Universidade Federal de Uberlândia Faculdade de Engenharia Elétrica Graduação em Engenharia Biomédica Juliane Maria Rosa SEGURANÇA ELÉTRICA EM ESTABELECIMENTOS DE SAÚDE Uberlândia 2016 Juliane Maria Rosa SEGURANÇA ELÉTRICA EM ESTABELECIMENTOS DE SAÚDE Trabalho apresentado como requisito parcial de avaliação na disciplina Trabalho de Conclusão de Curso de Engenharia Biomédica da Universidade Federal de Uberlândia. Orientador: Prof Dr Eduardo Lázaro Martins Naves ______________________________________________ Assinatura do Orientador Uberlândia 2016 Dedico este trabalho à minha família e amigos, que me apoiaram durante essa trajetória. AGRADECIMENTOS Primeiramente à Deus pela vida e presença em todos os momentos. Ao Prof Dr Eduardo Naves pela disposição de compartilhar seus conhecimentos, motivação e orientação deste trabalho. Aos meus pais e irmão pela paciência e apoio sempre. Aos amigos, pelo incentivo e companheirismo, em especial Camille Marques e Iohanna Wielewski. RESUMO O desenvolvimento de novas tecnologias e sua inserção na saúde é bastante notável e traz benefícios para os pacientes através de novos equipamentos e métodos mais confiáveis que permitem diagnóstico e tratamento adequado, contudo, é preciso garantir que sejam seguros. Segurança elétrica é essencial no ambiente hospitalar, pois o fluxo de pessoas é intenso e constante, oferecendo maiores riscos de choque elétrico devido aos diversos equipamentos eletromédicos, instalações e condição de vulnerabilidade dos pacientes. Para garantir o correto funcionamento e redução desses riscos, foram criadas normas destinadas a apresentar requisitos mínimos de segurança elétrica, aplicáveis à instalações e equipamentos, sejam elas específicas ou não. O objetivo do trabalho é fazer um levantamento de alguns aspectos das normas de segurança elétrica, com ênfase nas específicas à estabelecimentos de saúde e suas tecnologias, e para isso inicialmente foi feita uma pesquisa bibliográfica sobre os efeitos fisiológicos da corrente no corpo humano. Posteriormente foi realizado um estudo de caso em um hospital de alta complexidade da cidade de Uberlândia, onde foram levantados requisitos que estavam em concordância com a norma e os que ainda necessitam de adequação. ABSTRACT The development of new technologies and its insertion in health is quite remarkable and brings benefits to patients through reliable methods that allow more efficient diagnosis and treatment, however, need to ensure that they are safe. Electrical safety is essential at hospital environment because the flow of people is intense and constant, offering largest electric shock hazards due to various medical electrical equipment, facilities and patients at vulnerability condition. To ensure proper operation and reduce those risks, were created standards that set minimum requirements in Electrical Safety, applicable to electrical installations and equipment, specifics or not. The objective of this work is to do a survey about some relevant aspects of Electrical safety standards, with emphasis on specific to health environment installations and technologies, and for this initially was made a bibliographical survey about physiological effects of current in human body. Later was made a case study in a Hospital of high complexity of the Uberlândia city, a survey about the requirements that were in agreement with the standard which still need to adapt. . LISTA DE ILUSTRAÇÕES FIGURA 1 – Efeitos fisiológicos da eletricidade.......................................................................... 14 FIGURA 2 – Limiar de percepção para corrente de 60 Hz.......................................................... 15 FIGURA 3 – Distribuição do limiar de percepção e corrente de let-go..........................................16 FIGURA 4 – Gráfico da corrente de let-go X frequência................................................................20 FIGURA 5 – Situação de macrochoque.........................................................................................23 FIGURA 6 – Situação em que o condutor terra está intacto.........................................................24 FIGURA 7 – Situação em que o conector terra está rompido........................................................25 FIGURA 8 – Ilustração do ambiente do paciente...........................................................................28 FIGURA 9 – Quadro de distribuição de uma das salas cirúrgicas.................................................38 FIGURA 10 – Analisador de segurança elétrica utilizado no hospital de Uberlândia.....................39 LISTA DE TABELAS TABELA 1 – Valores médios encontrados para cada efeito fisiológico........................................ 14 TABELA 2 – Efeito da corrente de 60 Hz em homens em mA.......................................................16 TABELA 3 – Efeitos da densidade de corrente na região de aplicação da mesma no corpo humano......................................................................................................................................... 22 TABELA 4 – Classificação dos ambientes hospitalares segundo a IEC 13534............................ 29 TABELA 5 – Classificação quanto à alimentação de segurança.................................................. 30 TABELA 6 – Classificação dos ambientes do hospital analisado conforme IEC 13534............... 37 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS EAS – Estabelecimento Assistencial de Saúde IEC - International Engineering Consortium NBR – Norma Brasileira ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas SisBie – Sistema de Bioengenharia UTI – Unidade de Tratamento intensivo ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas SELV - Safety Extra-Low Voltage CC – Corrente Contínua CA – Corrente Alternada TT – Terra a Terra TN-S – Terra Neutro System SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................... 11 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.............................................................................................................. 13 2.1 EFEITOS FISIOLÓGICOS DA ELETRICIDADE ........................................................................................... 13 2.1.1 Limiar de percepção .................................................................................................................. 15 2.1.2 Corrente de reação (let-go) ....................................................................................................... 16 2.1.2 Paralisia ventilatória, dor e fadiga ............................................................................................ 17 2.1.2 Fibrilação ventricular ................................................................................................................. 17 2.1.5 Contração sustentada do miocárdio ........................................................................................ 18 2.1.6 Queimaduras e lesões ............................................................................................................... 18 2.1.7 Fibrilação por meio de cateteres .............................................................................................. 18 2.2 PARÂMETROS DE SENSIBILIDADE ........................................................................................................ 19 2.2.1 Frequência .................................................................................................................................. 19 2.2.2 Duração ....................................................................................................................................... 20 2.2.3 Peso corporal ............................................................................................................................. 21 2.2.4 Pontos de aplicação e densidade da corrente ........................................................................ 21 2.3 RISCOS DE CHOQUE ELÉTRICO ........................................................................................................... 22 2.3.1 Macrochoque .............................................................................................................................. 22 2.3.2 Microchoque ............................................................................................................................... 24 2.4 MÉTODOS DE PROTEÇÃO PARA CHOQUES ELÉTRICOS.......................................................................... 26 2.4.1 Normatização na área de segurança elétrica .......................................................................... 27 2.4.2 Instalação elétrica em Unidades de Tratamento Intensivo (UTI) .......................................... 33 2.4.3 Instalação elétrica em centros-cirúrgicos ............................................................................... 33 2.4.4 Instrumentos e recursos para manutenção ............................................................................ 35 3 METODOLOGIA ................................................................................................................................ 36 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ......................................................................................................... 37 5 CONCLUSÕES .................................................................................................................................. 41 6 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS................................................................................ 43 7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................................................. 44 11 1 INTRODUÇÃO O desenvolvimento de novas tecnologias possibilitou para a saúde uma redução da morbidade e mortalidade de pacientes em estado grave. Por outro lado, o aumento da complexidade dos dispositivos médicos e a maior utilização em procedimentos resultou em cerca de 10.000 queixas de lesões a pacientes a cada ano nos Estados Unidos. O uso inadequado dos equipamentos devido à falta de treinamento e de experiência dos profissionais são apontados como os principais causadores dessas ocorrências. Além da capacitação dos usuários, os engenheiros devem elaborar projetos que eliminem ou reduzam as falhas [1]. O número de equipamentos eletromédicos presentes nos hospitais e demais instituições que prestam serviços na área de saúde bem como seu uso intenso, seja em auxílio a diagnósticos ou em terapias e intervenções cirúrgicas, torna necessário um trabalho de monitoramento e adequação no aspecto de segurança elétrica. Tanto nas manutenções preventivas dos equipamentos quanto na observação das instalações conforme os padrões estabelecidos em normas. No decorrer dos anos ocorreu uma ampliação no uso de dispositivos invasivos, em que parte do equipamento faz contato direto com partes internas do paciente, minimizando ou até mesmo eliminando a impedância natural da pele e tecidos, fazendo com que correntes de baixíssima amplitude, da ordem de microampéres, pudessem ser fatais [2]. A gama de dispositivos tecnológicos utilizada na medicina é cada vez maior, além disso, procedimentos médicos expõem os pacientes à maiores riscos em comparação com outros ambientes comuns, portanto Estabelecimentos Assistenciais de Saúde (EAS), que tem por objetivo prestar serviços a uma parcela da comunidade devem priorizar a eficiência, a qualidade e a segurança. Com o intuito de aumentar a segurança elétrica em ambientes hospitalares, várias organizações iniciaram estudos e surgiram normativas que regulamentavam projetos de equipamentos e construções utilizadas para fins de saúde. No Brasil, a falta de recursos para a saúde pública, bem como instalações antigas, que foram construídas há décadas em que ainda não havia regulamentação eficiente torna a segurança elétrica precária [3]. Esta busca pela qualidade ocasionou, na última década, uma corrida das instituições de saúde para implantar procedimentos que possibilitem a rastreabilidade das informações acerca dos processos realizados e produtos associados às atividades desenvolvidas. Neste contexto, 12 tratando-se dos EAS’s brasileiros, a pergunta que busca-se responder nesse trabalho é: Como tem sido tratada a questão segurança? [5] 13 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1 Efeitos fisiológicos da eletricidade Ao passar pelo corpo a corrente elétrica pode danificar tecidos e lesioná-los, além de provocar coágulos nos vasos sanguíneos e paralisar a respiração e músculos cardíacos. Além disso, pode resultar em morte imediata ou levar o indivíduo a ficar inconsciente. Diversos efeitos podem acontecer, e se faz necessário conhecer as condições que geram cada um, assim como fatores que influenciam o agravamento ou variações nos limiares de corrente [2]. O aumento da utilização e aplicação da energia elétrica nas últimas décadas incentivou pesquisadores de diversos países a estudar de maneira mais minuciosa os efeitos dos choques elétricos no corpo. Com isso, surgiu na França o primeiro laboratório de ensaios sobre choques elétricos, e em seguida, na Califórnia novos experimentos começaram a ser realizados. Um dos estudos pioneiros foi realizado por Charles Dalziel [2]. Charles F Dalziel (1904-1986) foi professor de engenharia elétrica da Universidade da Califórnia em Berkeley e realizou diversos estudos e artigos que auxiliaram a comunidade científica em questões relacionadas aos efeitos da eletricidade no corpo humano. Conduziu muitos experimentos, em humanos e em animais, onde conseguiu determinar limites de correntes e tensões para diferentes tipos de manifestação de efeitos da eletricidade [4]. Para que ocorra efeito fisiológico, o corpo do indivíduo deve fazer parte de um circuito elétrico. A corrente deverá percorrer um caminho, entrando por um ponto e saindo por outro. Os efeitos causados pela passagem da corrente elétrica através do corpo humano dependem, basicamente, de cinco fatores [5]: Intensidade da corrente (medida em Amperes) Duração do choque (em segundos) Freqüência do sinal (em Hertz) Densidade da corrente (em miliAmperes/mm2 ) Caminho percorrido pela corrente (por exemplo, entre braços, perna e braço, ...). 14 A intensidade da corrente é proporcional à tensão aplicada dividida pela soma das impedâncias dos tecidos do corpo e as interfaces de entrada e saída, sendo que a maior impedância oferecida é normalmente a da pele. Ao fluir corrente pelo corpo, três fenômenos podem ocorrer: (a) estimulação elétrica dos tecidos (músculos e nervos), (b) aquecimento do tecido ou (c) queimaduras e danos nos tecidos devido à alta tensão e correntes elevadas. A fim de analisar detalhadamente os efeitos fisiológicos de acordo com o aumento da magnitude da corrente elétrica foi realizado um estudo considerando-se a corrente aplicada entre as mãos de um indivíduo de 70 kg, por um período de 1 a 3 segundos na frequência de 60 Hz. A figura 1 mostra os resultados: [1] Dentre as várias formas de manifestação da eletricidade em seres vivos, Dalziel buscou trabalhar com até quatro faixas: percepção, reação, capacidade de soltar e fibrilação ventricular. Figura 1: Efeitos fisiológicos da eletricidade Fonte: [1] A tabela a seguir representa a média de valores encontrados e os efeitos possíveis para cada faixa de intensidade de corrente nas condições do experimento. Tabela 1: Valores médios encontrados para cada efeito fisiológico Corrente Efeito fisiológico Menor que 2 mA Imperceptível Entre 2 mA e 10 mA Limiar de percepção 6 mA a 100 mA Corrente de reação 15 A partir de 10 mA Paralisia respiratória, fadiga e dor. A partir de 75 mA Pode desencadear fibrilação ventricular A partir de 1 A Pode causar contração sustentada do miocárdio, bem como queimaduras e lesões. 2.1.1 Limiar de percepção Nas condições estabelecidas no estudo, quando a densidade de corrente é suficiente para estimular músculos e terminações nervosas, o indivíduo possui a sensação de “formigamento”. Este seria o limiar de percepção, que varia entre 2 mA a 10 mA e de acordo com as condições de cada pessoa, tal como umidade nas mãos que pode apresentar valores inferiores. Correntes abaixo de 100 uA são perceptíveis se aplicadas diretamente na mucosa. Em 1933 GordonThompson publicou um teste realizado com 40 homens e mulheres a fim de analisar a variabilidade dos limiares de percepção [2]. Para os homens o valor médio obtido foi de 1,1 mA, já para as mulheres a média foi cerca de dois terços desse valor, aproximadamente 0,7 mA. O menor valor de corrente percebido no estudo foi de 500 uA. O gráfico da figura 2 representa os valores obtidos. Figura 2: Limiar de percepção para corrente de 60 Hz 16 Fonte: [2] A tabela 2 mostra os dados organizados em tabela sobre os efeitos percebidos para cada gênero, sendo possível observar que os efeitos são causados nas mulheres em correntes com intensidades inferiores ao dos homens. Essa diferença tende a aumentar proporcionalmente à intensidade do choque. Tabela 2: Efeitos da corrente de 60 Hz em homens e mulheres (mA) Fonte: [4] 2.1.2 Corrente de reação (let-go) A corrente de let-go é definida como o menor valor necessário para provocar movimentos involuntários no indivíduo. Ao se aumentar esse valor, a pessoa passa a não conseguir soltar do ponto em que a corrente é aplicada, ou seja, ela não consegue soltar os eletrodos de aplicação O limiar mínimo observado no estudo foi de 6 mA [1]. A variação dos valores da corrente de reação também foi observada em uma pesquisa mais recente e através da figura 3 observa-se que a faixa de variabilidade da corrente de reação é maior que a do limiar de percepção, percebida através da maior inclinação das retas. 17 Figura 3: Distribuição do limiar de percepção e corrente de let-go Fonte: [1] 2.1.2 Paralisia ventilatória, dor e fadiga Maiores níveis de corrente causam contração involuntária dos músculos do peito causando dor e fadiga, podendo resultar em asfixia em caso de exposição prolongada ao choque. Ao se aplicar corrente de magnitude entre 18 mA e 22 mA ocorre a parada respiratória podendo culminar em morte [2]. 2.1.2 Fibrilação ventricular O coração é um músculo que dispõe de um conjunto de cavidades em seu interior, de maneira a atuar como uma bomba hidráulica, tendo como fluido o sangue. As propriedades de contração das fibras que constituem o miocárdio garantem seu acionamento, baseadas em processos de despolarização e polarização. A fibrilação ventricular é um tipo de arritmia cardíaca que ocorre quando um impulso estimula parte do ventrículo causando despolarização de forma que a propagação da atividade elétrica é alterada [2]. Determinada quantidade de corrente que flui no peito do indivíduo pode atingir o coração, e caso ela seja suficiente para excitar apenas parte do músculo cardíaco, a propagação natural 18 de impulso elétrico é interrompida. Caso essa interrupção dure, ocorre fibrilação seguida da interrupção do bombeamento e morte [1]. Fibrilação ventricular é uma das principais causas de morte devido a choque elétrico, sendo que o limiar de corrente para desencadeá-la varia de 75 mA a 400 mA para um indivíduo de tamanho médio. Há também uma relação entre a duração do choque e a probabilidade de fibrilação ventricular. 2.1.5 Contração sustentada do miocárdio Quando a corrente é suficiente para provocar a contração total do músculo cardíaco ele para de funcionar, enquanto a aplicação não é interrompida. Alguns estudos realizados com animais revelam que correntes entre 1 A e 6 A já provocam esse fenômeno, sendo que não foram constatados danos irreversíveis utilizando aplicações breves com essas intensidades [1]. 2.1.6 Queimaduras e lesões Pouco se sabe ainda sobre os danos causados por correntes superiores a 10 A, principalmente as de curta duração. Sabe-se que a impedância da pele é elevada e o aquecimento resistido dela causa queimaduras, principalmente nos pontos de aplicação da corrente. Tensões superiores a 240 V podem causar perfurações na pele. Já o cérebro e tecidos neurais perdem a excitabilidade quando atingidos por altas correntes. Além disso, correntes excessivas podem provocar contrações fortes o bastante para romper ligamentos musculares dos ossos [4]. 2.1.7 Fibrilação por meio de cateteres Tecnologias invasivas são cada vez mais utilizadas em procedimentos médicos. Monitoramento de pressão sanguínea, marca-passo e cateterismo são alguns exemplos comuns no ambiente hospitalar. Apesar das facilidades promovidas por tais tecnologias, o risco de 19 choques com intensidades de correntes baixas é grande caso não sejam tomadas as medidas de segurança. A impedância elevada da pele é eliminada ou reduzida consideravelmente ao se utilizar equipamentos invasivos. A introdução de cateteres no sistema circulatório ou até mesmo diretamente no coração a fim de realizar medidas de hemodinâmica acrescenta um fator de risco de fibrilação no paciente, devido à circulação de corrente pelo cateter [2]. Foi realizado um estudo em 37 pacientes, pelo pesquisador Snider, onde se detectou um limiar de fibrilação na faixa de 108 uA e 250 uA através da utilização de um cateter intracardíaco. Com base nesse e outros estudos que foram realizados na área de segurança elétrica, ficou estabelecido na norma o valor de 10 uA como limite seguro para o homem [3]. 2.2 Parâmetros de sensibilidade Alguns parâmetros além da intensidade da corrente são importantes para análise dos efeitos fisiológicos da eletricidade. A impedância do corpo, frequência e duração da corrente são alguns deles, estudados a fim de se estabelecer limites aceitáveis aos indivíduos [1]. Em ambientes hospitalares é ainda mais necessário o conhecimento de outros parâmetros que influenciem a sensibilidade e efeitos de choques elétricos, pois trata-se de um local onde há maior circulação de pessoas em condições variadas e um grande número de equipamentos variados que garantem muitas vezes a sobrevivência de pacientes. 2.2.1 Frequência O efeito da frequência sobre a corrente de reação é apresentado na figura 4. As curvas 1, 25, 50, 75 e 99.5 indicam a probabilidade (%) da ocorrência de perda de controle motor entre todos os indivíduos envolvidos nos estudos [5]: 20 Figura 4: Gráfico da corrente de let-go X frequência Fonte: [1] O gráfico da figura mostra a corrente de reação variando com o aumento da frequência. Os menores valores dessa corrente estão presentes entre 50 e 60 Hz, que são os valores comerciais das linhas de energia, logo as frequências utilizadas na rede de alimentação de hospitais. Em frequências até 10 Hz a corrente de perda de controle motor tende a aumentar o valor, provavelmente porque os músculos conseguem relaxar parcialmente durante parte de cada ciclo [1]. Para correntes a partir de 100 Hz a corrente apresenta aumento novamente [2]. Portanto, frequências elevadas causam menos efeitos no organismo aumentando assim a intensidade de corrente suportada sem causar danos. Em 5000 Hz a corrente de reação é mais de três vezes superior ao valor presente em 60 Hz. Considera-se que correntes com frequência superior a 300 Hz dificilmente afetam o miocárdio [2]. 2.2.2 Duração Estudos realizados mostraram a relação entre a duração do choque elétrico e o risco de ocorrer fibrilação ventricular [5]. Dalziel e Lee realizaram experimentos com animais, e concluíram 21 ser necessária uma menor intensidade de corrente à medida que se aumenta a duração do choque. Para os testes foram utilizados cães e carneiros e aplicada uma corrente com frequência de 60 Hz [2]. 2.2.3 Peso corporal Diversos estudos utilizando animais concluíram que o limiar de fibrilação aumenta com o peso corporal. A corrente de fibrilação pode aumentar de 50 mA rms em cachorros de 6 Kg para 130 mA rms em cachorros com 24 Kg. Apesar de muito importantes esses estudos não são conclusivos, pois são feitos em animais não em humanos, podendo-se obter assim uma aproximação apenas [1]. 2.2.4 Pontos de aplicação e densidade da corrente Ao se aplicar corrente em dois pontos da superfície do corpo, apenas uma pequena parte flui pelo coração. O valor da corrente necessária para provocar fibrilação ventricular aplicando-se a corrente em pontos da superfície é superior, comparado à intensidade necessária ao se aplicar o choque diretamente no coração [1]. Caso a resistência da pele seja eliminada ou reduzida é necessária uma tensão menor para se observar os efeitos fisiológicos do choque. Por isso pacientes submetidos a técnicas invasivas estão mais susceptíveis à choques diretamente no músculo cardíaco [1]. O efeito da corrente nos tecidos está relacionado também à densidade, ou seja, a relação da intensidade de corrente com a área de contato no corpo humano. A tabela abaixo mostra os valores de densidade e os respectivos efeitos [5]: 22 Tabela 3: Efeitos da densidade de corrente na região de aplicação da mesma, ao corpo humano Densidade de Corrente Efeito Abaixo de 10 mA/mm2 Em geral não são observadas alterações na pele. Entre 20 e 50 mA/mm2 Coloração marrom na pele na região de contato. No caso de períodos maiores que 10 segundos, são observadas pequenas bolhas (blisters) na região de aplicação da corrente. Acima de 50 mA/mm2 Possibilidade de carbonização dos tecidos. Fonte: [5] 2.3 Riscos de choque elétrico Um hospital é um ambiente bastante complexo, principalmente no aspecto segurança elétrica, pois nele coexistem diversos tipos de equipamentos, desde os utilizados em ambientes domésticos como luminárias, fogões, fornos, ventiladores, ares condicionados e computadores até equipamentos eletromédicos [3]. Diversas situações de riscos elétricos provocados por equipamentos eletromédicos sejam eles invasivos ou não e instalações elétricas merecem atenção. As pessoas que frequentam o ambiente – pacientes, equipe médica, enfermeiros, visitantes e funcionários – podem ser afetadas, pois estão expostas [2]. Por isso, se faz necessário uma análise de riscos de macrochoque e microchoque, a fim de evitá-los com medidas de segurança específicas para cada situação. 2.3.1 Macrochoque Macrochoques ocorrem quando o contato elétrico acontece sem ultrapassar a barreira da pele. Nesses casos a corrente percorre um caminho de impedância elevada, reduzindo a intensidade da corrente para uma mesma tensão. Esses fatores colaboram para reduzir o risco de fibrilação ventricular [1]. A figura 5 mostra o caminho da corrente nesses casos. 23 Figura 5: Situação de macrochoque Fonte: [5] Os estudos sobre riscos de macrochoque datam de muito tempo [4]. O número de acidentes que muitas vezes culminam em morte foi determinante para despertar o interesse da comunidade científica no assunto, tanto para buscar compreender e determinar os efeitos da corrente no ser humano, como para estabelecer normas e requisitos de segurança. Em um ambiente hospitalar tanto profissionais de saúde e visitantes como pacientes estão sujeitos à macrochoques, por isso os equipamentos eletromédicos são projetados buscando minimizar contato das pessoas com tensões que oferecem risco. Com o objetivo de orientar engenheiros em relação à segurança elétrica e os efeitos da corrente elétrica a norma IEC 60479 trata dos danos causados, para CC e CA entre 15 Hz e 100 Hz [6]. As falhas elétricas nos equipamentos eletromédicos possuem diversas causas possíveis, dentre elas defeitos de projeto, má conservação da tecnologia, instalação elétrica inadequada, ou até condições inadequadas para o funcionamento. Além disso, o contato com fluidos como sangue, urina e água pode aumentar o risco de choques [3]. A maioria dos equipamentos eletromédicos possuem partes condutivas de metal, como chassis e gabinetes, aos quais podem entrar em contato com profissionais da saúde e pacientes. Em caso de não aterramento dessas partes de metal, por exemplo, quando há rompimento do condutor de proteção, e o indivíduo tocar simultaneamente na parte de metal do equipamento e em um objeto aterrado ocorrerá um macrochoque. Essa corrente pode ocasionar de apenas um desconforto até morte caso atinja o coração ou outras partes vitais [7]. 24 2.3.2 Microchoque Diversas tecnologias invasivas são utilizadas em ambientes hospitalares, introduzindo assim o risco de microchoque. Nesses casos a barreira natural da pele é ultrapassada, eliminando ou reduzindo a impedância. Como resultando tem-se a corrente fluindo por um caminho de baixa impedância [1]. Tais fatores fazem com que correntes de intensidade da ordem de microampéres sejam prejudiciais ao indivíduo, principalmente nos casos de procedimentos intracardíacos, devido à densidade de corrente aplicada sobre o tecido [5]. Um exemplo de procedimento invasivo comum é o cateterismo, em que um cateter é levado através de veia ou artéria para dentro do coração. Nessas situações, caso ocorra falha devido a ruptura da isolação e perda do aterramento, pode ocorrer uma descarga elétrica diretamente no coração levando o paciente a óbito [3]. A figura abaixo mostra o esquema de aterramento de um equipamento invasivo com bom funcionamento. Possui baixíssima impedância, bem inferior ao valor de impedância do corpo, portanto a corrente não flui pelo coração, o que poderia ser fatal [1]. Figura 6: Situação em que o condutor terra está intacto Fonte: [1] 25 Em caso de ruptura do condutor de proteção a corrente flui diretamente para o coração, pois não possui um caminho de menor impedância. A figura abaixo ilustra essa situação, em que ocorre um microchoque no paciente. Figura 7: Situação em que o condutor terra está rompido Fonte: [1] Aplicando em uma situação exemplo dentro de um hospital, considera-se um paciente que esteja utilizando um marca-passo externo temporário sendo monitorado por um ECG e acomodado em uma cama motorizada. Caso ocorra a perda do aterramento do circuito presente na cama as estruturas metálicas ficarão levemente energizadas devido à corrente de fuga, não atingindo diretamente o paciente, pois estará isolado pelo colchão. No entanto, caso a enfermeira toque o marca-passo e a cama simultaneamente, pode haver uma descarga elétrica diretamente no coração causando fibrilação ventricular [1]. É possível que não se descubra a real causa do incidente, pois os baixíssimos valores de corrente seriam imperceptíveis à enfermeira. Nota-se então, a dificuldade de se quantificar e levantar dados a respeito de acidentes envolvendo microchoque, já que podem muitas vezes não descobrir o real causador dos danos e incidentes [2]. Testes feitos com animais resultaram que correntes com cerca de 20 µA já são capazes de provocar fibrilação ventricular. Outros testes foram realizados, porém o valor de 10 µA é considerado um limiar seguro para prevenção de microchoque [1]. Observa-se que são valores muito baixos, porém com consequências sérias para os indivíduos. A NBR 13534 considera como valor seguro para prevenção do risco de microchoque 50 µA [8]. Esta norma estabelece requisitos mínimos de segurança para instalações elétricas em estabelecimentos assistenciais de saúde, situados em hospitais, ambulatórios, unidades sanitárias, clínicas medicas e odontológicas, veterinárias, entre outros. Complementa, portanto, a 26 série de normas NBR IEC 601 que aliadas aos requisitos de equipamentos eletromédicos regem a segurança no ambiente do paciente [8]. Em ambientes como UTI e centros cirúrgicos a preocupação com ocorrência dessas correntes de microchoque deve ser maior por se tratarem de locais onde são realizados diversos procedimentos invasivos com mais frequência [4]. Ao se realizar cirurgias, anestesias e utilizar tecnologias de monitoramento em que ocorre o rompimento da barreira natural da pele o paciente fica mais exposto e o risco de choque aumenta consideravelmente, bem como a gravidade das consequências. 2.4 Métodos de proteção para choques elétricos Após analisar os diversos efeitos da corrente no ser humano, os parâmetros que influenciam a sensibilidade e algumas situações de risco de choques elétricos principalmente em estabelecimentos de saúde faz-se necessário discutir os métodos de segurança elétrica para evitar tais riscos. É notória a evolução relacionada ao que se sabe de segurança elétrica e sua importância, perceptível na literatura tanto em artigos científicos como normas e padrões. Aspectos presentes nos equipamentos eletromédicos, equipamentos comuns até instalação elétrica são decisivos para se prevenir microchoques e macrochoques. Deve, portanto, ser uma prioridade e englobam questões do projeto da estrutura, compra dos equipamentos, manutenções corretivas e preventivas em dia, bem como observação das normas vigentes. Em hospitais o aterramento é fundamental para o bom funcionamento dos diversos equipamentos eletromédicos e principalmente para se minimizar riscos de choques elétricos. Pela norma NBR 13534 os esquemas de aterramento permitidos são TT-C, TN-S e IT médico, não sendo permitidos TN-C e TN-C-S [8]. A NBR 13534 é um conjunto de requisitos mínimos e específicos para estabelecimentos de saúde, sendo, portanto um complemento a NBR 5410 que apresenta aspectos mais gerais. Essa norma se aplica tanto a construções novas como reformas e se referem às instalações [8]. Outra norma importante é a NBR IEC 601, que consta de prescrições gerais de segurança para equipamentos eletromédicos [9]. A seguir serão discutidos mais detalhadamente alguns aspectos dessas e outras normas no setor de segurança elétrica. 27 2.4.1 Normatização na área de segurança elétrica Norma são documentos que contém requisitos obrigatórios. O desenvolvimento e efetiva adoção dos códigos para segurança elétrica em ambientes de saúde passou por um longo processo e continua até hoje. Através de diversos casos acidentes, alguns comprovados e outros não, passou-se a estudar o assunto e a comunidade científica foi de grande importância nesse aspecto [1]. Por algum tempo, normas mais gerais como a NBR – 0534 (Requisitos Gerais para Material de Instalações Elétricas) e a NBR – 5410 (Norma para Instalações Elétricas de Baixa Tensão) eram utilizadas para projetos de estabelecimentos de saúde, não havendo normas específicas para esse tipo de ambiente. Dependia, portanto, da experiência dos engenheiros projetistas em adaptar os requisitos para as necessidades de hospitais e clínicas. Em 1995 foi elaborada e publicada a IEC 13534 pela ABNT e COBEJ, através da Comissão de Estudos de Instalações Elétricas em Estabelecimentos Médico-Hospitalares com o objetivo de regulamentar os requisitos específicos para esses recintos [4]. As normas gerais continuaram a ser aplicadas, juntamente com as específicas complementares [8]. A IEC 13534 por ser mais específica traz alguns conceitos importantes para o entendimento e aplicação dos requisitos de segurança. O primeiro é a definição de ambiente de paciente, demonstrado na figura 8, que segundo a norma compreende toda a região que se estende até 1,5 m além do local onde são realizados exames ou tratamento de paciente, onde pode ocorrer contato intencional ou não entre o paciente e equipamento ou qualquer outra pessoa que possa estar tocando o equipamento [8]. 28 Figura 8: Ilustração da ambiente do paciente Fonte: [8] Segundo a norma estabelecimento assistencial de saúde ou estabelecimento de saúde são os destinados ao atendimento médico, de enfermagem e paramédico (exame, tratamento, monitoração, transporte, etc.) de pessoas, aos quais se aplicam essa IEC [8]. Instalação elétrica para estabelecimento assistencial de saúde é o conjunto de equipamentos devidamente interligados e adequadamente dispostos dentro de um ambiente hospitalar, com o objetivo suprir, transformar, armazenar, distribuir e utilizar a energia elétrica de modo a ser compatível com as necessidades específicas, tanto terapêuticas como para diagnóstico. Os equipamentos eletromédicos são regidos por outra norma, a NBR IEC 601-1 [8]: Para se evitar choques elétricos são necessários dois aspectos: 29 1. Isolar eletricamente por completo o paciente e separá-lo de quaisquer objetos aterrados, ou então, 2. Manter todas as superfícies condutivas ao seu alcance a valores seguros de diferença de potencial e evitando que ele faça parte de um circuito por onde circule corrente capaz de provocar danos. Utilizando aterramento e proteção adequados limita-se o aumento de tensão na carcaça dos equipamentos em relação a outros dispositivos aterrados, garantindo segurança ao paciente. Um dos principais objetivos do aterramento é impor um caminho de impedância baixa para a corrente em caso de falhas [2]. Para aplicação correta das normas é preciso observar a classificação dos ambientes do hospital, separados em grupos com características distintas. Essa separação visa melhor distribuir os requisitos de acordo com a necessidade dos locais. O grupo 0 caracteriza recintos no qual não se utiliza partes aplicadas de equipamentos eletromédicos alimentados pela rede. O grupo 1 inclui locais com o uso de equipamentos eletromédicos, sem aplicação cardíaca direta. Por último, recintos que utilizam tais equipamentos com aplicação cardíaca direta se enquadram no grupo 2. A norma contém uma tabela que classifica os locais de acordo com o grupo que pertencem, indispensáveis para o cumprimento dos requisitos [8]. Tabela 4: Classificação dos ambientes hospitalares segundo a IEC 13534 Local Grupo 0 Lavabo cirúrgico X Grupo 1 Enfermaria X Sala de parto X Sala de endoscopia X Sala de exame ou tratamento X Centro de material esterilizado Grupo 2 X Sala cirúrgica X Sala de preparação cirúrgica X Sala de cateterismo cardíaco X Sala de angiografia X Sala de terapia intensiva X Sala de hemodiálise X 30 Sala de ECG, EMG e EEG X Fonte: Adaptada de [8] Outra classificação é a referente à classe de alimentação de segurança presente para os equipamentos eletromédicos do local, considera-se o tempo necessário para passar da alimentação normal para a alimentação de segurança. A tabela 5 está presente na norma, em que apresenta as classes [8]: Tabela 5: Classificação quanto à alimentação de segurança Fonte: [8] O conceito de equipotencialidade também é de grande importância para garantir segurança elétrica, principalmente no ambiente do paciente. De acordo com Santana, equipotencialização é uma forma de manter interligados partes metálicas e objetos condutivos com o intuito de permanecerem com o mesmo potencial [4]. As ligações equipotenciais se classificam em principal e suplementar. A ligação equipotencial principal está relacionada à canalizações metálicas utilizadas para água, gás, ar condicionado e outros elementos dessa natureza. Já a ligação suplementar é aplicada a partes condutivas estranhas à instalação elétrica [4], que constituem elementos capazes de assumir um determinado potencial elétrico inclusive o potencial de terra. A NBR 13534 prevê ligação equipotencial para os recintos do Grupo 1 e Grupo 2 com o objetivo de equalizar os diferentes potenciais entre os elementos que seguem: a) Barra PE (barra de condutores de proteção); b) Elementos condutores estranhos à instalação elétrica; c) Blindagens contra interferências; d) Malha metálica de pisos condutivos; 31 e) Luminárias cirúrgicas que sejam alimentadas em SELV f) Barra de ligação equipotencial. g) Mesas cirúrgicas não elétricas Ficam excluídos dessa ligação equipotencial elementos situados acima de 2,5 m do piso. De acordo com a norma a barra de equipotencialidade deve estar localizada nas proximidades de cada quadro de distribuição, sendo que as conexões devem ser visíveis e permitirem a desconexão individual de cada conexão. O condutor de equipotencialidade pode ser considerado um condutor de proteção, dependendo do tipo de elemento que é ligado ao aterramento. Considera-se condutor de proteção aquele ligado à barra de aterramento presente no quadro de distribuição, conectado ao terminal PE das tomadas de corrente e terminais de aterramento dos equipamentos. O que liga elementos condutores estranhos à instalação à barra de ligação equipotencial do quadro consiste no condutor de equipotencialidade [8]. De acordo com a NBR 13534 o valor seguro de corrente de microchoque é considerado 50 µA e assumindo uma resistência do corpo do paciente de 1 kΩ, a diferença de potencial entre a massa do equipamento eletromédico e a barra de ligação equipotencial deve ser limitada a 50 mV. A diferença de 20 mV é referente à instalação elétrica, como as tomadas de corrente. Os 30 mV restantes aplicam-se ao equipamento e seu cordão de alimentação. Quando coexistirem em um hospital ou clínica os esquemas TT, TN e IT, nem sempre é possível verificar essa diferença de potencial na prática. A dificuldade de acesso, necessidade de cabos longos são alguns obstáculos na realização dessas medidas, bem como o fluxo constante de médicos e pacientes. Os condutores de proteção inclusive os de equipotencialidade devem ser da cor verdeamarela e a documentação da instalação elétrica deve ser atualizada à medida que os serviços forem executados, estando disponíveis para eventuais inspeções quando necessário. As instalações cobertas pela norma devem se submeter a verificações quando novas ou após qualquer reparo ou reforma. Deve-se realizar: a) Ensaio de funcionamento dos dispositivos supervisores de isolação e dos sistemas de alarme das instalações; b) Verificação, mediante inspeção visual, da seleção e ajuste dos componentes para obtenção de uma correta seletividade para as instalações de segurança, classificando cada local de acordo com a norma e aplicando de maneira devida os requisitos de segurança; 32 c) Medições e verificações a fim de comprovar a conformidade de ligação equipotencial suplementar. Deve-se utilizar para as medições um voltímetro que indique valores eficazes cuja resistência interna seja maior ou superior à 1kΩ e cuja faixa de frequências não seja maior que 1 kHz. Essas prescrições devem ser repetidas no máximo a cada 12 meses. Outra exigência da norma se aplica a locais do Grupo 2 que possuem IT-médico. Esses locais devem ser equipados com um dispositivo supervisor de isolamento (DSI) que preencha os requisitos seguintes [8]: 1. Resistência interna CA deve ser de no mínimo 100 kΩ; 2. a tensão de medição não deve ultrapassar 25 V; 3. a corrente de medição não deve ultrapassar 1 mA, mesmo sob condições de falta; 4. e a indicação de queda da resistência de isolamento deve acontecer antes mesmo de se atingir 50 kΩ, ou no máximo até esse valor. Os equipamentos eletromédicos diversos, presentes nos estabelecimentos de saúde merecem atenção, pois estão presentes em praticamente todos os ambientes e são essenciais para atuação do corpo clínico. Cientes da necessidade e urgência por uma Norma Geral que regulamentasse esses equipamentos e garantisse a segurança dentro de hospitais e clínicas, em 1997 foi votada a primeira edição da IEC 601-1, representando a primeira abordagem para o problema [10]. Com o tempo, a aplicação recorrente da norma fez com que surgisse a necessidade de aperfeiçoamento, que ocorreu juntamente com sua ampla utilização em diversas nacionalidades. Com isso, já consta de publicação em mais de 12 línguas diferentes e faz parte da normatização nacional de diversos países [9]. Essa norma trata principalmente de aspectos relacionados à segurança, sendo necessária sua observação ao se considerar o assunto segurança elétrica em estabelecimentos de saúde. A IEC 601 apresenta os ensaios necessários para verificação dos itens de segurança elétrica, bem como as condições em que devem ser realizados. O objetivo principal é evitar choques para os pacientes e outras pessoas que estejam em contato com os equipamentos. Existem normas gerais que regulamentam e também são aplicáveis, contudo equipamentos eletromédicos exigem um nível proteção maior [9]. A norma específica classifica os equipamentos de acordo com o tipo de proteção contra choques elétricos – Classe I ou Classe II – e quanto ao grau de proteção – Tipo B, BF e CF. Com isso, é possível aplicar os requisitos e ensaios de acordo com as necessidades [3]. 33 A correta utilização dos equipamentos eletromédicos e a observação das condições exigidas por eles para funcionamento adequado e seguro são indispensáveis para se evitar riscos e falhas. Para isso são necessárias manutenções corretivas e preventivas, e a realização de testes de segurança elétrica regularmente seguindo os parâmetros das normas [3]. Cursos de treinamento da equipe médica devem ser realizados frequentemente e a conscientização da importância de se utilizar de maneira correta cada tecnologia. Além disso, a equipe que realiza as manutenções também deve ser treinada, e ter à disposição os aparatos necessários para realizar os ensaios prescritos nas normas. Analisadores de segurança elétrica são fundamentais na realização dos testes, contudo precisam estar calibrados para que se façam confiáveis. 2.4.2 Instalação elétrica em Unidades de Tratamento Intensivo (UTI) As Unidades de Tratamento Intensivo (UTIs) são locais de constante monitoração de pacientes em estado crítico. Diversos equipamentos eletromédicos estão presentes, tecnologias invasivas e complexas que devem ser seguras, tendo em vista a vulnerabilidade dos pacientes. As UTIs classificam-se como ambientes do Grupo 2 e enquadram-se nas classes 0,5 e 15 e exigem instalações elétricas muito confiáveis e sem interrupção no fornecimento de energia [3]. Essas unidades são normalmente divididas em neonatal, coronariana, pediátrica e adulta. Todas possuem as mesmas exigências de requisitos de segurança [3]. Recomenda-se, portanto o sistema IT-médico para os circuitos destinados aos equipamentos eletromédicos, contudo são permitidas as ligações TN-S e TT [3]. Todas as estruturas metálicas não pertencentes à instalação devem ser ligadas ao sistema de equipotencialização, bem como haver um eficiente sistema de emergência capaz de prover energia após 0,5 segundos após a falta [8]. 2.4.3 Instalação elétrica em centros-cirúrgicos Os centros cirúrgicos são compostos por salas de cirurgia, sala de preparação cirúrgica, sala de recuperação pós-cirúrgica, lavabo cirúrgico e área de circulação. As salas cirúrgicas são 34 as únicas que se classificam como pertencentes ao Grupo 2 e classes 0,5 e 15 [8]. São os locais em que há maior número de equipamentos eletromédicos aplicados aos pacientes, sendo importante que não ocorra imprevistos ou acidentes decorrentes da não observação dos requisitos para instalação elétrica. As instalações das salas cirúrgicas exigem maior atenção, pois devem ser extremamente confiáveis, seguras e com fornecimento ininterrupto de energia tanto para os equipamentos eletromédicos quanto para o sistema de iluminação. Os requisitos exigidos são equivalentes aos das Unidades de Atendimento Intensivo, com sistema de equipotencialização eficiente. Os outros locais do centro-cirúrgico pertencentes ao Grupo 1, como sala de preparação, sala de recuperação pós-cirúrgica devem apresentar as mesmas características das salas cirúrgicas, com exceção ao tempo de ativação do sistema de emergência, podendo ser de 15 segundos. Os lavabos e áreas de circulação dos centros-cirúrgicos pertencem ao Grupo 0 e não exigem requisitos como sistema de equipotencialização, devendo seguir as normas convencionais para instalações elétricas, respeitando as necessidades dos recintos [3]. A NBR 5410 prescreve para qualquer tipo de projeto que se deve considerar diferenciar o circuito de iluminação do de força [11]. Para recintos do Grupo 2 esse requisito deve estar presente, devido as necessidades de cada circuito individualmente [8]. Nesse aspecto, portanto, é possível perceber de maneira clara o caráter complementar das normas gerais e específicas, pois ambas devem ser observadas. Nas salas cirúrgicas, caso seja adotado o sistema IT-Médico, é necessário haver um quadro de força individual para cada local [8]. Acrescenta-se ainda que as tomadas de força das salas de cirurgia devem estar localizadas a no mínimo 1,50 m do piso, e nos casos em que não for possível elas devem ser lacradas e protegidas [8]. Além disso, o uso de extensões tanto em centros cirúrgicos como em Unidades de Atendimento Intensivo é proibido [11]. Com o intuito de eliminar cargas eletrostáticas que poderiam influenciar no risco de explosões, o piso das salas de cirurgias deve oferecer um caminho para escoamento para as correntes elétricas. Essas cargas são geradas pelo atrito de materiais isolantes e dependem de alguns fatores como umidade do ar e caminho elétrico para que sejam eliminadas. Por outro lado, pisos condutivos oferecem risco em caso de toques acidentais em partes vivas da rede elétrica ou equipamentos. Por isso, os pisos das salas de cirurgia devem possuir qualidade semicondutivas. Nesse caso, essa superfície condutiva deve estar conectada também ao sistema de equipotencialidade [3]. 35 2.4.4 Instrumentos e recursos para manutenção Para garantir segurança elétrica em ambiente hospitalar, é necessário utilizar alguns instrumentos que possibilitam realizar manutenções preventivas e corretivas nas instalações e equipamentos eletromédicos utilizados. A grande variedade de equipamentos e instalações presentes em hospitais exige que sejam realizados testes constantes para verificação do funcionamento, buscando nas normas os parâmetros seguros exigidos. Analisadores de segurança elétrica possuem a função de verificar as condições de segurança elétrica dos aparelhos eletromédicos, e devem estar em conformidade com as normas, por exemplo, a IEC 601. Fornecem os valores de corrente de fuga dos equipamentos, possibilitando realizar os testes para reduzir riscos de choques [2]. Outros instrumentos como multímetros, instrumento de medição de resistência de isolamento e osciloscópio são necessários para análise de desempenho. Existem também os analisadores de desempenho de bisturis e cardioversores, possibilitando calibrar esses equipamentos e verificar valores de corrente de fuga. O correto funcionamento dos equipamentos, associado ao uso adequado são indispensáveis para redução de falhas e riscos de choques elétricos [2]. Portanto, manutenções preventivas e corretivas devem ser realizadas com frequência, utilizando para isso equipamentos calibrados e em conformidade com as normas atualizadas. 36 3 Metodologia O estudo aconteceu em um Hospital de alta complexidade da cidade de Uberlândia, onde foram realizadas algumas visitas e testes acompanhados pelos técnicos e engenheiros responsáveis pelas manutenções, com o intuito de fazer um levantamento das instalações elétricas e análise dos aspectos referentes à segurança. Trata-se de um hospital com grande fluxo de pacientes, pois atende a cidade e municípios vizinhos, e equipamentos eletromédicos de diversos tipos. O hospital possui um setor específico onde são realizadas as manutenções corretivas e preventivas dos equipamentos e instalações. Ele está em funcionamento desde o ano de 2005 e sua equipe é composta por técnicos e engenheiros, subdivididos por área de atuação: mecânica, serralheria, arquitetura, almoxarifado, eletrônica e elétrica. Os dois últimos setores englobam os aspectos tratados nesse trabalho. As manutenções preventivas e corretivas dos equipamentos eletromédicos e instalações do hospital passam pelo referido setor, onde são analisados e corrigidos ou repassados à terceiros. Foram escolhidos ambientes dentro do hospital para análise de alguns aspectos de segurança elétrica presentes nas normas. O centro-cirúrgico, UTI neonatal, UTI coronariana, UTI pediátrica, UTI adulta e salas de hemodinâmica. São recintos de grande circulação de pacientes em estado grave e muitas vezes expostos a tratamentos invasivos, além de diversos outros equipamentos eletromédicos. São diversas normas existentes e cada uma possui muitos aspectos a serem analisados, por isso, nas visitas foram selecionados alguns requisitos para o levantamento e observação, sendo apresentados os pontos mais relevantes observados. Aspectos da NBR 13534 foram observados nas instalações, principalmente os referentes ao sistema de equipotencialização. Outras normas mais gerais como a NBR 5410 e NR 10 também foram consideradas na análise. Com relação aos equipamentos eletromédicos, foi feita uma análise das manutenções realizadas com o intuito de reduzir riscos de choque elétrico. Os aspectos da IEC 601, a realização dos testes de segurança elétrica conforme os parâmetros da norma, a correta utilização e as condições necessárias para cada equipamento foram alguns dos principais pontos de análise. 37 4 Resultados e Discussão Primeiramente foram selecionados os locais de análise e classificados em grupos, conforme NBR 13534. A tabela a seguir mostra o resultado: Tabela 6: Classificação dos ambientes do hospital analisado conforme IEC 13534 Local Grupo 1 Salas cirúrgicas Sala de preparação cirúrgica Grupo 2 X X UTI pediátrica X UTI adulta X UTI neonatal X UTI coronariana Sala de hemodinâmica X X Através das análises foi possível observar que o hospital não atende completamente a NBR 13534. A questão do sistema de equipotencialização, apresentados pela norma como necessários em ambientes do Grupo 1 e Grupo 2 não está presente de maneira integral. Nas salas cirúrgicas foi verificado que o sistema de aterramento presente é o IT-médico, indicado pela norma. Está na classe 0,5, ou seja, tempo para que o sistema de alimentação de emergência entre em funcionamento. Foram acompanhados os testes desse sistema, que mostrou-se em perfeito funcionamento. Através de inspeção visual nas salas foi verificado que as tomadas não seguem prescrições da norma para altura mínima, sendo que algumas estão a menos de 1,50 m de altura do chão sem proteção necessária. Essa situação está presente também nas Unidades de atendimento intensivo e sala de hemodinâmica. O sistema de equipotencialização no centro cirúrgico está presente, mas segue parcialmente os requisitos da norma. Superfícies metálicas estranhas à instalação como janelas, torneiras metálicas e tubulações não estão ligadas à barra de equipotencialização. Como é utilizado piso semi condutivo, esse deve e está devidamente aterrado e conectado à barra de 38 equipotencialização, assim como camas não elétricas e luminárias cirúrgicas. Além disso, o sistema de alarme atende os requisitos da norma, e é frequentemente testado. A figura 9 mostra o quadro de distribuição de uma das salas do centro cirúrgico, com um dispositivo de supervisão de isolamento (DSI) conforma a norma: Figura 9: Quadro de distribuição de uma das salas cirúrgicas Apesar de ser uma construção antiga, o hospital passou por reformas, inclusive o centro cirúrgico. Portanto, tais requisitos da norma já são aplicáveis. 39 Nas UTI’s do hospital o sistema de aterramento utilizado é o TN-S, permitido para instalações hospitalares. Esse setor não está conforme a norma em relação ao sistema de equipotencialização, tanto suplementar como principal. Está sendo construída uma nova sede do hospital, próximo ao já existente. Por meio de entrevistas e análise de projetos foi possível observar que há um cuidado maior da equipe em seguir as normas de instalações elétricas, inclusive a NBR 13534. Contudo, alguns aspectos ainda não são atendidos, como a equipotencialização. As janelas e portas metálicas, por exemplo, não estão ligadas à barra de equipotencialização, portanto não serão aterradas. Os equipamentos eletromédicos presentes no hospital são diversos, e é necessário realizar as manutenções preventivas e corretivas para reduzir riscos de macrochoques e microchoques. A norma prescreve testes de corrente de fuga e apresenta os parâmetros seguros. Existe no hospital um setor responsável por realizar essas manutenções, e para isso possui os aparatos necessários. São realizados testes de segurança elétrica frequentemente nos equipamentos, principalmente quando são realizadas manutenções corretivas que exigem sua desmontagem. Utiliza-se o analisador de segurança elétrica mostrado na figura 10 para executar os testes, onde os equipamentos são classificados pelo tipo e classe conforme a NBR 601. Os parâmetros do analisador também seguem os prescritos na norma, devendo o mesmo ser calibrado anualmente. Figura 10: Analisador de segurança elétrica utilizado no hospital de Uberlândia 40 São realizadas diversas manutenções preventivas, com o intuito de verificar o funcionamento dos equipamentos eletromédicos, onde as condições indispensáveis para o bom funcionamento e segurança são avaliadas. O analisador de bisturi elétrico também disponível no setor, é muito importante para realização de testes e garantir a segurança desses equipamentos frequentemente utilizados em diversos setores do hospital. Ainda no setor é utilizado um sistema para gestão dos equipamentos e manutenções, o SisBie (Sistema de Bioengenharia). Através desse sistema, são programadas manutenções preventivas na maioria dos equipamentos do hospital, incluindo os testes de segurança elétrica. São verificados também plugues, cabos de energia e situações potencialmente perigosas, oferecendo riscos de choques elétricos. 41 5 Conclusões Conforme o objetivo principal desse trabalho foi feita uma avaliação dos aspectos relacionados à segurança elétrica das instalações e equipamentos eletromédicos de um hospital de alta complexidade da cidade de Uberlândia. Alguns pontos relevantes das normas relacionadas à segurança elétrica foram os parâmetros utilizados nas análises. A primeira etapa do trabalho foi o levantamento bibliográfico para conhecimento dos efeitos das correntes no corpo humano e outras referências de trabalhos anteriores com o mesmo escopo. A bibliografia é bastante reduzida, composta principalmente pelas normas nacionais e internacionais a respeito do assunto, contudo foi possível através de muita pesquisa consolidar um conhecimento bastante satisfatório sobre segurança elétrica em estabelecimentos assistenciais de saúde. Na etapa realizada no ambiente hospitalar, aconteceram as análises e observações da teoria versus prática. Onde foi possível consolidar o conhecimento adquirido no decorrer do trabalho e curso de graduação em Engenharia Biomédica. Foi enriquecedor observar na prática como são aplicadas ou não as normas para segurança elétrica, pois é para isso que são feitas, com o intuito de serem aplicáveis e eficientes perante o que se propõe. A colaboração da equipe de Engenharia Clínica do hospital foi essencial para que o trabalho se desenvolvesse, tanto para escolha do tema quanto para viabilizar as visitas e entrevistas realizadas. Além disso, a troca de experiência com os profissionais que compõem a equipe de Engenharia Clínica do hospital foi indispensável, pois são experientes e lidam com o assunto segurança elétrica diariamente. A equipe técnica possui diversas informações sobre as manutenções realizadas nas instalações e parque tecnológico, muitas delas facilitaram a verificação da situação de aplicação das normas e acompanhamento dos testes. Foi possível observar alguns casos de má utilização dos equipamentos, em que há sinais claros de água na parte interna de muitos deles, podendo expor pacientes e equipe médica à riscos. Bombas de infusão e camas elétricas são os casos mais comuns. Portanto, é de grande utilidade disponibilizar informações através de treinamentos oferecidos à equipe médica e também equipe de limpeza. A preocupação com choques elétricos e seus efeitos fisiológicos no ser humano datam de muito tempo. Pesquisas realizadas foram esclarecedoras, possibilitando estabelecer limiares de segurança, que posteriormente embasaram as normas existentes. É possível observar também 42 uma evolução relacionada às normas, que sofrem adaptações conforme são aplicadas e percebe-se necessidade de mudanças. Contudo, alguns aspectos das normas não são observados na prática. Alguns hospitais, por se tratarem de construções antigas, não seguem requisitos de normas que foram colocadas em vigor posteriormente, no entanto, passaram por reformas e ainda sim encontram dificuldades de adaptação. Como foi observado durante o trabalho, o projeto do novo hospital da cidade já apresenta melhorias em comparação à construção existente. Há maior preocupação quanto a utilização de sistemas mais adequados a instalações hospitalares, como o IT-Médico e aterramento e equipotencialização de estruturas como calhas e tubulações. Contudo, ainda existem alguns aspectos que passam despercebidos como, por exemplo, o aterramento de estruturas estranhas a instalação como portas e janelas metálicas. A importância de se ter uma equipe de Engenharia Clínica competente e preocupada com a segurança é indiscutível. Através das entrevistas no hospital de Uberlândia é possível observar uma evolução quanto ao atendimento das normas e cuidados referentes à segurança elétrica, com manutenções mais frequentes e constante monitoramento das instalações e equipamentos com a implementação do setor especializado na área. Portanto, este trabalho busca contribuir com melhorias para estabelecimentos de saúde, apresentando aspectos relevantes das normas e atitudes importantes para se garantir segurança elétrica. Foram apresentados alguns problemas encontrados no hospital avaliado, que muito provavelmente são realidade em diversos outros hospitais do país, assim como aspectos positivos, os quais servem de parâmetro para outros. 43 6 Sugestões para trabalhos futuros O assunto segurança elétrica é vasto e de grande importância. Portanto, deve ser explorado para que se tenha uma perspectiva mais ampla da realidade dos hospitais brasileiros nesta área. Sugere-se que sejam realizadas pesquisas em outros estabelecimentos de saúde, no âmbito privado e público. Através desse levantamento seria possível uma visão mais geral das instalações elétricas e equipamentos dos hospitais quanto à conformidade com as normas vigentes, bem como sua aplicabilidade. Além disso, sugere-se realizar as medidas efetivas dos potenciais elétricos entre as diversas superfícies para verificar se o EAS atende esse quesito presente na norma. 44 7 Referências Bibliográficas [1] JOHN G. WEBSTER (Ed.). Medical Instrumentation: Application and Design. 4. ed. Boston: John Wiley & Sons Inc., 2009. Cap. 14. [2] GEWEHR, Pedro Miguel. Riscos de choques elétricos presentes no ambiente médico-hospitalar: avaliação e prevenção. 1980. 177 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Engenharia Elétrica, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 1983. [3] DOBES, Maurício Ibarra. Estudo em instalações elétricas hospitalares para segurança e funcionalidade de equipamentos eletromédicos. 1997. 142 f. Monografia (Especialização) - Curso de Engenharia Elétrica, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 1997. [4] REBONATTO, Marcelo Trindade. Métodos para análise de correntes elétricas de equipamentos eletromédicos em procedimentos cirúrgicos e detecção de periculosidade aos pacientes. 2015. 113 f. Tese (Doutorado) - Curso de Ciência da Computação, Pontífica Universidade Católica, Porto Alegre, 2015. [5] SAIDE JORGE CALIL (Brasília). Ministério da Saúde. Equipamentos médico- hospitalares e o gerenciamento da manutenção. Brasília: Ministério da Saúde, 2002. 379 p. [6] INTERNATIONAL ENGINEERING CONSORTIUM. IEC 60479: Effects of current on human beings and livestock. 4 ed., 2007. 13 p. [7] MACIEL, Júlio César Carvalho; RODRIGUES, Celso Luiz Pereira. Riscos de choques elétricos em equipamentos eletromédicos. 2003. Artigo Científico Curso de Engenharia de Produção, Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, 2003. [8] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT. 13534: Instalações elétricas em estabelecimentos assistenciais de saúde – requisitos para segurança. Rio de Janeiro, 1995. 14 p. [9] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT. 601: Equipamento eletromédico – prescrições gerais para segurança. Rio de Janeiro, 1994. 192 p. 45 [10] MAIA JÚNIOR, Carlos Alberto Freire; SILVA, Noemi Souza Alves da. Minimização de riscos de choque elétrico e danos a equipamentos por meio de aterramento adequado. 2004. 104 f. TCC (Graduação) - Curso de Engenharia Elétrica, Universidade de Brasília, Brasília, 2004. [11] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT. Instalações elétricas de baixa tensão. Rio de Janeiro, 1998. 128 p. 601: