q. Luz et al. Tabela 1. Porcentagem de anteras com embrióides, em diferentes meios de indução combinados com tempo de permanência com ethephon, considerando dados dos genótipos em conjunto. Lavras (MG), UFLA, 19961. Meios de Indução Tempo em exposição ao ethephon (dias) 0 2 4 6 8 TDZ 23,0 Ab 38,8 Aa 30,3 Aab 22,0 Ab 21,6 Ab AgNO3 14,6 ABb 33,7 Aa 25,4 Aab 15,0 ABb 24,6 Ab AAS 11,9 10,9 Bb 23,9 Aa 16,9 17,6 Ab Bb Bb 1 - As médias seguidas de mesma letra (Maiúsculas para meios e minúsculas para o tempo com ethephon) não diferem entre si pelo teste de Tukey (5%). Figura 1. Porcentagem de calos embriogênicos em função de diferentes meios de indução combinados com tempo de permanência com ethephon, considerando dados dos genótipos em conjunto. Lavras (MG), UFLA, 1996. com diferentes componentes (TDZ, AgNO3 e AAS) e pelo tempo de permanência das anteras nestes meios junto com ethephon. No entanto, só houve interação entre o tempo e o meio para a primeira característica. Não ocorreu efeito significativo dos genótipos para as características avaliadas, o que pode estar relacionado com a exposição dos meios ao ethephon, que aproximou as respostas dos diferentes genótipos. Em alguns experimentos com cultura de anteras de pimentão também não ocorreram diferenças entre genótipos (Sibi et al.,1979; Dumas de Vaulx et al., 1981). Com relação à porcentagem de anteras com embrióides, na interação entre a composição do meio de cultura e o tempo de exposição ao ethephon (Tabela 1), verificou-se que, de maneira geral, o tempo de quatro dias foi o mais favorável para o meio contendo AAS, enquanto para os meios com TDZ 228 ou AgNO3, o melhor tempo foi o de dois dias. As maiores induções de anteras com embrióides ocorreram nos meios com TDZ e AgNO3; o AAS apresentou as menores percentagens de anteras com embrióides. O fato dos períodos de dois e quatro dias terem sido os melhores na indução da embriogênese, de certa forma, concorda com o verificado por Nissen (1994) que, trabalhando com suspensão de células de cenoura, verificou que altas concentrações do ethephon foram prejudiciais à embriogênese. No presente experimento empregando recipiente hermeticamente fechado, os maiores tempos de exposição (6 e 8 dias) das anteras ao ethephon, tendenciaram ao aumento da concentração de etileno no ambiente que continha as anteras e consequentemente levaram a menores percentagens de anteras com embriódes. O TDZ também induziu maior produção de calos, que foi crescente com a maior exposição das anteras ao ethephon, variando de 13,1 a 25,1%, em zero e oito dias de exposição, respectivamente (Figura 1). Este efeito pode estar relacionado ao aumento da atividade citocinínica do TDZ pela presença do etileno. Por outro lado, o TDZ pode levar à produção de etileno, pois isto é característico das citocininas, portanto mais etileno estaria sendo produzido, e maior estímulo à ação do TDZ estaria ocorrendo, levando à formação dos calos (Mok & Mok, 1985). O aumento do período de exposição ao ethephon, resultou em maior porcentagem de anteras necrosadas no meio TDZ, o que reforça a consideração anterior. A respiração e a atividade mitótica, durante o desenvolvimento dos calos, resulta em liberação de etileno, levando à degeneração que também gera etileno que, somado ao liberado no recipiente pelo ethephon, teria aumentado a taxa de necrose das anteras, o que concorda com Auboiron et al. (1990). As maiores taxas de necrose ocorreram no meio com AAS e também foram crescentes com o incremento do período em ethephon, principalmente por seis e oito dias (Figura 2). Pode-se inferir que o AAS na concentração de 88,9 mM, não foi suficiente para inibir o efeito do etileno, aumentando a necrose à medida em que aumentou o tempo de exposição ao ethephon. Por outro lado, Herman (1991), verificou que tanto o AS, quanto o AAS, em forma de aspirina, estimularam a embriogênese em suspensão de células de cenoura numa faixa de 10 a 100 mM, sem qualquer prejuízo no crescimento e sobrevivência das células, e ainda, houve uma direta relação entre a concentração de AS e AAS e o estímulo à embriogênese, com a inibição do etileno. Com relação ao número de embrióides por 100 anteras, verificouse que o TDZ também se destacou com 170,7 embrióides, mas não diferiu significativamente do meio acrescido de AgNO3 (155,5 embrióides), considerando os genótipos e os tempos de exposição ao ethephon em conjunto. Estes valores são próximos aos encontrados por Nervo et al. (1994) em anteras do genótipo PM 687 x Yolo Wonder, também inoculadas em meio C adicionado Hortic. bras., v. 17, n. 3, nov. 1999. Etileno em cultura de anteras de pimentão. de AgNO3. O genótipo PM 687 x Yolo Wonder é considerado altamente responsivo, tendo sido usado como controle neste trabalho citado. Considerando dados em conjunto dos meios e genótipos, quatro dias de exposição ao ethephon foi significativamente favorável, obtendo-se em média 271,8 embrióides por 100 anteras (Figura 3). Apesar de dois e quatro dias terem sido os melhores tempos para a indução de embrióides nas anteras e terem promovido os maiores números de embrióides, o período de oito dias foi o mais eficiente na regeneração dos embriões em plântulas (Tabela 2). Somente anteras provenientes do meio de indução C adicionado de 5 mg/L de AgNO3 regeneraram plântulas, sendo PIX22C#31 x Linha 004 e PIX22C#21 x Ikeda, os genótipos mais responsivos (Tabela 2). PIX21C12#35 x Agronômico 8 não regenerou qualquer plântula, permanecendo os embrióides nos estádios globular e torpedo, até a completa necrose ao longo de 60 dias, mesmo quando transferidos para o meio R acrescido de 9,3 mM de cinetina. Os embrióides dos outros genótipos, quando transferidos para o meio R + 9,3 mM de cinetina, também não regeneraram em plântulas. As primeiras estruturas de desenvolvimento dos embriões em plântulas começaram a surgir a partir de 50 dias após a inoculação no meio de indução C adicionado de 5 mg/L de AgNO3 e, aproximadamente aos 70 dias, foram transferidas para o meio R sem reguladores de crescimento. Ocorreu o desenvolvimento de mais de uma plântula em alguns tubos, sendo estas individualizadas. As plântulas atingiram o ponto de aclimatação por volta de 100 dias pósinoculação das anteras. Algumas plântulas não completaram o desenvolvimento in vitro, morrendo antes de estarem aptas para aclimatação, enquanto outras morreram ainda na aclimatação. Foram constatadas plântulas haplóides e diplóides. Considerando que a regeneração foi direta, sem passar por calos, supõe-se que as plântulas diplóides obtidas sejam provenientes dos micrósporos, devendo ter ocorrido uma diploidização in vitro. Do ponto de vista prático este fato é desejável, pois o emprego da colchicina tende a ser uma etapa longa sendo possível o surgimento de diplóides. Após as análises citológicas Hortic. bras., v. 17, n. 3, nov. 1999. Figura 2. Porcentagem de anteras necrosadas, em diferentes meios de indução combinados com tempo de permanência com ethephon, considerando dados dos genótipos em conjunto. Lavras (MG), UFLA, 1996. Figura 3. Número de embrióides por 100 anteras, em diferentes tempos de permanência com ethephon, considerando dados de genótipos e meio de indução em conjunto. Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey (5%). Lavras (MG), UFLA, 1996. Tabela 2. Frequência de plantas regeneradas dos genótipos cultivados em meio C adicionado de 5 mg/L de AgNO3, em diferentes tempos de permanência com ethephon Lvras (MG), UFLA, 1996. Genótipo PIX21C0#04 x 004 PIX22C#31 x 004 PIX21C15#45 x Ikeda PIX22C#21 x Ikeda Total Tempo/ No total de No de ethefhon anteras plântulas (dias) inoculadas 4 90 1 6 84 2 8 81 82 4 89 3 6 85 1 8 92 12 8 83 2 4 86 3 6 88 1 8 85 4 864 31 %de plântulas 1.1 2.4 2.5 3.4 1.2 12.9 2.4 3.5 1.1 4.7 3.6 229 J.M.Q. Luz et al. constataram-se três plântulas haplóides e uma diplóide a partir do genótipo PIX22C#31 x Linha 004, uma plântula haplóide a partir PIX21C15#45 x Ikeda e uma haplóide e uma diplóide a partir de PIX22C#21 x Ikeda. As taxas de regeneração foram em geral superiores às alcançadas por George & Narayanaswamy (1973) e Sibi et al. (1979); foram semelhantes às obtidas por Dumas de Vaulx et al. (1981) e inferiores às dos trabalhos de Dumas de Vaulx et al. (1981) e Nervo et al. (1994). Os resultados assemelham-se aos obtidos por Nervo et al. (1994), que alcançaram altas frequências de embrióides, mas baixas taxas de conversão em relação ao número de embrióides. Os autores afirmam que este é o ponto de estrangulamento da técnica, e sugerem maiores estudos de fatores que possam estar relacionados com tal situação. Com base nesta consideração e de acordo com os resultados obtidos, pode-se concluir que a taxa de conversão em plantas está diretamente ligada à produção e/ou inibição do etileno, tornando-se cada vez mais importante elucidar o real papel deste gás no controle, não só da embriogênese, mas principalmente na fase de maturação dos embriões obtidos. 230 LITERATURA CITADA ADKINS, S.W.; KUNANUVATCHAIDACH, R.; GRAY, S.J.; ADKINS, A.L. Effect of ethylene and culture environment on rice callus proliferation. Journal of Experimental Botany, v. 44, n. 269, p. 1829-1835, Dec.1993. AUBOIRON, E.; CARRON, M.P.; MICHAUXFERRIÈRE, N. Influence of atmospheric gases, particulary ethylene, on somatic embryogenesis of Hevea brasiliensis. Plant Cell, Tissue and Organ Culture, v. 21, p. 31 37, 1990. AGARWAL, P.K.; BHOJWANI, S.S. Enhanced pollen grain embryogenesis and plant regeneration in anther cultures of Brassica juncea cv. PR-45. Euphytica, v. 70, p. 191-196, 1993. BIDDINGTON, N.L.; ROBINSON, H.T. Ethylene production during anther culture of Brussels sprouts (Brassica oleracea var gemmifera) and its relationship with factors that affect embryo production. Plant Cell, Tissue and Organ Culture, v. 25, p. 169-177, 1991. DUMAS DE VAULX, R.; CHAMBONNET, D.; POCHARD, E. Culture in vitro d’anthères de piment (Capsicum annuum L.): amélioration des taux d’obtention de plantes chez différents génotypes par des traitements à + 35 O C. Agronomie, v. 1, n. 10, p. 859-864, 1981. EVANS, J.M.; BATTY, N.P. Ethylene precursors and antagonists increase embryogenesis of Hordeum vulgare L. anther culture. Plant Cell Reports, v. 13, p. 676-678, 1994. GEORGE, L.; NARAYANASWAMY, S.; Haploid Capsicum through experimental androgenesis. Protoplasma, v. 78, p. 467-470, 1973. HERMAN, E. B. Recent advances in plant tissue culture: regeneration, micropropagation and media 1988-1991 . New York: Agritech Consultants, Inc., Shrub Oak, 1991. 94 p. MOK, M.C.; MOK, D.W.S. The metabolism of [14C]-thidiazuron in callus tissues of Phaseolus lunatus. Physiologia Plantarum, v. 65, p. 427432, 1985. NERVO, G.; CARANNANTE, G.; AZZIMONTI, M.T.; ROTINO, G.L. Use of anther culture method in pepper breeding: factors affecting plantlets production. In: INTERNATIONAL CONGRESS OF PLANT TISSUE AND CELL CULTURE, 1994. Firenze. A n a i s . . . Firenze: IAPTC, 1994. v. 8, p. 92. NISSEN, P. Stimulation of somatic embryogenesis in carrot by ethylene: effects of modulators of ethylene biosynthesis and action. Physiologia Plantarum, v. 92, p. 397-403, 1994. OCKENDON, D.J.; McCLENAGHAN, R. Effect of silver nitrate and 2,4-D on anther culture of brussels sprouts (Brassica oleracea var. gemnifera). Plant Cell Tissue and Organ Culture, v. 32, p. 41-46, 1993. SIBI, M., DUMAS DE VAULX, R., CHAMBONNET, D. Obtention de plantes haploides par androgenèse in vitro chez le piment (Capsicum annuum L.). Annales de l‘Amélioration des Plantes, v. 29, n. 5, p. 583606, 1979. PEIXOTO, J.R. Melhoramento do pimentão (Capsicum annuum L.) visando resistência aos nematóides do gênero Meloidogyne spp. Lavras: ESAL, 1995. 103 p. (Tese doutorado). Hortic. bras., v. 17, n. 3, nov. 1999. FURLANETTO, C.; TOMITA, C.K.; CAFÉ FILHO, A.C., Época de aplicação de fungicida para controle da mancha de Mycosphaerella do morangueiro. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 17, n. 3, p.231-233, novembro 1999. Época de aplicação de fungicida para controle da mancha de Mycosphaerella do morangueiro. Cleber Furlanetto1 ; Celso K. Tomita; Adalberto C. Café Filho Universidade de Brasília, Departamento de Fitopatologia, 70.910-970 Brasília - DF. RESUMO ABSTRACT Estudou-se o efeito da época do início da aplicação de fungicida na severidade da mancha de Mycosphaerella fragariae em parcelas experimentais de morango cv. IAC-Campinas. O ensaio foi conduzido em área produtora (Brazlândia, DF) em blocos ao acaso com seis tratamentos (épocas de início de pulverização) e quatro repetições. Foram efetuadas aplicações quinzenais com o p.a. prochloraz (450 g i.a/litro) na dosagem de 100 ml/100 litros de água, e testadas as épocas de início de aplicação: Plantio (pulverização por ocasião do plantio das mudas, com um total de dez aplicações); Flor1 (após a primeira florada, oito aplicações); Flor2 (após a segunda florada, seis aplicações); Flor3 (após a terceira florada, quatro aplicações); Flor4 (após a quarta florada, duas aplicações) e Test (testemunha pulverizada com água desde o transplantio). As seguintes variáveis foram avaliadas: produção total acumulada; severidade de doença; número de folhas mortas e sadias; número de hastes lesionadas e sadias. Os resultados indicaram que os tratamentos Plantio e Flor1 foram superiores aos demais em todos os critérios (Duncan, 5%). O tratamento Flor2 apresentou controle intermediário de doença. Os demais tratamentos não apresentaram diferenças estatísticas significativas entre si. Timing of fungicide application for Mycosphaerella leaf spot control on strawberry. Palavras-chave: Fragaria x ananassa Duch., controle químico, Mycosphaerella fragariae. Keywords: Fragaria x ananassa Duch., Mycosphaerella fragariae. chemical control The effect of timing of first fungicide application on the severity of Mycosphaerella leaf spot (Mycosphaerella fragariae) on strawberry cv. IAC-Campinas was studied in field plots located in BrazlândiaDF, Brazil. The experiment was conducted as a randomized complete block design with six treatments (times of first fungicide delivery) and four replicates. The fungicide (prochloraz - 450 g a.i./L) was delivered at a dosage of 100 ml/100 L of water, on a 15-day schedule. The following periods for first application were tested: “Plant”: at transplant stage; with a total of ten fungicide applications; “Flor1”: at first flowering stage, total of eight applications; “Flor2”: at second flowering, total of six applications; “Flor3”: at third flowering, total of four applications; “Flor4”: at fourth flowering, total of two applications; “Test”: control plots, sprayed with water starting at transplant. Treatments were ranked accordingly to total fruit yield; disease severity; number of dead and healthy leaves; number of infected and healthy stems. Results indicated that treatments “Plant” and “Flor1” provided a most efficient control of the disease (Duncan, 5%), followed by treatment “Flor2”. Treatments “Flor3”, “Flor4” and “Test” resulted in poor disease control and were not statistically different. (Aceito para publicação em 22 de setembro de 1999) A mancha de Mycosphaerella Johanson é uma doença de grande importância para a cultura do morangueiro (Fragaria x ananassa Duch.), causando perdas significativas de produção, caso não seja controlada (Maas, 1998). O sintoma mais característico são manchas foliares mais ou menos arredondadas de bordas púrpuras e centro claro, que podem coalescer e necrosar toda a folha (Maas, 1998). Mycosphaerella fragariae (Tul.) Lind. (anamorfo: Ramularia brunnea Peck) é encontrado em praticamente todos os países onde se cultiva morango, inclusive no Brasil (Maas, 1998; Tanaka et al., 1997). As duas cultivares mais plantadas no país, Dover e Campinas, são suscetíveis ao patógeno. Embora não tenham sido encontrados dados de per- das de produção devidos a esta doença, Furlanetto et al. (1996a) apresentaram dados recentes de produção e controle de doenças da cultura para o Distrito Federal. A utilização de fungicidas, em curtos intervalos de aplicação, é prática rotineira e incorporada ao sistema de produção de morango em todo o Brasil. A determinação da eficiência de agroquímicos e a otimização da época de aplicação geram informações que podem levar a uma redução do número total de aplicações e dos custos de produção. O prochloraz, pertencente ao grupo dos imidazóis, apresenta amplo espectro de ação contra ascomicetos e fungos imperfeitos. Até recentemente, sua utilização prática vinha limitando-se ao controle de doenças em cereais (Goulart, 1995), mas existem evidências que o mesmo apresenta desempenho satisfatório também contra M. fragariae, Colletotrichum acutatum Sim. e C. gloeosporioides (Penz.) Sacc. em morangueiro (Domingues et al., 1994 e Furlanetto et al., 1996b), inclusive permitindo aplicações menos freqüentes que aquelas atualmente utilizadas pelos produtores. O objetivo deste trabalho foi o de determinar a melhor época de início de aplicação deste fungicida para o controle da mancha de Mycosphaerella, utilizandose o princípio ativo prochloraz. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido no município de Brazlândia, DF, com delinea- 1 Atualmente no Departamento de Agronomia, Universidade Estadual do Oeste do Paraná C. Postal 091, 85.960 - 000 Marechal Cândido Rondon, PR. Trabalho desenvolvido em parceria com In Vitro Biotecnologia de Plantas, Brasília, DF e apoio do Programa RHAE/CNPq. Hortic. bras., v. 17, n. 3, nov. 1999. 231 C. Furlanetto et al. Plantio: início de pulverizações por ocasião do transplantio das mudas; Flor1: após a primeira florada; Flor2: após a segunda florada; Flor3: após a terceira florada; Flor4: após a quarta florada; 6. Test: Testemunha. Barras com letras iguais não diferem significativamente (Duncan, 5%). C.V. = 15%. Figura 1. Severidade da mancha de Mycosphaerella em morangueiro IAC-Campinas, segundo época de início das pulverizações. A severidade da doença foi medida segundo um índice variando de 1 (1% da área foliar infectada) até 6 (> 75 % da área foliar infectada). Brasília, UnB, 1996. mento experimental de blocos ao acaso com seis tratamentos e quatro repetições. Cada parcela foi composta por doze plantas da cultivar IAC-Campinas (duas linhas de seis plantas) em um espaçamento de 30 cm entre plantas e entre linhas. Pulverizações quinzenais com fungicida à base de prochloraz (450 gi.a/L) foram feitas na dosagem de 100 ml/100 L de água. As plantas foram irrigadas por aspersão e adubadas de acordo com análise de solo. Não foi feita inoculação artificial dos canteiros. Os tratamentos foram os seguintes: 1) Plantio: primeira aplicação de fungicida por ocasião do plantio, com um total de dez aplicações ao longo do ciclo da cultura; 2) Flor1: primeira aplicação por ocasião da primeira florada, com um total de oito aplicações ao longo do ciclo da cultura; 3) Flor2: primeira aplicação por ocasião da segunda florada, com um total de seis aplicações ao longo do ciclo da cultura; 4) Flor3: primeira aplicação por ocasião da terceira florada, com um total de quatro aplicações ao longo do ciclo da cultura; 5) Flor4: primeira aplicação por ocasião da quarta florada, com um total de duas aplicações ao longo do ciclo da cultura e 6) Test: testemunha pulverizada com água, sem aplicação de fungicida. Foram avaliadas a severidade da doença em todas as plantas da parcela, após cada florada, o peso e número total de frutos produzidos durante todo o ci232 clo da cultura, o número total de folhas mortas e de hastes lesionadas, e o número total de folhas e hastes sadias, após cada florada. Considerou-se como haste lesionada aquela com pelo menos uma lesão. Para avaliação da severidade da doença foi utilizado um índice de doença (ID) baseado na escala diagramática desenvolvida para mancha de Stemphyllium em trevo forrageiro (Clive James, 1971), variando de 1 a 6, cujos valores correspondem às seguintes percentagens de área foliar infectada: 1%, 5%, 10%, 25%, 50% e 75%. O índice foi calculado como a média aritmética das notas atribuídas a todas as plantas da parcela. Foram analisados apenas os dados de intensidade de doença coletados após a quarta florada. Os resultados foram analisados estatísticamente pelo teste de Duncan (5%). RESULTADOS E DISCUSSÃO A severidade da doença foi menor quando as pulverizações foram iniciadas mais cedo (tratamentos 1, 2 e 3), aumentando quando as pulverizações foram iniciadas a partir da terceira florada (tratamento 4). Os maiores índices de doença foram observados nos tratamentos 5 e 6 (Figura 1). A crescente eficiência do controle com pulverizações mais precoces ressalta a importância do controle da mancha de Mycosphaerella por meio da redução dos ciclos iniciais de reprodução de lesões, indicando que a taxa de progresso (VanderPlank, 1963) desta mancha foliar é provavelmente muito elevada. A produtividade, tanto em peso quanto em número de frutos, correlacionou-se negativamente com o aumento da severidade de doença: o coeficiente de correlação para a regressão linear entre índice de doença e peso de frutos foi de r = 0,84 (P < 0,05) e entre o índice de doença e o número total de frutos produzidos foi de r = - 0,86 (P < 0,05). A alta correlação entre as variáveis para avaliação de produtividade e de severidade de doença mostra que a redução de produtividade neste experimento foi efetivamente devida à incidência de Mycosphaerella em folhas e hastes. Os tratamentos não pulverizados ou pulverizados tardiamente (tratamentos 4, 5 e 6) sofreram uma redução de cerca de 50% da produção em comparação com os tratamentos pulverizados precocemente (Figura 2). Maior número de hastes sadias e menor número de hastes lesionadas foram encontrados nos tratamentos Plantio, Flor1 e Flor2 (Figura 3). A mesma tendência foi observada com relação ao número de folhas mortas e número de folhas sadias (Figura 3). Constatou-se alta correlação entre o peso e número total de frutos produzidos (r = 0,99). Isso indica que qualquer dessas variáveis pode ser indistintamente adotada como critério para avaliação da produtividade. De maneira análoga, encontrou-se alta correlação (r = 0,98) entre as variáveis número de folhas sadias (FS) e de hastes sadias (HS), e correlações negativas entre cada uma dessas variáveis e o índice de doença (ID X FS, r = - 0,79; ID X HS, r = -0,89). Encontrou-se alta correlação (r = 0,90) entre o número de folhas mortas (FM) e hastes lesionadas (HL) e também elevada correlação entre cada uma dessas variáveis e o índice de doença (FM X ID, r = 0,94; HL X ID, r = 0,95). Esse resultado certamente verifica a validade da adaptação da escala selecionada de Clive James (1971, Key No. 2.4) para o patossistema morango-Mycosphaerella. Entretanto, embora quaisquer dessas variáveis (FM, HL ou ID) possa ser indistintamente adotada como critério para avaliação da severidade de doença, constatou-se que o uso do índice de Hortic. bras., v. 17, n. 3, nov. 1999. Época de aplicação de fungicida para controle da mancha de Mycosphaerella do morangueiro. doença apresentou vantagens comparativas se considerada a agilidade de atribuição de notas em menor tempo. Em conclusão, os resultados mostram que aplicações de fungicidas nas fases iniciais da cultura são essenciais ao controle da mancha de Mycosphaerella. Todos os critérios de avaliação indicaram que as pulverizações devem ser iniciadas logo no transplantio, ou no máximo até a segunda florada. Em aplicações quinzenais, prochloraz apresentou bom controle da doença e esta freqüência certamente pode servir de padrão de investigação em estudos com outros produtos. Essas informações são ainda mais importantes para o controle da mancha de Mycosphaerella pois apontam para uma significativa redução da quantidade de produto por ciclo da cultura, uma vez que a prática atual chega a ser de até 30 pulverizações por ciclo. Por exemplo, em trabalho realizado no município de Piedade, SP, prochoraz foi o produto mais eficiente em controlar M. fragariae, mas em aplicações semanais (Domingos et al., 1994). Finalmente, cabe ressaltar que, pela elevada toxicidade do p.a. e por não ser registrado para o morangueiro, estudos relativos ao efeito residual do produto precisam ser efetuados antes que seja verificada a viabilidade de utilização em campos de produção comercial. Por outro lado, prochloraz poderia ser indicado para a proteção das mudas, antes do transplantio definitivo em áreas comerciais. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem o Prof. Ricardo Montalván Del Águila pelo auxílio nas análises estatísticas. Adalberto C. Café Filho é bolsista de produtividade em pesquisa/CNPq. LITERATURA CITADA CLIVE JAMES, W. A Manual of Assessment Keys for Plant Diseases . Canada Department of Agriculture Publication No 1458. 1971. DOMINGUES, R.J.; TOFOLI, J.G.; OLIVEIRA, S.H.F. Eficiência de fungicidas no controle de Colletotrichum gloeosporioides e Mycosphaerella fragariae do morango. Summa Phytopathologica, Jabiticabal, v. 20, n. 1, p. 41, 1994. Hortic. bras., v. 17, n. 3, nov. 1999. Plantio: início de pulverizações por ocasião do transplantio das mudas; Flor1: após a primeira florada; Flor2: após a segunda florada; Flor3: após a terceira florada; Flor4: após a quarta florada; 6. Test: Testemunha. Barras com letras iguais não diferem significativamente (Duncan, 5%). C.V. = 20%. Figura 2. Peso e número total de frutos de morango IAC-Campinas, segundo época de início das pulverizações. Brasília, UnB, 1996. Plantio: início de pulverizações por ocasião do transplantio das mudas; Flor1: após a primeira florada; Flor2: após a segunda florada; Flor3: após a terceira florada; Flor4: após a quarta florada; 6. Test: Testemunha. Barras com letras iguais não diferem significativamente (Duncan, 5%). C.V. para hastes lesionadas e sadias = 37 e 24 %; C.V. para folhas mortas e sadias = 44 e 20 %, respectivamente Figura 3. Número de hastes lesionadas, hastes sadias e número de folhas mortas e folhas sadias em morangueiro IAC-Campinas, segundo época de início das pulverizações. Brasília, UnB, 1996. FURLANETTO, C.; CAFÉ FILHO, A.C.; TOMITA, C.K.; CAVALCANTI, M.H. Doenças do morangueiro e aspectos da produção no Distrito Federal. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 14, n. 2, p. 218-220, novembro 1996a. FURLANETTO, C.; CAFÉ FILHO, A.C.; TOMITA, C.K.; CAVALCANTI, M.H. Eficiência de fungicidas e de um composto líquido bioativo no controle da flor preta do morangueiro no Distrito Federal. Fitopatologia Brasileira, Brasília, v. 21, p. 399, agosto 1996b. GOULART, A.C.P. Fungicidas inibidores da síntese do ergosterol. II. Imidazoles. Revisão Anual de Patologia de Plantas, Passo Fundo, v. 3, p. 365-390, 1995. MAAS, J.L. Compendium of Strawberry Diseases, 2a ed. St. Paul. APS Press. 1998. 98 p. TANAKA, M.A.S.; BETTI, J.A.; KIMATI, H. Doenças do morangueiro (Fragaria x ananassa Duch.). In: Kimati et al. (Eds.). Manual de Fitopatologia Vol. 2: Doenças das Plantas Cultivadas , 3 a ed. São Paulo, Agronômica Ceres. p. 556-571. 1997. VANDERPLANK, J.E. Plant Diseases: Epidemics and Control. New York. Academic Press. 1963. 233 insumos e cultivares em teste VELOSO, M.E. da C.; DUARTE, R.L.R.; ATHAYDE SOBRINHO, C.; MELO, F. de B.; RIBEIRO, V.Q. Características comerciais de alho em Picos, PI. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 17, n. 3. p. 234-237, novembro 1999. Características comerciais de alho em Picos, PI1 . Marcos Emanuel da C. Veloso; Rosa Lucia R. Duarte; Cândido Athayde Sobrinho; Francisco de B. Melo; Valdenir Q. Ribeiro Embrapa Meio-Norte, C. Postal 01, 64.006-220 Teresina - PI. RESUMO ABSTRACT Este trabalho teve por objetivo avaliar e selecionar cultivares de alho para as condições edafoclimáticas da microrregião de Picos, PI. O experimento foi conduzido em blocos casualizados completos, com oito tratamentos e quatro repetições. As cultivares avaliadas foram Branco Mineiro, Centenário, Amarante, Chinês, Cateto Roxo, Mexicano II, Cateto Roxo Local e Mossoró. As características avaliadas foram altura de plantas aos 60 e 90 dias após o plantio, produtividade de bulbos comerciais e incidências de bulbos não comerciais, bulbilhos aéreos, pseudoperfilhamento, bulbos mal formados e de bulbos chochos. A cultivar Mossoró apresentou maior altura de plantas aos 60 e 90 dias após o plantio. Quanto à produtividade de bulbos comerciais, a cultivar Mossoró foi a mais promissora (4,63 t/ha), porém, não diferindo estatisticamente (P>0,05) das cultivares Cateto Roxo Local (3,94 t/ha) e Cateto Roxo (3,46 t/ha). A cultivar Branco Mineiro teve comportamento semelhante à cultivar Cateto Roxo Local e Cateto Roxo. As menores produtividades comerciais foram observadas para as cultivares Chinês, Centenário, Amarante e Mexicano II. A cultivar Chinês teve a maior percentagem de bulbos não comerciais (80,05%). Observou-se, um baixo índice de pseudoperfilhamento para todas as cultivares avaliadas. Palavras-chave: Allium sativum, melhoramento genético, produtividade. Evaluation of garlic cultivars in Picos region, PI. The objective of this study was to evaluate and select garlic cultivars for the climatic conditions of Picos region. The experiment was carried out in a randomized block design, with eight treatments and four replications. The evaluated cultivars were Branco Mineiro, Centenário, Amarante, Chinês, Cateto Roxo, Mexicano II, Cateto Roxo Local and Mossoró. There were evaluated the plant height at 60 and 90 days after planting, commercial bulbs yield, incidence of non-commercial bulbs, top sets, lateral shoots, malformed and shrunken bulbs. The cultivar Mossoró showed the highest plant height at 60 and 90 days after planting. The highest commercial yields were obtained from “Mossoró” (4.63 t/ha), being the most promising cultivar, and “Cateto Roxo Local” (3.94 t/ha), followed by “Cateto Roxo” (3.46 t/ha). The cv. Branco Mineiro had similar behavior of Cateto Roxo Local and Cateto Roxo cultivars. The cultivars Chinês, Centenário, Amarante and Mexicano II presented the lowest commercial yields. The cultivar Chinês showed the highest percentage of non-commercial bulbs (80.5%). All cultivars had low lateral shoots percentage. Keywords: Allium sativum, breeding, bulb yield. (Aceito para publicação em 17 de agosto de 1999). O estado do Piauí é o décimo primeiro produtor de alho do Brasil e o terceiro do Nordeste (Anuário Estatístico do Brasil, 1995). O seu cultivo localiza-se na microrregião de Picos há mais de um século, concentrando-se nos municípios de Picos, Sussuapara e Bocaina. Nos últimos anos, tem ocorrido uma redução sistemática da área plantada com alho no Piauí, passando de 242 ha em 1990 (Anuário Estatístico do Brasil, 1993) para 38 ha em 1994 (IBGE, 1994) o que significa redução de 84,3%, aproximadamente. Os problemas que contribuíram para essa redução são vários, prin- 1 cipalmente a ausência de cultivares geneticamente superiores, capazes de competir com o alho importado, principalmente da Argentina, Espanha e China. Segundo Mueller et al. (1986), citado por Mueller et al. (1990) existem diferenças entre as cultivares de alho, podendo-se observar variações na predisposição ao pseudoperfilhamento e nas características morfológicas da planta. Constataram que as cultivares Peruano, Gigante de Inconfidente e Chinês apresentaram as maiores alturas das plantas aos 45 dias após o plantio durante quatro anos de estudo, e que houve uma relação entre altura de planta e produtividade com todas as cultivares estudadas, exceto a cultivar Chinês. Sousa & Casali (1991) concluíram que o incremento na percentagem de bulbos superbrotados ocorreu com o aumento das doses de nitrogênio na cultivar Juréia. As cultivares Branco Mineiro, Cateto Roxo e Gigante Roxão apresentaram as menores percentagens de chochamento, por ocasião de armazenamento em condições naturais, aos 60 dias após a colheita (Abreu et al., 1992). Ferreira (1989) citado por Leal (1998) concluiu que houve uma redução acentuada na percentagem de ‘charutos’, à Projeto de pesquisa financiado com recursos do BNB/ETENE/FUNDECI. 234 Hortic. bras., v. 16, n. 3, nov. 1999. Características comerciais de alho em Picos, PI. medida que houve aumento do período de vernalização do alho semente. Avaliando 14 cultivares de alho na região de Utinga, BA, localizada a 600 m de altitude e temperatura variando de 10 a 25°C, Silva (1983) obteve maior produtividade para as cultivares Dourado (9,58 t/ha), Branco Mineiro (7,13 t/ ha), Gigante de Inconfidente (6,12 t/ha), Centenário (5,25 t/ha), Chinês (5,22 t/ ha) e Amarante (4,97 t/ha). Em Janaúba, MG. Mascarenhas et al. (1981) concluíram que as melhores cultivares quanto ao peso médio de bulbos e número médio de bulbilhos por bulbo foram a Gigante de Ouro Fino, Chinês, Cultura, Gigante Roxo, Cateto Roxo, Centenário e Dourado. Sonnenberg et al. (1976), avaliando seis cultivares de alho no município de Picos (PI), encontraram maior produtividade (bulbos secos com folha), para as cultivares Roxo de Capim Branco (7,67 t/ha), Branco Mineiro (4,33 t/ha) e Centenário (3,98 t/ha). A cultivar local mostrou baixa produtividade (3,73 t/ha) e as cultivares Amarante e Chinês não formaram bulbos. Duarte et al. (1990) avaliaram 10 cultivares de alho no município de Picos, empregando irrigação por aspersão e verificaram que as cultivares mais produtivas foram Cateto Roxo (4,92 t/ha) e Gigante de Inconfidente (3,64 t/ha). A escolha adequada da cultivar é um dos principais fatores para o sucesso da alhicultura (Camargo, 1984). Clones cultivados em locais diferentes podem sofrer variações devido às condições climáticas e fertilidade do solo, o que pressupõe a necessidade de se conhecer o comportamento dos materiais adequados para a região (Sousa et al., 1981). Este trabalho teve por objetivo introduzir, avaliar e selecionar cultivares de alho para o plantio na microrregião de Picos. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido sob irrigação por microaspersão no município de Picos, onde o clima, segundo a classificação de Koeppen, é do tipo Bsh, quente e semi-árido, com estação chuvosa no verão (IPAM, 1978). A precipitação média anual é de 812,4 mm, sendo que 83,59% aproximadamente, conHortic. bras., v. 17, n. 3, nov. 1999. centra-se nos meses de dezembro a abril, com distribuição irregular e período seco de maio a novembro. A temperatura média anual é de 27,5°C, sendo os meses de abril a julho os mais frios, com média de 26°C (Departamento Nacional de Meteorologia, 1992). Utilizou-se o delineamento experimental de blocos ao acaso, com oito tratamentos, constituídos pelas cultivares e quatro repetições. As cultivares avaliadas foram Branco Mineiro, Mossoró, Cateto Roxo Local, Cateto Roxo, Amarante, Chinês, Mexicano II e Centenário. Cada parcela foi constituída de um canteiro de 2,0 m de comprimento por 1,0 m de largura, onde foram plantados 80 bulbilhos, enquanto que a área útil foi de 1,5 m de comprimento e 0,80 m de largura, contendo 48 plantas. As características avaliadas foram altura de plantas aos 60 e 90 dias após o plantio, produtividade comercial (bulbos com diâmetros maior que três centímetros), produção de bulbos não comerciais (bulbos com diâmetro menor que três centímetros), presença de bulbilhos aéreos, pseudoperfilhamento, bulbos malformados e bulbos chochos. O plantio foi realizado no dia 09/05/ 96, em terra firme, no espaçamento de 0,25 m x 0,10 m. As adubações orgânica e química foram efetuadas de acordo com a análise química do solo, por ocasião do plantio, constituindo-se de 25 t/ ha de esterco de curral, 100 kg/ha de sulfato de amônio, 200 kg/ha de superfosfato triplo, 150 kg/ha de cloreto de potássio, 10 kg/ha de bórax e 7,5 kg/ ha de sulfato de zinco. Os adubos foram incorporados a uma profundidade aproximada de 0,25 m. Foi realizada uma adubação de cobertura 30 dias após o plantio, utilizando-se 200 kg/ha de sulfato de amônio. O sistema de irrigação utilizado foi o de microaspersão, com emissores espaçados de 7,0 m x 7,0 m, precipitação média de 1,9 mm/h e raio de alcance de 6,5 m, aproximadamente. Antes do plantio, determinou-se o coeficiente de uniformidade de Christiansen, CUC, o qual foi de 81,0%, utilizando-se uma pressão média de 200 Kpa, conforme recomendações do fabricante. O manejo de irrigação foi baseado na evaporação do tanque classe A, fornecido pela estação Meteorológica de Picos e monitorada por duas baterias de tensiômetros, instalados nas linhas de plantio do alho a 0,15 e 0,30 m de profundidade. A evaporação do tanque classe A foi de 1.036 mm no período, com um valor máximo de 12,44 mm, mínimo de 2,94 mm e uma média de 7,67 mm, apresentando um desvio padrão de 2,00 mm. Foi aplicada uma lâmina de irrigação de 544 mm para as cultivares Branco Mineiro, Centenário, Cateto Roxo Local e Mossoró e 728 mm para as cultivares Amarante, Chinês, Cateto Roxo e Mexicano II. A colheita dessas cultivares foi feita aos 106 e 133 dias, respectivamente, após o plantio. As capinas foram feitas manualmente, de acordo com as necessidades requeridas. Ao longo do ciclo, houve a ocorrência de trips (Trips tabaci), vaquinha (Diabrotica speciosa), fusariose (Fusarium sp.) e mancha púrpura (Alternaria porri), as quais foram controladas em tempo hábil com produtos químicos específicos. RESULTADOS E DISCUSSÃO A cultivar Mossoró apresentou a maior altura de plantas aos 60 dias após o plantio, não diferindo, porém, das cultivares Amarante, Branco Mineiro e Chinês (P>0,05) e estas, não diferindo das demais. A cultivar Mossoró também apresentou maior altura de plantas aos 90 dias após o plantio, não diferindo (P>0,05), entretanto, das cultivares Amarante, Branco Mineiro, Chinês, Cateto Roxo Local e Centenário (Tabela 1). O peso de bulbos comerciais e a percentagem de bulbos não comerciais, 30 dias após a colheita, encontram-se na Tabela 1. Quanto à produtividade de bulbos comerciais, a cultivar Mossoró foi a mais promissora não diferindo, porém, (P>0,05) das cultivares Cateto Roxo Local e Cateto Roxo. A cultivar Cateto Roxo (3,46 t/ha) foi superior (P<0,05) às cultivares Mexicano II, Amarante, Centenário e Chinês e teve comportamento semelhante às cultivares Cateto Roxo Local e Mossoró. A cultivar Branco Mineiro chegou a produzir 7,13 t/ha na Bahia, em condições de clima mais ameno (Silva, 1983) e 4,33 t/ha no município de Picos, consi235 M.E. da C. Veloso et al. Tabela 1. Altura de plantas aos 60 e 90 dias após o plantio, produtividade de bulbos comerciais e incidências de bulbos não comerciais aos 30 dias após a colheita. Picos (PI), Embrapa Meio-Norte, 1996. Cultivares Altura de plantas (cm) 60 dias 90 dias Bulbos comerciais (t/ha) Bulbos não comerciais (%) 10,30 Mossoró 44,95 a 50,60 a 4,63 a Amarante Branco Mineiro Chinês 42,52 ab 41,50 ab 41,10 ab 45,92 ab 49,22 a 44,25 ab 1,62 de 3,24 bc 0,33 f 46,18 18,23 80,05 Cateto Roxo Local Mexicano II Centenário 40,57 b 40,02 b 39,25 b 48,55 ab 42,10 b 47,40 ab 3,94 ab 2,55 cd 0,84 ef 10,31 39,43 35,34 Cateto Roxo CV (%) 39,07 b 4,31 41,82 b 6,23 3,46 abc 20,90 23,99 Médias seguidas da mesma letra na vertical, não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey (P<0,05) Tabela 2. Percentagem de bulbilhos aéreos, pseudoperfilhamento, bulbos mal formados e bulbos chochos, aos 30 dias após a colheita. Picos-PI, Embrapa Meio-Norte, 1996. Bulbilhos aéreos (%) Pseudoperfilhamento (%) Mossoró 15,10 2,08 Bulbos mal formados (%) 0,00 Cateto Roxo local Cateto Roxo Branco Mineiro Mexicano II 24,47 12,50 0,00 36,97 0,00 0,00 3,68 1,56 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,22 2,03 2,18 Amarante Centenário Chinês 15,10 0,00 8,85 0,00 0,00 0,00 4,53 18,15 0,42 0,00 6,13 3,06 Cultivares derando o peso de bulbos secos com palha (Sonnenberg et al., 1976). Em 1989, a cultivar Cateto Roxo foi a mais produtiva no município de Picos, com 4,92 t/ha (Duarte et al., 1990). No presente trabalho, a cultivar Cateto Roxo, também se destacou entre as mais produtivas, com uma produção de bulbos comerciais de 3,46 t/ha. A baixa produtividade observada nas cultivares Mexicano II, Amarante, Centenário e Chinês ocorreu devido, provavelmente, à ausência de temperatura amena. A maior percentagem de bulbos não comerciais foi obtida pela cultivar Chinês, com 80,05%, seguida das cultivares Amarante e Mexicano II. As cultivares Mossoró, Cateto Roxo Local, Branco Mineiro e Cateto Roxo apresentaram as menores percentagens de bulbos não comerciais (Tabela 1). 236 Elevado índice de bulbilhos aéreos foi observado para as cultivares Mexicano II (36,97%), Cateto Roxo Local (24,47%), Mossoró e Amarante (15,10%) (Tabela 2). Observou-se, ainda, um baixo índice de pseudoperfilhamento para todas as cultivares testadas. As percentagens de bulbos tipo charuto foram mais acentuadas para as cultivares Centenário (18,15%) e Amarante (4,53%). Quanto à produção de bulbos chochos, a cultivar Mexicano II foi a que apresentou a maior percentagem desse tipo de bulbo (6,13%). Considerando o aspecto produtividade comercial, conclui-se que os mais altos índices foram obtidos pelas cultivares Mossoró (4,63 t/ha), Cateto Roxo Local (3,94 t/ha) e Cateto Roxo (3,46 t/ ha), seguido da cultivar Branco Mineiro (3,24 t/ha). Bulbos chochos (%) 1,85 LITERATURA CITADA ABREU, C.L.M. de; RODRIGUES, E.T.; MONDIN, M. Comportamento de cultivares de alho em Chapada das Guimarães. Cuiabá: EMPAER, 1992. 2 p. (EMPAER. Comunicado Técnico, 2). ANUÁRIO ESTATÍSTICO DO BRASIL. Rio de Janeiro: IBGE, v. 53, 1993. ANUÁRIO ESTATÍSTICO DO BRASIL. Rio de Janeiro: IBGE, v. 55, 1995. CAMARGO, L.S. As hortaliças e seu cultivo. 2. ed. Campinas: Fundação Cargill, 1984. p. 46 - 50. DEPARTAMENTO NACIONAL DE METEOROLOGIA (Brasília, DF). Normas climatológicas: (1961 - 1990), Brasília, 1992. 84 p. DUARTE, R.L.R.; LEAL, F.R.; RIBEIRO, V.Q.; SILVA, P.H.S.; ATHAYDE SOBRINHO, C.A. Introdução e avaliação de cultivares de alho em Picos, PI. Teresina: EMBRAPA-UEPAE de Teresina, 1990. EMBRAPA. PNP Hortaliças. Projeto 008.90.080/5. Relatório Form. 13/92. Hortic. bras., v. 17, n. 3, nov. 1999. Características comerciais de alho em Picos, PI. IBGE. Produção agrícola municipal. Piauí, 1994. IPAM. Um município piauiense - Picos. Teresina, 1978. p. 155. LEAL, F.R. Períodos de hidratação, vernalização, cobertura morta e matéria orgânica, sobre as características agronômicas da cultura do alho, cv. Roxo Pérola de caçador. Jaboticabal: UNESP, 1998. 132 p. (Tese mestrado). MASCARENHAS, M.H.T.; PADUA, J.G.; SATURNINO, H.M.; SOUZA, R.J. Competição de cultivares de alho (Allium sativum L. ) visando maior produtividade. II. Janauba (MG). In: EPAMIG. Projeto olericultura: relatório 77/ 78. Belo Horizonte, 1981. p. 41 - 44. MUELLER, S.; BIASI, J.; MENEZES SOBRINHO, J.A. de; MULLER, J.J.V. Comportamento de cultivares de alho, plantio de junho. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v. 25, n. 11, p. 1561 - 1567, nov. 1990. SILVA, N.M. da. Comportamento de cultivares de alho (Allium sativum L.) em Utinga, BA. Salvador: EPABA, 1983. 18 p. (EPABA. Boletim de Pesquisa, 2). SONNENBERG, P.E.; OLIVEIRA, F.R. de.; ALMEIDA, B.G. de.; ARAUJO, C.R. de.; UMBELINO, G.; GONÇALVES, J.P.; ALVARENGA, S.J. Ensaio nacional de variedade de alho (Allium sativum L.) em Picos – 1973. Picos, PI. Revista de Olericultura, Campinas, SP, v. 16, p. 39 - 40, 1976. SOUSA, R.J.; SATURNINO, H.M.; MASCARENHAS, M.H.T.; LARA, J.F.R. Caracteres morfológicos de 17 cultivares de alho (Allium sativum L.). Prudente de Moraes, MG. In: EPAMIG. Projeto olericultura: relatório 77/88. Belo Horizonte, 1981. p. 29 - 33. SOUZA, R.J. de; CASALI, V.W.D. Influência do nitrogênio e cycocel na cultura do alho (Allium sativum l.). Ciência e Prática, Lavras, v. 15, n. 1, p. 69 - 78, jan./mar. 1991. CASTELO BRANCO, M. Avaliação da eficiência de formulações de Bacillus thuringiensis para o controle de traça-das-crucíferas em repolho no Distrito Federal. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 17, n. 3, p. 237-240, novembro 1999. Avaliação da eficiência de formulações de Bacillus thuringiensis para o controle de traça-das-crucíferas em repolho no Distrito Federal. Marina Castelo Branco Embrapa Hortaliças, C. Postal 218, 70.359-970, Brasília - D.F RESUMO ABSTRACT A traça-das-crucíferas (Plutella xylostella) é a praga mais importante do repolho no Distrito Federal. Seu controle é feito basicamente com inseticidas. Novos produtos são constantemente avaliados para o controle da praga e neste trabalho duas novas formulações de Bacillus thuringiensis [Bacillus thuringiensis var. aizawai (350 e 500 g/ha) e B. thuringiensis var. kurstaki x B. thuringiensis var. aizawai (350 e 500 ml/ha)] foram avaliadas no período de maio a outubro de 1995. Os tratamentos B. thuringiensis var. kurstaki (500 ml/ha), deltametrina (240 ml/ha) e uma testemunha sem pulverização foram também incluídos no experimento. O delineamento foi blocos ao acaso, com sete tratamentos e quatro repetições. Os resultados mostraram que B. thuringiensis var. aizawai nas duas dosagens avaliadas e B. thuringiensis var. kurstaki x B. thuringiensis var. aizawai (500 ml/ha) foram os produtos mais eficientes. Ao final do experimento larvas e pupas de traça-das-crucíferas foram coletadas no campo e a primeira geração foi submetida a um teste de laboratório onde discos de folhas de repolho foram tratados com as dosagens dos inseticidas a base de B. thuringiensis utilizadas no campo. Larvas de segundo estádio foram colocadas sobre os discos tratados e a mortalidade de larvas avaliada após 72 h. Todos os tratamentos causaram mais de 97% de mortalidade de larvas. O resultado do teste de laboratório sugere que a menor eficiência de B. thuringiensis var. kurstaki x B. thuringiensis var. aizawai (350 ml/ha) e B. thuringiensis var. kurstaki (500 ml/ha) no teste de campo quando comparada aos demais Bacillus, pode ser devido à mais rápida degradação destes produtos no ambiente. Efficiency of Bacillus thuringiensis formulations in controlling Diamondback Moth in cabbage in the Federal District. Palavras-chave: Brassica oleracea var. capitata, controle químico, traça-das-crucíferas, Plutella xylostella, Bacillus thuringiensis. Keywords: Brassica oleracea var. capitata, chemical control, Diamondback Moth, Plutella xylostella, Bacillus thuringiensis. The Diamondback Moth (Plutella xylostella) is the most important cabbage pest in the Federal District. New insecticides are frequently tested for its control and in this study two new Bacillus thuringiensis formulations [B. thuringiensis var. aizawai (350 and 500 g/ha) and B. thuringiensis var. kurstaki x B. thuringiensis var. aizawai (350 and 500 ml/ha)] were tested between May and October 1995. The insecticides B. thuringiensis var. kurstaki (500 ml/ha), deltamethrin (240 ml/ha) and an untreated check were also included in the experiment. A randomized block, with seven treatments and four replications was used. The results showed that B. thuringiensis var. aizawai at the two dosages and B. thuringiensis var. kurstaki x B. thuringiensis var. aizawai at a dosage of 500 ml/ha were the most efficient products. After the end of the field experiment, Diamondback Moth larvae and pupae were collected from the experimental area. The insects were reared in the laboratory and second instar larvae from the first generation were fed with leaf discs treated with the B. thuringiensis dosages used in the field experiment. All products caused more than 97% larval mortality. The laboratory test suggests that the reduced efficiency of B. thuringiensis var. kurstaki (500 ml/ha) and B. thuringiensis var. kurstaki x B. thuringiensis var. aizawai (350 ml/ha) in the field test may be due to the poor persistence of the products in the environment. (Aceito para publicação em 15 de outubro de 1999) Hortic. bras., v. 17, n. 3, nov. 1999. 237 M. Castelo Branco D entre as pragas que ocorrem no repolho no Distrito Federal, a traçadas-crucíferas (Plutella xylostella) é a principal. As larvas do inseto danificam as cabeças de repolho causando perfurações e consequentemente, reduzem o valor do produto (Filgueira, 1987). A ausência de precipitação no período de abril a setembro favorece o crescimento populacional da traça-das-crucíferas no Distrito Federal (França et al., 1985). Nesta época inseticidas são intensivamente utilizados para o controle da praga e o número de pulverizações pode chegar a até 16 por ciclo de cultivo. Muitas vezes, esse elevado número de pulverizações está associado ao fato de que os inseticidas não conseguem controlar as populações da praga devido à resistência destas aos produtos utilizados. Este é o caso dos inseticidas piretróides e fosforados usados para o controle da traça-das-crucíferas no Distrito Federal (Castelo Branco & Gatehouse, 1997). Testes de laboratório utilizando a mesma dosagem do inseticida que é utilizada no campo, tem sido realizados para avaliar a taxa de mortalidade de larvas ocasionada pelo inseticida. Com isso pode-se identificar se uma das causas da baixa eficiência dos inseticidas no campo é a ineficiência das dosagens utilizadas, ou seja, a resistência da população ao produto (Zhao et al., 1995). Resultados experimentais demonstraram que dosagens de piretróides ineficientes no campo, resultam em mortalidade menor que 72% de larvas de traça-das-crucíferas em laboratório (Castelo Branco & Melo, 1992). Como novos inseticidas são constantemente lançados no mercado para o controle da traça-das-crucíferas, este trabalho teve como objetivo: a) avaliar a eficiência de dois novos produtos à base de Bacillus thuringiensis [Bacillus thuringiensis var. aizawai (350 e 500 g/ ha) e B. thuringiensis var. kurstaki x B. thuringiensis var. aizawai (350 e 500 ml/ ha)] para o controle da praga. Os tratamentos B. thuringiensis var. kurstaki (500 ml/ha) e deltametrina (240 ml/ha) foram também incluídos no experimento; b) avaliar em laboratório a eficiência dos produtos nas dosagens recomendadas, através da taxa de mortalidade 238 de larvas ocasionada pelos produtos à base de B. thuringiensis. MATERIAIS E MÉTODOS 1. Experimento de campo: A avaliação da eficiência das formulações de B. thuringiensis para o controle de traça-das-crucíferas foi realizada no campo experimental da Embrapa Hortaliças, no período de maio a outubro de 1995. Foi utilizado o delineamento de blocos ao acaso, com sete tratamentos, quatro repetições e parcelas de cinco linhas com dez plantas. A cultivar de repolho utilizada foi Kenzan. As pulverizações foram semanais e iniciadas três semanas após o transplante. Os inseticidas usados foram: B. thuringiensis var. kurstaki x B. thuringiensis var. aizawai (350 e 500 ml/ha); B. thuringiensis var. aizawai (350 e 500 g/ha); B. thuringiensis var. kurstaki (500 ml/ha) e deltametrina (240 ml/ha). Foi ainda incluída uma testemunha sem pulverização. As avaliações foram feitas por ocasião da colheita em doze plantas tomadas ao acaso nas três linhas centrais de cada parcela. As seguintes características foram avaliadas: a) número de furos na cabeça; b) notas (1 = cabeça sem furos ou furos muito pequenos (cabeças comerciais); 2 = cabeças com furos médios (cabeças comerciais); 3 = cabeças com furos grandes (cabeças não comerciais) e 4 = cabeça totalmente danificada(cabeças não comerciais) e c) percentagem de cabeças comerciais. Os dados foram submetidos à análise de variância e utilizou-se o teste de Duncan, a 5% de probabilidade, para a separação de médias. 2. Experimento de laboratório: Neste experimento foi avaliada a taxa de mortalidade de larvas ocasionada pelos produtos à base de B. thuringiensis. Larvas e pupas de traçadas-crucíferas foram coletadas na área do experimento de campo descrito anteriormente em outubro de 1995. Estas foram criadas em laboratório até a emergência dos adultos, os quais foram colocados em gaiolas contendo folhas de repolho para a obtenção de ovos. As folhas contendo os ovos foram acondicionados em caixas plásticas até que larvas de segundo estádio se desenvolves- sem para que fossem então utilizadas no teste de laboratório. Neste teste discos de folhas de repolho de 4 cm de diâmetro foram imersos em água ou nas soluções dos inseticidas B. thuringiensis var. kurstaki x B. thuringiensis var. aizawai (350 e 500 ml/ha), B. thuringiensis var. kurstaki (500 ml/ha) e B. thuringiensis var. aizawai (350 ml/ha) e postos a secar ao ambiente por uma hora. Após este período, os discos de folha foram dispostos individualmente em placas de Petri e sobre cada um foram colocadas 10 larvas de segundo instar. A mortalidade das larvas foi avaliada após 72 horas. O delineamento foi completamente casualizado, com quatro tratamentos e quatro repetições. Os dados foram submetidos à análise de variância e foi utilizado o teste de Duncan, a 5% de probabilidade, para a separação de médias. RESULTADOS E DISCUSSÃO A população da traça-das-crucíferas na área do experimento de campo foi elevada. A testemunha, onde nenhum inseticida foi utilizado, apresentou uma média de 98 furos por cabeça e produziu apenas 4% de cabeças comerciais (Tabela 1). Os inseticidas B. thuringiensis var. aizawai nas duas dosagens avaliadas e B. thuringiensis var. kurstaki x B. thuringiensis var. aizawai (500 ml/ha) foram os inseticidas mais eficientes. As plantas destes tratamentos apresentaram as menores notas e os menores números de furos (Tabela 1). Mais de 72% de cabeças comerciais foram produzidas (Tabela 1). B. thuringiensis var. kurstaki x B. thuringiensis var. aizawai (350 ml/ ha) e B. thuringiensis var. kurstaki (500 ml/ha) foram os produtos a base de B. thuringiensis que apresentaram a menor eficiência, com uma produção de 45% e 39% de cabeças comerciais respectivamente (Tabela 1). Deltametrina foi o inseticida que apresentou a menor eficiência. As cabeças de repolho apresentaram a maior nota, o maior número de furos e a produção foi de apenas 4% de cabeças comerciais, produção semelhante à testemunha sem pulverização (Tabela 1). Esta baixa eficiência de deltametrina no Hortic. bras., v. 17, n. 3, nov. 1999. Eficiência de Bacillus thuringiensis no controle de traça-das-crucíferas. Tabela 1. Eficiência de formulações de Bacillus thuringiensis para o controle de traça-das-crucíferas. Brasília, Embrapa Hortaliças, 1995. Tratamento Dosagem (g ou ml/ha) Nota 1 Número de furos % de cabeças comerciais2,3 B. thuringiensis var. aizawai 350 1,97 a 22,25 a 85, a B. thuringiensis var. aizawai B. thuringiensis var. kurstaki x B. thuringiensis var. aizawai B. thuringiensis var. kurstaki x B. thuringiensis var. aizawai 500 2,12 a 24,25 a 76, a 500 2,25 ab 30,75 ab 72, a 350 2,29 ab 42,00 bc 45, b B. thuringiensis var. kurstaki 500 39, b Testemunha Decis 2,58 bc 48,25 -- 2,75 98,00 d 4, c 240 3,18 99,75 d 4, c CV(%) c d 10,12 17,21 c 27,01 Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si pelo teste de Duncan (p >0,05) 1/ Notas variando de 1 a 4, sendo 1= cabeças sem furos, 2= cabeças com furos médios, 3= cabeças com furos grande, 4= cabeça totalmente danificada. 2/ Análise realizada sobre valores transformados para arco-seno raíz quadrada da percentagem. 3/ Cabeças comerciais com notas 1 e 2. Tabela 2. Percentagem de mortalidade de traça-das-crucíferas em testes de laboratório, após tratamento com diferentes formulações de Bacillus thuringiensis. Brasília, Embrapa Hortaliças, 1995. Tratamento B. thuringiensis var. kurstaki x B. thuringiensis var. aizawai B. thuringiensis var. aizawai B. thuringiensis var. kurstaki x B. thuringiensis var. aizawai B. thuringiensis var. kurstaki Testemunha C.V. (%) Dose (g ou ml/ha) % mortalidade de larvas após 72hs1 500 100, a 350 100, a 350 98, a 500 97, a --- 9, b 6,86 Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si pelo teste de Duncan (p >0,05) 1/ Análise realizada sobre valores transformados para arco-seno raíz quadrada da percentagem. Distrito Federal já havia sido observada em experimentos de campo (Castelo Branco & Melo, 1992; França & Medeiros, 1998) e em áreas de produção de agricultores. Uma das principais causas da falha de controle do produto é a resistência das populações locais ao inseticida (Castelo Branco & Gatehouse, 1997). Os resultados do teste de laboratório mostraram que todos os produtos à base de B. thuringiensis causaram mortalidade de larvas superior a 97%, não havendo diferença significativa entre os inseticidas (Tabela 2). Este resultado indica que as dosagens testadas em laboratório, as quais foram semelhantes Hortic. bras., v. 17, n. 3, nov. 1999. às testadas em campo, eram eficientes para ocasionar um elevado percentual de mortalidade de larvas da população testada. No entanto, em campo, B. thuringiensis var. kurstaki (500 ml/ha) e B. thuringiensis var. kurstaki x B. thuringiensis var. aizawai (350 ml/ha) não foram eficientes para o controle da traça-das-crucíferas (Tabela 1). O que poderia então ter ocasionado a baixa eficiência destes produtos? É sabido que B. thuringiensis se degrada rapidamente quando submetido à luz solar. Formulações diferentes (Pontes, 1995) ou dosagens diferentes de um mesmo produto (Li & Fitzpatrick, 1996), podem apresentar diferentes degradações em campo. Essas diferenças de degradação podem afetar a eficiência dos inseticidas. No que se refere a diferenças de formulação, McGuire et al. (1996), observaram que quando sucrose foi adicionada à solução de B. thuringiensis var. kurstaki o produto se degradou mais lentamente em presença de luz solar e foi eficiente por mais tempo para o controle da traça-dascrucíferas. No que se refere à eficiência de diferentes dosagens, Pingel & Lewis (1997) observaram que quando uma dose de 3 g/l de B. thuringiensis var. kurstaki foi utilizada para o controle de Helicoverpa zea, 50% das espigas de milho foram danificadas pela praga. Quando a dose de 6 g/l foi utilizada, o dano em espigas foi reduzido para 17%. Assim sendo, é provável que a formulação de B. thuringiensis var. kurstaki com a dosagem de 500 ml/ha e a dosagem de 350 ml/ha B. thuringiensis var. kurstaki x B. thuringiensis var. aizawai tenham se degradado mais rapidamente do que as demais formulações ou dosagens utilizadas e por isso tiveram a sua eficiência reduzida. Para tentar melhorar a eficiência de B. thuringiensis var. kurstaki, dosagens maiores que 500 ml/ ha podem ser testadas, e possivelmente recomendadas, se estas forem viáveis economicamente. Pode ser testada também a adição de sucrose como sugerido por McGuire et al. (1996) para o aumento da eficiência do produto. Para B. 239 M. Castelo Branco thuringiensis var. kurstaki x B. thuringiensis var. aizawai é recomendado o uso da dosagem de 500 ml/ha. AGRADECIMENTOS A autora agradece ao Dr. Félix H. França e ao Comitê de Publicações da Embrapa Hortaliças pela revisão e sugestões apresentadas. A Hozanan P. Chaves e Ronildo C. Gonçalves pelo auxílio nos trabalhos de campo e laboratório. A Hoeschst Schering AgrEvo do Brasil Ltda pelo auxílio financeiro. LITERATURA CITADA CASTELO BRANCO, M.; GATEHOUSE, A.G. Insecticide resistance in Plutella xylostella (L.) (Lepidoptera: Yponomeutidae) in the Federal District, Brazil. Anais da Sociedade Entomológica do Brasil, Jaboticabal, v. 26, n. 1, p. 75-79, 1997. CASTELO BRANCO, M.; MELO, P.E. Avaliação de inseticidas e bioinseticidas para o controle da traça das crucíferas no Distrito Federal. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 10, n. 2, p. 116-117, 1992. FILGUEIRA, F.A.R. ABC da olericultura: guia da pequena lavoura. São Paulo: Agronômica Ceres. 1987. FRANÇA, F.H.; CORDEIRO, C.M.T.; GIORDANO, L. de B.; RESENDE, A.M. Controle da traça-das-crucíferas em repolho, 1984. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 3, n. 2, p. 47-53, 1985. FRANÇA, F.H.; MEDEIROS, M.A. Impacto da combinação de inseticidas sobre a produção de repolho e parasitóides associados com a traça-das-crucíferas. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 16, n. 2, p. 132-135, 1998. LI, S.Y.; FITZPATRICK, S.M. The effects of application rate and spray volume on efficacy of two formulations of Bacillus thuringiensis Berliner var. kurstaki against Choristoneura rosaceana (Harris) (Lepidoptera: Tortricidae) on raspberries. Canadian Entomologist, v. 128, p. 605-612, 1996. McGUIRE, M.R.; SHASHA, B.S.; EASTMAN, C.E.; OLOUMI-SADEGHI, H. Starch- and flour-based sprayable formulations: effect on rain fastness and solar stability of Bacillus thuringiensis. Journal of Economic Entomology, v. 89, p. 863-869, 1996. PINGEL, R.L.; LEWIS, L.C. Field application of Bacillus thuringiensis and Anagrapha falcifera multiple nucleopolyhedrovirus against the cotton earworm (Lepidoptera: Noctuidae). Journal of Economic Entomology, v. 90, p. 1195-1197, 1997. PONTES, R.G.M.S. Interrelations entre la teigne des crucifères Plutella xylostella (L.) (Lep: Yponomeutidae), son parasitoide Diadegma sp. (Hym: Ichneumonidae) et al bactérie entomopathogène Bacillus thuringiensis Berliner. École Nationale Superieure Agronomique de Montpellier. 1995. (Tese doutorado) ZHAO, J.Z.; WU, S.C.; ZHU, G.R. Bioassays with recommended field concentrations of several insecticides for resistance monitoring in Plutella xylostella. Resistant Pest Management, v. 7, n. 1, p. 13-14, 1995. TAVARES, H.L.; JUNQUEIRA, A.M. R. Produção hidropônica de alface cv. Verônica em diferentes substratos. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 17, n. 3, p. 240-243, novembro 1999. Produção hidropônica de alface cv. Verônica em diferentes substratos1 . Helton L. Tavares; Ana Maria R. Junqueira2 2 Universidade de Brasília – Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária – Núcleo de Apoio à Competitividade e Sustentabilidade da Agricultura, Caixa Postal 4.508, 70910-970, Brasília-DF. RESUMO ABSTRACT Em um experimento realizado na Fazenda Água Limpa da Universidade de Brasília, (DF), no período de setembro a novembro de 1997, foi avaliado o desempenho da alface, cultivar Verônica, em diferentes substratos, sob cultivo hidropônico. O delineamento utilizado foi inteiramente casualizado com três tratamentos: casca de arroz, brita e seixo, em 25 repetições. Após 62 dias de cultivo as plantas foram colhidas e avaliadas. Observou-se o peso da planta e da raiz, o número de folhas e o diâmetro da cabeça. As folhas mais novas foram coletadas para análise de macro e micronutrientes. As plantas que se desenvolveram em casca de arroz apresentaram peso, tanto de planta quanto de raiz, significativamente superior ao observado nos outros dois tratamentos. Não foi observada diferença estatística significativa para peso de planta e de raiz nos tratamentos brita e seixo. Quanto ao número de folhas e diâmetro da cabeça foram observadas diferenças estatísticas significativas entre todos os tratamentos, sendo que ambos foram maiores em plantas cultivadas em casca de arroz, seguida da brita e seixo. Não houve diferença estatística significativa na absorção de macronutrientes entre os tratamentos. As plantas cultivadas em casca de arroz absorveram significativamente menos zinco e cobre que as plantas cultivadas nos outros dois substratos. Yield response of hydroponic lettuce grown on three different substrates. Palavras-Chave: Lactuca sativa L., hidroponia, brita, seixo, casca de arroz. Keywords: Lactuca sativa L., hydropony, gravel, pebble, rice husk. In an experiment carried out between September and November 1997 at Fazenda Água Limpa, Universidade de Brasília, Brazil, growth and yield of lettuce cultivar Verônica were evaluated on three different substrates in a hydroponic system. The experimental design was a complete randomized block with three treatments: rice husk, gravel and pebble, with 25 replicates. After 62 days, plants were collected and plant and root weight, number of leaves and head diameter were evaluated. The younger leaves from plants from all treatments were also collected for macro and micronutrients analyses. Plants grown on rice husk showed significantly higher plant and root weight compared to those grown on gravel and pebble. No statistically significant difference was observed for plant and root weight in gravel and pebble treatments. Statistically significant differences between all treatments were observed on the basis of number of leaves and head diameter. Both parameters were higher in plants grown on rice husks, followed by gravel and pebble. No differences were observed in the absorption of macronutrients amongtreatments. However, plants grown on rice husk absorbed less zinc and copper than plants grown on gravel and pebble. (Aceito para publicação em 18 de setembro de 1999) 1 Trabalho realizado como parte das exigências para obtenção do grau de Engenheiro Agrônomo pelo primeiro autor. 240 Hortic. bras., v. 17, n. 3, nov. 1999. Produção hidropônica de alface cv. Verônica em diferentes substratos. H idroponia é o nome dado a todas as formas de cultivo em solução nutritiva sem uso do solo. O termo hidroponia deriva de duas palavras gregas: hidro, água e ponos, trabalho. A combinação destas duas palavras significa “trabalhar com a água”, e implicitamente, o uso de soluções de adubos químicos para o cultivo de plantas na ausência do solo (Douglas, 1987; Castellane & Araujo, 1995). A hidroponia vem se tornando uma alternativa bastante interessante em relação ao cultivo tradicional feito no solo. Ela pode ser usada em regiões em que há pouca disponibilidade de terras agricultáveis e em regiões onde ocorreu um uso excessivo do solo, causando desequilíbrio em sua microfauna, aumentando o nível de infestação de patógenos de solo, problema frequente em solos sob estufa. Assim, mesmo em países tropicais com abundância de terra como o Brasil, a hidroponia tem sido utilizada com bastante êxito. Além da sua elevada capacidade de produção, independente de clima ou de solo, a hidroponia oferece ainda produtos de alta qualidade e com uso bastante reduzido de agrotóxicos, se comparada ao meio tradicional de cultivo no solo (Castellane & Araujo, 1995; Junqueira et al., 1997). Praticamente qualquer planta que cresça naturalmente no solo pode ser cultivada em hidroponia. Entre elas, árvores de pequeno porte, arbustos, plantas herbáceas como cereais, leguminosas, plantas ornamentais, hortaliças e outras (Crocomo, 1986). A alface (Lactuca sativa L.), por ocupar pouco espaço, atingir mais rapidamente o ponto de comercialização e pelo rápido retorno financeiro, é a cultura que vem ganhando cada vez mais espaço na produção hidropônica (Zito et al., 1994). Existem diversos sistemas hidropônicos. Um dos mais utilizados é o NFT (Nutrient Film Technique) onde a planta absorve os nutrientes diretamente de um filme de água que passa pelas suas raízes. Apesar deste método apresentar algumas vantagens como o de ser desfavorável ao desenvolvimento de algas e à salinização, este sistema apresenta a desvantagem de exigir um tempo de repouHortic. bras., v. 17, n. 3, nov. 1999. so muito curto e um alto consumo de energia (Castellane & Araujo, 1995; Martinez & Silva Filho, 1997). O desenvolvimento de técnicas que reduzam o consumo de energia em hidroponia é de fundamental importância, pois com isso haverá uma redução no custo de produção (Tavares, 1997). Umas destas técnicas é o sistema NFTmodificado. Neste sistema são utilizados substratos que permitam uma retenção maior da umidade e uma diminuição no consumo de energia. No entanto existe uma limitação para seu uso que é o de não se conhecer ainda os substratos que apresentam as melhores condições para a produção hidropônica de plantas. No presente trabalhou procurou-se avaliar entre três substratos: brita, seixo de rio e casca de arroz ao natural, qual seria o mais apropriado para o cultivo de alface no sistema NFT-modificado. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi instalado em uma casa de vegetação na Fazenda Água Limpa da Universidade de Brasília, localizada no Núcleo Rural Vargem Bonita (DF), no período de setembro a novembro de 1997. O delineamento experimental utilizado foi inteiramente casualizado com três tratamentos: casca de arroz, brita e seixo em 25 repetições, utilizando-se o sistem NFT-modificado. Os substratos foram esterilizados com uma solução à base de hipoclorito de sódio a 5%. O sistema hidropônico era composto de um depósito de solução, de um conjunto moto-bomba, bancada e canais para circulação da solução nutritiva, de canos para o transporte da solução até os canais e retorno até o depósito e um temporizador. A solução nutritiva foi preparada conforme recomendação da Embrapa Hortaliças (Junqueira et al., 1997) com a seguinte formulação para 1.000 litros: 550 g de sulfato de magnésio, 950 g de nitrato de cálcio, 810 g de nitrato de potássio, 115 g de monofosfato de amônio, 3,0 g de ácido bórico, 0,2 g de molibdato de sódio, 2,0 g de sulfato de manganês, 0,15 g de sulfato de cobre, 0,2 g de sulfato de zinco e 60 g de ferro EDTA – Ferrilene. Na fase de berçário foi utilizada solução nutritiva com 50% de concentração de sais. Quando as plantas foram transferidas para o leito definitivo utilizou-se solução completa. Trabalhou-se com a cultivar Verônica devido à sua boa adaptação em cultivos feitos no verão. As mudas foram produzidas em bandejas de isopor com substrato artificial à base de vermiculita e foram transplantadas para o berçário com 22 dias. O berçário era composto por 12 canais e a cada quatro canais foi colocado um substrato diferente. O espaçamento das plantas no berçário era de 5 cm x 5 cm e o número de plantas por substrato era de 80, totalizando 240 plantas na bancada. A vazão no canal era de 1,5 litros por minuto e o tempo de funcionamento e de repouso foram ajustados conforme a necessidade da planta, sendo 15 minutos de funcionamento e 45 minutos desligado no período diurno (8 às 18 horas) e 15 minutos de funcionamento e uma hora de repouso durante o período noturno (18 às 8 horas). Isto foi usado para os primeiros dois dias de cultivo, pois as plantas estavam em fase de adaptação. No terceiro dia de cultivo o tempo de repouso passou para uma hora durante o dia e duas horas durante a noite, sendo que o tempo de funcionamento permaneceu o mesmo. O pH da solução foi mantido no intervalo de 6,0 a 6,5 sendo monitorado com peagâmetro. As plantas permaneceram no berçário por treze dias e foram transplantadas para o leito definitivo com quatro folhas completamente desenvolvidas. No leito definitivo as plantas foram dispostas em um espaçamento de 25 x 25 cm. Foram transplantadas 31 plantas por substrato, totalizando 93. A vazão dos canais foi de 2,0 litros por minuto e o tempo de funcionamento do conjunto moto-bomba, assim como no berçário, foi ajustado conforme as necessidades da planta ao longo do ciclo. Assim, no primeiro dia o sistema foi ligado por 15 minutos, ficando desligado por 45 minutos durante o dia e, à noite ficou funcionando por 15 minutos e por uma hora ficou desligado. Foi utilizado um tempo mais curto para que as plantas se adaptassem ao novo ambiente. Depois de 24 horas o tempo de repouso foi al241 Tavares & A.M. R. Junqueira terado para 2 horas durante o dia e 3 horas durante a noite, o que permaneceu durante todo o restante do ciclo. Após 62 dias, 25 plantas foram colhidas ao acaso em cada substrato. Para cada planta avaliou-se o peso da planta, o peso da raiz, número de folhas e o diâmetro da cabeça. As folhas mais novas foram coletadas para a análise dos macro e dos micronutrientes presentes em sua composição. Foi efetuada análise de variância e os dados foram comparados pelo teste Tukey a 5% de probabilidade. RESULTADOS E DISCUSSÃO Não houve diferença estatística significativa entre os tratamentos seixo e brita quanto ao peso da planta e peso da raiz (Tabela 1). No entanto, para ambos os parâmetros, os valores observados nas plantas cultivadas em casca de arroz foram estatisticamente superiores aos valores observados em plantas cultivadas no outros substratos. Foi observada diferença estatística significativa entre todos os tratamentos no número de folhas e diâmetro da cabeça, sendo que para ambos os parâmetros os maiores valores foram observados nas plantas cultivadas em casca de arroz, seguida das plantas cultivadas em brita e seixo. No tratamento com casca de arroz, onde observou-se que a alface apresentou maior peso (119,6 g), constatou-se que este peso foi inferior ao obtido por Horino et al. (1993) para a mesma cultivar, que foi de 169,2 g e 17,8 folhas por planta; e inferior ao relatado por Vaz (1997), que obteve para a mesma cultivar o peso de 183,40 g. Em ambos experimentos as plantas foram cultivadas diretamente em solução nutritiva. As plantas de alface cultivadas nos diferentes substratos não apresentaram diferença estatística significativa na absorção de macronutrientes (Tabela 2). No entanto, foi observada diferença estatística significativa na absorção dos micronutrientes cobre e zinco (Tabela 3). As plantas cultivadas em casca de arroz apresentaram teor de zinco e cobre inferior ao observado nas plantas cultivadas em brita e seixo. 242 Tabela 1. Peso médio das plantas e raízes (g), número médio de folhas e diâmetro médio da planta de alface (cm) cultivadas em sistema hidropônico utilizando três diferentes substratos. Brasília, UnB, 1997. Parâmetros Peso médio das plantas Peso médio das raízes Número médio de folhas por planta Diâmetro médio da cabeça Casca de arroz 119,60a* 58,20a 39,40b 28,80b 23,40b 27,72b 18,68a 34,72a 12,16b 22,92b 9,52 c 17,96 c Brita Seixo *As médias seguidas pela mesma letra na vertical não diferem entre si pelo teste de Tukey (P <0,05). Tabela 2. Teores médios de macronutrientes encontrados em folhas de alface sob cultivo hidropônico utilizando três diferentes substratos (g.Kg-1 do peso seco). Brasília, UnB, 1997. Parâmetros Nitrogênio Casca de arroz 23,50a* Brita 23,50a Seixo 24,50a Fósforo 1,50a 1,45a 1,55a Potássio Cálcio 9,25a 3,20a 9,75a 4,00a 7,75a 2,75a Magnésio Enxofre 0,80a 0,65a 0,50a 0,60a 0,60a 0,70a * As médias seguidas pela mesma letra na vertical não diferem entre si pelo teste de Tukey (P < 0,05). Tabela 3. Teores médios de micronutrientes encontrados em folhas de alface sob cultivo hidropônico utilizando três diferentes substratos (mg.Kg-1 ). Brasília, UnB, 1997. Parâmetros Boro Zinco Casca de arroz 77,10a* 52,30 b Brita 119,80a 121,50a Seixo 173,75a 97,25ab Ferro Manganês Cobre 237,00a 271,50a 6,30 b 285,00a 300,50a 12,85a 305,25a 200,00a 13,95a Cobalto Molibdênio Sódio 1,11a 95,25a 385,00a 2,22a 145,00a 385,00a 1,89a 71,05a 437,50a * As médias seguidas pela mesma letra na vertical não diferem entre si pelo teste de Tukey (P < 0,05). Segundo Malavolta (1989) os teores ideais dos macronutrientes encontrados em folhas de alface cultivado em solo são: N = 30,0 g.Kg-1; P = 3,50 g.Kg1; K = 50,0g.Kg-1; Ca = 12,50 g.Kg-1 ; Mg = 3,50 g.Kg-1 e S = 2,0 g.Kg-1. Raji (1996) apresenta como parâmetro ideal para os micronutrientes os seguintes valores: Bo = 30 a 60 mg.Kg-1; Cu = 7 a 20 mg.Kg-1; Fe = 50 a 150 mg.Kg-1; Mn = 30 a 150 mg.Kg-1 e Zn = 30 a 100 mg.Kg-1 . A deficiência de alguns dos nutrientes observada na análise foliar das plantas de alface colhidas neste experimento pode estar relacionada à concentração e disponibilidade da solução nutritiva durante o ciclo da cultura. Verificou-se que o substrato casca de arroz permaneceu úmido por tempo superior ao observado nos outros dois substratos. Porém, mesmo assim, observou-se deficiência de vários nutrientes nas plantas desenvolvidas em casca de arroz, sugerindo que a solução nutritiva Hortic. bras., v. 17, n. 3, nov. 1999. Produção hidropônica de alface cv. Verônica em diferentes substratos. preparada não continha a quantidade necessária de nutrientes para a cultura da alface, tendo sido, provavelmente, a causa do baixo peso da alface em todos os tratamentos. O tempo de contato entre a solução nutritiva e as raízes nos tratamentos brita e seixo foi, provavelmente, inferior ao observado em casca de arroz, contribuindo para acentuar a deficiência nutricional e os baixos pesos observados. É possível que um ajuste na concentração da solução nutritiva, bem como no tempo de funcionamento e de repouso do sistema motobomba, de maneira que a solução nutritiva possa permanecer por mais tempo nas bancadas, possa vir a contribuir para um aumento de peso da cabeça de alface produzida em brita e seixo. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem ao PIBIC-UnB/ CNPq, pela concessão de bolsa, ao Professor Tsuneharu Kaneshiro e ao Agrônomo Eity Kato da Faculdade de Agro- Hortic. bras., v. 17, n. 3, nov. 1999. nomia e Medicina Veterinária da Universidade de Brasília, pela colaboração na instalação do sistema hidropônico, aos funcionários da Fazenda Água Limpa, Robson Figueiredo Cunha, Benevaldo Ferreira Quadro, Íris Pereira Júnior, Raimundo Luiz Sampaio e Ronaldo da Silva Costa, pela contribuição prestada durante a realização do experimento e, ao Dr Renato Fernando Amabile, pela criteriosa revisão do manuscrito. LITERATURA CITADA CASTELLANE, P.D.; ARAUJO, J.A.C. de. C u l tivo sem solo - hidroponia. Jaboticabal, FUNEP, 1995. 43 p. CROCOMO, O.J. Cultivo fora do solo: hidroponia. In: MAGALHÃES, A; BORDINI, M. da E. ed. Grande manual globo de agricultura, pecuária e receituário industrial. Porto Alegre: vol. III, 1986. 209-220 p. DOUGLAS, J.S. Hidroponia: cultura sem terra. São Paulo: Nobel , 1987. 141p. HORINO, Y.; MELO, P.E. de; Makishima, N. Comportamento de quatro cultivares de alface desenvolvidas sob hidroponia. Ensaio preliminar. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 11, n. 1, p. 76, 1993. (Resumo). JUNQUEIRA, A..M.R.; LIMA, J.A.; PEIXOTO, J.R. Hidroponia: cultivo sem solo. Brasília: UnB, Curso de Extensão da Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária, 1997. 31 p. MALAVOLTA, E. ABC da Adubação. 5a ed. São Paulo: Ceres, 1989. 292 p. MARTINEZ, H.E.P.; SILVA FILHO, J.B. Introdução ao sistema hidropônico de plantas. Viçosa: UFV, 1997. 52 p. RAJI, B. VAN. Recomendações de adubação e calagem para o estado de São Paulo, Campinas: IAC, Boletim Técnico n° 100, 1996. 285 p. TAVARES, H.L. Produção hidropônica de alface cv. Verônica em diferentes substratos. Brasília: UnB, 1997. 54 p. (Dissertação graduação). VAZ, R. M. R. Comportamento de Três Cultivares de Alface sob Cultivo Hidropônico: Brasília: UnB, 1997. 30 p. (Dissertação graduação). ZITO, R.K.; FRONZA, V.; MARTINEZ, H.E.P.; PEREIRA, P.R.G.; FONTES, P.C.R. Fontes de nutrientes, relações nitrato: amônio e molibdênio, em alface (Lactuca sativa L.) produzida em meio hidropônico. Revista Ceres, Viçosa, v. 41, n. 236, 1994, p. 419-430. 243 QUEZADO-DUVAL, A.M.; LOPES, C.A. Desempenho de cultivares de batata em solo infestado com Ralstonia solanacearum, raça 1. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 17, n. 3, p. 244-247, novembro 1999. Desempenho de cultivares de batata em solo infestado com Ralstonia solanacearum, raça 1. Alice Maria Quezado-Duval; Carlos Alberto Lopes. Embrapa Hortaliças, Caixa Postal 218, 70.359-970 Brasília - DF. RESUMO ABSTRACT A reação de 28 cultivares de batata à murcha-bacteriana causada por Ralstonia (Pseudomonas) solanacearum, raça 1, biovar I, foi avaliada na Embrapa Hortaliças, Brasília (DF), no período de maio a agosto de 1998. O ensaio foi realizado em solo naturalmente infestado, em blocos ao acaso com três repetições e parcelas de seis plantas perfazendo 2,4 m 2 . As cultivares Cruza 148 e Achat (resistentes) e Bintje (suscetível) foram utilizadas como controles. Foram feitas oito avaliações semanais da incidência da doença, iniciando-se 22 dias após o plantio, quando apareceram os primeiros sintomas, para o cálculo da Área Abaixo da Curva de Progresso da Doença (AACPD). Utilizando-se a análise de agrupamento, foi possível a distinção de cinco grupos quanto aos níveis de resistência/ suscetibilidade. As cultivares que apresentaram menores níveis de doença (grupo I: AACPD de 0,00 a 256,90) foram Cruza 148, Cruza 148 mutante, Araucária e Granola, que também tiveram as maiores produtividades comercial (tubérculos > 50mm de diâmetro) e total (13,3 e 25,1 t/ha; 10,4 e 21,9 t/ha; 11,4 e 18,8 t/ha e 14,6 e 16,4 t/ha, respectivamente). Uma correlação significativa negativa (P<0,01) foi observada entre AACPD e produtividade comercial (r = - 0,76) e entre AACPD e produtividade total (r = - 0,83). Performance of potato cultivars in soil naturally infested with race 1 of Ralstonia solanacearum. Palavras-Chave: Solanum tuberosum, Pseudomonas solanacearum, murcha-bacteriana, resistência. Keywords: Solanum tuberosum, Pseudomonas solanacearum, bacterial wilt, resistance. Twenty-eight potato cultivars were evaluated for resistance to bacterial wilt caused by Ralstonia solanacearum, race 1, biovar I, from May to August, 1998, at Embrapa Hortaliças. The trial was carried out in a naturally infested field in a randomised complete block design with three replications and six plants per plot of 2.4 m2 . ‘Cruza 148’ and ‘Achat’ (resistant), and ‘Bintje’ (susceptible) were used as controls. Disease incidence was assessed for eight weeks starting 22 days after planting, when the first symptoms were observed. The areas under the disease progress curves (AUDPC) were calculated and the cluster analysis performed using the unweighted pair-group method by arithmetic averages (UPGMA) and simple Euclidian distance coefficient. Five clusters of resistance/ susceptibility levels were defined. ‘Cruza 148’, ‘Cruza 148 mutant’, ‘Araucaria’ and ‘Granola’ had the lowest levels of disease and belonged to cluster 1 (AUDPC values from 0.00 up to 256.90). These cultivars also had the highest commercial (tubers >50mm diameter) and total yields (13.3 and 25.1 t/ha; 10.4 and 21.9 t/ha; 11.4 and 18.8 t/ha, and 14.6 and 16.4 t/ha, respectively). Negative significant correlations (P<0.01) were found between AUDPC and commercial yield (r = - 0.76) and AUDPC and total yield (r = - 0.83). (Aceito para publicação em 20 de agosto de 1999) A murcha-bacteriana, causada por Ralstonia solanacearum, é uma das doenças mais importantes da cultura da batata (Solanum tuberosum L.) no Brasil. É a principal causa da rejeição de campos de certificação de batata-semente onde o nível de tolerância dessa doença é zero (0) e causa perdas de até 50% na produção de tubérculos para consumo, inviabilizando áreas de cultivo pela longa persistência do patógeno no solo (Lopes et al., 1990; Lopes et al. 1993). Duas raças, a raça 1 e a raça 3, podem infectar a cultura da batata (Hayward, 1991). A raça 3 (“raça da batata”), embora não exclusiva, é a que prevalece nas principais áreas produtoras de batata do país, situadas nas regiões Sul e Sudeste. A raça 1 (“raça das solanáceas”), que está amplamente distribuída, aumen244 ta de importância à medida que as fronteiras de produção de batata se expandem para áreas tropicais como o cerrado do Brasil Central (French, 1994; Lopes & Buso, 1997). O emprego de cultivares com algum nível de resistência é considerado uma medida importante para o desenvolvimento de estratégias de controle da murcha-bacteriana. Medidas preventivas de controle, como o uso de batata-semente certificada, plantio em áreas sem histórico de ocorrência da doença e rotação de culturas também devem ser utilizadas (French, 1994). Alguns clones e cultivares possuindo resistência parcial à murchabacteriana têm sido identificados no Programa de Manejo Integrado da Murcha-bacteriana, do Centro Internacional de la Papa (CIP), Lima, Peru, do qual a Embrapa Hortaliças é colaboradora (CIP, 1993; CIP, 1995; Lopes et al., 1997; Quezado-Soares et al., 1997). A cultivar Achat, apesar de não ter sido desenvolvida em programas de melhoramento visando resistência à murchabacteriana, tem sua baixa taxa de condenação em campos de certificação atribuída aos níveis superiores de resistência apresentados tanto em estados onde predomina a raça 3, como em testes comparativos realizados no infectário infestado pela raça 1, da Embrapa Hortaliças (Lopes & Quezado-Soares, 1995). Este fato explica parcialmente a sua boa aceitação por parte dos produtores, fazendo com que ela seja atualmente uma das mais plantadas no país. Esse trabalho teve como objetivo avaliar cultivares de batata nacionais e Hortic. bras., v. 17, n. 3, nov. 1999. Desempenho de cultivares de batata em solo infestado com Ralstonia solanacearum, raça 1. Tabela 1. Incidência de murcha-bacteriana 70 dias após o plantio (IMB), valores de área abaixo da curva de progresso da doença (AACPD), porcentagem de tubérculos com sintomas (TS) e produtividades comercial (PC) e total (PT) em cultivares de batata. Brasília-DF, Embrapa Hortaliças, 1998. Nº Cultivares 1 Achat Origem Alemanha IMB (%)1 44,43 AACPD2 963,60 TS (%)3 23,21 (26/112) 100,00 16,67 2463,97 175,23 58,49 16,85 (31/53) (34/66) 2 3 Agria Araucária Holanda Brasil 4 5 Astrid Atlantic Alemanha EUA 83,33 66,63 2274,58 1499,12 51,51 42,10 6 7 Baraka Baronesa Holanda Brasil 33,33 58,90 777,70 1310,98 30,00 (24/80) 77,78 (28/36) 8 9 Bintje Bronka Holanda Polônia 83,33 100,00 1978,95 2255,87 52,72 100,00 (29/55) (46/273) (8/19) (15/15) PC (t/ha)4 1,82 PT (t/ha) 3,22 0,78 11,35 1,44 18,79 0,39 1,35 1,67 1,56 4,94 2,36 5,92 2,81 0,74 0,00 1,64 0,00 1,71 3,75 2,29 6,55 0,39 0,58 13,31 0,56 1,31 25,07 10,40 2,64 21,93 4,17 0,17 0,52 1,39 1,44 10 Catucha 11 Ciklamen Brasil Hungria 72,20 76,67 1877,45 1198,33 54,00 31,69 (27/50) 12 Contenda 13 Cristal 14 Cruza 148 Brasil Brasil México 61,13 93,33 0,00 2676,35 1365,23 0,00 66,67 58,49 13,03 (8/12) 15 Cr.148 mutante 5 16 Desirée Itália Holanda 0,00 77,77 0,00 1828,05 1,80 60,00 (6/334) 17 Erna 18 Estima Alemanha Holanda 62,23 80,57 1314,72 1662,62 76,28 64,71 (74/97) 19 Grão Mogol6 20 Granola Brasil Alemanha 34,43 24,47 642,02 256,90 34,84 (123/353) 17,73 (25/141) 0,00 14,56 5,62 16,42 21 Jaette Bintje 22 Monalisa Holanda Holanda 76,67 44,43 1940,63 1019,08 63,16 (60/95) 19,35 (18/93) 1,44 0,00 1,67 3,17 23 Monte Bonito 24 Recent Brasil Holanda 33,33 100,00 847,52 2534,98 21,55 41,67 (53/246) 4,33 0,00 11,61 0,19 25 Rheinhort 26 Roxy Alemanha Alemanha 67,77 52,80 1519,03 1293,83 9,61 24,34 (5/52) 3,11 3,13 4,53 6,28 27 Santé 28 Serrana Holanda Argentina 88,87 72,23 2480,38 1711,15 92,40 (73/79) 60,94 (39/64) 0,11 3,06 0,31 3,69 (45/142) (31/53) (34/261) (75/125) (44/68) (5/12) (28/115) 1 . Plantas com mais de 50% da folhagem murcha foram contadas como doentes para o cálculo da incidência da murcha-bacteriana (IMB). Dados representam média de três repetições, parcela de seis plantas; 2 . AACPD: Área Abaixo da Curva do Progresso da Doença, calculada a partir da incidência da murcha-bacteriana em oito avaliações usando o programa computacional AACPD (Luiz A. Maffia, Universidade Federal de Viçosa, Viçosa-MG. Dados representam média de três repetições, parcela de seis plantas; 3 . TS: Porcentagem de tubérculos com sintomas de podridão provocada por Ralstonia solanacearum (valores entre parênteses: numerador = número de tubérculos com sintomas; denominador = número de tubérculos produzidos com e sem sintomas, em três repetições, seis plantas/ parcela); 4 . PC: Produção comercial (tubérculos com diâmetro > 50 mm); 5 . Cruza 148 mutante = Clone CIP 720118.1 (37-35A) mutante da cultivar Cruza 148 (CIP 720118) produzido na Itália para eliminar a pigmentação da polpa (CIP, 1995); 6 . Genótipo antigo, sem procedência definida, fornecida pelo Instituto Agronômico de Campinas, coletada no município de Grão Mogol, MG. Hortic. bras., v. 17, n. 3, nov. 1999. 245 A.M.Quezado-Duval & C.A. Lopes exóticas, plantadas ou não no país, quanto ao nível de resistência/suscetibilidade à murcha-bacteriana causada pela raça 1 de R. solanacearum. Tabela 2. Grupos de níveis de resistência à murcha-bacteriana baseados nos valores médios das Áreas Abaixo da Curva de Progresso da Doença (AACPD) e cultivares de batata posicionadas em cada grupo. Brasília-DF, Embrapa Hortaliças, 1998. Grupo 1 Intervalos de AACPD2 Cultivares3 Posição das cultivares controle 1 2 0,00 - 256,90 642,02 - 1019,08 14, 15, 3, 20 19, 6, 23, 1, 22 Cruza 148 (0,00) Achat (963,60) MATERIAL E MÉTODOS O ensaio foi instalado no infectário do campo experimental da Embrapa Hortaliças, Brasília, DF, no período de maio a agosto de 1998. O infectário, naturalmente infestado pela raça 1, biovar I, de Ralstonia solanacearum, vem sendo utilizado para avaliações de clones de batata para resistência à murcha-bacteriana por mais de 15 anos. Aos 35 dias após o plantio, foi realizada a amontoa e, aos 90 dias, a colheita dos tubérculos sem sintomas para cálculo da produtividade comercial (tubérculos > 50 mm de diâmetro). Foram avaliadas 28 cultivares, incluindo ‘Achat’ e ‘Cruza 148’ (padrões de resistência) e ‘Bintje’ (padrão de suscetibilidade). O delineamento experimental utilizado foi em blocos ao acaso com três repetições e seis plantas por parcela. O espaçamento empregado foi de 0,30 m entre plantas x 0,80 m entre linhas, tendo a parcela a área útil de 2,4 m2. A avaliação da doença foi feita com base na incidência, sendo consideradas doentes as plantas que apresentavam mais de 50% da folhagem murcha. Foram feitas oito avaliações semanais, iniciadas aos 22 dias após o plantio, quando se verificou o aparecimento dos primeiros sintomas. Os dados de incidência foram utilizados para o cálculo da Área Abaixo da Curva de Progresso da Doença (AACPD) pelo programa computacional AACPD (Luís A. Maffia, Universidade Federal de Viçosa, MG). Os valores médios de AACPD foram utilizados para a análise de agrupamento pelo programa FITOPAC (George Shepherd, Universidade de Campinas, SP), empregando-se o coeficiente distância euclidiana simples e o método da média de grupo. A escolha do número de grupos de níveis de resistência foi baseada na distribuição das variedades controles. Foi feita a análise de correlação entre AACPD e produtividades comercial e total. As temperaturas registradas durante o período do ensaio foram considera246 3 4 5 1198,33 - 1314,72 11, 26, 7, 13, 5, 17 1519,03 - 1978,95 25, 18, 28, 16, 10, 21, 8 2255,87 - 2676,35 9, 4, 2, 27, 24, 12 Bintje (1978,95) - 1 . Definido pela análise de agrupamento (coeficiente distância euclidiana simples, método média de grupo); 2 . Intervalos de valores de AACPD que definem cada grupo; 3 . Cultivares posicionadas em cada grupo. Utilizou-se a numeração da tabela 1, sendo as cultivares dispostas pelos valores crescentes das AACPD. das apropriadas para o desenvolvimento da doença, com temperaturas média mínima e média máxima de 14,5 oC e 28,1oC, respectivamente. A irrigação foi feita por aspersão convencional, de acordo com a necessidade da cultura. RESULTADOS E DISCUSSÃO A incidência da doença no último dia da avaliação, aos 71 dias do plantio, variou de 0%, nas cultivares mais resistentes Cruza 148 e Cruza 148 mutante, a 100% de plantas murchas, registrada nas cultivares Agria, Bronka e Recent (Tabela 1). Por meio da análise de agrupamento, foi possível a distinção de cinco grupos quanto aos níveis de resistência/ suscetibilidade (Tabela 2). As cultivares que apresentaram menores níveis de doença e que posicionaram-se no grupo I (AACPD de 0,0 à 256,9), foram Cruza 148, Cruza 148 mutante, Araucária e Granola (Tabela 2). Essas cultivares foram também as que tiveram as maiores produtividades comercial e total (13,3 e 25,1 t/ha; 10,4 e 21,9 t/ha; 11,4 e 18,8 t/ha e 14,6 e 16,4 t/ha, respectivamente) (Tabela 1). Uma correlação negativa significativa (P<0,01) foi observada entre AACPD e produtividade comercial (r = - 0,76) e entre AACPD e produtividade total (r = - 0,83). Apesar de terem apresentado incidência zero (0) de murcha-bacteriana, as cultivares Cruza 148 e Cruza 148 mutante produziram tubérculos com sin- tomas de podridão provocados por R. solanacearum (34 tubérculos em 261 e seis tubérculos em 334, respectivamente) (Tabela 1). ‘Cruza 148’ não possui bom padrão comercial, com tubérculos desuniformes e pigmentados tanto na película como na polpa, caracteres que têm alta herdabilidade (Tung, 1990a), o que o desqualifica como bom progenitor em programas de melhoramento. ‘Cruza 148 mutante’ é um genótipo mutante da Cruza 148, produzido na Itália, que aparentemente apresenta todas as características morfológicas de ‘Cruza 148’, com exceção da pigmentação da polpa (CIP, 1995). Esta cultivar apresentou comportamento semelhante à ‘Cruza 148’ quanto à incidência da murcha-bacteriana, tendo sido também a mais resistente, juntamente com ‘Cruza 148’, dentre 23 clones avaliados no Peru, em 1993-1994 (CIP, 1995). Este é, portanto, um genótipo que, apesar de vários inconvenientes devido a características comerciais, pode ser usado em cruzamentos visando resistência à murcha-bacteriana. As cultivares Grão Mogol, Baraka, Monte Bonito e Monalisa se posicionaram com a cultivar Achat no grupo II (AACPD 642,02 – 1019,08) (Tabela 2). ‘Achat’ mostrou maiores níveis de doença do que os observados em testes anteriores, quando alternavase com a ‘Cruza 148’ em termos de resistência (Lopes & Quezado Soares, 1995). Este fato se deve à interação do patógeno e da hospedeira com fatores Hortic. bras., v. 17, n. 3, nov. 1999. Desempenho de cultivares de batata em solo infestado com Ralstonia solanacearum, raça 1. ambientais (French & De Lindo, 1982; Schmiediche, 1985; Tung et al., 1990a; Tung et al., 1990b). Conforme indicado por Melo & Buso (1997), ‘Achat’ não é indicada para plantios sujeitos a temperaturas elevadas, como observado no período do ensaio (média das temperaturas máximas acima de 28o C). Tung et al. (1990a e 1990b) comprovaram que genes para adaptação em batata estão envolvidos na manifestação da resistência à murcha-bacteriana, tendo a função de estabilizar a expressão dos genes de resistência. Esta constatação pode explicar a resistência de Araucária, Baraka, Monte Bonito e Monalisa, cultivares mais bem adaptadas a climas mais quentes, consistindo, portanto, boas opções para cultivo na região do Brasil Central, onde predomina a raça 1 de R. solanacearum. Deve ser ressaltado, ainda, o fato de Araucária ser caracterizada como suscetível à murcha-bacteriana na Região Sul, onde predomina a raça 3 (IAPAR, 1997). Um nível insatisfatório de resistência em cultivares com boas características comerciais; o fato de ‘Achat’ não florescer e, portanto não poder ser usada como genitor, e as características indesejáveis de ‘Cruza 148’ e ‘Cruza 148 mutante’ indicam claramente a necessidade de se continuar a busca por melhores genótipos para servirem como genitores em programas de melhoramento para resistência à murcha-bacteriana. O teste de fontes de resistência e dos materiais melhorados deve ser feito em diferentes regiões para se avaliar a possibilidade de uma “quebra” da resistência devido à variabilidade do patógeno e à falta de adaptabilidade do genótipo a uma determinada condição climática. Hortic. bras., v. 17, n. 3, nov. 1999. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem a Arione S. Pereira, da Embrapa Clima Temperado, Pelotas; a Hilário Miranda Filho, do IAC, Campinas e a Odone Bertoncini e Élcio Hirano, da Embrapa Sementes Básicas, Canoinhas, pelo fornecimento dos tubérculos de algumas cultivares utilizadas neste trabalho. A Luiz A. Maffia pelo fornecimento do programa de estatística. LITERATURA CITADA CIP (Lima, Peru). Integrated control of potato bacterial wilt. Program Report CIP 19931994, Lima, p. 66-70, 1995. CIP (Lima, Peru). Integrated control of potato bacterial wilt. CIP in 1992: Program Report CIP, Lima, p. 48-51, 1993. FRENCH, E.R. Strategies for integrated control of bacterial wilt of potatoes. In: HAYWARD, A.C.; HARTMAN, G.L., ed. Bacterial wilt: the disease and its causative agent, Pseudomonas solanacearum. Wallingford: CAB International, 1994. p.199-207. FRENCH, E.R.; DE LINDO, L. Resistance to Pseudomonas solanacearum in potato: specificity and temperture sensivity. Phytopathology, v. 72, p. 1408-1412, 1982. HAYWARD, A.C. Biology and epidemiology of bacterial wilt caused by Pseudomonas solanacearum . Annual Review of Phytopatholy, v. 29, p. 65-87,1991. IAPAR (Curitiba, Paraná). IAPAR 82 : Araucária, cultivar de batata resistente a doenças foliares. Curitiba, 1997. Folder. LOPES, C.A.; BUSO, J.A. Cultivo da batata (Solanum tuberosum). Brasília: EMBRAPACNPH, 1997. 35 p. (EMBRAPA-CNPH. Instruções Técnicas da Embrapa Hortaliças, 8). LOPES, C.A.; BUSO, J.A.; ACCATINO, P. Screening CIP potato germplasm for resistance to bacterial wilt in Brazil: methods and preliminary results. Bacterial Wilt Newsletter, n. 9, p. 3-5, 1993. LOPES, C.A.; HIDALGO, O.A.; BUSO, J.A. Melhoramento genético para resistência à murcha-bacteriana causada por Pseudomonas solanacearum no Brasil. In: HIDALGO, O.A.; RINCON, H., ed. Avances en el mejoramiento genetico de la papa en los Paises del cono Sur. Lima: CIP, 1990. p. 173-177. LOPES, C.A.; QUEZADO-SOARES, A.M. Estabilidade da resistência da batata ‘Achat’ à murcha-bacteriana. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 13, p. 57-58, 1995. LOPES, C.A.; QUEZADO-SOARES, A.M.; BUSO, J.A.; MELO, P.E. Breeding for resistance to bacterial wilt of potatoes in Brasil. In: PRIOR, P.; ALLEN, C.; ELPHINSTONE, J., ed. Bacterial wilt disease: molecular and ecological aspects. Berlin: Springer Verlag, 1997. p. 290-293. MELO, P.E.; BUSO, J.A. Principais variedades. In: LOPES, C.A.; BUSO, J.A., ed. Cultivo da batata (Solanum tuberosum L.). Brasilia: EMBRAPA-CNPH, 1997. 36 p. (EMBRAPACNPH. Instruções Técnicas da Embrapa Hortaliças, 8). QUEZADO-SOARES, A.M.; LOPES, C.A.; BUSO, J.A.; MELO, P.E. Evaluation in Brazil of potato clones resistant to bacterial wilt in the Philippines. Bacterial Wilt Newsletter, n. 14, p. 1-3, 1997. SCHMIEDICHE, P. Breeding bacterial wilt, Pseudomonas solanacearum, resistant germplasm. In: PLANNING CONFERENCE ON PRESENT AND FUTURE STRATEGIES FOR POTATO BREEDING AND IMPROVEMENT, 1985, Lima, Peru. Report... Lima: CIP, 1985. p.45-55. TUNG, P.X.; RASCO JUNIOR, E.T.; VANDER ZAAG, P.; SCHMIEDICHE, P. Resistance to Pseudomonas solanacearum in the potato. I. Effects of sources of resistance and adaptation. Euphytica, v. 45, p. 203-210, 1990a. TUNG, P.X.; RASCO JUNIOR, E.T.; VANDER ZAAG, P.; SCHMIEDICHE, P. Resistance to Pseudomonas solanacearum in the potato. II. Aspects of host-pathogen-environment interaction. Euphytica, v. 45, p. 211-215, 1990b. 247 CECÍLIO FILHO, A. B.; SOUZA, R. J. de. Caracterização dos estádios fenológicos da cúrcuma, em função da época e densidade de plantio. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 17, n. 3, p. 248-253, novembro 1999. Caracterização dos estádios fenológicos da cúrcuma, em função da época e densidade de plantio. Arthur Bernardes Cecilio Filho1; Rovilson José de Souza2. 1 UNESP – FCAV, Depto. Horticultura, Rod. Carlos Tonanni Km 5, 14.870-000 Jaboticabal – SP; 2 UFLA – Depto. de Agricultura, C. Postal 37, 37.200-000 Lavras - MG. RESUMO ABSTRACT A cúrcuma é uma espécie, originária da Índia, com grande potencial de utilização nos mercados de corantes, medicinal e alimentício. Este trabalho foi conduzido com o objetivo de avaliar a resposta da planta aos fatores época e densidade de plantio, por meio da caracterização dos estádios fenológicos. Verificou-se que o período de crescimento vegetativo caracterizou-se pelas etapas de préperfilhamento e perfilhamento. A primeira etapa, de crescimento lento, mostrou-se influenciada significativamente pela época de plantio, havendo maior precocidade no aparecimento de perfilhos com atraso no plantio. A etapa seguinte, de perfilhamento, mostrou acentuado acúmulo de fitomassa, sendo grande a contribuição dos perfilhos. O período de crescimento dos rizomas teve seu início influenciado significativamente pelo fator época de plantio, sendo tanto mais precoce quanto mais tardio foi o plantio. A extensão do período de crescimento foi de 147, 124, 102 e 79 dias para os plantios efetuados em 20 de outubro, 20 de novembro, 20 de dezembro e 20 de janeiro, correspondente a ciclo cultural, respectivamente, de 270, 240, 210 e 180 dias. Somente foi observado efeito significativo do fator densidade de plantio sobre o período de crescimento vegetativo, sendo o comprimento deste inversamente proporcional à densidade utilizada. Characterization of phenological stages of the turmeric, as a function of time and planting density. Palavras-chave: Curcuma longa, genótipo x ambiente, fenologia, corante natural. Keywords: Curcuma longa, genotype x ambient, phenology, natural dye. Turmeric is a species originated from India with a great potential in dye, medicine and food markets. This experiment was carried out at the Universidade Federal de Lavras, Brazil, with the objective of evaluating the response of the plant to factors such as time and planting densities, by means of characterizing the phenological stages. The period of vegetative growth was determined at the pre-tillering and tillering stages. The slow growth of the aerial part, in the first stage, was influenced significantly by the time of planting, independently of the treatment used. The tillering stage showed increased biomass accumulation, due to the contribution of the tillers. The period of growth of the rhizomes was greatly influenced by the time of planting. Shorter periods of growth were associated with late plantings. The extension of the growth period were 147, 124, 102 and 79 days for the plantings done in every 20th day of October, November, December and January, corresponded to a total plant cycle of 270, 240, 210 and 180 days, respectively. A significant effect of the factor density of planting was only observed during the period of vegetative growth, being short vegetative growth associated to higher plant densities. (Aceito para publicação em 13 de setembro de 1999) A cúrcuma (Curcuma longa L.), pertencente à família Zingiberaceae, produtora de rizomas tradicionalmente conhecidos no mercado internacional como “turmeric”, é considerada uma preciosa especiaria, por compor famosos temperos, entre eles o “curry” (Duarte et al., 1989). Com a proibição do uso de pigmentos sintéticos nos principais países da América do Norte e Europa (Maia,1991; Rusig & Martins, 1992), recentemente tem sido vislumbrada a possibilidade de participação da espécie num atraente e crescente mercado de aditivos naturais de alimentos. Além da curcumina, sua substância corante, a cúrcuma contém óleo essencial de excelentes qualidades técnica e organoléptica (Duarte et al.,1989), que juntos possibilitam estender sua utilização aos mercados de perfumaria, medicinal, alimentício, condimentar, têxtil e outros. 248 Inúmeros trabalhos na literatura mencionam a importância da adequada época de plantio no desempenho agronômico de várias espécies vegetais. A definição da melhor época de plantio é função da localidade, da cultura a ser implantada e de fatores climáticos, especialmente fotoperíodo e temperatura. Estes fatores afetam a composição química de diversos órgãos da planta como por exemplo teor de óleo, carboidratos e compostos nitrogenados. Os mesmos são fundamentais ao metabolismo vegetal (Alvarenga, 1987), síntese e atividade de enzimas (Salisbury e Ross, 1992), divisão e expansão celular e emissão de folhas (Mengel e Kirkby, 1987), que juntos definirão o potencial vegetativo e produtivo da planta. Segundo Lucchesi et al. (1976) e Larcher (1986), a densidade de plantio pode influir na qualidade e produtividade da cultura. As pressões exercidas pela população de plantas afetam de modo marcante o seu próprio desenvolvimento. Quando o número de indivíduos aumenta por unidade de área, atinge-se o chamado ponto de competição, no qual cada planta começa a competir por alguns fatores essenciais ao crescimento, tais como nutrientes, água e luz (Arismendi, 1975; Mendoza, 1982; Choairy & Fernandes, 1983), alterando a arquitetura e outras características das plantas, com reflexos na produtividade (Mondin, 1988; Squire, 1990). De acordo com Marschner (1990), diferentes curvas de respostas de rendimento são resultantes do incremento na densidade de plantas e na fotossíntese líquida por unidade de área foliar (efeito fonte) e do incremento no órgão de reserva (efeito dreno). Nas espécies exóticas ou de pequena exploração comercial que repentinaHortic. bras., v. 17, n. 3, nov. 1999. Caracterização dos estádios fenológicos da cúrcuma. mente experimentam maior interesse comercial de cultivo como é o caso da cúrcuma, observa-se reduzido número de informações técnicas na literatura nacional. O objetivo deste trabalho foi caracterizar as etapas fenológicas da cúrcuma, em função de diferentes épocas e densidades de plantio, gerando informações sobre a interação desta espécie com o ambiente. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido no período de outubro de 1994 a julho de 1995, na área experimental do Setor de Olericultura, do Departamento de Agricultura, da Universidade Federal de Lavras (UFLA) a 21o14' S, 45o00' W e altitude média de 910 m (Castro Neto, Sediyama & Vilela, 1980). Com base na classificação de Köppen, apresenta clima de transição entre Cwa e Cwb, com médias anuais de temperatura e precipitação, respectivamente, de 19,4o C e 1.529,7 mm (Brasil, 1992). O delineamento experimental adotado foi o de blocos ao acaso, em esquema de parcelas sub-divididas, com três repetições. Os tratamentos foram constituídos por quatro épocas de plantio (20 de outubro, 20 de novembro, 20 de dezembro e 20 de janeiro) e três espaçamentos entre plantas na linha de plantio (20, 35 e 50 cm), perfazendo o total de 12 tratamentos. A unidade experimental (subparcela) constituiu-se dos espaçamentos em avaliação, enquanto a parcela correspondeu ao fator época de plantio. A área total do experimento foi de 1007,20 m2. Adotou-se espaçamento de 80 centímetros entre linhas de plantio. Em cada uma das coletas mensais, para avaliação do acúmulo de matéria seca pela planta, foram retiradas seis plantas competitivas de cada sub-parcela. A bordadura foi constituída por uma linha de plantio externa de cada subparcela, bem como das plantas imediatamente antecessoras à cada amostra de seis plantas coletadas mensalmente. Em solo de média acidez (5,5), altos teores de fósforo, potássio, magnésio e matéria orgânica, médio teor de cálcio (valores segundo Comissão..., 1989) e 66% de saturação da CTC do solo por bases, foi realizada adubação de plantio com 10,5 g/planta do adubo formulado N-P-K-Ca-S com as respectivas concenHortic. bras., v. 17, n. 3, nov. 1999. Época de plantio Figura 1. Efeito da época de plantio, 20/10, 20/11, 20/12 e 20/01, correspondentes à DAPP de 0, 30, 60 e 90 dias, respectivamente, sobre o início do perfilhamento. Lavras, UFLA, 1996. trações dos nutrientes: 4-14-8-10-9. A adubação de cobertura foi realizada com 0,84 g de N/planta, aos 60 dias após emergência das plantas, na forma de sulfato de amônio. O plantio foi realizado com um rizoma-semente por cova, do tipo rizoma primário, de peso médio de 5 g de matéria fresca ou 1,1 g seco, colocado a quatro centímetros de profundidade, em leiras de aproximadamente 40 cm de altura, espaçadas de centro a centro em 80 cm. O material genético utilizado foi proveniente de produtores rurais de Paracatu (MG) e multiplicado na área experimental do Setor de Olericultura da UFLA, não havendo denominação específica para o germoplasma. A colheita final foi realizada quando as plantas apresentavam a parte aérea completamente seca, o que ocorreu no dia 17 de julho de 1995, independente da época de plantio. A caracterização dos estádios fenológicas da cúrcuma consistiu na avaliação do período de crescimento vegetativo (PCV) e do período de crescimento dos rizomas (PCRi). O PVC englobou o período compreendido pelo plantio dos rizomas-semente até a época de máxima de matéria seca da parte aérea (MSPA), conforme também adotado por Goto (1993). O PCRi, correspondeu ao intervalo compreendido pelo momento em que a matéria seca dos rizomas (MSRi) superou a matéria seca do rizoma-semente plantado (1,1 g) até a colheita. MSPe corresponde à matéria seca da parte aérea dos perfilhos, sendo portanto, parte integrante da MSPA. As datas referentes aos pontos de máxima MSPA e início do PCRi, foram determinadas pelo uso de equações não lineares, conforme proposta de Draper & Smith (1981), Guimarães & Castro (1986). Também fez-se a determinação do parâmetro graus-dia, a fim de retratar o calor efetivo disponível à planta nos períodos subsequentes de seu desenvolvimento, em função das épocas de plantio estudadas. Para tanto, adotou-se o modelo de Holmes & Robertson (1959), sendo o valor, resultado da diferença entre a temperatura média do ar e a temperatura base da planta, considerada 10o C (Goto, 1993). O ciclo cultural e o período de desenvolvimento pós-emergência (PDPE), corresponderam ao período compreendido entre o plantio dos rizomas e a emergência das plantas, respectivamente, até a colheita. RESULTADOS E DISCUSSÃO O crescimento vegetativo da cúrcuma caracterizou-se nas etapas do préperfilhamento e do perfilhamento. A etapa do pré-perfilhamento, limitada até o aparecimento do primeiro perfilho, foi significativamente influenciada pelo fator época de plantio. Não houve efeito do fator densidade de plantio. Neste trabalho foi constatado início do perfilhamento aos 120, 92, 87 e 85 dias do ciclo das plantas provenientes, respectivamente, dos plantios realizados em 20/ 10, 20/11, 20/12 e 20/01. Em outros trabalhos observou-se aparecimento de perfilhos apenas a partir dos 100 dias após o plantio (Goto, 1993). Portanto, o atraso no plantio promoveu o aparecimento mais precoce de perfilhos (Figura 1), 249 A. B. Cecílio Filho & R. J. de. Souza diminuindo a etapa de pré-perfilhamento e adiantando o início da fase de perfilhamento. Verificou-se que independente do tratamento, o crescimento da parte aérea no estádio de pré-perfilhamento é muito lento, conforme também foi observado em trabalho conduzido por Goto (1993). Em geral, ao final deste perío- do, a produção de MSPA foi inferior a 15% do máximo obtido pela planta no decorrer do ciclo. Embora no estádio de pré-perfilhamento tenham sido verificados pequenos incrementos em valores absolutos no crescimento das plantas, estes corresponderam muitas vezes a altas taxas de crescimento relativo. Verifica-se portanto que são grandes os investimentos da planta neste estádio, sendo importante realizar as práticas culturais corretas como controle de plantas daninhas, irrigação e adubação. Sem dúvida, o crescimento exponencial que ocorrerá no período subsequente está condicionado entre outros fatores, ao bom desenvolvimento da planta durante o pré-perfilhamento. Figura 2. Acúmulo de matéria seca da parte aérea (MSPA), matéria seca de perfilhos (MSPe) e produção de rizomas por planta (RIZ/PLA), durante seu ciclo (dias após o plantio - d.a.p), em função da época e densidade de plantio. LAVRAS, UFLA, 1996. 250 Hortic. bras., v. 17, n. 3, nov. 1999. Caracterização dos estádios fenológicos da cúrcuma. O estádio de perfilhamento, limitado entre o aparecimento do primeiro perfilho e o ponto de máxima MSPA acumulada pela planta, caracteriza-se pelo acentuado aumento na MSPA. Conforme pode ser visto na Figura 2, o acúmulo de MSPA durante o período de pré-perfilhamento foi bastante pequeno. No estádio posterior, ou seja após o pré-perfilhamento, é grande a contribui- ção do acúmulo de MSPe na produção de MSPA. Portanto, este estádio foi denominado de período de perfilhamento. Conforme pode ser visto na Figura 2, as curvas de produção de MSPA e de matéria seca de perfilhos (MSPe) apresentam a mesma tendência uma vez que a participação da MSPe na MSPA no decorrer do ciclo da cúrcuma, foi em média de 49,5%, no momento de máxima produção de MSPA pela planta. Para o tratamento onde o plantio foi feito em 20/11 no espaçamento de 35 cm entre plantas, a produção de MSPA foi significativamente superior aos demais e a MSPe representou cerca de 65% do total da MSPA acumulada. O estádio do perfilhamento complementa o período de crescimento vegetativo, o qual é finalizado quando Figura 2. Continuação Hortic. bras., v. 17, n. 3, nov. 1999. 251 A. B. Cecílio Filho & R. J. de. Souza Época de plantio Figura 3. Efeito da época de plantio, 20/10, 20/11, 20/12 e 20/01, correspondentes à DAPP de 0, 30, 60 e 90 dias, respectivamente, sobre o início do período de crescimento do rizoma (PCRi). Lavras, UFLA, 1996. o máximo de MSPA é atingido. Seguese, então, um declínio na quantidade de MSPA da planta, que é proporcionalmente mais intenso à medida em que aproxima-se do final do ciclo, motivado pela diminuição da temperatura ambiente. Tal situação promoveu acentuada redistribuição de metabólitos e nutrientes da parte aérea para os rizomas. A MSPA, por ocasião da colheita, representou menos de 3% da matéria seca total da planta. Portanto, a época de plantio limita a extensão do período de crescimento vegetativo, principalmente em virtude das temperaturas existentes em cada época. De acordo com Squire (1990), o desenvolvimento da parte aérea da planta é grandemente influenciado pelos fatores que controlam este desenvolvimento, principalmente nos períodos onde ocorre incremento líquido da parte aérea. No presente estudo, foram observados períodos de crescimento vegetativo (PCV) da cúrcuma de 197, 166, 154 e 132 dias, respectivamente, para os plantios efetuados em 20/10, 20/ 11, 20/12 e 20/01. No entanto, também o fator espaçamento afetou significativamente o PCV, observando-se incremento linear no período de crescimento à medida em que foram usados maiores espaçamentos entre plantas. O início do período de crescimento de rizomas (PCRi), foi significativamente influenciado pelo fator época de plantio, não tendo sido constatado efei252 to significativo do fator espaçamento. Na figura 3 verifica-se que a planta respondeu linearmente às épocas avaliadas, tendo sido iniciado o PCRi aos 123, 115, 108 e 100 dias após o plantio, respectivamente, para os plantios em 20/10, 20/ 11, 20/12 e 20/01. Observou-se, portanto, maior precocidade para o início da formação de rizomas, em plantios mais tardios. Entretanto, em relação ao comprimento do ciclo apresentado pelas épocas de plantio estudadas, o início do PCRi equivaleu a 45,5%, 48%, 51,4% e 55%, respectivamente. Com base nestes resultados, a extensão do PCRi foi de 147, 124, 102 e 79 dias para os plantios de 20/10, 20/11, 20/12 e 20/01, respectivamente. As condições climáticas nestes períodos, especialmente de temperatura, foram possivelmente os principais responsáveis pela resposta diferenciada das plantas quanto à produção de rizomas. O efeito da temperatura na formação dos rizomas ficou evidente. Para o plantio de 20/11, época de maior produção, obteve-se 1.059 graus-dias para o PCRi enquanto que para o plantio de 20/01, época menos favorável à produção de rizomas, obteve-se apenas 553 grausdias durante o PCRi. Pode-se verificar na figura 2 que nos PCRi, os maiores incrementos, em valores absolutos, na produção de rizomas ocorreram em sua grande maioria, a partir do período em que a planta atingiu o máximo de MSPA, conforme também observado por Goto (1993). Entretanto, observou-se que mesmo com a evolução da senescência da parte aérea e consequentemente, redução da área foliar, houve considerável incremento da produção de rizomas por planta, nos últimos 30 dias do PCRi, tendo sido observados incrementos de até 23%, sendo de 8,7% a média dos tratamentos avaliados. Em relação ao ciclo vegetativo e período de desenvolvimento pós-emergência (PDPE), foi observado somente efeito significativo do fator época de plantio para as duas características. O ciclo de cultivo foi tanto maior quanto mais cedo realizou-se o plantio. Para os plantios realizados em 20/10, 20/11, 20/ 12 e 20/01, os ciclos foram de 270, 240, 210 e 180 dias, respectivamente. Embora Purseglove (1972) e Hertwig (1986) citam a cúrcuma como espécie perene, as condições climáticas do município de Lavras a torna metabolicamente anual, sendo colhida sempre no mês de julho, quando sua parte aérea senesce em decorrência das baixas temperaturas e consequentemente, determinando o comprimento do ciclo em função da época de plantio. A partir da segunda quinzena do mês de maio, a temperatura no município de Lavras normalmente decresce, ocorrendo no mês de junho temperaturas médias menores e/ou muito próximas à temperatura base da cúrcuma. Este estresse térmico induziu a planta de cúrcuma à senescência, tendo-se presenciado para o período em questão um amarelecimento progressivo da parte aérea, culminando com a completa morte dos tecidos. Quanto ao período de desenvolvimento pós-emergência, a linearidade da resposta constatada para extensão do ciclo de cultivo, neste caso, não foi verificada, uma vez que houve diferença no comprimento do período de emergência das plântulas de cúrcuma entre as épocas de plantio. Observou-se períodos de emergência de 40 e 15 dias, respectivamente, para os plantios realizados em 20/10 e 20/11, e de 12 dias para os plantios nas demais épocas avaliadas. Esta observação é muito importante, principalmente, avaliando-se a situação da primeira época de plantio (20/10), em que foram necessários 40 dias para Hortic. bras., v. 17, n. 3, nov. 1999. Caracterização dos estádios fenológicos da cúrcuma. emergência das plântulas. Este período foi extremamente longo, tanto que superou a diferença de 30 dias entre a primeira e segunda época de plantio e quase o período de emergência da segunda época, o que acarretou reflexos negativos para as plantas no decorrer de seu desenvolvimento; reflexos estes expressos no acúmulo de MSPA e MSRi, presentes na figura 2. Fazendo-se uma analogia entre a germinação de sementes de outras espécies e a brotação dos rizomas de cúrcuma, esta observação concorda com trabalhos descritos por Squire (1990), os quais relatam existir correlação positiva entre velocidade de germinação e emergência, iniciação foliar e atributos de expansão e produção de matéria seca da planta. Provavelmente, este longo período de emergência após o plantio de 20/10 foi devido a dois fatores. O primeiro deve-se possivelmente às condições intrínsecas do rizoma-semente, tais como balanço hormonal, favorecendo a dormência. Esta, embora não avaliada neste experimento, pôde ser caracterizada externamente ao rizoma, pela ausência de sinais de brotação; sinais estes, verificados a partir da segunda época de plantio pelo desenvolvimento de uma das gemas do rizoma-semente e entumescimento de outras. Esse broto apresentou-se visualmente maior nas épocas de plantio subsequentes. Como segundo fator, têm-se as condições do ambiente de cultivo, especialmente do solo. No período após o plantio em 20/10, foram constatadas temperaturas do solo muito elevadas (44oC, a 4 cm de profundidade, às 14:30 horas), podendo atuarem como agente quiescente, pois conforme reporta Mota (1983), afetam significativamente as atividades fisiológicas de germinação ou brotação. Embora trabalhando com outra cultura, Nova & Santos (s.d.) constataram que temperaturas do solo superiores a 29oC paralisaram o processo de brotação dos tubérculos de batata. Hortic. bras., v. 17, n. 3, nov. 1999. Provavelmente, estes foram os fatores responsáveis por propiciarem períodos de emergência muito semelhantes (15 a 12 dias) para os plantios de 20/10, 20/ 11, 20/12 e 20/01, e bem mais curto do que o verificado para o plantio de 20/10. O maior ciclo decorrente do plantio mais cedo do período avaliado (20/10), não trouxe benefícios, principalmente devido ao longo período de emergência, não permitindo às plantas um crescimento tão vigoroso quanto o observado para o plantio em 20/11. LITERATURA CITADA ALVARENGA, A.A. de. Estudo de alguns aspectos do desenvolvimento do feijão Jacatupé (Pachyrrizus tuberosus (Lam.) Spreng). Campinas: Unicamp, 1987. 174 p. (Tese doutorado). ARISMENDI, L.G. Efeito de métodos de produção de mudas e população no rendimento de repolho (Brassica oleracea var., capitata). Viçosa: UFV, 1975. 50 p. (Dissertação mestrado). BRASIL. Ministério da Agricultura. Departamento Nacional de Meteorologia. Normas Climatológicas - 1961 a 1990. Brasília. 1992. 84 p. CASTRO NETO, P.; SEDIYAMA, G.C.; VILELA, E. de A. Probabilidade de ocorrência de períodos chuvosos em Lavras, Minas Gerais. Ciência e Prática, Lavras, v. 4, n. 1, p. 56-65, jan/jun 1980. CHOAIRY, S.A.; FERNANDES, P.D. Densidades de plantio na cultura do abacaxi. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v. 18, n. 9, p. 985-988, set 1983. COMISSÃO DE FERTILIDADE DO SOLO DO ESTADO DE MINAS GERAIS. Recomendações para o uso de corretivos e fertilizantes em Minas Gerais: 4a aproximação. Lavras, 1989. 159 p. DRAPER, N.R.; SMITH, H. Applied regression analysis. New York: John Wiley, 2. ed., 1981. 709 p. DUARTE, R.D.; BOVI, O.A.; MAIA, N.B. Corantes - Programa de pesquisa do Instituto Agronômico de Campinas. In: SEMINÁRIO DE CORANTES NATURAIS PARA ALIMENTOS, 1. Campinas, 1989. Anais... Campinas: ITAL, 1989. p. 45-53. GOTO, R. Épocas de plantio, adubação fosfatada e unidades térmicas em cultura de açafrão (Curcuma longa L.). Jaboticabal: UNESP, 1993. 93 p. (Tese doutorado). GUIMARÃES, D.P.; CASTRO, L.H.R. Análise de funções de crescimento. Planaltina: CPAC/ EMBRAPA, 1986. 21 p. (Boletim de Pesquisa, 29). HERTWIG, I.F. Von. Curcuma. In: HERTWIG, I.F. Plantas aromáticas e medicinais. São Paulo: Icone, 1986. p. 254-265. HOLMES,R.M.; ROBERTSON,G.W. Heat units and crop growth. Ottawa: Canada Departament of Agriculture. 1959. p. 35. (Publicação 1042). LARCHER, W. Utilização de carbono e produção de matéria seca. In: LARCHER, W. Ecofisiologia Vegetal, São Paulo: EPU, 1986. p. 74-160. LUCCHESI, A.A.; MINAMI, K.; KALIL FILHO, A.N.; KIRYU, J.N.; PERRI JUNIOR, J. Produtividade do rabanete (Raphanus sativus L.) relacionado com a densidade de população. Anais da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, Piracicaba, v. 33, p. 577-83.1976. MAIA, N.B. A cúrcuma como corante. In: SEMINÁRIO DE CORANTES NATURAIS, 2. Campinas, ITAL, 1991. p. 65. MARSCHNER, H. Mineral nutrition of higher plants. London: Academic Press. 1990. 674 p. MENDONZA, J.F.B. Efeitos de poda e população de tomate (Lycopersicon esculentum Mill). In: MULLER, J.J.V. e CASALI, V.W.D. (ed). Seminários de Olericultura. Viçosa: UFV. 1982. v. 4, p. 122-40. MENGEL, K.; KIRKBY, E.A. Principles of plant nutrition. Bern: International Potash Institute, 1987. 687 p. MONDIN, M. Influência de espaçamentos, métodos de plantio e de sementes nuas e peletizadas, na produção de duas cultivares de alface (Lactuca sativa L.). Lavras, ESAL, 1988. 59 p. (Dissertação mestrado). MOTA, F.S. da. Meteorologia agrícola. São Paulo: Nobel 1983. 376 p. NOVA, N.A.V.; SANTOS, J.M. dos. Agrometeorologia , Piracicaba: ESALQ, s.d. 109 p. (Apostila) PURSEGLOVE, J.W. Zingiberaceae. In: PURSEGLOVE, J. Tropical crops Monocotyledons. London: Willian Cloves & Sons, v. 2, p. 519-544. 1972. RUSIG, O.; MARTINS, M.C. Efeito da temperatura, do pH e da luz sobre extratos de oleorresina de cúrcuma (Curcuma longa L.) e curcumina. Revista Brasileira de Corantes Naturais, Viçosa, v. 1, n. 1, p. 158-164.1992. SALISBURY, F.B.; ROSS, C. Plant Physiology. Belmont: Wadsworth Publishing Company, 1992. p. 425-443. SQUIRE, G.R. The physiology of tropical crop production. Wallingford: CAB International, 1990. 236 p. 253 nova cultivar SCOTTI, C.A.; NAZARENO, N.R.X. de. IPR 82-Araucária, cultivar de batata para olericultura sustentável. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 17, n. 3, p.254-256, novembro 1999. IPR 82-Araucária, cultivar de batata para olericultura sustentável. Carlos Alberto Scotti; Nilceu Ricetti Xavier de Nazareno IAPAR - Polo Regional de Pesquisa de Curitiba, C. Postal 2301, 80.001-970 Curitiba-PR. RESUMO ABSTRACT São apresentadas as principais características agroindustriais e morfológicas de uma nova cultivar de batata lançada pelo IAPAR, em parceria com a Embrapa Hortaliças, Brasília (DF) e a Embrapa Semente Básica, Canoinhas (SC). “IPR 82-Araucária” foi selecionada de populações clonais introduzidas do CIP, Lima-Peru, por meio da Embrapa Hortaliças e avaliada nas Estações Experimentais do IAPAR desde 1984. A nova cultivar apresentou como fatores positivos alta produtividade comercial e resistência de campo à requeima, permitindo prever reduções em até 50% no uso de fungicidas para o controle da doença. A suscetibilidade à mancha chocolate e sarna comum evidenciaram a necessidade de manejo adequado de densidade e época de plantio, calagem e irrigação para minimizar os riscos de ocorrência dessas doenças. Com essas características, “IPR 82-Araucária” apresenta potencial para atender às demandas de produtores orgânicos e para produção em áreas de mananciais de água. IPR 82-Araucária, potato cultivar for sustainable vegetable production. Palavras-chave: Solanum tuberosum, resistência horizontal, requeima, agricultura orgânica. Keywords: Solanum tuberosum, horizontal resistance, potato late blight, organic farming. The main agronomic, industrial, and morphological characteristics of a new Brazilian potato cultivar released by IAPAR, Embrapa Hortaliças, Brasília-DF and Embrapa Sementes Básicas, Canoinhas-SC are presented. “IPR 82-Araucária” has been selected from clonal populations derived from crosses done in CIP, Lima, Peru, and introduced for field evaluations in 1984. High yield and field resistance to late blight have been the main features of the new cultivar, allowing to predict reductions as much as 50% in fungicides applications. Susceptibility to internal brown necrosis and common scab requires special farmer’s attention in respect of planting density, liming, and irrigation management to decrease risks of incidence of these diseases. “IPR 82-Araucária” is potentially suited for organic farming, and for growing in areas close to water resources. (Aceito para publicação em 24 de agosto de 1999) O Estado do Paraná contribui com cerca de 25% da produção nacional de batata para consumo in natura (Scotti et al., sem data); a Região Metropolitana de Curitiba contribui com 70% dessa produção. Dependendo do sistema de produção adotado, o número de pulverizações com fungicidas pode chegar a 30 por safra, com média de 23 em Guarapuava e oito na Região Metropolitana de Curitiba (Nazareno et al., 1995). Esta região apresenta abundantes mananciais de água para o abastecimento da população urbana e rural. É constante a preocupação com a produção de batata nestas áreas, em relação aos riscos de contaminação da água por resíduos de pulverizações na cultura. O Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR) e a Embrapa Hortaliças, por meio dos seus centros de pesquisas localizados em Brasília (Embrapa Hortaliças), e em Pelotas (Embrapa Clima Temperado) e do Serviço de Produção de Semente Básica, em Canoinhas, vem 254 desenvolvendo atividades de pesquisa integradas visando o desenvolvimento tecnológico da cultura da batata. Fruto de mecanismos institucionais e do relacionamento técnico, esta integração tem dado resultados de uso imediato pelos produtores e de alto interesse à comunidade científica. Um dos principais produtos dessa integração foi o lançamento e recomendação para plantio no Estado do Paraná, da primeira cultivar paranaense de batata, IAPAR 27-Contenda, em 1987. Esta cultivar chegou a atingir mais de 50% da área cultivada na Região Metropolitana de Curitiba, num total de 25 mil hectares. Na evolução dos trabalhos, foi desenvolvida uma nova cultivar denominada IPR 82-Araucária, que pelas suas características de resistência à requeima, principal doença foliar da região, foi recomendada para suprir a demanda de produtores orgânicos na região. Este trabalho teve como objetivo descrever as principais características desta nova cultivar de batata, enfatizando sua capacidade para a produção com número reduzido de aplicações de fungicidas. ORIGEM A cultivar IPR 82-Araucária foi selecionada em ensaios de avaliação de famílias clonais realizados em Estações Experimentais do IAPAR, na região Centro-Sul do Estado. Sua introdução se deu na safra das águas de 1984, na Estação Experimental de Irati-PR. Os cruzamentos das populações iniciais foram feitos no CIP, Centro Internacional de la Papa, em Lima-Peru, e os tubérculos-semente foram encaminhados ao IAPAR através da Embrapa Hortaliças. Tentativas de conhecer a genealogia do clone junto ao CIP foram infrutíferas, pela não coincidência de identificação com que o mesmo foi introduzido pela Embrapa Hortaliças junto ao IAPAR. Hortic. bras., v. 17, n. 3, nov. 1999. Araucária, cultivar de batata para olericultura sustentável. AVALIAÇÕES AGRONÔMICAS E COMERCIAIS Na primeira fase, em 1984, de um total de 8.000 genótipos plantados, foram selecionadas 78 plantas, baseadas no vigor e sanidade relacionada às viroses. Após novo ciclo de avaliação, foram eleitos onze clones que receberam a denominação clonal de PCA’s, seguidos de numeração de ordem, os quais foram submetidos à limpeza e indexação, em 1987. Os testes de campo para avaliação dos clones promissores, comparativamente às cultivares tradicionais, iniciaram-se na safra das águas de 1990. Entre 1991 e 1995 o clone PCA-05 foi incluído numa série de ensaios constituintes do ECARCB/PR, tendo sido aprovado pela Comissão Técnica (ECARCB/PR, 1996), recebendo o nome de “IPR 82-Araucária” para efeito de lançamento, proteção e registro. Em todas as fases de estudo, os experimentos foram conduzidos seguindo as tecnologias de produção dos sistemas convencionais da região. Foram empregados níveis de adubação que variaram de 1500 a 2000 kg/ha da formulação 4-14-8 e co- bertura com 60 kg/ha de nitrogênio, na forma de sulfato de amônio; também foram efetuadas pulverizações com fungicidas protetores convencionais e inseticidas para controle de pulgões e vaquinha, em doses e número de aplicações conforme o preconizado para a região. Inicialmente, foram feitas as observações em plantas individuais ou linhas (clones) e, à medida que o volume de tubérculos foi aumentando, foram conduzidos experimentos em blocos ao acaso, com duas a quatro repetições, em parcelas de quatro linhas de cinco metros. Clones avançados participaram na rede cooperativa de avaliação de cultivares de batata, nas fases preliminar e avançado (ECARCB/PR, 1996). Como cultivares testemunhas foram utilizadas Delta, Baronesa, Radosa, Achat e Bintje, dependendo da fase de desenvolvimento do trabalho. As avaliações durante o ciclo vegetativo consideraram o vigor da parte aérea, o porte ereto e resistência às viroses e requeima, esta última avaliada através da área sob a curva de evolução da doença, sem controle químico (Nazareno et al., 1997). Na pós-colheita foram considerados o formato de tu- bérculos, coloração de película e polpa, profundidade do olho, ocorrência de defeitos fisiológicos (rachadura, embonecamento e descolorações internas), esverdeamento do tubérculo armazenado e produção total e comercial, em conformidade com o Ensaio Cooperativo de Avaliação Regional de Cultivares de Batata (ECARCB/PR, 1991). Determinações do teor de matéria seca, pelo método da estufa a 65oC e a 105o C e de qualidade de fritura em “chips” e “palito” por três minutos a 185oC e de coloração com escala de notas desenvolvida no IAPAR, com valores de 1=coloração amarelo claro a 5=coloração marrom queimado, foram feitas nas fases finais de avaliação do germoplasma (ECARCB/PR, 1996). Os clones que se destacaram, foram encaminhados para limpeza e indexação, no IAPAR, em Londrina, ou para a EMBRAPA/CNPH, dando origem à semente pré-básica. O aumento desse material indexado forneceu quantidades suficientes para os testes de campo, de comparação dos clones promissores com cultivares tradicionais. A Tabela 1 contempla o resumo das avaliações das diversas safras e locais, Tabela 1. Características agronômicas, matéria seca e capacidade de fritura da cultivar IPR 82-Araucária em comparação com testemunhas. Paraná, IAPAR, 1993 a 1995. (Médias e erro padrão de 12 ensaios). CARACTERÍSTICA Ciclo (dias) Peso tubérculo (g) Produção comercial (t/ha)1 Produção total (t/ha) Chocolate (%)2 Embonecamento (%)2 Esverdeamento 3 Matéria seca (%)4 Fritura "chips"5 Fritura "palito"5 IPR 82-Araucária CULTIVAR Achat Baronesa Bintje 117,3 ± 6,7 90,1± 8,6 18,3 ± 2,8 92,7 ± 2,6 49,0± 3,0 9,2 ± 1,5 104,8 ± 6,0 103,4±12,3 17,8 ± 2,1 100,9 ± 4,9 59,1 ± 7,8 11,7 ± 2,9 23,9± 2,9 32,2± 6,9 16,9 ± 2,2 18,1 ±13,2 24,4 ± 2,9 3,8 ± 1,2 20,1 ± 2,1 0,0 27,5 ± 6,0 37,6 ± 3,9 18,4 ± 0,7 0,0 39,4 ± 3,4 14,9 ± 0,5 8,4 ± 2,0 37,1 ± 3,3 18,0 ± 0,4 15,0± 4,4 22,7± 1,9 16,9 ± 1,9 3,3 ± 0,4 3,2 ± 0,4 2,5 ±0,4 2,2 ± 0,4 3,5 ± 0,4 3,3 ± 0,4 2,2 ± 0,2 1,9 ± 0,2 1 . Produção de tubérculos com diâmetro acima de 45 mm. . Incidência de mancha chocolate e embonecamento em amostras de 10 tubérculos. 3 . Área sob a curva do esverdeamento de tubérculos lavados, com avaliações aos 5, 10 e 15 dias de exposição em luz difusa, com escala de 10= sem esverdeamento a 40= tubérculos verdes. 4 Teor de matéria seca determinado pelo método da estufa a 65ºC e 105ºC. 5 Avaliação da aparência da fritura a temperatura de 185ºC, usando-se escala onde 1= coloração branco amarelada e 5= coloração marrom queimado. Fonte: ECARCB-PR – Relatório – 1996. 2 Hortic. bras., v. 17, n. 3, nov. 1999. 255 C.A. Scotti & N.R.X. de. Nazareno Tabela 2. Comportamento de cultivares de batata em área infectada de requeima. Curitiba, IAPAR, 1997. (Médias de 6 repetições). CULTIVAR Bintje Monalisa Elvira IAPAR 27-Contenda IPR 82-Araucária ASCRE1 2074, f2 2000, 1970, ef def 1556, bc 768, a DISPONIBILIDADE DE TUBÉRCULOS-SEMENTE O IAPAR, Polo Regional de Pesquisa de Curitiba e a Embrapa Sementes Básica disponibilizarão estoques prébásicos e básicos de tubérculos-semente da nova cultivar. 1 Área sob a curva de evolução de requeima. Valores mais elevados demonstram maior suscetibilidade da cultivar. 2 Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo Teste de Duncan a 5%. em comparação com as testemunhas “Achat”, “Baronesa” e “Bintje”. Observa-se que “IPR 82-Araucária” foi altamente produtiva, superando as três testemunhas, em produção comercial. Como fator negativo, a cultivar apresentou elevada incidência de mancha chocolate; para minimizar este problema recomenda-se plantios mais densos no período de produção de dezembro a fevereiro. Também apresentou peso médio de tubérculos superior a “Achat” e “Bintje” o que significa reduzido número de tubérculos abaixo de 45 mm de diâmetro, de pouco valor comercial. Avaliações do número de hastes/m2 mostraram valores médios de 7,1 ± 3,7 para a “IPR 82Araucária”, enquanto que “Achat”, “Baronesa” e “Bintje” apresentaram valores de 11,3 ± 4,4; 10,6 ± 4,8 e 13,0 ± 7,9, respectivamente, sendo este um fator positivo para o aumento do número de plantas na linha, como fator para redução da incidência da mancha chocolate. Observou-se teores de matéria seca aceitáveis e em valores superiores aos da cultivar Bintje, o que representa bom rendimento industrial; no entanto a aparência de fritura, tanto em “palito” como em “chips” deixou a desejar, com valores inferiores à “Achat”, cultivar não adaptada para a indústria de fritas (Tabela 1). Mesmo assim, observou-se alta aceitação pelos consumidores de “IPR 82-Araucária” preparada para fritura na região de Curitiba (Scotti et al., 1997). Em experimentos específicos para a avaliação do nível de resistência de campo à requeima sem controle químico, observou-se que em cultivares suscetíveis como “Bintje” e “Monalisa” a epidemia da doença atingiu mais de 95% de área foliar atacada, aos 25 dias após o início do aparecimento de sintomas, 256 enquanto que na mesma época a severidade em “IPR 82-Araucária” era de menos de 5% (Nazareno et al., 1997). A resistência da nova cultivar está demonstrada na Tabela 2; os dados apresentados referem-se à área sob a curva da epidemia de requeima (Cambell & Madden, 1990), em ensaio conduzido sob infecção natural, em Curitiba, na safra das secas de 1997. Observa-se que todas as cultivares testadas, à exceção da “IPR 82Araucária” apresentaram suscetibilidade à doença. Essa característica vem-se mantendo há várias safras, o que tem permitido prever uma redução de 50% na demanda de pulverizações com fungicidas para o controle da requeima (Nazareno et al., 1997). Essa característica da nova cultivar a torna com potencial para o cultivo orgânico. A observação em tubérculos indica suscetibilidade à sarna comum. Essa característica negativa à aparência comercial pode ser minimizada com o uso adequado da calagem do solo, uso de irrigação na época de tuberização e comercialização de tubérculos apenas escovados, que é a forma convencional de venda, em feiras de pequenos produtores. Complementando-se a descrição da cultivar IPR 82-Araucária apresenta-se a seguir seus principais descritores morfológicos e as características botânicas e vegetativas: plantas de ciclo vegetativo longo (117 dias); hábito de crescimento ereto; folhagem da planta aberta a intermediária; fechamento médio da folha; folíolos de tamanho pequeno a médio; asas nas hastes presentes e de formato ondulado; flores brancas; alta a média frequência de frutos; tubérculos oval-alongados, de película amarela, polpa amarela-clara e olhos rasos; aptidão culinária para cozimento. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem a colaboração dos Engenheiros Agrônomos João C. Zandoná, Newton A. Yorinori e Robson L. Mafioletti, à acadêmica de agronomia Norma Boschetto e aos técnicos agrícolas Horácio F.S. Juliatto e Jocemar F. de Campos, pelas suas contribuições e apoio nas diversas fases deste trabalho. Aos pesquisadores da Embrapa Hortaliças José Amauri Buso, Paulo Eduardo de Melo e Sieglinde Brune e da Embrapa Semente Básica Elcio Hirano e Odone Bertoncini pelo apoio e suporte técnico, que resultou no lançamento desta cultivar. Ao CNPq, pela bolsa concedida ao segundo autor. LITERATURA CITADA CAMPBELL, C.E.; MADDEN, L.V. Introduction to Plant Disease Epidemiology. New York: John Wiley & Sons, 1990. 532 p. ECARCB/PR. Normas e metodologia para execução do ensaio cooperativo de avaliação e recomendação regional de cultivares de batata. Estado do Paraná. Curitiba, 1991. 32 p. (Documento). ECARCB/PR. Comissão Técnica do Ensaio Cooperativo de Avaliação Regional de Cultivares de Batata para o Paraná. Relatório Técnico Final, período 1991/1995. Curitiba, 1996, 45 p. NAZARENO, N.R.X. de; BRISOLLA, A.D.; ZANDONÁ, J.C. Uso de agroquímicos na cultura da batata em Curitiba e Guarapuava, IAPAR, Londrina-PR, 1995 56 p. (Informe da Pesquisa, 114). NAZARENO, N.R.X. de; SCOTTI, C.A.; ZANDONÁ, J.C.; YORINORI, N.A.; MAFIOLETTI, R.L.; BOSCHETTO, N. Avaliação de clones e cultivares de batata para resistência à requeima no Paraná. Fitopatologia Brasileira, Brasília, v. 22, Suplemento, p. 289, agosto 1997. SCOTTI, C.A.; NAZARENO, N.R.X. de; GODOY, R.C.B.; HAMERSCHMIDT, I. Estudo da Cadeia Produtiva da Batata. SEAB/PR, Curitiba-PR. 47 p. sem data. (Documento). SCOTTI, C.A. ; NAZARENO, N.R.X. de; ZANDONÁ. J.C. Avaliação da qualidade de clone experimental de batata pelo consumidor final. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 15, n. 1, p. 74-76, maio 1997. Hortic. bras., v. 17, n. 3, nov. 1999. VIEIRA, R.F.; RESENDE, M.A,V. de; VIEIRA, C. Leopoldina: primeira cultivar de grão-de-bico para Minas Gerais. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 17, n. 3, p. 256-257, novembro 1999. Leopoldina: primeira cultivar de grão-de-bico para Minas Gerais. Rogério F. Vieira1; Maria Aparecida V. de Resende 1; Clibas Vieira2 1 Epamig, Vila Gianetti, 47, 36.571-000 Viçosa-MG; 2 , UFV-Deptº de Fitotecnia, 36.571-000 Viçosa-MG. RESUMO ABSTRACT A cultivar de grão-de-bico Leopoldina foi introduzida do “International Center for Agricultural Research in the Dry Areas” (ICRISAT), localizado na Índia, com a denominação ICCV-3. Suas sementes têm coloração creme (tipo kabuli) e o peso de 100 unidades varia de 28 a 36 g. Apresenta plantas com tipo de crescimentos ereto e inserção da primeira vagem alta. As plantas podem atingir 60 cm de altura. Seu ciclo de vida varia de 125 a 135 dias. É resistente à raça 1 do Fusarium oxysporum f. sp. cicero e tolerante aos nematóides causadores de galhas nas raízes. Nos ensaios conduzidos no outono-inverno com irrigação na Zona da Mata e no Norte de Minas Gerais, os rendimentos alcançados pela ‘Leopoldina’ variaram de 2.037 a 2.950 kg/ha. Leopoldina: first chickpea cultivar for Minas Gerais State, Brazil. Palavras-chave: Cicer arietinum, Fusarium oxysporum f. sp. cicero, nematóides, ciclo de vida, rendimento. Keywords: Cicer arietinum, Fusarium oxysporum f sp. cicero, nematodes, life cycle, yield. ‘Leopoldina’ was introduced from the International Center for Agricultural Research in the Dry Areas (ICRISAT), Índia, as line ICCV-3. The seeds are cream (kabuli type) and 100-seed weight ranges from 28 to 36 g. ‘Leopoldina’ has erect plant type and high first pod insertion. The plant can reach 60 cm in height, and its life cycle ranges from 125 to 135 days. ‘Leopoldina’ is resistant to race 1 of Fusarium oxysporum f.sp. cicero and tolerant to root-knot nematodes. In trials carried out during fall-winter with irrigation at “Zona da Mata” and “Norte” regions of Minas Gerais, Brazil, yields varied from 2,037 to 2,950 kg/ha. (Aceito para publicação em 27 de agosto de 1999) O grão-de-bico pode ser classificado em dois grupos de cultivares: kabuli e desi. Este último grupo, que predomina na Índia - o maior produtor dessa leguminosa -, não é comercializado no Brasil. As cultivares pertencentes ao grupo kabuli possuem grãos de cor creme com baixo teor de fibras. O consumidor brasileiro tem preferência pelas cultivares de grãos médios e grandes do grupo kabuli, os quais são consumidos na forma de salada ou de pasta. As temperaturas ótimas para o cultivo do grãode-bico estão entre 15 e 30ºC (Braga et al., 1992). Por isso, no sudeste do Brasil, ele deve ser cultivado no outono-inverno, com irrigação. A primeira cultivar lançada no Brasil ocorreu em São Paulo, em 1989. A ‘IAC Marrocos’, introduzida em 1964 do Marrocos, tem grãos de tamanho médio (26 g/100 unidades) e ciclo de vida de 125 a 140 dias (Braga et al., 1992). Em 1994, a cultivar Cícero (grãos grandes), selecionada de introduções procedentes do México, foi recomendada para cultivo no inverno nas condições edafoclimáticas do Brasil Central, onde o seu ciclo de vida é de, aproximadamente, 110 dias (Giordano & Nascimento, 1994). Minas Gerais tem grande potencial para o cultivo do grão-de-bico, por Hortic. bras., v. 17, n. 3, nov. 1999. causa da vasta área irrigada por aspersão e do clima ameno no outono-inverno na maior parte do estado. No entanto, não há cultivar recomendada para as condições edafoclimáticas de Minas Gerais. Logo, ‘Leopoldina’ é a primeira cultivar a ser lançada para esse estado. ORIGEM A cultivar Leopoldina foi introduzida do “International Center for Agricultural Research in the Dry Areas” (ICRISAT), localizado na Índia. Ela foi recebida em 1991, com a denominação ICCV-3. Esta linhagem provém de um cruzamento múltiplo [( K 850 x GW 5/7 ) x P 458 ] x (L 550 x Guamuchil) feito em 1975, e foi selecionada para ter resistência à raça 1 da murcha-de-fusarium (Fusarium oxysporum f. sp. ciceri), na Índia. DESCRIÇÃO Plantada em abril ou maio e irrigada, a emergência ocorre entre 6 e 9 dias. Da emergência ao início da floração a ‘Leopoldina’ leva entre 43 e 63 dias, dependendo do local. O ciclo de vida varia de 125 a 135 dias. Apresenta plantas com tipo de crescimento ereto e in- serção da primeira vagem alta, o que facilita a colheita mecanizada. As plantas atingem 55 a 60 cm de altura. A flor é branca e o comprimento da vagem é de 25 mm; em geral são produzidas 2 a 3 sementes por vagem. O índice de colheita normalmente varia de 37% a 48%. As sementes têm coloração creme e o peso de 100 unidades varia de 28 a 36 g. A cultivar Leopoldina é resistente à raça 1 de F. oxysporum f. sp. ciceri e tolerante aos nematóides causadores de galhas nas raízes (informação pessoal, Dr. Jagdish Kumar, ICRISAT). A cultivar Leopoldina teve bom desempenho quando plantada em abril ou maio na Zona da Mata e no Norte de Minas Gerais, sempre com irrigação. Em Coimbra, município da Zona da Mata localizado a 800 m de altitude, seu rendimento variou de 2.037 a 2.300 kg/ha (Braga et al., 1997). Em Leopoldina, município da Zona da Mata localizado a 210 m de altitude, o rendimento atingiu 2.959 kg/ha. Em Janaúba, Norte de Minas Gerais, ela rendeu 2.640 kg/ha. Em média, a cultivar Leopoldina rendeu 20% e 42% a mais que as cultivares IAC Marrocos e Cícero, respectivamente. Nesses ensaios, a ‘Leopoldina’ foi plantada no 257 R. F. Vieira et al. espaçamento entre fileiras de 50 cm, com 20 sementes por metro. A adubação nitrogenada de cobertura variou de 30 a 100 kg/ha de N. Não se fez uso de inoculante (Bradyrhizobium sp.). DISPONIBILIDADE DE SEMENTES AGRADECIMENTOS Os autores agradecem à FAPEMIG pelo financiamento da pesquisa que teve como resultado o lançamento da cultivar Leopoldina. BRAGA, N.R., VIEIRA, C., VIEIRA, R.F Comportamento de cultivares de grão-de-bico (Cicer arietinum L.) na Microrregião de Viçosa, Minas Gerais. Revista Ceres, Viçosa, v. 44, n. 255, p. 577-591, 1997. GIORDANO, L. de B.; NASCIMENTO, W.M. ‘Cícero’: nova cultivar de grão-de-bico para cultivo de inverno. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 12, n. 1, p. 80 (Resumo), 1994. LITERATURA CITADA Pequenas amostras de sementes da cultivar Leopoldina podem ser obtidas no Centro Tecnológico da Zona da Mata (EPAMIG), em Viçosa,MG. BRAGA, N.R., VIEIRA, R.F., RAMOS, J.A. de O. A cultura do grão-de-bico. Informe Agropecuário, Belo Horizonte, v. 16, n. 174, p. 47-52, 1992. normas NORMAS PARA PUBLICAÇÃO Instruções para apresentação de trabalhos à revista Horticultura Brasileira: I. O periódico, em português, é composto das seguintes seções: 1. Artigo Convidado; 2. Carta ao Editor; 3. Pesquisa; 4. Economia e Extensão Rural; 5. Página do Horticultor; 6. Insumos e Cultivares em Teste; 7. Nova Cultivar; 8. Expediente. II. Definição das seções: 1. ARTIGO CONVIDADO: sobre tópico de interesse atual, a convite da Comissão Editorial, tendo forma livre, porém devendo atender obrigatoriamente às alíneas (b) e (d) de PESQUISA, além de apresentar resumo, palavras-chave, abstract, título em inglês e keywords (observe instruções na alínea (e) de PESQUISA). Caso haja co-autores, é obrigatória a sua anuência à publicação. Caso haja citação de literatura, obedecer às alíneas (f) e (g) de PESQUISA. Caso haja tabelas, figuras, fórmulas químicas, referências a agrotóxicos ou inclusão de fotografias, obedecer as alíneas (j), (k), (l), (m) e (n) de PESQUISA; 2. CARTA ao EDITOR: publicada a critério da Comissão Editorial, tendo forma livre, porém devendo atender à alínea (b) de PESQUISA; 3. PESQUISA a) Artigo relatando um trabalho original, referente a resultados de pesquisa, ainda não relatados ou submetidos simultaneamente à publicação em outro periódico ou veículo de divulgação, com ou sem corpo editorial, e que, após submetidos a Horticultura Brasileira, não poderão ser publicados, parcial ou totalmente, em outro local sem a devida autorização por escrito da Comissão Editorial de Horticultura Brasileira; b) Os originais deverão ser submetidos em três vias, processados em microcomputador, em programa Word 6.0 ou superior, em espaço dois, fonte arial, tamanho doze. O disquete contendo o arquivo deverá ser incluído; c) Cada artigo submetido deverá ser acompanhado da 258 anuência à publicação de todos os autores, assim como de cópia do recibo ou comprovante que o valha de quitação da anuidade corrente da Sociedade de Olericultura do Brasil de pelo menos um dos autores; d) Os artigos serão iniciados com o título do trabalho, que não deve incluir nomes científicos para quaisquer espécies, sejam plantas ou outros organismos, a menos que não haja nome comum em português. Ao título deve seguir o nome e endereço postal completo dos autores (veja padrão de apresentação nos artigos publicados em Horticultura Brasileira, a partir do v. 14). Anotações como novo endereço de algum autor, referência a trabalho de tese, etc (veja padrão de apresentação nos artigos publicados em Horticultura Brasileira, a partir do v. 14) devem ser colocadas em notas de rodapé, com numeração consecutiva. Anotações como entidades financiadoras e concessão de bolsas devem ser colocadas em AGRADECIMENTOS; e) A estrutura dos artigos obedecerá ao seguinte roteiro: 1. Resumo em português, com palavras-chave ao final. As palavras-chave devem ser sempre iniciadas com o(s) nome(s) científico(s) da(s) espécie(s) em questão e nunca devem repetir termos para indexação que já estejam no título; 2. Abstract, em inglês, acompanhado de título e keywords. O abstract, o título em inglês e keywords devem ser versões perfeitas de seus similares em português; 3. Introdução; 4. Material e Métodos; 5. Resultados e Discussão; 6. Agradecimentos; 7. Literatura Citada; 8. Figuras e tabelas. f) Referências à literatura no texto deverão ser feitas conforme os exemplos: Esaú & Hoeffert (1970) ou (Esaú & Hoeffert, 1970). Quando houver mais de dois autores, utilize a expressão latina et alli, de forma abreviada (et al.), sempre em itálico, como segue: De Duve et al. (1951) ou (De Duve et al., 1951); g) As referências bibliográficas citadas no texto deverão ser incluídas em LITERATURA CITADA, em ordem alfabética, pelo primeiro autor. Quando houver mais de um artigo do(s) mesmo(s) autor(es), no mesmo ano, indicar por uma letra minúscula, logo após a data de publicação do trabalho, como segue: 1997a, 1997b. A ordem dos itens em cada refeHortic. bras., v. 17, n. 3, nov. 1999. rência deverá obedecer as normas vigentes da Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT, como segue: Periódico: NOME DOS AUTORES (em caixa alta, separados por ponto-e-vírgula. Independente do número de autores, todos devem ser relacionados, vedando-se, em Horticultura Brasileira, o uso de et alli na LITERATURA CITADA). Título do artigo. Título do Periódico (em Horticultura Brasileira sempre em itálico, vedando-se a utilização de abreviações), cidade de publicação (apenas para periódicos brasileiros), volume, número do fascículo (quando a informação estiver disponível), paginação inicial e final, mês (indicando com inicial maiúscula os meses para periódicos em inglês e, com inicial minúscula, para periódicos em português, e abreviando-se na terceira letra quando o nome do mês possuir mais de quatro letras), ano de publicação. Recue o início de uma eventual segunda linha de referência até alinhar-se com a terceira letra da linha inicial. Veja o exemplo: VAN DER BERG, L.; LENTZ, C.P. Respiratory heat production of vegetables during refrigerated storage. Journal of the American Society for Horticultural Science, v. 97, n. 3, p. 431 - 432, Mar. 1972. Livro: NOME DOS AUTORES (em caixa alta, separados por ponto-e-vírgula. Independente do número de autores do artigo, todos devem ser relacionados, vedando-se, em Horticultura Brasileira, o uso de et alli na LITERATURA CITADA). Título do livro (em Horticultura Brasileira sempre em itálico, vedando-se a utilização de abreviações). Cidade de publicação: editora, ano de publicação. Número total de páginas. Recue o início de uma eventual segunda linha de referência até alinhar-se com a terceira letra da linha inicial. Veja o exemplo: ALEXOPOULOS, C.J. Introductory mycology. 3 ed. New York: John Willey, 1979. 632 p. Capítulo de livro: NOME DOS AUTORES DO CAPÍTULO (em caixa alta, separados por ponto-e-vírgula. Independente do número de autores, todos devem ser relacionados, vedando-se, em Horticultura Brasileira, o uso de et alli na LITERATURA CITADA). Título do capítulo. In: NOME DOS EDITORES OU COORDENADORES DO LIVRO (em caixa alta, separados por ponto-e-vírgula. Independente do número de autores, todos devem ser relacionados, vedando-se, em Horticultura Brasileira, o uso de et alli na LITERATURA CITADA). Título do livro (em Horticultura Brasileira sempre em itálico, vedando-se a utilização de abreviações). Cidade de publicação: editora, ano de publicação. Páginas inicial e final. Recue o início de uma eventual segunda linha de referência até alinhar-se com a terceira letra da linha inicial. Veja o exemplo: ULLSTRUP, A.J. Diseases of corn. In: SPRAGUE, G.F. ed. Corn and corn improvement. New York: Academic Press, 1955. p. 465 - 536. Tese: NOME DO AUTOR (em caixa alta). Título da tese (em Horticultura Brasileira sempre em itálico, vedandose a utilização de abreviações). Cidade de publicação: instituição, ano de publicação. Número total de páginas. (Tese mestrado ou doutorado). Recue o início de uma eventual segunda linha de referência até alinhar-se com a terceira letra Hortic. bras., v. 17, n. 3, nov. 1999. da linha inicial. Veja o exemplo: SILVA, C. Herança da resistência à murcha de Phytophthora em pimentão na fase juvenil. Piracicaba: ESALQ, 71 p. (Tese mestrado). Trabalhos apresentados em congressos (quando não incluídos em periódicos): NOME DOS AUTORES (em caixa alta, separados por ponto-e-vírgula. Independente do número de autores do artigo, todos devem ser relacionados, vedando-se, em Horticultura Brasileira, o uso de et alli na LITERATURA CITADA). Título do trabalho. In: NOME DO CONGRESSO (em caixa alta, vedando-se, em Horticultura Brasileira, o uso de abreviações na LITERATURA CITADA), número do congresso. (seguido de ponto), ano de realização do congresso, cidade de realização do congresso. Título da publicação... (Anais...; Proceedings..., etc..., seguido de reticências): Local de edição da publicação: editora ou instituição responsável pela publicação, ano de publicação. Páginas inicial e final do trabalho. Recue o início de uma eventual segunda linha de referência até alinhar-se com a terceira letra da linha inicial. Veja o exemplo: HIROCE, R; CARVALHO, A.M., BATAGLIA, O.C.; FURLANI, P.R.; FURLANI, A.M.C.; SANTOS, R.R.; GALLO, J.R. Composição mineral de frutos tropicais na colheita. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE FRUTICULTURA, 4., 1977, Salvador. Anais... Salvador: SBF, 1977. p. 357 - 364. www site - Autor(es): MASSRUHÁ, S.M.F.S.; MANCINI, A.L.; MEIRA, C.A.A.; MÁXiMO, F.A.; FILETO, R.; PASSOS, S.L.Z. Quando o site não indicar autoria, entrar pelo título (ver exemplo 2). - Título: indica-se o título do documento consultado Ambiente de desenvolvimento de software para o domínio de administração rural. - Fonte (location, site ou host): indica-se, em itálico e na língua do texto, o nome do site onde o documento está armazenado, seguido da data, entre parênteses, em que o mesmo tomou-se disponível na lntemet. Disponível: site Agrosoft (07 fev. 1996) Disponível: Middlebuty College site (Feb. 7, 1996) URL: indica-se o endereço completo do site, precedido da sigla URL. URL:http:/Awww.agrosoft.com/agroport/docs95/ doc10.htm - Notas: data de consulta - indica-se, na língua portuguesa, a data em que a consulta foi efetuada. Consultado em 12 fev. 1996. Exemplo 1 MASSRUHÁ, S.M.F.S.; MANCINI, A.L.; MEIRA, C.A.A.; MÁXIMO, F.A.; FILETO, R.; PASSOS, S.L.Z. Ambiente de desenvolvimento de software para o domínio de administração rural. Disponível: site Agrosoft (07 fev. 1996). URL: http://www.agrosoft.com/agroport/docs95/ doc10.htm Consultado em 12 fev.1996. Exemplo 2 MARY Cassatt biographical sketch and paintings. Disponível: WebMuseum Paris site (1994). URL: http://www.oir.ucf.edu/louvre/paintauth/cassat Consultado em 10 abr. 1995. www page 259 - Autor(es): indica-se o(s) nome(s) do(s) autor(es) e em sua ausência, entra-se pelo título - Título: indica-se o título do documento consultado - Fonte (location, site ou host): indica-se, em itálico e na língua do texto, o nome do site onde o documento está armazenado, seguido da data, entre parênteses, em que o mesmo tomou-se disponível na intemet - Disponível: site EMBRAPA (25 set. 1995) - Endereço URL:http:/www.hortbras.com.br/resumos_ dos_artigos.htm - Notas: indica-se na língua portuquesa, a data em que a consulta foi efetuada Horticultura Brasileira. Resumos dos artigos (10 nov. 1998). URL: http:// www.hortibras.com.br/resumos_dos_artigos.htm. consultado em 19 nov. 1999. FTP (file transfer protocol) Citação de arquivo disponível para transferência, atra vés do serviço ftp. - Autor(es), quando conhecidos indica-se o(s) autor(es) BRUCKMAN, A. - Título: indica-se o nome completo do documento, em itálico Approaches to managing deviant behavior in virtual communities. - Fonte: URL ou endereço do site ftp - indica-se o en dereço completo do site URL: ftp.media.mit.edu pub/asb/papers/deviancechi94 ou ftp: ftp.media.mit edu pub/asb/papers/deviance-chi94 - Notas: data de acesso - indica-se, na língua portu guesa, a data em que a consulta foi efetuada. Consul tado em 4 dez. 1994. BRUCKMAN, A. Approaches to managing deviant behavior in virtual communities. ftp.media.mit edu pub/asb/papers/deviance-chi94 Consultado em 4 dez. 1994. Mensagem pessoal Documentos originados do correio eletrônico - Autoria: indica-se o nome do autor FERREIRA, S.M.S. - Assunto: indica-se o assunto, em itálico, no campo correspondente ao título, utilizando as informações con tidas na linha de assunto do e-mail. Notícias - Fonte: endereço - indica-se o endereço eletrônico do autor (o endereço pessoal poderá ser omitido, indicando em seu lugar o endereço da lista da qual o autor é assinante). smferrei@spider. usp.br indicação do tipo da mensagem - Mensagem pessoal - Notas: data da mensagem enviada 14 maio 1996 FERREIRA, S.M.S. Notícias. [email protected]. Mensagem pessoal. 14 mai 1996 Artigos de periódico (em CD-ROM e na lnternet) 260 - Autoria. - Título do artigo. - Título do periódico, por extenso, com iniciais maiúsculas. - Local de publicação, se houver. - Número do volume e fascículo e, se houver, o nome da seção. - Páginas (inicial e final) do artigo, ou número parágrafos (quando não apresentar paginação). - Data. - Endereço/protocolo (quando se tratar de documento disponível na intemet). - Indicação do tipo de mídia. - Data de acesso: indica-se, na língua portuguesa, a data em que a consulta foi efetuada, apenas quando se tratar de documentos disponível na lntemet. Exemplos: BARTSCH, S. Actors in the audience. Bryn Mawr Classícal Revíew, v.3, n.2, 10 par., 1995. Disponível: gopher:gopher. lib.virginia.edu:7OlOOIalpha/ bmrciv95195-3-2 Consultado em 07 ago 1996. WENTWORTH, E.P. Pitfalls of conservative garbage collection. Software - Practice & Experience, v.20, n.7, p.719-727, July 1990. CD-ROM. SP & E archive. Eventos Científicos Considerados em parte (em CD-ROM) - Autoria - Título e subtítulo da parte - Nome do evento - Número do evento - Data e local de realização - Título e subtítulo do evento - Local de edição - Editor - Ano de publicação - Páginas (inicial ou final) ou número de parágrafos (quando não apresentar paginação) - Indicação do tipo de mídia CARRILHO, J. Z.; SOARES, J. V.; VALÉRIO FILHO, M. Detecção automática de mudanças como recurso auxiliar no monitoramento da cobertura do terreno. ln: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE SENSORIAMENTO REMOTO, 8., 1996, Salvador. Anais. São Paulo: INPE / Sociedade Latino-Americana de Sensoriamento Remoto e Sistemas de lnforrnações Espaciais, 1996.26 par. CD-ROM. Seção artigos. h) A citação de resumos apresentados em congressos deve ser limitada a no máximo 20% do total de referências, exceto no caso de assuntos onde não há literatura em quantidade razoável; i) A citação de trabalhos com mais de dez anos de idade deve ser limitada a no máximo 50% do total de referências, exceto no caso de assuntos onde não há literatura em quantidade razoável; j) Somente deverão ser incluídas tabelas e figuras que apresentem dados relevantes à interpretação do assunto e que não possam ser apresentados em poucas linhas de texto. Dados apresentados em figuras não devem ser apresentados novamente em tabelas e vice-versa. As tabelas e figuras devem ser apresentadas ao final do artigo, uma por página, com numeração consecutiva; Hortic. bras., v. 17, n. 3, nov. 1999. k) Utilize o padrão da revista para títulos de tabelas, rodapés e legendas, indicando no título ou legenda, nesta ordem: local, instituição e ano de realização do trabalho. Tabelas e figuras devem ser sempre autoexplicativas, ou seja, o leitor deve entender o que está sendo demonstrado, sem ser necessário que consulte o texto. As tabelas devem ser configuradas no padrão SIMPLES do processador de textos Word, ou similar. Linhas verticais não são utilizadas e linhas horizontais devem aparecer somente entre o título e o corpo da tabela; entre o cabeçalho e o conteúdo da tabela e, quando for o caso, entre o conteúdo da tabela e a última linha; l) Ao longo do texto, as fórmulas químicas devem ser indicadas de acordo com a nomenclatura adotada pela Chemical Society (Journal of the Chemical Society, p. 1067, publicado em 1939). Em tabelas, as fórmulas químicas devem ser apresentadas no rodapé; m) No caso de agrotóxicos é vedada a utilização de nomes comerciais. Deve ser utilizado o nome técnico ou a referência ao princípio ativo; n) No caso do trabalho conter fotografias, a Comissão Editorial deve ser consultada. No caso de fotografias coloridas, os autores devem cobrir os custos adicionais. 4. ECONOMIA E EXTENSÃO RURAL: trabalho na área de economia aplicada ou extensão rural, tendo forma livre porém devendo atender obrigatoriamente às alíneas (a), (b), (c), (d), (f), (g), (h) e (i) de PESQUISA, além de apresentar resumo, palavras-chave, abstract, título em inglês e key words (observe instruções na alínea (e) de PESQUISA). Caso haja co-autores, é obrigatória a sua anuência à publicação. Caso haja tabelas, figuras, fórmulas químicas, referências a agrotóxicos ou inclusão de fotografias, obedecer as alíneas (j), (k), (l), (m) e (n) de PESQUISA. 5. PÁGINA DO HORTICULTOR: Comunicação ou nota científica, passível de utilização imediata pelo horticultor. Observar o mesmo padrão de PESQUISA. 6. INSUMOS E CULTIVARES EM TESTE: comunicação ou nota científica relatando ensaio com agrotóxicos, fertilizantes ou cultivares, tendo forma livre, mas devendo obedecer, obrigatoriamente as alíneas (a), (b), (c) e (d) de PESQUISA e, quando aplicável, as alíneas (f), (g), (h) e (i) de PESQUISA, além de apresentar resumo, palavras-chave, abstract, título em inglês e keywords (observe instruções na alínea (e) de PESQUISA). Caso haja co-autores, é obrigatória a sua anuência à publicação. Caso haja tabelas, figuras, fórmulas químicas, referências a agrotóxicos ou inclusão de fotografias, obedecer as alíneas (j), (k), (l), (m) e (n) de PESQUISA. 7. NOVA CULTIVAR: Comunicação relatando o registro de nova cultivar, tendo forma livre, mas devendo obedecer, obrigatoriamente as alíneas (a), (b), (c) e (d) de PESQUISA e, quando aplicável, as alíneas (f), (g), (h) e (i) de PESQUISA, além de apresentar resumo, palavras-chave, abstract, título em inglês e keywords (observe instruções na alínea (e) de PESQUISA). Caso haja co-autores, é obrigatória a sua anuência à publicação. Caso haja tabelas, figuras, fórmulas químicas, referências a agrotóxicos ou inclusão de fotografias, obedecer as alíneas (j), (k), (l), (m) e (n) de PESQUISA. 8. EXPEDIENTE: seção destinada à comunicação entre os leitores e a Comissão Editorial e vice-versa, na forma Hortic. bras., v. 17, n. 3, nov. 1999. de breves avisos, sugestões e críticas. O texto não deve exceder 300 palavras (1.200 caracteres) e deve ser enviado em duas cópias devidamente assinadas, acompanhadas de disquete e indicação de que o texto se destina à seção Expediente. Por questões de espaço, nem todas as notas recebidas poderão ser publicadas e algumas poderão ser publicadas apenas parcialmente. 9. Trabalhos que não atendam às alíneas (a), (h) e (i) de PESQUISA não serão aceitos. 10. Trabalhos que não atendam às alíneas (b), (d), (e), (f), (g), (j), (k), (l), (m) de PESQUISA serão devolvidos aos autores para que sejam adequados sem serem registrados na secretaria da revista. 11. Trabalhos que não atendam à alínea (c) de PESQUISA permanecerão na secretaria da revista, com processo de tramitação suspenso, por 90 dias a contar da data constante no aviso de recebimento do trabalho enviada aos autores pela Comissão Editorial. Findo esse prazo, caso as indicações contidas na referida alínea não tenham sido atendidas pelos autores, os originais dos trabalhos serão destruídos e o trabalho será excluído dos registros da secretaria da revista. III. Os manuscritos submetidos à publicação nas seções PESQUISA e ECONOMIA e EXTENSÃO RURAL serão apreciados por no mínimo dois assessores ad hoc, especialistas no tema do artigo apresentado, que darão parecer sobre a conveniência de sua publicação do trabalho, com base na qualidade técnica do trabalho e do texto. Os artigos submetidos à publicação nas demais seções, a critério da Comissão Editorial, podem também ser apreciados por assessores ad hoc. Ao seu critério, os assessores ad hoc poderão sempre que consultados indicar alterações que adequem o artigo ao padrão de publicação da revista. IV. Em caso de dúvidas, consulte a Comissão Editorial ou verifique os padrões de publicação em Horticultura Brasileira, v. 14 em diante. V. Os casos omissos serão decididos pela Comissão Editorial. Se necessário, modificações nas normas de publicação serão feitas posteriormente. VI. Os originais devem ser enviados para: Horticultura Brasileira C. Postal 190 70.359-970 Brasília - DF Tel.: (061) 385.9051 / 385.9000 Fax: (061) 556.5744 E.mail: [email protected] VII. Assuntos relacionados a mudança de endereço, filiação à Sociedade de Olericultura do Brasil - SOB, pagamento de anuidade, devem ser encaminhados à diretoria da SOB, no seguinte endereço: UNESP - FCA C. Postal 237 18.603-970 Botucatu - SP Tel: (014) 820 7172 Fax: (014) 821 3438 261