ANTROPOLOGIA DA RELIGIÃO Robson Stigar Introdução A autora Bettina Schmidt apresenta em seu capitulo denominado Antropologia da Religião no livro O espectro disciplinar da Ciência da Religião do autor Frank Usarski, uma visão panorâmica da antropologia da religião A autora apresenta a antropologia da religião da seguinte maneira: História da antropologia da religião; a antropologia nos dias atuais; os conceitos-chave da antropologia da religião e destaca a relevância da antropologia da religião. No livro O espectro disciplinar da ciência da religião do autor Frank Usarski temos uma divisão entre as subdisciplinas da ciência da religião, classificadas como subdisciplinas “clássicas” e subdisciplinas “complementares”. A antropologia da religião esta dentro das subdisciplinas “clássicas”, fato que entendo e concordo plenamente com esta posição, dado a relevância que a antropologia possuiu para entendermos a cultura, a religião, a religiosidade. Não que as disciplinas “complementares” não possuam a mesma relevância, mas para mim essas subdisciplinas “clássicas” são como a essência da ciência da religião, ou seja, a coluna dorsal da constituinte da ciência da religião, como forma de entendê-las. História da antropologia da religião Segundo a autora devemos estar atentos a natureza da religião, para melhor entende lá. A sociedade e as pessoas empregam o termo “religião” de forma irregular, acabam usando este termo para expor outras idéias, muitas vezes o senso comum permanece. O termo “religião” é por demais amplo para ser definido na esfera do senso comum. Dentro desta perspectiva a autora propõe que o estudo sobre a antropologia da religião deva ser iniciado pela história da academia, ou seja, pelo estudo do discurso e do conceito que os acadêmicos tem sobre a religião. A autora apresenta um breve histórico da antropologia, seu inicio e suas influências pelo iluminismo e pelo filosofo Rosseau, cujo pensamento era guiado pelo uso da razão. Novamente concordo com a autora, é necessário entendermos a historia da sociedade para entendermos os seus desdobramentos culturais, sociais, políticos e outros. Sem duvida o iluminismo é tido como o “carro chefe” das ciências na sociedade moderna, onde conseguimos interligar e instrumentalizar o conhecimento, as informações e com isso formalizar novos estudos e conceitos de cultura, sociedade, religião, tecnologia, entre outros. A interação é fundamental segundo a autora para se moldar qualquer conceito, a antropologia da religião nasce assim, da interação da cultura das civilizações, a fim de entender o mistério, o místico de cada cultura, fatos estes originários da cultura humana. A autora apresenta em seguida um pequeno panorama sobre os períodos formativo, modernos e rebelde a fim de mostrar como a história da mentalidade, das civilizações, hoje conhecida como história cultural influencio os conceitos da antropologia sobre a questão da religião e da religiosidade, o que é muito importante para o seu entendimento enquanto ciência clássica em busca de autonomia. No período formativo temos os acadêmicos ligados a evolução social dos seres humanos, neste período se começa a valorizar as culturas e tradições religiosas presentes no ser humano, se trata de um olhar cultural, mas já antropológico devido ao uso da razão em sus interpretações. A autora aponta que neste período a grande característica marcante foi o Darwinismo social, que tinha como idéia que a sobrevivência dos seres humanos estava ligada diretamente a sua sobrevivência do mais forte. Sobre esta idéia apresento e questiono se não foi neste período que tivemos a penetração do capitalismo na sociedade e a partir deste momento o temos ate o presente. Não resta duvida que o darwinismo social foi e ainda é um paradigma para muitas civilizações e também para a própria questão religiosa, mas este não foi o único fator a determinar o surgimento da antropologia da religião. A autora expõe algumas idéias de Tylor, segundo o qual tem o animismo foi a alavanca para a antropologia começar a estudar os fenômenos religiosos, Tylor acredita também que o animismo foi a primeira grande teoria na história da humanidade, buscava com isso a unidade psíquica da humanidade. No meu ponto de vista a autora foi bem acadêmica ao citar essas teoria de Tylor, personagem principal e fundamental na antropologia. Diante do período clássico a autora apresenta que temos que ter cuidado ao analisar a cultura alheia, pois a nossa perspectiva por ser totalitária ou mesmo reducionista, segundo a autora temos que ter cuidado para não julgar as outras teorias a partir da nossa perspectiva, principalmente com as religiões primitivas junto ao estagio pré-religioso. No período moderno a autora apresenta algumas idéias sobre o conceito de religião relevantes para o entendimento antropológico da religião como a teoria de THROWER que apresenta a religião como uma maneira codificada no qual o ser humano fala de si, de suas esperanças, dos medos, teoria próxima e semelhante ao funcionalismo. Apresenta também a visão de Durkheim sobre a religião, este por sua vez tinha como objetivo investigar as funções sociais da religião, pois a tem a religião como um “fato social”, onde segundo o qual todo o ser humano necessita de algum tipo de crença. Tais informações expostas pela autora são fundamentais para o entendimento da importância da antropologia da religião face a diversidade e o pluralismo existente nas diversas culturas. No período rebelde temos a questão da tradução como protagonista, a autora enfatiza as dificuldades diante da tradução, fato que traz inúmeros desencontros com as demais culturas principalmente as culturas estrangeiras e a religião como um fato cultural não pode deixar de ser investigado com o devido cuidado de não entrar em equívocos face ao fundamentalismo ou ao dogmatismo religioso. Antropologia da religião hoje A autora apresenta a questão da contextualização como a coluna dorsal da antropologia nos dias atuais, enfatiza que os antropólogos atuais tende a ter uma abordagem holística, contextualizando a religião com outras realidades e instituições, sendo dificilmente entendida separadamente ou isolada. Fato interessante face ao paradigma cartesiano que vem norteando nossa sociedade ate os dias atuais. Porem a sociedade vem a um bom tempo alertando para a virada paradigmática, onde o paradigma predominante seria o paradigma sistêmico. Pessoalmente não gosto do termo holístico, prefiro utilizar o termo sistêmico, pois este tem uma penetração maior na academia e se tratando de paradigma o mesmo é mais instrumental (racional) contemplando não só o religioso, mas o ecológico e a própria ciência. Porem entendo que a autora se propôs a reproduzir o os conceitos utilizados nos dias de hoje na antropologia, evidentemente isso não desvaloriza a antropologia da religião, precisamos apenas estar atentos pra não se fazer pré-julgamentos. A autora ainda apresenta a dificuldade da tradução no campo religioso. Sabemos bem o quanto difícil e perigosa é essa tarefa. Sendo assim a autora expõe que precisamos de um certo distanciamento critico para melhor compreender o real significado de determinados conceitos e idéias, principalmente na relação oriente e ocidente, onde o oriente é visto pelo ocidente de forma oposta a sua realidade, ignorando assim a sua diversidade e o pluralismo existente em cada cultura. Destaca a importância do relativismo cultural e a complexidade dos elementos insider e outsider nas culturas e nas religiões. Em minha visão a autora mais uma vez contemplou vários aspectos importante para o entendimento da antropologia da religião nos dias atuais. Conceitos-chave da antropologia da religião Não é uma tarefa fácil falar dos conceitos-chave da antropologia da religião uma vez que cada um deles sta recheado de mistério, porem a autora apresenta alguns elementos centrais em seu capitulo apontando como as pessoas expressam as suas crenças, os símbolos, os mitos, as lendas, os folclores de cada cultura e ate mesmo o próprio gênero pode ser considerado como um elemento chave para o entendimento da religião. Geertz propõe para a religião uma abordagem simbolista, onde os símbolos estabelecem a harmonia na vida e nas relações pessoais. A autora destaca ainda que esses símbolos precisam ser contextualizados, assim sendo a religião precisa se entendida e vista em seu contexto histórico-cultural. Tal idéia é de extrema relevância, porem devemos ter cuidado para não sermos por demais fundamentalista e esquecer o presente e com isto se alienar a uma crença que na atualidade não faz o mesmo sentido que se fazia em outros tempos, assim a contextualização ao meu ver deve ser um caminho de ida e de volta. Relevância da antropologia da religião A autora destaca que face a atualidade e ao processo de globalização mais do que nunca precisamos dar continuidade aos estudos de antropologia da religião, dado a violação das fronteiras da privacidade das culturas e tradições religiosas. Assim percebemos que temos cada mais presente a homogeneização e a dominação cultural, fato altamente criticado devido aos conceitos ideológicos em favor da globalização. A globalização acaba fazendo um pré-julgamento sob as culturas e tradições religiosas, sendo cada vez mais comum generalizar a cultura a partir de um conceito único e universal. Assim a globalização tende a trazer danos irreparáveis devido a cultura moderna ocidentalizada não respeitar a diversidade. Tal fato é inquestionável a autora mais uma vez tocou no cerne da questão em levantar a importância do respeito sobre as demais culturas, denuncia com muita clareza o quanto a globalização tende a ser perigosa para as culturas e religiões. Observamos assim novamente o uso radical do poder e da dominação sobre o mais fraco, percebe-se com isso claramente que o sistema capitalista também tem interesses na esfera religiosa. Conclusão Entendo como altamente relevante o capitulo de antropologia da religião presente no livro O espectro disciplinar da ciência da religião do autor Frank Usarski temos uma analise sobre a antropologia da religião, procurei destacar o que tem de mais importante na antropologia da religião, dando uma panorâmica geral do tema. Entendo como relevante este capitulo sobre antropologia da religião dado o modo que a autora Bettina E. Schmidt desenvolveu tal tema e conceitos delicados sendo abordados de modo claro e objetivo. Referências Bibliográficas SCHMIDT, B. Antropologia da Religião. In: USARSKI, F. O espectro disciplinar da Ciência da Religião, São Paulo: Paulinas, 2007. USARSKI, F. O espectro disciplinar da Ciência da Religião. São Paulo: Paulinas, 2007.