VIDA – MATEUS – VIDA A vida iluminando e iluminada pelas palavras de Jesus segundo Mateus Roteiro para grupos de reflexão 2 O CATECISMO DE MATEUS OS CINCO DISCURSOS DE JESUS NO EVANGELHO SEGUNDO MATEUS INTRODUÇÃO Como organizar os grupos de reflexão Isto aqui é apenas uma ajuda para grupos de reflexão sobre o Evangelho segundo Mateus, muleta para ajudar o grupo a andar. Quem sabe, depois de certa prática, as pernas se firmam e as muletas sejam dispensadas. Um esforço será exigido do grupo. Só oferecemos, identificadas por letras (A, B, C, D, E), cinco séries de perguntas numeradas. O grupo terá de escolher para cada reunião ou encontro: a- uma oração e/ou cântico inicial, b- algum símbolo ou alguma encenação ou dinâmica, c- a oração final será de pedidos espontâneos e pode se encerrar com o Pai Nosso e d- um cântico final também poderá ser escolhido. As tarefas serão divididas, com antecedência, por todos os membros do grupo, alguns escolhem o canto e/ou oração inicial, outros o símbolo, dinâmica ou encenação e outros a oração final, todos evidentemente se preparam para encaminhar a reflexão do grupo, ouvir as opiniões, levar todos a participarem. Uma alavanca Será uma força muito grande para os grupos a realização de um plenário ou reunião geral mensal de todos os grupos de uma área, como a de uma comunidade. Aí cada grupo terá a oportunidade de falar um pouco das coisas boas que descobriu nas suas reuniões, como também de alguma dificuldade que tenha encontrado. Um grupo ajuda o outro a superar as possíveis dificuldades, todos se animam uns aos outros, ninguém se sente isolado ou sozinho e, aos poucos, torna-se possível fazer alguma coisa em comum. Esse plenário deve ser organizado de acordo com as características do lugar, pode ser mais espontâneo, pode ter um estilo mais celebrativo, pode ser um momento de confraternização e de partilha de algum alimento etc.. ____________________________________ INTRODUÇÃO AO EVANGLHO A formação dos Evangelhos Como será que foram escritos os Evangelhos? Costuma-se imaginar que... ? ? O autor do Evangelho segundo João (Jo 20,30) diz: “Jesus fez diante dos discípulos muitos outros sinais que não estão escritos neste livro”. Quer dizer que ele tinha muitas outras informações, mas selecionou só as que escreveu, as que serviam melhor para o objetivo do seu livro. Passou pela peneira as informações que tinha e só ficou com as que mais interessavam. Como é que a vida de Jesus, o que ele fez e ensinou chegou aos livros dos Evangelhos? O Documento da Pontifícia Comissão Bíblica de 23 de abril de 1993 sobre a interpretação da Bíblia na Igreja Católica afirma que o maior erro que se costuma cometer com relação aos Evangelhos é confundir a última etapa (os quatro Evangelhos) com a 3 primeira (os acontecimentos em torno de Jesus). Quer dizer, então, que houve várias etapas na formação dos Evangelhos. Ao ver dos melhores especialistas seriam estas quatro etapas: 1ª Os acontecimentos, ou seja, o que Jesus fez e ensinou. 2ª A transmissão oral, as pregações dos primeiros discípulos, o que eles contavam a respeito de Jesus. 3ª Diversos escritos soltos, fora de ordem, só para não deixar perder o que contaram os que viveram com Jesus. 4ª Os Evangelhos como se encontram na Bíblia. Tentar encontrar em Lc 1,1-4, onde ele conta como escreveu o seu Evangelho, as 4 etapas e as três peneiras pelas quais os fatos da vida de Jesus passaram até chegar ao livro do Evangelho!1 Será que ele escreveu para relatar tudo o que aconteceu, como se fosse uma reportagem ou, um inquérito policial ou, ao contrário, organizou e escreveu o Evangelho pensando só em animar e reforçar a fé da sua comunidade, que ele está chamando de Teófilo, que quer dizer ‘amigo de Deus’? Tempo que terá demorado até os quatro Evangelhos ficarem prontos A pregação de Jesus e sua morte-ressurreição aconteceram por volta dos anos 29 e 30. O Evangelho segundo Mateus foi escrito por volta do ano 85. É só fazer as contas. Quem se lembra com exatidão de coisas acontecidas há 55 anos! Para quê foram escritos os Evangelhos? Como Lucas e João disseram, os evangelhos foram escritos para fortalecer a fé da comunidade, para animar, orientar e iluminar o que estava sendo vivido, as esperanças e as alegrias, os problemas de dentro e de fora da comunidade, as crises, os mal entendidos, as dificuldades com a exploração do povo e a realidade do sistema do Império Romano, o conflito com os fariseus que agora dominavam a religião judaica etc.. Quer dizer, os Evangelhos são muito mais um espelho da vida da comunidade do que uma janela ou vidraça para se olhar o passado, o que aconteceu com Jesus. _______________________________ A situação do povo dominado pelo Império Romano O Império Romano explorava aquela região toda. O Imperador era o grande patrono, patrão ou senhor de todo o mundo, os restantes eram todos clientes ou dependentes dele. Ele tinha o direito de fazer o que quisesse e ninguém podia reclamar. Os gerentes dele, os que o ajudavam a explorar o restante da população, eram também exploradores, para aproveitar a oportunidade e para agradar o Imperador. O Imperador ou César era bom, perfeito, santo, augusto, divino. Chegaram a colocar a imagem dele num altar, como se fosse um deus, ele era o Senhor. O mundo em torno do mar Mediterrâneo era o reino de César, Jesus trazia o reino de Deus, em tudo e por tudo diferente. Para aquelas comunidades pobres e exploradas da Palestina o Senhor é Jesus, não o Imperador romano. 1 “Muitos tentaram escrever”: 3ª etapa; “a história dos fatos”: 1ª etapa; “como transmitiram as testemunhas oculares, ministros da Palavra”: 2ª etapa; “também eu decidi escrever”: 4ª etapa. 4 É bom lembrar que um cidadão romano nunca podia ser crucificado, seria humilhação demais. E para os judeus um crucificado é um amaldiçoado por Deus (Dt 21,22-23). Jesus, um excluído da cidadania e amaldiçoado pela sua religião é o único Senhor! Esse era o pensamento de todas as comunidades cristãs do início. A comunidade que nos deu este Evangelho A comunidade que nos deu o Evangelho segundo Mateus era, além disso, uma comunidade de cristãos judeus. Vamos pensar nos cristãos de Jerusalém, os primeiros a aceitar a mensagem dos Apóstolos de que o crucificado Jesus estava vivo e era o Senhor e Messias enviado por Deus. Por um motivo ou outro, muitos saíram da cidade, outros ficaram. Esses seguiram durante anos a orientação de um parente de Jesus conhecido como “Tiago, irmão do Senhor”, que foi apedrejado no ano 62. Poucos anos depois, em 66, quando os “Bandidos” ou “Zelotes” tomaram o poder em Jerusalém, essa comunidade saiu toda de Jerusalém, deixando para trás tudo o que possuíam. Entendiam que Jesus não veio para resolver o problema só dos judeus e não aderiram à loucura de fazer guerra contra Roma. Saíram até mesmo para fora da Palestina. Andando de um lugar para outro, procurando meios de vida, esses cristãos passaram por muitas dificuldades. Ficavam às vezes na praça, esperando que algum proprietário do lugar os contratasse para um trabalho temporário. A parábola ou comparação com esse fato só aparece no Evangelho segundo Mateus (Mt 20,1-16), pois nasceu de uma experiência vivida por essa comunidade. Por isso a gente pode dizer que este é o Evangelho dos Bóiafrias. Eles eram judeus e queriam que os outros judeus também se tornassem cristãos. Sempre tentavam convencer as pessoas, insistindo em que Jesus realizou tudo o que estava nas suas Escrituras. Acontece, porém, que os fariseus eram fortes também. Muitos escribas, aqueles que explicavam a Escritura nos cultos na Sinagoga, eram fariseus. O mais famoso deles, Johanan Ben Zakai, ficou em Jerusalém com seus discípulos. Contam que, quando resolveram sair, os “zelote” já dominavam totalmente a cidade e não permitiam que ninguém saísse. Johanan se fez de morto e tiveram que abrir os portões para que, fora da cidade, os discípulos enterrassem seu mestre. O fato é que os fariseus também saíram de Jerusalém e, depois da destruição do Templo no ano 70, resolveram que agora todo judeu tinha que se tornar fariseu. Assim ficou a situação: De um lado, os cristãos querendo que os judeus aceitassem a mensagem de Jesus, do outro Ben Zakai e outros escribas querendo que todos se tornassem fariseus. Quando este Evangelho estava sendo escrito (no ano 85), esses escribas, que passaram a se chamar rabi ou rabinos, resolveram que quem não fosse fariseu, principalmente os cristãos, estava expulso da comunidade judaica, da Sinagoga. Os fariseus puxando para um lado e a comunidade de Mateus puxando para o outro, foi assim que nasceu este Evangelho segundo Mateus. É fácil entender, então, porque ele cita tantas vezes as Escrituras do Primeiro Testamento e porque diz que Jesus não veio abolir essas Escrituras (a Lei e os Profetas). Dá para entender também porque o Evangelho critica tanto os fariseus e os escribas e, ao mesmo tempo, porque é tão judeu até em coisas pequenas como dizer “os Céus” para evitar falar o nome de Deus. 5 Os essênios formavam outro Movimento que havia no judaísmo do tempo. Esse Movimento era rival dos fariseus, os essênios chamavam os fariseus de hipócritas, ou mascarados. Para os essênios o Messias era “O Mestre da Justiça”. Ele viria fazer com que todos observassem corretamente a lei de Deus em tudo. No Evangelho segundo Mateus Jesus é o verdadeiro Mestre da Justiça. As marcas de Mateus Assim este Evangelho tem algumas marcas ou características. Vamos tentar lembrar as principais: O seu objetivo principal é confirmar e animar na fé aquela comunidade de cristãos judeus. Por isso, Jesus é a presença de Deus no mundo, o Emanuel, Deus conosco. Jesus está presente onde dois ou três se reúnem em nome dele, está no pobre sofredor que, no fim, vai julgar o que qualquer pessoa fez na vida e estará com os discípulos até o fim dos tempos. A palavra justiça aparece sete vezes no Evangelho. Jesus é o verdadeiro Mestre da justiça, ensina a verdadeira Lei de Deus e questiona a justiça do Império Romano. Como todo judeu, respeita muito o nome de Deus. Evita o quanto pode repeti-lo e muitas vezes em lugar da palavra Deus, usa a palavra “céus”, que é muito própria dos judeus, para quem tudo o que é grande é plural: céus, águas etc.. Assim é que “Reino dos céus” não tem a ver com o céu, é a mesma coisa que “Reino de Deus”. Usa muito a Bíblia. Tudo o que acontece com Jesus está realizando uma palavra da Escritura. Jesus é o Messias que o povo judeu esperava, ele realizou totalmente as suas Escrituras. É o único Evangelho que usa o termo Igreja ou Comunidade. Os fariseus estavam reorganizando as comunidades judaicas em torno das Sinagogas. Era preciso que os cristãos também se organizassem em Comunidades. O Evangelho é um manual de catequese para as comunidades de cristãos judeus. A comunidade cristã, com todas as suas falhas e limitações, é o “Reino dos céus”. Nele há terreno bom e terreno ruim, planta boa e planta ruim, peixe bom e peixe ruim, é pequeno e grande, fraco e forte, é uma pitada de fermento e semente de mostarda. A comunidade tem organização e disciplina, pode expulsar quem não vive de acordo com seus princípios (18,15-18). O que a comunidade fizer aqui na terra, Deus, no céu, aprova. Tem autoridades com o mesmo poder (16,19), mas diferentes das autoridades do Império Romano (18,1-4; 20,25-28; 23,9-11). Combate fortemente os fariseus, agora os seus principais inimigos. Critica-os direta e indiretamente. Eles são os culpados de tudo o que aconteceu a Jesus, que sempre desmascarava a falsidade deles, para quem tudo era pecado (Capítulo 23). Lembra sempre os personagens importantes da tradição judaica: Abraão pai de todos, a começar de Jesus, e Moisés, que deu a Lei no Monte Sinai, além de outros. Agora Jesus é o novo Moisés. Teve dificuldades também com comunidades de cristãos não judeus ou gentios, especialmente as de Paulo que nos deram o Evangelho segundo Lucas. Essas se diziam inspiradas pelo Espírito Santo, rezavam muito, falavam muito em curas, milagres e exorcismos. Ver Mt 6,5-8 comparado com Lc 11,5-13 e Mt 7,21-23 comparado com Lc 13,26-27. 6 Procure encontrar essas características e outras que você perceba nestes episódios que são exclusivos de Mateus: Capítulos 1 e 2; 4,13-16; 5,21-24; 5,27-29; 5,33-37; 6,1-5; 6,16-18; 7,6; 11,1; 11,28-30; 12,33-37; 13,24-30; 13,36-51; 17,24-27; 18,16-20; 18,2335; 19,10-12; 20,1-16; 21,10-11; 21,14-16; 21,28-32; 22,11-14; 23,8-33; 25,31-46; 27,3-10; 27,19; 27,24-25; 27,62-65; 28,9-20. O nosso espelho Seria interessante a gente se perguntar o que existe na nossa realidade de hoje semelhante à do Império Romano e à religião comandada pelos fariseus. Por ai fica mais fácil saber como o espelho da comunidade que nos deu este Evangelho pode servir para nós hoje. Como foi organizado este Evangelho O Evangelho segundo Mateus é um catecismo para a formação dos cristãos judeus. Ele é organizado em torno de cinco grandes falas ou catequeses de Jesus: 1. O Projeto do Reinado dos Céus ou a Nova Lei de Jesus, o novo Moisés. 2. Instruções aos missionários cristãos. 3. As fraquezas do Reino dos Céus nas parábolas da plantação, da rede, etc. 4. Princípios fundamentais para organizar a comunidade que é o Reino dos Céus. 5. O fim do Templo, de Jerusalém, da história, dos indivíduos e o julgamento decisivo. Ligando essas cinco falas, estão os episódios da vida de Jesus, seguindo de perto o Evangelho segundo Marcos. Aí Mateus dá destaque ao conflito com os fariseus. No final, está o núcleo do Evangelho, a narrativa da Morte e Ressurreição de Jesus, primeiro objeto da pregação cristã. Nos dois primeiros capítulos o Evangelista colocou a genealogia e nascimento virginal de Jesus, judeu, descendente de Abraão e de Davi, e os episódios dos Magos, da fuga para o Egito e da volta. Podemos comparar o todo do Evangelho com uma casa que tem uma sala ou hall de entrada (infância de Jesus), um corredor (os outros episódios, baseados em Marcos) onde se ligam os cinco cômodos (as grandes falas ou catequese de Jesus) e no fundo, aonde leva o corredor, um cômodo maior, que poderia ser a cozinha, (a Morte e Ressurreição). Mais ou menos assim: 1,1 Evangelho da Infância a 2,23 8,1-9,34 5-7 18,1-19,1 A nova Lei Como deve ser a comunidade 11,2-12,50 13,54-17,27 9,35-11,1 13,1-53 Discípulos em missão A realidade do Reino dos céus 19,2-23,39 24,1-26,1 O fim, de Jerusalém e de cada 26,2 Paixão e Ressurreição a 28,20 7 O QUE SE ENCONTRA NESTE ROTEIRO Aqui os grupos de reflexão vão encontrar ajuda para refletir sobre as cinco falas ou as catequeses de Jesus: A- O Projeto, a Nova Lei ou a Justiça do Reino dos Céus; B- Orientações aos missionários cristãos; C- As parábolas ou comparações que mostram as fraquezas e grandezas da Comunidade-Reino dos Céus; D- Os princípios fundamentais da Comunidade-Reino dos Céus; E- O fim de Jerusalém, das pessoas e o julgamento decisivo. Sob cada uma dessas letras encontram-se algumas perguntas numeradas. As perguntas versam sobre questões do dia a dia, não sobre o texto evangélico. Depois de se discutir bem a pergunta do dia a dia, é que se vai ler o texto do Evangelho, que, naturalmente, vai provocar mais alguma troca de idéias. Primeiro, com a Bíblia fechada, o grupo vai conversar sobre a questão do dia a dia, só depois vai abrir a Bíblia e ler o texto do Evangelho. Uma pequena introdução procura colocar o tema daquela letra dentro do contexto de todo o Evangelho. Isso, creio, ajudará bastante. Depois de cada indicação do texto evangélico a ser lido, outra pergunta ajudará colocar o que foi discutido no pensamento geral do Evangelho, especialmente daquele trecho. O Roteiro não se estende, portanto, ao evangelho da infância de Jesus (a sala ou hall de entrada), aos episódios e falas do conflito central (corredor) nem à narrativa da Morte e Ressurreição (cozinha). *************************************************************** SUGESTÕES PARA A ORAÇÃO INICIAL a. O Cristo em nosso meio Leitor 1: Lemos no Evangelho segundo Mateus: “Ele vai se chamar Emanuel, que quer dizer ‘Deus conosco’”. Lemos também: “Onde estão dois ou três reunidos em meu nome, eu estarei no meio deles”. Lemos ainda: “Eu estava com fome... com sede.... sem roupa... sozinho... Tudo o que vocês fizeram ao menor, foi a mim que o fizeram”. E, mais: “Estarei convosco todos os dias até o fim dos tempos”. Todos: Que o Cristo esteja em nosso meio Leitor 2: Lemos no Evangelho segundo Lucas: “Jesus foi a Nazaré, onde se tinha criado. No sábado, foi à Sinagoga como era seu costume. Ele se levantou para fazer a leitura. Deram-lhe o livro do Profeta Isaías e ele abriu no lugar onde se lê: ‘O espírito do Senhor está em mim, ele me consagrou com a unção, para eu levar a Boa Notícia aos pobres, anunciar a liberdade aos escravos, a recuperação da vista aos cegos, para libertar os oprimidos, enfim, para proclamar o Ano da Graça do Senhor’”. Todos: Que o Cristo esteja em nosso meio Leitor 1: Juntando duas passagens de Isaías, Lucas lembra aí aquela que diz que os cegos vão enxergar, os ouvidos dos surdos vão se abrir, a língua dos mudos vai se soltar, os aleijados vão sarar e os paralíticos vão pular feito cabritos. Todos: Que o Cristo esteja em nosso meio! 8 PRECES - Para abrir nossos olhos para que a gente possa enxergar fundo os nossos problemas, Todos: Que o Cristo esteja em nosso meio! - Para que a gente possa soltar a língua e falar o que tem no pensamento, Todos: Que o Cristo esteja em nosso meio! - Para abrir os nossos ouvidos, a fim de sabermos ouvir os companheiros, Todos: Que o Cristo esteja em nosso meio! - Para firmar nossos passos, reforças nossos braços e dar-nos coragem para agir, Todos: Que o Cristo esteja em nosso meio! - Para que a gente possa continuar o seu trabalho de levar aos pobres a Boa Notícia, 8liberdade para o povo escravizado, alívio e segurança para o povo que vive aflito, o Ano da Graça do Senhor, a hora do perdão, da liberdade, da volta à igualdade que Deus quer, Todos: Que o Cristo esteja em nosso meio! ____________________________________ b. O PAI NOSSO FÁCIL Todos: Pai nosso que estais nos céus, Coment.: Que habita em luz inacessível, altíssimo, distante. Mas íntimo, Pai, ou Papai, com todo o carinho. Não meu, nosso, de todos. Todos: Pai nosso que estais nos céus, Todos: santificado seja o vosso nome. Coment.: A glória de Deus é a felicidade dos homens. O nome de Deus é santificado quando o seu reinado acontece. Todos: santificado seja o vosso nome. Todos: Venha a nós o vosso reino. Coment.: O reinado de Deus é o reinado de todos, o reinado do povo. Onde reina o deus Mercado, só têm vez os competentes, os expertos, os arrogantes. Todos: Venha a nós o vosso reino. Todos: Seja feita a vossa vontade assim na terra como no céu. Coment.: A vontade de Deus é a felicidade do povo, é isso que faz acontecer o seu reinado, que santifica o seu nome. Assim na terra como no céu. Todos: Seja feita a vossa vontade assim na terra como no céu. Todos: O pão nosso de cada dia nos dai hoje. Coment.: O pão é o centro. As necessidades básicas estão no foco. Alimento é a primeira. Pedimos para hoje, pensar muito no amanhã faz que um prejudique o outro. Todos: O pão nosso de cada dia nos dai hoje. Todos: Perdoai-nos as nossas ofensas assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido Coment.: A vontade de Deus não está se realizando, porque nós erramos. Todos erram. Temos que nos perdoar e seguir em frente. Todos: Perdoai-nos as nossas ofensas assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido Todos: E não nos deixeis cair em tentação, Coment.: O reino do deus Mercado nos apresenta todos os dias as suas tentações de consumo, de competição, de individualismo, de poder e de riqueza. 9 Todos: E não nos deixeis cair em tentação, Todos: mas livrai-nos do mal. Coment.: Ou do Mau, do Maligno, daquele ou daquilo que nos tenta e não nos deixa contribuir para que o nome de Deus seja santificado assim na terra como no céu. Todos: mas livrai-nos do mal. Todos: Porque Vosso é o reino, o poder e a glória para sempre! __________________________________ c. A ORAÇÃO DE JESUS Todos: SENHOR Comentarista: Era título do Imperador Romano, o dono do mundo de então. Senhor é também o patrão, o dono de escravos. Na Bíblia grega, Senhor é a palavra que substitui Javé, o nome próprio de Deus na Bíblia hebraica. Todos: SENHOR JESUS! JESUS! Coment.: Ele é o crucificado lá do fundo da pirâmide, o homem nu, pregado pelos braços numa peça de madeira e pendurado numa estaca, maldição divina para um judeu. Ele é o Senhor! Ele manda. Eu sou seu escravo, dependo inteiramente dele, faço tudo o que ele manda. Ele é o meu senhor! Todos: SENHOR JESUS CRISTO! CRISTO! Coment.: Cristo não é o sobrenome de Jesus, é a palavra grega que traduz a palavra hebraica messias. Essa palavra quer dizer ungido. O Ungido de Javé era o rei. Todas as esperanças do povo judeu se concentravam na chegada de um rei ungido, o messias salvador. Outros povos, de uma forma ou de outra, também esperam um messias, um salvador. Esse messias, esse cristo, essa esperança da humanidade, é Jesus, o crucificado. Todos: SENHOR JESUS CRISTO, FILHO DE DEUS! FILHO DE DEUS! Coment.: Ele é filho, fiel ao Pai até sofrer a morte dos amaldiçoados. “A Deus ninguém jamais viu, o Deus único gerado que está reclinado para o colo do Pai, ele é que nos revelou”. O humanamente fracassado Jesus é quem nos mostra Deus. “Quando vocês me pendurarem entre o céu e a terra, ficarão sabendo que eu sou”. ‘Eu sou’ é a tradução da palavra Javé, o nome próprio de Deus. Na cruz Jesus se mostra Deus. Ali nos mostra um amor de que só Deus é capaz. Todos: FILHO DE DEUS, TEM PIEDADE DE MIM PECADOR! Coment.: A distância ente mim e ele é grande demais, dele só posso esperar dó e piedade. Ele é cheio de Deus e totalmente vazio de si, voltado inteiramente para o outro. Eu, vazio de Deus, cheio de mim e todo voltado para mim mesmo. Todos: (lentamente 3 vezes) SENHOR JESUS CRISTO FILHO DE DEUS, TEM PIEDADE DE MIM PECADOR! ______________________________ d. Sal, luz e fermento L. 1: O nosso mundo carece de fé, a força que vem de dentro e nasce de Deus, Deus que está dentro e me enche de forças, busca de Deus que não me deixa errar. Todos: Que eu nunca seja sal sem sabor nem luz apagada! 10 L. 2: O nosso mundo carece de amor, que vence a guerra e a violência, nascidas dentro de casa. O nosso mundo carece de solidariedade, que vence a competição e une os rivais. Todos: Que eu nunca seja sal sem sabor nem luz apagada! L 3: O nosso mundo carece de caminho para sair da dor, do sofrimento, da incompreensão, da imoralidade, da vingança e do ódio. Todos: Que eu nunca seja sal sem sabor nem luz apagada! L. 4: O nosso mundo carece do perdão que transforma as armas da luta, da competição e da rivalidade em ferramentas de trabalho para construirmos um mundo de irmãos. Todos: Que eu nunca seja sal sem sabor nem luz apagada! L. 5: O nosso grupo procura em Jesus Cristo a força que vem de Deus para iluminar e transformar, para ser modelo e força de mudança em um mundo perdido em contínuas discórdias. Todos: Que o nosso grupo jamais seja sal sem sabor ou luz apagada! L. 6: As nossas comunidades estão precisando de mais animação e coragem. Seu incentivo e força dependem da força da Palavra de Deus, que nos alimenta nos Grupos de Reflexão. Todos: Que o nosso grupo jamais seja sal sem sabor, luz apagada ou fermento derrancado! ____________________________________ e. O Grupo de Reflexão Senhor que dissestes:/ “onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome,/ eu estarei no meio deles”,/ fazei que nós não sejamos um só, mas muitos,/ colaborando todos em busca dos melhores caminhos:/ abri nossos ouvidos para ouvir,/ nossa boca para falar,/ nossa mente para entender/ e o coração para abraçar/ o vosso projeto de Igreja,/ para salvação da humanidade./ Que os impérios deste mundo/ não façam a nossa cabeça/ nem atrapalhem a caminhada do vosso Reino./ Que os Grupos de Reflexão,/ embora frágeis e escondidos,/ sejam a nossa ferramenta;/ que a gente aprenda porque utilizá-la/ e como utilizála;/ que eles sejam o caminho/ que não nos desvia do objetivo;/ que saibamos cuidar dos nossos grupos/ e uni-los nos plenários,/ para formar a vossa Igreja,/ primícias do vosso Reino. Amém! __________________________ f. ORAÇÃO PARA PEDIR IGNORÂNCIA Ó Deus, dai-me a graça de não saber nada, de ser ignorante, sem conhecimento, atrasado, para que, assim, eu possa aprender tudo, possa alcançar a verdadeira sabedoria, venha a ser capaz de admirar, de descobrir coisas novas, de me atualizar a cada momento da vida. Fazei que eu não queira conhecer outra coisa que não seja Jesus Cristo e Jesus Cristo crucificado. 11 Que cada dia eu possa entender melhor o que significa ser discípulo de um marginal, seguidor de um homem condenado como ameaça ao sistema e criminoso irrecuperável, companheiro de alguém que foi eliminado como perigoso lixo da sociedade. Que jamais eu pretenda saber qualquer coisa que não sirva para entender melhor o que isso significa. Livrai-me, Senhor, de ser o “Sabe-tudo”! Livrai-me de parecer um mestre! Livrai-me de ter a última palavra! De ter todas as respostas, de, por um momento que seja, achar que nada tenho a aprender. Ensinai-me a ouvir os que nada têm a dizer. Ensinai-me a aprender dos que não sabem, a alcançar a sabedoria dos analfabetos, a aprofundar a minha fé na prática dos sem-estudos. Fazei que eu perca a ilusão dos livros e dê mais valor à realidade da vida. Que eu perca a ilusão das palavras bonitas e me empenhe cada vez mais no compromisso com a verdade. Que eu tenha, acima de tudo, a sabedoria da cruz, a sabedoria do último lugar, que transforma em ilusão toda sabedoria, toda ciência, toda técnica, todo palavreado humano. Pelo Cristo, de mãos grossas, analfabeto e condenado à morte, mas vivo para sempre. Amém! ____________________________________ g. INVOCAÇÃO AO ESPÍRITO SANTO Vinde Espirito Santo, ensinar-nos o que Jesus diz, mostrar-nos o que hoje significam as suas ações e palavras, a sua compaixão pelos que sofrem e a sua indignação contra os que oprimem, a mão que afaga a criança ou cura o doente, o punho cerrado que denuncia os enganadores e chicoteia os exploradores. Vinde, Espirito Santo, dar-nos hoje a fidelidade de Jesus ao Pai, sua mansidão, sua lucidez, sua coragem. AMEM! 12 AO capítulo 5 começa assim: “Tendo visto a multidão, Jesus subiu à montanha, sentouse e passou a instruir seus discípulos”. A instrução que Jesus dá aqui, como Moisés deu a Lei de Deus no monte Sinai, tem em vista a multidão de pobres, doentes, desesperados, que seguia Jesus (Veja no cap. 4,versículos de 23 a 25). Ele instrui os discípulos por causa da multidão, a humanidade sofredora. 1. Feliz é o rico, aquele que não passa falta de nada, tem todo o conforto, come do bom e do melhor, que nunca está triste ou preocupado e ainda faz muito sucesso, todos lhe batem palmas, ninguém lhe quer mal ou persegue. É isso mesmo? Para ser feliz falta pouca coisa? Muita coisa? (Após conversar bastante) ler Mt 5,1-12 Tendo visto as multidões é que Jesus deu essas instruções. O que ele disse aqui aos discípulos será bom para a multidão sofredora? Para entender melhor as oito “bem-aventuranças”: Notar que a primeira (os pobres em ou por espírito) e a oitava (os perseguidos por causa da justiça) são semelhantes. São felizes ou bem-aventurados, porque deles é o Reino dos Céus ou de Deus. Mas são diferentes das outras. Para os outros, quer dizer, os que choram, os que têm fome e sede etc., o motivo da felicidade é uma promessa ou esperança para o futuro (serão...), enquanto que do pobre e do perseguido se diz que o Reino dos Céus (de Deus) é (hoje já) deles. Será que isso não tem significado? Por será que os pobres e os perseguidos têm uma ligação forte com o reinado ou império de Deus já, agora, no presente? Mais: Ser pobre e ser perseguido são coisas parecidas? Notar também que, dos outros seis grupos, três são os que sofrem (têm fome e sede, choram e são “mansos”, humildes ou, melhor, humilhados, sem voz nem vez). Esses 13 serão donos da terra, serão consolados, serão saciados. Os outros três grupos são os que colaboram bem (misericordiosos, de coração ou intenções puras e os promotores da paz) e serão recompensados. 2. Cada qual cuide de si. “Cada um para si e Deus para todos!” “Se cada um mantém limpa a frente de sua casa, a cidade inteira estará limpa!” Eu tenho de ser cada vez melhor, cada vez mais perfeito. Isso é o que Deus quer. A sociedade humana que aí está, fica do jeito que está, nada a fazer. Que se danem! Eu vou cuidar de ser cada vez melhor e pronto! (Após conversar bastante) ler Mt 5,13-16 Tendo visto as multidões, Jesus deu essas instruções. O que ele disse aqui aos discípulos será bom para a multidão sofredora? 3. Normas e leis têm de ser claras e exatas, não? Do contrário, a gente não sabe direito como deve agir. É muito importante saber o que é e o que não é pecado, o que for pecado a gente evita o que não for a gente pode fazer. Se a lei diz: “até aqui não pode”, quer dizer que o resto pode. É tão bom ter tudo claro! Ou não? (Após conversar bastante) ler Mt 5,17-20 Tendo visto as multidões, Jesus deu essas instruções. O que ele disse aqui aos discípulos será bom para a multidão sofredora? 4. Os rabinos do tempo de Jesus já diziam que quem faz o outro ficar pálido (de raiva) ou vermelho (de vergonha), comete um crime de sangue (de morte). E quem faz a outra pessoa ficar pálida de anemia? Ou ficar doente e morrer mais cedo porque tomou a água que eu contaminei com agrotóxicos ou porque comeu alimentos envenenados que eu lhe vendi? Será que matar passarinho, matar minhocas e microorganismos que vivem na terra e fecundam o solo também faz parte do mandamento “Não matar!”? (Após conversar bastante) ler Mt 5,21-26 Tendo visto as multidões, Jesus deu essas instruções. O que ele disse aqui aos discípulos será bom para a multidão sofredora? 5. Já viram alguma novela de TV que mostre um casal bem ajustado, que se ama de verdade, onde um ajuda o outro a crescer, que sabe vencer as dificuldades de relacionamento, que mantém a fidelidade apesar de todas as tentações? Por que será que a televisão trabalha tanto contra o casamento? Será que tem algum interesse nisso? Quem manda na televisão? Ou a televisão está certa e casamento, compromisso, fidelidade, sacrifício, é tudo coisa do tempo dos dinossauros? Hoje cada um faz aquilo de que tem vontade e pronto! Que coisa mais bonita, não? Para que tentar se segurar? Alguém vai lucrar com isso? A AIDS está fazendo aumentar os casamentos ou uniões estáveis? Alguém está lucrando com a AIDS? (Após conversar bastante) ler Mt 5,27-32 14 Tendo visto as multidões, Jesus deu essas instruções. O que ele disse aqui aos discípulos será bom para a multidão sofredora? Ajudando a entender o texto do Evangelho: “Coração” na Bíblia é o que a gente chama de “cabeça”. O povo da Bíblia pensa e resolve, planeja as coisas com o coração. Parece que o cérebro para eles estava no coração. O que para nós é coração, para eles estava na barriga: vísceras, útero, rins são os termos que a Bíblia usa para falar dos sentimentos. Assim, achar uma mulher ou um homem atraente, ficar com vontade de ver e de admirar, já é cometer adultério “no coração”, já é um adultério pensado e querido, planejado? Vamos fazer como os fundamentalistas islâmicos: Roubou, corta a mão! Caminhou para cometer algo errado, corta o pé!? Isso tem a ver com o “adultério no coração”? 6. Já se foi o tempo em que um fio de barba valia como documento! Hoje o que vale é “o preto no branco”. Sem documento nada feito! Por que será que hoje nada se pode fazer sem documento? (Após conversar bastante) ler Mt 5,33-37 O que vai além da palavra dada, sim ou não, um juramento que seja, vem do Maligno? Isso quer dizer que documento, ou até mesmo um juramento, é coisa do diabo? Será que a necessidade de documentos é coisa contrária ao Reinado de Deus? Onde Deus manda de verdade não precisa de documento nem coisa alguma desse tipo? Quando e onde vai acontecer isso? Ninguém pode mesmo confiar na palavra de ninguém? Onde já se pode confiar na palavra das pessoas, já não estamos iniciando aí o Reinado de Deus? Tendo visto as multidões, Jesus deu essas instruções. O que ele disse aqui aos discípulos será bom para a multidão sofredora? 7. O que não pode é “levar desafora para casa”! Se alguém te prejudica ou ofende, você deve responder à altura ou fazer que ele pague na mesma medida, senão os mais desaforados vão tomando conta. Não é verdade? Em negócios ou na política temos de lutar com as mesmas armas, se o outro faz safadezas com a gente, a gente também tem o direito de fazer as mesmas safadezas com ele e até piores, senão sai perdendo. Se o outro vem para o seu lado armado até aos dentes, você vai lhe oferecer flores? (Após conversar bastante) ler Mt 5,38-42 Tendo visto as multidões, Jesus deu essas instruções. O que ele disse aqui aos discípulos será bom para a multidão sofredora? 8. 15 Vi um cartaz assim: “Que Deus te dê em dobro tudo o que me desejares, de bom ou de mau”. Bem bolado, não? A gente precisa saber se defender. É preciso saber conhecer as pessoas, ver as que merecem mesmo a nossa amizade. Não está certo? (Após conversar bastante) ler Mt 5,43-48 Tendo visto as multidões, Jesus deu essas instruções. O que ele disse aqui aos discípulos será bom para a multidão sofredora? 9. Hoje o marketing, a propaganda, está em primeiro lugar. Nada do que você tem de bom pode ficar escondido. Ninguém gosta de parecer um fracassado, “fazer feio”, ou ficar na sombra. Hoje a boa aparência é um requisito fundamental. Ou não deve ser assim? (Após conversar bastante) ler Mt 6,1-4 Tendo visto as multidões, Jesus deu essas instruções. O que ele disse aqui aos discípulos será bom para a multidão sofredora? 10. Quantos canais de televisão, em quantos horários, se exibem orações de católicos e de evangélicos, de diferentes modelos e tipos! Quase sempre prometem curas e solução de todo tipo de problema. Algumas chamam mais à atenção e, para estar na TV, têm mesmo de conquistar audiência. Mesmo nas igrejas há variados modos e tipos de oração e alguns fazem bastante “barulho” mesmo. Outras pessoas gostam de rezar muitas orações vocais (Pai Nosso, Ave Maria). Uma vez fizeram um campeonato de terços, apostar quem rezava maior número de terços em um dia. Que acham disso tudo? (Após conversar bastante) ler Mt 6,5-8 e também Mt 6,16-18 Tendo visto as multidões, Jesus deu essas instruções. O que ele disse aqui aos discípulos será bom para a multidão sofredora? 11. Vamos comparar o Pai Nosso que se encontra aqui no Programa do Reino de Deus em Mateus (Mt 6,9-13) e o que se encontra em Lucas, na subida de Jesus para Jerusalém (Lc 11,2-4). Leiam um e outro, observem e, se possível, anotem as diferenças. Como se dirigem a Deus um e o outro? Mateus representa uma comunidade de cristãos judeus, que tinham profundo respeito pelo nome de Deus a ponto de evitarem a palavra Deus, substituindo-a por Céus. Um cristão judeu não teria coragem de chamar a Deus simplesmente de “pai” ou até de “papai”? Lucas é de comunidade de cristãos gentios, ou não-judeus, que se sentiam mais à vontade com Deus. Qual pedido está no meio? Quantos pedidos tem o Pai Nosso de Mateus e quantos o de Lucas? Quantos antes do pedido do pão e quantos depois? 16 Os pedidos que faltam em Lucas fazem grande diferença? Que a vontade (o projeto) de Deus seja feita aqui na terra como no céu, que a terra se pareça com o céu, é diferente de vir o Reinado de Deus e o seu nome ser santificado? Se não, quais as conseqüências práticas disso? Pela maneira como estamos vivendo hoje na terra, parece que estamos no céu, não? Ou é Deus quem vai fazer a terra se parecer com o céu? Os pedidos de antes do pão têm a ver com os pedidos de depois do pão? O pedido do pão: As comunidades que nos deram esses Evangelhos eram feitas de gente pobre ou de gente rica? Jesus ensina a gente a pedir e procurar garantir o pão para a vida inteira, para o futuro nosso, dos filhos e até dos netos? Se a gente não pensa no de amanhã, que será que pode acontecer? ... - E, se pensa demais no de amanhã, que acontece? Tendo visto as multidões, Jesus deu essas instruções. O que ele disse aqui aos discípulos será bom para a multidão sofredora? 12. A nossa sociedade é capitalista, quer dizer baseada na acumulação de capital, de riquezas. Quem não guarda não tem. E, se a gente não toma cuidado, os outros e a própria estrutura da sociedade nos deixam “limpos”. Tem que ser esperto, ter olho vivo, senão... Não é verdade? (Após conversar bastante) ler Mt 6,19-24 Tendo visto as multidões, Jesus deu essas instruções. O que ele disse aqui aos discípulos será bom para a multidão sofredora? 13. No Pai Nosso Jesus ensinou a gente a pedir o pão para hoje somente. Quer dizer que não nos devemos preocupar mesmo com o dia de amanhã? (Após conversar bastante) ler Mt 6,25-34 A comunidade que nos deu esse Evangelho parece ter sido aquela primitiva, de Jerusalém, que colocava tudo em comum. Quando veio a revolução contra os romanos (ano 66), eles saíram de Jerusalém e foram juntos andando para fora da Palestina, indo de um lugar para outro, ficando nas praças esperando um serviço, etc.. Foram parar na grande cidade de Antioquia, onde o Evangelho foi escrito. Será que essas palavras faziam parte da vida deles? Tendo visto as multidões, Jesus deu essas instruções. O que ele disse aqui aos discípulos será bom para a multidão sofredora? 14. 17 Vivemos num mundo de competição. Hoje cada um precisa desconfiar de todos. Há muita gente errada e que precisa ser corrigida. Qualquer coisa que aconteça de errado, devemos sempre desconfiar de alguém. Existe muita gente ruim e sem esperança de recuperação. A televisão vive mostrando isso. Quem mora em apartamento ou em bairro novo, deve evitar até conhecer os vizinhos, senão só vai ter trabalho e amolação. Não é assim mesmo? (Após conversar bastante) ler Mt 7,1-5 Ou vale mais a pena só pensar bem dos outros? Tendo visto as multidões, Jesus deu essas instruções. O que ele disse aqui aos discípulos será bom para a multidão sofredora? 15. A gente não deve mesmo julgar ninguém, nunca! Por pior que seja a pessoa, ela merece um bom conselho, nunca será perda de tempo aconselhá-la, sempre a gente lhe pode falar de Deus, convidá-la a participar, dar-lhe oportunidade até de ela atuar na comunidade. Temos que estar abertos para qualquer um, não é verdade? (Após conversar bastante) ler Mt 7,6 Tendo visto as multidões, Jesus deu essas instruções. O que ele disse aqui aos discípulos será bom para a multidão sofredora? 16. Rezar, a gente tem de rezar bastante! Quem não reza, não consegue nada! Verdade é que, às vezes, a gente reza que reza e nada consegue! Será que Deus não escuta a oração de certas pessoas? Será que ele tem preferência pelos que podem mais ou são mais importantes? Por que será que a pessoa não consegue aquilo que tanto pede na oração? (Após conversar bastante) ler Mt 7,7-12 Tendo visto as multidões, Jesus deu essas instruções. O que ele disse aqui aos discípulos será bom para a multidão sofredora? 17. A tecnologia vem tornando as coisas sempre mais fáceis, mais práticas. Para que tanto sacrifício, se a gente pode fazer tudo sem esforço? O mais fácil é sempre melhor! Para que enxada se eu posso usar o herbicida? Para que plantar remédios, se na farmácia está tudo pronto? Por que não deixar as crianças fazerem o que querem, se elas já sofrem tanto? A religião também precisa ser mais facilitada, uma coisa mais alegre, com cantos, danças, uma boa diversão sem tanto compromisso! (Após conversar bastante) ler Mt 7,13-20 Tendo visto as multidões, Jesus deu essas instruções. O que ele disse aqui aos discípulos será bom para a multidão sofredora? 18 18. No tempo em que este Evangelho foi escrito, havia grupos de pessoas que gostavam de chamar Jesus de Senhor e viviam rezando, rezando, repetindo sempre “Senhor! Senhor!” Elas diziam receber o Espírito de profecia para adivinhar o futuro. Faziam curas, falavam muito em demônios e os expulsavam em nome de Jesus. Só que no dia a dia, o que eles praticavam era a iniqüidade, quer dizer, a injustiça. E achavam que eram eles a comunidade, a casa. Isso eram coisas daquele tempo. Para eles vão as últimas palavras de Jesus, fechando o discurso todo. (Após conversar bastante) ler Mt 7,21-27 Tendo visto as multidões, Jesus deu essas instruções. O que ele disse aqui aos discípulos será bom para a multidão sofredora? BNo capítulo 9, versículos 35 a 38, Jesus vai caminhando pelas zonas rurais, de aldeia em aldeia, acudindo todo o povo, pobre e sofredor, e anunciando a chegada do reinado, do governo ou império de Deus. O povão, as multidões, a humanidade pobre e sofredora está massacrada e desorientada, como ovelhas sem pastor. Em favor do povão, ele reúne os discípulos, organiza suas comunidades e as envia pelo mundo para tirar as pessoas da situação de sofrimento e anunciar a chegada do império de Deus. Como ser missionários, como anunciar a este mundo, do jeito que ele é, a chegada do Reino ou Império de Deus (o do céu)? 1. Quem somos nós que participamos desta reunião? Pode-se esperar alguma coisa boa de nós? Não valeria a pena lembrar o nome de cada uma, de cada um, e o que faz na vida? Depois leiam esta carta: Jerusalém, 05 do mês de nisan do ano 30 Ilmo. Sr. Jesus Filho de José A/C da Carpintaria 25922 NAZARÉ – Israel Prezado senhor, Nós da Agência de Empregos Jordão vimos agradecer-lhe o envio do currículo dos doze homens que Vossa Senhoria escolheu para posições de liderança em sua organização. Todos passaram por uma bateria de testes e os resultados foram lançados em nossos computadores. Eles foram entrevistados 19 pessoalmente por nossos psicólogos e orientadores vocacionais. Seguem em anexo os resultados dos testes e V. Sa. deverá estudá-los cuidadosamente um por um antes de qualquer decisão. Nossa opinião é de que a maior parte de seus candidatos não tem a experiência, a formação intelectual nem a aptidão profissional que seu tipo de empreendimento exige. Falta-lhes, por exemplo, a noção de trabalho em equipe. Recomendamos a V. Sa. continuar procurando pessoas com experiência em liderança e comprovada capacidade. Simão Pedro é emocionalmente instável e dado a acessos de mau humor. André absolutamente não tem a habilidade do líder. Os dois irmãos Tiago e João, os dois filhos do Sr. Zebedeu, colocam os interesses pessoais acima da lealdade empresarial. Tomé demonstra ter atitude questionadora e tendência geral ao desânimo. Sentimos ser nossa obrigação informar que Mateus foi incluído na lista negra do Serviço de proteção ao crédito da Grande Jerusalém. Tiago, filho do Sr. Alfeu, e Tadeu têm tendências perigosamente radicais e revolucionárias, tendo atingido altos índices na escala dos maníacos depressivos. Um dos candidatos, entretanto, exibe grande potencial. É um homem de capacidade e de muitos recursos, sabe lidar com as pessoas, tem uma mente para negócios como poucos, além de contatos importantes na esfera do primeiro escalão. Tem grande motivação, é ambicioso e responsável. Recomendamos Judas Iscariotes para ocupar a gerência e ser o seu braço direito. Augurando sucesso no empreendimento de V. Sa., despedimo-nos. Atenciosamente, _______________________ Agência de Empregos Jordão (Após conversar bastante) ler Mt 10,1-4 A instrução que Jesus dá aos missionários tem algum valor para a multidão, desorientada como ovelhas sem pastor? 2. O missionário tem é que anunciar, falar, falar, para todo o mundo, em todas as ocasiões e em todos os lugares, se possível, até mesmo na televisão, para que todo tipo de pessoas, querendo ou não, escute. Será preciso fazer, realizar alguma coisa? Não bastará falar? Não é importante que todos escutem e se tornem cristãos? (Após conversar bastante) ler Mt 10,5-8 Lepra era qualquer doença de pele. O problema não era a doença, era a situação do doente, que devia ficar excluído, morar fora das aldeias e gritar “impuro, impuro” para que ninguém se aproximasse deles (Levítico 13,45). Purificar o leproso era acabar com sua exclusão. Que significado teria hoje o v. 8? A instrução que Jesus dá aos missionários tem algum valor para a multidão, desorientada como ovelhas sem pastor? 20 3. O apóstolo precisa também cuidar de si, pensar em levar dinheiro, roupa, reservar vaga num hotel, prevenir todo o necessário para a sua pessoa, aliás, uma pessoa importante, um pregador do Reino de Deus... Ou terá que andar como um vagabundo, ou um mendigo? Vai viver de brisa? Não pode viver como qualquer pessoa de certa posição social? (Após conversar bastante) ler Mt 10,9-15 Comparar com Primeira aos Coríntios 9,13-19. A instrução que Jesus dá aos missionários tem algum valor para a multidão, desorientada como ovelhas sem pastor? 4. A proposta do Reinado de Deus não combina com o pensamento e os critérios que comandam o nosso mundo. Ou combinam? Ou não tem nada a ver uma coisa com a outra? E se os donos deste mundo, mesmo autoridades religiosas, se sentirem acusados ou incomodados e começarem a perseguir aqueles que anunciam a chegada do Reinado de Deus? Que deverão fazer, então, esses pregadores? Desdizer o que disseram? Esconder-se, parar de falar? (Após conversar bastante) ler Mt 10,16-25 Hoje isso não acontece, não é verdade? Ou só acontece com quem não tem cuidado com o que fala, não é? Vejam também Filipenses 1,12-18 A instrução que Jesus dá aos missionários tem algum valor para a multidão, desorientada como ovelhas sem pastor? 5. Sabem de alguém que foi perseguido ou morto até, por causa de sua pregação do Reinado de Deus ou por defender a justiça, a honestidade, o respeito aos mais fracos, ou por tentar afastar-se, por exemplo, de uma quadrilha ou do mundo das drogas? Não é melhor ficar quieto? Em boca fechada não entra mosquito! (após conversar bastante) ler Mt 10,26-42 A instrução que Jesus dá aos missionários tem algum valor para a multidão, desorientada como ovelhas sem pastor? 21 No final do capítulo 12, Jesus disse que para ser discípulo não basta ter laços de sangue com ele, ser sua mãe ou irmão, principalmente se esses ficam do lado de fora, não entram na casa, na comunidade dos discípulos, a sua verdadeira família. Agora ele mesmo sai de casa e vai para a beira do lago falar para as multidões. Será que todos vão aceitar o convite para entrar e tornar-se discípulos? Parece que no começo havia um grande entusiasmo. Terá sido só fogo de palha? Será que as multidões podem esperar alguma coisa dos poucos que ficam firmes, dos que estão no mesmo barco que Jesus? C1. Todo o mundo ouviu falar da mensagem de Jesus Cristo, mas quantas pessoas se comprometeram com ele de verdade? Desde que começamos nossos grupos de reflexão, todos estão indo em frente, cada dia mais animados? Já comparou a multidão de gente que vai a uma Procissão do Enterro, por exemplo, e os poucos que freqüentam os grupos de reflexão, que querem seguir Jesus mais de perto? E se pensarmos noutras coisas ainda, como um estádio de futebol superlotado, um show de rock ou coisas semelhantes? As coisas não deveriam ser diferentes? (após conversar bastante) ler Mt 13,1-23 As multidões podem esperar alguma coisa boa dos que ficam no mesmo barco de Jesus? 22 2. “Antes que o mal cresça, corte-se lhe a cabeça!” Não é isso mesmo? As comunidades de Igreja que vão se formando (sempre estamos em formação) devem ser um modelo, uma amostra do Reino de Deus. Precisam mostrar ao mundo como devem ser as coisas. Então não podem ter qualquer defeito ou fraqueza. “Antes que o mal cresça...”, cortar rente tudo o que aparecer de errado! Ou não? (após conversar bastante) ler Mt 13,24-30 As multidões podem esperar alguma coisa boa dos que ficam no mesmo barco de Jesus? 3. Outro dia alguém se queixou: “Só uns vinte por cento do povo participam das reuniões dos grupos de reflexão! Precisava era todo o mundo participar!” As comunidades eclesiais, que devem ser sacramento, quer dizer modelo e força, amostra e ferramenta do Reinado de Deus devem ser uma coisa grande e imponente, de chamar a atenção; não? Ou deverão ser uma coisinha fraca, da qual pouca gente participa? (após conversar bastante) ler Mt 13,31-33 As multidões podem esperar alguma coisa boa dos que ficam no mesmo barco de Jesus? 4. Esse mundo é assim mesmo, há os bons e há aqueles que não prestam. Existem pessoas que parecem ser do lado do capeta. Esses a gente tem que deixar de fora, porque uma laranja podre apodrece todas as outras. Não acontece mesmo? Pelo jeito da pessoa a gente já nota, não dá para fazer nada, quanto mais tempo demorar a pôr para fora, pior fica. Deve resolver logo, não é mesmo? (após conversar bastante) ler Mt 13,34-43 As multidões podem esperar alguma coisa boa dos que ficam no mesmo barco de Jesus? 5. Tudo o que o Evangelho diz é muito bonito, está certo, mas é para quando a gente tem tempo. Ninguém vai deixar outras obrigações (e diversões também, que ninguém é de ferro!) por causa disso... Que valor tem mesmo tudo o que estamos aprendendo sobre o Reinado de Deus? Será que vale a pena mesmo a gente entender melhor como é o projeto de Deus? Será que desde o começo dessas nossas reflexões a gente já progrediu um pouco, sentiu melhor o que vale a pena mesmo? (após conversar bastante) ler Mt 13,44-46 As multidões podem esperar alguma coisa boa dos que ficam no mesmo barco de Jesus? 6. 23 Quando será que teremos comunidades de Igreja perfeitas, sem falhas, verdadeiros espelhos do Reinado de Deus, domínio da paz, da harmonia, da colaboração, da justiça, da verdade, da transparência, do amor sincero e honesto? - Está difícil? – Então podemos desistir e cada qual que cuide dos seus interesses... (após conversar bastante) ler Mt 13,47-53 As multidões podem esperar alguma coisa boa dos que ficam no mesmo barco de Jesus? DNo final do capítulo 17, Jesus disse que ele e seus discípulos (a sua comunidade) não precisam pagar o imposto do Templo de Jerusalém. Pagam para não escandalizar, mas estão mais por dento da realidade do Reinado de Deus do que a antiga instituição religiosa do judaísmo, eles são de casa. Como será essa comunidade dos discípulos de Jesus? Como deverá ela se organizar? Vai seguir os mesmos critérios de outras organizações deste mundo? E as multidões podem esperar alguma coisa boa da organização dessa comunidade? 1. A comunidade precisa ter um dirigente ou coordenador (não importa como ele se chame), alguém de mais respeito e autoridade para dar a última palavra, para governar a comunidade em nome de Deus. Esse, é claro, é mais importante do que os outros. Ou será que vamos ter de dar mais valor aos bobos, às crianças, aos atrasados? E quem faz parte da comunidade não pode cobiçar ter um lugarzinho melhor, mais importante, com mais poder e autoridade? (após conversar bastante) ler Mt 18,1-9 As orientações de Jesus para formar a comunidade dos discípulos trazem algum proveito para as multidões? 24 2. Nas comunidades alguns acabam ficando de lado, mesmo. Não pode ser diferente. Há pessoas simples demais, ingênuas, que não têm capacidade para nada, que parecem não saber nada, que só falam coisas erradas ou fora de lugar... Esses devem ficar de lado, esquecidos, é natural... (após conversar bastante) ler Mt 18,10-14 Isso ajuda a acabar com o espírito de competição na comunidade? As orientações de Jesus para formar a comunidade dos discípulos trazem algum proveito para as multidões? 3. E, se aparecer uma questão séria, problema grave mesmo entre as pessoas da mesma comunidade, como agir? Fazer de conta que não aconteceu nada, que ninguém ficou magoado, ninguém se sentiu prejudicado, injustiçado ou explorado e tocar o barco para frente? Ou, não seria bom que viesse uma autoridade maior, um padre, por exemplo, para dar uma decisão? Ou, pelo menos, alguém que tivesse acesso mais fácil a ele e que trouxesse uma decisão certa, clara e definitiva... Aí todos iriam aceitar a solução dada! Ou não? Será que Deus vai apoiar a solução que a comunidade mesma der ao caso? (após conversar bastante) ler Mt 18,15-20 As orientações de Jesus para a comunidade dos discípulos se formar trazem algum proveito para as multidões? 4. Por que será que dos 35 versículos que falam sobre como deve ser a comunidade dos discípulos de Jesus, 16 falam diretamente do perdão? Isso tem a ver com a força e a firmeza da comunidade? Terá a ver com o inimigo número um da comunidade, o espírito de competição? (após conversar bastante) ler Mt 18,21-35 As orientações de Jesus para a comunidade dos discípulos se formar trazem algum proveito para as multidões? 25 ENo final do capítulo 23, Jesus tinha se queixado de Jerusalém, que mata os profetas e enviados de Deus. Ele próprio quis reunir seu povo como galinha que ajunta os pintinhos debaixo das asas, mas eles não quiseram. Tinha também dado a entender que a cidade seria destruída. A comunidade que escreveu este evangelho tinha saído de Jerusalém logo que os revolucionários tomaram conta da cidade. Só um maluco poderia imaginar que Roma iria deixar as coisas daquele jeito. Entre os revolucionários, cada vez era um “o messias”, “o salvador da pátria”. O exército romano veio e acabou com a brincadeira, destruiu completamente a cidade e o Templo, o suporte da religião judaica. Para a comunidade dos discípulos, nascida no seio dessa religião, foi como se a mãe morresse antes de se cortar o cordão umbilical. 1. A comunidade dos discípulos de Jesus saiu do Templo, veio da religião antiga dos judeus. Mas era perseguida exatamente pelos antigos chefes religiosos, de onde deveriam esperar mais apoio. Quando viram que “o circo ia pegar fogo” em Jerusalém, saíram da cidade. Foi certo ou errado terem fugido? Não terão de enfrentar muitas dificuldades, muitos problemas? A fé em Jesus ressuscitado poderá ser uma esperança para eles? O fim da antiga religião dos judeus não poderá ser um novo começo? Caminhar com as próprias pernas será fácil? Jesus vem ajudar? Poderá fazer que a gente seja mais forte até do que os romanos? Hoje acontecem coisas semelhantes? Não parece às vezes que “o céu vai desabar na cabeça da gente”, que “o mundo vai acabar”? (após conversar bastante) ler Mt 24,1-31 26 As orientações de Jesus para os discípulos enfrentarem com esperança os momentos de crise contribuem alguma coisa para o bem das multidões? 2. As confusões que acontecem no nosso mundo, guerras, doenças e epidemias, destruição da natureza, poluição, concentração cada vez maior de riquezas por um lado e, pelo outro, a fome e a miséria se alastrando, negócios ilegais como o tráfico e o jogo, a corrupção dos que têm algum poder, a violência e o medo, tudo isso parece deixar a gente sem saber o que faz. Ou não? Ou será preciso a gente se preparar calma e tranqüilamente para o Reino definitivo? Os “sinais” são para dizer quando será ou para fazer a gente se preparar? Que significa preparar o Reino definitivo? Que preparação Noé fez para enfrentar o dilúvio? (após conversar bastante) ler Mt 24,32-44 As orientações de Jesus para os discípulos enfrentarem com esperança os momentos de crise contribuem alguma coisa para o bem das multidões? 3. Aqueles que têm algum cargo ou função na comunidade, de certo, terão um tratamento diferente na hora do acerto de contas com Deus. Ou não? (após conversar bastante) ler Mt 24,45-51 As orientações de Jesus para os discípulos enfrentarem com esperança os momentos de crise contribuem alguma coisa para o bem das multidões? 4. Quando criança, vi desenhados num livro de catequese três modelos de coração: um totalmente branco, outro cheio de manchas e o terceiro totalmente preto. O branco representava a pessoa sem pecado nenhum, o manchado, a pessoa com pecados veniais, candidato ao purgatório, e o inteiramente preto, a pessoa com pecado mortal, candidato ao inferno. O importante era ficar branco e vazio, como aquele coração sem qualquer mancha. É isso que significa vigiar, tomar cuidado para não fazer pecado? Há ainda o caso da pessoa que chegou ao céu e São Pedro não o quis deixar entrar. O homem disse: “Mas eu não fiz nada!” e São Pedro respondeu: ”Por isso mesmo!”. (após conversar bastante) ler Mt 25,1-30 As orientações de Jesus para os discípulos enfrentarem com esperança os momentos de crise contribuem alguma coisa para o bem das multidões? 5. 27 Concretamente, objetivamente, que significa preparar ou começar aqui na terra o Reino definitivo? Qual é a palavra decisiva? Que faz a diferença mesmo? (após conversar bastante) ler Mt 25,31-46 As orientações de Jesus para os discípulos enfrentarem com esperança os momentos de crise contribuem alguma coisa para o bem das multidões? Para não permitir que Jesus hoje passe fome, tenha sede, sinta frio, desamparo, etc., podemos fazer três tipos de coisas; 1. Socorrer todos os que nos procuram. Nunca negar ajuda a ninguém. 2. Ajudar as pessoas a progredirem dentro da nossa sociedade. “É melhor ensinar a pescar do que dar o peixe”. 3. Lutar pelas mudanças da sociedade, indo à raiz das desigualdades, da fome e da miséria, ajudar a reorganizar o mundo, a fim de que todas as pessoas possam viver dignamente como filhos de Deus. Agora responda: Qual dessas três coisas é mais necessária? Dá para fazer as três ao mesmo tempo?