1 USO INDUSTRIAL DO PÓ DE TURMALINA PRETA Valéria Alves Rodrigues de Melo, José Maria Leal, Fernando Soares Lameiras CDTN – Centro de Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear CNEN – Comissão Nacional de Energia Nuclear Rua Prof. Mário Werneck, s/n Campus da UFMG – Pampulha 31.270-901 Belo Horizonte – MG E-mail: [email protected] RESUMO Registros de patentes e produtos lançados no mercado internacional mostram o interesse pelo pó de turmalina, cujas finalidades são purificação de água e ar, argamassas para construção civil, pavimentação de ruas, cosméticos, tecidos, adubação de solos e aditivo para tintas. O Brasil exporta turmalina preta no estado natural. Não há publicações científicas que fundamentam esses usos. Justifica-se o emprego da turmalina através da piroeletricidade, emissão de infravermelho distante e de íons negativos. Verificou-se que a turmalina preta exportada é da série schorlita-dravita. A distribuição não uniforme entre os sítios X e W ao longo do eixo c e vibrações anarmônicas impostas ao sítio W pelos sítios Y podem explicar a piroeletricidade e a emissão de infravermelho distante. Estimativas teóricas indicam que os efeitos do pó são maximizados para granulometria de 160 nm. São apresentados resultados para obtenção de peças sinterizadas e adição a tintas e solos com granulometria de 5 µm. Palavras-chave: turmalina preta, piroeletricidade, infravermelho distante 2 INTRODUÇÃO Na última década apareceu um interesse pelo uso industrial do pó de turmalina preta. Produtos para tratamento de água, purificação de ar, argamassas, cosméticos, tintas e tecidos, feitos com adição de pó de turmalina preta, estão sendo lançados no mercado, especialmente nos países do Extremo Oriente. Observa-se também um crescente número de pedidos de patentes para diversas utilizações do pó de turmalina preta. Porém, não se encontram trabalhos científicos que fundamentam essas aplicações. O Brasil possui reservas significativas desse mineral, que não tinha valor, tanto gemológico quanto industrial. Tem havido exportações de turmalina para o Extremo Oriente no seu estado natural ou moída ao custo de US$1.30 por quilo. No Extremo Oriente o pó de turmalina é oferecido a preços que variam de US$14.00 por quilo até US$36.00 por quilo, conforme a granulometria. Afirma-se que a turmalina é capaz de interagir com a água, alterando o pH, o potencial redox e diminuindo o teor de cloro. Os purificadores de água a base de turmalina apelam para essas propriedades. Há questionamentos sobre a eficácia desses produtos. Nos textos para divulgação comercial afirma-se que a turmalina, devido à sua piroeletricidade, induz a dissociação da água. Entretanto, na literatura científica só encontramos três trabalhos superficiais sobre esse tema. [Nishi Y, Yazawa A, Oguri K et al.,1996](1) observaram que a turmalina induz o autocontrole do pH. [Nakamura T, Fujishira K, Kubo T,1994](2) também observaram variações do pH e condutividade elétrica da água provocadas pela turmalina. [Nakamura T, Kubo T,1992](3) argumentaram que uma partícula nanométrica de turmalina apresenta um campo elétrico de 107 V/m na face c. [Yamaguchi S,1964](4) de fato avaliou um campo elétrico dessa ordem em um estudo de difração de elétrons. Afirma-se também que a turmalina tem a propriedade de diminuir o tamanho dos aglomerados de moléculas de água. Não encontramos nenhum trabalho científico sobre esse assunto. [Kubo T,1998](5) obteve uma patente nos Estados Unidos sobre um purificador de água que funciona com partículas de turmalina de 3 µm. Segundo o depositante, é necessário isolar as partículas entre si com auxílio de um material eletricamente isolante. [Katutoshi Y,2003](6) obteve uma patente de um purificador de 3 água no Japão. [Junto I,2000](7) obteve uma patente nos Estados Unidos relativa a materiais para tratamento de água e sua síntese, onde a turmalina é o ativador da água, para redução do uso de detergentes e ceras. Afirma-se que a turmalina serve para diminuir o crescimento de organismos marinhos aderidos aos cascos de navios (craca-das-pedras). Conforme [Yebra DM, Kiil S, Dam-Johansen K,2004](8), na última década a tecnologia de tintas antiincrustantes tem passado por uma grande transformação, causada pela gradativa proibição de tintas a base de tributil estanho (TBT). Embora esses autores não façam referência ao emprego de turmalina como substituto do TBT, há uma patente depositada por [Nogami H,1999](9) nos Estados Unidos com essa finalidade. Em um trabalho disponível na Internet no portal do “National Maritime Research Institute” do Japão, esse autor mostra os resultados obtidos com o seu produto. [Tadatoshi S, Masami S, Nobushige N,2003](10) obtiveram uma patente no Japão referente a uma tinta que utiliza pó de turmalina. Essa tinta teria efeitos antibacteriano e antimicótico. [Ruan D, Zhang LN, Zhan Zi, Xia XM,2004](11) observaram ação antibacteriana da turmalina com dimensões nanométricas à bactéria Staphylocaccus aureus. Existem patentes e produtos que utilizam a propriedade atribuída à turmalina de emissão de radiação infravermelha distante, dando a sensação de calor ao corpo humano. Agasalhos, roupas de cama, sapatilhas, luvas, etc., feitos com tecidos cujas fibras contêm turmalina, podem ser encontrados no mercado. Entretanto, ainda não encontramos trabalhos científicos que fundamentam essas aplicações. Há assertivas sobre a ativação que turmalina exerce no processo de germinação de sementes. Não encontramos trabalhos científicos sobre esse assunto. Há duas patentes que utilizam a turmalina com essa finalidade [Senya Y,2003](12) e [Hiroko S,2003](13). Existem vários produtos no mercado que utilizam as aludidas propriedades benéficas da turmalina, como cremes faciais, para cabelos, gomas de mascar e pastas dentais. Várias patentes podem ser encontradas nos Estados Unidos e no Japão. Com freqüência atribui-se à turmalina a propriedade de emissão de íons negativos, que seriam benéficos para o corpo humano. Existem patentes no Japão e 4 Estados Unidos sobre a utilização do pó de turmalina na composição de argamassas e asfaltos, com objetivos de geração de íons negativos, efeitos purificadores de ar e bactericidas. Não encontramos trabalhos científicos sobre esse assunto. No Brasil há cerca de 30 pedidos de patente para uso de turmalina. Tratam-se de emissores de elétrons, produtos para tratamento de água, cosméticos, compósitos, desodorantes, produtos com fins terapêuticos, fabricação de combustível. Autopeças, tecidos e suporte para telefone celular. Como nos bancos de patente estrangeiros, a eficácia desses usos necessita de comprovação científica. MATERIAIS E MÉTODOS Para estudo da complexa estrutura cristalina da turmalina, tomou-se por base a schorlita, cuja fórmula química é NaFe3Al6(Si6O18)(BO3)3(OH)3OH. A fórmula estrutural da turmalina é denotada por XY3Z6(T6O18)(BO3)V3W. Foi elaborado um modelo de esferas rígidas com base nos dados para as posições atômicas da WWW-MINCRYST-Cristallographic Database for Minerals (Card No. 4131)(14), com auxílio do programa Carrara Studio 3.0. Os raios iônicos cristalinos foram tomados de [Shannon RD,1976](15). Foram tomadas amostras de turmalina preta tal qual elas são exportadas para o Extremo Oriente. Elas foram carcterizadas por difração de raios X (Rigaku, Geigerflex tubo de Cu e banco de dados JCPDS sets 1-48 e 70-85,1998), EDS(Jeol840ª), espectrometria Mössbauer, espectrofotometria no infravermelho (ABB Bomem MB102) e superfície específica (NOVA 1000). As amostras foram moídas num triturador de aço inox até a granulometria de 5 µm. Foram feitas pastilhas cilíndricas de 1 cm de diâmetro com o pó puro e misturado com diatomita (para filtração da DIATOM, M-45) através de prensagem uniaxial com pressões de compactação de 40 a 60 kN/cm2. As pastilhas foram sinterizadas ao ar e em atmosferas redutora (H2) e inerte (N2) em forno tubular, entre 650 e 1100 oC, durante 1 a 4 horas. As pastilhas sinterizadas foram caracterizadas quanto a densidade e porosidade pelo método de penetração e imersão em xilol, 5 difração de raios X, espectrometria Mössbauer e espectrofotometria no infravermelho. O pó de turmalina foi também adicionado a tinta acrílica comercial, que foi aplicada a paredes externas e observado o seu efeito sobre o desenvolvimento de musgos e liquens, que em áreas úmidas destroem a camada de tinta em alguns meses. RESULTADOS E DISCUSSÃO Dentro do grupo de simetria cristalina da turmalina, R3m, o vetor de indução elétrica espontânea, responsável pelas propriedades piroelétricas, só pode estar na direção do eixo c. A Figura 1 mostra a distribuição atômica, extraída do modelo de esferas rígidas, ao longo desse eixo. O sódio e as hidroxilas (do sítio W) se alternam ao longo do eixo. A distância entre eles é de 4,03 Å dentro de uma célula unitária. Porém, a distância do OH para o sódio da célula unitária adjacente é 3,16 Å. Essa distribuição não uniforme traz conseqüências para as propriedades da turmalina. Os átomos de ferro também estão mostrados na Figura 1. Vê-se que eles impõem uma restrição aos movimentos do OH ao longo do eixo c, que tem mais liberdade para se aproximar do sódio da célula unitária adjacente. Com o aumento das vibrações térmicas, espera-se que a distância entre o sódio e o OH dentro de uma célula unitária tenda a aumentar, enquanto que a distância entre o sódio e o OH de células unitárias adjacentes ao longo do eixo c tenda a diminuir. A Figura 2 apresenta um cálculo do campo elétrico produzido no vácuo, a 10 Å de distância na direção do eixo c, de uma partícula de turmalina, causado pelo íons de sódio e OH conforme a sua distribuição na Figura 1. É mostrada uma comparação com aquele campo que seria produzido se essa distribuição fosse uniforme. Vê-se que a distribuição da turmalina provoca um campo mais intenso, que deve aumentar com a temperatura, uma vez que a distribuição não uniforme entre os íons ao longo do eixo c deve se acentuar. Por extrapolação, vê-se que para cerca de 100 células unitárias o campo elétrico já não depende mais do tamanho da partícula. Isso está de acordo com a observação experimental de que a tensão elétrica provocada por um cristal macroscópico de turmalina independe do seu 6 tamanho. Portanto, partículas de turmalina com diâmetro de cerca de 100 células unitárias ao longo do eixo c (160 nm) devem produzir o maior campo elétrico em suas proximidades por massa de turmalina. Esse campo é de aproximadamente 107 V/m, considerando que cristais de turmalina produzem uma tensão elétrica em torno de 0,1 V entre suas extremidades. Do ponto de vista tecnológico, essa é a granulometria que se deve alcançar para maximizar os efeitos das partículas de turmalina. eixo c 4,028 Å Na+ 3,162 Å OHCélula unitária Célula unitária adjacente Fe2+ Figura 1 – Distribuição de sódio e OH ao longo do eixo c, extraído do modelo de esferas rígidas A teoria clássica para oscilações dos sistemas com vários graus de liberdade, no caso das vibrações anarmônicas, prevê que, às freqüências das oscilações normais próprias do sistema de freqüências ωα, ..., ωβ, se superpõem oscilações suplementares, de freqüência ωα ± ωβ. Ora, o espectro do infravermelho da turmalina revela oscilações no sítio W entre 3620 e 3700 cm-1. Isso nos dá uma estimativa para ωα - ωβ de aproximadamente 2.1012 s-1 (2.103 GHz), com comprimento de onda de cerca de 0,1 mm, na faixa limite entre o infravermelho distante e as microondas. Pela mecânica quântica, espera-se um espectro de freqüências que inclui desde a freqüência nula (correspondente a uma elongação constante) até freqüências próximas das oscilações normais. Portanto, espera-se de fato emissões de infravermelho distante na turmalina, devido às oscilações anarmônicas no sítio W. 7 Porém, esse é um efeito de segunda ordem e deve ser de pequena intensidade. São necessárias medidas experimentais para estimar a sua grandeza e verificar se ele Potencial elétricorelativo elétrico a 10 Å no vácuo justifica o seu uso industrial. Separação entre Na+ e OH1 na turmalina 0,5 0,45 0,4 Separação entre Na+ e OH1 uniforme 0,35 0,3 0,25 0,2 0,15 0,1 0,05 0 0 10 20 30 40 50 60 70 Número de células unitárias ao longo do eixo c Figura 2 – Campo elétrico a 10Å de distância ao longo do eixo c produzido por partículas de turmalina, comparado com o caso de uma distribuição de íons uniforme ao longo desse eixo. A difração de raios X revelou que as amostras são dravitas. Entretanto, há evidências de que elas são na verdade da série shorlita-dravita, onde o ferro e o magnésio competem pelo sítio Y. A substituição do ferro pelo magnésio nesse sítio pode ser feita sem distorções significativas da rede cristalina, já que o raio iônico do Fe2+ (0,68 nm para baixo spin e 0,78 para alto spin) é bem próximo do raio iônico do Mg2+ (0,72 nm). Além disso, suspeitamos que a configuração dos spins do ferro pode levar a alteração das distâncias entre os planos cristalinos, de tal forma a confundir os difratogramas da schorlita e da dravita. O EDS revelou a presença de ferro e magnésio, além das presenças em pequenas quantidades de titânio, cálcio e potássio. O titânio deve estar substituindo o alumínio no sítio T e o cálcio e o potássio devem estar substituindo o sódio no sítio X. A espectroscopia Mössbauer revelou a presença de Fe2+ em dois sítios e Fe3+ em um sítio. 50% do ferro se encontra no estado de oxidação 2+ em um sítio, 8 41% se encontra nesse mesmo estado, porém em outro sítio e 9% se encontra no estado de oxidação 3+ em somente um sítio. Com esses dados, o ferro pode estar ocupando tanto o sítio Y como o sítio Z. Se o ferro 3+ estiver no sítio Y, ele deve provocar perda de carga positiva no sítio V. Se ele estiver no sítio Z, ele substituirá o alumínio sem distorções significativas na rede cristalina, mesmo com a grande diferença entre os raios iônicos (Al = 0,535 nm), devido à distorção do octaedro dessa posição, que dá um grande espaço para o alumínio. O ferro 2+ deve se encontrar distribuído entre os sítios Y e Z. No sítio Z ele provoca uma deficiência de carga local, que deve ser compensada. Por outro lado, ele também pode dividir os sítios Y e Z com o alumínio, com perda de cargas positivas nos sítios W. Evidências para a classificação das amostras na série schorlita-dravita também são observadas no espectro do infravermelho entre 3800 e 3100 cm-1, onde se encontram as bandas de absorção das hidroxilas. Na região de menores números de onda o espectro sugere boa cristalinidade, devido à boa definição das bandas, em concordância com a difração de raios X. Foram observadas três bandas: uma em torno de 3630 cm-1, correspondente ao OH do sítio W e duas em 3547 e 3487 cm-1, correspondentes OH dos sítios V. A localização dessas bandas fornece importantes informações sobre a estrutura cristalina(16). Na OH do sítio W das schorlitas a coordenação OH(Y,Y,Y) corresponde a OH(Fe,Fe,Fe). De acordo com a literatura, são encontradas bandas próximas a 3630 cm-1. A intensidade relativa dessa banda em 3628 cm-1 sugere que essa coordenação predomina em nossas amostras. No entanto, essa banda mostra uma assimetria na região de número de onda mais alto, sugerindo a existência de Mg no sítio Y. Segundo a literatura, a coordenação OH(Mg,Mg,Mg) possui banda em torno de 3700 cm-1. Na região do OH do sítio V são observadas duas bandas muito largas quando comparadas com schorlitas descritas na literatura. A largura das bandas sugere desordem local em torno do sítio V. Conclui-se que o sítio Y é dominado por Fe com a presença de Mg e que o sítio Z é dominado por Al com a presença de Mg, Fe ou Ti. O pó de turmalina obtido apresentou superfície específica de 1,0 m2/g. A prensagem das pastilhas de pó de turmalina pura pôde ser feita sem problemas, não requerendo a necessidade do uso de aglomerantes. Com a pressão de 50 kN/cm2 elas alcançaram 75% da densidade teórica da turmalina. Já as pastilhas feitas com a 9 mistura de pó de turmalina e diatomita requereram o uso de aglomerante (no caso PVA, 20% em peso da mistura de pós), além da adição de fluoreto de sódio como fundente. A relação de peso utilizada entre turmalina, diatomita e NaF foi de 5:4:1. Não tivemos sucesso na sinterização das pastilhas feitas com pó de turmalina pura. Elas apresentaram significativa decomposição da turmalina para temperaturas acima de 870 oC em todas as atmosferas testadas. Por outro lado, abaixo dessa temperatura, elas não sinterizaram. As pastilhas feitas com a mistura de pós foram sinterizadas a 750 oC, ao ar, durante 8 horas, taxa de aquecimento e resfriamento de 5 o C/min. Nessa temperatura não se observa decomposição da turmalina. A Tabela 1 apresenta os resultados de densidade e porosidade aberta alcançados. Deseja-se uma alta porosidade aberta nessas pastilhas, porque se vislumbra o seu emprego em filtração de água. Estimamos uma porosidade total de 40% do volume total, indicando que 75% da porosidade está aberta. Essa porosidade pode ser aumentada variando-se os parâmetros mistura de pós, prensagem e sinterização. Tabela 1 – Dados de prensagem e sinterização a 750oC/8h/(ao ar) de pastilhas de turmalina com diatomita Pastilha prensada Pressão (kN/cm2) Massa (g) 30 30 30 30 40 40 40 40 50 50 50 50 60 60 60 60 60 1,03 1,03 1,04 1,02 1,02 1,00 1,03 1,02 1,03 1,02 1,04 1,07 1,05 1,06 1,08 1,02 1,03 Altura x diâmetro (cm) 0,563x1,138 0,565x1,138 0,570x1,138 0,554x1,138 0,544x1,140 0,534x1,140 0,547x1,139 0,541x1,138 0,538x1,141 0,525x1,141 0,542x1,141 0,553x1,141 0,533x1,141 0,540x1,141 0,544x1,142 0,521x1,141 0,521x1,141 Pastilha sinterizada Massa (g) 0,96 0,97 0,97 0,95 0,96 0,94 0,97 0,95 0,97 0,95 0,98 0,99 0,99 1,00 1,00 0,95 0,97 Altura x diâmetro (g) 0,547x1,117 0,548x1,116 0,553x1,117 0,537x1,114 0,527x1,116 0,521x1,119 0,533x1,114 0,527x1,115 0,524x1,118 0,516x1,119 0,527x1,118 0,537x1,120 0,525x1,123 0,533x1,112 0,536x1,124 0,510x1,124 0,511x1,126 Densidade (g/cm3) 1,83 1,85 1,83 1,87 1,85 1,81 1,87 1,87 1,91 1,96 1,93 1,93 1,83 1,95 1,95 1,96 1,91 Porosidade aberta (% vol. total) 28,3 28,3 30,4 29,5 28,9 28,6 26,7 27,0 24,7 24,7 24,7 26,7 23,4 24,7 25,6 22,4 27,6 10 Os ensaios preliminares com tintas acrílicas comerciais revelaram que o pó com granulometria de 5 µm não forma aglomerados, mas decanta, o que exige a agitação da tinta aditivada antes da sua aplicação. Vê-se que será necessário investigar as propriedades reológicas da tinta com adição de pó de turmalina. Verificamos uma clara redução do crescimento de musgos e líqüens na superfície pintada com a tinta aditivada, conforme mostram a Figuras 3, seis meses após a aplicação. O crescimento desses vegetais dá um aspecto desagradável à superfícies exteriores pintadas, requerendo a sua remoção e nova aplicação a cada ano. A adição de turmalina parece inibir o crescimento de briófitas e aumentar o tempo de vida útil da camada de tinta. Figura 3 – Efeito da adição de pó de turmalina a tinta acrílica na inibição do crescimento de musgos e liquens (seis meses após a aplicação) CONCLUSÕES Vibrações anarmônicas no sítio W da turmalina podem explicar a piroeletricidade e a emissão de radiação infravermelha distante. Entretanto, esses efeitos devem ser pequenos. Eles são maximizados para granulometrias da ordem 11 de 160 nm. Do ponto de vista tecnológico, essa é a granulometria ideal para o uso industrial do pó de turmalina. Medidas experimentais ainda devem ser feitas para verificar se a magnitude desses efeitos pode explicar os usos industriais da turmalina. Foi possível obter peças sinterizadas a partir de pó de turmalina com adição de diatomita. Não foi possível obter peças sinterizadas a partir de pó de turmalina pura com granulometria de 5 µm através de prensagem e sinterização, porque a turmalina preta se decompõe acima de 870 oC e não há sinterização em tempos razoáveis até essa temperatura. AGRADECIMENTOS À Capes, ao CNPq e à Fapemig pelo apoio financeiro. À Diatom pela cessão da diatomita. A Walter de Brito, Ester Figueiredo de Oliveira, José Domingos Ardisson e Wilmar Barbosa Ferraz. REFERÊNCIAS 1. Y. Nishi , A. Yazawa, Oguri K, F. Kanazaki,T. Kaneko, Mater. Sci. Syst. Struct. 7,3 (1996) 260. 2. T. Nakamura, K. Fujishira, T. Kubo. Ferroelectrics 155, 1-4 (1994) 207. 3. T. Nakamura, T. Kubo, Ferroelectrics 137, 1-4 (1992) 13. 4. S. Yamaguchi, J. Appl. Phys. 35(1964) 1654. 5. T. Kubo, USTPO Pat No. 5,770,089 (1998). 6. Y. Katsutoshi, Pat. No JP2003260459 (2003). 7. I. Junro, USTPO Pat No 6,623,859 (2003). 8. D. M. Yebra, S. Hiil, K. Dam-Johansen, Progress in Org Coatings 50 (2004)75. 9. H. Nogami, USTPO Pat No. 6,001,157 (1998). 10. S. Tadatoshi, S. Masami, N. Nobushige, Pat No JP2003171619 (2003). 11. D. Ruan, L. N. Zhang, Z. J. Zhang, X. M.Xia,, J Polym Sc Part B – Polymer Physics 42, 3 (2004) 367. 12. Y. Senya, USTPO Pat No 6,511,697 (2003). 13. S. Hiroko, Pat No JP2003033145 (2003). 12 14. http://database.iem.ac.ru/mincryst/s_carta.php?SCHORL+4131 (em 16/04/05). 15. R. D. Shannon, Acta Cryst A32 (1976) 751. 16. E. F. Oliveira et. al., Am. Mineralog, 8(2002) 1154. INDUSTRIAL USE OF BLACK TOURMALINE POWDER ABSTRACT Products on the market and a growing number of patents show the interest on tourmaline powder for water and air purification, mortar for civil construction, road pavement, cosmetics, textile industry, soil fertilization, and additive for paints. There are few scientific publications to support these uses. They are explained in lay publications due to pyroelectricity, far infrared and negative ions emissions. Brazil exports unprocessed black tourmaline. It can be classified in the dravite-schorlite series. The non-uniform distribution of the X and W sites along the c crystal axis and anharmonic vibrations on the W site imposed by the Y sites can explain the pyroelectricity and the far infrared emission. Theoretical calculations indicate that these effects are maximized for granulometries around 160 nm. Results concerning the production of sinterized pellets and addition to paints with 5 µm powder are presented. Key-words: black tourmaline, pyroelectricity, far infrared emission