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INTRODUÇÃO
Esta apostila é uma coletânea de informações colhidas na literatura existente e
de aspectos práticos do dia a dia, não tem qualquer pretensão de ser um trabalho de pesquisa,
somente levar a técnica adequada a fruticultores que escolheram esta atividade como fonte de
renda em suas propriedades agrícolas.
Segundo Pausânias, geógrafo e historiador grego, foi um jumento que,
devorando os sarmentos de uma videira, deu aos nauplianos a idéia de podá-la.
Podar deriva do latim putare, que significa limpar, derramar.
Vejamos os sete principais objetivos da poda:
1. Modificar o vigor da planta.
2. Produzir mais e melhor fruta.
3. Manter a planta com um porte conveniente ao seu trato e manuseio.
4. Modificar a tendência da planta em produzir mais ramos vegetativos que frutífero ou
vice-versa.
5. Conduzir a planta na forma desejada.
6. Suprimir ramos supérfluos, inconvenientes, doentes e mortos.
7. Regular a alternância das safras, de modo a obter anualmente colheitas médias com
regularidade.
A poda acompanha a planta desde a sua infância até sua morte. Desta forma
tendo diferentes funções, adequada cada uma às diferentes necessidades da planta, que por
sua vez variam com a idade.
1º) Poda de formação (condução da planta): Tem por fim proporcionar à planta uma altura de
tronco (do solo às primeiras ramificações da copa). Estrutura de ramos adequados à
exploração frutícola. A copa bem podada (formação) é harmônica, simétrica, proporcionando
uma distribuição equilibrada da frutificação em conseqüência da boa distribuição da seiva, com
arejamento e iluminação conveniente.
Esta poda é aquela que conduz a planta a uma forma e um tamanho desejados, duas formas
de condução bem distintas: (a) Formas livres – árvores sustentadas apenas pelo seu próprio
tronco e (b) Formas apoiadas – as plantas são sustentadas ou apoiadas sobre um tutor ou
sobre uma armação adequada (espaldeira, pérgulas, jiraus, latadas e caramachões). O
pessegueiro, a pereira e a macieira podem ser conduzidos em espaldeira. O pessegueiro é
uma das plantas mais dóceis, formando “muros” de mais de 30 Km (em Turim). Podem se
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imprimir aspectos de figuras geométricas e objetos conhecidos, tais como: bolas, pirâmides,
vasos, taças, palmetas, candelabros, fusos, cordões etc. Na fruticultura comercial as podas
podem ser em vaso, em taça, em cordão e em pérgula.
2º) Poda de frutificação: Regulariza e melhora a frutificação, quer pela diminuição do excesso
de vegetação da planta, quer ao contrário. Deste modo, a poda de frutificação é a controladora
da produção, uniformizando-a, dando-lhe mais qualidade e mais consistência.
3º) Poda de rejuvenescimento, reconstituição e tratamento: Livra a planta dos ramos doentes,
praguejados, improdutivos e decrépitos, reativando assim a produtividade perdida. É utilizado
no transplante de grande árvores adultas. É aplicada em fruteiras intensamente parasitadas
por brocas, cochonilhas, ervas-de-passarinho, algas, fungos, ácaros, e outras pragas e
moléstias da parte aérea, mas cuja a eliminação se justifique, por se tratar de plantas de valor.
4º) Poda de limpeza: É uma poda leve, que anualmente se procede, com a retirada eventual
de ramo doente ou inconveniente. É poda sumária, naquelas frutíferas que pouco requerem
poda, como laranjeiras, abacateiros, jabuticabeiras, mangueiras etc.
Quanto a intensidade com que executam as podas, temos:
•
Poda longa: quando ramo, depois de podado, ainda permanece com mais de cinco
gemas ou olhos;
•
Poda média: quando ramo, depois de podado, permanece com três ou cinco olhos e
•
Poda curta: quando ramo podado permanece com uma ou duas gemas apenas
Quanto à importância da poda, podemos classificar:
1. De importância decisiva – não podem cultivar sem nelas praticar a poda: videira,
figueira, pessegueiro, nespereira e poucas mais.
2. De relativa importância – é pratica necessária, mas a ausência não determina a ruína
da cultura: pereira, macieira, caquizeiro, nespereira, oliveira, etc.
3. De pouca importância – é pratica fortuitamente utilizada: citros, jabuticabeira,
mangueira, abacateiro, nogueira, pecã, jaqueira, jambeiros, caramboleiras, anoneiras,
cajueiros, etc.
FOLHA N.º 2
Como regra geral quanto mais intensivo for o pomar tanto mais é necessária a
técnica de podar.
A planta reagirá convenientemente à poda depois que tiverem sido satisfeitas
todas outras necessidades culturais preliminares, tais como: boa localização (luz abundante,
ventos, clima favorável, terra apropriada etc), variedade adequada, porta enxerto conveniente,
uso racional da terra e defesa contra pragas e doenças.
Princípios em que a poda se baseia
A prática da poda está baseada em princípios da fisiologia vegetal, não tendo
relação à metafísica, astrologia ou qualquer outra ciência. Podar não é uma prática que se
aprende sem estudo, principalmente sem exercício. O bom senso, uma orientação segura e a
prática, tornam qualquer pessoa um podador eficiente.
Princípios de fisiologia das plantas, que regem a execução das podas:
- Raízes  extraem água e solução de sais minerais, nutrientes que alimentam a planta,
constitui a seiva bruta, sobe pelos canais no interior do tronco, vão para as folhas. Aí na
presença de luz e perdendo água por transpiração, a seiva bruta passa por diversas
transformações, tornando-se em seiva elaborada, esta circula por toda planta, pela periferia,
pela parte mais externa do tronco e dos ramos, alimentado todos os órgãos e determinando
seu crescimento e evolução, tais como: desenvolvimento das raízes, crescimento dos brotos,
aumento dos ramos, folhas, gemas e frutificação.
Nos primeiros anos de vida, as árvores frutíferas gastam toda seiva elaborada
em seu próprio crescimento. Após atingir um tronco forte, copa expendida e raiz ampla. Depois
disto as sobras da seiva elaborada são armazenadas em forma de reservas, quanto maior são
estas reservas tem o começo da frutificação, transformam as gemas vegetativas em gemas
frutíferas (flores e frutos) cessando o crescimento de raízes e da copa, mostrando o
antagonismo entre a frutificação e vegetação.
Alguns princípios para pratica de podas:
1 - A seiva se dirige com maior intensidade para as partes mais altas e iluminadas;
2 – A circulação da seiva tanto é maior quanto mais retilíneo for o ramo e mais vertical em
relação a copa;
3 – Quanto mais intensa essa circulação, mais gemas se desenvolverão em produções
vigorosas de lenho e, ao contrário, quanto mais embaraçada e mais lenta essa circulação,
FOLHA N.º 3
maior será o acúmulo de reservas e, conseqüentemente, maior o número de gemas que se
transformarão em botões frutíferos;
4 – Cortada uma parte da planta, a seiva refluirá para as remanescentes, aumentando-lhes o
vigor vegetativo;
5 – Poda curta resulta sempre em ramos vigorosos com a seiva circulando em grande
intensidade. Podas severas, tem geralmente a tendência de crescimento vegetativo retardando
a entrada da planta em frutificação e
6 – Diminuindo a intensidade de circulação de seiva, o que ocorre após a maturação dos
frutos, verifica-se uma correspondente maturação dos ramos e folhas. Neste período
acumulam-se grandes reservas nutritivas, que são utilizadas para transformar gemas foliares
em frutíferas.
Qual parte da planta esta podando? Qual a altura da planta desejada?
Antigamente formações altas, mediam 1,20 a 1,50 m do solo, hoje a tendência são troncos
mais curtos 30 a 60 cm.
Copa é formada por 3 ou 4 pernadas, estas se ramificam em braços e este em
galhos e ramos, os quais possuem gemas ou olhos que potencialmente são flores e folhas.
CONFORME A NATUREZA DOS RAMOS:
1 – Plantas com ramos especializados: dão frutos em ramos especiais, os demais produzem
ramos vegetativos e folhas. Esses ramos são curtos chamados esporões, em contraposição
aos vegetativos, que são longos e vigorosos. Ex. macieiras, pereiras, ameixeiras européias,
cerejeiras etc.
2 - Plantas com ramos mistos: frutificam em ramos esporões e em ramos do ano anterior
(tanto flores e como também crescimentos vegetativos. Ex. pessegueiros, figueira, videira e
ameixeiras japonesas.
3 – Plantas que as flores nascem sobre ramos da brotação nova  citros em geral, nasce na
primavera, não no inverno.
PLANTAS QUE NÃO REQUEREM PODAS
abacaxi, abricó-do-pará, abricó-da-praia, abio, abiurana, açaí, acapu, araçá, araticum, bacuri,
bocaiúva, buranhém, butiá, cabeça-de-negro, cabeluda, caimito, cajá-manga, cajá-mirim, caju,
camapu, cambucá, cambuci, carambola, castanha-do-pará, cereja-do-rio-grande, chichá,
FOLHA N.º 4
cirigüela, coco-da-praia, coração-de-boi, cupuaçu, cumaí, esfregadinha, feijoa, figo-da-india,
fruta-pão, jenipapo, graviola, grumixama, guabiroba, guabiju, guajeru, ingá, jabuticaba, jaca,
jambo, jambolão, jaracatiá, juá, jujuba, lichia, mangaba, mangostão, maçala, murici, oiti,
pajurá, ponhema, pequizeiro, pitanga, pitomba, pupunha, romã, sapota, sapoti, sapucaia,
tâmara, tamarindo, tarumã, umbu, uva-do-japão e uvaia.
A maioria destas propagadas por sementes, crescem e se desenvolvem sem qualquer
educação
ABACATEIRO
Dispensa podas sistemáticas, a prática da poda não tem qualquer influência decisiva. A poda
não influi na produtividade das árvores.
Se a frutificação não ocorrer poderá ser devido a fatores desfavoráveis: solo impermeável,
podridão de raízes, variedade inadequada e falta de polinização. Esta planta só produz bem
mediante a polinização cruzada de suas flores. Boa composição do pomar: 50% de Colisson –
classe A – maturação em maio/jun., 25% de Prince ou de Linda – classe B – maturação em
jul/ago. e 25% de Wagner – classe A – maturação em ago./nov.. A poda é assunto sem
importância.
AMEIXEIRA
Pertencem a dois grupos: Prunus domestica  ameixeira européia e Prunus salicina  a.
japonesa e seus híbridos entre salicina e espécies americanas.
As européias frutificam sobre esporões, as japonesas e seus híbridos possuem além de
esporões e dos ramos mistos, tais como os pessegueiros (gemas frutíferas e vegetativas uma
ao lado da outra. Poda é nas ameixeiras um importante fator de produção. A poda é
indispensável porte e conformação conveniente as diversas tarefas do cultivo. A época da
poda é o inverno. Região de clima sub-tropical (invernos brandos) florescimento e brotação
precoces poda no começo de junho. Regiões de invernos intensos (muito frios) poda retardada
(sinais evidentes de desabrochamento de suas gemas floríferas). Elas primeiro florescem e
depois se vestem de folhas.
FOLHA N.º 5
PODAS DE FORMAÇÃO  Guia modificado e vaso aberto.
Guia modificado: plantio com haste única (1,20 m ou +)  rebaixadas 1,20 m  três meses
brotos crescem à vontade  desde 40 cm até o ápice  abaixo 40 cm formará o tronco  os
80 cm formará a armação primária da copa. Bem brotada escolhe-se 4 a 6 brotos que deveram
permanecer. Esta escolha é ponto-chave da poda.
Vaso aberto ou taça:
Figuras: páginas 61, 63, 64, 66 e 67
ANONEIRAS
Frutas-do-conde, anonas, atas, pinhas, frutas-de-condesas, cabeças-de-negro, cherimóias e
araticuns requerem muita podas.
Três ou quatro pernadas, em varias posições a mais próxima do solo cerca 40 a 60 cm do
solo. A poda anual de frutificação é dispensável. Inspeção de inverno, em uma leve poda de
limpeza, eliminando-se ramos avariados e indesejáveis que tendam a deformar a copa.
FATORES ÊXITO: Solo  pelo menos mediana fertilidade, fresca e não exposta a ventos
constantes. Boas variedades. Medidas preventivas contra antracnose, cancro do colo e
brocas.
ALGUMAS OBSERVAÇÕES SOBRE A CULTURA DA ATEMÓIA e sua poda
Com a planta completar um ano aplicar 50 gramas de Nitro cálcio. A partir da produção
aplicar 30 gr de Nitro Cálcio por quilo de fruta produzida em 4 vezes. A falta de Boro petrifica a polpa,
utilizar 80 gr de bórax por 100 litros de água, junto com a calda bordalesa. Aplicar em cobertura  18
litros de esterco de gado ou 10 L de esterco de galinha por ano. Fazer uma mistura  50 Kg de Nitro Ca.
+ 30 Kg de termo fosfato (yorin) + 15 Kg de KCl, aplicar aproximadamente (conforme a produção de
fruto). A flor aparece em novos ramos após a poda. Poda corte perfeito sem mastigar evita doença 
depende da tesoura de poda. Desinfetar as ferramentas (tesoura e serrote) através de agentes químicos ou
flambagem (chumaço de algodão, com fogo). Água sanitária lava e desinfeta, passar secar e engraxar.
Utilizar óleo do tipo “Singer”ou vaselina sólida. WD40 cera + solvente  transforma óxido férrico
(ferrugem) em fosfato férrico (não ferrugem). Dia nublado e frio não podar, podar em dia ensolarado
com pouca umidade relativa. Poda de galhos com diâmetro maior que 1,0 cm fazer curativo com resina
sintética (tinta látex). Curativo com calda bordalesa a chuva lava. Cicatrização ocorre até o oitavo dia do
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ferimento a partir daí a infecção já não acontece. Calda Bordalesa é bacteriostática e fungicida. Ao podar
relaxar a musculatura, não pode ser projetada para o corpo. PODA: formação, aeração, frutificação,
recuperação e limpeza. Galho seco  descobrir a causa, onde ele parou de secar, podar 30 cm abaixo de
onde parou de secar. Doença sistêmica não se elimina com a poda. Existe legislação própria permitindo
utilização do fogo para eliminação de pragas e doenças (galhos). Plantas suspeitas de doenças devem ser
podadas por último ou o podador ter dois conjuntos de ferramentas. Colocar a ferramenta dentro de água
com detergente. Altura da planta no máximo na altura da mão. Raleio de frutos principal objetivo evitar a
alternância de safras (ano sim ano não). Tesouras de poda  marcas Baco, Katusume (já vem amolada –
a melhor) e limaque (metade do preço). Tesoura  parte grande corta e parte fina calço para encostar,
eixo peça de precisão, evitar mexer, ferramenta suja provoca desgaste do eixo e a perca da tesoura.
Outras partes mola e trava. Não colocar ferramentas (tesoura e serrote) no chão. Utilizar espuma macia
no sentido do corte. Segurar a tesoura entre os dedos indicador e polegar e amolar com um pedaço de
pedra de amolar. Utilizar pedra de amolar com óleo Singer, daí vai para madeira de pita (pendão) dá
polimento ao corte. Na tesoura tudo que é móvel tem de ser lubrificado (engraxado), movimentar de
cabeça para baixo e voltar para a posição normal, lubrificar a mola. Muda deve ser levado mais cedo
possível para o campo. Sempre podar acima de uma gema, parte da tesoura amolada para cima e a parte
reta é a que corta. A planta que vai dizer o que você vai fazer? Qual a época? Qual o tempo? Olhar a
gema, o tempo e a raiz para saber se vai podar, irrigar ou adubar. As plantas são organismos que produz
seu alimento do sol e minerais do solo  fotossíntese produz açucares. Seiva flui pelos vasos (como
veias)  seiva flui para baixo e para cima  água e sais minerais das raízes para cima e açucares para
baixo  junto com a seiva é transportado hormônios. Folhas adultas produzem alimento, brotos e folhas
novas só sugam, são chamadas de drenos. Vai esfriar, fica mais seco, este aviso que o inverno vai chegar
e são recebidos pelos pigmentos das folhas. Todo o alimento produzido na primavera e verão vai passar
para a árvore  folha amarelada (avermelhada)  açucares e hormônios vão para planta  potencial
osmótico alto  aumenta açúcar insolúvel  fica em forma de reservas nas raízes, tronco e galhos 
vai utilizar para ter força para brotar e encher os frutos. Folhas também caem por causa de doenças, se
cair fora de época, na época de calor  setembro à dezembro deve existir problemas. Alta temperatura e
alta umidade favorece o aumento de fungos, insetos, bactérias e ervas daninhas (aumenta a vida). Pode
piorar por pouca circulação de ar, escuro, maior umidade e calor. A poda pode piorar a situação.
Senescência  processo de envelhecimento das folhas. Junho a gema (o olho) bem fechadinha (inverno),
FOLHA N.º 7
gema dormente. Gema e olho dão origem a flores e brotos. Final de inverno a gemas começam a inchar.
São Bento Sapucaí: 300 h de frio; Rio Grande do Sul: 500 à 600 h; Europa: 1.000 h e Campos: 300 a 400
h de frio. Adubação potássica aumenta a resistência ao frio Espécie mais tardia precisa mais horas de
frio para acordar, precoce menos horas, brota antes. Mirtilo (blue berri)  300 a 800 h de frio para
frutificar (somatória de horas de frio). Poda é um estimulo para a brotação  gema incha. Para brotar
gasta reserva por este motivo não pode podar depois de brotar. Gasta muita energia para diferenciar a
gema  flor, fruto ou folha. Algumas plantas precisam do frio para acordar, a goiaba não precisa, podou
ela brota, dá fruto no ramo do ano  inverno sete meses depois e verão 5 a 6 meses depois. Se plantar
Atemóia em março (antes do inverno) não despontar no inverno pois a mesma necessita formar raízes, se
plantei no começo da primavera ou final de inverno pode despontar em março. 1,20 metro de altura
despontar com 0,7 a 0,8 m de altura. Ramos que sobem são chamados de pulmão servem para produzir
alimento, não frutos. O maior dreno da planta é o fruto. Poda da atemóia ramo de cima curto, meio longa
e baixo longa. Calda bordalesa depois de 30 dias calda sulfocalcica. Quando podar as primeiras 4 folhas
opostas as de baixo não retirar para que não brote. Pode conduzir atemóia como uva. Ramo podado super
curto  vigor; médio  produção e super longo  produção. Deixando uma gema ramo para vigor e
mais de uma gema para produção. Não pode deixar mais que 20 cm sem produção. Guias tem que crescer
para cima.
Visita em pomar em Santa Isabel 14/10/2005
FOLHA N.º 8
Fruticultor: Toshiaki, 700 pés  7 a 8.000 caixas por safra (10frutos/caixa em média), utiliza
basicamente 4 pessoas (sendo três da família), 12 caixas por pé, árvores de 17 anos  300 frutos por
pé  10 frutos por caixa  180 frutos/pé, cada 20 dias adubação à partir de março, utiliza 0-25-20 e
8-15-18 e adubo orgânico Pró-vaso, pró-vaso  composto bagaço de cana e esterco de galinha,
CEASA R$18,00 16,00 e 20,00 por caixa (40% fica no CEASA), livre  R$ 12,00 caixa, variedade
 Pink, colheita em maio, frutos de tamanho muito grande pouca aceitação (10 frutos/caixa), 6 ou 7
frutos por caixa  ideal, passa látex nos galhos para evitar queimaduras de sol, espaçamento
utilizado: 5 X 5 ou 4,5 X 5, idade do pés de atemóia: 7 anos, Dr. Leão (Paraisópolis) 40.000 pés, uma
família de dois adultos conseguem cuidar de próximos 200 pés, faz pulverizações cada 20 dias,
ensacam 86.000 frutas em 700 árvores. Poda até Outubro  colhe em Junho/Julho. Poda em
Setembro  colhe em maio. Após a poda utilizar calda bordalesa limpa antracnose (muito melhor
que a sulfocalcica segundo fruticultor). Irrigação aspersão favorece a florada. Segundo fruticultor, dá
para viver bem com 4.000 pés de caqui quilombo ou 300 pés de atemóia
BANANEIRA
Poda é de importância muito relativa. Podas das folhas (desfolha), folhas internas decorrentes
de cinco fatores: 1 – folhas com mais de 50% da área atacada por pontos ou manchas de
doenças; 2 – folhas velhas ou amareladas, secas e senescentes, com pecíolo quebrado; 3 –
folhas jovens e saudáveis (não ultrapassar três folhas), pela posição estão machucando e
roçando as bananas do cacho; 4 – folhas entre os cachos ou as bananas e 5 – folhas de
plantas vizinhas.
Maior incidência de luz solar e arejamento, acelerando o ciclo produtivo e menor umidade
excessiva.
CAQUI
Para obter planta vigorosa capaz de produzir e suportar grande produções, deixar a partir de
0,50 m até 1,20 m de altura do solo, três a quatro pernadas. Tais pernadas serão podadas no
inverno seguinte à metade do tamanho, para formação de dois ramos secundário.
Tal procedimento é repetido nos três anos seguintes, sempre no inverno. Quando a planta
tornar-se adulta, é recomendada, anualmente, a poda de limpeza para arejamento da copa em
formação de novos ramos produtivos e para evitar que os ramos crescerem excessivamente,
ficando muito longos.
FIQUEIRA
Nos paises de inverno rigoroso, tanto na Europa como nas Américas, a figueira cresce
enormemente e produz arvores frondosas como laranjeiras e algumas mais velhas atingem o
FOLHA N.º 9
porte altaneiro dos nossos abacateiros de pé franco. Na Argentina e no Chile é espetáculo
comum verem-se ramalhudas figueiras deitando sombra espessa ao lado das moradias
campestres.
No Rio Grande do Sul e em Santa Catarina ainda se podem encontrar, nas zonas de
colonização européia, velhas figueiras, pelas chácaras e quintais, arbóreas como laranjeiras e
dando safras colossais.
Caminhando para o norte, no Paraná, em São Paulo e em Minas Gerais, abundam também as
figueiras, mas de porte reduzido, contidas nas proporções de pequeno arbusto, mercê de
drásticas podas anuais de renovação praticamente total da ramaria. Esse tipo de poda é
determinado pela obrigatoriedade do combate as brocas dos galhos e à ferrugem das folhas e
pelo próprio hábito de frutificação das variedades em cultivo.
Os figos nascem pelo desenvolvimento de gemas frutíferas localizadas nas
axilas das folhas.
Do ponto de vista da necessidade de poda, os figos brancos (Kadota Nobile,
Branco Longo, Magnolia) e os pardos (Roxo de Valinhos, Verdona Longa, Brown Turkey) tem
idênticas necessidades. Eles frutificam sobres os ramos novos, que se formam na estação
corrente, isto é, dão figos no ramo que está crescendo ao mesmo tempo. Por causa disso, os
ramos que produziram devem ser podados rentes, durante o inverno, ficando com apenas duas
gemas. Poda ultracurta, portanto, que satisfaz aos hábitos da planta, auxilia o fruticultor no
combate à broca e à ferrugem e favorece a colheita manual dos frutos.
Poda nas figueira brancas e pardas – Desde as primeiras brotações da muda
recém-plantada vai se procurando orientar a figueira para ser um arbusto de tronco baixo, de
40 centimetros aproximadamente de altura. Em geral a muda é plantada na forma de uma
simples vara enraizada. Nesse caso, a poda de formação que se lhe aplica é fácil: basta aparar
esta vara a uma altura de 40 centimetros do solo. Desta vara se deixarão se desenvolver
apenas três ou quatro lançamentos bem situados, eliminando-se sempre as demais brotações.
No segundo ano de plantação, no inverno, podam-se as três varas em que se
transformaram os brotos deixados no ano anterior, restando de cada uma dessas varas apenas
tocos de 20 centimetros de comprimento. Sobre vindo a primavera, deixa-se que brotem de
cada um desses “tocos”somente dois ramos. Temos assim, 3 vezes 2, igual a 6 ramos ao todo.
A vegetação restante será sistematicamente eliminada.
FOLHA N.º 10
Nos anos sucessivos vai se dobrando o numero de varas. Em cada inverno,
cada vara é podada curta (15 centimetros) e dela brotam sempre e apenas duas outras varas.
Atingindo o pé de oito a doze varas, é considerado formado.
Nos pés assim formados e submetidos a tais rebaixamentos anuais de galhso,
cada ramo brota, vais de desenvolvendo e, ao mesmo tempo, produzindo figos. Cada figo
nasce e se desenvolve na axila de uma folha; o ramo vai de alongando verticalmente, novas
folhas vão surgindo e, com elas, aparecem novos figos.
(figura da pagina 90)
A produção dá-se em camadas, com dizem com propriedade os pomologos
portugueses. Há no mesmo ramo, debaixo para cima, figos maduros, prontos para colheita, no
trecho mediano figos já bem crescidos e, na extremidade, pequeninos figos escondidos na
axila das folhas apicais.
Poda de frutificação – Atingindo a figueira um numero de ramos que varia de
oito a doze, conforme apresente três ou quatro pernadas principais, está ela formada. Daí para
o futuro recebe anualmente poda de frutificação. Esta, como já dissemos é muito enérgica, não
só pela própria natureza das variedades em cultivo, como para se conseguirem as seguintes
vantagens :
1-
Combate à broca, pela eliminação das gemas perfuradas pela larva do inseto
Azochis gripusalis.
2-
Obtenção de pés baixos, facilmente pulverizáveis com calda bordalesa para
controle da ferrugem, doença causada pelo fungo Uredo fici. De dezessete a
vinte pulverizações são efetuadas, na região paulista de Valinhos, para
controlar a moléstia citada, havendo alguns bons substitutos ao clássico
tratamento com calda bordalesa, como os fungicidas cúpricos encontrados
no comércio, a saber: Cuprogarb ou Recop. Na hora de aplicar, junta-se a
estas caldas Malation (200 gramas em 100 litros de água).
3-
Obtenção de figos bem graúdos, bonitos e uniformes, que são os que tem
valor no mercado. Concluiu-se em ensaios que a produção em quilos de figo
por pé aumenta à medidas que se deixam mais vara por pé após a poda.
Assim é que figueiras com vinte, trinta e até quarenta varas por pé deram produções em quilos
respectivamente 57%, 77% e 79% superiores aquelas de dez varas. Entretanto, é de ter bem
em mente que o peso total da colheita é fator secundário; o que vale no mercado é o figo de
primeira, bem grande, com cerca de 6 centímetros de diâmetro e 7 centímetros de altura, sem
FOLHA N.º 11
manchas, rachaduras ou ferimentos. A produção de figo de tamanho reduzido é pouco
compensadora.
A poda de frutificação da figueira é executada nos meses de julho e agosto. No primeiro mês,
nas regiões de brotação precoce, e no segundo, naquelas de brotação tardia. Podam-se todas
as varas da figueira bem curtas, ficando a planta, após a poda, apenas constituída de um
grosso tronco baixo, terminado em grossa cabeça da qual partem esporões de uns 5
centímetros de comprimento. Reaparecendo na primavera a nova brotação, procede-se a uma
desbrota. Nessa ocasião, os pés bem vigorosos são deixados até doze futuras varas, ao passo
que os mais fracos ficam com oito ou menor numero de lançamentos.
A figueira é muito perseguida por pragas e moléstias, dentre as quais cumpre destacar: broca
do caule, ferrugem das folhas, nematóides das raízes, pulgões e cochonilhas, que necessitam
ser eficientemente controladas. A destruição sistemática, pelo fogo, de todas as varas e restos
da poda, constitui importante medida de combate.
Além disso, a figueira exige terra bem trabalhada e adubada, de bom teor de umidade, de
acidez próxima ao neutro e protegida contra o desgaste pela erosão e evaporação, pela
cobertura do solo. Os bons figueirais são os localizados em meias-encostas de solo fértil
forrado anualmente com capim e intensamente adubado.
Poda da Goiabeira
Sob o ponto de vista da necessidade de podas, a cultura da goiabeira precisa ser dividida em
duas classes bem distintas:
1- goiabal extensivamente cultivado para a produção de fruta para industria de doces e
2- goiabal de limitado numero de pés, cuidadosamente mantidos, destina a obtenção de
frutos grandes e de bela apresentação, para venda com fruta de mesa.
No primeiro caso o goiabal ocupa largos tratos de terra, a variedade cultivada é a polpa
vermelha, as terras aproveitadas são em geral de baixa fertilidade, quando não constituídas de
campos nativos onde as goiabeiras nascem e crescem espontaneamente. Esse tipo de goiabal
recebe uma ou duas pulverizações anuais de calda bordalesa, para combater a ferrugem das
folhas e dos frutos e outras tantas roçadas ou capinas sumárias, para manter a área mais ou
menos no limpo. A poda praticamente não é executada, fortuitamente uns ou outros galhos
secos, broqueados ou de qualquer forma avariado, é eliminado.
FOLHA N.º 12
No segundo caso as coisas mudam completamente de figura, isto é, complicam-se bem mais.
A cultura da goiabeira para fornecimento de fruta (figura da pagina 94) fresca ao mercado é
empresa para o fruticultor competente e devotado, constituindo tarefa tão delicada como
cultivar parreiras, figueiras ou pessegueiros. Por tal razão é que os goiabais dessa natureza
são de reduzido numero de pés: 100 ou 200 apenas. O solo é mantido no limpo, defendido
contra o desgaste das enxurradas e anualmente adubado. As goiabeiras são conduzidas em
vaso aberto de tronco baixo e, conseqüentemente, copa ao alcance das mãos do fruticultor,
para facilidade e eficiência de três operações culturais, que são a chave do êxito na obtenção
de belas goiabas para o mercado;
1- Constantes pulverizações com calda bordalesa para combater a ferrugem, moléstia
causada pelo fungo Puccina sp.
2- Desbaste de cerca de dois terços dos frutos quando ainda estejam do tamanho de um
noz, a fim de que o terço remanescente possa alcançar grande tamanho.
3-
Proteção dos frutos, após o referido desbaste, pelo ensacamento com saquinho de
papel a fim de ser evitado o bichamento das goiabas pela mosca-das-frutas.
Essas três operações, indispensáveis para a obtenção de goiaba fresca comerciável, são todas
manualmente executadas, daí a importância que assume a correta poda de formação em vaso
baixo e aberto das goiabeiras.
A condução das mudas, em tais casos, para formação de goiabeiras favoráveis aos tratos e
manipulações dos frutos, é idêntica em linhas gerais à poda que se aplica as ameixeiras e
pessegueiros. Deixa-se que se criem e se desenvolvam três pernadas principais inseridas em
tronco único de 40 a 60 centimetros de altura. Dessas pernadas partirão, de cada uma, duas
ou três ramificações secundárias que, por sua vez, vão se desdobrando em tantas outras,
formando uma copa baixa, horizontalmente esparramada. A variedade ou variedades
preferidas para venda como fruta fresca são as de polpa branca.
Segundo relata Chandler (10), experimentos publicados na Índia provaram que a poda
sistemática tende a diminuir a produção. Essa indicação serve para confirmar o que vimos de
examinar. Goiabais destinados à grossa produção industrial devem ser pouco podados,
prevalecendo um tipo de poda de limpeza de execução rápida e barata,m pois o que interessa
no caso é a obtenção de quilos de frutas por pé ou por área, pouco importando o tamanho
individual das goiabas. No segundo caso que especificamos, de goiabais para produção de
fruta fresca, a poda, diminuindo a produção, exerce a função de um raleamento prévio dos
FOLHA N.º 13
frutos. Além disso, como observa o Prof,. Soubihe (39), a poda da goiabeira estimula a
produção de ramos frutíferos vigorosos, os quais por sua vez darão frutos grandes.
Exigências da cultura e importância da poda – Pouco há a acrescentar com referência a tal
título. A poda é de pouca importância nos goiabais extensivos paras fins industriais (goiabada
notadamente). Neste caso, mais importante que a poda é a manutenção do estado
fitossanitário da plantação: controle de ferrugem, combate à mosca-das-frutas e – também de
grande importância – o sistemático combate às brocas. Para muitos autores, constituem as
brocas do tronco e dos ramos as mais sérias pragas das goiabeiras, contando-se mesmo cerca
de quinze espécies diferentes que perfuram a madeira dos pés de goiaba. Algumas escavam a
superfície do tronco, com a larva da borboleta Risama falcata, outras mais perfuram longas
galerias internas: é o caso da larva da Timocracia albella. Essa pragas necessitam ser
eficazmente combatidas, o que se consegue por meio de pincelagens do tronco com pasta
bordalesa, à qual se adicionam 50 gramas de arseniato de cálcio para cada 10 quilos de pasta.
As galerias das brocas do tronco devem ser tapadas com barro ao qual se mistura Malation ou
Folidol em pó, na base de 100 gramas por quilo de barro.
Para os goiabais destinados a produção de frutas para mesa, de ótimo aspecto, a poda de
formação e a poda anual constituem operações de importância capital. A respeito da formação,
já ressaltamos como o vaso aberto, de tronco baixo é indispensável para facilitar os
tratamentos, desbastes, ensacamento e colheita. Em climas semelhantes aos paulista, é
mesmo possível, com a poda feita de 60 em 60 dias, a obtenção de goiabas maduras em todas
as épocas do ano. Na produção maciça, entretanto, a poda é feita geralmente em
outubro/novembro, para se conseguir fruta madura em junho/agosto,
quadra quase
desabastecida de goiabas, e, por isso mesmo, quando a fruta logra as melhores cotações.
A poda anual é severa, eliminando a galharia fina e derrubando totalmente a folhagem. Após
completamente despida, é a plantação generosamente adubada com fórmulas completas de N,
P, K, Ca, Mg e matéria orgânica. Seguem-se rigorosos tratamentos antiparasitários: 1) os
buracos das brocas são tapados com barro ou com sabão envenenados com Malation; 2) as
cascas são completamente removidas, esfregando-se os troncos com sacos de estopa; 3)
banham-se profusamente as goiabeiras com calda sulfocálcica a 32 Bé (8 litros de calda em
100 de água). Surgindo a folhagem, esta deverá estar permanentemente coberta por
pulverizações cúpricas, para defende-las contra a ferrugem. Mais tarde, formados os frutos,
estes são desbastados e ensacados.
FOLHA N.º 14
Poda da Macieira e da Pereira
A macieira e a pereira pertencem
aquele grupo de plantas frutíferas que
devem ser plantadas por meio de mudas perfeitamente formadas, o que vale dizer, com a
respectiva poda de formação corretamente delineada. Tal detalhe, não obstante, nem sempre é
observado nas mudas fornecidas pelos viveiristas de ultima hora, razão que justifica o
tecermos alguns comentários sobre a questão.
Comecemos o assunto imaginando, então, que a muda veio ter ao nosso sitio
sem qualquer poda de formação.
Existem atualmente, na cultura extensiva e comercial, apenas duas
modalidades de poda de formação adotadas para a macieira e a pereira: o vaso moderno e a
guia modificada (modified leader dos pomologistas ianques).
Vaso Moderno = É a poda em uso principlamente nos macieirais e pereirais
argentinos, notadamente nas suas grandes províncias fruticolas, San Juan, Mendonza e Vale
do Rio Negro, onde ninguém mais pensa em lançar mão da anacrônica poda de vaso bem
aberto, bem aberto a custa da mutilação da ramagem interna da copa, operação que se
supunha muito útil, ‘’a fim de arejar e iluminar a parte interna da copada”.
Sabe-se agora que esse tal vaso aberto apresenta três graves inconvenientes:
ruptura dos galhos em anos de safra pesada, queimadura e morte pela ação do sol, da casca
das ramas da copa e desequilibrio de circulação da seiva, por falta dos ramos tira-seiva, de
posição vertical. Quanto à iluminação e (foto pagina 98) arejamento da copa, necessários
durante a quadra de maturação dos frutos, são eles conseguidos pelo vaso moderno, com suas
ramas centrais eretas, justamente na ocasião propicia, pois a própria carga dos frutos, à
medida que aumenta com o desenvolvimento deles, se encarrega de abrir o centro da copa,
pelo arqueamento lateral dos ramos.
A formação da macieira ou da pereira em vaso moderno é muito simples.
Recebidas as mudas, são todas elas deixadas com uma vara única, ou melhor dizendo, com
um tronco único, com 50 centimetros de altura do solo. Isto feito, deixemos que a muda brote à
vontade.
FOLHA N.º 15
Quando os brotos apresentarem um desenvolvimento médio de 30 centímetros,
escolhem-se três ou quatro deles, os mais vigorosos e bem distribuídos ao longo do tronco e
sobre este inseridos a diferentes alturas, a partir de 40 centímetros do solo até o ápice.
Se deixarmos os futuros galhos da copa aglomerados sobre o mesmo ponto do
tronco, vamos formar uma árvore fraca, que fatalmente rachará no ponto de convergência de
suas pernadas. Tal fato acontece sobremodo na macieira King David, na formação da qual é
muito importante uma cuidadosa eleição dos ramos da futura armação da copa.
Escolhidos, então, três ou quatro ramos melhores, os demais são extirpados, o
mesmo se fazendo com outras brotações que forem surgindo. No inverno seguinte, isto é, um
ano após o plantio, as três ou quatro jovens pernadas são podadas, ficando cada qual com
cerca de 40 centímetros de comprimento e com a gema apical dirigida para fora, olhando para
o exterior da copa e nunca para o seu interior. Tal pormenor é importante, porque o
prolongamento futuro dessas pernadas se faz, em geral, pela brotação e crescimento da gema
da extremidade. Se esta estiver olhando para dentro da copa, teremos um prolongamento em
cotovelo, de crescimento vertical excessivamente vigoroso, que logo assumirá as proporções
de um ladrão, desequilibrando para uma banda o contorno da copa.
Ao contrário, se a gema da ponta estiver olhando para a periferia da árvore, a
rama se prolongará em arco, continuando com perfeição o trecho anterior da pernada. Além
desta gema da ponta, prolongadora da pernada, deixemos que cresça mais um broto, ficando
assim dobrado o numero de ramos iniciais. Se eram trees, passaremos a ter seis e se eram
quatro, doravante teremos oito. Os dois brotos, u principal e apical e o outro secundário,
deverão situar-se, o mais possível, no mesmo plano vertical. Toda e qualquer outra brotação
é periodicamente eliminada, deixando apenas, se porventura aparecerem, raminhos e
brindilas, os quais, não tendo desenvolvimento vegetativo vigoroso, não roubarão a força das
ramas formadoras da copa.
No inverno seguinte, no segundo ano apões a plantação, teremos três a quatro
pernadas principais por pé, bifurcadas com já ficou examinado. A poda então a ser aplicada é
a seguinte: podam-se as ramificações principais a cerca de 40 centímetros e as secundárias
mais baixas, para que as principais se destaquem, “puxando” a copa para fora. Deixa-se,
após, que tudo brote livremente, eliminando-se tempos depois brotos e ramos que, pelo seu
vigor e situação, ameacem deformar a copa, conservando raminhos e brindilas, cuja função na
frutificação já enaltecemos anteriormente.
FOLHA N.º 16
Os pomologistas argentinos, mestres que são na formação de vasos
modernos, insistem em “cuidar que el arbol quede vestido de ramitas”,significando esta sábia
recomendação justamente a moderação na poda de formação do vaso moderno, a qual visa
tão-somente dar à árvore rapidamente uma armação aberta e robusta, poupando raminhos e
brindilas, “que no deben ser quitadas”.
Em cada ramificação secundária brotam ramos terciários, dos quais se deixam
crescer dois: um principal e outro secundário, adotando-se critério idêntico para a ramificação
principal. A poda desta ultima é sempre mais longa que a da secundária, de modo que numa
planta recém-podada, notam-se as principais mais proeminentes e as secundárias mais
rebaixadas. E assim vai se agindo nos anos subseqüentes, por sucessivas bifurcações, até o
terceiro inverno após o plantio. Daí para o futuro considera-se armado o esqueleto da planta e
as podas perdem intensidade. Percebe-se, logo, a formidável diferença
entre esse tipo
simples e funcional de poda de formação de pereiras e macieiras e os antigos, do vaso
clássico, por exemplo. Neste, a poda perdurava por cinco, seis e mais anos, retardando a
entrada da frutificação, sacrificando o volume da copa, em beneficio da escorreita distribuição
das ramas – de uma pura questão de estética enfim. No vaso moderno importa, sobretudo,
dotar a planta de uma estrutura forte e bem distribuída, a qual rapidamente se deverá cobrir
de órgãos de frutificação.
Mais uma pequena recomendação, antes de encerrarmos o assunto; evite-se
que as ramas escolhidas para secundárias formem ângulo muito fechado na inserção com as
principais, fato que acontece quando se elegem gemas situadas muito próximas, obtendo-se,
neste caso, verdadeiras forquilhas, que conduzem a copas fechadas e de lançamento vertical.
Convem sempre, para termos um conjunto principais-secundárias bem lançado, escolher-se
para constituírem as futuras secundárias brotos ou ainda gemas bem distanciados e, como já
foi recomendado, situados dentro de um mesmo plano vertical.
Tal como os polologistas argentinos, os norte-americanos são concordes em
afirmar que a mais importante é a poda que se faz durante os quatro e cinco primeiros anos de
vida da árvore, do que qualquer outra poda que se lhe aplique posteriormente, do ponto de
vista de proporcionar à mesma árvore boa estrutura e bom vigor.
Guia modificada – O vaso aberto foi uma condução de largo emprego na
pomologia mundial até trinta anos atrás. Suas mais típicas características eram apresentar as
primeiras pernadas partindo de um ponto comum de inserção no tronco e, mais acima,
FOLHA N.º 17
expandir um andaime de ramos em um mesmo nível. O eixo central da árvore era eliminado
para que houvesse mais luz, em toda a plenitude no interior da copa. Já foi examinado quão
enganosa é tal concepção.
Os pomologistas americanos, estudando a
fundo a
questão, foram
gradualmente se horrorizando – desculpem o exagero – com os inconvenientes do vaso ab
erto ou clássio e imaginaram um outro tipo de condução
que tivesse exatamente as
características inversas do método obsoleto, isto é; guia central conservada e eminente e
pernadas principais inseridas em diferentes pontos do tronco, formando cada uma um novo
andaime de ramagens, em níveis distintos. Tal disposição, chamada pelos norte-americanos
de modified leader, harmoniza-se muito melhor com a natureza das macieiras, pereiras e
outras arvores de fruto, constituindo o único tipo de poda aplicado aos 100 milhões de
macieiras em cultivo nos Estado Unidos.
A poda modified leader, ou em guia modificada, dá macieiras e pereiras mais
fortes, enseja maior facilidade de execução, com árvores dotadas de estruturas semelhantes
às tendências naturais dessas plantas, além de maior precocidade e capacidade de produção.
Ärvore conduzida em guia modificada é, portanto, aquela na qual o tronco
central foi mantido. As pernadas que se ramificam, partindo da guia principal, serão sempre
mais fina, no ponto de união , do que a guia principal. Essa disposição proporciona bifurcações
sólidas que nunca racham e quanto mais aberto for o ângulo de inserção, mais forte será a
bifurcação resultante. A planta ideal é aquela na qual somente existe uma ramificação lateral
em determinada altura do tronco.
A distância julgada ideal entre uma bifurcação e outra é a de 15 centímetros e
uma disposição modelo seria aquela em que também as pernadas se dispusessem
uniformemente ao redor da guia principal. Vejamos agora como se executa a poda em guia
modificada.
As mudas devem provir do viveiro na forma de uma vara única de 1,20 a 1,60
metro de comprimento e assim são plantadas em lugar definitivo. Após, são todas
uniformemente cortadas a uma altura de 1,20 metro do solo, tal com tivemos oportunidade de
explicar para o caso das ameixeiras. A tal respeito, queiram examinar os desenhos
explicativos (página 22). Esse comprimento de 1,20 metro é necessário para permitir uma boa
escolha dos ramos, que devem ser bem distribuídos e constituirão as futuras pernadas da
copa.
FOLHA N.º 18
Se a muda chega do viveiro com sua vara principal ostentando já algumas
ramificações laterais, estas poderão ser aproveitadas, eliminando-se as mal situadas, as
aglomeradas e atravessadas. O que se visa obter, como foi examinado na poda das
ameixeiras, é um tronco limpo e curto, de 40 centimetros de altura, e daí até o cimo numa
extensão de 80 centímetros, uma copa formada por modificações da guia principal, constituída
por verdadeiros andares de ramificações , sobrepostos com regularidade. Essas ramificações,
formando andares, são variáveis em numero de planta para planta, mas vão de seis a oito.
Umas plantas brotam mais intensamente, outras mais ralamente; as primeiras terão a copa
mais densamente ramificada em comparação com as últimas.
No primeiro inverno seguinte à plantação, cada jovem pereira ou macieira se
apresentará como um eixo vertical principal, á volta do qual se desenvolvem de seis a doze
ramos secundários, dos quais os brotados do topo desse eixo são geralmente mais vigorosos
que os de baixo. A uma altura de cerca de 40 centímetros do solo esparrama-se o primeiro
andar de ramagens e, depois, ao longo do eixo principal vão de 15 em 15 centímetros
expandindo-se outros andares, até o cimo. Entre os andares, os ramos não aproveitados são
eliminados bem rente à sua base.
Geralmente não é necessário aparar as pontas, quer das guias principais, quer
das ramificações secundárias, a não ser que tenham tido um desenvolvimento tão excepcional
que estejam hipertrofiando para uma banda a conformação geral da planta. Há também o
caso inverso, plantas que brotam mal ou se desenvolvem raquiticamente. Daí é bom saber-se
que nem sempre, já no primeiro inverno após o plantio, se consegue formar completamente
pereiras e macieiras em guia modificada. Alguns pés brotam fracamente,m surgindo apenas
algumas ramificações, umas fracas, outras aglomeradas, em torno da guia principal. Em tais
casos, aproveita-se somente aquilo que estiver dentro das prescrições fixadas, esperando-se
que brotações laterais mais vigorosas permitam, no próximo inverno, a formação dos andares
faltantes.
Conseguida a formação da guia modificada, com seu eixo vertical ostentando
suas seis a doze ramificações secundárias, são as macieiras e pereiras visitadas pelo
podador, durante o inverno, para eliminação de galhos doentes e avariados, cruzados e
inconvenientes em geral.
Hábitos de frutificação – A macieira e a pereira têm hábitos de frutificação
semelhantes. Nestas fruteiras as gemas vegetativas são bem diferentes daquelas que
FOLHA N.º 19
produzem fruto. Estas, por sua vez, se localizam sobre raminhos e órgãos especializados de
frutificação : dardos, esporões e brindilas ( em português castiço verdascas). Este assunto já
foi detalhadamente examinado no Capitulo 5 “Partes das plantas que interessam à prática das
podas”. Vimos ali que a primeira etapa para transformação da gema vegetativa é o dardo. Esta
passa, após uma evolução que dura um numero variável de anos, a esporão (lamburda, diriam
os podadores da França e spur os de fala inglesa). Além de dardos e esporões, apresentam
as pereiras e as macieiras as brindilas, que são raminhos delgados e flexiveis, meramente
vegetativos, mas que podem tornar-se frutíferos, se na extremidade aparecer uma gema
frutífera. Vimos, também, que a diferença fundamental entre brindilas (verdascas) e esporões
(lamburdas) é que as primeiras se complentam no mesmo ano em que aparecem, ao passo
que os segundos resultam da transição da gema vegetativa em dardo e deste em esporão, o
que leva sempre mais de um ano.
Poda de Frutificação – Formada a macieira ou a pereira, diminui
consideravelmente a intensidade das podas, pois assunto encerrado é a poda de formação, só
entrando em cena doravante a poda de frutificação. Já foi dito e repisado anteriormente que a
finalidade da poda de frutificação é a de equilibrar a produção dos frutos com a produção da
madeira. Uma poda leve favorece o aparecimento de frutos, uma enérgica provoca um grande
desenvolvimento vegetativo. Por conseguinte, nas macieiras e pereiras jovens, mas já
formadas e vigorosas, com grande produção de madeira, a poda a (foto da página 103)
aplicar é a longa ou leve – isto é – poda-se pouco. Inversamente devemos proceder nos casos
de pomares envelhecidos, onde há quase nula produção de madeira: poda-se forte e fundo,
rebaixando-se galhos velhos e decrépitos.
A maioria dos casos, porém, é intermediária dos dois extremos citados,
necessitando macieiras e pereiras em produção de apenas um rareamento dos ramos
excessivos ou, quando muito, um rebaixamento até a altura geral do cimo da copa daqueles
ramos muito vigorosos que a ultrapassarem. Constitui, por outro lado, erro clamoroso
deceparem-se grossos galhos internos, com a finalidade injustificada de melhor iluminar o
interior da copa. Macieiras e pereiras, quando formadas que em vaso moderno, quer em guia
modificada, dispensam totalmente tão irracional providência. A própria frutificação das
macieiras e pereiras assim conduzidas se incumbe de arcar as ramas para o exterior da copa,
abrindo o seu cento para recebimento da luz na fase de maturação
dos frutos. Após a
colheita, aliviados os galhos do peso da sagra, voltam eles à posição vertical, vedando o
FOLHA N.º 20
excesso de iluminação , já agora prejudicial por enseja a queimadura da casca e a decrepitude
geral da fruteira.
Sempre que se efetuar rebaixamento dos galhos de macieiras e pereiras
adultas, é indispensável que o corte seja acima de uma gema vegetativa, porque, se o
fazemos acima de um órgão frutífero (esporão, brindila com gema florífera apical etc.), é quase
certo que não se desenvolve em novo ramo vegetativo, prolongamento natural do anterior.
Variam as exigências de poda de frutificação de variedade para variedade.
Parcos são os dados existentes no Brasil a tal respeito. Sabe-se, não obstante, que as
Deliciosas se devem podar moderadamente, já a Rome Beauty requer poda mais forte e à
Granny Smith se aplica uma poda de média intensidade, para se corrigir a sua tendência de
produzir poucas ramas secundárias e brindilas. Nas variedades de maçãs pequenas, tais
como Winesap e Jonahan, preconiza-se um rareamento das brindilas, assim teremos menos
fruta, mas de maior tamanho. Em certos casos de excesso de carga em Ohio Beauty, a
macieira mais extensamente cultivada em São Paulo, este procedimento deve ser também
adotado.
As pereiras nas condições do sul brasileiro (do sul de Minas até o Rio Grande
do Sul) parecem não ter grandes problemas de frutificação. Dispomos de uma dezena de
variedades que produzem, nas regiões de condições climáticas propicias, regularmente com
poda ou quase sem ela, tais como: Bartlet, Lê Conte, Kieffers, Bela Aliança, Schmidt,
Packhams etc. Já outras produzem com mais dificuldade, requerendo regiões com inverno
bem frio, assim são Hoover, Roosevelt, Passe Crassane, Howell etc.
Unânime é o ensinamento dos pomologistas modernos no sentido de
aconselhar podas cada vez mais leves, de maneira a permitir que macieriras e pereira atinjam
rapidamente o se estágio frutífero, convertendo-se, desse modo, em plantas de exploração
lucrativa. Ë ainda vezo comum entre nós a prática de podas intensas em árvores de grande
vigor, de belo desenvolvimento vegetativo, na esperança de que assim entrem elas logo em
frutificação. O efeito de tais podas drásticas é justamente o contrário do que se esperava. A
esse respeito, podemos aplelar para o mestre da pomologia universal. Vieira Natividade (41), e
transcrever aqui seus conceitos irretorquíveis.
“Praticar podas intensas em árvores naturalmente vigorosas, de grande
expansão vegetativas e pouco produtivas nos primeiros anos, na preocupação de corrigir essa
maneira de ser, conduz ao resultado inteiramente oposto”.
FOLHA N.º 21
A atitude obstindamente contrária é igualmente perniciosa. O definhamento
precoce das macieiras, pereira e muitas outras fruteiras é provocado por podas demasiado
leves em plantas jovens que frutificam precocemente. Nestas, examinem-se os ramos novos e,
se estão muito carregados de gemas floríferas, é evidente que vamos ter uma produção
excessiva pra uma planta ainda nova, tornando-se, então, indispensável podar curto tais
ramos, fazendo-se o corte logo acima de uma gema vegetativa, para que, cmo vimos, se
prolongue o ramo em novo ramo de madeira, equilibrando assim o restante da copa, muito
frutífera.
Há algumas variedades, tanto de macierias como de pereiras, que têm uma
tendência natural de dar copas fechadas e eretas. Nestas não há necessidade de aleijar o
centro da copa pela eliminação do eixo central, mas basta, para corrigir o “fechamento”da
copa, que se tenha o cuidado especial de, nos dois ou três primeiros anos de formação, deixar
sempre olhando para fora da copa as gemas terminais dos cortes. Assim, procedendo,
fazemos com que os crescimento de dirijam para a periferia das plantas, abrindo desta forma a
copa.
Macieiras e pereiras, quando ficam decrépitas, apresentam muitos dardos e
raros esporões (lamburdas) e brindilas frutíferas. A frutificação é conseqüentemente quase
nula. Requerem tais plantas uma poda geral de rebaixamento dos ramos, de forma a
rejuvenescer a copa, pelo aparecimento de ramos novos, sobre os quais surgirão lamburdas e
brindilas de fruto. Uma boa adubação completa ajudará as plantas nessa restaura;cão de sua
fecundidade. No caso inverso, isto é, de pereiras e macieiras demasiadamente povoadas de
órgão de frutificação, a poda há de ser leve, apenas com o intuito de rarear brindilas e
lamburdas, caso que, digamos de passagem, já foi tratado anteriormente.
Época da Poda
-
A macieira é em geral mais demorada, nas condições
brasileiras, para despir-se de sua folhagem que pereira. De um modo genérico, efetua-se a
poda durante o inverno, quando as mencionadas frutíferas acham-se sem folhas. Nas regiões
de inverno brando, é freqüente a macieira apresentar persistência de folhas até a quadra de
nova floração e brotação. Tal persistência varia de intensidade uma para outra variedade. Em
outros termos: há variedades de macieira exigentes quanto ao frio hibernal para entrarem em
completo descanso vegetativo, outras há mais tolerantes. As primeiras serão podadas mesmo
se apresentam folhas, ali pelo mês de agosto, pois esperar-se mais arriscaríamos podá-las já
na fase de nova brotação. Nas regiões de pouco inverno, será conveniente, mesmo, podar
FOLHA N.º 22
pereiras e macieiras na segunda quinzena de julho, antes da floração dessas frutíferas,
podando-se em agosto nas regiões de invernias mais rigorosas.
Importância da Poda - A poda de formação é muito importante, tanto para
pereiras como para macieiras. Se foram bem executadas a guia modificada ou o vaso
moderno, a poda de frutificação, torna-se assunto de pouca importância.
As macieiras são, entre nós, atacadíssimas por pragas e moléstias. Talvez
nenhuma outra frutífera lhes leve a palma nesta melancólica competição. A poda hibernal das
macieiras poderá ser orientada, no caso das macieiras brasileiras,m para uma finalidade
francamente fitossanitária, vale dizer: como importante meio de prevenção e combate de
doenças e pragas. Muito freqüentes são, nos macieirais do Brasil, ramos de macieiras
apodrecidos pela podridão amarga, outros visivelmente parasitados por pulgões e cochonilhas.
A poda eliminando tais focos é obviamente medidas importante para o sucesso dessa cultura
em nosso meio. Mas a poda não é tudo, com veremos em seguida.
Exigências da cultura de pereiras e macieiras - Pereiras plantadas em terras
frescas e profundas, de pelo menos média fertilidade e que gozam de clima frio, frutificam
abundantemente, muitos anos a fio sem problema algum. Sirvam de prova a essa afirmação
os pereirais, já com ares de nativos, que se notam por todas as encostas, paulista ou mineiras,
da Serra da Mantiqueira e seus contrafortes, pelos Estados do Paraná, Santa Catarina e em
qualquer pedaço de chão da zona rural sul-rio-grandense. Há mesmo nas regiões serranas
dos Estados mencionados condições magníficas para a produção de pêras: os pereirais aí
recobrem as terras mais altas, carregando fabulosamente, sem trato algum.
O mesmo, entretanto, não ocorre com as nossa macieiras. São elas mais
exigente quanto ao solo e necessitam de acurados tratamento preventivos para resistirem a
seus numerosos inimigos. Por essa razão, o maior problema da cultura da macieira no Brasil
está longe de ser constituída de questões que digam respeito à arte de podar. Vejamos alguns
dos mais importantes inimigos da macieira no Brasil.
As raízes podem ser totalmente aniquiladas pelo pulgão lanígero, o Eriosoma
Lanigerum, inseto que também suga a seiva da parte aérea. Nesta temos, ainda a depredá-la,
diversos coccídios, somente bem combatidos com pulverizações enérgicas de óleos miscíveis
inseticidas, capazes de dissolver a carapaça cerosa, debaixo da qual se abrigam esses
insetos. A mais terrível dessas cochonilhas é o piolho-de-São-José, classificado como
Quadraspidiotas perniciosus, que arrasa igualmente pereiras, ameixeiras e pessegueiros. Mas
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existem muitas outras cochonilhas danificando nossas macieiras, tais como Asterolecanium
pustulans, Saissetia etc.
Temos ainda mais três terríveis pragas da macieira: a mosca-das-frutas
( Anastrepha fraterculus) a mariposa oriental (Laspeyresia molesta) e a broca da polpa
(Carpocapsa pomonella).
(FOTO DA PAGINA 107 E FOTOS DA PAG. 108)
As duas ultimas pragas, como também as cochonilhas (inclusive piolho-de –
sáo-josé), piolhos, pulgões etc., são atualmente bem controladas com tratamentos à base de
uma solução de 200 gramas de Malation em 100 litros de água e 5 quilos de melaço de usina
de açúcar. Já quanto às moscas-das-frutas, o combate é mais difícil, consistindo em pulverizar
1 metro quadrado da copa das macieiras, quando as maçãs prenunciam seu amadurecimento,
com iscas tóxicas, que atraem para si a postura das moscas.
Tremendos são os prejuízos causados à produção brasileira de maçã pela
Anastrepha. Estudos minuciosos, realizados em Caxias do Sul pelo dr. José Brugger,
demonstraram que são tão graves as deformações causadas pelos ataques dessas moscas
nas maçãs, que esta praga constitui sozinha um entrave praticamente intransponível à
expansão da cultura econômica da macieira no Brasil (7) e (8). “A destruição da Anastrepha e
a profilaxia contra insetos nocivos é a chave de toda s fruticultura. E’inútil ventilar outros
problemas frutícolas, enquanto não se resolverem esses assuntos. Ë tempo perdido, pois,
escrever longos artigos sobre cultura, adubação, poda etc., se curto tempo após o
florescimento as pequenas maçãs caem, ficam doentes ou bichadas, vendo o plantador e o
cultivador que todo o seu esforço foi em vão, pois que de nenhuma maneira eles colhem fruta
prestável, é o que diz em valiosíssima conclusão o benemérito Brugger.
Para aumentar esse quadro de aflições, a mariposa oriental broqueia a ponta
dos ramos e os frutos, sendo ela considerada das mais graves pragas da macieira do mundo
todo. Até já algumas décadas não existia Carpocapsa no Brasil. Atualmente deve andar
rondando as macieiras esparsas dos quintais
e chácaras do sul de Santa Catarina. A
Laspeyresia faz estragos semelhantes, mas é menos devastadora.
Duas doenças atacam a macieira e a elas já nos referimos a podridão amarga,
causada pelo fungo Glomerella cingulata, e a sarna, ocasionada pelo fungo Venturia
inaequalis. Ambas as moléstias precisam ser controladas com pulverizações oportunas de
fungicidas modernos. A podridão amarga ocasiona o apodrecimento da maçã e. mas
variedades mais vulneráveis e situações de umidade, a safra inteira pode ser destruída. Os
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frutos que não caem ficam presos aos ramos e mumificam. Destes é que partem novas
infecções para a safra nova e para a formação de cancros nos galhos e no (FOTO DA
PAGINA 109 E FOTO DA PAGINA 110) tronco. Na poda, tanto frutos doentes, como galhos
atacados, devem ser rigorosamente eliminados e queimados. As feridas e cancros serão
raspados e, após, bem pintados com pasta bordalesa ou desinfetados com Lysoform bruto ou
outras substâncias que recomendamos à página 47 para cobertura de galhos podados.
A sarna é outra serissima doença da macieira, constituindo fator limitante do
êxito de seu cultivo.
A sarna causa manchas nas folhas e frutos. Derruba as folhas e as flores e,
mais tarde, também os frutos em amadurecimento. Racha as maçãs, tornando-as inaceitáveis
para o comércio e, após colhidas, determina seu apodrecimento maciço, mesmo daquelas
encaixotadas e guardadas em câmara frigorífica.
O melhor fungicida erradicante moderno contra a sarna da macieira é o
Dithane ou o Manzate. Usa-se à razão de 75 gramas para 100 litros de água. Um programa
efetivo exige as seguintes aplicações:
1 – com as gemas dormentes; 2 – com as gemas inchadas; 3 – com os botões
florais de cor verde; 4 – com os botões florais com a ponta rosada; 5 – na queda das pétalas,
6 à 10 – até a maturação das maçãs, em intervalos de 15 dias.
Um tratamento de inverno é importante, à base de profuso banho de calda
sulfocálcica. Produtos modernos, para tal fim, estão igualmente sendo aconselhados, como o
Kumulus que determina oportuno desfolhamento das folhas doentes que remanesceram nas
árvores e, desta maneira, impedindo que elas transmitam a sarna para a vegetação nova.
No passado, poucas variedades mostravam-se capazes de produzir todos os
anos, não maçãs apenas industriais, mas perfeitas, atraentes e de bom sabor.
Na atualidade a maçã Fuji, oriunda da província de Aomori, Japão, encontrou
na região de São Joaquim e outras áreas catarinenses e do nordeste gaúcho, condições
climáticas excelentes para desenvolvimento perfeito, resultando frutos considerados de
qualidade equiparada aos melhores do mundo.
Esta maçã foi introduzida no Brasil em 1967 e levada a São Joaquim em 1975,
quando os produtores desta região receberam a assistência do eminente pesquisador japonês
Ushirosawa. Hoje, a maçã Fuji é o produto ancora da economia daquela área, envolvendo
mais de 650 produtores, na maioria pequenos agricultores associados a cooperativa, com
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destaque para a grande Cooperativa Sanjo. A maçã representa transações da ordem de R$ 40
milhões por safra (2004).
PODA DO MAMOEIRO
O mamoeiro não tem poda. Essa afirmação seria, talvez, o suficiente para
darmos o assunto por encerrado, mas vejamos algo mais sobre a questão/
Os mamoeiros velhos, já pouco produtivos, ou altos em demasia, são
sumariamente postos abaixo e substituídos, dada a facilidade de obtenção de mudas por
sementes. Um mamão do tamanho médio dá, aproximadamente, 1000 sementes, não sendo
raros os frutos que dão de 1.400 a 2.000 sementes. Um quilo encerra perto de 40 mil. Após
retiradas do fruto,, são elas bem lavadas em água corrente e postas a secar em local
sombreado e ventilado. A semeação faz-se de julho a dezembro.
Com quinze dias de nascidas, são as mudinhas transplantadas para
jacazinhos, balainhos ou recipientes de lata, em numero de quatro por vaso. Um mês após, já
podem ser transplantadas para o terreno definitivo, em dia chuvoso.
As covas de plantação serão generosamente adubadas com esterco bem
curtido, uns 40 ou mais litros por cova. O espaçamento adequado para a plantação varia de
2x2 metros até 3x3, de acordo com a maior ou menor fertilidade da terra. Em cada cova se
plantarão quatro mudas, que aí permanecerão até florescerem. Isto verificado, eliminam-se os
pés machos, só ficando uma planta fêmea por cova e, de cada quarenta covas, uma possuirá
um pé macho, para boa frutificação do mamoal.. (FOTO DA PAGINA 113)
Pela sumária descrição, vê-se quão simples é a formação de um mamoal e
que a poda ali não tem qualquer utilidade. Entretanto, podem-se renovar velhos mamoeiros
decepando-lhes o tronco a 10 centimetros de altura do solo e deixando que apenas se
desenvolva o broto mais bonito e melhor colocado. Esta operação constitui, a rigor, um tipo de
poda de restauração ou de reconstituição da planta.
O decepamento da copa tem sido lembrado como capaz de fazer mudar o
sexo do mamoeiro, vale dizer, possibilitando transforma os pés machos em frutíferos.
Entretanto, com sua inconteste autoridade mundialmente proclamada, Chandler (10) assevera
que cuidadosas experiências, ao contrário de observações isoladas, mostram que a poda é
incapaz de ocasionar um efeito dessa natureza. Quando um mamoeiro envelhece, ele é capaz
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de produzir, as vezes, flores hermafroditas, especialmente aquelas terminais de cada cacho de
flores. Provavelmente o pé macho referido nas tais observações isoladas, que mudou de sexo
após a poda da coroa, estava em vias daquela transformação por decrepitude.
Confirmando esses conceitos, encontramos na literatura brasileira idêntico
ponto de vista de pomologistas nossos, expressos por Inglez de Souza (18) e outros. Bastos
de Menezes (25) explica que, do ponto de vista prático, o que interessa é o mamoeiro que de
fruto e esse recurso mesmo de procurar aproveitar o mamoeiro macho para torná-lo fêmea, é
um testemunho disso. Ora, com não há provas visíveis da influencia da capação do ápice da
copa dos machos nessa transformação, provas quer hereditárias, quer não o que se deve é
eliminar pela raiz todo mamoeiro macho. Extingui-lo sem piedade. O mamoeiro que melhor se
presta para a culturan é o hermafrodito típico, pois que ele só dará mamoeiro fêmeas e
hermafroditos, isto é, plantas que produzem frutos.
Problemas da cultura - Pelo visto, papel de nenhuma importância representa
a poda para a cultura do mamoeiro. Pode esta planta ser cultivada com pleno êxito, com
integral dispensa dos sibilinos
preceitos da nobre arte de podar. Em contraposição tem
problemas e bem sérios, exigências muito importantes, que precisam ser considerados.
Vejamos sumariamente os principais:
a)
Escolher para plantações as situações livres de geadas e dos ventos
impetuosos constantes, já que é o mamoeiro planta sensível às baixas
temperaturas e que muito se danifica com as ventanias.
b)
Fazer covas de plantação bem estercadas.
c)
Lançar mão de sementes obtidas de plantações de pés fêmeas, produtores
de frutos grandes, de porte baixo, quer de mamão rosado, quer de
variedade amarelo.
d)
Combater o ácaro, principalmente nos anos de seca prolongada, quando se
torna praga séria. Este ácaro vive e se reproduz sobre as folhas,
ocasionando intumescimentos no limbo e, também, encarquilhamentos e
cloroses, chegando mesmo, se a praga invade o mamoal com violência, a
deixar pelados os mamoeiros, isto é, sem o broto terminal. A produção cai a
zero e os raros frutos são de péssimos aspecto e qualidade. O combate
consiste em aplicações suficientes para controlar o mal, feitas na forma de
polvilhamentos.
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e)
Duas doenças podem prejudicar os mamoeiros: a podridão do tronco,
causada pelo fungo Phytophtora parasítica e a podridão do fruto, cujo
responsável é outro fungo, o Colletotrichum caricae. Ambas as moléstias
são combatidas por meio de pulverizações fungicidas: calda bordalesa a 1%
Dithane ou Manzate.
Poda da Mangueira
Inclui-se a mangueira naquele grupo de fruteiras que necessitam muito pouco dos recursos da
poda. Uma vez plantada de boa muda, em situação propicia, a mangueira produz com
ambundancia sem poda alguma. Wester (42), especialista filipin, diz que é discutível que a
poda contribua para aumentar a produção da mangueira e que nenhuma experiência nesse
sentido foi concluída. Aconselha, então, em matéria de poda, apenas o rebaixamento da copa
nas variedades de crescimento alto e muito ereto, de maneira a deixar as árvores de copa
baixa e esparramada.
Outras tendências semelhantes de irregularidades na copa devem ser também corrigidas pela
poda, do mesmo modo que se lança mão da poda para elimnar ramos doentes, secos,
praguejados e fracos. E eis tudo de importante sobre a pouca importância da poda da
mangueira.
Naick (31), mestre consumado em questões fruticolas no sul da Índia, diz que a poda da
mangueira é restrita a remoção da madeira morta e doente ou portadora de parasitas vivos,
que são especialmente nocivos nas regiões úmidas. Tem inteira razão o grande Naick, pois
que a produção da mangueira se dá na extremidade dos brotos e a poda deles só poderia
reduzir a área de frutificação e, conseqüentemente, a colheira, favorecendo, em contrapartida,
o desenvolvimento vegetativo.
Na Flórida, alguns autores aconselham a poda dos ramos centrais da mangueira, com o intuito
de permitir melhor iluminação e arejamento do interior da copa. Este procedimento não é
aconselhável para as condições brasileira, pois aqui grandes produções estão invariavelmente
associadas com mangueiras não podadas, de densa folhagem.
Chandler (10) acompanha a opinião dos tratadistas citados, valorizando-a pela sua magnífica
autoridade. Ele ‘so admite a poda das mangueiras de o fito é mantê-las dentro do porte e
proporções convenientes a exploração econômica e segundo o espaço que lhe foi reservado
no pomar. A poda com a finalidade de reduzir a alternância do volume das safras carece
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ainda de maiores estudos e trabalhos experimentais para aplicação prática. Há, entretanto,
velhas praxes no trato das mangueiras que visam contornar a citada alternância.
Incisões no tronco - Ë a mais conhecida dentre as praxes no ramo da mangueira. Se podar é
cortar
órgão secos ou verdes das plantas, a pratica de talhar a casca do tronco das
mangueiras enquadra-se em uma modalidade de poda de frutifica;cão , já que tem por escopo
provocar um aumento de frutificação. Ë, por certo, operação idêntica aquela praticada pelos
viticultores, que empregam a incisão anular – retirada de um anel de casca – nos ramos, para
que a seiva elaborada fique retida nos cachos, determinado assim um maior desenvolvimento
das bagas. Ë mesmo o propósito, no caso das mangueiras: as incisões no tronco retardariam a
descida da seiva elaborada que, assim retida, determinaria uma conversão mais abundante
de gemas vegetativas em frutíferas.
Ë, entretanto, um tipo de poda bárbara, só tolerada como recurso derradeiro para corrigir
mangueiras frondosas que teimam em permanecer pouco fecundas. Não se deve lançar mão,
sem mais aquela, desse método Primeiro devemos observar as causas de não frutificação da
mangueira, para depois tomarmos providencias cabíveis. Muitíssimo comum é a destruição da
florada das mangueiras por doenças, como principalmente a antracnose, que arrasa todas as
flores, só ficando o esqueleto miserável dos cachos, mormente em regiões sujeitas a
primaveras úmidas, com grande freqüência, aniquila as flores e frutinhos da mangueira.
Primeiro, portanto, combater a antracnose, por meio de pulverizações com calda bordalesa,
pouco antes da abertura das flores e logo após a formação das manguinhas, depois examinar
se geadas tardias não ocorreram queimando a ponta dos ramos, onde as flores se situam e,
por ultimo, pensar em remédios heróicos, como o corte da casca do tronco.
Problemas de Cultura - Quase tudo já foi dito no que tange aos principais problemas que
entravam a cultura da mangueira entre nós, Volvamos a eles, repetindo com a intenção de pôlos em evidência.
Para a cultura da mangueira devemos evitar os climas serranos e úmidos, que muito
favorecem a ataque dos fungos causadores de doenças, como a antracnose e o oídio, que
atacam e destroem as folhas e o sistema floral, prejudicando ainda enormemente os frutos que
porventura conseguiram escapar as devastações iniciais.
Quanto ao solo, a mangueira vai bem mesmo nas terras fracas, acidas e secas, detestando,
em contrapartida, os brejos e terrenos baixos e encharcadiços.
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A criteriosa escolha das variedades a cultivar constitui ponto de maior importância nessa
cultura, pois há variedades pouco produtivas, outras de péssimo sabor, outras muito
suscetíveis a antracnose, como por outro lado, muitas variedades há que são muito produtivas
e de magnífico sabor, tais como: Jose Alemão, Estrema, Cartola, Bourbon, Non Plus Ultra,
Haden, Família, Itamaracá, Paheri, São Quirino e Marina, que são aquelas recomendadas pelo
Fórum Paulista de Fruticultura (13).
Escolhendo-se, por conseguinte, a situação e a terra propicias ao bom desenvolvimento da
mangueira, aparelhando-se para combater eventuais ataques da antracnose e do oídio e
tendo-se escolhido uma ou mais das variedades que relacionamos, o sucesso será certo no
cultivo da mangueira.
A poda será fator desprezível.
]
Poda do Maracujazeiro
As grandes plantações de maracujá no Brasil são de Maracujá-amarelo ou azedo (Passiflora
edulis f. flavicarpa), Maracujá-roxo (Passiflora edulis) e o Maracujá-doce (Passiflora alata).
Os cultivares comerciais (variedades com garantia) foram desenvolvidos no transcurso da
década de 1990, pelos pesquisadores do Instituto Agronômico de Campinas, SP, sendo de
citação obrigatória o híbrido IAC-275, em amarelo destinado a industrialização, bem como os
híbridos IAC-277 e IAC-273, para consumo in natura. Podem ser lembrados, também ,os
varietais Sul-Brasil e Maguary.
Poda de formação - Nas plantações industriais para suco, a poda de formação desempenha
papel fundamental. Nas linhas de plantação se estabelecem espaldeiras a semelhança das
usada para videiras. As mais simples são constituídas de mourões com 2 metros de altura
espaçados de 3 metros, a razão de 1 mourão por planta, providenciando-lhe um tutor. A 1,60
m acima do solo estende-se horizontalmente um fio de arame n. 14. Mais acima, coloca-se
outro fio, sobre o qual se sustenta o tronco principal do maracujazeiro.
Após o plantio no campo, as mudas devem ser tutoradas com estaca, fita plástica ou similares,
tomando-se o cuidado de não estrangular o pequeno fuste em ascensão. Nesta fase executase a poda de formação, ou seja, a medida que a planta vai crescendo verticalmente, deve-se
eliminar todas as brotações laterais de fuste principal até que ultrapasse o arame de
sustentação em 20 cm.
FOLHA N.º 30
Neste momento, a planta é despontada através da eliminação da gema apical, assim
estimulando-se as brotações laterais horizontais. Assim, o tronco é bifurcado em dois cordões
laterais opostos. Quando os cordões atingem o próximo pé, são podados, para que a copa se
forme em cortina. Só quando esta cortina se forma é que a frutificação tem começo.
Nas condições nordestinas, onde há em abundancia calor e umidade, os maracujazeiros dão
duas safras boas por ano, uma em abril e outra em agosto, mas na realidade elas quase não
se interrompem, uma emenda com a outra, com pequeno período de produção escassa entre
ambas. O segredo do bom rendimento não é obra de nenhum artifício ou passe de mágica de
podas, mas é fruto de rigoroso combate as pragas e da aplicação de doses maciças de
adubação completa NPK 10-5-20, com a seguinte programação:
a) 500 gramas no ato do plantio e outro tanto 40 dias após;
b) nas plantações adultas, em franca produção, 5.500 gramas por pé repartidas em quatro
aplicações , com vista a se obterem altos rendimentos em torno de 45
toneladas/hectare.
Outras forma de condução - Há muitas variantes de espaldeiras para o maracujazeiro, alem
daquela que foi descrita. Uma variante muito adotada em outras regiões é a espaldeiras para o
maracujazeiro, alem daquela que foi descrita.
Uma variante muito adotada em outras regiões é a espaldeira com três fios de arame, sendo o
primeiro a um metro do solo e os superiores espaçados de meio metro. Pode-se, ainda, deixar
um, dois ou quatro caules saindo da terra, mas dois é o preferível. Nos caso de um caule, a
condução é a que o bifurca em dois cordões laterais opostos e, no caso de dois caules, um
deles se bifurca em dois no primeiro arame e o segundo sobe até o segundo fio e também se
reparte em dois cordões um para cada lado. Toda a brotação nos caules ou nos caules do
primeiro ano para baixo é sistematicamente eliminada. Segundo os especialistas, há ainda
uma ultima modalidade da poda de formação, que consiste em um tronco único com quatro
cordões , sendo dois bilaterais no primeiro fio e mais dois iguais no segundo – é, segundo
dizem, a que proporciona maiores produções.
Poda de Produção - Como o maracujazeiro é uma trepadeira de vegetação vigorosa, com
muitas brotações laterais, pode formar uma densa massa vegetativa, sobrecarregando o
sistema de condução e suporte, dificultando a alimentação dos frutos e prejudicando os
tratamentos fitossanitários sempre necessários.
FOLHA N.º 31
Para administrar o volume da massa vegetativa improdutiva existente no interior da planta,
deve-se realizar a poda de limpeza ou renovação, que também permite um maior arejamento
da plantação, contribuindo para se obter colheita de maior quantidade e qualidade.
Esta poda não é recomendada nos casos de plantações debilitadas, porque o maracujazeiro
pode não reagir adequadamente, ocorrendo, inclusive, a morte da planta.
Desta forma, no inicio da brotação na primavera, com disponibilidade de água no solo, os
pomares saudáveis pedem poda de produção. Esta é iniciada pela eliminação das gavinhas
dos ramos em cortina, o que evita o entrelaçamento de ramos e permite a melhor visualização
no processo produtivo. No inicio da brotação de ramos novos, aplicar adubação foliar com
sulfato de zinco a 0,3 %.
Depois da efetiva brotação , cortam-se os ramos elimináveis e podam-se os da cortina
produtiva a cerca de 60 centimetros abaixo do arame de sustentação. As partes retiradas da
planta devem ser queimadas fora fo pomar.
Uma vez realizada a poda, iniciar pulverização regular das plantas com um funficida a base de
cobre, alternando-se com uma solução de oxicloreto de cobre e Mancozeb a 0,2 %.
Uma modalidade da espaldeira, é a usada no Havaí, em grandes plantios comerciais, espécie
de emparrado vertical em forma de T, formado de postes de madeira ou de concreto, com 1,60
metro fora da terra, tendo no topo uma travessa com 1 a 1,20 metro de largura, metade para
cada lado – mas estas medidas são muito variáveis, havendo posteações mais altas e
travessas mais curtas. Estas invariavelmente suportam dois fios de arame, esticados paralelos
e horizontais como uma linha telefônica. Reparte-se o tronco vertical, a altura dos arames, em
quatro cordões, dois para cada lado.
Alem da espaldeira, que é a condução dos maracujais de caráter comercial, o maracujazeiro
para fins domésticos e nas culturas pequenas, é freqüentemente conduzido sobre latadas,
pérgulas, caramanchões e jiraus – armações de madeira rústica, formando um estrado,
sustentado sobre esteios de altura suficiente para a estatura humana. As mudas são plantadas
junto aos esteios, e, logo que alcançam o estrado, tem sua ramagem sobre ele distribuída.
Outras variedades que não a Peroba, são quase sempre conduzidas neste sistema,
principalmente o Maracujá-meláo ou Açu (Passiflora macrocarpa) e o Maracujá-comum ou
cascudo (P. quadrangularis), que são espécies encontradas nos pomares domésticos desde o
Amazonas até a região litorânea de Santa Catarina. No interior catarinense, alto e frio, e todo o
Rio Grande do Sul, assinalam-se, como maracujás de boa reputação
FOLHA N.º 32
Exigências da Cultura - A longevidade das plantações comerciais bem poderá ser prolongada
por adubações anuais completas, a exemplo do que se consegue no Havaí, cujos maracujais
duram produzindo de 8 a 10 anos.
A maior praga do maracujazeiro é o percevejo Diactor bilineatus, que su;oanta em nocividade
ate as moscas-das-frutas. Seus estragos se traduzem pela queda e perda de enorme
quantidade de botoees florais e pela murcha quase total dos frutos que conseguem se formar.
O combate consiste em pulverizações com Lebaycid 500 a 0,1 % , Catarp BR500 a 0,12%
aplicadas a partir do aparecimento dos primeiro insetos (adultos ou de suas ninfas) e repetidos
em intervalos de 15 a 20 dias até o pleno desenvolvimentodos frutos. Podem-se combater
simultaneamente percevejos e moscas-das-frutas, por meio de pulverizações de inseticidas
sistêmicos (Lebaycid e semelhantes).
Outro problema, que ocorre, as vezes, é a deficiencia de polinização que faz com que grande
numero de flores não se converta em frutos. Tal defeito é mais comum em plantações
formadas por estacas.
As lagartas das borboletas Dione Juno e D. vanillae causam tão graves estragos em
maracujazeiros que podem constituir verdadeiros obstáculos ao sucesso da cultura, sendo a
primeira das espécies citadas a mais nociva, devido a enormidade de lagartas que investe
vorazmente sobre as plantas. Seu eficiente combate á conseguido com pulverizações, quando
a praga der sinais de sua presença, com Lebaycid 500 a 0,1%.
A frutificação do maracujazeiro ocorre me ramos novos, e por essa razão, a
poda se faz necessária, de modo a possibilitar produções satisfatórias. A poda também é
exigida pelo intenso desenvolvimento da planta, que origina uma densa massa vegetal,
favorável, muitas vezes, ao surgimento de pragas e doenças, além de provocar o aumento do
peso a ser sustentado pelo sistema de condução (espaldeira ou latada).
Cerca de quinze dias após o plantio, inicia-se a pode de formação, com a
eliminação de todos os brotos laterais, deixando-se apenas o ramo mais vigoroso, que será
conduzido por um tutor até o fio de arame.
Quando a planta ultrapassar o arame-cerca de 10cm-,deve-se eliminar o broto
terminal, de modo a forçar a emissão de brotos laterais, os quais serão conduzidos para os
dois lados do arame. Posteriormente, esses brotos são despontados, a fim de forçar o
desenvolvimento das gemas laterais, que formarão os ramos produtivos.
FOLHA N.º 33
As ramificações que surgem dos dois ramos laterais em direção ao solo devem
ficar livres, para facilitar o arejamento e a penetração da luz, fatores que são muito importantes
no processo produtivo e na diminuição do ataque de pragas e doenças. Para tanto, eliminamse as gavinhas, que provocam o entrelaçamento das hastes e dos ramos produtivos.
No período de entressafra, deve ser feita uma poda de limpeza, retirando-se
todos os ramos secos e doentes, proporcionando melhor arejamento da folhagem do
maracujazeiro e diminuindo o risco de contaminação das novas brotações.
Poda do marmeleiro
O maior entrave na cultura do marmeleiro é a entomosporiose. Para combater esta terrível
doença é indispensável pulverizar a planta meia dúzia de vezes durante a sua vegetação
com calda bordalesa a 1%, o mesmo remédio usado com eficiência para controlar as
doenças da videira e a ferrugem das figueiras. Tais aplicações, todavia, só serão de
execução fácil e de eficiência se os marmeleiros estiverem bem ao alcance do jato dos
pulverizadores. A poda, mantendo os marmeleiros em um porte reduzido, é poderoso fator
de ajuda no combate a entomosporiose. Mas, alem disso, com veremos, a poda vem ao
encontro das necessidades de se disciplinar e fomentar a frutificação dos marmeleiros.
Uma simples estaca de marmeleiro, levada a terra e deixada crescer livremente, dará
decorridos quatro a seis anos, uma frondosa touceira, a qual poderá frutificar com
abundancia, se os fatores ambientes forem favoráveis a planta: terra, clima e ocorrência de
doenças.
Entretanto,
para
colhermos
o
amarelo
pomo,
em
touceiras
assim
desordenadamente crescidas, teremos de utilizar escadas ou derriçar o fruto a golpes de
vara. A tendência natural do marmeleiro é a de formar touceiras impenetráveis e frutificar
bem na ponta das varas, pois é ai que se formam os crescimentos anuais da planta, sobre
os quais aparecem as gemas frutíferas.
Alem do inconveniente apontado, nas touceiras que cresceram ao deus-dará, o combate a
entomosporiose
é
difícil
e
oneroso,
como
já
dissemos.
Tem, por conseguinte, a poda do marmeleiro as seguintes finalidades:
1.- Facilitar o combate a entomosporiose e outras eventuais moléstias e pragas.
2.- Impor ao marmeleiro uma forma e um porte mais convenientes a sua exploração.
FOLHA N.º 34
3.- Disciplinar a sua produção, pela renovação periódica dos ramos anuais que dão
nascimento as gemas frutíferas.
Diversos são os tipos de poda que se aplicam ao marmeleiro, aos quais correspondem
outras tantas finalidades que se deseja obter da poda. Assim é que, nos marmeleiros
novos, executamos três tipos de poda:
1.- Poda de educação e formação das mudas no viveiro.
2.- Poda de formação dos pés no inicio da plantação.
3.- Poda de frutificação.
Se, pelo contrario, o marmelal é velho, com uma decrepitude que se manifesta pela quase
nula brotação anual e miserável frutificação , então os tipos de poda a serem aplicados são
bem outros, a saber:
4.- Poda de renovação , reconstituição e tratamento e
5.- Poda de frutificação.
Adotamos para essa diversas podas as denominações consignadas por Vieria Natividade
(41) por nos parecerem racionais, alem de contarem com aquela legitimidade vernácula
haurida dos autores lusos, com o mestre Joaquim Rasteiro (35).
Poda de formação - As mudas destinadas a plantação devem chegar ao local de plantio
com a poda de formação perfeitamente delineada: três a quatro pernadas bem distribuídas
a uma altura máxima de 50 centimetros. Esse assunto já foi bem estudado por F. C.
Camargo (9) e ao seu trabalho remetemos todos aqueles que se interessem pela questão.
Se as mudas já prontas em mate’ria de poda de formação, caso contrário, perderá o
pomicultor um ano, porque será necessário deixa-las vegetar com uma única vara, podada
a cerca de 50 centirmetros de altura do solo. Do topo desta vara até a altura de 30
centrimetros, deixam-se crescer três ou quatro brotos bem dispostos, regularmente
implantados em torno dela. O ano passa e no inverno seguinte as mudas estarão com três
a quatro varas nascidas em (FOTO DA PAGINA 126 E FOTO DA PAGINA 127). Torno da
haste principal. Estas varas são, então, podadas, ficando com cerca de 20 centimetros de
comprimento e constituirão as futuras pernadas do vaso aberto do marmeleiro.
Ë sempre preferível perder-se um ano, proporcionando as plantas uma correta poda de
formação, do que planta-las
com formação arbitraria, que mais tarde Dara copas
defeituosas na forma ou de altura inadequada e cuja correção acabaria por fazer o
pomicultor perder pelo menos um ano, se não mais.
FOLHA N.º 35
Oriundas as mudas de bom viveirista ou educadas elas no local da plantação , trata-se de
prosseguir todos os anos com a formação da copa. Na pratica verifica-se freqüentemente
uma confusão entre poda de formação e poda de frutificação. Geralmente os leigos não
distinguem uma da outra pelo pouco conhecimento que tem dos papeis que ambas
representam e que são bem diversos, como já aqui foi dito e repetido em ror de vezes.
Repetindo com Grunberg (15), sabemos que a poda de formação tem por objetivo a
formação de um esqueleto ou armação forte, o qual se povoara de órgãos de frutificação
(principalmente brindilas). Ë, pelo visto, a poda preliminar que precede sempre a poda de
frutificação , sendo esta a sua conseqüência natural ou s seu complemento.
Dissemos inicialmente e tornamos a lembrar que a tendência natural do marmeleiro é
formar touceiras bastas e impenetráveis, nas quais lançamentos nascidos da base do
tronco vão sucessivamente cobrindo a vegetação anterior. Num emaranhado dessa
natureza, impossível é, evidentemente o tratamento bem-feito contra pragas e moléstias, a
execução de podas, a colheita ou outros tratos quaisquer. Faz-se, portanto, necessária
uma poda de formação adequada, que contrarie a mencionada tendência natural do
marmeleiro.
A poda de educação inicial, executada nas mudas ainda em viveiro, devera ter dado aos
marmeleiros um único fuste baixo. Como já dissemos, o fuste baixo oferece menor braço
de alavanca a ação de vento, que tende a tombar o marmeleiro por ser este de raizame
muito superficial. Alem disso, o fuste baixo facilita o combate as pragas e moléstia, a
execução das podas e da colheita e ainda fornece melhor proteção a ação dos raios
solares sobre o tronco e o solo, como lembra Grunberg (15). O fuste alto, alem de não
oferecer essas vantagens, obriga ao uso de suporte e tutores,, para assegurar aos
marmeleiros uma ancoragem contra o vento.
A execução dessa poda obedece aos seguinte programa:
As mudas vem do viveiro com 3 anos de idade e são plantadas em lugar definitivo.
Geralmente os viveiristas entregam as mudas com as pernadas muito altas pra prevenir
desgastes e ferimentos em viagens. Convem examinar esse detalhe, rebaixando as
pernadas para aproximadamente 20 centimetros. Quando a brotação estiver bem
adiantada, com brotos já com uns 10 centimetros de comprimento, procede-se ao desbaste
deles. Todos aqueles que nasceram da inserção das pernadas para baixo serão
eliminados. Deixam-se na extremidade de cada pernada dois a três brotos lateralmente
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nascidos, que não se cruzem, que não estejam dirigidos para o centro da copa, mas que,
ao contrario, estejam “’olhando para fora da árvore’’. Com essas precauções, contraria-se a
tendência que o marmeleiro tem de fechar o vaso. Um ano após planatadas as mudas no
lugar definitivo, tendo elas na brotação sido objeto de uma poda verde nos brotos inúteis,
chegamos ao segundo inverno.
Os brotos eleitos para prosseguirem o vaso estarão transformados em varas. Estas são
podadas curtas, também, ficando com aproximadamente 20 centimetros de comprimento.
Dizemos aproximadamente 20 centimetros porque nem sempre é conveniente tornar-se
essa medida com precisão matemática. Deve-se, isto sim, deixar cada ponta de vara
podada, com duas gemas laterais bem situadas, as quais nem sempre são encontradas
exatamente a 20 centímetros da base da vara.
Daí a necessidade de elasticidade do comprimento aconselhado, que apenas servira de
indicação para os casos gerais. Essas duas a três gemas em cada vara desabrolharão
juntamente com outras indesejáveis. Estas são eliminadas oportunamente, como já
indicamos, tomando as gemas escolhidas em breve o desenvolvimento de varas. No
segundo ano, ou terceiro inverno de plantio, por ocasião da poda em agosto, teremos o
seguinte conjunto em cada pé: um fuste com três ou quatro pernadas. Para facilitar as
contas, suponhamos que sejam três as pernadas. De cada pernada partem dois braços e
de cada braço duas varas. Temos, portanto, doze varas no terceiro ano de poda. Seguemse as mesmas normas aconselhadas e teremos dobrado o numero de vars no quarto ano e
assim sucessivamente no quinto e demais anos que se seguirão. O vaso no quinto ano já
deve estar bem formado, com as bifurcações progressivas dos anos anteriores e com a
frutificação iniciada, possivelmente desde o terceiro ano de plantação. Nas plantações
extensas são muito comuns as falhas ou o fato de algumas mudas brotarem fracamente,
não fornecendo varas que nos permitam iniciar a formação do vaso. Esses pés são então
deixados a fortificar-se oui, se muito raquíticos, substituídos por outros. Só quando as
pernadas principais brotam vigorosamente é que poderemos observar o desenrolar do
programa que anunciamos. Isto felizmente de observa na maioria dos pés, pois o
marmeleiro, quando bem plantado, é vigoroso e de fácil condução. As vezes a brotação
não vem como desejávamos, isto é, brotam as gemas indesejáveis e ficam dormentes as
que elegemos para formar o vaso. Esses e outros casos semelhantes só podem ser
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individualmente corrigidos, devendo-se prevenir que freqüentemente há que transigir com a
exatidão da forma, para não se atrasar a frutificação.
Poda de renovação, reconstituição de tratamento
-
Esta expressão que é de Vieira
Natividade (41) aplica-se com rara oportunidade ao caso dos marmelais brasileiros,
devastados pela entomosporiose. Para restaura-los havemos de submetê-los a uma severa
poda que é de renovação da planta, reconstituição de sua copa e que muito influira no
tratamento da moléstia, pois que elimina de alguns golpes antigos focos de virulência do
agente causador, fazendo surgir uma nova vegetação mais facilmente defensível do
ataques do fungo.
Geralmente os marmelais a restaurar acham-se em estado de abandono. Após uma boa
limpeza preliminar do terreno, cada planta é submetida a radical poda de raleamento. Não
se pode aqui fixar regras inflexíveis a serem aplicadas genericamente. Cada touceira é um
caso individual a ser examinado. Como regra geral deixa-se um, dois ou três dos fustes
mais robustos e mais eretos. Os demais são eliminados, cortados bem rente ao solo. Não é
conveniente deixar um único fuste em touceiras muito espessas. Só nas já ralas é que essa
pratica deve ser seguida, pois do contrario o desequilíbrio entre raízes e copa é muito
acentuado, o que retarda a frutificação. Escolhidos os fuste que deverão permanecer e
cortados os condenados, começa-se pela eliminação dos ladrões, galhos que cruzam,
ramos secos, doentes e variados ou outros que deformam a harmonia da copa. Depois
procura-se deixar, como galhos restantes, só aqueles bem distribuídos, que arremedem
com maior fidelidade a forma de um vaso aberto. Finalmente conseguido isto, são os
galhos podados curtos deixando-se todos com um comprimento aproximado de 20
centímetros, guarnecidas as extremidades com duas gemas laterais bem situadas, com já
vimos precedentemente. Ë a hora, então , de se aplicar aos pés assim podados uma
pulverização abundante de calda sulfocalcica. Não se devem pulverizar os pés sem podar,
porque significa despercio de tempo e material.
Quando a brotação estiver bem delineada procede-se a uma eliminação dos brotos
inconvenientes, que possam originar novos ladrões, novos galhos rruzados e deixan-se
somente os que vão abrir a copa, tendendo-a para a forma de vaso.
Habito de frutificação - As gemas frutíferas, sempre unifloras, formam-se sobre o galhos
do ano anterior, na extremidade de um raminho enfolhado, que é órgão especializado de
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frutificação do marmeleiro – a brindila, cujo comprimento é de 2 a 15 centímetros e é
guarnecida de cinco a dez folhas
Devido ao fato de o marmeleiro frutificar na extremidade de raminhos frutíferos (brindilas) é
que se classifica entre as plantas de frutificação coterminal, juntamente com algumas
nozes.
O habito de frutificação do marmeleiro é, portanto, muito peculiar, pois que o fruto se forma
contemporaneamente com o órgão de frutificação, ao contrario das pereiras e macieiras,
cujas gemas florais levam pelo menos dois anos para se formar. Nestas, a gema vegetativa
no primeiro ano se transforma em dardo, que é um órgão meramente vegetativo, este leva
pelo menos mais um ano para se diferenciar em esporão , que é o órgão frutífero. Já no
marmeleiro, a brindila, isto é, o ramo frutífero, que se desenvolve do galho de um ano,
produz na sua extremidade uma gema frutífera, que na (FOTO DA PAGINA 131) mesma
estação desabrocha e frutifica. Quando isto sucede, o crescimento da brindila paralisa-se.
Caso a frutificação não sobrevier, uma das gemas laterais da brindila se desenvolve e o
seu crescimento prossegue, alcançando 30 ou mais centímetros.
As brindilas ou ramos frutíferos do marmeleiro nascem das gemas laterais e terminais dos
ramos de um ano de idade..
Na mesma estação em que da brindila nasceu um fruto, desenvolve-se as vezes uma ou
algumas das suas gemas laterais, as quais produzem pequenas varas vegetativas.
No ano seguinte esses pequenos ramos vegetativos, nascidos dos ramos frutíferos,
produzirão novamente ramos vegetativos e brindilas ou somente um deles. Essas novas
brindilas formarão nos anos seguintes novas brindilas ou novos ramos vegetativos. Esta
maneira tão peculiar de frutificação
do marmeleiro forma conjuntos de brindilas
e
raminhos vegetativos que se sucedem e se superpõem danto a planta um aspecto
característico de ramificações tortuosas e angulares. Nas velhas brindilas podem-se
facilmente observar as cicatrizes dos frutos que produziram.
Poda de frutificação - Conhecendo-se os hábitos de frutificação do marmeleiro, fácil é
estabelecerem-se os principais pontos para a sua racional poda de frutificação.
Sobre as pernadas estabelecidas pela poda de formação vão aparecendo paulatinamente
as brindilas, geralmente do quarto ano em diante. A partir dessa idade as podas vão
perdendo a intensidade, resumindo-se em uma poda de limpeza de ramos mortos,
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estragados, doentes, eliminação dos que se entrecruzam e rebaixamento das varas muito
vigorosas a um palmo de comprimento.
Não há duvida, entretanto, que o marmeleiro requer poda anula, ainda que branda para os
pés em plena frutificação. Os ramos de um ano de idade são rebaixados mais ou menos a
um palmo. Daí poderão nascer ramos que vegetativos, quer frutíferos (brindilas) ou ambos.
No primeiro caso contiuna-se sempre a rebaixa-los, em cada ano, a um palmo de
comprimento, até que o equilíbrio natural da planta vá diminuindo as emissões de varas
muito vigorosas em beneficio de uma frutificação mais abundante. Os ramos frutíferos
(brindilas) que já produziram frutos são raleados para que frutificação se distribua bem
sobre a copa. As podas muito severas e a eliminação sistemática da extremidade dos
ramos pouco produzem. As primeiras porque, rompendo o equilíbrio entre o volume da
copa e o das raízes, ocasionam um superávit de seiva bruta na economia da planta, que
vai se traduzir numa intensa reação vegetativa. Por outro lado, o desponte indiscriminado,
também afeta a produção, pois elimina a maioria das gemas frutíferas que se localizam nas
extremidades. Portanto, só devem ser rebaixadas as vars vigorosas de uma ano de idade.
O numero de ramos frutíferos (brindilas) reflete em cada pe a sua possível frutificação.
Ressalta Gould (14) que as brindilas representam a produção potencial da arvore. Ora,
nascendo as brindilas somente sobre ramos do ano anterior, claro é que uma poda anual
se torna necessária a fim de estimular o aparecimento de grande numero de novos ramos
laterais sobre os quais surgirão brindilas no ano seguinte.
Quando os ramos vegetativos de um ano de idade povoam-se exclusivamente de brindilas,
apenas produzem frutos, sem qualquer crescimento vegetativo. Tais ramos devem ser
rebaixados aproximadamente a 1/3 de sua base para se garantir a vegetação da planta e
forçar o aparecimento de novos ramos vegetativos.
O centro da copa deve ser conservado aberto, mas não exageradamente.
Se a periferia de copa for cerrada, rareiam-se os ramos velhos, suprimindo-os pela base,
pois assim maior insolação haverá e melhor desenvolvimento e coloração dos frutos.
Todos os brotos que nascem do tronco ou das pernadas velhas são considerados ladrões e
como tais devem ser suprimidos.
As podas devem ser efetuadas no período de repouso (inverno) que é variável com as
diversas regiões do Brasil. Naquelas em que o frio é rigoroso, nas zonas de altitude, a poda
deve ser retardada até fim do inverno, pois ao antecipa-la corre-se o risco das geadas
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tardias, que freqüentemente sobrevem durante a brotação e floração. Alem disso, a poda
feita antes do termino de repouso, expõe os cortes a uma cicatrização imperfeita. Nas
regiões de inverno ameno, o marmeleiro deve ser podado de julho a agosto.
Problemas da cultura - O combate eficiente a entomospoeiose é, sem duvida, a chave do
sucesso da cultura do marmeleiro. Mas não é tudo. O marmeleiro não prospera em terras
secas, de campo pobre ou nas situações em que é açoitado pelos ventos constantes.
Também as baixadas de barro pesado e água estagnada não servem. O que convem são
as meias-encostas ou baixadas permeáveis, enxutas como se diz na pratica, de terra de
cultura. A poda desempenha papel de considerável importância, como foi (FOTO DA
PAGINA 133) exaustivamente examinado, não só como auxiliar preciosa do combate a
entomosporiose, como também na regularização ds safras e na boa formação do próprio
marmeleiro. Esta planta é ainda perseguida por outras pragas e moléstias: mosca-dasfrutas, cochonilhas, afidios, brocas, besouros, mariposa oriental, podridão dos frutos e do
tronco. Mas bem podado e eficientemente defendido da entomosporiose, tudo o mais será
problema de solução fácil.
Poda da nespereira
A nespereira, Eryobotria japonica, é uma fruteira conhecida popularmente, em alguns
Estados brasileiros, por “ameixinha-amarela”ou “ameixinha-japonesa”e é mantida, ma
maior parte dos casos, em mossas chácaras e quintais sem trato algum, Nasce
freqüentemente de sementes transportadas por pássaros e animais silvestres e cresce ao
deus-dará, resultando em arvores frondosas e bonitas, que ornamentam os caminhos ou
enchem de sobra acolhedora os pátios e cercados.
Anualmente carrega-se a nespereira de frutos, que entram a amarelecer e a sazonar de
agosto ou setembro em diante. Sem podas e sem tratos culturais, constitui a nespereira
uma fruteira semi-espontanea, nas condições do sul brasileiro, desde Minas, Espírito Santo
e Estado do Rio de Janeiro, até nossas fronteiras com o Uruguai, apreciada pela molecada
esperta e pela nossa fauna – aves, sagüis, gambás, quatis, morcegos, etc.
Não obstante, submetida a podas racionais de formação, que lhe proporcionem uma
armação baixa e uma copa esparramada horizontalmente, devidamente defendida contra a
entomosporiose, com algumas oportunas pulverizações com calda bordalesa a 1%,
desbastados seus frutos pelo rareamento intensivo dos “cachos”...pode a nêspera se
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desenvolver em lindo fruto, quase do tamanho de um ovo de galinha, de aspecto bem
apetecível e que, nos mercados das grandes capitais, alcança preços de fruta de grande
luxo.
(FOTO DA PAGINA 136)
A nespereira, para desempenhar seu papel de arvore de sombreamenteo, para enfeitar
piquetes e parques rurais e para nutrir a fauna silvestre, pode ser criada de semente e
deixada crescer livremente. Dispensa qualquer cogitação de podas.
Assunto completamente diferente é, todavia, o cultivo da nespereira com o fito de obtenção
de frutos para o comercio compensador. Neste caso não é qualquer semente que nos
convirá. Temos, pelo contrario, de escolher cuidadosamente variedades apropriadas que,
por natureza, produzem frutos de belo tamanho, tais como a Moguibiva e a Tanakbiva,
alem de outras igualmente bem reputadas como o Champagne, mas de frutos menores e
mais ácidos.
Sobre cavalos obtidos de semeação da nespereira comum, enxertam-se borbulhas
retiradas de pés produtivos e sadios das variedades citadas
ou de outras que se
carreguem de frutos de tamanho notável.
A poda de formação, nesse caso, visará proporcionar ao pe um tronco único e breve, de 40
a 60 centímetros, no Maximo, de altura, com três ou quatro derivações principais que, já se
vê, irão constituir as futuras pernadas da copa, dirigidas em ângulo de 45. para cima e,
dessa forma, por outras tantas derivações sucessivas, vai a copa se formando,
horizontalmente esparramada, com antecipadamente advertimos, para que fique sempre
ao alcance das mão do operador e se tornem fáceis, eficientes
e econômicas as
operações e tratos culturais referentes a poda, ao combate as doenças e pragas, ao
rareamento das pencas de nêsperas e ao seu ensacamento e colheita.
Hábito de frutificação - As gemas floríferas compostas formam-se na extremidade da
brotação nova, logo que esta cessa o seu alongamento. As flores nascem em panículas
ramificadas, vulgarmente conhecidas por cachos ou pencas e aí são elas em numero de
40, 60 e ates mesmo 100. Dessas flores, apenas uma dúzia se transforma em frutos.
Dessa maneira, com gemas frutíferas que se desenvolvem pelas extremidades dos ramos,
compreende-se bem o hábito de frutificação das nespereiras de só dar fruta na periferia da
copa. Essas gemas frutíferas, em geral, só se desenvolvem no fim do verão e, em pleno
outono, desabrocham-se em flores. Não é mesmo incomum esse florescimento?
FOLHA N.º 42
Durante o inverno os frutos se formam, crescem e iniciam seu amadurecimento, que se
completa na primavera.
Nas regiões brasileiras de inverno quente, a umidade durante essa estação do ano
determina o maior ou menor pegamento das flores e sua conseqüente transformação em
frutos. Em tais climas, a nepereira chega a dar até três floradas por ano, sendo em geral a
segunda a mais abundante. De qualquer forma, a frutificação é quase sempre enorme, daí
resultando frutos muito pequenos e de sementes muito graúdas.
Importância da poda - Basta o que foi dito para se situar com exatidão a nespereira dentro
daquele conceito “importância da poda”. Ë a poda imprescindível se a finalidade é a
obtenção de plantas aptas a fornecerem frutos de primeira qualidade para o comércio de
frutas frescas. Se, em contraposição, queremos da nespereira apenas uma arvore de
sombra e ornamentação, a poda é assunto que não nos interessa.
Alem da poda, entretanto, três outras operações são de importância capital: o rareio dos
frutos, seu ensacamento para protegê-los contra os ataques das moscas, que causariam o
seu desastroso bichamento, e combate a entomospoeiose, doença que ataca a folhagem,
destruindo-a e causando manchas pretas nos frutos.
A entomosporiose da nespereira
pode ser eficientemente controlada mediante
pulverizações preventivas com uma das seguintes formulações:
1 – Calda bordalesa a 1%
2 – Manzare, 300 gramas em 100 litros de água.
(FOTO DA PAGINA 138)
3 – Cuprogard ou Recop, 400 gramas em 100 litros de água.
Execução da poda - Poda-se a nespereira no fim do verão, antes de novo crescimento
dos ramos. Primeiro suprimem-se galhos avariados, doentes, praguejados e raquíticos,
depois reduz-se o comprimento daqueles que estão se projetando para fora do perímetro
da copa. Passa-se, após, a podar os ramos periféricos, os quais, com já fiou explicado ,
são os responsáveis pela frutificação da nespereira. Se tais ramos estão amontoados,
devido a seu grande numero, procede-se a um rareamento geral, eliminando alguns para
que os restantes fiquem bem distanciados. Os restos da frutificação
anterior são
eliminados: cachos secos e seus pedúnculos.
Vemos, pois, finalizando, que o essencial é podar antes do crescimento dos novos ramos,
que se dá no final do verão. Com a eliminação dos crescimentos anteriores, encurtam-se
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os ramos que produzirão em sua extremidade as novas panículas de flores. Desse modo, a
frutificação não fugira, cada ano, para as pontas pouco acessíveis da perferia da copa, pois
bem de ver é que as nêsperas deverão ficar ao alcance da mão do pomicultor para se
raleamento e ensacamento, esta ultima operação para protegê-las contra (FOTO DA
PAGINA 139) os ataques das moscas –das-frutas (bichamento). Tem, assim, a poda da
nespereira duas finalidades: conter a expansão da copa, mantendo-a dentro dos limites
propícios a sua exploração e renovar anualmente os ramos que, assim, proporcionarão
uma frutificação mais vigorosa.
Alem do que já ficou dito, vamos repisar mais algun pormenores indispensáveis a formação
de nespereiras destinadas a produção de frutos graúdos. As mudas levam três anos para
se formarem no viveiro. No primeiro elas nascem das sementes até o tamanho de enxertia
(cerca de 50 centímetros). No segundo é enxertada, que de borbulha em T, de garfo com
10 centímetros de comprimento e com duas gemas, quer de encostia lateral, e estando o
enxerto crescido, recebe a poda de formação, com bem mostra o desenho, que provoca o
desenvolvimento de três ramas principais de baixa altura sobre o solo. No terceiro ano esta
a muda formada e vai para lugar definitivo, co compasso de 7x7 metros ou 8x8 metros, em
covas de 60x60 centímetros de boca e por outro tanto de profundidade, com
grande
adubação de plantio – pormenor que decide o desenvolvimento satisfarório do futuro
pomar.
Adubações anuais completas, em dezembro/janeiro, promovem a frutificação comercial das
nespereiras assim formadas, a partir do seu quarto ano de plantação, alcançando cada pe
produções recordes de 100 quilos por ano, ou seja, por volta de 20 caixas (caixetas), que
chegam aos mercados no período de junho a novembro.
Outro importante detalhe da poda, diz respeito a amarração das ramas principais que
devem ser mantidas sempre baixas, pela sua ancoragem a estacas fincadas fora da
periferia da copa, a fim de possibilitar o rápido desbaste e o ensacamento dos frutos. A
primeira destas operações deixa cada penca com apenas meia dúzia das nêsperas mais
bonita, e o ensacamento se dá quando as frutas atingem o tamanho de uma baga de uva,
por meio de saquinhos feitos de jornal, que pela sua espessura, não só impede a postura
das moscas causadoras do bichamento, como protege as frutas da queimadura do sol
ardente.
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Poda das nogueiras
Existem cultivadas no Brasil pelo menos duas espécies diferentes de nogueira: a européia
e a americana, A européia foi introduzida pelos primeiros povoadores portugueses, todos
nós a conhecemos durante as festa de fim de ano, pertence ao gênero juglans e só produz
bem nos climas fios do sul do Brasil. A nogueira americana mais comum entre nós é a
Pecã, que é espécie do gênero Hycoria e se adpta a climas mais quentes que a sua prima
européia. A noz européia tem casca grossa e muito rugosa, a americana tem o formato
mais oliviforme e a casca absolutamente lisa e muito mais fina.
A nogueira européia requer pouca poda. Em caso de duvida é preferível que a deixemos
crescer livremente, de acordo com o seu porte natural, do que intervirmos desastrosamente
na formação e frutificação dessa espécie. Ë preciso ter-se sempre em conta que a
frutificação da nogueira européia se dá na parte terminal das ramas de ano, evidente é,
portanto, que não se devem podar estas ramas, Do mesmo modo, logo que a planta entra
em frutificação não se efetua nela mais corte algum. Se se deseja uma formação correta da
altura do tronco e da inserção das pernadas, todo serviço de pooda deve ser feito quando a
planta é ainda jovem e não iniciou a frutificação. A nogueira tem a tendência de fpr,ar cp[as
de formas piramidais, a modo das pereiras, mas, quando ficam adultas, as copas se
arredondam e se tornam fechadas em demasia. Em tais casos, a eliminação dos ramos
interiores que se cruzam, é de interesse para melhor frutificação.
(FOTO DA PAGINA 142)
Habito de frutificação – A videira, a pereira, o marmeleiro, a macieira, a ameixeira, o
abacateiro e muitas outras frutiferas possuem na mesma flor tanto os orgãos masculinos
(estames) como os femininos (pistilo). Na nogueira as coisas se passam de modo bem
diferente, ela é uma planta monóica, isto é, os estames acham-se em um flor,
separadamente dos pistilos que se acham em outras As flores femininas encontram-se
tanto solitárias como reunidas em espigas, conforme a variedade, nascendo de um
lançamento curto resultante da brotação de uma gema terminal. As flores masculinas
agrupam-se em uma espiga comprida e flexível, a maneira de um rabinho de gato,
chamada amentilho, que apresenta um comprimento de 6 a 8 centímetros. Tais amentilhos
nascem de gemas laterais na parte superior de ramos do ano anterior.
Ë comum na nogueira as flores masculinas abrirem-se antes das femininas da mesma
planta. Desta maneira, para que a frutificação seja assegurada (FOTO DA PAGINA 143) é
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necessário existirem na mesma plantação diversas plantas que tenham coincidência na
abertura das flores de sexo oposto.
Importância da poda - Nenhuma. Há problemas culturais a serem resolvidos antes de se
pensar em poda: clima propicio, variedades que se adaptem as condições brasileiras, de si
precárias a frutificações dessa fruteira. Há ainda a considerar que a nogueira é muito
sensível as feridas provocadas pelos cortes de seus galhos; tais feridas cicatrizam mal,
degenerando com freqüência em podridão da madeira.
Falemos de pecã.
Se bem que a pecã tenha sido introduzida no Brasil – Estado de São Paulo – no final do
século XIX, por imigrantes americanos que se fixaram em Santa Barbar e Vila Americana, a
sua cultura está ainda ensaiando seus primeiros passos, Destarte, pouco se sabe de
positivo sobre suas exigências no que tange a poda. Provavelmente o que ficou dito a
respeito de sua prima européia se lhe aplique com poucas modificações.
A pecã é uma bela arvore, frondosa e ornamental, magnífica para figurar em todos os
parques de sede de nossos sítios e fazendas, As nozes que produz, em certos anos com
abundancia, em outros com avareza, são deliciosas e muito nutritivas. Pena é que
amadurecem fora da época das festas natalinas. Quando maduras, pelos meses de março
e abril, desprendem-se as nozes de sua casca seca e caem ao solo, onde são catadas e
recolhidas.
Atinge a pecã grande altura e volumosa copa, mas nem por isso precisa ser seu
crescimento controlado por rebaixamento dos galhos altos, já que a colheita é feita no
chão, como dissemos. A poda de formação é a única de importância, pois durante os 4
anos de vida inicial da pecã procura-se dar as plantas uma altura de copa e distribuição de
ramos principais convenientes.
O tronco principal deve ter de 1,20 metro a 1,50 metro livre do solo, isto porque a pecã tem
o habito de deitar as suas ramagens inferiores para a terra e, se porventura, as primeiras
pernadas tiverem uma baixa inserção sobre o tronco, fatalmente se arrastarão no solo com
o decorrer do tempo. Para parques até que esse tipo de fronde baixa vai muito bem, pois
os troncos nus não são nada ornamentais a não ser os de, evidentemente, palmeiras e
pinheiros.
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Durante o inverno, enquanto a planta se acha despida de suas folhas, prcede-se a uma
inspeção no pecanzal, eliminado-se os galhos que contrariem a orientação traçada e mais
aqueles que se cruzam, os secos e os atacados por pragas e moléstias.
Exigências da cultura - Quanto a poda, já foi dito que é assunto de pouca importância. A
pecã é planta de clima temperado, mas há variedades que toleram localidades de inverno
brando. As variedades de maior valor comercial – Mahan principalmente – só produzem
com certa abundancia em climas que proporcionam um bom descanso hibernal as plantas.
Alem disso, a pecã requer terras relativamente boas, frescas e profundas.
Poda da oliveira
Com relação as condições dominantes no Brasil, pode-se assegurar que a oliveira é uma
planta exigente. Pelas observações de que se dispõe, relativamente ao comportamento da
oliveira no Brasil, sabe-se que foi ela introduzida, já no século XVI, pelos primeiros
colonizadores lusos. Já era tempo, por isso, de essa planta ter-se manifestado se vai ou
não vai aqui nas pátrias terras.
Pelo exame dos dados sobre o assunto, chega-se a conclusão de que a oliveira vegeta
magnificamente desde o Polígono das Secas, Espírito Santo, Minas e sul do Mato Grosso
até o extremo sul do território gaúcho. Mas são muito raras as localidades, dentro dessa
imensa área, em que a oliveira frutifica com regularidade. A frutificação da oliveira no Brasil
parece estar subordinada ao frio do inverno. Se ocorrem geadas bravas durante julho e
agosto, somando dias a fio de temperaturas próximas a zero grau, é quase infalível que em
muitas partes de Minas e São Paulo a oliveira se cubra de azeitonas e, com maior
freqüência e abundancia, de Curitiba para o sul.
No Rio Grande do Sul, onde já existem plantações
extensas, que bem merecem a
classificação de comerciais, o frio hibernal intenso tem imediata correlação com a produção
das oliveiras. O maior olival gaúcho pertence a Estância São Pedro, em Uruguaiana, e
conta com mais de 6.000 pés, se bem que outros municípios também olivicultores sejam
Rio Grande, Pelotas, Bagé e São Borja. Em muitas propriedades, o interesse do cultivo da
oliveira é também como planta sombreadora de pastagens, propiciando a propagação de
leguminosas para alimentação de ovinos. Pois bem, as grandes safras de azeitonas, como,
por exemplo as de 1961 e 1965, foram precedidas de inverno com frios prolongados.
Particulamente a de 1965, esclarecem jornais de Porto Alegre, “foi muito boa, podendo-se
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dizer que isto se deve por ter-se verificado, no período de maio a setembro de 1964, mais
de 500 horas de frio, entre 9 a 12 graus C, possibilitando uma produção generalizada em
todo o Estado”(Correio do Povo, Rural, 715/1965).
As variedades que melhor vem se comportando na olivicultura gaúcha são Ascolana,
Penafiel e Alto D Ouro. Um outro importante olival se localiza em Viamão, na localidade
conhecida por Passo da Areia, contando com 4.000 pés e uma produção em 1965 de 2
toneladas de azeitonas.
Consolmagno & Burke (11), apontam outros fatores que, para as condições do Estado de
São Paulo, são responsáveis pelo sucesso da olivicultura, indicando a adubação como
aquele de importância vital e, dogmatizam: “oliveira que não recebe adubação não produz”.
Alem da baixa fertilidade das terras em que os olivais paulistas foram estabelecidos, a má
qualidade das plantas matrizes, improdutivas sob as condições peculiares de São Paulo,
constituiu outro relevante agente de insucesso. Recomendam aqueles autores os seguintes
passos para o êxito da cultura da oliveira:
(FOTO DA PAGINA 146)
1 – plantação de mudas enxertadas sobre Ligustrum, sendo o material de enxertia
originário de oliveiras de comprovada produtividade:
2 – afrancamento do futuro pé pelo plantio do ponto de enxertia da muda 15 centímetros
abaixo da superfície do solo:
3 – escolha de variedades que, até então, se revelaram as mais promissoras: Negrusco,
Bical, Manzanilha, Arbequina, Santa Catarina e outras;
4 – ajuste do pH do terreno, mediante calagens com calcário dolomitico, a casa do 6,5 a 7;
5 – adubações completas, de plantio e anuais de desenvolvimento do olival e,
posteriormente, de produção a base de quantidades proporcionais a medida que as
planatas crescem – 2, 3, 4 etc. quilos de mistura NPK, reforçadas por 20 litros de esterco
de galinha por árvore.
6 – poda de formação dirigida com o fito de obter oliveiras baixas, despontando anualmente
os lançamentos verticais e proporcionando as copas uma conformação globosa.
7 – combate as pragas, notadamente as traças (Margaronia quadristigmalis) e cochonilas
(principalmente Saissetia oleae).
Ribas, examinando a questão com propriedade (36), chegou a conclusão inteiramente
diversas, asseverando:
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Boas produções de azeitonas em São Paulo, em certos anos, tem despertado a atenção
dos técnicos que tentam descobrir o fator limitante da produção regular dessas plantas.
Alguns acham necessária a presença do frio, como estimulante dos hormônios de
frutificação, para obter produções regulares; outros atribuem o fenômeno da inconstância
da produção a falta de fertilidade nossos solos ou ao uso de variedades improdutivas.
As observações que realizamos nos permitem afirmar que a produção regular de azeitonas
em São Paulo esta diretamente correlacionada a água disponível no solo, notadamente no
mês de agosto. Ë este o fator determinante da produção e os demais devem ser
considerados
secundários.
E,
conclui
incisivamente:
Para se obterem safras anuais de azeitonas em São Paulo, é indispensável o emprego da
irrigação, combinado com praticas de dry farming.
Mas o que tem a ver tudo isso com a poda? Ë claro que esta discussão liminar caberia
melhor na seção Exigências da Cultura, conforme temos feito anteriormente quando
tratamos da poda de outras plantas frutíferas. Mas o assunto é tão palpitante e a
propaganda da cultura da oliveira no Brasil tem enveredado por caminhos tão distanciados
da verdade, que nos pareceu oportuno entrar no âmago do problema, antes de falarmos
em podas. Demais, que adiantaria entendermos de poda, se a oliveira não produzisse
azeitonas em nossa região?
Dissemos e repetimos que, em latitudes de inverno brando, a oliveira vegeta que é uma
beleza, dá árvores copadas e de folhagem luzidia, mas não floresce. Também o tempo
demasiado chuvoso durante o pegamento da florada parece reduzir esta e, por
conseguinte, a quantidade de azeitonas. Mas há outras exigências ainda: a oliveira não
prospera em solos ácidos. Se bem que os clássicos olivais do mundo se situem em terras
áridas, seca, pobres e pedregosas, é bom saber-se que são tais terras invariavelmente
alcalinas. Ë a oliveira, por conseguinte, exigente de clima e de solo.
Importância da poda - Parece-nos que o que foi comentado é mais do que suficiente para
bem colocarmos a importância da poda com relação as demais exigências da oliveira. A
poda é, neste caso, no caso particular do Brasil, de importância secundaria. Primeiro temos
de satisfazer as duas condições básicas para o sucesso da olivicultura entre nós: clima e
solos propícios, ou então, quem sabe lá? Aguardar os futuros trabalhos dos nossos
melhoristas de plantas, para nos favorecerem com variedades mais tolerantes aos nossos
invernos de pouco frio.
FOLHA N.º 49
Outra condição para o florescimento da oliveira é a luminosidade. Situações pouco
isoladas, faces sombrias, climas nublados, localizações sombreadas, obstam o
florecimento da oliveira. Ë planta de muita luz.
(FOTO DA PAGINA 148)
Agora, parece-nos que podemos falar alugam coisa sobre poda.
Hábito de frutificação – A oliveira frutifica pelo desabrochamento de um ano de idade.
Durante o período de atividade vegetativa, essas gemas são vegetativas. Entra o outono e,
após ele, o inverno. Se este decorrer em condições favoráveis – frio suficiente, dias limpos,
cheios de luminosidade e umidade na ocasião azada – as tais gemas vegetativas se
transformarão em frutíferas no final do período hibernal. Concludente é por conseguinte,
que a frutificação da oliveira exige o crescimento anual de novos ramos e que estes
encontrem um profundo repouso hiberna, combinado com luz e umidade, para que sua
gemas de vegetativas que eram se transformem em floríferas. Se não ocorrem tais
condições,
as
gemas
vegetativas
continuarão
vegetativas
“per
omnia
saecula
saeculorum”...
Se correu favorável o inverno, as gemas agora frutíferas desabrocham e emitem, em
setembro (no Brasil), um pequeno cacho (panícula) de flores. Em outubro as flores da
panícula, em sua maioria fecundadas e inicia-se o desenvolvimento das azeitoninhas.
Algumas ou mesmo muitas flores não se fecundam e permanecem quais botões fanados
de permeio com os frutinhos. A oliveira tem necessidade de polinização cruzada, isto é,
deve-se plantar a variedade comercial e certa porção de pés de uma variedade
polinizadora, para que as flores se fecundem ao Maximo.
As folhas da oliveira podem durar mais de um ano, em geral é o que acontece, mas jamais
uma nova panícula de flores nasce ao lado de uma folha que já teve outra panícula
anteriormente.
Primaveras úmidas parecem contribuir poderosamente para o aborto da florada da oliveira.
Fora do Brasil, regiões de primavera quente e muito pouco úmida, tasi como Mendoza e
San Juan (Argentina), o interior da Califórnia(Estados Unidos) e o Norte da África, parecem
favorecer o pegamento das flores.
Sendo a oliveira planta exigente de luminosidade, a poda de formação e a de correção da
copa são, evidentemente, de muita importância para garantir a entrada de luz, em toda s
sua plenitude, por todo o interior da ramagem. Por outro lado, todavia, não constitui a poda
FOLHA N.º 50
fator decisivo no êxito da cultura da oliveira. Já o dissemos inicialmente, frisando que são
fatores ecológicos que presidem ao sucesso da olivicultura: descanso hibernal, águas
disponível da prefloração, solos neutros ou alcallinos, ajudados, naturalmente, pela escolha
de boas variedades conjugadas com suas polinizantes.
Poda de formação – A jovem muda plantada no lugar definitivo é educada, pela poda de
formação, para ser um tronco único de 60 a 80 centímetros de altura, do qual partirão, bem
distribuídos a sua volta, rres a cinco ramos secundários, inseridos a diferentes alturas. A
poda clássica de formação da oliveira tinha por escopo a bifurcação sucessiva das ramas
secundarias , em ramas terciárias, quaternárias e seguintes, sistematicamente dispostas
em verdadeiros andares de ramos, tudo simetricamente disposto na copa. Era uma
verdadeira arquitetura pomólogica, sem duvida alguma, mas a oliveira demorava um ror de
anos para iniciar a produção.
Modernamente adota-se um tipo mais expedito de poda de formação, mais simples, mais
fácil e de execução mais rápida e, daí, mais barata, entrando a árvore logo em frutificação.
Age-se, então, mais sumariamente: conseguido o tronco único, que é indispensável,
escolhem-se os brotos bem distribuídos, de três a cinco, que constituirão as frutas
pernadas e muito pouca poda receberá a oliveira após. Nos invernos seguintes limitar-se-à
a poda a eliminação de ramos que se cruzam ou se amontoam, bem assim como daqueles
que nascem do cola da planta, abaixo da inserção da pernada inferior. Naturalmente que
especial cuidado se terá na retirada de galhos doentes e praguejados.
Se a oliveira se torna muito alta, de maneira que vão se tornando muito custosos os
tratamentos contra parasitos e colheitas, então oportuno será um encurtamento dos ramos
que se projetam muito para cima.
Pelo visto, não há na oliveira a operação obrigatória e sistemática da poda anual, como
acontece com a videira e o pessegueiro, mas uma visita ao olival pelo mês de agosto é de
grande valia. Esta indicação levou os portugueses, que são notáveis olivicultores, a
denominar essa visita de limpeza. Ë principalmente no Alentejo que se pratica a limpeza
das oliveiras, que consiste em cortar ramos secos e avariados, os aglomerados e aqueles
que tendem a “desgarrar muito da simetria da copa”, como prega o mestre Mira Galvão
(26).
Este mesmo autor recomenda a forma de vaso como a mais racional de todas, porque
“com ela se consegue o minimo de lenho e o máximo de rama miúda e produtiva”.
FOLHA N.º 51
Época de poda - Como já ficou indicada, é a poda da oliveira praticada por todo o mês de
agosto, mais retardada nas regiões de inverno mais frio: sul de Santa Catarina (Lajes, São
Joaquim) e zona de altitude do Rio Grande do Sul e antecipada para o mês de julho
naquelas situações em que a florada ocorrer mais cedo.
Para terminar, digamos que a poda da oliveira é assunto no Brasil ainda em fase de
estudos preliminares. Talvez dados mais antigos tenham sido coletados na estações
experimentais gaúchas, onde há um Serviço Oleícola realizador e bem dirigido. Ë ainda
provável que a poda verde, em certas condições brasileiras, venha a assumir papel de
relevo, com o fito de controlar a vegetação das oliveiras durante nossos verões quentes e
demasiadamente chuvosos,m uma vez que, como temos salientado, a atividade vegetativa
é antagônica com a frutificação.
Exemplo do estrangeiro – Nas publicações estrangeiras modernas encontra-se abundante
referencia a poda da oliveira e discutem-se nelas, freqüentemente, as duas tendências
extremadas: podas violentas, de um lado, e podas nulas, de outro. Entre muitos outros
autores, Ortega Nieto (32) historia a prática da poda nos olivais espanhóis. Antes da
Primeira Guerra Mundial se podava pouco. Após, se intensificaram paulatinamente os
sistemas brutais de podar a oliveira, culminando com autenticas e abusivas podas de
arrazamento da copa. O citado autor ensaiou os dois tipos principais de poda e chegou a
conclusão que o mais leve, com apenas a renovação de ramas primarias, se mostrou mais
produtivo comparado com a poda enérgica.
Tais conclusões encontram plena concordância com os resultados obtidos por Hartman,
que durante seis anos realizou experimentos com olivais irrigados da Califórnia. Em uma
das experiências, um lote de oliveiras da variedade Gordal foi podado fortemente, outro foi
tratado com poda leve e um terceiro não foi podado. No primeiro lote se extirparam ramas
finas e algumas grossas com o fito de eliminar entrelaçamento de g alhos e iluminar o
interior da copa. No tratamento com poda leve apenas se cortaram as ramas mortas,
ladrões do pé e de chupões do interior e procedeu-se a ligeiro aclaramento do exterior da
copa. As oliveiras do terceiro lote permaneceram sem poda alguma. Após 4 anos, as
médias das produções obtidas foram:
Poda forte.........................83 libras inglesas por pé
Poda leve..........................111 libras inglesas por pé
Sem poda..........................120 libras inglesas por pé
FOLHA N.º 52
Do quarto ano em diante não se fez nenhum corte de madeira grossa no lote de poda forte,
pelo seu evidente efeito depressivo sobre a produção de azeitonas. Ao final dos 6 anos, as
médias das colheitas foram:
Poda forte............................96 libras
Poda leve,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,115 libras
Sem poda.............................122 libras
Poda do pessegueiro
Importância da poda - O pessegueiro é das poucas frutíferas que agradecem as podas
pesadas, graças aos seus peculiares hábitos de frutificação. Conclui-se que o pessegueiro
produz seus frutos de uma forma bem diferente da maioria das plantas aqui estudadas – e
isto é bem verdade – tanto que, nesse particular, só é comparável as ameixeiras
japonesas. As flores do pessegueiro só nascem de brindilas e ramos que se
desenvolveram no ultimo verão. A madeira velha, de dois ou mais anos não dá frutos, só
produz folhas. Resulta desses fatos que imperiosa é a poda anual de renovação dos ramos
do pessegueiro, para que se tenha todos os anos uma brotação abundante e vigorosa,
sobre a qual poderão desabrochar as gemas frutíferas.
Sem poda,, o pessegueiro vai dando crescimentos anuais cada vez menores e mais fracos,
que florescem e pouca fruta produzem, até a quase completa esterelidade da planta.
Habito de frutificação – Já vimos que cada ramo frutífero no pessegueiro formou-se no ano
anterior. Esse mesmo ramo dá fruto uma única vez na vida, pois no ano seguinte ele é um
misero ramo de madeira. Somente os ramos oriundos dos brotos que ele emitir – portanto
novo ramos outra vez – terão o privilégio de dar gemas floríferas. Note-se que esses novos
brotos localizam-se, como geral, na extremidade, daí o verificar-se que o crescimento
natural do pessegueiro sem poda se faz por alongamentos anuais sucessivos. Esse tipo de
crescimento dá, como resultado, longos ramos formados de trechos “emendados”por tantos
crescimentos anuais quantos sejam a idade da planta. Formam-se assim os ramos dos
pessegueiros sem poda,me os crescimentos anuais são cada vez mais curtos.
Comparando-se com os andares de um edifício elevado, podemos dizer que o primeiro
andar é o crescimento do primeiro ano e é belo e vigoroso. Como o ramo não sofreu
encurtamento, ele rebrotará por todas as suas gemas, dando no ano seguinte grande
numero de novos “andares”, os quais sendo muito numerosos por toda a copa não poderão
FOLHA N.º 53
naturalmente ser de acentuado vigor. Então teremos os segundos andares já um pouco
mais curtos que os primeiros. Dos segundos andares brotarão os terceiros, já mais
fraquinhos pela sua enorme quantidade por toda a copa e, assim, ano após ano, vamos
verificando os andares sucessivos cada vez mais curtinhos até que os crescimentos anuais
das extremidades sejam quase imperceptíveis, pois que, multiplicados por toda a copa, a
alimentação se distribuindo por todos eles, não é de se esperar senão uma nutrição muito
fraca de cada um.
Pelo quadro descrito, vê-se como é lógico a frutificação afastar-se cada vez mais do centro
para a periferia da copa, surgindo depois nas pontas altas dos ramos, como acontece
freqüentemente nos pessegueiros abandonados, pouco produtivos e vegetativamente
esgotados.
Com as podas anuais diminuímos as proporções dos primeiros andares para que os
subseqüentes sejam sempre vigorosos e produtivos. Também (FOTO DA PAGINA 155) se
visa com a poda não deixar a frutificação fugir para a extremidade dos galhos.
O pessegueiro floresce tanto sobre os ramos de um ano de idade como sobre raminhos
delgados e flexíveis – as brindilas. Ainda que todas as gemas das brindilas e dos ramos
novos desabrochem flores, somente aquelas do terço central tem possibilidade de dar
frutificação, sendo muito freqüente pessegueiros produzirem após dois anos de plantio, ou
mesmo, já no primeiro ano. Ë planta de frutificação rápida por excelência. Em
contraposição, sua longevidade é acanhada, pelo próprio hábito de frutificação já explicado.
Poda de formação – Se bem que o pessegueiro seja muito dócil aos mais variados tipos de
condução, tais como contramuros, em cordão, palmeta, convém as condições brasileiras a
condução do pessegueiro ou em vaso aberto ou em taça. Sobre a primeira nada a
acrescentar; queira o leitor recorrer ao capítulo em que tratamos da formação em vaso das
ameixeiras japonesas; todos os detalhes de formação são aplicáveis ao pessegueiro.
Pode-se usar para pomares domésticos, também, a guia modificada, cuja formação
obedecerá aos mesmos preceitos expostos para o caso das ameixeiras. Tanto a guia
modificada como o vaso aberto são conduções muito apropriadas para (FOTO DA PAGINA
156) pequenas plantações domesticas, para abastecimento de sedes de fazenda e casos
semelhantes.
Para pomares de exploração comercial, a condução em taça é a mais apropriada. A taça
não deixa de ser também uma formação em vaso, na qual os galhos da copa se expandem
FOLHA N.º 54
quase horizontalmente, quase paralelos a linho do solo, facilitando destarte as operações
de poda, desbaste e ensacamento dos frutos e sua posterior colheita. A formação da taça
nada tem de difícil ou complicado. Ë uma condução simples, mas que requer capricho na
distribuição simétrica dos ramos. A taça tem um tronco único, baixo, de 0,40 a 0,60 metro
de altura, do qual partem três pernadas, inseridas em diferentes alturas do tronco e
formando um ângulo de 45 graus com ele. Na poda do ano seguinte cada pernada, ou
ramo primário, se bifurca em dois ramos secundários, que são em numero de seis, portanto
e estes, por seu turno, se desdobram em ramos terciários.
Os melhores formadores de pessegueiros em taça, que são os fruticultores de origem
nipônica, obedecem a uma relação determinada, entre a altura do tronco e o comprimento
dos ramos primários e secundários, como nos relata Inglez de Souza (21). Não se cuida
nessa relação dos ramos terciários, pois quando eles aparecem cessa a poda de formação
e a poda deles é objeto então da de frutificação. Leva, assim, a formação em taça 2 anos
de execução. A relação mais adotada entre os mestres cultivadores do pessegueiro é a
de1: 1, 5 : 2. Isto melhor explicado significa que se o tronco tem altura igual a 1, as
pernadas terão uma vez e meia essa dimensão e as ramas secundarias duas vezes.
Suponhamos, para maior entendimento, que temos três pessegueiros cujas alturas dos
troncos são respectivamente 40, 50 e 60 centímetros. Os comprimentos que deverão ter os
ramos primários e secundários serão os constantes do quadro seguinte:
Altura do tronco
comprimento dos ramos
Primários
Secundários
0,40 m
0,60 m
0,80 m
0,50 m
0,75 m
1,00 m
0,60 m
0,90 m
1,20 m
Para se conseguir a distribuição exata das três pernadas em torno do tronco, com a
inclinação de 45 graus, instala-se a volta da muda plantada uma armação de bambu, em
geral três estacas fortemente fincadas na terra, com a inclinação que se deseja imprimir
aos ramos primários. Estes são conduzidos amarrados e guiados pelas estacas. Todos os
brotos que nascem fora dos três ramos primários são eliminados. Fazem-se desta maneira
numerosas desbrotas, inclusive também esladroamentos. Quando os ramos primários
FOLHA N.º 55
atingem o comprimento programado, são podador mesmo em verde, pra que se bifurquem
e iniciem a formação das seis ramas secundarias. Estas são, por sua vez, orientadas com
novas estacas e estimuladas em seu crescimento por meio de diversas desbrotas, que não
permitem que a força da planta se desvie para crescimentos desnecessários.
Alcançando as ramas secundarias o comprimento desejado (0,80 – 1,00 ou 1,20 metro)
são
podadas.
Da
bifurcação
das
secundárias
teremos
doze
ramas
terciárias
simetricamente dispostas pela copa da taça, igualmente assegurada essa disposição por
meio de oportuno estaqueamento. Começa agora a poda de frutificação, como dissemos,
Vamos a ela.
Poda de frutificação - Depois de obtida a formação desejada, taça ou vaso aberto, entre
em cena a poda de frutificação, que tem por fim evitar o prolongamento anual dos ramos
frutíferos, causando os inconvenientes já atrás examinados. Se sistematicamente
eliminarmos todos os ramos que produziram
frutos, Poe certo que atingiremos nosso
objetivo: esses ramos não terão prolongamento, mas sem prolongamento não teremos
produção, já que o pessegueiro só frutifica sobre ramos de um ano de idade. Então, como
quase tudo na vida, a virtude está no meio: nem deixar os ramos sem poda, nem eliminálos pela base. Eis, em síntese, a poda de frutificação do pessegueiro.
Os ramos de produção vigorosos serão podados pelo meio, conseguindo-se assim a
emissão de brotos de madeira na base do ramo podado, pois ai as gemas são vegetativas,
Esses brotos de madeira formam brindilas durante o seu desenvolvimento, as quais
garantem a frutificação no ano seguinte.
Para a frutificação do mesmo ano, temos as gemas acima da base, em geral grupadas em
terno, no qual freqüentemente a do meio é vegetativa e as duas laterais são frutíferas. As
gemas vegetativas do pessegueiro são magras e pontiagudas, ao passo que as frutíferas
são mais gorduchas e revestidas de pelos aveludados.
O desabrochamento das gemas do pessegueiro é sempre duvidoso. Não se pode
assegurar, só pelo aspecto externo delas que umas darão garantidamente flores e
aqueloutras desenvolverão ramos vegetativos. Tanto estas como aquelas podem falhar
pelas mais diversas causas: moléstias, pragas, intempéries, inverno adverso etc. Daí ser
aconselhável sempre podar-se tardiamente o pessegueiro, esperando-se que as gemas
tenham dado claros sinais de abrolhamento. Não há mal se esperarmos mesmo o inicio do
florescimento, assim poderemos reconhecer os ramos de madeira e os que darão frutos.
FOLHA N.º 56
Os frutíferos vigorosos, já foi dito, serão podados ao meio, as brindilas, despontadas de um
terço, as velhas que já deram fruto, eliminadas. Ramos delgados e fracos podem ser
deixados intactos para eliminação posterior quando frutificarem.
Se os ramos frutíferos são muito numerosos e aglomerados, serão raleados ou
desbastados, eliminando-se tantos quantos forem necessários. Como regra geral cada
ramo frutífero deve distanciar-se de outro cerca de 15 centímetros. Serão também
eliminados outros ramos indesejáveis: os que se cruzam, os ladrões, os praguejados.
(FOTOS DA PAGINA 159)
Poda da videira
Como já examinamos, nas demais plantas frutíferas, a videira também é podada com o fim
de equilibrarmos a frutificação e a vegetação. Com a poda eliminamos a maior parte dos
ramos de um ano, que são os que frutificam, e só deixamos pequenos pedaços desses
ramos, assim ficarão relativamente poucas gemas, que brotarão bem, darão novas varas
vigorosas e carregadas com bonitos cachos. Se não podarmos, todas as gemas brotarão,
centenas de novas varas se formarão, cada qual trazendo de um a três cachos e tanto
varas como cachos serão fracos e de mau aspecto, esgotando ainda completamente a
planta. A poda então disciplina anualmente a videira, fazendo-a limitar sua vegetação
dentro do espaço que lhe reservamos e distribuindo as energias vegetais eqüitativamente
entre a frutificação e a vegetação.
A videira só frutifica nos bacelos de um ano de idade, facilmente reconhecíveis por
apresentarem a casca mais ou menos encerada, serem roliços e bem lançados.
Esporadicamente pode da madeira velha nascer broto ostentando cacho. Na poda todos os
bacelos de um ano são cortados. Uns, por serem em demasia, são eliminados pela base e
outros são aparados, ficando com uma gema, duas, três, quatro até dez ou doze.
Poda curta é aquela em que os bacelos podados ficam com um, dois ou três olhos. Nesse
caso chamam-se esporões a esses toquinhos que ficam sobre a planta podada. Poda
longa é a que deixa cada bacelo podado com quatro ou mais gemas, chamando-se vara a
parte do bacelo que permanece (FOTO DA PAGINA 161) sobre a planta após a poda.
Poda mista é aquela que deixa sobre a videira esporões e varas. Pode-se também chamar
a poda curta de poda pobre, e a poda rica de poda longa.
FOLHA N.º 57
A escolha da intensidade da poda – curta, longa ou mista – depende do vigor da videira e
do ramo, como também, da variedade de uva.
Plantas fracas ou ramos débeis devem sofrer poda curta. Videiras vigorosas, com
sarmentos bem lançados, de bom comprimento e grossura, tem boa reação com a poda
longa. As variedades são suscetíveis a podas mais ou menos apropriadas, de acordo com
sua estrutura de produção: a Isabel e a Seibel 2, apresentam vigor e quase todos os ramos
frutíferos, aceitando qualquer tipo de poda; a Moscatel italiana, com vigor acentuado,
repete mesma disposição; a Niagara, branca ou rosada, tem vigor médio, saindo-se melhor
com podas curtas; a Cabernet Sauvignon, que só tem gemas frutíferas a partir do quarto ou
quinto nós, contados da base do sarmento, não deve sofrer podas curtas.
Poda seca, poda hibernal ou geral é a feita no inverno, de julho a setembro. Poda verde é a
feita durante a vegetação com o fito de eliminar ladrões, netos, brotos e outros ramos
indesejáveis. Vamos tratar aqui da poda hibernal, deixando para depois a poda verde.
Para termos videiras bem proporcionadas, com suas partes arranjadas de modo que
fiquem ao alcance dos tratos culturais, que produzam abundantemente bons frutos, é
preciso conduzi-las convenientemente. Condução é uma coisa, poda é outra. Na pratica
freqüentemente ambas são chamadas poda. Condução é a forma, aspecto e extensão que
damos a videira. Poda é a pratica anual de cortar ramos com a finalidade de equilibrar a
produção e a vegetação.
No
Brasil
dois
métodos
gerais
de
condução
são
usados
para
parrera:
1 – Latadas, pérgulas ou caramanchões.
2 – Espaldeiras, cercas, filares e semelhantes.
No primeiro métodos a vegetação da videira se estende horizontalmente sobre o solo,
geralmente acima da estatura media humana. No seguindo, a parreira apresenta um tronco
com uma ou varias ramificações permanentes, das quais partem em posição vertical as
varas de produção que são anualmente renovadas e convenientemente amarradas a fios
de arame. Em qualquer dos métodos temos de formar uma amarração de tutores e fios de
arame para sustentar a videira.
Laudas e pérgulas - Em instalações rústicas a latada ou pérgula não passa de um jirau a
moda cabocla. Fincam-se esteios de madeira boa: peroba, guarantã, cambará, aroeira etc.,
distanciados 4 metros, ficando cada qual com 1,80 a 2,20 metros para fora. Sobre as
cabeças dos mourões arma-se um estrado de madeira roliça e bambus. Ao pé de cada
FOLHA N.º 58
mourão uma boa cova é aberta, e nela são plantadas mudas enxertadas ou bacelos de
cavalos que serão enxertados depois de um ano. Deixa-se a videira crescer verticalmente,
em uma única vara, até balançar a armação. No segundo ano, se esta vara é de pouco
vigor, poda-se ficando só com duas gemas sobre a armação, destas brotando duas varas
que serão estendidas em sentido oposto. Se a vara tem bastante vigor, deixam-se quatro e
até dez brotações que irão sendo uniformemente distribuídas e amarradas por sobre o
jirau.
Melhores tipos de latadas se obterão, substituindo a armação de pau roliço e bambu por
fios de arame n. 12 esquadrejados com capricho. Em instalações de luxo os esteios de
madeira são substituídos por postes de concreto armado. O tipo de condução é entretanto
o mesmo. O numero de varas formadas no segundo ano, que sejam, dois, quatro ou dez, é
nos anos seguintes duplicado, podando-se cada vara a dois ou mais olhos, conforme o
vigor da planta e assim paulatinamente se recobrirá a latada. A poda aplicada as latadas é
geralmente a mista, com esporões e varas de comprimento variável par se recobrir logo a
pérgula sem esgotar a videira.
Esse tipo de condução é particularmente indicado para exploração domestica com uva de
mesa, onde se podem formar lindos caramanchões enfeitando caminhos e ensombrando
agradáveis recantos.
Quando a variedade escolhida for sensível as doenças (Golden Queen, Moscatel de
Hamburgo, Piróvano 65-Italia etc.) , as pulverizações precisam ser repetidas e acuradas,
pois o ambiente unido e pouco ventilado das latadas baixas favorece o desenvolvimento
dos inimigos da videira. Entretanto, a condução em latadas apresenta algumas boas
vantagens que é necessário considerar. Esse tipo de condução oferece proteção contra
as ardências do sol, que causam queimaduras e escaldaduras nas bagas. Alem disso, nas
latadas os cachos ficam mais livres, melhor pendurados que nas espaldeira, facilitando
com isso ou seu manuseio para o desbaste das bagas e outras praticas e , também, podem
ser melhor atingidos pelos tratamentos antiparasitários.
Em regiões de luminosidade muito intensa, nas quais o sol durante o amadurecimento das
uvas se torna escaldante, a latada constitui a mais indicada das conduções pra a parra. Ë
bem convincente essa indicação para os que visitam os vinhedos de localidades como, por
exemplo, Presidente Prudente, em São Paulo e, de um modo mais expressivo ainda, os da
chamada zona sertaneja nordestina – Arida e tórrida – na qual belos cachos de finas
FOLHA N.º 59
viniferas amadurecem debaixo das providenciais latadas (FOTO DA PAGINA 163) baianas
de Juazeiro e do Salitre ou daquelas pernambucanas de Petrolina, Belém do São
Francisco, Petrolandia e Coripós.
Para uvas de vinho ou em localidades de quadra de maturação com insolação mais
branda, a latada perde para a espaldeira no cômputo das vantagens oferecidas. No Sul
brasileiro, do Paraná ao Rio Grande do Sul, é ainda a latada largamente empregada na
condução de uvas para vinho, mas o seu uso vai entrando em declínio, com a crescente
falta de madeira.
As meias-latadas - A tendência atual na exploração moderna de uva de mesa vinifera
(qualidade muito acima de americanas e híbrida) é a adoção de pérgulas descontinuas
que, em linhas gerais, é constituída por uma latada pra cada linha do vinhedo. O sistema
tem muita analogia com a espaldeira-latada e com o sistema imaginado por Munson, de
que falaremos mais adiante.
Um dos tipos mais extensamente empregado é a latada obliqua, de que nosso desenho da
bem idéia da forma e das dimensões. Ë a condução típica dos vinhedos sul-africanos
modernos, que sustentam o grosso da exploração de uva de mesa para a Inglaterra e a
grande conveniência de sua adoção esta no fato de permitir muito maior ventilação da
folhagem e dos cachos – condição decisiva no combate a peronospora e ao oídio. Enseja,
ainda, maior iluminação dos cachos, sem o perigo da escaldadura das bagas pela
insolação
excessiva e, dada sua conveniente altura do solo, facilita por completo a
passagem de maquinas cultivadoras e de aplicadoras de tratamentos antiparasitários
(polvilhadeiras e nebulizadores de caldas) e, nos casos dos climas semi-aridos, em nada
atrapalha a movimentação dos canos e implementos da irrigação por aspersão.
Outros tipos congêneres ao descrito e buscando as mesmas vantagens enumeradas, são
aqueles em uso nos vinhedos de uvas finas conduzidos por viticultores de origem nipônica.
Quase sempre adotam eles armações que , pelo aspecto, lembram manjedouras para
capim, ou sejam, um poste reforçado que sustenta dois longos braços laterais
balanceados, quase horizontais e que apóiam o aramado sobre o qual os sarmentos são
distribuídos e bem amarrados, Há numerosas vaariantes do método, principalmente no que
toca a inclinação dos braços com relação ao poste, que vai de 45 graus até um ângulo
quase reto.
FOLHA N.º 60
Espaldeiras - Já discutimos em trabalho especializado sobre viticultura (21) a questão do
espaçamento na formação do vinhedo, estabelecendo que entre as plantas ele varia de 1 a
1,50 metro e entre as fileiras de 2 a 2,50 metros. As espaldeiras são levantadas no centro
das valetas, usando-se a media de um poste (também chamado mourão e palanque) para
cada quatro ou cinco pés, conforme o espaçamento adotado. Primeiro colocam-se nas
extremidades das fileiras postes reforçados chamados cabeceiras, depois divide-se o
intervalo entre eles, ficando-se os mourões secundários. O mourão para videira pode ser
da mesma qualidade explicada para as latadas, devendo, entretanto, para uvas de mesa,
ter 2,50 metros de altura, ficando 0,60 metro enterrados e 1,90 metro para fora da terra.
Para uvas de vinho basta terem 2,20 metros, sendo 0,60 metro no chão e 1,60 metro para
fora. No primeiro caso, forma-se uma espaldeira ou cerca de quatro fios de arame n. 14,
sendo:
o primeiro fio a 0,90 m do solo;
o segundo fio a 0,25 m do primeiro;
o terceiro fio a 0,30 m do segundo;
o quarto fio a 0,40 m do terceiro.
Sobra 0,05 metro que é a extremidade ou cabeça do mourão acima do ultimo arame,
geralmente chanfrada em ponta para escorrer as águas das chuvas.
Para uvas de vinho a espaldeira é de três fios, sendo o primeiro estabelecido a 0,90 metro
acima do solo, o segundo a 0,30 metro do primeiro e o terceiro a 0,40 metro do segundo. A
boa altura do primeiro fio com relação (DESENHO DA PAGINA 165)
ao solo é de grande importância para distanciar a vegetação e os frutos da umidade do
chão e dos respingos de chuva sempre portadores de barro e agentes de doenças, Em
instalações melhores, o primeiro fio que agüenta maior peso, dever ser n. 12, tendo cada
quilo 21 metros e os superiores podem ser n. 14, com 38 metros por quilo.
Postes de concreto - Para regiões de madeira cara e para os que tem facilidade na
aquisição de cimento e ferro e tenham bom pedregulho e areia lavada em sua
propriedades, a fabricação de postes de concreto é interessante. O melhor tipo é o de
seção constante em toda a altura, pois as formas são mais simples de serem armadas que
aqueles que são grossos embaixo, e vão afinado para a ponta.
A forma de madeira consistira de um soalho de madeira grossa, sobre o qual se armarão
cinco canaletas de madeira, de seção triangular, correspondentes a cinco postes. Cada
FOLHA N.º 61
poste terá como seção um triangulo de cantos quebrados, cada lado desse triangulo terá 9
centímetros, e cada canto quebrado 1,5 centímetro.
Primeiro se fazem as armações de ferro redondo e após prontas serão colocadas nas
formas e estas enchidas com concreto.
A ferragem será constituída de dois ferros redondos de 3/16” e um de ¼, fortemente
ligados por cinco estribos de arame n. 14, dois em cada extremidade e três distribuídos no
meio, amarrados com arame fino n. 18. Os ferros devem ter o comprimento do poste
menos 6 centímetros, para que cada extremidade seja recoberta por 3 centímetros de
concreto. Os materiais necessários são aproximadamente os seguintes para 100 postes
de 2,20 metros de comprimento:
12 sacos de cimento;
1m3 de areia lavada grossa;
1m3 de pedregulho limpo;
60 Kg de ferro redondo 3/16”;
53 Kg de ferro redondo ¼”;
6 Kg de arame n. 14
Untam-se bem as formas com óleo usado de Carter, colocam-se as ferragens sustentandoas nas beiradas da forma pelas pontas dos estribos para que o ferro de baixo não encoste
no fundo da forma , mas fique forrado pela massa de concreto.
Prepara-se o concreto com o seguinte traço em volume: 1 de cimento, 2 de areia lavada
grossa e 3 de pedregulho muito limpo de diâmetro não (FOTOS DA PAGINA 167) superior
a uma polegada. Mistura-se tudo muito bem homogeneamente e junta-se de 20 a 23 litros
de água. Enchem-se as formas, socando-se cuidadosamente com uma barra de ferro de
½”. Após cheias, não há perigo de a ferragem descer mais, então dobram-se as pontas dos
estribos para dentro do concreto, até que nele desapareçam. Acerta-se a face exterior do
poste com desempenadeira de madeira e depois alisa-se com colher de pedreiro. A forma
deve possuir três a quatro furos, pelos quais passam varões redondos de ¼”, dispostos a
alturas correspondentes aos fios de arame das espaldeiras. Tais varões durante o
amadurecimento dos postes nas formas são manivelados diversas vezes para impedir que
peguem no concreto.
(FOTO DA PAGINA 168)
FOLHA N.º 62
Os postes ficam nas formas pelo menos 48 horas, recobertos com sacos de aniagem
mantidos molhados. Ao se retirarem os postes, primeiro se retiram os varões dos furos,
depois desmonta-se a forma e os postes se soltam. São a seguir deixados a amadurecer
por 10 dias, a sombra e constantemente molhados. Após um mês podem ser utilizados.
Postes especiais para cabeceiras podem ser previstos, reforçando-se a ferragem interna.
Em lugar de duas barras de 3/16”usam-se dois ferros de ¼’ e a barra de ¼ é substituída
por uma de 3/8”. Como exteriormente são iguais aos comuns, no alisamento com a colher
são marcados com um sinal qualquer, para futura distinção.
Condução em espaldeira - As mudas vem do viveiro com uma vara única e, dessa forma,
são plantadas no lugar definitivo. Na maioria dos casos, porem, as mudas são formadas já
no local definitivo. No primeiro ano planta-se o cavalo e no ano seguinte este é enxertado.
No inverno do terceiro ano cada muda enxertada apresenta-se apresenta-se com uma
vara única, semelhante a muda que veio do viveiro. As videiras formadas em lugar
definitivo são muito mais desenvolvidas e vigorosas que as transplantadas de viveiro.
Estamos, portanto, no mês de agosto, prontos para efetuarmos a primeira poda do jovem
vinhedo. Os pés que apresentam varas fracas (finas e curtas) são podados bem baixo,
ficando com apenas dois olhos; assim se revigorarão até o ano seguinte. Os que tiverem
varas longas e de boa grossura, receberão uma poda variável com o tipo de condução
escolhido para as espaldeiras. Os principais tipos
de condução em espaldeira são:
1 - Guyot
2 – Cazenave
3 – Sylvoz
4 – Sistema Munson e derivados
5 – Palmeta ou Leque
6 – Cordão esporonado ou Royat
Os três primeiros sistemas são rarissimamente empregados entre nós só os citaremos para
ilustrar a questão. Os três últimos são os mais adotados no Brasil, afora as latadas e
pérgulas já examinadas.
1 – Sistema Guyot - Neste sistema a videira é formada de um esporão curto de duas
gemas e uma vara longa de seis ou mais gemas estendida horizontalmente sobre o
primeiro arame. Para se conduzir uma videira a Guyot procede-se da forma seguinte:
FOLHA N.º 63
A vara que veio do enxerto é podada a meia altura do chão, deixando-se que de suas
gemas desenvolvam apenas duas boas varas. No inverno seguinte a vara mais de baixo é
podada a dois olhos: é o esporão ou courson ou ainda o píton dos argentinos. A vara de
cima é deixada longa. Se a videira é vigorosa, ela é estendida até encontrar a próxima
cepa. A vara longa se carrega de frutos, é o cargador
dos vinhateiros argentinos. O
esporão produz dois ramos vigorosos. No outro inverno, a poda elimina a vara cargador e
as duas varas vigorosas passam a constituir a nova condução: uma é deitada longa (FOTO
DA PAGINA 169) e a outra podada curta, e assim sucessivamente pelos anos afora. Vê-se
logo que é o tipo da poda mista.
Na poda Guyot a videira só possui de permanente o tronco, pois o cordão horizonta é
anualmente renovado.
Gobbato sugere tal método de poda para as variedades americanas e européias em nosso
meio. Mas deixe-se bem acentuado, a Guyot é esgotante, exigindo plantas vigorosas e
terreno adubado. Só deve ser experimentada em castas que não se mostram
satisfatoriamente frutíferas em poda curta.
2 – Sistema Cazenave - Imaginemos um cordão permanete de videira, estendido sobre o
primeiro arame. Sobre esse cordão nascem distanciadas entre si, de 20 a 30 centímetros,
varas verticais. Estas serão podadas a dois olhos, daí se originam duas varas, uma será
podada curta a moda de esporão, outra longa como vara de produção. Ë portanto um
cordão permanente, tendo de espaço a espaço pequenos sistemas Guyot. Ë poda rica,
exigindo como a anterior variedades vigorosas e terreno muito fértil. Só deve ser tentada
nos casos e em circunstancias especiais em que falhem os métodos mais simples, como o
cordão esporonado.
3 – Sistema Sylvoz - Gobbato recomenda este sistema de condução para variedades de
amplo desenvolvimento vegetativo, com Isabel, Trebbiano, Malvasia etc. Poderíamos
acrescentar outras de frutificação caprichosa e de bom vigor, tais como Moscatel Rosada,
Rosaki Rosada, Chaouch, Golden Queen etc. Mas é preciso sempre agir com cautela,
tratando-se de tipos de condução que deixam muitas gemas para brotar. Eles em geral são
enganosos, dando produções formidáveis no primeiro ano, mas esgotando rapidamente a
videira. Somente nas videiras de grande vigor e com alimentação farta é que tais processos
de condução podem ser ensaiados com êxito.
FOLHA N.º 64
A condução Sylvoz implica, como na Cazenave, ma existência de um cordão permanente,
mas agora amarrado ao segundo arame da espaldeira, sendo que o mais próximo do solo
será mais fino, pois apenas servira para nele se amarrarem as extremidades dos arcos dos
bacelos. Para cima do segundo arame irão mais dois para amarração dos brotos. A
formação de uma videira no método Sylvoz segue em resumo as seguintes etapas:
Deita-se uma vara vigorosa no segundo arame (o mais grosso), cegando-se os olhos que
estão voltados para o chão. Brotam, dessa forma, só os seuperiores, em posição vertical,
que serão amarrados nos dois arames acima do cordão,
Desses brotos verticais se
escolherão varas situadas a 30 centímetros, mais ou menos,uma das outras. No inverno
seguinte, por ocasião (FIGURA DA PAGINA 171) da poda, cada vara vertical e podada,
ficando com 40 a 60 centímetros, (quanto mais vigorosa mais comprida se deixará) e em
seguida é arqueada para baixo e amarrada no arame inferior. O broto que nascer na base
do arco, mais próximo do cordão horizontal, é aproveitado na poda do ano seguinte para
constituir um novo arco, sendo o restante eliminado. Assim teremos anualmente a
renovação dos arcos, ficando o cordão sempre permanente. Vê-se pelo que acabamos de
descrever que o sistema Sylvoz emprega uma poda bastante rica.
4 – Sistema Munson e derivados - Nos climas de muito sol durante a maturação sentiu-se
a necessidade de dar maior desenvolvimento a folhagem da parreira, sem contudo cair no
excesso de sombra das latadas. Assim as videiras contariam com sombreamento extra no
tronco e frutos, com um bom telhado de folhas contra intempéries, sem ficarem as plantas
privadas de luz e ar com toda a abundancia. É enfim um sistema intermediário entre a
latada e a espaldeira, que procura reunir as vantagens de ambas, eliminando os pontos
desvantajosos de cada sistema. A latada por exemplo é interessante pela sua sombra que
protege o tronco, a folhagem e o fruto das ardências solares, mas essa sombra é sempre
excessiva, dificultando o combate as pragas e moléstias, e o perfeito amadurecimento dos
frutos. A espaldeira enseja boa insolação, mas não tem proteção contra o excesso de
luminosidade ou contra as intempéries que açoitam diretamente folhas, ramos e frutos.
Alem disso, oferece muito grande resistência aos ventos, pois a espaldeira, constituindo
uma superfície vertical, age como uma parede, quando cheia de folhagem, sobre a qual a
força do vento incide com violência, danificando cachos de flores ou de frutos, quebrando
ramos etc. (FIGURA DA PAGINA 172)
FOLHA N.º 65
Diante desses fatos, imaginou Munson, famoso viticultor americano, por volta de 1880, um
sistema de espaldeira-latada, o qual se resume no seguinte:
Ao longo das fileiras das videiras colocam-se postes de boa resistência, que ficarão 1,40
metro fora da terra, espaçados convenientemente cada três a quatro videira. Na cabeça de
cada mourão atarraxa-se
uma cruzeta de madeira com cerca de 70 centímetros de
comprimento. A armação toma o aspecto de uma linha telefônica baixa. Nas pontas das
cruzetas corre fio n. 12. Nos postes, 15 centímetros abaixo da cruzeta, abrem-se furos,
pelos quais corre um terceiro arame n. 12, o qual constituirá o fio do meio e ligeiramente
inferior aos dois da cruzeta. O fio do meio sustentará o cordão permanente das videiras, os
dois laterais superiores sustentarão os sarmentos, (FIGURA DA PAGINA 172) E (FOTO
DA PAGINA 173)
que crescendo cairão com “chorão”, como é do habito natural das variedades americanas.
Haverá desse modo pequena sobra protetora, boa altura do solo, suficiente iluminação e
ventilação sem nenhum anteparo, ficando os cachos balouçando no espaço como nas
latadas.
Durante mais de 20 anos usou Munson satisfatoriamente o seu método, o qual é ainda hoje
usado na Califórnia para produção de uva de mesa de qualidade extra.
Muitas modificações e adaptações da idéia original de Munson tem aparecido, tais como as
do francês Camert e outros. No Rio Grande do Sul, Alberto Bins, viticultor no município de
Porto Alegre, adaptou ao su caso o sistema Munson. Os tutores tem aproximadamente a
mesma altura original, só que a cruzeta em lugar de ser pregada no topo vai a 15
centímetros abaixo. O fio do meio corre em furos abertos no topo dos mourões e a cruzeta
tem 1,40 m de largura com dois arames de cada lado e fica a 1,10 metro do chão . Cada
videira é conduzida em um bambu fincado ao seu lado e amarrado no fio centra superior
sobre o qual corre um cordão horizontal permanente, podado a maneira de arremedo de
Cazenave, derramando os sarmentos sobre os quatro fios da cruzeta inferior. O sistema
Munson admite tipos de poda curta, rica ou mista, conforme se julgar mais adequado.
Os viticultores de viniferas finas para mesa em Jundiaí introduziram a cruzeta de Munson
em suas espaldeiras. No lugar do segundo fio, prega-se uma cruzeta na qual correm
paralelamente dois fios, um de cada lado. O cordão permanente, guarnecido de esporões
curtos, é amarrado ao primeiro fio e os sarmentos que brotam dele são alternadamente
atados em forma de costelas de baleia aos fios da cruzeta e, mais tarde, com crescimento,
FOLHA N.º 66
tornam a se reunir no terceiro e quarto fios superiores. A frutificação de distribui melhor e a
disposição dos sarmentos, abrindo para os lados nos fios da cruzeta, cria um túnel de
vegetação bem ventilado e com meia sombra protetora contra as ardências do sol.
5 – Palmeta ou Leque - A palmeta clássica é uma forma de condução muito usada para a
cultura da Chasselas, nos arredores de Paris, em Thomery. Elas se compõem de troncos
principais abrindo alternadamente cordões horizontais em diversas alturas de uma
espaldeira de quatro, cinco ou mais fios, protegidos superiormente por um telhado ou
encostadas a muros e paredes igualmente protegidos. Entre nós o que denominamos
palmeta ou leque nada tem a ver com o sistema descrito. Ë um sistema de condução
arbitrário, sem regras nem método, ao sabor do capricho de cada um, muito usado em
Jundiaí e São Roque e que atualmente esta sendo substituído pelo cordão esporonado. A
videira conduzida em leque ou palmeta começa a se bifurcar logo acima da região da
enxertia e pro bifurcações sucessivas anuais vai espalhando a sua armação lenhosa até o
primeiro arame e, se não houver rebaixamentos (FIGURA DA PAGINA 174) oportunos, a
videira velha atinge os arames superiores sem haver espaço para a vegetação nova. Ë
condução irracional, condenada. O tipo de poda geralmente empregado nas palmeiras é a
mista, ora deixando-se varas, ora rebaixando-se os bacelos em esporões.
6 – Cordão esporonado ou Royat - Este sistema de condução foi introduzido em Andradas
pelo emérito viticultor Zeca de Oliveira, no ultimo quartel do século XIX. Do seu vinhedo,
esse método generalizou-se por toda a região, difundindo-se logo após por Caldas e Poços
de Caldas. Por volta de 1935, deu de ser introduzido em Jundiaí e São Roque, sendo
atualmente na primeira das regiões o método dominante na maioria dos vinhedos. O tipo
da poda aplicado ao cordão esporonado é a curta. O cordão esporonado inclui o tronco
vertical de 0,80 a 1,00 metro de altura, até o primeiro arame, aí é dobrado em ângulo reto,
por meio de uma curvatura não muito brusca e estendido horizontalmente.
O cordão pode ser simples ou unilateral e duplo ou bilateral, segundo é levado de um só
lado do tronco vertical ou dos dois. A formação do cordão esporonado é fácil. As vezes,
porem, sobrevêm contratempos como a não-brotação de certa gemas, que talham
inexplicavelmente, aborrecendo quem escolheu este excelente tipo de condução. Mas, com
o tempo vai se retocando , remendando a obra, até ficar todo o cordão com os seu
esporões bem distribuídos.
FOLHA N.º 67
Se a enxertaria veio bem e temos varas roliças, bem lançadas, podemos, já no segundo
ano, dar inicio ao cordão. Se as plantas estão fracas, com varas mais finas que o dedo
indicador, então são podadas na meia altura, entre o chão e o primeiro arame, para que
brotem fortes com o fim de serem aproveitados no ano vindouro. Das duas varas que
deixamos da videira escolhemos a melhor (mais reta, mais roliça, mais comprida, mais
forte) e a curvamos e amarramos no primeiro arame, de tal modo que uma serie de gemas
fique olhando para o solo, enquanto outras estão em sentido oposto voltadas para o céu.
Se a vara for de um vigor excepcional e o espaçamento adotado, pequeno (Maximo 1,20
metro) podemos de uma só vez formar o cordão. Mas isto é raro, no geral é prudente
formar o cordão. Mas isto é raro, no geral é formar-se o cordão em 2 e 3 anos. No primeiro
ano forma-se um terço ou a metade da distancia até o pé seguinte, conforme a força da
videira. Acertada esta particularidade, corta-se a vara sempre deixando a gema da
extremidade voltada para baixo, pois é ela que tem que continuar o cordão, e, se estiver
volvida para cima, brotara verticalmente, resultando num prolongamento tortuoso ou
imprestável. As gemas brotarão mais ou menos regularmente. Os b rotos muito vigorosos
serão cortados na extremidade, assim com os netos que sempre se deixarão com uma
folha e uma gema, para proteger a gema do sarmento principal Esses cuidados são
tomados para forçar a brotação das gemas do cordão que não querem brotar. As gemas do
tronco vertical são segadas. Os b rotos oriundos das gemas do cordão e que estão
voltados para o solo são eliminados, só ficando em extremo recurso aqueles que sirvam
para ocupar o lugar das gemas superiores que não quiseram brotar de forma alguma.
Enfim, procura-se deixar o cordão com uma serie de brotos verticais distanciados de 15
centímetros uns dos outros e mais um terminal que se vai estendendo e amarrando
horizontalmente para o prolongamento do sistema.
No segundo ano, na ocasião da poda geral, o aspecto da videira é o de um cordão
horizontal, tendo no seu dorso uma série de bacelos verticalmente implantados. A poda é o
que há de simples. O sarmento de prolongação é podado como se fosse um novo cordão.
Se for bem vigoroso, pode-se deixá-lo até encontrar o pé seguinte, se for fraco caminhara a
metade ou um terço da distancia. Os bacelos verticais soa podados curtos, a esporão de
dois olhos. Na primavera, de cada um desses olhos nascera um sarmento, ficando o
cordão dotado de uma serie de esporões bifurcados.
FOLHA N.º 68
No terceiro ano, em cada espora;o elimina-se pela base o sarmento situado mais alto e o
mais baixo é podado curto, a dois olhos. Com essa repetição através de anos seguidos,
cada esporão via engrossando, retorcendo-se em degraus nodosos que tendem a subir até
o segundo arame. Na base desses esporões, junto ao cordão, nascem brotos adventícios
que serão aproveitados para o rejuvenescimento dos esporões. Quando o ramo adventício
crescer bem, o velho esporão é degolado pela base e o ramo novo, na ocasião da poda
hibernal, é podado a dois olhos, recomeçando o processo já descrito.
O cordão esporonado é um magnífico método de condução em espaldeira. Fácil de podar,
fácil de amarrar os brotos e executar tratamentos contra pragas e moléstias. Ë muito
frutífero para Niagara, Seibels em geral e a maioria das viníferas. Mas algumas variedades
exigem poda mais rica, com Trebbiano, muitas Piróvano e outras. Aí entre o bom sendo do
viticultor, introduzindo no cordão modificações segundo o sistema de Guyot, Cazenave ou
Sylvoz, prudentemente, com cautela, para não depauperar a planta, não querendo num só
ano abarrotar-se de produção , experimentando um tipo de poda mista, que melhor
convenha a variedade e as condições em que esta operando: clima, riqueza do solo etc.
Princípios da poda - Ë bom saber-se alguns dos princípios gerais que regulam a pratica
da poda, pois, como já frisamos, esta operação seta baseada em conceitos técnicos,
provados pela pratica e pela teoria. Tendo-se em mente estes princípios, é mais fácil
entender-se o porque de muitas particularidades e recomendações.
1. – A colheita da uva esta encerrada dentro das gemas situadas nos bacelos ou ramos de
um ano de idade. A colheita é por isso conseqüência da boa ou má estação precedente
e a poda pouco pode fazer para corrigir os defeitos que vem do passado.
2. – Cada gema que se deixar após a poda sobre os bacelos da origem a um ramo, o qual
traz ou não frutos.
3. – Se deixarmos sobre a planta compridos pedaços de bacelos, isto é, grande numero
de gemas, teremos conseqüentemente grande produção de frutos e pouco
desenvolvimento vegetativo. Ao contrario, podas muito severas dão excesso de
vegetação e pouca fruta.
4. – A poda racional, portando, é a que, considerando os hábitos próprios da variedade
explorada e as condições de solo e clima, proporcionas as videiras uma frutificação
abundante e de boa qualidade, juntamente com uma vegetação adequada, boa
distribuição e maturação de ramos.
FOLHA N.º 69
5. – Ramos verticais crescem com muito maior vigor que os horizontais.
6. – Bacelos excessivamente vigorosos, que chegam até a achatar-se e. e, contraposição,
os muitos fracos, são pouco frutíferos. Na formação dos cordões os melhores bacelos
são os roliços, lisos, de boa grossura e de entrenós de comprimento normal.
Execução da poda - Podar é um serviço realmente agradável, daquelas operações que se
executam com a maior satisfação. A tesoura deve ser apropriada, bem afiada e
constantemente lubrificada no eixo e na mola. Tesouras que mastigam, danificam o corte
dos bacelos, esmagando os tecidos, os quais cicatrizam mal. Ainda para se evitar esse
inconveniente, ao podar-se, a lâmina afiada da tesoura deve estar do lado da videira e a
contralâmina do lado do pedaço de rama que vai sair.
Plantações velhas, latadas antigas, não raro precisam ser renovadas. Empreguem-se
nesses casos pequenos serrotes recurvados, de dentes pequenos e bem travados, para a
supressão de galhos velhos. (FOTO DA PAGINA 178)
Após bem podada, a videira é submetida a limpeza das cascas velhas, retirada das
gavinhas e restos de vegetação. Tudo isso é ajuntado e queimado para destruição de focos
de doenças e pragas sempre presentes. As cepas assim limpas são pulverizadas com
calda sulfocálcica ou pinceladas com solução forte de sulfato de ferro. Ë o tratamento
hibernal do vinhedo, importantíssimo para o controle sanitário da plantação.
Limpas e curadas, são as videiras amarradas aos seus tutores. As latadas e as espaldeiras
são previamente reorganizadas, trocando-se os moirões podres ou combalidos e
espichando-se os arames. A seguir amarram-se os troncos e os galhos com vime fino,
palha de milho umedecida, embira, folha de fórmio ou outro material, tomando-se cautela
para não se amarrar com muita força, o que pode ocasionar estrangulamento dos ramos.
Época de poda
Ë um assunto de grande importância, mas assaz controvertido. Winkler (43 e 44) afirma que
há muito interesse em podar cedo, para facilitar a execução de outras operações do vinhedo.
Podando-se em dezembro-janeiro (lá na Califórnia ainda em pleno repouso vegetativo) se
libera tempo a vontade para o serviço de amarração dos troncos e varas e para fazer cultivos
do solo antes da brota;cão.
Assevera ele (43), mencionando investigações em diversos pontos do mundo viticola, que a
época da poda hibernal não exerce influencia no vigor da videira,m exceto se feita antes da
FOLHA N.º 70
queda das folhas, quanto em, então, conseqüências depressivas. Em outra obra (43), Winkler
reafirma este conceito, consignando que se pode seguramente dizer que a poda feita em
qualquer tempo, depois da queda das folhas e antes da brotação na primavera, pode ter efeito
pequeno ou nulo no conteúdo das reservas de carboidratos (amido e açúcar) da videira.
Assim, feita dentro da estação de dormência, a poda tem irrelevante influencia no vigor do
crescimento e na safra de uvas. Há exceções encontradas a esta regra: no sul da Califórnia e
em áreas costeiras centrais, onde a poda tardia (depois de 15 de março) vem resultando em
marcantes aumentos de rendimento... a razão não esta bem compreendida e parece ser
relacionada com deficiência de boro...
Depois, prosseguindo no tema, Winkler (43) recomenda cautela em podar cedo as vides que
sobrecarregaram e que tem um baixo nível de reservas de carboidratos. Então, é para se
desconfiar que a época da poda tem conseqüências no que se refere ao montante de reservas
da planta.
Quanto a poda tardia, cujo único inconveniente é ocasionar o choro da videira, reconhece o
citado autor que nenhum prejuízo representa, já que pés, repetidamente despontados e que
assim forneceram 19 litros de linfa, em nada se mostraram afetados.
Mais recentemente Bouard (4), na França, retomou o discutidissimo assunto, chegando a
conclusões bastante opostas a de Winkler, que podem ser resumidas como segue.
Na produção de uvas, as reservas de hidratos de carbônio (amidos, açúcares), acumuladas
nas raízes e no tronco, não desempenham cetamente o papel fundamental que se lhes quer
atribuir. A importância fundamental esta na atividade fotossintética da vegetação do ano
corrente, sobretudo durante a maturação, que é influenciada por fatores externos: alimentação
da planta, iluminação, temperatura, disponibilidade de água e de CO2 etc.
Durante a maturação, conforme esses fatores ocorrem, os açúcares sintetizados pelas folhas
ou vão para as uvas (aumentam a colheita) ou vão para outros pontos, o tronco e as raízes
(diminuem a colheita).
Assim, é lógico que o conteúdo de reserva em hidratos de carbônico e a produção (peso das
uvas por pé) variam em sentido inverso: o rendimento da colheita é tanto mais alto quanto
mais baixo for o conteúdo de hidratos de carbônico nos sarmentos e vice-versa. Enfim, um
fenômeno é antagônico ao outro.
A produção de uva é suscetível de sofrer modificações muito importantes segundo a época de
poda que, assim, pode variar do simples ao dobro, passando por todos os rendimentos
FOLHA N.º 71
intermediários. O rendimento mais alto, obtido com poda tardiamente executada, não pode ser
atribuído a uma subida das reservas de hidratos de carbônico, do tronco ou das raízes, pois tal
migração ascendente não existe durante o período de repouso.
Isso porque o aumento de hidratos de carbônico insolúveis (amido etc.) que se manifesta nos
sarmentos, durante a dormência da videira, é devido a transformação local de constituintes do
sarmento em amidos e nunca a uma migração ascendente de reservas. Intervém pois, no vigor
da brotação e na formação de gemas frutíferas, apenas reservas locais, do sarmento
propriamente dito e que são tanto melhores quanto mais tardia fora a execução da poda. Ë o
que comprovam resultados que Bouard obteve durante 6 anos de observações.
O assunto é confuso, com argumentação obscura, mas inegavelmente convém, continuamos
podando o mais tarde possível, até prova em contrário.
Nas regiões brasileiras do Polígono das Secas, tão propicias a videira vinifera, essa planta
sofre radicais transformações do seu ciclo brotação-maturação. O período de repouso é
mascarado, freqüentemente, pela continuidade vegetativa. Talvez a parte mais velha do
sarmento sazone, entrando em descanso, enquanto a parte mais nova inicia novo ciclo sem
zona delimitatória definida. O segredo de acertar a melhor época da poda, esta em determinar,
para cada variedade, o exato (e fugaz) momento de paralisação vegetativa.
As variedades de ciclo muito curto e, por isso mesmo, de maturação bem precoce, apresentam
intrincados problemas quanto a época mais conveniente de serem podadas. Ë o caso típico de
Cardinal, Jundiaí 930, Delight. Ao passo que variedades de ciclo longo – Itália, Queen, Gold,
Moscatel Rosada, parecem adaptar-se muito melhor ao regime de duas safras por ano, não
apresentando problemas críticos de época de poda.
Poda verde, poda viva ou poda de verão, já dissemos que é a que se faz durante a vegetação.
Ela compreende as seguinte operações: desbrota, esladroamento, desnetamento ou
desnetação, despontamento ou capação, incisão anular, desbaste dos cachos e desfolha,
cronologicamente executadas desde a brotação até a plena e satisfatória formação dos frutos.
Desbrota e esladroamento - O primeiro é um termo genérico que exprime a supressão dos
brotos. Estes, se nascem na madeira velha, são considerados ladrões e, portanto, eliminados,
salvo se servirem para rejuvenescimento do esporão ou para preencher espaços vazios das
latadas e espaldeiras, caso que serão bem-vindos. O esladroamento, portanto, pode ser
incluído na desbrota. Entretanto, há neste ponto uma certa confusão entre o que seja
desbrotar e o que seja esladroar. Em português, como doutrina Villa Maior, a operação de
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esladroar significa aquela em que se cortam ou se arrancam os rebentos que nascem no colo
da raiz, no tronco e nos braços da cepa, ou, generalizando, é a eliminação dos ramos que não
produzem fruto, conforme se verifica pelas diversas transcrições que faz aquele tratadista. Os
nossos práticos freqüentemente chamam de ladrões aos brotos dos cavalos que emergem
vigorosamente do solo. Esldroar é portanto para eles o arrancamento dessa brotação
indesejável, correspondendo ao suckering dos viticultores norte-americanos.
O mais razoável seria para nós continuarmos com o termo desbrota, operação correspondente
ao vocábulo francês ëpamprage, e ao disbudding dos americanos, abrangendo toa a sorte de
supressões de brotos inúteis, incluindo não só os do cavalo, como os da videira toda, que não
servem pra formação e reconstituição da planta ou para a próxima poda. Na pratica raramente
nós ouvimos o emprego da expressão esladroamento. O nosso viticultor, quando os brotos
atingem 10 ou 15 centímetros, via tratando de visitar periodicamente o seu vinhedo e ir, com
as mãos, arrancar brotos deos cavalos, brotos da madeira velha que não interessam e
descarregando a brotação dos bacelos podados ou porque são infrutíferos ou porque há que
descarregar um pouco a excessiva brotação das gemas. A essas visitas ele chama
indistintamente desbrota.
Desnetamento - O broto, nascendo e crescendo, vai se definindo com se fora uma fina e
comprida coluna verde, na qual se vêem interrupções - os nós – que trazem de um lado uma
gavinha ou um cacho e do outro uma gema pontuda e protegida por uma folha. Com o tempo,
das axilas das folhas de desenvolvem ramos secundários, chamados netos. O crescimento
desmesurado dos netos atrasa o desenvolvimento do sarmento principal e por isso precisa ser
contido pelo desnetamento. Com a unha quebra-se o neto na altura do seu primeiro nó,
deixando-o com apenas uma folha. Esta precaução é tomada para não se provocar a brotação
da gema do sarmento principal, o que perturbaria todo o sistema vegetativo da planta.
Despontamento ou capação - Ë o corte da ponta dos sarmentos herbáceos, com o fito de
conter temporariamente o seu desnvolvimento, desviando a corrente de seiva para os brotos
atrasados com o fito de dar-lhes um impulso extra. O termo capação, que é evitado sem
motivo pelos autores nacionais, é de muito bom vernáculo e significa textualmente , segundo
Cândido de Figueiredo, o ato de capar ou cortar rebentos. Villa Maior o emprega
autorizadamente e dele dá o grande pomólogo moderno português Joaquim Rasteiro a
seguinte explicação: Capação é a quebradura, com a unha, da ponta do ramo frutífero, ou de
qualquer ramo no estado herbáceo. O emprego do vocábulo castração, como tem sido feito
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pelos nossos autores, para significar o despontamento dos ramos é errado, porque castração
significa a ablação dos órgãos sexuais, operação que em viticultura só tem lugar nas flores
para a realização de cruzamentos e hibridações.
Na pratica o que se observa é o exagero no despontar. Desponta-se por habito, rotina e vicio,
sem se indagar das necessidades da planta. Atingindo o sarmento um comprimento que o
guarneça de cinco ou seis folhas, lá vem a unha do capador para extirpar o ápice, com ou sem
razão. A capação só deve ser feita com o fim de equilibrar a brotação, forçando os sarmentos
mais apressados e vigorosos a esperar os retardatários. A operação pode ser repetida varias
vezes para se obter esse efeito. Para variedades muito sujeitas as queimaduras das bagas
pelo sol, a capação, provocando o crescimento da vegetação lateral, é um meio de
proporcionar mais sombra aos cachos.
Incisão anular - Consiste em se remover nos sarmentos, um anel de casca, de 5 a 10
milímetros de largura, logo abaixo do engate do cacho, com o fim de encaminhar o fluxo de
seiva elaborada para o desenvolvimento extra dos frutos. A incisão
anular, praticada na
ocasião do florescimento, melhora a fecundação dos ovários, evitando desse modo o aborto, e
outros acidentes da florada oriundos da falta de alimentação e aumentando o volume do
cacho. Praticada quando as bagas já estão formadas, melhora o tamanho da uva. Ë, portanto,
operação só interessante aos produtores de uva fina para (DESENHO DA PAGINA 183) mesa,
pois é trabalhosa, delicada, morosa e cara. Ë necessário ter cuidado de somente a casca ser
removida, sem danificar o lenho, pois assim dentro de 20 dias a ferida cicatrizará, havendo
neste espaço de tempo desviado a seiva para as flores ou frutos. Ë particularmente útil a
incisão anular para certas uvas de mesa sujeitas a permanência da corola sobre o estigma,
podendo-se eventualmente substitui-la por um arame fortemente atado ao sarmento, o qual
será mantido de 20 a 30 dias na planta.
Existem tesouras ou alicates especialmente idealizados para execução desta operação.
Essencialmente esses aparelhos são constituídos de dois cabos munidos de duas laminas
finas, côncavas, unidas por um eixo, as quais rolam em volta do sarmento, destacando o anel.
Outro tipo é uma espécie de pequeno alicate, cuja boca dentada é substituída por duas
laminas.
Desbaste dos cachos - Ë operação privativa das uvas de mesa, há longos anos executada
em todas as regiões famosas pela qualidade de seus produtos, na França, Grécia, Bulgária,
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Rússia, nos Estado Unidos, na Espanha, África do Sul, Argentina e, em escala naturalmente
modestíssima, nas regiões viticultoras brasileiras.
O desbaste dos cachos consiste em suprimir boa parte dos seus botões florais ou, mais tarde,
boa parte das baguinhas já formadas, Ë serviço indispensável nas variedades que apresentam
bagas desiguais: Moscatel de Hamburgo, Moscatel da Alexandria, Itália, Diamante Negro,
Perlona etc.; neste caso o desbaste é feito no cacho de bagas eliminando-se as de tamanho
anão. Quando se quer obter bagas maiores, o desbaste é feito no cacho de flores, quanto mais
cedo melhor. Trabalhos de Winkler, na Califórnia, em 1928, demonstram que o desbaste das
flores executado cedo, na abertura destas, aumenta o volume das bagas remanescentes em
32%, ao passo que o feito 10 dias após alcançou 18% e o feito, passados 17 dias do primeiro
desbaste, apenas 10%.
Para variedades de cachos compactos ou pouco soltos, Itália, Golden Queen, Moscato
Cataratto Cerletti, Perlona, Frankenthal, Gros Colman etc., o desbaste é obrigatório, se desejase obter produtos de alta qualidade. Nesse caso é também feito preferivelmente em flor.
Alguns princípios gerais podem ser alvitrados para a pratica do desbaste:
1 – Um desbaste ligeiro retira cerca de 25% das flores, um médio 50% e um severo 75%.
2 – Tesouras apropriadas, finas e compridas, mão ágeis e um bom senso é todo o
aparelhamento necessário.
3 – Cachos muito compridos são despontados, para começar. Os com tendência ao
arredondamento prescindem dessa medida. Após essa preliminar, escolhem-se três ou quatro
boas ramificações principais do cacho, bem distribuídas, e o resto elimina-se. Se o que ficou é
ainda muito denso, dá-se-lhe um raleio. A gavinha é também suprimida. Quando o desbaste é
feito no cacho com frutinhos, os três itens são igualmente seguidos, mas todos os baguinhos
atrofiados devem ser eliminados. No caso da Diamante Negro, esses baguinhos amadurecem
antes dos de tamanho normal, de modo que quando estes estão maduros, aqueles já estão
em vias de apodrecimento, contaminando por essa razão o cacho todo.
Desfolha ou desfolhamento - Ë a eliminação das folhas com o propósito de insolar e ventilar
os cachos. Na zona de Niágara Rosada esta pratica é estupidamente exagerada. Mal
aparecem os cachinhos de flores, surge a mão do mau viticultor a pelar o sarmento, deixando
o cacho completamente a nu. Convém consultar nosso trabalho sobre viticultura (Uvas para o
Brasil - Biblioteca de Ciências Agrárias Luiz de Queiroz, vol. 1, edição da FEALQ – Fundação
de Estudos Agrários Luiz de Queiroz, Piracicaba, SP, 1996), onde se analisa como a folha é o
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único órgão da videira que transforma os alimentos retirados do solo pelas raízes e os põe em
forma aproveitável. Cortando-se as folhas correspondentes aos cachos, suprimimos de um
golpe as melhores partes do estômago, que poderiam fornecer a esses cachos seiva
preparada para o seu desenvolvimento.
A desfolha deve ser praticada com muita cautela, quando os cachos já estiverem
completamente formados. Retira-se então uma ou outra folha para que haja melhor
iluminação, sem propriamente se expor o cacho ao pleno sol. Os trabalhos de inúmeros
pesquisadores tem demonstrado que é a luz, muito mais que a temperatura, que favorece a
combustão e, portanto, a diminuição de ácidos da uva, aumentando a sua riqueza sacarina.
Moreau & Viner, citados por Manaresi, concluíram, em 1932, que a supressão das folhas,
mesmo as mais antigas basilares, diminui a superfície de assimialação da videira, o que nas
regiões muito insoladas tem sempre efeito nocivo, ao passo que nas regiões mais frias os
resultados são duvidosos e quase nulos em relação ao mais rápido amadurecimento da uva.
Por aí vemos como o terreno demanda prudência. Convém, todavia lembrar que para
variedades muito vigorosas, sujeitas ao desavinho das flores, a retirada de folhas antes da
abertura das pétalas, pode dar bons resultados, pela diminuição do suprimento de seiva
elaborada aos órgão florais.
Amarração
O português chama de empa a operação a que se sujeita a vara do vinho, para se sustentar
levantada. Nas nossas condições, onde as videiras são amarradas quer por espaldeiras, quer
por latadas, a empa se reduz simplesmente as amarrações dos sarmentos.
Primeiro trata-se de amarrar o tronco, com vime fino, folhas de fórmio (Phormium tenax), palha
de milho, embiras etc., providencia essa tomada após a poda de inverno e após o tratamento
hibernal.
Quando os brotos novos atingem 15 a 20 centímetros, após a desbrota, portanto, são
cuidadosamente atados aos arames, sendo o melhor amarrilho a palha de milho molhada. A
ligadura deve ser frouxa para não haver estrangulamento dos ramos. Várzeas, brejos,
margens de córregos, lugares úmidos, enfim, devem ser aproveitados para plantação de vime,
fórmio e outras plantas fornecedoras de amarrilho. O vime é plantado de julho até setembro,
desde que esteja despido de sua folhagem, enterrando-se em lugar definitivo, bem
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firmemente, varas de 0,50 metro de comprimento. O fórmio é plantado no período das águas,
desmanchando-se velhas touceiras e destas separando-se diversas mudas.
Como uma base genérica, na primeira amarração sobre o segundo arame, um homem pode
amarrar 150 pés por dia. Na segunda amarração, geralmente em novembro, um homem
amarra de 70 a 100 pés diariamente, pois a vegetação esta muito mais desenvolvida.
Problemas da cultura
Há dois grupos de videira que apresentam exigências climáticas e culturais bem diversas. O
primeiro é constituído pelas variedades da videira européia (Vitis vinifera), exigentíssima de
calor, muita luz e detestando a umidade. Em climas úmidos é arrasada pelas doenças,
exigindo repetidas pulverizações e outros cuidados. O segundo grupo abrange numerosas
espécies americanas, muito mais rústicas e de qualidade inferior, em comparação com as
européias.
As americanas prosperam nos climas úmidos e apresentam maior resistência as doenças.
Ambos os grupos só produzem bem e com abundancia em terras de pH próximo ao neutro,
ricas de matéria orgânica, cálcio, fósforo, potássio e magnésio.
As podas podem estimular a produtividade, a regularidade das safras e a qualidade das uvas,
principalmente das uvas de mesa finas, de alto preço, mas, como sempre, a poda da videira
não opera milagres.
Em geral as variedades produtoras de cachos grandes são mais fecundas em poda longa.
Noutras, menos vigorosas, as podas curtas são mais adequadas. Antes de pensarmos em tais
sutilezas, é imperioso que tenhamos proporcionado as nossas videiras excelente preparo do
terreno por ocasião do plantio, isto é, revolvimento do solo e incorporação de abundantes
quantidades de esterco, calcário magnesiano e adubos fosfatados e potássicos. Depois, é
também indispensável que a plantação esteja rigorosamente defendida contras as doenças.
Questões de poda virão depois.
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