FGV – Economia – 2a Fase – 18/dezembro/2011

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CPV O Cursinho que Mais Aprova na GV
FGV – Economia – 2a Fase – 18/dezembro/2011
LÍNGUA PORTUGUESA
Leia o texto para responder às questões de números 01 a 04.
Bem-aventurados os que não entendem nem querem entender de futebol, pois deles é o reino da tranquilidade.
Bem-aventurados os que, por não entenderem de futebol, não correm o risco de ver os jogos, pois não voltam com decepção ou
enfarte.
Bem-aventurados os que não conseguem comprar televisão a tempo de acompanhar a Copa do Mundo, pois, assistindo pelo
aparelho do vizinho, sofrem sem pagar 20 prestações pelo sofrimento.
Bem-aventurados os cegos, pois lhes é poupado torturar-se com o espetáculo direto ou televisionado da marcação apertada, que
deixa sem ação os campeões, ou do lance imprevisível, que lhes destrói a invencibilidade.
Bem-aventurados os que nasceram, viveram e se foram antes de 1863, quando foram codificadas as leis do futebol, pois escaparam
dos tormentos da torcida, inclusive dos ataques cardíacos impostos tanto pela derrota como pela vitória do time bem-amado.
Carlos Drummond de Andrade. Sermão da planície (para não ser escutado). Em: Boca de Luar. Adaptado
01. Considere os seguintes trechos do texto:
I. nem querem entender de futebol
II. não correm o risco de ver
a) Reescreva esses trechos, empregando os verbos indicados a seguir, de acordo com a norma-padrão de regência verbal.
I. aspirar, em lugar de querer;
II. expor-se, em lugar de correr.
b) O verbo aspirar pode ser empregado também com sentido diverso de querer, desejar. Explique de que sentido se trata e
redija uma frase que sirva de exemplo.
Resolução:
a) Reescritos de acordo com a norma-padrão de regência verbal e utilizando-se os verbos indicados, os trechos ficariam assim:
I.
nem aspiram entender de futebol
(preferencialmente, não se usa a preposição antes de verbos no infinitivo)
II. não se expõem ao risco de ver
(o advérbio não atrai o pronome. Expor-se é VTI)
b) O verbo aspirar também tem o sentido de inalar. (VTD)
Um exemplo: Ela aspirava o perfume das flores do campo.
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02. Considere a seguinte passagem:
04. Observe as passagens.
Bem-aventurados os que, por não entenderem de futebol,
não correm o risco de ver os jogos, pois não voltam com
decepção ou enfarte.
a) Reescreva os trechos a seguir, substituindo as expressões
destacadas por pronomes.
I. não correm o risco
II. o risco de ver os jogos
b) Esclareça o sentido que o trecho por não entenderem de
futebol introduz no contexto e reescreva-o de uma maneira
diferente, mas expressando esse mesmo sentido.
I. Bem-aventurados os que nasceram, viveram e se foram
antes de 1863, quando foram codificadas as leis do
futebol
II. Bem-aventurados os cegos, pois (porque / por que) lhes
é poupado torturar-se
Resolução:
III.
marcação apertada (cerrada / serrada) que deixa sem
ação (paraliza / paralisa)
IV.
ataques cardíacos impostos (infligidos / infringidos)
a) Reescreva o seguinte trecho da passagem I – quando foram
codificadas as leis do futebol – adotando outra construção
de voz passiva para expressar essa mesma ideia.
b) Transcreva, respectivamente, os termos dos parênteses
que substituem, com correção, as expressões destacadas
nos trechos das passagens II, III e IV.
a) Substituindo-se os termos ou expressões grifados, temos:
I.
não o correm
(o verbo correr, neste caso, é transitivo direito)
II. considerando que apenas a expressão
tivesse
sido destacada, a resposta seria: o risco de vê-los
(o verbo ver é transitivo direto. Por terminar em R, perde
essa terminação e recebe objeto pronominal com L).
Entretanto, a expressão destacada é ver os jogos, que
possibilitaria como resposta a construção "o risco disso"
(ou "daquilo"), em que o pronome demonstrativo sofre
contração com a preposição de que o antecede.
b) O sentido do trecho por não entenderem de futebol é o de
causa. Reescrito de forma diferente e sem perder o sentido
original, teríamos:
Não correm o risco de ver os jogos porque não entendem
de futebol.
Nesse caso, embora ocorra uma explicação, a oração
subordinada adverbial continua indicando causa.
03.a) Observe que, no 4o parágrafo do texto, o pronome
lhes é empregado em dois contextos. O sentido desse
pronome é o mesmo nos dois? Explique.
b) Considere o emprego do termo os, destacado nas
frases seguintes, e explique a classe gramatical a que
pertence, em cada uma delas.
I. Bem-aventurados os cegos (4o parágrafo);
II. Bem-aventurados os que nasceram (5o parágrafo).
Resolução:
a) O sentido do pronome lhes, nos dois contextos em que foi
utilizado, não é o mesmo, nem o é sua função sintática.
No primeiro caso, pois lhes é poupado, voz passiva,
o pronome é empregado com o sentido de receptor da
ação (alguém poupa algo a alguém, ou alguém, de algo)
e sua função sintática é de objeto indireto.
No segundo caso, que lhes destrói a invencibilidade,
o pronome é empregado no sentido de caracterizar
algo que per tence a alguém, ou seja, posse, e sua
função sintática é de adjunto adnominal.
b) Em I, o termo os pertence à classe gramatical dos artigos.
Em II, o termo os pertence à classe dos pronomes
demonstrativos, pois tem valor de aqueles.
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Resolução:
a) Reescrevendo o trecho em destaque, adotando outra
construção de voz passiva, tem-se: quando se codificaram
as leis do futebol.
b) A transcrição correta é:
II.
porque
III.
cerrada, paralisa
IV.
infligidos.
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Observe os quadrinhos e responda às questões de números 5 a 7.
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07. Para responder a esta questão, considere as frases em que,
como nos quadrinhos, também se emprega o verbo custar:
I. Custa-lhe vestir roupas diferentes?
II. Essas roupas custam caro.
Observe como o verbo foi empregado nessas frases e explique:
a) o sentido dele em cada uma das frases.
b) por que a flexão (concordância) desse verbo é diferente nelas.
Resolução:
a) Na frase I, o verbo custar foi empregado com o sentido de
ser difícil, ser trabalhoso, como nos quadrinhos.
Na frase II, o verbo custar significa ser dispendioso.
05. Observe a frase: Faz uma semana que você não troca de roupa.
Substitua a expressão destacada por meses e depois redija
duas versões dessa frase, empregando:
a) o verbo haver flexionado no pretérito imperfeito do
indicativo em lugar de fazer.
b) a locução dever fazer em lugar de fazer. Em seguida,
explique a concordância dessa locução verbal.
Resolução:
Obedecendo às alterações exigidas, tem-se:
a)
Havia meses que você não trocava de roupa.
b) Na frase I, o verbo é impessoal, visto que custar, no sentido de
ser trabalhoso, assume essa condição.
Na frase II, o verbo custar está flexionado na 3a pessoa do plural
do presente do indicativo para concordar com o sujeito da frase,
essas roupas.
08. Leia o texto.
Glória Pires retorna ao Brasil após três anos na França na
pele de uma personagem vingativa na novela “Insensato
Coração”, fazendo lembrar seus melhores momentos na tv
como vilã. (Revista Bem-Estar, Diário da Região, 23.01.2011)
Observe que o texto apresenta uma ambiguidade.
a) Explique em que consiste essa ambiguidade,
esclarecendo os dois sentidos que esse texto sugere.
b) Aponte dois recursos linguísticos necessários para
que a ambiguidade seja desfeita. Reescreva o texto,
empregando esses recursos.
Resolução:
a) A ambiguidade do texto acontece porque o adjunto adverbial
após três anos está mal colocado no sintagma. Daí que o
primeiro sentido possível é o de que Glória Pires retornou ao
Brasil para viver uma personagem vingativa, numa novela;
o segundo sentido possível é o de que ela esteve na França
vivendo essa personagem durante três anos.
b)
Deve fazer meses que você não troca de roupa.
Nesse caso, o verbo dever, auxiliar de fazer, mantém-se na forma
singular, visto que está vinculado a um verbo – fazer – que se
comporta como impessoal, isto é, que não assume a forma plural.
06. a) Reescreva as falas do segundo quadrinho em discurso
indireto e de acordo com a norma-padrão da língua escrita,
chamando as personagens de “a mulher” e “o marido”.
b) Interprete a frase – Pois é, e continua limpa. – no contexto
do terceiro quadrinho, esclarecendo o sentido que tem,
nela, a conjunção e.
Resolução:
a)
Com a reescrita das falas do segundo quadrinho em discurso
indireto, tem-se:
A mulher perguntou ao marido se ele havia colocado a
mesma roupa.
O marido respondeu à mulher que a roupa estava limpa.
b) A resposta, de tom afirmativo, significa que, apesar de vestir a
mesma roupa toda a semana, ela continua limpa. A conjunção e
tem, por isso, sentido de oposição à fala da mulher, tanto que
pode ser substituída pela conjunção coordenativa adversativa
mas, sem prejuízo de sentido.
b) Dois recursos linguíticos capazes de desfazer essa ambiguidade
seriam o deslocamento do adjunto adverbial e a pontuação:
I. Após três anos na França, Glória Pires retorna ao Brasil
na pele de uma personagem vingativa.
II.
Glória Pires retorna ao Brasil, após três anos na
França, na pele de uma personagem vingativa na novela
“Insensato Coração”, fazendo lembrar seus melhores
momentos na tv como vilã.
COMENTÁRIO DA PROVA
A prova de Língua Portuguesa da 2a fase da FGV-ECO manteve a tradição
de ser objetivamente elaborada, de base gramatical e exigindo dos
candidatos conteúdo realmente importante e formador do instrumental
necessário à leitura e à compreensão de textos da área de Economia.
O nível da prova pode ser considerado de dificuldade média, mas
extremamente adequado aos seus propósitos.
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