UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” INSTITUTO DE ARTES O PAPEL DA MUSICOGRAFIA BRAILLE COMO INSTRUMENTO DE APRENDIZAGEM JULIANA DALLA COSTA São Paulo 2011 JULIANA DALLA COSTA O PAPEL DA MUSICOGRAFIA BRAILLE COMO INSTRUMENTO DE APRENDIZAGEM Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Licenciatura em Educação Musical do Instituto de Artes da UNESP como requisito para aprovação. Orientadora: Profª Margarete Arroyo São Paulo 2011 JULIANA DALLA COSTA O PAPEL DA MUSICOGRAFIA BRAILLE COMO INSTRUMENTO DE APRENDIZAGEM Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Licenciatura em Educação Musical do Instituto de Artes da UNESP como requisito para aprovação. Orientadora: Profª. Drª. Margarete Arroyo COMISSÃO EXAMINADORA: _____________________________ Profª. Drª. Margarete Arroyo _____________________________ Profª. Drª. Yara Caznok AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus pela oportunidade de desenvolver este trabalho. Aos meus pais, irmão e toda minha família pelo incentivo. Ao meu namorado pela paciência, dedicação e companheirismo. À minha amiga Isabel Bertevelli que me ensina sempre. Aos alunos do curso de musicografia Braille, sempre tão prestativos e amigos. À minha orientadora Margarete Arroyo pela paciência, auxílio, empenho e todo conhecimento compartilhado. A todos que estavam ao meu lado nesta caminhada. I “Deficiência é não enxergar nas pessoas as suas verdadeiras eficiências”. (anônimo) “Não há saber mais ou saber menos: há saberes diferentes”. (Paulo Freire) II RESUMO Resumo: Esta pesquisa, que é de natureza qualitativa, tem como tema a educação musical especial. Aqui abordo o assunto do uso da Musicografia Braille pelos deficientes visuais por meio de procedimentos de pesquisa bibliográfica e pesquisa de campo. Essa, compreendeu a observação participante no curso de Musicografia Braille da Ordem dos Músicos do Brasil e entrevistas semi-estruturadas com seus alunos. O objetivo deste trabalho foi compreender a relação entre aprendizagem musical e Musicografia Braille. Os resultados apresentados são de que a Musicografia Braille age como uma ferramenta de aprendizagem para os deficientes visuais no que tange à apreensão da teoria musical básica e domínio de um tipo de notação musical que os propiciará autonomia na aprendizagem de novos repertórios instrumentais. Verificou-se também que é muito importante que se seja alfabetizado em Braille para aprender a Musicografia Braille, caso contrário essa aprendizagem será muito difícil. Palavras chave: Educação Musical Especial, Deficiência Visual, Musicografia Braille. III SUMÁRIO INTRODUÇÃO...............................................................................................................1 1. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 1.1 Preconceitos com o deficiente visual e a prática musical......................................3 1.2 Graus de deficiência visual e o uso Braille............................................................4 1.3 História e especificidades da Musicografia Braille...............................................4 1.4 Autonomia e independência..................................................................................5 1.5 Dificuldades da Musicografia Braille....................................................................6 2. PESQUISA DE CAMPO 2.1 A Pesquisa...........................................................................................................10 2.2 Ordem dos Músicos do Brasil – OMB................................................................11 2.3 Situado as pessoas: alunos e educadora musical.................................................12 2.4 Importância da Musicografia Braille...................................................................13 2.5 Aprendizagem e uso da Musicografia Braille.....................................................15 2.6 Dificuldades apresentadas pelos alunos..............................................................16 2.7 Dinâmicas das aulas observadas..........................................................................16 CONCLUSÃO E CONSIDERAÇÕES FINAIS..........................................................18 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................................20 ANEXOS.........................................................................................................................21 INTRODUÇÃO Este Trabalho de Conclusão de Curso tem como tema a educação musical com deficientes visuais, com foco na aprendizagem da musicografia Braille. O meu interesse na educação musical especial vem desde 2007, quando trabalhei pela primeira vez na APAE de Araras. Foi então que em 2009 descobri algo novo que me chamou a atenção, era a musicografia Braille. Neste mesmo ano estagiei no Instituto de Cegos Padre Chico com a professora Isabel Cristina Dias Bertevelli e desde então tenho participado de eventos a respeito, quando soube do curso de Musicografia Braille que é oferecido pela mesma educadora na Ordem dos Músicos do Brasil (OMB). Sei que há poucos profissionais capacitados a atuar nesta área e pouco se fala sobre este ensino, tanto dentro dos cursos superiores de Música quanto de um modo geral. Com isso, decidi pesquisar sobre este ensino na OMB por dois motivos: primeiro, que se trata de uma instituição criada para representar os músicos brasileiros e segundo, que este curso não é amplamente divulgado, e seu acesso acaba sendo restrito. A questão central de pesquisa foi: Qual o papel da musicografia Braille como instrumento de aprendizagem no processo de formação musical das pessoas com deficiência visual? O objetivo geral foi compreender a relação entre aprendizagem musical e musicografia Braille e os objetivos específicos foram conhecer acerca da Musicografia Braille e descrever sobre o curso de Musicografia Braille na OMB. Esta investigação justifica-se pela importância em contribuir para minha formação quanto educadora musical, contribuir no conhecimento de novos educadores musicais que estejam interessados nesta temática e divulgar a Musicografia Braille como um recurso a ser utilizado profissionalmente ou não. O estudo se desenvolveu por meio de uma pesquisa de campo no curso de musicografia Braille da Ordem dos Músicos do Brasil (OMB) através de observações das aulas e de entrevistas com a educadora musical responsável e com os alunos. Este trabalho está organizado em dois capítulos e uma conclusão. O primeiro capítulo traz a revisão bibliográfica onde abordo aspectos referentes a este ensino que utiliza como ferramenta de aprendizagem a musicografia Braille; menciono o preconceito com o deficiente visual em relação à prática e aprendizagem musicais; comento acerca de sua acessibilidade à partitura; quando e se ocorre sua autonomia e independência, e, finalmente, discorro sobre algumas especificidades da musicografia 1 Braille. O segundo capítulo traz a pesquisa de campo, onde situo o curso, de que maneira ele é pensado e algumas dinâmicas das aulas; apresento as pessoas e faço uma relação entre elas e a musicografia Braille através da importância, dificuldades, modo de aprendizagem e uso desta leitura apresentada por cada um. 2 1. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 1.1 Preconceitos com o deficiente visual e a prática musical: Hoje em dia, quando tanto se escuta sobre o termo inclusão, falar sobre educação especial parece algo simples, porém as pessoas que não estão envolvidas diretamente com o assunto ainda têm muitos preconceitos e criam certos mitos com relação à aprendizagem das pessoas deficientes. Louro (2003, p.3) afirma que “a falta de informação por parte das pessoas ‘não-deficientes’ em relação ao universo das com deficiências é o que normalmente gera o preconceito e por conseqüência disso, a falta de incentivo, falta de credibilidade no potencial dessas pessoas, e uma generalização da incapacidade do indivíduo”. Ao falar em educação musical para deficientes visuais, Louro (2003) ainda ressalta que a sociedade costuma transpor a incapacidade das pessoas deficientes para outras áreas da vida, acreditando que porque elas não podem enxergar, também não podem aprender, trabalhar ou fazer música. Porém, quando de fato o estudo da música por parte dos deficientes visuais acontece, vem sempre permeado de mitos e fantasias. Reily (2004, apud Bonilha, 2007) aponta que um desses mitos se refere à tendência de se superestimar ou de se subestimar as capacidades de uma pessoa cega, olhando-a segundo um estereótipo. Com isso, Bonilha (2007, p.2) complementa ao afirmar que essa concepção estereotipada aparece à medida que o cego, ora é considerado como uma pessoa naturalmente apta para a música (ou com dons musicais extraordinários), e ora é considerado como um músico incapaz de ler ou de compreender uma partitura, bem como de freqüentar uma escola de música regular. Com certeza existem muitas pessoas que acreditam que os deficientes visuais possuem dons musicais extraordinários e que nascem com uma capacidade auditiva excepcional. Neste ponto, Bertevelli (2010, p.59) esclarece que o deficiente visual “não nasce com um aparelho auditivo perfeito ou melhor, mas que a deficiência o obriga a desenvolver outros sentidos, principalmente uma capacidade muito grande para escutar”. 3 1.2 Graus de deficiência visual e o uso Braille: Quando falamos em deficientes visuais pensamos logo nas pessoas que são totalmente desprovidas de visão, quando na verdade estão divididas em duas categorias, assim como nos mostra Louro (2003): há os cegos que são aqueles desprovidos totalmente de visão e utilizam o método Braille para ler e escrever; e há os de visão subnormal que são aqueles que possuem baixa visão e utilizam métodos ampliados. A acessibilidade dos deficientes visuais à partitura acontece através da Musicografia Braille, um recurso didático de escrita e leitura tátil. Bertevelli (2010, p.59) afirma: “Tanto os cegos como os videntes são capazes de aprender e compreender a linguagem musical. A diferença está no material didático e no caminho utilizado para que se chegue aos objetivos propostos”. 1.3 História e especificidades da Musicografia Braille: Segundo ainda Bertevelli (2010, p.60), “Musicografia Braille é a escrita musical utilizada internacionalmente pelos cegos, se baseia no Sistema Braille criado na França em 1825 por Louis Braille e adotado no Brasil a partir de 1854, primeiramente no Rio de Janeiro, no Instituto Benjamin Constant”. Para entender o código Braille é necessário saber algumas especificidades a seu respeito. A primeira delas que devemos saber é que o [sistema] Braille é baseado na combinação de seis pontos em relevo, dispostos em duas colunas verticais e paralelas de três pontos cada uma. Esses seis pontos podem formar 64 combinações diferentes que por sua vez formam as letras, números, sinais ortográficos e sinais musicais, tais como notas, ligaduras, dinâmicas etc (LOURO; ALONSO; ANDRADE, 2006, p.42). A partir disso a pessoa cega é iniciada na aprendizagem da leitura e escrita Braille, para depois aprender os sinais musicográficos. 4 Bertevelli (2010) afirma que, como os sinais Braille de escrita e leitura são os mesmos para a música, é importante que o aluno cego comece a aprender a musicografia Braille somente após alfabetizado pelo Braille, para que assim ele possa compreender e usar facilmente esta ferramenta. Em entrevista com a educadora musical responsável pelo curso de musicografia Braille na OMB, pude confirmar esta afirmativa, ao perguntar se ser alfabetizado em Braille é condição indispensável para aprender a musicografia Braille. Não é indispensável, mas é bem importante. [...] Se o aluno cego não tem a percepção tátil, ele não vai ler nem Braille nem musicografia Braille, então para ele não vai servir. Mas se ele está se alfabetizando em Braille e reconhece pelo tato, é possível se alfabetizar em musicografia Braille; é possível, mas vai ser um processo mais lento. Quando ele já tem o sistema Braille bem definido, já consegue identificar bem os caracteres e tem uma boa leitura tátil, o aprendizado dele vai ser muito mais rápido. [...] Se ele não sabe Braille, mas ele é bom em música e já entende divisões, as figuras, fica até mais fácil. É mais difícil quando a pessoa não tem formação musical, então fica mais complicado mesmo. [...] O ideal é que ele seja alfabetizado em Braille e tenha um bom reconhecimento tátil para poder distinguir onde aquele sinal é letra e onde é nota musical, porque um mesmo sinal serve tanto para letra, para número ou para nota musical. Então ele vai distinguir em qual situação é um e em qual situação é outro. (Entrevista com Isabel Bertevelli). A aluna Manuela também confirma ao dizer que a musicografia Braille só vai ser importante na vida do músico se ele já souber o Braille, caso contrário terá trabalho dobrado. 1.4 Autonomia e independência: Segundo ainda Bertevelli (2010), ao aprender a notação musical Braille, os alunos cegos adquirem certa autonomia e independência, pois não dependerão apenas do ouvido ou da memória para aprenderem a música, terão elas registradas em Braille e também poderão transcrever as próprias composições. No entanto, o aluno cego, de certa forma, sempre dependerá da memória para executar uma música; ele precisa então decorar a partitura Braille, pois não é possível realizar leitura à primeira vista, já que ele precisa das duas mãos para realizá-la. 5 [...] o cego depende de sua memória para tocar. Ele não pode ficar lendo e tocando a música ao mesmo; ele tem que ler a partitura, memorizar, decorar e depois tocar. (Entrevista com Isabel Bertevelli) Assim sendo, aprender a notação musical Braille proporciona a inclusão de alunos deficientes visuais nas escolas e cursos superiores de música. 1.5 Dificuldades da Musicografia Braille: Mas para quem acredita que aprender Musicografia Braille seja fácil, Louro (2003), Bonilha (2007), Bertevelli (2010) e Herrera (2010) afirmam que há muitos problemas e dificuldades nesta linguagem. As três primeiras autoras citadas são unânimes ao afirmarem que um dos principais problemas é a falta de profissionais capacitados para ensinar a este público em diversas instituições e que há uma escassez de material musical Braille e isto faz com que o acesso a ele seja difícil. Já Herrera (2010), juntamente com Louro (2003), apontam algumas dificuldades que encontramos na partitura em Braille. As principais delas são: • em Braille não há separação entre as notas e seus valores, um mesmo sinal indica as duas informações simultaneamente; 6 *¹ Fonte: BRASIL, Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Novo Manual Internacional de Musicografia Braille. Elaboração: União Mundial de Cegos, Subcomitê de Musicografia Braille. MOTA, Maria Glória Batista da. (Coordenação). Secretaria de Educação Especial. Brasília: SEESP, 2004. 1ª edição. • não há clave para identificar altura das notas, é usado um sinal de oitava para que ocorra esta identificação; *¹ Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=103365> Acesso em: 1 de outubro de 2011. 7 *¹ Fonte: BRASIL, Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Novo Manual Internacional de Musicografia Braille. Elaboração: União Mundial de Cegos, Subcomitê de Musicografia Braille. MOTA, Maria Glória Batista da. (Coordenação). Secretaria de Educação Especial. Brasília: SEESP, 2004. 1ª edição. • impossibilidade de se alinhar verticalmente as notas que soam juntas e com isso a escrita harmônica não é possível, sendo estas notas escritas de forma horizontal; 8 Fonte: TOMÉ, Dolores. Introdução à Musicografia Braille. São Paulo: Global, 2003 • impossibilidade de leitura a primeira vista, já citada anteriormente; • na produção manual a escrita é feita “em espelho”, ou seja, escreve-se da direita para a esquerda com os pontos posicionados em lugar contrário da coluna (pontos 1, 2 e 3 são escritos no lugar dos pontos 4, 5 e 6), Máquina Braille Reglete • e finalmente, excesso de páginas devido a grande quantidade de informações escritas na horizontal, o que gera um custo elevado para sua produção. Herrera (2010) afirma que com todas essas dificuldades apresentadas, o ensino da Musicografia Braille e sua leitura não se tornam tarefas muito fáceis, já que é necessário ter um certo grau de conhecimento da teoria musical para ter acesso a este tipo de escrita, pois há uma grande pluralidade de sinais. Para finalizar, nota-se, segundo Bonilha (2007, p.6) que “o ensino da Musicografia Braille consiste em uma temática recente no campo da pesquisa, e, por isso, diversos caminhos podem ser trilhados, a fim de que novos conhecimentos possam ser construídos”. 9 2. PESQUISA DE CAMPO 2.1 A Pesquisa: A pesquisa proposta, de natureza qualitativa, recorreu aos procedimentos da pesquisa bibliográfica e de campo. Segundo CHIZZOTTI (1991, p.79), a pesquisa qualitativa “parte do fundamento de que há uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito”. O comportamento e conhecimento humano são levados em conta na análise e não se baseia apenas em dados isolados. Na pesquisa de campo, que foi realizada no curso de Musicografia Braille da Ordem dos Músicos do Brasil (OMB), foram utilizadas como instrumentos de coletas de dados a observação participante e entrevistas semi-estruturadas. As observações ocorreram entre os dias 02 de Maio e 27 de Junho de 2011, às segundas-feiras com duração de duas horas cada aula. As entrevistas foram realizadas em comum acordo com os participantes, que assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Anexo1) para a realização da mesma. Assim como afirmam Lüdke e André, a observação apresenta várias vantagens; dentre elas permite que o pesquisador esteja em contato direto e estreito com o fenômeno pesquisado, possibilitando “descobrir” novos aspectos de um problema. Segundo DENZIN (1978, apud Lüdke e André, p. 28) a observação participante “é uma estratégia de campo que combina simultaneamente a análise documental, a entrevista de respondentes e informantes, a participação e a observação direta e a introspecção”. A entrevista semi-estruturada baseia-se em um roteiro de perguntas que não está totalmente fechado. Chegamos ao informante com alguns questionamentos básicos sobre a informação que desejamos obter. No desenvolver da entrevista, novas perguntas vão surgindo conforme o informante relata suas experiências. Segundo TRIVIÑOS (1995), a liberdade e a espontaneidade do informante, seguindo um objetivo consciente traçado pelo pesquisador, enriquecem a investigação. A entrevista semi-estruturada 10 é aquela que parte de certos questionamentos básicos, apoiados em teorias e hipóteses, que interessam à pesquisa, e que, em seguida, oferecem amplo campo de interrogativas, fruto de novas hipóteses que vão surgindo à medida que se recebem as respostas do informante. Desta maneira, o informante, seguindo espontaneamente a linha de seu pensamento e de suas experiências dentro do foco principal colocado pelo investigador, começa a participar na elaboração do conteúdo da pesquisa. (TRIVIÑOS, 1995, p. 146). 2.2 Ordem dos Músicos do Brasil – OMB: Através de entrevista com a educadora musical do curso de Musicografia Braille da OMB soube que se trata de um curso experimental. O objetivo maior é atender deficientes visuais no conhecimento da escrita musical para que possam também se profissionalizar. O curso é continuado e não têm módulos, pelo menos até o momento, e não há exigências para cursá-lo, sendo gratuito. Isabel faz um planejamento de acordo com o grupo atendido e suas necessidades, o que nem sempre da certo, pois cada um tem uma formação musical. Ela segue basicamente o conteúdo do Manual Internacional de Musicografia Braille, ensinando os sinais das figuras e notas, sinais de oitava e suas regras, andamentos e outros assuntos: como transcrever para violão, piano, teclado, flauta etc. Observando as aulas, pude perceber que outro problema é a falta de material, uma vez que não há disponibilidade de computadores e impressora Braille, e há apenas três máquinas Braille; assim o curso é mais para leitura musical: aprender a teoria e escrita musical, já que Isabel produz e leva tudo pronto. A educadora musical diz que se tivessem computadores poderiam trabalhar com softwares específicos de Braille e musicografia Braille para produção de material, mas como não tem, ela trabalha dando ênfase na questão da educação musical que é de como ler uma partitura. Os alunos e a educadora preferem chamar o grupo de “grupo de estudos”, pois os alunos colaboram uns com os outros, tiram dúvidas e aprendem; tudo isso com a ajuda e supervisão da Isabel. O importante é envolver as pessoas, divulgar a Musicografia Braille como um recurso para ser utilizada profissionalmente ou não. O curso é oferecido desde 2009 quando Isabel foi chamada pelo presidente da OMB, o Sr. Roberto Bueno, para montar o grupo, de acordo com a reformulação que ele está fazendo na Ordem. Ele está investido em projetos sociais e esse é um deles. A idéia do curso partiu deles, por causa de um associado, de um músico que é cego. 11 O curso e os alunos sempre foram muito bem aceitos na Ordem. A procura maior tem sido pelos deficientes visuais. No momento há dois deficientes visuais, uma baixa visão e dois videntes. Porém há constantes mudanças, com novos interessados. 2.3 Situado as pessoas: alunos e educadora musical: No período em que foram realizadas as observações no curso de Musicografia Braille da OMB, havia sete alunos que freqüentavam as aulas, porém dois deles, um senhor cego e uma moça com baixa visão, pararam de freqüentar as aulas, então não entrarão na análise dos dados, pois não realizei entrevista com eles. Os cinco alunos que aqui irei citar terão nomes fictícios. Abaixo há a relação de freqüência dos alunos no período observado: Janaína Neuza Manuela Fabiana Fabrício 02.05.11 09.05.11 16.05.11 23.05.11 06.06.11 13.06.11 20.06.11 27.06.11 X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X De um total de oito aulas observadas, a freqüência foi: Janaína: 7 aulas Neuza: 5 aulas Manuela: 7 aulas Fabiana: 7 aulas Fabrício: 6 aulas A partir das observações feitas pude constatar que dentre estes cinco alunos havia duas pessoas cegas: Manuela é cega congênita e Fabrício adquiriu após um glaucoma; uma com baixa visão: Fabiana; e duas pessoas que enxergam (videntes): Neuza e Janaína. Através das entrevistas soube que alguns alunos já atuam ou atuaram profissionalmente na área da música e que outros possuem ou buscam formação em universidades e conservatórios. 12 A aluna Manuela toca piano, teclado, flauta doce e um pouco de violão, cursa Pedagogia e depois pretende fazer faculdade de educação musical para trabalhar apenas com a música. Ela toca piano profissionalmente em um restaurante na Zona Sul de São Paulo desde 2010; seu repertório é composto de música popular instrumental. Fabrício toca teclado, canta e sabe um pouco de flauta doce e violão. Antes de estudar música ele era DJ. Atualmente não trabalha mais nesta área, mas pretende futuramente, através da musicografia Braille, compor suas próprias músicas, cantar e tocar. Fabiana toca órgão eletrônico, porém não atua profissionalmente, cursa Musicoterapia, onde está aprendendo a tocar flauta doce e violão, e pretende futuramente utilizar a música como terapia. Neuza, que é vidente, é formada em piano no Conservatório Ernesto Nazareth (SP) e trabalha na área da música com ensino de piano e teclado, porém, no momento, não tem nenhum aluno deficiente visual. Janaína é uma senhora e toca piano e teclado há muitos anos. Atualmente não trabalha, mas já atuou profissionalmente com música, ensinando piano tanto para alunos videntes quanto para alunos com deficiência visual nas aulas de música em uma escola regular para deficientes visuais. A educadora musical Isabel, responsável pelo curso de Musicografia Braille na OMB, é formada em Educação Artística com habilitação em música pela UNESP. Tocou piano por alguns anos e quando ingressou na universidade se identificou com a flauta doce. Porém hoje se dedica apenas ao trabalho com educação musical e formação de educadores. Ela também é professora de musicografia Braille em uma escola regular para deficientes visuais, onde ensina também a flauta doce, instrumento que considera aliado à educação musical. 2.4 Importância da Musicografia Braille: Em entrevista com os alunos e com a educadora musical pude verificar que a importância da musicografia Braille se dá por ela trazer autonomia para os deficientes visuais. Os dois alunos cegos afirmaram igualmente que a importância em saber a musicografia Braille está no fato de saberem e entenderem o que se está executando: valores, nomes de nota, duração, harmonia etc. 13 Eu acho importante pra saber os valores daquilo que a gente está fazendo: os valores de cada nota, o que a gente está executando, saber os acordes, o que é que está representando o dó, que valor tem uma semínima, uma breve, uma fusa. (Entrevista com Fabrício). A musicografia é onde eu comecei a aperfeiçoar e entender o que eu estava executando na prática. [...] Hoje a musicografia faz parte da minha vida no sentido de estudo teórico. Por exemplo, se eu quero entender porque tal harmonia é assim, então eu vejo como representar isso. (Entrevista com Manuela). A aluna que tem baixa visão diz que a musicografia Braille a auxilia no estudo da faculdade e no estudo de seu instrumento, já que ela não tem mais tanta facilidade para ler uma partitura em tinta. Ela também acredita que sabendo a musicografia Braille terá autonomia e independência. [...] se você tem uma partitura em Braille e sabe ler, você automaticamente lê e não precisa de outra pessoa pra ditar. Eu prefiro que tenha uma partitura em Braille e então mesmo devagar eu vou lendo, do que depender de outra pessoa. (Entrevista com Fabiana). As alunas que são videntes também acreditam que o estudo da musicografia Braille, tanto por parte dos professores de música como por parte dos alunos deficientes visuais, é importante no ensino e aprendizagem da música, auxiliando os alunos a terem autonomia. Eu acho que sabendo a musicografia Braille você sabe ensinar melhor pra eles. [...] Você oferece a ele a partitura e o acompanha na leitura. (Entrevista com Janaína). Eu acho importante a musicografia no quesito de ter autonomia, pegar uma partitura e saber ler. Eu acho super importante a parte teórica também, entender os tempos, entender as figuras musicais. Eu acho que a musicografia Braille pode dar essa autonomia para o deficiente visual. (Entrevista com Neuza). A entrevista com a educadora musical Isabel nos confirma todas as afirmações ditas pelos alunos. Ela diz que a musicografia Braille é um auxílio para o estudo do deficiente visual. Também reforça que desta maneira o aluno cego tem autonomia, pois a partitura significa acessibilidade, além de ser um documento importante. 14 Se ele esquece um compasso, um andamento, então ele tem onde recorrer, ele não precisa de uma pessoa pra procurar pra ele. [...] Então ele vai ter autonomia de procurar seu material, de poder escrever uma melodia. [...] E outra coisa: a partitura é importante, é um documento e é um direito de todo mundo ter acesso a esse documento, seja pra pessoa que enxerga ou pra pessoa que não enxerga. (Entrevista com Isabel Bertevelli). 2.5 Aprendizagem e uso da Musicografia Braille: Os três alunos que se utilizam da leitura em Braille iniciaram sua aprendizagem em momentos diferenciados da vida, por isso o processo de aprendizagem da Musicografia Braille é diferente para cada aluno. Um fato comum é que todos dizem não possuir ainda domínio real sobre a leitura musicográfica. Fabiana, que tem baixa visão, iniciou sua aprendizagem pelo sistema Braille. Cursou um ano de Braille na Fundação Dorina Nowil para Cegos e somente depois iniciou sua aprendizagem na musicografia Braille, há um ano e meio atrás. Ela identifica devagar os sinais musicográficos e para ler e tocar uma música ela divide por trechos a leitura; ela lê, decora e também usa áudio para ajudar a memorizar. Fabrício e Manuela, que são cegos, possuem conhecimento musicográfico muito diferente, porém ambos também aprenderam primeiramente o sistema Braille para depois iniciarem a aprendizagem na musicografia Braille. Fabrício aprendeu Braille no final de 2008 em um Centro Estadual de Educação de Jovens e Adultos (CEEJA) e somente em março de 2011 iniciou o estudo da musicografia Braille. Com pouco tempo de estudo ele diz que para tocar uma música, no momento, só consegue “de ouvido”, pois não sabe todos os sinais musicográficos. Já Manuela, que iniciou seu estudo na musicografia Braille em 2002, também diz não ter domínio de todos os sinais musicográficos, apesar de já saber muitos sinais relacionados às figuras e notas e ter muita facilidade com a parte rítmica. Para tocar uma música que esteja em Braille ela utiliza a mesma técnica da aluna Fabiana. Primeiro eu leio, decoro um trecho, depois que entendi e decorei eu vou executar. (Entrevista com Manuela). 15 2.6 Dificuldades apresentadas pelos alunos: Em entrevista com os alunos e observando as aulas pude perceber que uma das maiores dificuldades apresentadas pelos alunos está relacionada à identificação da grande quantidade de sinais musicográficos. Eles alegam que seu domínio práticomusical é diferente do seu domínio teórico. A prática está adiantada em relação à teoria e por isso eles sentem muitas dificuldades na hora de identificar os sinais mais complexos como, por exemplo: sinais relacionados à harmonia, dinâmicas e ligaduras. Eu consigo identificar muito bem as partes da melodia em Braille, mas a harmonia é muito difícil. Uma partitura de piano é muito difícil. (Entrevista com Manuela). 2.7 Dinâmicas das aulas observadas: Como foi dito anteriormente, as aulas de musicografia Braille são voltadas para a aprendizagem da leitura musical. Portanto durante as aulas eram discutidas várias especificidades referentes a esta temática, como por exemplo, os sinais de intervalos para se escrever notas que soam simultaneamente, ou seja, a harmonia. A educadora musical Isabel proporcionava atendimento individual aos alunos, atendendo às suas necessidades, mas também realizavam atividades em conjunto. Os alunos se ajudavam e trabalhavam em grupos, e com isso aprendiam mais rapidamente a partir das dúvidas dos colegas. Pude observar que o aluno Fabrício, que é cego, estava em seu início de aprendizagem musical. Durante algumas aulas ele praticava escrevendo na máquina Braille as notas (dó, ré, mi, fá, sol, lá, si) e valores (mínima, semínima, colcheia, semicolcheia, fusa e quartifusa) para memorizar os sinais. Isabel o atendia individualmente e fazia alguns exercícios com ele. Ela escrevia na máquina Braille solfejos melódicos e rítmicos para ele decorar e cantar e também fazia ditados rítmicos. Ele também praticava encontrar o ritmo solfejado pela Isabel em uma folha que continha diversos ritmos. A aluna Fabiana está no processo de aprendizagem e possui certo conhecimento sobre a leitura musicográfica, mas ainda tem dificuldades para identificar os sinais. Esta aluna, que tem baixa visão, cursa graduação em musicoterapia. Ela já consegue escrever melodias simples no Braille e por possuir ainda o recurso da visão, 16 durante as aulas ela transcreveu para o Braille algumas músicas que estavam em tinta no ampliado. Essas músicas transcritas ela toca na flauta doce contralto. São elas: “Trenzinho do Caipira” (Anexo 2) de Heitor Villa-Lobos e “Minueto” (Anexo 3) de Johann Krieger. Fabiana pretende futuramente trabalhar com crianças e por isso aproveitava as aulas para produzir material pedagógico para elas. Trata-se de material adaptado e acessível, tanto em Braille como no ampliado. Uma das músicas transcritas para o Braille foi “Noite Feliz” (Anexo 4) com apenas a melodia e a letra. Marcela é aluna cega desde nascença e já possui certo domínio sobre a musicografia Braille; é a mais avançada da turma. Ela possui uma boa percepção tátil e com isso as leituras se tornam fáceis. Durante as aulas ela ajudava Isabel nas dificuldades e dúvidas dos outros alunos. Também colaborava na revisão de material musical em Braille. As alunas Janaína e Neuza são videntes e em algumas aulas trabalhavam em dupla transcrevendo partituras em tinta para o Braille e fazendo a revisão. Todos os alunos também participam coletivamente das atividades propostas pela educadora musical. Freqüentemente Isabel levava músicas em Braille para todos analisarem e estudarem os sinais. Uma das músicas trabalhadas foi “O Cisne” (Anexo 5) de Camille Saint-Saëns, na qual todos deveriam identificar onde estavam os sinais de fórmula de compasso, notas e outros sinais referentes à música, além de identificarem quantos compassos havia. A educadora disponibilizava folhas com exemplos musicais em Braille (Anexo 6) para todos aprenderem novos sinais como: “MD” (mão direita) e “ME” (mão esquerda), usada em partituras para piano e teclado; “em acorde”, significando que as notas seguintes estão em posição de acorde; sinal de tercina; sinal de palavra, ligaduras (de valor, simples e de fraseado); etc. Os alunos também praticavam a leitura rítmica, na qual todos os valores são escritos usando-se a nota “dó”, pois como foi dito anteriormente não há separação entre as notas e seus valores. A professora Isabel distribuiu uma folha de exercícios rítmicos (Anexo 7) para eles estudarem, sendo que os primeiros eram simples contendo apenas semínimas, colcheias e semicolcheias e outros já possuíam ponto de aumento, pausas e ligaduras. 17 CONCLUSÃO E CONSIDERAÇÕES FINAIS A partir desta pesquisa pude constatar que a educação musical especial ainda é um campo que necessita de muitos pesquisadores e mais bibliografia específica, além de cursos e disciplinas nas Universidades, para que os profissionais estejam aptos e preparados para lidar com qualquer tipo de público. Através da revisão bibliográfica pude também verificar que há escassez de material musical Braille e isto faz com que o acesso a ele seja difícil. Bonilha (2006, p. 94) afirma que De fato, essas fontes são bastante escassas, e as iniciativas de difusão da Musicografia Braille são pontuais e isoladas. Mesmo os estudantes que têm a oportunidade de aprender e dominar o código enfrentam muitas dificuldades quanto à obtenção de materiais transcritos. Notase que a produção dessas partituras é muito pequena, tanto porque há poucos locais em que ela ocorre, quanto porque ela ainda se faz de um modo muito lento e quase artesanal. Neste trabalho foi realizada, além da pesquisa bibliográfica, a observação participante e as entrevistas semi-estruturadas. Todas as etapas desse processo de pesquisa consistiram em uma rica fonte de aprendizado, da qual pude verificar que a Musicografia Braille serve como ferramenta de aprendizagem aos deficientes visuais auxiliando-os no estudo tanto da faculdade como do instrumento e proporcionando-os autonomia e independência. Desta forma não dependerão apenas da memória para executar uma música ou de outra pessoa para ditar ou procurar uma partitura. Contudo, não podemos dizer que o aluno cego após aprender a leitura musicográfica não precisará mais de sua memória para executar um repertório, pois como dito no primeiro capítulo, não é possível realizar uma leitura à primeira vista. Então, de certo modo, apesar de terem que memorizar uma música e utilizar muito a audição também como recurso para tocar, utilizam a musicografia para aprender a teoria do que estão realizando na prática e para consulta em partituras musicais; porém, este público pesquisado, não utiliza a musicografia para registrar as músicas que “tiram de ouvido” ou que compõem, pois o domínio prático-musical é diferente do domínio teórico, estando este último mais atrasado com relação à prática instrumental; ou seja, a grande quantidade de sinais musicográficos é a maior dificuldade encontrada por eles para realizar a leitura e a escrita. 18 Como foi constatado nas entrevistas, para executar uma música, geralmente os deficientes visuais lêem, decoram um trecho e depois que entenderam e decoraram irão executar. Alguns também utilizam áudio, quando disponível, para ajudar a memorizar. Para estas pessoas, a importância de se aprender a musicografia Braille está no fato de saberem e entenderem o que se está executando na prática. Além disso, a partitura, como disse a professora Isabel, significa acessibilidade, e é um documento importante que todos têm direito a ter acesso, seja a pessoa que enxerga ou o deficiente visual. Um fator que destaco é a importância do deficiente visual ser alfabetizado em Braille antes de iniciar sua aprendizagem na musicografia Braille, pois os sinais Braille de escrita e leitura são os mesmos para a música. Desta forma ele poderá compreender e usar facilmente esta ferramenta, caso contrário terá trabalho dobrado. A meu ver este trabalho contribuiu muito para minha formação como educadora musical e espero contribuir com outras pessoas interessadas nesta temática, para que possam desenvolver novas pesquisas e investigações acerca da relação entre aprendizagem musical e musicografia Braille. Também novos questionamentos podem ser pesquisados, por exemplo, como se dá a interação da musicografia Braille e a aprendizagem instrumental, novos caminhos de aprendizagem e as dificuldades apresentadas pela musicografia Braille e a interação do aluno deficiente visual nas aulas de musicalização. 19 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: BERTEVELLI, Isabel C. D. La Educación Musical de personas com deficiencia visual y la Musicografía Braille. 2010. Disponível em <http://www.saccom.org.ar/2010_reunion9/actas/11.Bertevelli.pdf> Acesso em: 10 de fevereiro de 2011. BONILHA, F.F.G. Leitura Musical na Ponta dos Dedos: Caminhos e Desafios do Ensino de Musicografia Braille na Perspectiva de Alunos e Professores. 2006. Disponível em: <http://cutter.unicamp.br/document/?code=vtls000380211> Acesso em: 18 de outubro de 2011. BONILHA, F.F.G. Ensino de Musicografia Braille: Um caminho para a educação musical inclusiva. 2007. Disponível em: <http://www.anppom.com.br/anais/anaiscongresso_anppom_2007/educacao_musical/ed mus_FBonilha_CCarrasco.pdf> Acesso em: 21 de fevereiro de 2011. CHIZZOTTI, Antonio. Pesquisa em Ciências Humanas e Sociais. São Paulo: Cortez, 1991. HERRERA, Romina. La musicografia Braille en el aprendizaje de La Música. 2010. Disponível em: <http://www.saccom.org.ar/2010_reunion9/actas/14.Herrera.pdf> Acesso em: 10 de fevereiro de 2011. LOURO, Viviane. A Pessoa com deficiência visual total e a prática da regência. 2003. Disponível em: <http://www.musicaeinclusao.com.br/xmedia/artigos/A_pessoa_com_deficiencia_visual _e_a_regencia.pdf> Acesso em: 1 de fevereiro de 2011. LOURO, Viviane S.; ALONSO, Luis G.; ANDRADE, Alex F. Educação Musical e deficiência: propostas pedagógicas. São José dos Campos, SP: Ed. do Autor, 2006. LÜDKE, Menga; ANDRÉ, Marli E. D. A. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São Paulo: EPU, 1986. TRIVIÑOS, Augusto N. Silva. Introdução à Pesquisa em Ciências Sociais: A Pesquisa Qualitativa em Educação. São Paulo: Editora Atlas S.A., 1995. 20 ANEXO 1 TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (Maiores de 18 anos) Você está sendo convidado (a) para participar da pesquisa intitulada “O PAPEL DA MUSICOGRAFIA BRAILLE COMO INSTRUMENTO DE APRENDIZAGEM”, sob a responsabilidade dos pesquisadores Juliana Dalla Costa (graduanda) e Margarete Arroyo (orientadora). Nesta pesquisa nós estamos buscando compreender a relação entre aprendizagem musical e Musicografia Braille. O Termo de Consentimento Livre e Esclarecido será obtido pela pesquisadora Juliana Dalla Costa (graduanda) no momento da aula de Musicografia Braille na Ordem dos Músicos do Brasil. Na sua participação você poderá ser observado, não haverá registro fotográfico enquanto participa das aulas de Musicografia Braille e será solicitado a responder algumas perguntas que serão gravadas. Após a transcrição das gravações para a pesquisa elas serão desgravadas. Em nenhum momento você será identificado. Os resultados da pesquisa serão publicados e ainda assim a sua identidade será preservada. Você não terá nenhum gasto e ganho financeiro por participar na pesquisa. Os riscos só ocorrerão se houver desrespeito ao sigilo a identidade dos sujeitos, o que não deverá ocorrer visto que os pesquisadores seguirão a Resolução 196/96. Os benefícios serão indiretos, na medida em que seus resultados contribuirão para minha formação quanto educadora musical, contribuirão no conhecimento de novos educadores musicais que estejam interessados nesta temática e divulgarão a Musicografia Braille como um recurso a ser utilizado profissionalmente ou não. Você é livre para deixar de participar da pesquisa a qualquer momento sem nenhum prejuízo ou coação. Uma cópia deste Termo de Consentimento Livre e Esclarecido ficará com você. Qualquer dúvida a respeito da pesquisa, você poderá entrar em contato com: Pesquisadores: Rua Dr. Bento Teobaldo Ferraz, 271 – Barra Funda. Fone: (11) 3393-8546 São Paulo, ............ de ............................. de 20........... _________________________________ Juliana Dalla Costa _________________________________ Margarete Arroyo Eu aceito participar do projeto citado acima, voluntariamente, após ter sido devidamente esclarecido. _______________________________ Participante da pesquisa 21 ANEXO 2 22 9.o trenzinho do caipira9 “O trenzinho do caipira” .villa-.lobos <'tema,> Villa-Lobos (tema) .c .>"$'ff:d 3>.c .>"}'gg$e 3>.dm .>.?'ddwi 3>.am .>"}'gg$e .>"}'gg$e 3>.dm .>":'ee?j 3>.b4' .>"s'v<2 3>.am p'v \'hh}f q'v .c .c .dm q'v ['ii\g r'v .dm .g .c "tp ['ii\g r'v .em .f .em $'ff:d :'.ee?j s'xj .c .b4' .am s'xj s'xj s'xj .am .am .am 23 ANEXO 3 24 9.minueto9 “Minueto” .johann .kriger <'trecho,> <'trecho,> Johann Krieger (trecho) #c4 >/l "s' :$} :$} r' ?:$ }?: $$? ":$$ s'<2 >.fine' <7"s\ }$: r} $:? }\[ r$ }\\ "n'<2 >.d' .c' al .fine' 25 ANEXO 4 26 9.noite .feliz9 “Noite Feliz” #c4 .>"\'i\ p' \'i\ p' .o: t' 3>.c .g#g .>.n? "r' s[ ?'j[ \'i\ p' 3>.c .f .c .>"s[ ?'j[ \'i\ p' .o: }'ew 3>.f .c .g#g .>.n' p' ?'"h$ \'g: n'`c n'<k 3>.c .g#g .c 27 9.letra9 “Letra” .noite feliz1 noite feliz .+ senhor1 .deus de amor .pobrezinho nasceu em .bel=m .eis na lapa .jesus1 nosso bem .dorme em paz1 + .jesus .dorme em paz1 + .jesus .noite feliz1 noite feliz .+ .jesus1 .deus da luz .qu>o af(vel = teu cora&>o .que quiseste nascer nosso irm>o .e a n+s todos salvar .e a n+s todos salvar .noite feliz1 noite noite feliz .eis que no ar vem cantar .aos pastores1 seus anjos no c=u .anunciando a chegada de .deus .de .jesus salvador .de .jesus salvador 28 ANEXO 5 29 30 9.o .cisne9 “O Cisne” .c' .saint-.saens C. Saint-Saens .sugest>o de ritmo3 valsa Sugestão de ritmo: valsa #c4 .>.\%}w $:"\ s`cij nv "p%gh 3>.g .am .>"ijdef%g .t'`c jxvv \%}"w 3> .g .>.$:"\ %s`cij %n' %"}'%h%ij 3> .f%#g .bm .>%.def%g%h%i ;o'`c exvv :w\ 3>.f%#g .bm .g .>.$%}\ o`cef %qv ;?[} 3>.g4 .d#gsus#d .d#g .f .>.:$} n`cde pv $"[w 3>.f4 .c#gsus#d .c#g .f#g6 31 .>.nef %q' $v $"[w 3>.am .d .am .bm#g7<#e7 .>%.nef q' %q' \%}"w .$:"\ 3>.a .dm .d#g .g .>"s`cij nv "p%gh ijdef%g 3>.am .>.t'`c t' w[$ \%}? $:"\ [w\ 3>.g .am .d#g .g .am .>"t' ?:w .p' $%}: r'`c r'<k 3>.g .am .em .d#g .g 32 ANEXO 6 33 34 .exemplos .musicais3 Exemplos Musicais: #a> #d4 .>.no<>"\gf:\ .&<>"pu<k' .&<>"pu<k' #b> #d4 .>'22.yz&.zy).yz&.zy).y)!.zy) "!(=2"&zy .y<k' #c> a> #b4 "\ccij ?ef }fe $cdx<k b> #b4 ;b"\ij ?ef }fe $d^2x<k #d> #b4 .>.?? \\ [[ \\ }} $$ :e'& _>_?"? $? }? $? :w ?[ }\ .>.n<2 .\\ }} $$ :: \\ _>_n<2 "$_\ ":_\ "?_\ w4 "$_\ .>.}} $cc5=c5&c5zf'= $c: _>":_\ "?ccd'z ?cw<>r .>.?? \\ [[ \\ }} $$ _>_?"? $? $? $? :w ?[ .>.:cc5&c5zc5ye'&c n<k _>_}\ n<k 35 ANEXO 7 36 37 .exerc/cios r/tmicos3 Exercícios rítmicos: #a> #b> #c> #d> #e> #f> dd?dd? dddddd?<k yyyy?yyyy? dddddd?<k dyydyyyyyy?<k dddyydddyy dddyy?v<k dddddyy?<k dddyy?xyy dddyy?xyy n'v<k #g> d dddyy?xyy dddyyn<k #h> dyydd?v dyydddddd n'v<k #i> dyydd?xd dyyddddxd ???v<k #aj> ??? n? n' n`c? n`c?<k n`c?<k #aa> n' n'`c ?c?c? n'`c dxvv<k #ab> ndd n`cdd n'`c n'`c n'<k 38