RICARDO CARDENUTO FERREIRA ANÁLISE CRÍTICA DAS TÉCNICAS CIRÚRGICAS PARA ARTRODESE DO TORNOZELO Dissertação apresentada ao Curso de PósGraduação da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo para obtenção do título de Mestre em Medicina ÁREA DE CONCENTRAÇÃO ORTOPEDIA Orientador: Prof. Dr. Marcelo Tomanik Mercadante SÃO PAULO 1999 À minha amada esposa Claudia, amiga e companheira de todos os momentos. AGRADECIMENTOS Esta dissertação é o resultado do esforço acumulado de muitas pessoas, as quais têm compartilhado comigo, altruísticamente, sabedoria, sugestões, tempo, habilidade e experiência. De modo específico, desejo agradecer: À Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, à qual devo minhas formações acadêmica, profissional e humanística desde a Faculdade até a Residência em Ortopedia e Traumatologia, bem como Pós-Graduação. Ao Prof. Dr. Waldemar de Carvalho Pinto Filho, Provedor da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, Livre Docente em Ortopedia e Traumatologia da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, pelos exemplos de academicismo, abnegação pessoal, caráter, liderança, sobriedade e dedicação à especialidade e à Instituição, e pela amizade que tanto inspiram-me. Ao Prof. Dr. José Soares Hungria Filho, Livre Docente do Departamento de Ortopedia e Traumatologia da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, por sua visão empreendedora e seu empenho incessante, os quais foram os pilares da formação do Pavilhão Fernandinho, e pelo estímulo e confiança que depositou em mim. Ao Prof. Dr. José Soares Hungia Neto, Diretor do Departamento de Ortopedia e Traumatologia da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, Professor Adjunto deste Departamento, pelo exemplo pessoal e profissional. Ao Prof. Dr. Rudelli Sérgio Andrea Aristide, Coordenador do Conselho de Cursos de Pós-Graduação em Ortopedia e Traumatologia da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, Professor Adjunto do Departamento de Ortopedia e Traumatologia da mesma Faculdade, pela possibilidade a mim oferecida de aperfeiçoar minha formação e participar deste estimulante meio acadêmico. Ao Prof. Dr. Marcelo Tomanik Mercadante, Professor Assistente do Departamento de Ortopedia e Traumatologia da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, meu orientador, cuja objetividade científica tem me ajudado a escrever com maior clareza e cuja orientação tornou possível concluir esta dissertação. Agradeço, também, pelos ensinamentos básicos na utilização do método de Ilizarov. Ao Prof. Dr. Fernando Ferreira Fonseca Filho, Professor Assistente do Departamento de Ortopedia e Traumatologia da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, pela amizade, pelo incentivo e pelos ensinamentos, que tanto enriqueceram estes anos de convivência profissional e pessoal. Ao Prof. Dr. Roberto Attílio Lima Santin, Prof. Adjunto do Departamento de Ortopedia e Traumatologia da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, por haver me iniciado na especialidade de Cirurgia do Pé e de Tornozelo, por ter inspirado o assunto desta dissertação, pela amizade e pelo estímulo. À Prof. Dra. Patrícia Maria de Moraes Barros Fucs, Professora Adjunta do Departamento de Ortopedia e Traumatologia da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, pelo auxílio na formatação e na revisão desta dissertação, bem como pelo apoio fraterno. Ao Prof. Dr. Pedro Batista Péricles, Professor Adjunto do Departamento de Ortopedia e Traumatologia da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, pela amizade, pelas palavras de sabedoria e de consolo nos momentos de provação, assim como pelo exemplo profissional que tanto admiro. À Sra.Yvany Basso Eckley, minha segunda mãe e grande incentivadora, pela revisão da forma e da ortografia desta dissertação bem como pelo estímulo, o qual somente uma pessoa que compreende profundamente as alegrias e dificuldades da carreira acadêmica, pode dar. Ao Prof. Dr. José Carlos Lopes Prado, Livre Docente do Departamento de Ortopedia e Traumatologia da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, pelo exemplo de dedicação acadêmica na qual me espelho. Ao Prof. Dr. Claudio Santilli, Professor Adjunto do Departamento de Ortopedia e Traumatologia da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, por ter guiado meus primeiros passos no Pavilhão Fernandinho Simonsen e pela amizade. Aos companheiros do Grupo de Cirurgia do Pé, Dr. Geraldo Mathias, Dr. Gastão Frizzo e Dra. Kelly Stephany com os quais tenho compartilhado os desafios e as recompensas do trabalho. Aos colegas, professores, instrutores, residentes, estagiários e funcionários do Departamento de Ortopedia e Traumatologia da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, os quais, por participarem direta ou indiretamente do nosso trabalho diário, acabaram por contribuir para a elaboração desta dissertação. SUMÁRIO 1- INTRODUÇÃO 1 2- REVISÃO DA LITERATURA 5 3- MATERIAL E MÉTODO 68 4- DISCUSSÃO 70 4.1. Etiologia da Artrose do Tornozelo 71 4.2. Tratamento Incruento da Artrose do Tornozelo 72 4.3. Tratamento Cirúrgico da Artrose do Tornozelo -Indicações 72 4.4. Objetivos da Artrodese do Tornozelo 73 4.5. Implicações Biomecânicas da Artrodese do Tornozelo 74 4.6. Princípios Técnicos da Artrodese do Tornozelo 76 4.7. Tipos de Artrodese 77 4.8. Vias de Acesso Cirúrgico 78 4.9. Tipos de Osteossíntese para a Artrodese do Tornozelo 79 4.9.1. Método de Artrodese sem Osteossíntese 79 4.9.2. Métodos de Artrodese com Osteossíntese 81 4.9.3. Fixação Interna 82 4.9.3.1. Fixação Interna com Placa 83 4.9.3.2. Fixação Interna com Haste Intramedular 84 4.9.3.3. Fixação Interna com Parafusos 84 4.9.4. Fixação Externa 85 4.9.4.1. Desvantagens da Fixação Externa 87 4.9.4.2. Método Compressivo de CHARNLEY 88 4.9.4.3. Método de ILIZAROV 89 4.10. Complicações Associadas à Artrodese do Tornozelo 92 4.11. Fatores de Risco de Pseudartrose 92 4.11.1. Tabagismo 93 4.11.2. Déficit Sensitivo 93 4.11.3. Artrite Degenerativa Pós-Traumática 94 4.12. Métodos para Avaliações Funcional e Radiográfica 99 4.12.1. Escalas para Avaliação Funcional Pós-Operatória 99 4.12.2. Dor Lateral Pós-Artrodese do Tornozelo 100 4.12.3. Atrofia da Musculatura da Perna e Encurtamento 101 4.12.4. Alterações Sensitivas 102 4.12.5. Mobilidade da Articulação Subtalar 102 4.12.6. Mobilidade Tarsal Compensatória após Artrodese 104 4.12.7. Calosidade Pós-Operatória 109 4.12.8. Edema Residual Pós-Operatório 110 4.12.9. Artrose Tardia do Retropé 111 5- CONCLUSÕES 112 6- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 114 FONTES CONSULTADAS 123 RESUMO 126 ABSTRACT 128 APÊNDICES 130 1- INTRODUÇÃO A artrodese do tornozelo foi descrita por ALBERT em 1879 e, desde então, continua sendo o método de eleição no tratamento de afecções do tornozelo, quando esta articulação encontra-se irremediavelmente comprometida e os sintomas dolorosos não podem ser controlados por outros meios. As principais indicações da artrodese do tornozelo são: a dor incapacitante associada à artrose avançada, a instabilidade grave e a deformidade articular que implicam em déficit funcional. As primeiras técnicas empregadas para artrodesar o tornozelo não utilizavam nenhum tipo de fixação interna. Durante a consolidação óssea, a posição da articulação era mantida por aparelho gessado. Foi ANDERSON, em 1945, quem primeiro descreveu o uso da fixação externa para estabilizar a artrodese do tornozelo. Ao longo dos anos, diferentes métodos de fixações externa e interna foram sendo desenvolvidos. Até recentemente, o método de fixação mais difundido e utilizado para a artrodese do tornozelo era o da fixação externa compressiva, descrito por CHARNLEY, em 1951. As complicações decorrentes desta técnica, entre elas a elevada incidência de pseudartroses, estimularam estudos clínicos e biomecânicos na busca de alternativas mais eficazes de estabilização. Outra questão, que sempre gerou discussão, motivando discordância entre autores, foi a posição ideal na qual o tornozelo deve ser artrodesado. Os estudos biomecânicos de MANN (1980) e os testes realizados em laboratórios de marcha por BUCK et al. (1987) ajudaram a elucidar este problema. Mais recentemente, o desenvolvimento de novas técnicas cirúrgicas, a melhoria dos materiais e dos métodos de fixação, bem como do atendimento aos pacientes politraumatizados vêm permitindo preservar membros inferiores gravemente traumatizados que, em tempos passados, eram primariamente amputados. Com isto, o número e a gravidade das seqüelas vêm aumentando. A complexidade destas lesões torna difícil o tratamento e, muitas vezes, envolve a artrodese do tornozelo. Os avanços recentes na radio e na quimioterapia têm permitido maior sobrevida dos pacientes com tumores ósseos malignos. Cirurgias reconstrutivas, que tentam preservar o membro afetado, vêm sendo indicadas com maior freqüência. Estas novas técnicas utilizam transplante ósseo vascularizado empregando microcirurgia e, no caso de comprometimento dos membros inferiores, elas podem implicar na artrodese do tornozelo, necessitando de métodos não convencionais de fixação. Nos anos mais recentes, a técnica de artrodese do tornozelo, utilizando artroscopia e fixação percutânea com parafusos canulados, vem sendo empregada em casos selecionados, onde a degeneração articular associa-se à mínima deformidade ósteo-articular. O grande número e a grande variedade de técnicas de artrodese do tornozelo refletem o amplo espectro deste procedimento. A artrodese do tornozelo não é uma cirurgia simples. As superfícies ósseas disponíveis para a fusão são pequenas e de difícil fixação, exigindo apurada precisão. A posição final da artrodese tem importância relevante no resultado funcional e pode ser de difícil controle durante o ato cirúrgico, especialmente quando estão presentes perdas ósseas ou deformidades prévias. A pseudartrose é uma complicação freqüente e de difícil solução, quando está associada à necrose avascular do corpo do tálus, à perda óssea articular ou à infecção. Nestes casos, quando se vislumbram problemas persistentes e a necessidade de múltiplas cirurgias de resultado incerto, a amputação do membro pode ser uma alternativa razoável. No que concerne à artrodese do tornozelo, ainda existem muitas questões sem resposta. O objetivo deste estudo é realizar uma análise crítica da literatura pertinente às diferentes técnicas de artrodese do tornozelo a fim de tentar estabelecer normas e diretrizes de tratamento com esta técnica. 2- REVISÃO DA LITERATURA ALBERT (1879) publica a primeira descrição cirúrgica da artrodese do tornozelo e suas indicações. Introduz os princípios básicos da técnica, que consistem na decorticação das superfícies articulares seguida de coaptação das mesmas até a obtenção da fusão óssea. GOLDTHWAIT (1908) publica a primeira referência, na língua inglesa, da artrodese do tornozelo. Indicá-a como tratamento para portadores das seqüelas da poliomielite com instabilidade crônica do tornozelo. Propõe o uso da via de acesso cirúrgico lateral transversal associada à osteotomia do maléolo lateral, para permitir a correção de deformidades articulares durante a operação. Após a decorticação e a coaptação das superfícies articulares, recomenda que a posição seja mantida com imobilização, empregando aparelho gessado suro-podálico. SPEED & BOYD (1936) estudam os resultados e as complicações decorrentes da consolidação viciosa das fraturas-luxações do tornozelo em 50 pacientes. Destes, oito foram submetidos à artrodese do tornozelo. Os autores empregam a via de acesso cirúrgico anterior ou posterior. Descrevem protocolo de tratamento das seqüelas destas lesões traumáticas e recomendam a artrodese sempre que existir artrose degenerativa em estado avançado. Preconizam o uso de enxerto ósseo em todos os casos e a imobilização com aparelho gessado. Os resultados da técnica não são mencionados nesta publicação. BLAIR (1943) descreve técnica cirúrgica própria para tratar a necrose avascular do corpo do tálus. Emprega a ressecção daquele segmento ósseo pela via de acesso cirúrgico ântero-lateral, seguida da artrodese da tíbia com o segmento remanescente do tálus. Enxerto ósseo córtico-esponjoso, proveniente da superficície anterior da tibia distal, é destacado por intermédio de um formão e deslizado distalmente até ser impactado diretamente no colo do tálus. HALLOCK (1945) publica o resultado obtido com a artrodese do tornozelo em 38 pacientes (39 articulações), no período compreendido entre 1928 e 1943. Utiliza a via de acesso cirúrgico longitudinal anterior, o enxerto ósseo e a imobilização gessada por 12 semanas. Obtém consolidação em 30 articulações (77%). O período médio de seguimento é quatro anos. Relata que a persistência da deformidade em eqüino contribui para complicações como: dor pós-operatória e marcha claudicante. ANDERSON (1945) descreve a utilização da fixação externa na artrodese do tornozelo, com aparelho por ele desenvolvido. Emprega dupla via de acesso cirúrgico: uma lateral e outra medial. Descreve a importância do uso do fixador, que pode ou não ser associado ao aparelho gessado. Relata que a fixação externa tem como vantagens: aumentar a estabilidade entre os segmentos ósseos durante o período de consolidação e facilitar os cuidados com a ferida cirúrgica . ADAMS (1948) descreve os resultados da artrodese do tornozelo, realizada pela via de acesso cirúrgico lateral e trans-fibular, em 30 pacientes. Após a ressecção da extremidade distal da fíbula, a decorticação das superfícies articulares e a aposição óssea cuidadosa, a fíbula é fixada à tíbia e ao tálus com três parafusos corticais. Segundo o autor, a fíbula distal desempenha dupla função: estabilização e enxerto ósseo. Osso esponjoso, retirado do ilíaco, é utilizado para preencher o espaço articular. Todos os pacientes são mantidos com aparelho gessado durante 12 semanas. A consolidação ocorre em 28 articulações (93%) e o número de complicações é pequeno. GALLIE (1948) descreve técnica de artrodese do tornozelo empregando mínima dissecção cirúrgica. Utiliza dupla via de acesso: uma ântero-lateral e outra ântero-medial. Sem ressecar a superfície cartilaginosa da articulação, procede a interposição de enxerto ósseo maciço, obtido da tíbia, no espaço articular. Os pacientes são mantidos com bota gessada por período médio de três meses. Obtém consolidação em todos os 25 pacientes operados com esta técnica. O período médio de seguimento é oito anos. CHARNLEY (1951) descreve a utilização da compressão óssea na artrodese do tornozelo. Emprega o fixador externo uniplanar desenvolvido para estabilizar o joelho. Propõe a via de acesso cirúrgico anterior transversa, com secção dos tendões extensores e do feixe vásculo-nervoso. No tratamento de 19 pacientes, durante o período de três anos, obtém consolidação em 15 articulações (79%). BARR & RECORD (1953) descrevem os resultados da artrodese do tornozelo em 50 pacientes (55 articulações). As operações são realizadas no período compreendido entre 1947 e 1951. A maioria dos pacientes (46%) apresenta, como diagnóstico pré-operatório, seqüela de poliomielite. Utilizam dupla via de acesso cirúrgico: uma ântero-lateral e outra ântero-medial. Enxerto ósseo maciço córticoesponjoso, obtido da região distal da tíbia, é interposto no espaço articular do tornozelo após a ressecção da cartilagem. A imobilização com aparelho gessado é mantida por 12 semanas. Os autores não relatam os resultados obtidos com esta técnica. RATILIFF (1959) relata os resultados da artrodese do tornozelo, realizada em 55 pacientes (59 articulações), pelo método descrito por CHARNLEY (1951). Vinte e uma articulações (38%) apresentam diagnóstico pré-operatório de artrose póstraumática. Após seis semanas, o fixador externo é removido e segue-se período de imobilização gessada de oito semanas, em média. A consolidação da artrodese ocorre em 54 (91%) das 59 articulações operadas. O período mínimo de seguimento é um ano. KENNEDY (1960) descreve algumas modificações na técnica original, descrita por GALLIE (1948), para artrodese do tornozelo. Realiza a ressecção da cartilagem articular, emprega enxerto ósseo homólogo e realiza fixação interna com dois agrafes. Com as modificações, acredita permitir a correção de deformidades articulares e melhorar a estabilidade entre os segmentos ósseos. CHUINARD & PETERSON (1963) apresentam nova técnica de artrodese do tornozelo indicada para crianças com a placa de crescimento da tíbia distal ainda presente. O objetivo é preservar a integridade da fise e evitar deformidades ulteriores decorrentes de lesões assimétricas da placa de crescimento. Empregam enxerto ósseo autógeno córtico-esponjoso retirado do osso ilíaco. Após decorticarem as superfícies articulares do tálus e da tíbia distal, utilizam distrator articular e aproveitam a elasticidade das partes moles adjacentes para impactar, sob pressão, o bloco ósseo córtico-esponjoso. O espaço articular remanescente é, então, preenchido com enxerto ósseo esponjoso. São operados 21 pacientes, sendo a maioria (66%) portadora de seqüela da poliomielite. A via de acesso cirúrgico empregada é a longitudinal anterior. Em 15 pacientes (74%) ocorre consolidação óssea após cinco meses, comprovada clínica e radiograficamente. JOHNSON & BOSEKER (1968) realizam estudo comparativo entre vários métodos de fixação habitualmente empregados na artrodese do tornozelo. Avaliam 132 pacientes (140 articulações) operados no período compreendido entre 1956 e 1963. Noventa e seis pacientes (69%) apresentam dignóstico pré-operatório de artrose pós-traumática. A consolidação ocorre em 120 das 140 articulações (85%). Concluem que os procedimentos cirúrgicos complexos associados à realização da artrodese do tornozelo envolvem: aumento no tempo necessário para a consolidação, maior número de complicações pós-operatórias e maior incidência de resultados insatisfatórios. Observam, ainda, que a via de acesso cirúrgico com osteotomia maleolar não influencia na consolidação óssea. Preconizam o uso de enxerto ósseo e de métodos compressivos de fixação como forma de reduzir a incidência de pseudartrose. LANCE, PAVEL, PATTERSON Jr, FRIES, LARSEN (1971) estudam uma série de 183 pacientes (190 articulações) tratados com artrodese do tornozelo. Nesta série, 115 pacientes (63%) apresentam como diagnóstico pré-operatório seqüela de poliomielite. Realizam estudo comparativo entre cinco diferentes métodos de fixação e concluem que os piores resultados são os observados nos pacientes tratados pelo método de CHARNLEY(1951), cuja porcentagem de pseudartrose atinge 22%. VERHELST, MULIER, HOOGMARTENS, APAAS (1976) avaliam 20 pacientes, 15 portadores de artrose pós-traumática. Os pacientes são operados entre 1964 e 1974, tendo sido submetidos à artrodese do tornozelo pela via de acesso cirúrgico lateral, com ressecção da fíbula distal. Três técnicas diferentes de artrodese do tornozelo são empregadas: fixação externa compressiva pelo método de CHARNLEY (1951), fixação interna por meio de agrafes e fixação interna com parafusos transfixando a fíbula distal que é ancorada à tíbia e ao tálus. Concluem que o método compressivo de CHARNLEY (1951) é o mais eficiente, devido à menor ocorrência de pseudartrose. MAZUR, SCHWARTZ, SIMON (1979) analisam, em laboratório para estudo da marcha, os resultados funcionais após artrodese do tornozelo, realizada em 22 pacientes. Utilizam dados obtidos da análise eletroneuromiográfica em ambos os membros inferiores. Avaliam comparativamente a mobilidade das articulações dos joelhos e da articulação do tornozelo remanescente, utilizando métodos de análise computadorizada tridimensional. Todos os ciclos da marcha são testados em diferentes superfícies e planos de inclinação do solo. Concluem que os indivíduos com artrodese do tornozelo apresentam pouca ou moderada limitação quando calçam sapatos com salto de tamanho apropriado, desenvolvem movimentos compensatórios nas articulações do mediopé no lado artrodesado e que a articulação do tornozelo contra-lateral apresenta mobilidade normal. Quando descalços, a dificuldade para a marcha é acentuada. Descrevem um método próprio para avaliação objetiva dos resultados funcionais da artrodese do tornozelo. JACKSON & GLASGOW (1979) avaliam a amplitude remanescente do movimento articular médio-tarsal após a artrodese do tornozelo. Estudam 37 pacientes e observam que a hipermobilidade compensatória médio-tarsal não ocorre com freqüência. Constatam aumento da mobilidade em 10 pacientes (27%), diminuição em 12 (33%) e nenhuma alteração em outros 15 (40%). Estudam, ainda, o arco de movimento do eixo do pé em relação ao eixo da perna, comparando a amplitude de flexão dorsal e flexão plantar no lado operado em relação ao lado contralateral. Observam redução de aproximadamente 75% deste arco de movimento no lado submetido à artrodese do tornozelo MANN (1980) descreve os efeitos das artrodeses realizadas nas articulações do pé e na articulação do tornozelo no mecanismo da marcha. Relata que, quando existe necessidade de artrodesar as articulações do retropé (subtalar e tornozelo), estas devem ser posicionadas em discreto valgo, evitando o bloqueio da articulação médio-tarsal durante a fase de apoio da marcha. A mobilidade desta articulação é fundamental na acomodação do pé aos diversos tipos de terreno. Quando o retropé encontra-se posicionado em varo, a articulação médio-tarsal fica permanentemente bloqueada e o pé perde sua capacidade de adaptação aos terrenos irregulares. DENNIS & TULLOS (1980) apresentam os resultados do tratamento da necrose avascular do tálus realizado em sete pacientes, todos operados entre 1966 e 1978. Empregam modificações na técnica original descrita por BLAIR (1943), as quais consistem em: via de acesso cirúrgico ântero-lateral e uso de fixação interna. Utilizam um parafuso cortical com 4,5 mm de diâmetro para fixar a cabeça do tálus ao enxerto ósseo deslizado ao longo da face anterior da tíbia. Obtêm consolidação e bom resultado funcional em cinco pacientes (71%). O tempo médio de seguimento é quatro anos. SCRANTON JR, FU, BROWN (1980) descrevem os resultados da artrodese do tornozelo realizada em 42 pacientes (50 articulações), todos operados entre 1973 e 1978. A média de idade é 42 anos. Sessenta e oito porcento dos pacientes operados apresentam deformidade articular prévia e 16% têm problemas nos tecidos adjacentes à articulação. Diversas técnicas de artrodese são empregadas. A consolidação ocorre em 35 articulações (70%). O tempo médio de seguimento é 15 meses. Na mesma publicação, os autores comparam a estabilidade da fixação de três distintos métodos: placa em T, fixador externo de Charnley e utilização da fíbula distal como enxerto ósseo fixado lateralmente no local da artrodese. Os estudos biomecânicos demonstram que a placa em T proporciona maior estabilidade, tanto no plano ântero-posterior quanto no rotacional. O fixador de Charnley apresenta grande estabilidade às forças de cizalhamento e pouca estabilidade no plano rotacional. LIONBERGER, BISHOP, TULLOS (1982) apresentam os resultados do tratamento de cinco pacientes portadores de necrose avascular do corpo do tálus. Realizam a ressecção do osso necrótico e artrodese tibio-talo-navicular. Empregam a via de acesso cirúrgico lateral transversa e utilizam um parafuso cortical para a fixação da cabeça e do colo do tálus à tíbia. Os pacientes são mantidos com aparelho gessado durante 12 semanas. A consolidação ocorre em todos os pacientes, após tempo mínimo de seguimento de um ano. STEWART, BEELER, McCONNELL (1983) apresentam os resultados da artrodese do tornozelo em 28 pacientes, cuja média de idade é 48 anos, todos operados entre 1955 e 1979. Vinte e seis pacientes (93%) têm o diagnóstico préoperatório de artrose pós-traumática. Utilizam o método compressivo de CHARNLEY (1951) associado à ressecção de ambos os maléolos que, ulteriormente, são utilizados como enxerto ósseo e fixados ao local da artrodese com parafusos corticais de 4,5 mm de diâmetro. O acesso cirúrgico é realizado por dupla via, uma ântero-lateral e outra ântero-medial. A consolidação é obtida em 26 articulações (93%). O tempo médio de seguimento é quatro anos e meio. Os parâmetros de MAZUR (1979) são empregados para avaliação funcional e a pontuação média obtida no pós-operatório é 80 pontos. A mobilidade da articulação médio-tarsal pósoperatória é medida em 17 pés submetidos à artrodese e comparada com o pé contralateral, não operado, do próprio paciente. Os resultados mostram um aumento na amplitude do movimento no lado operado em três pés (17%), diminuição em nove (53%) e nenhuma alteração em cinco (30%). Não observam correlação entre o resultado funcional e a amplitude do movimento médio-tarsal nos pés operados. SCRANTON JR. (1985) descreve os resultados da técnica de artrodese do tornozelo, empregando fixação interna com uma placa em T aplicada na face medial desta articulação. Vinte e cinco pacientes, com média de idade de 47 anos, são operados entre 1979 e 1982. Dezesseis deles (64%) apresentam o diagnóstico préoperatório de artrose pós-traumática. A via de acesso cirúrgico utilizada é a longitudinal medial. Enxerto ósseo obtido do maléolo medial é utilizado em todos os casos. Os pacientes são mantidos com imobilização gessada durante 12 semanas. A consolidação ocorre em 24 pacientes (96%). O tempo médio de seguimento é três anos. Utiliza os parâmetros de avaliação de MAZUR (1979) para análise funcional dos resultados. Observa que a pontuação média pré-operatória aumenta de 47 para 82 pontos no período pós-operatório. O número de complicações é pequeno. ROSS & MATTA (1985) descrevem técnica de fixação interna para artrodese do tornozelo utilizando duas placas em T, uma lateral e outra medial. Oito pacientes, com média de idade de 31 anos, são operados. Todos possuem o diagnóstico préoperatório de artrose pós-traumática. Empregam dupla via de acesso cirúrgico, com uma incisão medial e outra lateral. A fíbula distal é ressecada. Consolidação ocorre em todos os oito pacientes após período médio de oito semanas. O número de complicações é pequeno. HAGEN (1986) relata os resultados da artrodese do tornozelo realizada em 17 pacientes, todos operados entre 1973 e 1984, com média de idade de 51 anos. Quatorze pacientes (82%) possuem o diagnóstico pré-operatório de artrose póstraumática. Três diferentes métodos de fixação externa são utilizados: fixador de Charnley, modificação do fixador de Charnley utilizando configuração biplanar e fixador de Calandruccio cuja configuração é triangular biplanar. Pseudartrose ocorre em seis pacientes (35%); sempre no grupo de pacientes tratados com fixador uniplanar de Charnley. O autor conclui que o aparelho de Calandruccio promove maior estabilidade no plano rotacional do que o aparelho de Charnley empregado nas configurações uni ou biplanar. BACIU (1986) descreve técnica de artrodese do tornozelo com mínima dissecção óssea. O método é indicado para pacientes portadores de artrose avançada com mínima deformidade articular. São operados 62 pacientes com média de idade de 36 anos. Utiliza uma pequena incisão medial e, com o auxílio do intensificador de imagens e de uma trefina própria, retira um pequeno cilindro ósseo contendo parte da superfície articular do tornozelo. Este bloco cilíndrico é introduzido novamente em posição reversa, rodado 90 graus em relação à sua posição original e impactado sob pressão. O tempo de imobilização gessada pós-operatória é de 12 a 16 semanas. Obtém consolidação em 57 pacientes (92%). O tempo médio de seguimento é seis anos. O número de complicações pós-operatórias é pequeno. KENZORA, SIMMONS, BURGESS, EDWARDS (1986) apresentam os resultados da artrodese do tornozelo em pacientes portadores de seqüela de traumatismo grave na extremidade inferior. Avaliam 37 pacientes, cuja média de idade é 33 anos, todos operados entre 1976 e 1985. Vinte e seis pacientes (70%) apresentam seqüelas graves geradas por traumatismos de alta energia. A estabilização óssea é feita com os aparelhos de Calandruccio ou Hoffmann para permitir o tratamento das lesões nos tecidos adjacentes. O tempo médio de tratamento é cinco meses e meio. Consolidação ocorre em 29 pacientes (78%). Oito (22%) desenvolvem pseudartrose, sempre no grupo dos 26 pacientes vítimas de traumatismo de alta energia. BUCK, MORREY, CHAO (1987) estudam os efeitos da artrodese do tornozelo na qualidade da marcha. Têm como objetivo identificar a melhor posição para artrodese. Avaliam 19 pacientes submetidos à artrodese unilateral do tornozelo. Comparam o desempenho do pé operado em relação ao pé normal e levam em consideração a capacidade e a qualidade da marcha em diferentes tipos de terreno. Concluem que o melhor posicionamento para a artrodese deve ser: neutro em relação à flexão plantar e dorsal, zero a cinco graus de valgo, cinco a 10 graus de rotação externa e deslocamento posterior do tálus em relação à tíbia. MYERSON, FISCHER, BURGESS, KENZORA (1986) descrevem escala para avaliação clínica funcional dos resultados após o tratamento de lesões traumáticas da articulação tarso-metatarsal. A escala baseia-se apenas em dados obtidos a partir da história clínica e do exame físico. São valorizadas a presença ou não de dor e a capacidade funcional do pé. São atribuidos pontos para cada critério avaliado e o valor máximo que pode ser alcançado é 100 pontos. A escala passa a ser conhecida como “Escala de Maryland para o pé”. LYNCH, BOURNE, RORABECK (1988) apresentam os resultados da avaliação de 62 pacientes submetidos à artrodese do tornozelo entre 1970 e 1981. Quarenta e cinco pacientes (73%) têm o diagnóstico pré-operatório de artrose póstraumática. A média de idade é 50 anos e o tempo médio de seguimento é de sete anos. Diferentes técnicas de artrodese são empregadas, predominando o método compressivo de CHARNLEY (1951) utilizado em 33 pacientes (53%). A consolidação ocorre em 53 articulações (86%). Nove pacientes (14%) desenvolvem pseudartrose, sete deles tratados pelo método de CHARNLEY (1951). Relatam diminuição na amplitude de movimento da articulação subtalar em todos os pés operados. Em 39 pacientes, a amplitude de movimento médio-tarsal é aferida em ambos os pés, tanto no pé operado quanto no contra-lateral não operado. Os autores observam que nove pés (23%) submetidos à artrodese do tornozelo apresentam mobilidade médio-tarsal aumentada em relação ao pé contra-lateral não operado. Em 19 pés (49%) esta mobilidade encontra-se diminuída e, em 11 pés (28%), ela permanece inalterada. Quarenta e quatro pacientes são avaliados funcionalmente pelos parâmetros de MAZUR (1979), sendo obtida uma pontuação média pósoperatória de 75 pontos. Os autores não observam correlação entre o resultado funcional e a amplitude de movimento residual da articulação médio-tarsal após a artrodese do tornozelo. ILIZAROV (1989) publica os resultados de suas pesquisas e de seus estudos experimentais, em animais, iniciados no ano de 1951. Tendo empregado método próprio de fixação óssea, utilizando o fixador externo circular por ele desenvolvido, estabelece o conceito relativo à gênese e ao crescimento dos tecidos, submetidos à tensão progressiva e permanente, que entitula “Lei da Tensão-Estresse”. FLEMING, PALEY, KRISTIANSEN, POPE (1989) estudam a estabilidade mecânica da fixação com o aparelho de Ilizarov. Comparam os resultados dos testes de rigidez, realizados com cinco variações na configuração espacial do fixador, a oito fixadores externos, uni e biplanares, testados previamente. Relatam que, quando são usados fios olivados para fixação óssea, o aparelho de Ilizarov possui resistência similar àquela dos fixadores uni ou biplanares em todos os planos testados (ânteroposterior, latero-lateral, torsional e cizalhamento), com exceção à conferida no plano axial, quando a resistência do fixador de Ilizarov é menor. Concluem que, com a resistência axial 75% menor do que os outros fixadores, o aparelho de Ilizarov permite dinamização com o apoio do pêso durante a marcha. A presença de compressão axial na interface dos segmentos ósseos favorece o processo de consolidação. CIERNY III, COOK, MADER (1989) apresentam os resultados da artrodese do tornozelo realizada em 26 pacientes, todos portadores de osteomielite crônica da tíbia distal, operados entre 1981 e 1987. A média de idade é 33 anos. Todos os pacientes são submetidos previamente a debridamento cirúrgico. Em dezessete pacientes (65%), é necessária a utilização de fixação externa para permitir cuidados com as partes moles durante o tratamento. A artrodese do tornozelo é, então, realizada numa segunda etapa cirúrgica. Procedimentos complementares são necessários: 15 pacientes necessitam de enxerto ósteo-cutâneo e 13 de enxerto ósseo de aposição. Consolidação ocorre em 24 pacientes (92%). O tempo médio de seguimento é dois anos. O número de complicações durante o transcorrer do tratamento é elevado. Calculam que o custo pecuniário do tratamento atinge cifras variando de US$ 28.000 a US$ 120.000 por paciente. MYERSON & ALLON (1989) descrevem o uso da técnica artroscópica para artrodese do tornozelo. As vantagens deste método são: evitar a desperiostização óssea e reduzir a agressão às partes moles. A associação destes fatores à possibilidade da fixação percutânea pode ser o fator determinante da consolidação precoce da artrodese (aproximadamente nove semanas). Fator benéfico associado com este procedimento é a redução no período de imobilização pós-operatório. CAMPBELL (1990) descreve modificação na técnica original para artrodese do tornozelo descrita por CHUINARD & PETERSON (1963). Ressalta a possibilidade de preservar a integridade da placa de crescimento da epífise distal da tíbia, quando esta técnica é utilizada em crianças. Avalia os resultados obtidos com sua técnica no tratamento de 12 pacientes (13 articulações). A média de idade dos pacientes é 27 anos. Utiliza a via de acesso cirúrgico longitudinal posterior. Enxerto ósseo bi-cortical, retirado do ilíaco, é interposto no espaço articular e fixado com um fio de Steinman introduzido através do calcâneo, do tálus e da tíbia. Aparelho gessado cruro-podálico é mantido durante 12 semanas. Com tempo médio de seguimento de 11 meses, a consolidação ocorre em 12 articulações (92%). O número de complicações é pequeno. DENNIS, CLAYTON, WONG, MACK, SUSMAN (1990) avaliam os resultados da artrodese do tornozelo em 16 pacientes, 13 dos quais com diagnóstico pré-operatório de artrose pós-traumática. Utilizam a via de acesso cirúrgico lateral, com osteotomia da fíbula distal. A fixação é feita com dois parafusos esponjosos de 6,5 mm de diâmetro dispostos de forma cruzada. A extremidade distal da fíbula é utilizada como enxerto ósseo adicional, fixada à face lateral do tálus e da tíbia por dois parafusos corticais. Os pacientes são mantidos com aparelho gessado durante três ou quatro semanas. Consolidação ocorre em 15 pacientes (94%). O número de complicações é pequeno. O tempo médio de seguimento é 15 meses. Todos os pés operados apresentam diminuição na amplitude de movimento da articulação subtalar. A amplitude do movimento médio-tarsal pós-operatório é, em média, 18 graus. A avaliação funcional utiliza os parâmetros de MAZUR (1979) e mostra resultados satisfatórios em 12 pés (75%) e insatisfatórios em quatro (25%). SMITH & WOOD (1990) avaliam os resultados da artrodese do tornozelo em 11 pacientes, cuja média de idade é 50 anos, todos portadores de Artrite Reumatóide. Os pacientes são operados entre 1977 e 1986. Para fixação, empregam o método compressivo de CHARNLEY (1951). Consolidação ocorre em todos os pacientes. O tempo médio de seguimento é 58 meses. SHIBATA, TADA, HASHIZUME (1990) publicam os resultados obtidos com a artrodese do retropé (articulações do tornozelo e subtalar) em 24 pacientes (26 pés). Todos com diagnóstico pré-operatório de neuroartropatia decorrente de hanseníase. A média de idade é 55 anos. Os pacientes são operados no período de 1970 a 1985. Empregam dupla via de acesso cirúrgico, uma póstero-lateral com ressecção da fíbula distal e outra medial. A osteossíntese é realizada com haste intramedular de Küntscher introduzida através do calcâneo, do tálus e da extremidade inferior da tíbia. O maléolo lateral ressecado é utilizado como enxerto ósseo. Agrafes ou fios de Kirschner são utilizados como fixação adicional para controlar a rotação. Imobilização com aparelho gessado é mantida durante seis meses. Após o período de imobilização com gesso, todos os pacientes passam a utilizar uma órtese de polipropileno para a perna e pé durante seis meses adicionais. A consolidação ocorre em 19 articulações (73%). O tempo médio de seguimento é nove anos e cinco meses. THORDARSON, MARKOLF, CRACCHIOLO III (1990) realizam estudo em articulações de cadáveres, comparando dois diferentes métodos de fixação utilizados na artrodese do tornozelo. O segmento da fíbula distal é previamente ressecado em todos os espécimes. A tíbia é fixada ao tálus com dois parafusos esponjosos de 6,5 mm de diâmetro dispostos de forma cruzada. Após a primeira sessão de testes, a fíbula distal é adicionada à fixação inicial e estabilizada por parafusos esponjosos com 6,5mm de diâmetro dispostos paralelamente. Novos testes são, então, realizados. Os autores concluem que, na presença de osso osteoporótico, a adição da fíbula distal aumenta a estabilidade da fixação. O incremento da estabilidade ocorre devido à maior resistência às forças rotacionais. GREEN (1990) ressalta a importância da reabilitação supervisionada para os pacientes em tratamento com o aparelho de Ilizarov. A prevenção e o controle da infecção cutânea, o treinamento e o incentivo constante à deambulação em programa intensivo de fisioterapia supervisionada são insistentemente enfatizados. Ressalta, ainda, a importância do início precoce do movimento articular e do uso de órteses para prevenção de: deformidade, contratura, rigidez e luxação articular. CARRIER & HARRIS (1991) avaliam os resultados da artrodese do tornozelo em cinco pacientes, todos portadores de Artrite Reumatóide. Empregam dupla via de acesso cirúrgico, uma ântero-medial e outra lateral. Para a fixação são utilizados dois fios de Steinmann, paralelos entre si, introduzidos através do calcâneo, do tálus e da extremidade distal da tíbia. Os pacientes são mantidos com aparelho gessado durante 12 semanas. Obtêm consolidação em todos os pacientes. O tempo médio de seguimento é seis anos. GRUEN & MEARS (1991) publicam técnica para fixação interna da artrodese do tornozelo empregando placa angulada com ângulo fixo de 95 graus. Apresentam os resultados do tratamento de cinco pacientes, cuja média de idade é 44 anos, vítimas de traumatismo de alta energia na região da tíbia distal e na articulação do tornozelo. Todos os pacientes apresentam o diagnóstico pré-operatório de pseudartrose infectada, com várias tentativas prévias de artrodese do tornozelo (média de sete cirurgias para cada paciente), todas mal-sucedidas. O tratamento é realizado em três etapas: a primeira consiste em debridamentos cirúrgicos (quatro procedimentos, em média, por paciente). A segunda, em cobertura das partes moles com enxerto livre vascularizado do músculo Grande Dorsal. A terceira e última etapa consiste na fixação tibia-calcanear com placa angulada 95 graus, empregando via de acesso cirúrgico longitudinal posterior. Durante o período pós-operatório, todos os pacientes permanecem com aparelho gessado suropodálico de 12 a 16 semanas. A consolidação é obtida em todos os pacientes com tempo médio de seguimento de 51 meses. HOLT, HANSEN, MAYO, SANGEORZAN (1991) avaliam os resultados do tratamento de 22 pacientes (23 articulações), cuja média de idade é 29 anos, submetidos à artrodese do tornozelo. As cirurgias são realizadas no período de 1978 a 1987. Para fixação, utilizam dois parafusos esponjosos de 6,5 mm de diâmetro dispostos numa forma cruzada. A fíbula distal é utilizada como enxerto ósseo adicional, fixada ao tálus por um terceiro parafuso. Dezessete pacientes (58%) apresentam o diagnóstico pré-operatório de artrose pós-traumática. Empregam dois acessos cirúrgicos: longitudinal anterior ou lateral trans-fibular com ressecção da fíbula distal. A escolha depende da preferência do cirurgião. Todos os pacientes são mantidos com aparelho gessado pelo prazo mínimo de oito semanas. A consolidação é obtida em 17 articulações (71%). Complicações ocorrem em sete pés (29%). O tempo médio de seguimento é 26 meses. KIRPATRICK, GOLDNER, GOLDNER (1991) avaliam os resultados do tratamento da pseudartrose da articulação do tornozelo em 11 pacientes operados entre 1980 e 1987. A média de idade dos pacientes é 35 anos. Todos haviam sido submetidos à prévia tentativa de artrodese do tornozelo sem sucesso. Empregam a via de acesso cirúrgico lateral trans-fibular. Realizam a ressecção da fíbula distal em sete articulações. A fixação é feita com dois parafusos esponjosos de 6,5 mm de diâmetro dispostos na forma cruzada. Os quatro pacientes restantes são operados por diferentes técnicas. A consolidação ocorre em nove articulações (82%). O tempo médio de seguimento é dois anos. Os parâmetros de MAZUR (1979) são utilizados para avaliação funcional em sete pacientes; os resultados são considerados satisfatórios em cinco e insatisfatórios em dois. KITAOKA (1991) relata os resultados do tratamento de 10 pacientes, cuja média de idade é 48 anos, operados entre 1978 e 1986. Todos apresentam o diagnóstico pré-operatório de pseudartrose do tornozelo após mal-sucedida tentativa de artrodese, indicada como cirurgia de salvamento, após falência de prévia artroplastia do tornozelo. A indicação da primeira tentativa de artrodese foi falha após artroplastia do tornozelo. A indicação primária da artroplastia para sete dos pacientes havia sido artrose pós-traumática. Cinco pacientes são submetidos à revisão da artrodese do tornozelo, enquanto que os demais são submetidos à talectomia e à artrodese tibia-calcanear. Osteossíntese com fixação externa é realizada em sete pacientes e mantida durante 10 semanas, em média. Em seguida à retirada do fixador, estes pacientes utilizam aparelho gessado durante mais sete semanas, em média. A consolidação ocorre em sete pacientes (70%). O período médio de seguimento é sete anos. MALARKEY & BINSKI (1991) apresentam os resultados da artrodese do tornozelo realizada em 12 pacientes, cuja média de idade é 49 anos, todos operados no período compreendido entre 1984 e 1987. Onze pacientes (92%) apresentam o diagnóstico pré-operatório de artrose pós-traumática. Para fixação, é utilizado o aparelho de Calandruccio. Empregam dupla via de acesso cirúrgico: uma ânteromedial e outra ântero-lateral. Ambos os maléolos são ressecados e ulteriormente utilizados como enxerto ósseo, sendo fixados com parafusos esponjosos de 6,5 mm de diâmetro ao local da artrodese. A consolidação ocorre em 11 articulações (92%). O tempo médio de seguimento é 18 meses. Nove pacientes são avaliados pelos parâmetros de MAZUR (1979) e em sete os resultados são considerados satisfatórios. MANN, MANEN, WAPNER, MARTIN (1991) relatam os resultados da artrodese do tornozelo realizada em 16 pacientes (18 articulações). A média de idade dos pacientes é de 43 anos. Treze articulações operadas (72%) apresentam diagnóstico pré-operatório de artrose pós-traumática. Empregam a via de acesso cirúrgico lateral trans-fibular com ressecção da fíbula distal. Para fixação são empregados dois parafusos esponjosos de 6,5 mm de diâmetro, dispostos paralelamente e instalados de distal para proximal, fixando o tálus à tibia. Não utilizam enxerto ósseo. Os pacientes são mantidos com aparelho gessado suropodálico durante 15 semanas. A consolidação ocorre em 17 articulações (94%). O número de complicações é pequeno. O tempo mínimo de seguimento é seis meses. MAURER, CIMINO, COX, SATOW (1991) avaliam os resultados da artrodese do tornozelo em 46 pacientes (47 articulações), cuja média de idade é 53 anos, todos operados entre 1964 e 1987. Trinta e sete pacientes (80%) apresentam diagnóstico pré-operatório de artrose pós-traumática. Para a fixação óssea, utilizam parafusos ou fixação externa com a técnica de CHARNLEY (1951). Trinta e cinco articulações (74%) são operadas pela via de acesso cirúrgico ântero-lateral ou ânteromedial e fixadas com dois parafusos esponjosos de 4,5 ou 6,5 mm de diâmetro dispostos numa configuração cruzada. Enxerto ósseo esponjoso é utilizado em todos estes pacientes e aparelho gessado é mantido de 10 a 12 semanas. As 12 articulações restantes (26%) são tratadas com fixação externa pelo método compressivo de CHARNLEY (1951). Empregam a via de acesso cirúrgico longitudinal anterior. A consolidação ocorre em todas as articulações tratadas com fixação interna e em 10 (83%) das tratadas com fixação externa. Concluem que o método de CHARNLEY (1951) apresenta maior número de complicações quando comparado com o método de fixação interna. O tempo médio de seguimento é dois anos. MAZUR, CUMMINGS, McCLUSKEY, LOVELL (1991) apresentam revisão com as indicações mais freqüentes da artrodese do tornozelo nas crianças. Ressaltam a importância de preservar a placa de crescimento da epífise distal da tíbia, tendo recomendado, para isso, a utilização da técnica descrita por CHUINARD & PETERSON (1963). MEARS, GORDON, KANN, KANN (1991) descrevem nova técnica de fixação interna para artrodese do tornozelo, utilizando uma placa de compressão dinâmica estreita. Avaliam 17 pacientes, cuja média de idade é 47 anos, submetidos à artrodese entre 1974 e 1979. Onze deles apresentam o diagnóstico pré-operatório de artrose pós-traumática. Empregam a via de acesso cirúrgico longitudinal anterior. A fixação é feita com uma placa de compressão dinâmica estreita e dois parafusos corticais com 4,5 mm de diâmetro. É agregado enxerto ósseo retirado da metáfise distal da tíbia. Todos os pacientes utilizam aparelho gessado durante oito semanas. A consolidação ocorre em 14 articulações (82%). O número de complicações é pequeno. O tempo mínimo de seguimento é um ano. A avaliação funcional é realizada em 15 pacientes utilizando os parâmetros de MAZUR (1979). Os resultados são considerados satisfatórios em 11 e insatisfatórios em quatro pacientes. MOECKEL, PATTERSON, INGLIS, SCULCO (1991) avaliam os resultados da artrodese do tornozelo realizada em 66 pacientes (68 tornozelos), todos operados no período compreendido entre 1980 e 1988. A média de idade é 51 anos. Empregam a via de acesso cirúrgico longitudinal anterior. Quarenta articulações (59%) são submetidas à fixação interna com parafusos cruzados. Enxerto ósseo córticoesponjoso, proveniente da face anterior da tíbia distal ipsilateral, é utilizado em 27 articulações. As 28 articulações restantes (41%) são submetidas à fixação externa. O fixador externo de Charnley é utilizado em 19 pacientes , o de Hoffman em sete e o de Calandruccio em dois. A consolidação ocorre em 38 articulações (95%) no grupo com fixação interna e em 22 (78%) no grupo com fixação externa. O número de complicações é menor no grupo tratado com fixação interna. O tempo médio de seguimento é 5 anos. MYERSON & QUILL (1991) avaliam comparativamente os resultados da artrodese do tornozelo realizada mediante a técnica convencional e a técnica artroscópica. A fixação interna em ambos os tipos de artrodese é feita com dois parafusos esponjosos de 6,5 ou 7,0 mm de diâmetro dispostos numa configuração cruzada. São avaliados 33 pacientes, com média de idade de 45 anos, todos operados no período compreendido entre 1986 e 1989. Dezessete pacientes (52%) são operados, empregando-se a técnica artroscópica, enquanto que 16 (48%) o são pela técnica tradicional utilizando via de acesso cirúrgico lateral trans-fibular e ressecção da fibula distal. Vinte e dois pacientes (67%) apresentam o diagnóstico préoperatório de artrose pós-traumática. A consolidação ocorre em 32 articulações (97%). O tempo médio de seguimento é 23 meses. O único caso de pseudartrose ocorre no grupo de pacientes submetidos à artrodese por via artroscópica. Concluem que a técnica artroscópica apresenta vantagens, tais como: menor tempo de hospitalização, maior conforto no pós-operatório imediato, menor período de imobilização e menor intervalo até a consolidação (média de 9 semanas). Em contrapartida tem como desvantagem não permitir a correção das deformidades na articulação do tornozelo. SCRANTON JR. (1991) publica revisão da literatura a respeito da artrodese do tornozelo. Sumariza as etiologias mais freqüentes, as alternativas de tratamento incruento, as diferentes técnicas cirúrgicas e as várias formas de fixação óssea. Enfatiza a posição mais satisfatória para a fixação articular bem como as dificuldades e complicações encontradas nas diversas situações clínicas. STONE & HELAL (1991) apresentam os resultados da artrodese das articulações do retropé (tornozelo e subtalar), utilizando fixação interna com haste intramedular. O pré-requisito para a utilização deste método de fixação é o comprometimento articular tanto no tornozelo quanto na subtalar. Avaliam 18 pacientes (20 pés) com idades entre 30 e 82 anos. Treze pacientes (72%) são portadores de Artrite Reumatóide. Utilizam a via de acesso cirúrgico longitudinal anterior. Empregam, para fixação interna, uma haste intramedular introduzida através do calcâneo, do tálus e da tíbia distal. Em 12 pés, utilizam fixação adicional com agrafes para controlar a rotação. Todos os pacientes são mantidos com aparelho gessado durante 14 semanas. A consolidação ocorre em 19 articulações (95%). O tempo mínimo de seguimento é dois anos. Relatam como complicação uma fratura na diáfise tibial durante a inserção da haste. WELTMER, CHOE, SHENOY, SCHWARTSMAN (1991) relatam a utilização da placa angulada de Wolf para a fixação interna compressiva da artrodese do tornozelo. Avaliam 19 pacientes, cuja média de idade é 47 anos, operados entre 1977 e 1986. Dezesseis pacientes (84%) apresentam o diagnóstico pré-operatório de artrose pós-traumática. Utilizam a via de acesso cirúrgico longitudinal anterior. A placa é fixada na face anterior da articulação com parafusos corticais de 4,5 mm de diâmetro. Após a cirurgia, todos os pacientes são mantidos com aparelho gessado até o aparecimento de sinais clínicos e radiográficos de consolidação. A consolidação ocorre em 18 articulações (95%). O número de complicações é pequeno. O tempo médio de seguimento é 5 anos. Para avaliação funcional, empregam os parâmetros de MAZUR (1979) e obtêm pontuação média pós-operatória de 75 pontos. SALOMÃO, CARVALHO JR, FERNANDES, MARQUES, MONTENEGRO (1991) avaliam os resultados da artrodese do tornozelo realizada em 29 pacientes (30 articulações). A média de idade é 35 anos. Os diagnósticos préoperatórios têm a seguinte distribuição: artrose pós-traumática em 20 pacientes (67%), seqüela de poliomielite em seis (20%), seqüela de pé eqüinovaro em dois (7%), seqüela de lesão do nervo ciático em um (3%) e seqüela de osteomielite em um (3%). Empregam a via de acesso cirúrgico lateral transfibular. O segmento da fíbula distal é ressecado e utilizado posteriormente como enxerto ósseo. Parafusos corticais de 4,5 mm de diâmetro são utilizados para fixar a fíbula distal à tíbia e ao tálus. Fixação adicional é obtida pela inserção de um fio de Steinmann através do calcâneo, do tálus e da tíbia. Todos os pacientes são mantidos com bota gessada durante 12 semanas. A consolidação ocorre em 23 articulações (76,7%). O tempo máximo de seguimento pós-operatório é de 10 anos. WAPNER (1992) descreve a técnica de artrodese do tornozelo que utiliza fixação interna com dois parafusos esponjosos, canulados, de 6,5 mm de diâmetro, dispostos paralelamente entre si. O autor enfatiza que a via de acesso lateral trans -fibular associada à ressecção da fíbula distal permite a inspecção das articulações do tornozelo e subtalar. Enxerto ósseo esponjoso, retirado da fíbula distal previamente ressecada, é considerado uma opção para preencher os espaços eventualmente presentes após a coaptação das superfícies ósseas entre a tíbia e o tálus. A imobilização com aparelho gessado é recomendada de 12 a 14 semanas. BERMAN , ISRAELITE, BOSACCO, PARKS (1992) avaliam os resultados da artrodese do tornozelo, utilizando o fixador externo de Charnley. Modificam a configuração original do aparelho, empregando montagem triangular. O objetivo é aumentar a estabilidade da fixação. Vinte e três pacientes são operados pela via de acesso cirúrgico longitudinal anterior. A consolidação ocorre em 21 pacientes (91%). CRACCHIOLO III, CIMINO, LIAN (1992) comparam os resultados da artrodese do tornozelo realizada com dois diferentes métodos de fixação. Vinte e seis pacientes (32 articulações), todos portadores de Artrite Reumatóide, são operados no período compreendido entre 1979 e 1988. Treze articulações (41%) são operadas pela via de acesso cirúrgico ântero-lateral e fixadas com dois parafusos esponjosos canulados de 6,5 mm de diâmetro dispostos numa forma cruzada. Dezenove articulações (59%) são operadas pela via de acesso anterior e fixadas com o aparelho de Calandruccio. Enxerto ósseo esponjoso retirado do ilíaco é utilizado, sempre que necessário, para preencher toda falha óssea remanescente após a cruentização das superfícies articulares. Todos os pacientes submetidos à fixação interna são mantidos com aparelho gessado durante 12 semanas. A consolidação ocorre em 10 articulações (77%) daquelas submetidas à fixação interna e em 15 (79%) das submetidos à fixação externa. O tempo médio de seguimento é 33 meses. Vinte pés são avaliados pelos parâmetros de MAZUR (1979), 11 no grupo da fixação externa e nove no grupo da fixação interna. Os resultados são considerados satisfatórios em 14 pés: sete (63%) no grupo da fixação externa e sete (78%) no grupo da fixação interna. KUMMER (1992) publica os resultados dos estudos a respeito da biomecânica do fixador externo circular de Ilizarov. Realiza experimentos variando o diâmetro, o número, a posição, a tensão e a angulação dos fios utilizados na fixação óssea. Avalia as conseqüências determinadas pela variação do diâmetro dos anéis e sua posição em relação ao osso. Conclue que a montagem ideal do aparelho de Ilizarov, onde pode ser obtida maior estabilidade e menor resistência axial, deve utilizar anéis de pequeno diâmetro dispostos paralelamente entre si e posicionados o mais próximo possível um do outro. Para a fixação óssea, recomenda: fios olivados de 1,8 mm de expessura, dispostos numa angulação entre si de 60 a 90 graus e sob tensão. JONHSON, WELTMER, LIAN, CRACCHIOLO III (1992) descrevem os resultados da artrodese do tornozelo, realizada em seis pacientes, empregando o aparelho de Ilizarov para fixação óssea. A média de idade dos pacientes é 48 anos. Quatro apresentam pseudartrose, deformidade e infecção ativa, após mal-sucedida tentativa de artrodese. A via de acesso cirúrgico varia de acordo com a localização das fístulas. Após debridamento dos tecidos necróticos, o fixador externo é instalado e as deformidades são corrigidas no próprio ato cirúrgico. A artrodese do tornozelo é realizada em dois pacientes e nos outros quatro a artrodese tibia-calcanear. A consolidação ocorre em cinco pacientes (83%). O tempo médio de seguimento é 26 meses. ABDO & WASILEWSKI (1992) relatam o efeito da artrodese do tornozelo na mobilidade médio-tarsal. Avaliam clínica e radiograficamente 30 pacientes (31 articulações), cuja média de idade é 63 anos, operados entre 1957 e 1987. Vinte e quatro articulações (77%) apresentam diagnóstico pré-operatório de artrose póstraumática. Várias técnicas para artrodese são empregadas. A consolidação é obtida em 22 articulações (71%). O tempo médio de seguimento é sete anos. Baseados nas radiografias pós-operatórias, os autores analisam a mobilidade sagital residual do pé depois da artrodese do tornozelo. A média da amplitude de movimento do pé em relação à perna é 22 graus, medida clinicamente. Ocorre perda de aproximadamente 70% da amplitude de movimento do pé operado em relação ao pé contralateral não operado. Após a artrodese do tornozelo, a mobilidade médio-tarsal aumenta em 29% dos pés avaliados; diminui em 32% e permanece inalterada em 39%. Os parâmetros de MAZUR (1979) são empregados para avaliação funcional e a pontuação média pós-operatória é 68 pontos. Os autores não observam relação entre o resultado funcional e a amplitude de movimento pós-operatório da articulação médio-tarsal. THORDARSON, MARKOLF, CRACCHIOLO III (1992) publicam os resultados do estudo comparativo entre dois tipos de fixação empregados na artrodese do tornozelo: fixação interna com dois parafusos esponjosos cruzados de 6,5 mm de diâmetro e fixador externo de Calandruccio. Avaliam 23 articulações obtidas de cadáveres. Inicialmente, todas são submetidas à fixação com parafusos e submetidas à seqüência de testes. Numa segunda etapa, é instalado o fixador externo de Calandruccio e os parafusos removidos. A seqüência de testes é repetida. Os autores concluem que a montagem com o fixador externo de Calandruccio mostra maior estabilidade ante às forças torsionais. Isto é particularmente evidente quando existe osteoporose. KITAOKA, ANDERSON, MORREY (1992) avaliam os resultados da revisão da artrodese do tornozelo em 26 pacientes, com média de idade de 54 anos, operados entre 1978 e 1986. Todos os pacientes são portadores de pseudartrose após sucessivas tentativas de artrodese, com média de três cirurgias por paciente. O nível da artrodese envolve a articulação do tornozelo em 17 pacientes (65%) e a tibia-talocalcanear em nove (35%). Utilizam dupla via de acesso cirúrgico, uma lateral e outra medial. Enxerto ósseo, retirado do ilíaco, é utilizado em 18 articulações (70%). Para estabilização óssea, empregam vários métodos de fixação externa. O aparelho de Calandruccio é utilizado em 18 articulações (70%). Obtêm consolidação em 20 articulações (77%). A avaliação clínica mostra 16 resultados satisfatórios (61%) e 10 resultados insatisfatórios (39%). O tempo médio de seguimento é cinco anos. NERY, BRUSCHINI, MAGALHÃES, SODRÉ, MIZUSAKI (1992) apresentam os resultados do tratamento de 50 pacientes, submetidos à artrodese das articulações do tarso e do tornozelo. Todos os pacientes apresentam diagnóstico préoperatório de artrose sem deformidade acentuada. Utilizam o método das trefinas e não empregam fixação interna. Os pacientes são mantidos com bota gessada pelo período médio de 16 semanas. A consolidação ocorre em 80%. WANG, SHEN, McLAUGHLIN, STAMP (1993) apresentam um estudo comparativo entre o método de fixação da artrodese do tornozelo com placa em T e outros métodos de fixação. Avaliam 21 pacientes (22 articulações), cuja média de idade é 47 anos, todos portadores de artrose pós-traumática e operados entre 1984 e 1988. Um grupo de 11 pacientes é submetido à artrodese do tornozelo pela via de acesso cirúrgico lateral transfibular, ressecção da fíbula distal e fixação com uma placa em T. Outro grupo com 10 pacientes (11 articulações) é submetido à artrodese por diversas técnicas. No grupo de pacientes que utilizam placa em T ocorre a consolidação em 10 articulações (91%). O tempo médio de seguimento é dois anos e meio. No grupo de pacientes operados com diversas técnicas, a consolidação ocorre em nove articulações (82%). O tempo médio de seguimento é três anos e meio. Para a avaliação funcional, os autores utilizam os parâmetros de MAZUR (1979) e obtêm uma média de 74 e 63 pontos respectivamente. Concluem que, na sua pequena casuística, a utilização da placa em T para fixação da artrodese do tornozelo não demonstra vantagens significativas em relação aos demais métodos de fixação. KISH, EBERHART, KING, HOLZAEPFEL, POLLOCK (1993) realizam estudo em cadáveres, buscando identificar a melhor posição para a colocação dos parafusos durante a fixação interna da artrodese do tornozelo. Utilizam dois parafusos esponjosos canulados de 6,5 mm de diâmetro e um parafuso esponjoso canulado de 4,5mm de diâmetro. Após realizarem testes em várias posições, concluem que a maior estabilidade ocorre quando a fixação é feita de proximal para distal (da tíbia para o tálus). Definem três colunas no tálus: uma lateral, uma central e outra medial. Recomendam que os parafusos sejam introduzidos um em cada coluna numa disposição cruzada. PAPA, MYERSON, GIRARD (1993) publicam os resultados da artrodese tibia-tarsal em pacientes portadores de deformidade e destruição articular advindas da neuroartropatia diabética. Avaliam 29 pacientes, cuja média de idade é 52 anos, operados entre 1986 e 1989. Todos apresentam fratura-luxação ou luxação pura das articulações do retropé (subtalar e tornozelo). Várias artrodeses são realizadas, destacando-se: tornozelo em oito pés, tibia-calcanear em sete, tríplice em seis, pantalar em dois e tibia-talo-calcanear em dois. Utilizam dupla via de acesso cirúrgico: uma via lateral transfibular com a ressecção da fíbula distal e outra via medial. Para fixação interna, utilizam parafusos esponjosos canulados de 7,0 mm de diâmetro e agrafos. Nos casos com infecção ativa, é empregada fixação externa. Enxerto ósseo, retirado do ilíaco ou da fíbula distal, é utilizado na maioria dos casos. Os pacientes são mantidos com aparelho gessado pelo prazo médio de 5 meses e, a seguir, passam a utilizar permanentemente uma órtese de polipropileno para imobilizar a perna e o pé. O número de complicações no decorrer do tratamento é alto. A consolidação ocorre em 19 articulações (66%). O período médio de seguimento é 42 meses. Sete das 10 articulações tibia-tarsais, que desenvolvem pseudartrose, encontram-se estáveis e assintomáticas, totalizando 93% de resultados satisfatórios. OGILVIE-HARRIS, LIEBERMAN, FITSIALOS (1993) publicam os resultados da artrodese do tornozelo realizada pela via artroscópica. Avaliam 19 pacientes com idade entre 27 e 59 anos. Quatorze pacientes (74%) apresentam o diagnóstico pré-operatório de artrose pós-traumática. Os portais de acesso empregados na artroscopia são o ântero-lateral e o ântero-medial. Para fixação são utilizados três parafusos esponjosos canulados com diâmetro de 6,5 mm introduzidos percutaneamente. O intensificador de imagens é empregado para orientar o correto direcionamento dos parafusos. Os pacientes são mantidos com aparelho gessado. O tempo médio para a consolidação da artrodese é oito semanas.A consolidação ocorre em 17 tornozelos (89%). O tempo médio de seguimento é 39 meses. Para avaliação funcional são empregados os parâmetros de MAZUR (1979). A pontuação média pós-operatória é 82 pontos. DENT, PATIL, FAIRCLOUGH (1993) apresentam os resultados da artrodese do tornozelo realizada por via artroscópica em oito pacientes. A idade varia de 31 a 67 anos. Em seis pacientes (75%), o diagnóstico pré-operatório é artrose póstraumática. A fixação da artrodese é percutânea, com dois parafusos esponjosos canulados de 6,5 mm de diâmetro introduzidos com orientação do intensificador de imagens. Os pacientes são mantidos com aparelho gessado por seis semanas. Consolidação ocorre em quatro articulações (50%) e anquilose fibrosa assintomática nas quatro restantes (50%). O tempo médio de seguimento é 24 meses. BONO, ROGER, JACOBS (1993) publicam os resultados da artrodese do tornozelo realizada em pacientes portadores de artropatia secundária a doenças neuropáticas. Avaliam 10 pacientes (11 pés), com média de idade de 50 anos, operados entre 1979 e 1989. Diversos métodos de fixação são empregados. Artrodese do tornozelo é realizada em três pés, artrodese tríplice em seis, artrodese pantalar em um pé e osteotomia corretiva do mediopé em um pé. Utilizam a via de acesso cirúrgico longitudinal anterior para a realização da artrodese do tornozelo. Quando da realização da artrodese tríplice e da pantalar, utilizam duas vias de acesso: uma medial e outra lateral transfibular com ressecção da fíbula distal. Para fixação interna, são utilizados dois ou três fios de Steinmann. Os pacientes são mantidos com aparelho gessado durante 14 semanas, em média. Consolidação ocorre em 10 pés (91%). O tempo médio de seguimento é seis anos. COBB, GABRIELSEN, CAMPBELL, WALLRICHS, ILSTRUP (1994) realizam análise retrospectiva, buscando a associação entre tabagismo e a ocorrência de pseudartrose após tentativa de artrodese do tornozelo. Avaliam 44 pacientes operados entre 1980 e 1990, subdividindo-os em dois grupos, com 22 pacientes. Cada grupo é semelhante ao outro em relação ao sexo, à média de idade (49 anos), ao diagnóstico pré-operatório (predomínio de artrose pós-traumática) e ao tipo de osteossíntese utilizada. A diferença entre os dois grupos é conter pacientes fumantes ou não. Concluem que o risco relativo da ocorrência de pseudartrose, quando da tentativa de artrodese do tornozelo, é 16 vezes maior nos pacientes tabagistas. CASADEI, RUGGIERI, GIUSEPPE, BIAGINI, MERCURI (1994) descrevem os resultados do tratamento dos tumores ósseos da tíbia distal, empregando ressecção óssea extensa e reconstrução da extremidade da perna com artrodese do tornozelo. Avaliam 12 pacientes portadores de tumores ósseos localizados na extremidade distal da tíbia, todos operados entre 1976 e 1992. Oito apresentam tumor ósseo maligno e quatro, tumor ósseo benigno recidivado. Realizam a ressecção da tíbia distal e a reconstrução com enxerto ósseo em nove pacientes (75%). Em três pacientes (25%), a reconstrução é feita com a fíbula contralateral, utilizada como enxerto ósseo vascularizado. Sete pacientes (58%) são submetidos à artrodese do tornozelo e cinco (42%) à artrodese de todo retropé (articulações do tornozelo e subtalar). Os métodos de osteossíntese utilizados são: haste intramedular bloqueada, placa ou parafusos. Dez pacientes são mantidos com imobilização gessada adicional durante quatro meses e meio. Consolidação com cura oncológica ocorre em 10 pacientes (83%). O período médio de seguimento é 68 meses. Oito pacientes desenvolvem, como complicação, assimetria no comprimento do membros inferiores devido à lesão da físe distal da tíbia. DOHM, PURDY, BENJAMIN (1994) realizam estudo comparativo para avaliar a eficácia de seis técnicas diferentes empregadas para artrodese do tornozelo. Avaliam 37 pacientes, cuja média de idade é 50 anos, operados entre 1977 e 1989. Vinte e dois pacientes (59%) apresentam diagnóstico pré-operatório de artrose póstraumática. Os métodos de fixação empregados e os resultados obtidos são: fixação externa compressiva com fixador externo de Charnley (oito articulações, três pseudartroses), fixação interna com parafusos esponjosos cruzados de 6,5 mm de diâmetro (cinco articulações, três pseudartroses), fixação interna com placa em T (seis articulações, nenhuma pseudartrose), fixação interna com parafusos cruzados associada à utilização da fíbula distal como enxerto (sete articulações, cinco pseudartroses), uso de enxerto ósseo esponjoso sem nenhum tipo de fixação (três articulações, nenhuma pseudartrose) e fixação interna com parafusos e agrafos (oito articulações, duas pseudartroses). O melhor desempenho, em termos de consolidação, é obtido com o uso da fixação interna com placa em T. HAWKINS, LANGERMAN, ANGER, CALHOUN (1994) apresentam os resultados da artrodese do tornozelo, empregando o aparelho de Ilizarov. São avaliados 20 pacientes, cuja média de idade é de 35 anos, operados entre 1988 e 1993. Dezessete pacientes (85%) apresentam seqüelas de traumatismos graves na região da tíbia distal ou da articulação do tornozelo e são portadores de osteomielite crônica. Previamente à cirurgia havia: defeito ósseo segmentar da tíbia distal em dez pacientes (50%), deformidades na perna em três (15%), artropatia neuropática decorrente do diabetes em dois (10%) e deformidade articular advinda da artrogripose em um (5%). A montagem do aparelho de Ilizarov consiste em 2 anéis fixados à tíbia distal e conectados com um semi-anel fixado ao tálus e ao calcâneo. Nos casos em que é necessário transporte ósseo para preencher defeito segmentar na tíbia distal ou quando é necessário alongamento para equalização dos membros, a montagem do aparelho é extendida proximalmente e realiza-se corticotomia metafisária proximal na tíbia. Consolidação da artrodese é obtida em 16 articulações (80%). O resultado funcional é considerado satisfatório em 12 pacientes (60%). O período médio de seguimento é 22 meses. Complicações ocorrem com freqüência durante o tratamento, especialmente infecções no trajeto dos fios. São necessárias várias cirurgias durante o tratamento, para a correção das deformidades residuais. Os autores propõem, sem concluir, um debate sobre o que seria melhor para o paciente: uma extremidade amputada usando uma prótese ou uma extremidade salva com artrodese do tornozelo. KITAOKA, ALEXANDER, ADELAAR, NUNLEY, MYERSON, SANDERS (1994) constituem comitê especialmente designado pela Sociedade de Pé e Tornozelo da Academia Americana de Ortopedia (AOFAS). Discutem a necessidade da unificação e do aperfeiçoamento dos diversos métodos de avaliações clínica e funcional para tornozelo e pé, ressaltando a necessidade da criação de um método único. Propõem um método de avaliação que se baseia em quatro escalas de pontuação, variando de zero a 100. Cada uma das escalas é específica: retropé (articulação do tornozelo e subtalar), articulação médio-tarsal, hálux e dedos menores. Ressaltam que o objetivo da criação deste método de avaliação é permitir comparações entre as diversas técnicas de tratamento. OLGIVIE-HARRIS, FITSIALOS, HEDMAN (1994) realizam estudo comparando a estabilidade da fixação da artrodese do tornozelo, empregando parafusos. Dezesseis pernas de cadáveres humanos são dissecadas e a fíbula distal ressecada, sendo divididas em dois grupos de oito. Em cada grupo é realizada fixação entre a tíbia e o tálus com parafusos esponjosos, com diâmetro de 6,5 mm dispostos de forma cruzada. A diferença entre os grupos reside no número de parafusos utilizados para a fixação. No primeiro grupo são utilizados dois parafusos, enquanto que no segundo são utilizados três. Após a fixação articular, vários testes são realizados. São aplicadas forças cíclicas de inclinação e torsão. Os autores concluem que a fixação com três parafusos apresenta melhor estabilidade e resistência ao torque. Afirmam que a seqüência de inserção dos parafusos interfere na qualidade da fixação, sendo maior a compressão interfragmentária quando o parafuso lateral é inserido inicialmente. THORDARSON, MARKOLF, CRACCHIOLO III (1994) realizam estudo comparando dois diferentes sistemas de fixação externa utilizados na artrodese do tornozelo. Avaliam a estabilidade do fixador externo de Calandruccio montado em quatro diferentes configurações e comparam-nas com a estabilidade do fixador externo unilateral Orthofix. Os testes biomecânicos são realizados em oito articulações do tornozelo de cadáveres. Concluem que, o fixador externo de Calandruccio é duas vezes mais estável do que o Orthofix, ao resistir às forças no eixo de movimento de flexo-extensão da articulação do tornozelo. Não constatam diferença significativa entre ambos os fixadores, quanto às solicitações das forças torsionais. BRALY, BAKER, TULLOS (1994) publicam os resultados da artrodese do tornozelo, realizada em 19 pacientes, cuja média de idade é de 54 anos, operados entre 1986 e 1990. Treze articulações (68%) apresentam diagnóstico pré-operatório de artrose degenerativa pós-traumática. A via de acesso cirúrgico empregada foi a ântero-lateral transfibular, com ressecção da fíbula distal. Para fixação da artrodese são utilizados dois parafusos esponjosos com diâmetro de 6,5 mm, introduzidos pela face medial da tíbia e dispostos paralelamente. Fixação adicional é obtida com uma placa em T, apoiada na superfície lateral da tíbia distal. Os pacientes são mantidos com imobilização gessada de oito a 12 semanas. A consolidação é obtida em 18 tornozelos (95%). O período médio de seguimento é 20 meses. O número de complicações é pequeno. Os parâmetros de MAZUR (1979) são utilizados para avaliação funcional pós-operatória, obtendo-se média de 70 pontos. DOHM, BENJAMIN, HARRISON, SZIVEK (1994) publicam os resultados de estudo comparativo de três diferentes formas de fixação interna utilizadas na artrodese do tornozelo. Trinta extremidades distais de cadáveres são dissecadas e a fíbula distal é ressecada. Em 13, a fixação é feita com dois parafusos esponjosos de 6,5 mm de diâmetro, dispostos numa forma cruzada. Em 11 espécimes são empregadas, para fixação, duas placas em T; uma em cada lado da articulação. Nas seis extremidades restantes, a fíbula distal é utilizada como enxerto ósseo de aposição, sendo fixada à tíbia distal e ao tálus por dois parafusos esponjosos de 6,5 mm de diâmetro, dispostos de forma cruzada. Concluem que a fixação mais estável é obtida com o uso das duas placas em T. FRIEDMAN, GLISSON, NUNLEY II (1994) avaliam a estabilidade proporcionada pela fixação interna na artrodese do tornozelo, utilizando dois parafusos esponjosos canulados, com diâmetro de 6,5 mm. Os parafusos são dispostos em duas diferentes formas: cruzada e paralela. Utilizam 20 articulações do tornozelo, provenientes de 10 cadáveres. A fíbula é ressecada e somente a tíbia e o tálus são utilizados neste estudo. Dez articulações são fixadas com dois parafusos dispostos cruzados no sentido proximal para distal. Outras 10 articulações são fixadas com dois parafusos dispostos paralelos no sentido distal para proximal. Concluem que a osteossíntese com parafusos dispostos cruzados é mais estável às forças torcionais do que à fixação obtida com parafusos dispostos paralelamente. STRANKS, CECIL, JEFFERY (1994) relatam os resultados da artrodese do tornozelo realizada em 20 pacientes, operados no período de 1989 a 1991. Dez pacientes (50%) apresentam o diagnóstico pré-operatório de artrose pós-traumática. Empregam a via de acesso cirúrgico longitudinal anterior. Para fixação, são utilizados dois parafusos esponjosos, canulados, de 6,5 mm de diâmetro dispostos cruzados. Enxerto ósseo esponjoso, retirado do ilíaco, é utilizado para preencher espaço remanescente. Todos os pacientes são mantidos com imobilização gessada durante 12 semanas. A consolidação é obtida em 19 tornozelos (95%). O número de complicações é pequeno. O tempo médio de seguimento é 21 meses. Os parâmetros de MAZUR (1979) são utilizado para avaliação funcional. A pontuação média pósoperatória é 70 pontos. MAGALHÃES (1995) apresenta os resultados do tratamento de 30 pacientes submetidos à artrodese do tornozelo, empregando o método das trefinas, descrito por BACIU (1986). Todos os pacientes apresentam artrose sem deformidade angular ou rotacional da articulação do tornozelo. O diagnóstico pré-operatório é artrose póstraumática em 80% dos pacientes. Utiliza pequena via de acesso cirúrgico lateral à articulação do tornozelo, por onde introduz pequena trefina e resseca um bloco ósseo cilíndrico contendo a superfície articular. O bloco é introduzido novamente no mesmo orifício, porém com rotação de 90 graus em relação ao seu eixo original. Não utiliza fixação interna. Os pacientes são mantidos com imobilização gessada durante 16 semanas. A consolidação ocorre em 26 articulações (87%). O período médio de seguimento é 30 meses. TURAN, WREDMARK, TSAI (1995) publicam os resultados da artrodese do tornozelo realizada por via artroscópica em oito pacientes (10 articulações), todos portadores de Artrite Reumatóide. A média de idade é 54 anos. Para fixação da artrodese são utilizados parafusos esponjosos canulados, com diâmetro de 6,5 mm, introduzidos per-cutaneamente, com auxílio do intensificador de imagens e dispostos cruzados. A articulação subtalar é simultaneamente artrodesada em seis casos (60%). Os pacientes utilizam aparelho gessado durante 10 semanas. A consolidação ocorre em todas as articulações. O período médio de seguimento é 11 meses. BISHOP, WOOD, SHEETZ (1995) publicam os resultados do emprego de enxerto ósseo vascularizado no tratamento de 11 pacientes portadores de falha óssea da extremidade distal da perna. Todos os pacientes são operados entre 1980 e 1990. A média de idade é 32 anos. Seis pacientes apresentam pseudartrose infectada. Cinco pacientes têm defeito ósseo na tíbia distal; quatro, devido à ressecção tumoral e um devido à seqüela de fratura da tíbia distal associada à perda óssea. Defeito ósseo menor do que quatro centímetros está presente em quatro pacientes e é tratado com enxerto ósseo vascularizado retirado da crista ilíaca. Perda óssea maior do que quatro centímetros, associada à grave lesão das partes moles, está presente em sete pacientes. É tratada com retalho ósteo-muscular ou ósteo-cutâneo, utilizando técnica microcirúrgica. Em todos os pacientes faz-se necessário artrodesar a articulação do tornozelo para obter estabilidade do membro. Sete pacientes utilizam fixação interna com parafusos corticais ou fios de Kirschner e são mantidos com aparelho gessado até a integração do enxerto e a consolidação da artrodese. Outros cinco pacientes, todos apresentando infecção prévia, utilizam fixador externo para estabilização óssea. Durante todo o período de tratamento, são necessárias mais 37 cirurgias complementares. A consolidação da artrodese ocorre em 9 pacientes (82%). O período médio de seguimento é 15 meses. CROSBY, YEE, FORMANECK, FITZGIBBONS (1996) publicam os resultados da artrodese do tornozelo realizada por via artroscópica em 42 pacientes. A média de idade é 46 anos. Todos os pacientes são operados entre 1989 e 1994. Trinta e oito pacientes (90%) apresentam diagnóstico pré-operatório de artrose póstraumática. Para fixação, são empregados três parafusos esponjosos, canulados, com diâmetro de 6,5 mm. A técnica de colocação dos parafusos é per-cutânea com auxílio do intensificador de imagens. Enxerto ósseo desmineralizado, misturado com osso medular aspirado da crista ilíaca, é introduzido no espaço articular utilizando a cânula do artroscópio. Todos os pacientes são mantidos com aparelho gessado durante seis semanas. A consolidação ocorre em 39 articulações (93%). O período médio de seguimento é 27 meses. CARVALHO JR. FERNANDES, CORSATO, BAPTISTA, CAMPOS, SALOMÃO (1997) publicam os resultados da artrodese do tornozelo realizada em 56 pacientes. Três diferentes técnicas cirúrgicas são empregadas: a de Gatellier-Adams, pela via de acesso cirúrgico trans-fibular em 29 pacientes (média de idade: 35 anos), a de Kenneth-Johnson, empregando o fixador externo de Calandruccio em 12 pacientes (média de idade: 40 anos) e a fixação interna, com dois parafusos esponjosos canulados cruzados em 15 pacientes (média de idade: 40 anos). A consolidação ocorre em 23 pacientes (76,7%) operados pela técnica de GatellierAdams, em 10 pacientes (83,3%) operados pela técnica de Kenneth-Johnson e 14 pacientes (93%) operados pela técnica de parafusos cruzados. Como conclusão, os autores ressaltam que não existe uma técnica universal para artrodese do tornozelo; a pseudartrose é uma complicação esperada e que a compressão do foco da artrodese reduz o tempo necessário para a consolidação óssea. VIDAL, PAULO, BENAZZO, CICILIANI, OLIVEIRA (1998) apresentam o resultado do tratamento de 12 pacientes, cuja média de idade é 44 anos, portadores de artrose do tornozelo de etiologia variada, operados entre 1991 e 1996. Dois pacientes apresentavam infecção prévia. Utilizam artrotomia pela via de acesso cirúrgico ântero-lateral e ressecção óssea para corrigir deformidades. A fixação da artrodese do tornozelo é realizada pela técnica de Ilizarov. A montagem do aparelho emprega três anéis, dois fixando a tíbia distal e um fixando o tálus. O antepé e o mediopé não são incluídos na fixação. Após período médio de seguimento de 27 meses, obtêm a consolidação em todos os pacientes. Segundo os critérios de avaliação funcional propostos pelos autores, o resultado é considerado bom em 10 pacientes e regular, em dois. Concluem que o método é eficiente e tem como vantagens possibilitar apoio precoce e fornecer compressão dinâmica contínua no foco da artrodese. MANN & RONGSTAD (1998) avaliam 77 pacientes (81 tornozelos), cuja média de idade é 56 anos, submetidos à artrodese do tornozelo no período compreendido entre 1990 e 1995. A artrose pós-traumática constitui o diagnóstico na maioria dos pacientes (46 tornozelos - 57%). A via de acesso cirúrgico empregada é lateral trans-fibular com ressecção da fíbula distal. Para a fixação interna são utilizados dois parafusos esponjosos, com diâmetro de 6,5 mm, dispostos paralelamente e introduzidos de distal para proximal através do tálus e da tíbia. Os pacientes permanecem imobilizados com bota gessada até ocorrer a consolidação clínica e radiográfica. O tempo médio de seguimento varia de 12 a 74 meses. Consolidação ocorre em 71 tornozelos (88%). O tempo médio para a obtenção da consolidação óssea é 14 semanas. Dentre os 10 tornozelos que evoluem com pseudartrose, sete são reoperados e obtem-se consolidação em seis. Avaliação funcional utilizando a escala para tornozelo e retropé da Sociedade Americana de Pé e Tornozelo (AOFAS) obtém, como resultado, o valor médio 74 pontos. Os autores constatam relação direta entre a amplitude de movimento tarsal residual, o grau de satisfação do paciente e os valores obtidos na escala de avaliação funcional da AOFAS. 3- MATERIAL E MÉTODO O material deste trabalho é produto de pesquisa em publicações da literatura científica mundial, entre 1879 e 1998, na forma de artigos em periódicos e tese de doutorado, os quais têm por tema a artrodese do tornozelo e assuntos correlacionados. O referido material foi levantado a partir de pesquisas computadorizadas na Medline e manuais a partir das referências de trabalhos previamente selecionados, sendo escolhidos por sua relevância científica quanto ao assunto abordado. Os artigos, capítulos de livros e teses assim obtidos foram copiados na Biblioteca Dr. Meireles Reis da Santa Casa de São Paulo, na BIREME, nas bibliotecas das Faculdades de Medicina das Universidades de Miami na Flórida, Allegheny na Pennsylvania, Johns Hopkins em Maryland, Minneápolis em Minnessota e San Francisco na Califórnia. 4- DISCUSSÃO Diversos distúrbios ou doenças articulares do tornozelo podem determinar o desenvolvimento de artrose desta articulação. A artrodese do tornozelo é indicada, quando os outros métodos de tratamento são ineficazes no alívio dos sintomas dolorosos e na presença de graves instabilidade e deformidade da articulação do tornozelo. Diversas técnicas cirúrgicas para artrodese do tornozelo foram descritas, com vantagens e complicações associadas a cada um destes procedimentos. Buscando uma melhor compreensão deste tema amplo, optamos por analisar separadamente os diversos tópicos que influenciam os resultados da artrodese do tornozelo. 4.1- Etiologia da Artrose do Tornozelo Segundo SCRANTON JUNIOR (1991), a etiologia mais freqüente da artrose do tornozelo é a pós-traumática. Outras causas comuns são a degenerativa primária, a artrite séptica e a artrite reumatóide. A presença de déficit sensitivo, como ocorre na neuroartropatia de Charcot, pode predispor à destruição articular e ao desenvolvimento de deformidades grosseiras e ulcerações (SHIBATA et al., 1990; PAPA et al., 1993). 4.2- Tratamento Incruento da Artrose do Tornozelo Segundo SCRANTON JUNIOR (1991), o tratamento inicial dos pacientes com artrose do tornozelo deve ser incruento, estando indicado o uso de medicação anti-inflamatória não hormonal, órtese moldada, adaptações no calçado e, eventualmente, infiltração articular com corticoesteróide. Baseado na literatura estudada acreditamos que o tratamento incruento pode ser eficaz nos casos onde a artrose do tornozelo encontra-se em estágio inicial. Nos pacientes que apresentam artrose avançada o tratamento cirúrgico, por meio da artrodese do tornozelo, é o método mais efetivo de aliviar os sintomas dolorosos. 4.3- Tratamento Cirúrgico da Artrose do Tornozelo - Indicações da Artrodese Além da dor articular, decorrente da artrose avançada, os outros fatores que influenciam na indicação da artrodese do tornozelo são: infecção com destruição articular, necrose avascular do tálus (BLAIR, 1943; DENNIS & TULLOS, 1980; LIONBERGER et al., 1982), deformidade angular da extremidade distal da perna, instabilidade articular não controlável com órtese (PAPA et al., 1993) e, mais raramente, perdas ósseas decorrentes de fraturas graves da extremidade distal da perna (CIERNY III et al., 1989; GRUEN & MEARS, 1991; JOHNSON et al., 1992; HAWKINS et al. 1994), de ressecção tumoral extensa (CASADEI et al., 1994) ou da retirada dos componentes após falha da artroplastia do tornozelo (KITAOKA, 1991; KITAOKA et al., 1992). Existem várias opções de técnicas para a realização da artrodese do tornozelo, dependendo dos fatores associados à degeneração desta articulação (SCRANTON JUNIOR, 1991). A técnica de desbridamento articular artroscópico é uma alternativa de tratamento, naqueles casos em que a artrose do tornozelo não está muito avançada (MYERSON & ALLON, 1989; MYERSON & QUILL, 1991). A artroplastia total do tornozelo, indicada no tratamento dos casos de artrose grave, tem mostrado resultados desanimadores a longo prazo (KITAOKA, 1991; KITAOKA et al., 1992). Baseado na literatura revista, apesar do desenvolvimento de novos modelos de prótese para o tornozelo nos últimos anos, a indicação desta técnica ainda é restrita e os resultados carecem de acompanhamento a longo prazo. 4.4- Objetivos da Artrodese do Tornozelo Segundo SCRANTON JUNIOR (1991), o principal objetivo da artrodese do tornozelo é eliminar a dor incapacitante. Outros objetivos são estabilizar articulações instáveis para permitir o apoio do membro durante a marcha e posicionar o pé em posição plantígrada com discreto valgo do retropé. Padrões quase normais da marcha podem ser esperados após a artrodese do tornozelo; entretanto, podem ocorrer limitações (LYNCH et al., 1988). A artrodese do tornozelo não impede, necessariamente, a realização de atividades como correr ou praticar esportes; porém, estas atividades bem como andar no plano inclinado e subir ou descer escadas podem sofrer limitações, pois exigem movimentos compensatórios de outras articulações do pé (LYNCH et al., 1988). 4.5- Implicações Biomecânicas da Artrodese do Tornozelo Durante a marcha, as articulações subtalar e do tornozelo atuam em conjunto, constituindo uma espécie de “junta universal”. Estas duas articulações formam o eixo distal de rotação transversa na extremidade inferior. O bloqueio de uma destas articulações pode acarretar sobrecarga na articulação adjacente e induzir artrose degenerativa secundária. Desta forma, não é incomum a ocorrência de artrose subtalar algum tempo após a artrodese do tornozelo, mesmo quando a articulação subtalar apresenta-se sem sinais de artrose previamente à artrodese do tornozelo (MANN, 1980). Segundo os conceitos biomecânicos descritos por MANN (1980), é fundamental o correto posicionamento da articulação do tornozelo, no momento da artrodese, para que esta cirurgia tenha sucesso. O posicionamento do tornozelo em flexão plantar excessiva tende a provocar hiper-extensão do joelho. A excessiva dorsiflexão produz aumento no impacto do calcanhar de encontro ao solo, na fase inicial do apoio, durante o ciclo da marcha. Excessiva rotação interna determina rotação externa compensatória da extremidade inferior durante a marcha. Excessiva rotação externa acarreta sobrecarga no lado medial da primeira articulação metatarso-falângica e pode provocar complicações, como o hálux rígido. O varo excessivo do retropé leva ao apoio no bordo externo do pé (supinação) durante a marcha. O valgo excessivo determina o contrário, apoio no bordo interno do pé (pronação). Deformidade em varo do retropé pode ser acomodada em parte pela articulação subtalar; porém, esta capacidade de compensação é perdida devido à freqüente ocorrência de rigidez subtalar pós-artrodese do tornozelo. A posição do retropé afeta diretamente a estabilidade do médio e antepé, devido ao fato da função da articulação transversa do tarso (talo-navicular e calcâneo-cubóide) estar intimamente relacionada à articulação subtalar. Quando o retropé encontra-se fixo em varo, a articulação transversa do tarso acha-se bloqueada em supinação e as demais articulações do pé são travadas para permitir estabilidade durante a fase de impulso. Quando o retropé está fixo em valgo, a articulação transversa do tarso encontra-se desbloqueada em pronação e as demais articulações do pé são destravadas para permitir flexibilidade e acomodação durante a fase de apoio no solo. Este mecanismo é muito importante durante a seqüência da marcha e a perda dele pode acarretar sérios problemas funcionais. Segundo MANN (1980), é sempre preferível artrodesar as articulações do retropé em suficiente valgo para evitar o bloqueio permanente da articulação transversa do tarso, o que levaria à perda da capacidade de adaptação do pé durante a marcha realizada em terrenos irregulares. MAZUR et al. (1979) estudaram, em laboratório, os padrões da marcha dos pacientes submetidos à artrodese do tornozelo e observaram função praticamente normal durante as atividades da vida diária. Após a artrodese do tornozelo, pode-se esperar resultados funcionais satisfatórios, quando existem mecanismos de compensação: movimento compensatório nas articulações médio-tarsal e tarsometarsal, tornozelo contra-lateral com mobilidade normal e uso de calçados apropriados. Outros estudos biomecânicos da marcha, realizados em laboratório, concluíram que a posição mais adequada para artrodesar a articulação do tornozelo é a neutra em relação à flexão dorso-plantar, cinco a 10 graus de rotação externa e zero a cinco graus de valgo ( BUCK et al., 1987). Quando estão presentes deformidades graves, o procedimento cirúrgico é de maior complexidade e de maior dificuldade técnica. A obtenção do posicionamente desejado do tornozelo é mais difícil pois, muitas vezes, os parâmetros anatômicos estão modificados ou ausentes, não podendo ser utilizados como orientação. Nestas circunstâncias, a fixação externa da artrodese pode oferecer alguma vantagem em relação aos outros métodos de fixação, ao permitir a realização de pequenos ajustes no pós-operatório. 4.6- Princípios Técnicos da Artrodese do Tornozelo A artrodese do tornozelo é uma operação tecnicamente difícil, visto a freqúência de complicações relatadas na literatura (HALLOCK, 1945; CHARNLEY, 1951; LANCE et al., 1971; DENNIS & TULLOS, 1980; SCRANTON JUNIOR. et al., 1980; HAGEN, 1986; KENZORA et al., 1986; LYNCH et al., 1988; CIERNY III et al., 1989; DENNIS et al., 1990; SHIBATA et al., 1990; GRUEN & MEARS, 1991; HOLT et al., 1991; KIRPATRICK et al., 1991; KITAOKA, 1991; MAURER et al., 1991; MEARS et al., 1991; MOECKEL et al., 1991; SALOMÃO et al., 1991; CRACCHIOLO III et al., 1992; JOHNSON et al., 1992; ABDO & WASILEWSKI, 1992; KITAOKA et al., 1992; NERY et al., 1992; PAPA et al., 1993; DENT et al., 1993; COBB et al., 1994; CASADEI et al., 1994; DOHM et al., 1994; HAWKINS et al., 1994; BISHOP et al., 1995; CARVALHO JUNIOR et al., 1997; MANN & RONGSTAD, 1998). As superfícies ósseas disponíveis para a coaptação são pequenas e é necessária apurada precisão técnica na execução da cirurgia. Os princípios básicos que norteiam este procedimento são: bom contato entre os fragmentos ósseos da tíbia distal e do corpo do tálus, alinhamento correto do pé em relação à perna e fixação estável entre os ossos justapostos. A não observação destes princípios relaciona-se diretamente com aumento na ocorrência de retardo na consolidação óssea, de pseudartrose ou de consolidação viciosa (SCRANTON JUNIOR, 1991). 4.7- Tipos de Artrodese Foram descritos diversos tipos de artrodese do tornozelo, destacando-se a técnica convencional de coaptação tibia-talar (ALBERT, 1879), a talectomia parcial com ressecção do corpo do tálus (BLAIR, 1943; DENNIS & TULLOS, 1980; LIONBERGER et al., 1982) e a talectomia total com coaptação tíbia-calcâneo (SHIBATA et al., 1990; PAPA et al., 1993). A indicação do tipo de artrodese depende das condições locais do retropé. Destacam-se a presença de deformidades ósseas, o comprometimento concomitante das articulações subtalar e do tornozelo, a ocorrência de necrose avascular do corpo do tálus, de osteomielite ou de extensa perda óssea regional. Problemas circulatórios locais, perda da sensibilidade ou do revestimento cutâneo também são fatores importantes a serem considerados na decisão do tipo de artrodese. 4.8- Vias de Acesso Cirúrgico Diversas vias de acesso cirúrgico para a artrodese do tornozelo podem ser utilizadas, destacando-se a via anterior (SPEED & BOYD, 1936; HALLOCK, 1945; CHARNLEY, 1951; CHINARD & PETERSON, 1963; MAZUR et al., 1979; HAGEN, 1986; HOLT et al.,1991; MEARS et al., 1991; WELTMER et al., 1991; STONE & HELAL, 1991; BERMAN et al., 1992; STRANKS et al., 1994) , a ântero-lateral (BLAIR, 1943; DENNIS & TULLOS, 1980; LIONBERGER et al., 1982; VIDAL et al., 1998), a ântero-medial (BACIU, 1986; CARRIER & HARRIS, 1991), a lateral com ressecção do maléolo (GOLDTHWAIT, 1908), a lateral transfibular (ADAMS, 1948; VERHELST et al., 1976; DENNIS et al., 1990; MANN et al., 1991; HOLT et al., 1991; KIRPATRICK et al., 1991; SALOMÃO et al., 1991; WAPNER, 1992; WANG et al., 1993; BONO et al., 1993; BRALY et al., 1994), a posterior (CAMPBELL, 1990; GRUEN & MEARS, 1991) e as vias combinadas (ANDERSON, 1945; GALLIE, 1948; BARR & RECORD, 1953; KENNEDY, 1960; STEWART et al., 1983; ROSS & MATTA, 1985; SHIBATA et al., 1990; MALARKEY & BINSKI, 1991). Mais recentemente, foi descrita a cirurgia por via artroscópica associada à fixação per-cutânea com parafusos canulados (MYERSON & ALLON, 1989; MYERSON & QUILL, 1991; DENT et al., 1993; OGILVIEHARRIS et al., 1993; TURAN et al., 1995; CROSBY et al., 1996). O ortopedista deve estar familiarizado com todas as vias de acesso cirúrgico disponíveis para o tornozelo. A opção de escolha deve ser guiada pela técnica a ser empregada e pela presença de cicatrizes prévias e/ou fístulas secundárias à osteomielite. A via de acesso anterior facilita a correção das deformidades em eqüino, varo ou valgo por meio de retirada de cunhas ósseas de base anterior, lateral, medial ou combinadas; porém, o encurtamento provocado pela remoção do tálus pode determinar o impacto do maléolo fibular contra a parede lateral do calcâneo, desencadeando processo inflamatório crônico nos tendões fibulares. 4.9- Tipos de Osteossíntese para a Artrodese do Tornozelo 4.9.1- Método de Artrodese sem Osteossíntese Até a primeira metade deste século, os trabalhos publicados descrevendo técnicas de artrodese do tornozelo não mencionavam o uso de fixação interna. As técnicas, em geral, cruentizavam as extremidades osteocartilaginosas, alinhavam as superfícies remanescentes e imobilizavam o membro com aparelho gessado (GOLDTHWAIT, 1908; SPEED & BOYD, 1936; HALLOCK, 1945; GALLIE, 1948; BARR & RECORD, 1953). Mais recentemente, a técnica de artrodese sem utilização de osteossíntese foi revivida por BACIU (1986). Esta técnica utiliza pequena incisão medial e permite a cruentização da superfície articular do tornozelo com uma trefina especial, sem necessidade de dissecção de partes moles, reduzindo, desta forma, o tempo cirúrgico. A imobilização é feita com aparelho gessado por 12 semanas. O mesmo método foi utilizado no nosso meio por NERY et al. (1992) e MAGALHÃES (1995). CHUINARD & PETERSON (1963) descreveram a técnica de artrodese do tornozelo com interposição de enxerto ósseo tricortical retirado do osso ilíaco. Tal técnica é recomendada para artrodese do tornozelo em crianças e não utiliza nenhum tipo de fixação interna para evitar lesão na placa de crescimento distal da tíbia. Em 1991, MAZUR et al. apresentaram um resumo envolvendo as principais indicações de artrodese do tornozelo em crianças e recomendaram o emprego da técnica de CHUINARD & PETERSON (1963). A revisão da literatura permite-nos observar que os métodos que não empregam osteossíntese têm o inconveniente de dificultar o manuseio da ferida operatória, pois existe a necessidade da utilização do aparelho gessado durante todo o período de tratamento, para manter a posição obtida no ato cirúrgico. As presenças de infecção e/ou feridas impõem a necessidade de curativos freqüentes. A falta de fixação óssea acaba dificultando sobremaneira o manuseio destas feridas. Outro fator limitante na indicação da técnica das trefinas reside na impossibilidade de corrigir deformidades angulares. 4.9.2- Métodos de Artrodese com Osteossíntese Diferentes métodos de osteossíntese para artrodese do tornozelo têm sido propostos. Destacam-se: fixação interna com fios intra-ósseos (CAMPBELL, 1990; CARRIER & HARRIS, 1991; BONO et al., 1993), agrafes (KENNEDY, 1960) , hastes intra-medulares (SHIBATA et al., 1990; STONE & HELAL, 1991), parafusos para osso cortical e esponjoso (MYERSON & ALLON, 1989; DENNIS et al, 1990; THORDARSON et al., 1990; HOLT et al., 1991; KIRPATRICK et al., 1991; MANN et al., 1991; MYERSON & QUILL, 1991; WAPNER, 1992; CRACCHIOLO III et al., 1992; THORDARSON et al., 1992; KISH et al., 1993; OGILVIE-HARRIS et al., 1993; DENT et al., 1993; OLGIVIE-HARRIS et al., 1994; FRIEDMAN et al., 1994; STRANKS et al., 1994; TURAN et al., 1995; CROSBY et al., 1996; CARVALHO et al., 1997) ou placas (SCRANTON JUNIOR, 1985; ROSS & MATTA, 1985; GRUEN & MEARS, 1991; MEARS et al., 1991; WELTMER et al., 1991; WANG et al., 1993; DOHM et al., 1994; BRALY et al., 1994) e a fixação externa empregando fixadores uni-planares (CHARNLEY, 1951; RATILIFF, 1959; LANCE et al., 1971; HAGEN, 1986; SMITH & WOOD, 1990; DOHM et al., 1994) bi-planares (BERMAN et al., 1992; THORDARSON et al., 1992; THORDARSON et al., 1994; CARVALHO, et al., 1997) ou circulares (JOHNSON et al., 1992; HAWKINS et al., 1994; VIDAL et al., 1998 ). STEWART et al. (1983) propuseram a utilização de métodos híbridos, combinando fixação interna com fixação externa. ADAMS (1948), DENNIS et al. (1990), THORDARSON et al. (1990), HOLT et al.(1991) e SALOMÃO et al. (1991) utilizaram a fíbula distal como enxerto ósseo livre, fixando-a à tíbia distal e ao tálus com parafusos. A osteossíntese estável tem como vantagem a redução do período de imobilização pós-operatória e, ao mesmo tempo, contribui para reduzir o risco de rigidez nas articulações adjacentes, pois permite a movimentação precoce das mesmas. Estudos realizados em numerosa série de pacientes evidenciam este fato (JOHNSON & BOSEKER, 1968). Baseados na revisão da literatura, acreditamos que o desenvolvimento de métodos de fixação compressiva para a artrodese do tornozelo tem favorecido amplamente a execução deste procedimento cirúrgico. Os modernos materiais de osteossíntese, que empregam a compressão interfragmentária, aumentam a estabilidade da fixação, propciam maior segurança quanto a manutenção da posição dos fragmentos ósseos e reduzem o tempo necessário para a consolidação. 4.9.3- Fixação Interna Segundo SCRANTON JUNIOR (1991), a fixação interna tem algumas vantagens em relação ao método de fixação externa. Destacam-se: maior facilidade técnica, menor número de complicações pós-operatórias, possibilidade de mobilização articular precoce e maior aceitação pelo paciente. Atualmente os métodos de fixação interna podem empregar parafusos isolados, placas e parafusos ou hastes intra-medulares bloqueadas com parafusos. 4.9.3.1- Fixação Interna com Placa Vários tipos de placas podem ser utilizadas, destacando-se as “placas em T” fixadas na face lateral ou medial do tornozelo (SCRANTON JUNIOR, 1985; ROSS & MATTA, 1985; WANG et al., 1993; BRALY et al., 1994), a placa com ângulo fixo de 95 graus cuja lâmina é introduzida na porção posterior do calcâneo e os parafusos fixam a parte posterior da tíbia distal (GRUEN & MEARS, 1991), a placa de compressão estreita fixada com parafusos na face anterior do terço distal da tíbia e no colo do tálus (MEARS et al., 1991) e placa angulada de Wolf cuja lâmina é introduzida no colo da tálus e os parafusos fixam a parte anterior da tíbia distal (WELTMER et al., 1991). Segundo estes autores, a artrodese do tornozelo fixada com placa apresenta maior estabilidade. No entanto, a presença de infecção e/ou de osteoporose são contra-indicações para a utilização da fixação com placa. Acreditamos que a principal desvantagem deste método de fixação reside no risco de ocorrerem complicações cutâneas. O terço distal dos ossos da perna apresenta pouco revestimento muscular; no caso de necrose localizada da pele, não existe musculatura disponível capaz de propiciar cobertura óssea ou do material de implante, aumentando as chances de infecção. 4.9.3.2- Fixação Interna com Haste Intramedular A haste intramedular bloqueada com parafusos constitui opção de fixação interna (SHIBATA et al., 1990; STONE & HELAL, 1991). A indicação principal do uso da haste intramedular como fixação interna é a artrodese do retropé em pacientes portadores de neuroartropatia de Charcot, comumente observada na hanseníase (SHIBATA et al. 1990) e no diabetes (PAPA et al., 1993). Baseados na literatura estudada, acreditamos que o emprego da haste intramedular deva ser reservado aos casos onde tanto as articulações do tornozelo quanto a subtalar estão comprometidas e necessitam ser artrodesadas. A introdução da haste através do calcâneo provoca lesão na articulação subtalar e compromete sua função. Além disso, a incisão plantar em pés cuja sensibilidade é normal pode provocar o aparecimento de cicatriz dolorosa. 4.9.3.3- Fixação Interna com Parafusos A fixação interna compressiva utilizando dois parafusos canulados para osso esponjoso, com 6,5 mm de diâmetro, dispostos de forma cruzada entre si, parece ser a melhor opção de osteossíntese para estabilizar a artrodese do tornozelo (MYERSON & ALLON, 1989; DENNIS et al., 1990; HOLT et al., 1991; KIRPATRICK et al., 1991; MANN et al., 1991; MYERSON & QUILL, 1991; WAPNER, 1992; DENT et al., 1993; OGILVIE-HARRIS et al., 1993; STRANKS et al., 1994; TURAN et al., 1995; CROSBY et al., 1996). Constitui-se num método de fixação simples e eficaz para o cirurgião, além de ser mais confortável do que a fixação externa para o paciente. Na presença de deformidade mínima, a artrodese do tornozelo pode ser realizada por via artroscópica. Após a curetagem articular por meio de broca motorizada, a fixação interna pode ser feita com parafusos canulados percutâneos (MYERSON & ALLON, 1989; MYERSON & QUILL, 1991; OGILVIE-HARRIS et al., 1993; DENT et al., 1993). Quando a deformidade ósteo-articular é acentuada e necessita correção por meio de osteotomia ou ressecção de cunha óssea, também é possível fazer a fixação interna compressiva com parafusos canulados (MYERSON & QUILL, 1991). A fixação interna compressiva com parafusos reduz os riscos de complicações cutâneas, como ocorre quando se utiliza a fixação com placas, além de evitar a lesão da articulação subtalar, como ocorre quando se utiliza a haste intramedular. 4.9.4- Fixação Externa ANDERSON (1945) descreveu o uso da fixação externa para artrodese do tornozelo. CHARNLEY (1951) popularizou o método de fixação externa para artrodese do tornozelo, utilizando o princípio da compressão óssea, com a publicação da técnica, valendo-se do fixador por ele desenvolvido. A utilização da fixação externa pode facilitar a artrodese do tornozelo em pacientes portadores de lesões de alta complexidade. Deformidades graves cujos parâmetros anatômicos foram alterados, infecção óssea de longa duração, osteoporose de desuso e necrose óssea constituem fatores agravantes, que dificultam os métodos tradicionais de fixação interna na artrodese do tornozelo. Nestas circunstâncias, a fixação externa deve ser considerada, pois este método dispensa o uso de aparelho gessado no período pós-operatório e facilita a realização dos curativos nas áreas cruentas e/ou com infecção ativa, possibilita ajustes na posição da artrodese no período pós-operatório e permite a fixação óssea estável na presença de osteoporose. A fixação externa para artrodese do tornozelo está mais freqüentemente indicada nas lesões traumáticas causadas por mecanismos de alta energia. Estas lesões têm por característica a exposição óssea, a instabilidade, a lesão vásculonervosa e a osteomielite. O trauma nas partes moles determina cicatrizes extensas. A infecção crônica é marcada pela presença de fistulas secretantes. Nesta situação, a fixação externa possibilita ressecção mais extensa dos tecidos desvitalizados e infectados, sem determinar aumento da instabilidade entre os fragmentos remanescentes. Também facilita o acesso às feridas durante o acompanhamento pósoperatório e viabiliza a compressão ajustável no foco da artrodese. As revisões das artrodeses mal sucedidas constituem também uma boa indicação para a fixação externa, especialmente quando existem infecção, osteoporose acentuada ou perda óssea segmentar (KITAOKA et al., 1992). Esses autores obtiveram consolidação óssea em 77% dos pacientes nestas condições, submetidos à cirurgia para tratamento de pseudartrose do tornozelo após prévia tentativa de artrodese. Utilizaram a fixação externa e enxerto ósseo quando houve perda segmentar de osso. Segundo a literatura estudada, a presença de infecção ativa, necrose óssea e osteoporose avançada são contra-indicações relativas para a fixação interna e constituem as principais indicações para a utilização da fixação externa da artrodese do tornozelo. O método de fixação externa de Ilizarov utiliza fios metálicos transósseos, com pequeno diâmetro, submetidos a tensão. Isto permite fixação óssea satisfatória nos casos onde a osteoporose está presente em grau avançado; este objetivo é difícil de alcançar com outros métodos de fixação. 4.9.4.1- Desvantagens da Fixação Externa Um problema comum aos métodos que utilizam a fixação externa para a artrodese do tornozelo é o alto índice de infecção no trajeto dos pinos de fixação óssea (KENZORA et al., 1986; SCRANTON JUNIOR, 1991). Segundo KENZORA et al. (1986), existe relação direta entre o diâmetro dos pinos e o índice de infecção e a soltura precoce do fixador (quanto maior o diâmetro, maior o índice de infecção e a soltura). A principal causa de infecção no trajeto dos fios do fixador externo é a tensão excessiva na pele. A posição do fio tracionando a pele provoca edema e acúmulo de secreção. Nestas condições, a contaminação e a infecção local é facilitada, principalmente quando há descuido com a higiene local. Habitualmente, a infecção limita-se à pele e ao tecido celular subcutâneo, sendo tratada com cuidados locais e antibioticoterapia oral. Quando necessário, a pele adjacente ao fio pode ser incisada, sob anestesia local, para liberar a tensão excessiva. 4.9.4.2- Método Compressivo de CHARNLEY O método descrito por CHARNLEY, em 1951, foi o primeiro a utilizar o princípio da fixação externa compressiva para a artrodese do tornozelo. Nas últimas décadas, o método de Charnley tornou-se popular e foi empregado por diversos autores: RATILIFF (1959), LANCE et al.(1971), VERHELST et al. (1976), STEWART et al. (1983), HAGEN (1986), SMITH & WOOD (1990), MAURER et al. (1991), MOECKEL et al. (1991), BERMAN et al. (1992) e DOHM et al. (1994) Como resultado, estes autores obtiveram consolidação da artrodese que variou de 79 a 92,8 %. MOECKEL et al. (1991) relataram resultados insatisfatórios com o uso do fixador externo de Charnley na artrodese do tornozelo. A pseudartrose foi a complicação mais comum e ocorreu em 21% dos casos. Outras séries relatam índice de pseudartrose ao redor de 37,5% (SCRANTON JUNIOR, 1991). O método de Charnley atingiu grande popularidade e foi largamente utilizado na artrodese do tornozelo. A montagem do fixador de Charnley é uniplanar, conferindo menor estabilidade às solicitações torsionais e de flexão quando comparado aos fixadores externos circulares. Além disso, os pinos de fixação óssea são de maior diâmetro e, quanto maior o diâmetro do pino de fixação óssea, maior o índice de infecção e a soltura subseqüente do aparelho (KENZORA et al., 1986). 4.9.4.3- Método de ILIZAROV O método de ILIZAROV (1989), desenvolvido na União Soviética na década de 50, constitui-se numa técnica trabalhosa e de difícil execução para o médico não familiarizado. Exige supervisão constante do paciente (GREEN, 1990). A estrutura modular circular do fixador externo de Ilizarov possibilita montagens com diversas configurações. Estas podem ser mais ou menos complexas, dependendo das necessidades do paciente, e podem ser adaptadas às mais variadas situações clínicas. Apesar de volumoso, o aparelho de Ilizarov determina mínima lesão dos tecidos adjacentes ao osso, pois utiliza fios finos para a fixação óssea. Quando submetidos à tração, estes fios como que se transformam em pinos rígidos, conferindo estabilidade à montagem (JOHNSON et al., 1992). Segundo estudos de FLEMING et al. (1989), a resistência axial do aparelho de Ilizarov é menor do que a dos fixadores externos convencionais. Isto permite que ocorra “micro-movimentação” axial no foco de contato entre os fragmentos ósseos, incrementando as condições para consolidação óssea. Este fenômeno, também conhecido por dinamização, permite compressão no foco da artrodese toda vez que o paciente apoia o pêso do corpo sobre o membro operado, o que se traduz em fator positivo para a consolidação óssea. Quando se faz necessário aumentar a estabilidade da fixação óssea durante o uso do aparelho de Ilizarov, KUMMER (1992) recomenda o emprego de anéis de menor diâmetro, dispostos o mais próximo possível um do outro, além da utilização de, no mínimo, dois fios olivados de 1,8 mm de diâmetro com, pelo menos, 60 graus de angulação entre eles. O fixador de Ilizarov permite a realização de ajustes pós-operatórios na angulação, na rotação ou na translação dos fragmentos ósseos coaptados, fornecendo opções ao cirurgião para correção das deformidades residuais durante o transcorrer do tratamento, sem necessidade de re-intervenção cirúrgica. A compressão do foco da artrodese também pode ser obtida durante o seguimento ambulatorial. Quando necessário, o aparelho possibilita a realização de transporte ósseo, alongamento concomitante do membro e compressão no foco da artrodese. O paciente pode participar ativamente do seu tratamento, fazendo ele mesmo os ajustes no aparelho (JOHNSON et al., 1992). Empregando o fixador externo de Ilizarov, JOHNSON et al. (1992) obtiveram consolidação em 83% dos pacientes submetidos à tentativa de artrodese do tornozelo. A montagem do aparelho foi individualizada, de acordo com as necessidades de cada paciente. Quatro dos seis pacientes apresentavam infecção ativa no momento da cirurgia. HAWKINS et al. (1994) relataram consolidação em 80% dos pacientes submetidos a procedimentos para artrodese do tornozelo, utilizando o fixador externo de Ilizarov. Oitenta e cinco porcento dos pacientes apresentavam problemas graves previamente à cirurgia, tais como: osteomielite, discrepância de comprimento dos membros e deformidade concomitante do pé. As complicações mais freqüentes foram a necessidade de cirurgias adicionais para modificar a montagem do aparelho e a ocorrência de deformidade angular residual. VIDAL et al. (1998) obtiveram consolidação óssea em 100% dos pacientes submetidos à artrodese do tornozelo, empregando o fixador externo de Ilizarov em montagem que empregava três anéis: dois fixados à tíbia distal e um fixado ao tálus. As complicações do método de Ilizarov são freqüentes e podem dificultar o curso do tratamento. GREEN (1990) e HAWKINS et al. (1994) destacaram como as mais comuns: quebra ou, infecção no trajeto dos fios trans-ósseos, paralisia transitória dos nervos periféricos, distrofia simpático reflexa, lesão vascular, retardo na consolidação óssea do regenerado ou a consolidação prematura do mesmo, quando se realiza o alongamento ou o transporte ósseo, e contraturas das articulações adjacentes. Os trabalhos estudados mostram que a principal vantagem do fixador externo de Ilizarov, em relação aos demais fixadores externos, é a sua grande versatilidade. Isto permite ampliar o espectro de indicação dos fixadores externos nas artrodeses complexas do tornozelo quando há perda óssea (associada ou não ao encurtamento do membro), infecção crônica ativa, osteonecrose ou osteoporose intensa. 4.10- Complicações Associadas à Artrodese do Tornozelo Segundo JOHNSON & BOSEKER (1968), a incidência de complicações associadas à artrodese do tornozelo é relativamente alta, variando de 34% a 60%. Dentre as complicações, destacam-se: deiscência da ferida operatória, necrose da pele, formação de cicatrizes dolorosas devido à neuroma, lesão vásculo-nervosa, fratura tibial, retardo da consolidação, pseudartrose, deformidade residual devida ao mau posicionamento da artrodese, dor sub-maleolar lateral relacionada ao impacto dos tendões fibulares ou à metatarsalgia, edema crônico, artrose secundária da articulação subtalar, infecção e amputação (SCRANTON JUNIOR, 1991; WELTMER et al., 1991). 4.11- Fatores de Risco de Pseudartrose O índice de pseudartrose, como complicação da tentativa de artrodese do tornozelo, varia muito segundo diferentes autores. KENNEDY (1960) relatou inexistência de pseudartrose na sua casuística, enquanto SCRANTON JUNIOR (1991) mencionou que a incidência pode atingir 37,5%. Os principais fatores de risco associados à pseudartrose, após tentativa de artrodese do tornozelo, são: a obesidade excessiva, o tabagismo, o uso crônico de corticoesteróides, necrose avascular do tálus, deficit sensitivo, osteomielite crônica, perda óssea, deformidade e história de cirurgia(s) prévia(s) no pé (SCRANTON JUNIOR, 1991; KIRPATRICK et al., 1991). 4.11.1- Tabagismo COBB et al. (1994) calcularam que o risco relativo de ocorrência de pseudartrose, após tentativa de artrodese do tornozelo, é aproximadamente quatro vezes maior em fumantes do que em não fumantes. Quando não existe nenhum outro fator de risco conhecido a não ser o tabagismo, este risco pode ser até 16 vezes maior em fumantes do que em não fumantes. A nicotina, o componente mais vasoativo do cigarro, é provavelmente a substância responsável pela vasoconstrição periférica com conseqüente redução do aporte sangüíneo de toda extremidade. 4.11.2- Déficit Sensitivo A presença de déficit na sensibilidade torna a consolidação da artrodese do tornozelo particularmente difícil. Doenças como hanseníase, neuropatia diabética, neuropatia alcoólica e hérnia de disco lombar estão associadas à elevada incidência de pseudartrose após tentativa de artrodese do tornozelo (SCRANTON JUNIOR, 1991). Segundo SHIBATA et al. (1990), PAPA et al. (1993) e BONO et al. (1993), o desenvolvimento de articulações neuropáticas ocorre em decorrência da diminuição da dor, da sensibilidade e da propriocepção da extremidade. A perda da capacidade protetora do membro associada ao traumatismo repetitivo leva ao desenvolvimento de instabilidade articular e de fraturas, com conseqüente deformidade articular. Cria -se um “ciclo de lesão e reparo”, que se repete. Em algumas situações, as deformidades podem determinar o aparecimento de áreas de hiper-pressão localizadas nas superfícies de apoio. A ausência da sensibilidade protetora associada às áreas de hiper-pressão podem determinar o aparecimento de úlceras e subseqüente infecção. Nestas circunstâncias, a correção das deformidades do retropé e do tornozelo fazem-se imperativas e a artrodese é o método de escolha; porém, a incidência de pseudartrose das articulações neuropáticas costuma ser alta. 4.11.3- Artrite Degenerativa Pós-Traumática A artrite degenerativa pós-traumática da articulação do tornozelo advém de seqüelas de fratura da perna, do pilão tibial, dos maléolos e do tálus, sendo esta última comumente associada à necrose avascular do corpo. Os mecanismos mais comuns de trauma envolvem os acidentes moto-veiculares, quedas de altura e ferimentos por projéteis de arma de fogo (KENZORA et al. 1986; SCRANTON JUNIOR et al., 1980; SCRANTON JUNIOR, 1991; GRUEN & MEARS, 1991). As lesões provocadas por traumatismos de alta energia potencialmente acometem pacientes jovens e economicamente ativos envolvidos em acidentes motoveiculares. Estas graves lesões constituem problemas difíceis de serem contornados e, freqüentemente, estão associadas ao insucesso na consolidação após tentativa de artrodese (KENZORA et al. 1986; SCRANTON JUNIOR et al., 1980; SCRANTON JUNIOR, 1991; GRUEN & MEARS, 1991). Os principais fatores que acompanham as lesões traumáticas graves são: perda óssea segmentar da tíbia distal associada ou não com o encurtamento do membro, anatomia óssea alterada com deformidade articular, osteopenia decorrente do desuso ou infecção ativa, necrose avascular do tálus, má qualidade da pele devido ao traumatismo inicial ou às cirurgias prévias e grandes retrações cicatriciais. Na presença de uma extremidade com grave seqüela traumática, com deformidade e com osteomielite, deve-se considerar a amputação ao invés de se empreender qualquer tentativa para reconstruir o membro. Quando a perda óssea é significativa e está associada ao mau alinhamento da extremidade, sepsis, às más condições locais de cobertura cutânea, ao déficit circulatório, ao déficit neurológico ou ao comprometimento das articulações adjacentes, a alternativa a ser considerada deve ser a amputação (HAWKINS et al., 1994). Baseados na revisão da literatura, parece-nos que a indicação de artrodese do tornozelo, em pacientes com seqüelas de traumatismo de alta energia que apresentam complicações graves, deve ser feita com base nas avaliações clínica e funcional. Os parâmetros clínicos de importância para a preservação do membro são: presença de boa perfusão distal nos dedos do pé, pulso tibial palpável, sensibilidade protetora na sola do pé e boa cobertura cutânea. Informações precisas dos possíveis riscos e benefícios do procedimento, da possibilidade de cirurgias complementares e do provável tempo prolongado de tratamento devem ser fornecidas aos pacientes. A opção de amputação deve ser oferecida ao paciente como uma forma de abreviar o tratamento. A extensa formação cicatricial das partes moles ao redor da articulação do tornozelo associa-se à cobertura precária e inadequada da pele desta região. A circulação local da pele normalmente está comprometida e qualquer re-operação apresenta riscos de retardo na cicatrização, deiscência da ferida ou mesmo de necrose cutânea extensa. A osteopenia, quando presente nos pacientes portadores de osteodistrofia póstraumática, dificulta a estabilização dos fragmentos, o que pode inviabilizar a manutenção do posicionamento adequado da articulação do tornozelo durante o ato operatório (THORDARSON et al., 1990 e 1992). CIERNY III et al. (1989), GRUEN & MEARS (1991) e HAWKINS et al. (1994) enfatizaram as dificuldades encontradas na tentativa de artrodese dos tornozelos com infecção crônica ativa. Ressaltaram que a presença de infecção do tornozelo ou da tíbia distal associa-se à hiperemia local. Esta, por sua vez, pode provocar perda da resistência pela reabsorção óssea. A infecção crônica determina déficit circulatório local e necrose tecidual, fatores diretamente relacionados ao aumento no número de complicações durante o tratamento. As perdas ósseas segmentares associadas aos traumatismos de alta energia ou às ressecções ósseas extensas, realizadas no tratamento da osteomielite crônica ou dos tumores da tíbia distal, são problemas de difícil solução. Os traumatismos de alta energia da região distal da perna normalmente estão associados às fraturas expostas, desvascularização e à perda óssea. A infecção é uma complicação comum e leva a maior destruição óssea e dos tecidos moles adjacentes. Extensas cicatrizes, decorrentes do traumatismo inicial ou de cirurgias prévias, determinam a má qualidade do envólucro tecidual adjacente ao osso lesionado, criando maiores dificuldades aos procedimentos cirúrgicos reconstrutivos. A necrose avascular do corpo do tálus e/ou a osteomielite podem tornar necessária a extensão da artrodese do tornozelo até a articulação subtalar. Em algumas circunstâncias, pode ser necessária talectomia associada ou não à artrodese da tíbia com o calcâneo. GRUEN & MEARS (1991), CASADEI et al. (1994) e BISHOP et al. (1995) realizaram o tratamento de pacientes portadores de perda óssea segmentar, utilizando técnicas que empregam enxerto ósseo e artrodese do tornozelo e obtiveram consolidação óssea entre 82 e 100% dos casos. Com o advento das técnicas micro-cirúrgicas, tornou-se possível substituirem-se tecidos extensamente lesados por enxerto livre vascularizado osteocutâneo ou ósteo-muscular. Esta técnica ampliou as possibilidades e as indicações de reconstrução das extremidades gravemente traumatizadas com ou sem grande perda óssea. A fíbula contra-lateral ou a crista ilíaca podem ser escolhidas como áreas doadoras e, comumente, faz-se necessária a artrodese do tornozelo em associação com os procedimentos de reconstrução da extremidade distal. As re-operações para revisão da artrodese são cirurgias de execução mais complexa, pois, habitualmente, quando indicadas, já ocorreram as outras complicações já citadas, tais como: infecção, osteoporose, encurtamento, deformidade e cicatrizes de cirurgia(s) prévia(s). KITAOKA (1991) obteve consolidação em 78% dos pacientes operados, devido à pseudartrose do tornozelo, após mal sucedida tentativa de artrodese. A indicação primária para artrodese havia sido falha após artroplastia do tornozelo. KIRPATRICK et al. (1991) relataram sucesso na consolidação do tornozelo em 82% dos pacientes que foram submetidos à revisão da artrodese devido a pseudartrose. Segundo CIERNY III et al. (1989), a presença de deformidades ou a remoção de tecido ósseo desvitalizado durante o ato cirúrgico dificulta sensivelmente a realização da artrodese do tornozelo, devido à dificuldade para coaptar os segmentos ósseos numa posição adequada. Os traumas de alta energia podem, ainda, levar à diminuição da suplência sangüínea da tíbia distal ou do tálus o que, supostamente, pode aumentar a chance de retardo na consolidação ou de pseudartrose após tentativa de artrodese. A artrodese do tornozelo, após necrose avascular do tálus, tem por dificuldade a aposição dos fragmentos ósseos devido ao colápso e à perda óssea. A viabilidade circulatória do corpo do tálus é questionável e o amolecimento ósseo dificulta qualquer tentativa de fixação interna rígida. Nesta circunstância, a técnica de artrodese descrita por BLAIR (1943) constitui uma opção de tratamento. DENNIS & TULLOS (1980) e LIONBERGER et al. (1982) modificaram a técnica original de BLAIR (1943) com o objetivo de reduzir a incidência de pseudartrose. Para melhor estabilizar a tíbia à porção remanescente do colo e à cabeça do tálus, utilizaram fixação interna compressiva com parafuso. Quando existe grande destruição secundária à necrose óssea do corpo do tálus, a artrodese tibia-calcanear tem demonstrado resultados superiores aos obtidos com a talectomia isolada (MYERSON & QUILL, 1991). 4.12- Métodos para Avaliações Funcional e Radiográfica 4.12.1- Escalas para Avaliação Funcional Pós-Operatória Nesta última década, diversas publicações descrevem inovações técnicas na tentativa de obter um método mais eficiente para a artrodese do tornozelo. A comparação de resultados obtidos com as diferentes técnicas cirúrgicas e os diversos métodos de fixação constitui uma tarefa muito difícil. A grande variedade de causas associadas à artrose da articulação do tornozelo e às características inerentes a cada uma destas entidades mórbidas não permite uma padronização dos critérios a serem utilizados no julgamento dos resultados. Os critérios habitualmente utilizados são subjetivos e envolvem a satisfação do paciente, a presença de dor, a ocorrência de edema residual, a capacidade para reassumir a antiga ocupação, a qualidade da marcha, a presença de instabilidade articular, a capacidade para subir ou descer escadas e para correr. Critérios objetivos de avaliação também são utilizados e envolvem a posição final do pé e do tornozelo, o trofismo e a força muscular. A avaliação radiográfica da consolidação da artrodese, da posição final do pé em relação à perna e da presença de artrose nas articulações adjacentes, também é utilizada como parâmetro. Recentemente, foram propostos métodos de avaliação baseados na função após o término do tratamento (MAZUR et al., 1979; MYERSON et al., 1986; KITAOKA et al., 1994). Objetivando transformar critérios subjetivos em mensuráveis, os métodos de avaliação funcional atribuem notas à capacidade do paciente para realizar determinadas funções e à presença de dor após o tratamento. A somatória dos pontos obtidos é comparada a tabelas desenvolvidas para avaliação funcional da artrodese do tornozelo (Apêndices). 4.12.2- Dor Lateral Pós-Artrodese do Tornozelo O encurtamento ósseo decorrente da artrodese do tornozelo pode levar à proeminência do maléolo lateral no bordo externo do pé. Como conseqüência, pode surgir desconforto relacionado ao atrito do maléolo proeminente de encontro ao contorno do calçado. Além disto, a redução da distância entre a fíbula distal e o calcâneo pode provocar estenose no trajeto dos tendões fibulares produzindo tendinite e periostite dolorosas (MYERSON & QUILL, 1991). STEWART et al. (1983) realizaram artrodese do tornozelo, empregando osteotomia dos maléolos para estreitar a circunferência do tornozelo. Como resultado, observaram a ocorrência de tendinite dos fibulares em 14%. A literatura estudada sugere que o encurtamento que ocorre após a decorticação das superfícies articulares entre a tíbia e o tálus e a consequente diminuição da distância entre o maléolo fibular e a parede lateral do calcâneo podem provocar compressão dos tendões fibulares levando à irritação crônica dos mesmos, a qual se traduz por dor lateral sub-maleolar. Para prevenir tal complicação, recomenda-se ressecar a extremidade distal da fíbula no ato da cirurgia. 4.12.3- Atrofia da Musculatura da Perna e Encurtamento A atrofia da musculatura da perna e o encurtamento do membro, causados pela artrodese do tornozelo, são referidos como clinicamente desprezíveis. A discrepância média de comprimento entre a perna submetida à artrodese do tornozelo e a contra-lateral variou de 0,9 cm a 2,0 cm, de acordo com a casuística dos diversos autores (LYNCH et al.,1988; WELTMER et al., 1991; MANN & RONGSTAD, 1998). A diminuição no diâmetro da perna no lado operado em relação à perna contra-lateral variou de 2,5 a 3,3 cm, também segundo os diferentes autores (MAZUR et al., 1979; STEWART et al., 1983; LYNCH et al., 1988; ABDO & WASILEWSKI, 1992; MANN & RONGSTAD, 1998). De acordo com a literatura estudada, tanto a atrofia da musculatura da perna quanto o encurtamento provocados pela artrodese do tornozelo, não influenciaram no resultado funcional. Geralmente, o encurtamento é pequeno e, se necessário, pode ser compensado com uma palmilha. A atrofia muscular na perna aparentemente não é causa de déficit funcional adicional num membro cuja articulação do tornozelo não mais apresenta movimento. 4.12.4- Alterações Sensitivas MEARS et al. (1991) relataram a ocorrência de parestesias dorsal e plantar no pé em 5% dos pacientes submetidos à artrodese do tornozelo. MANN & RONGSTAD (1998) encontraram perda da sensibilidade do ramo anterior do nervo sural e sinal de Tinel positivo em 10% dos pacientes avaliados. A posição subcutânea dos nervos sensitivos do pé e do tornozelo confere grande vulnerabilidade aos mesmos. Os traumatismos com lesão nas partes moles e as cirurgias reparadoras constituem as principais causas de lesão destes nervos. Esta incidência aumenta, quando são necessários procedimentos cirúrgicos de revisão; o que ocorre, com freqüência, nos pés vítimas de traumatismos. 4.12.5- Mobilidade da Articulação Subtalar É muito freqüente o comprometimento da articulação subtalar nos pacientes portadores de artrodese do tornozelo. Diversos autores associam ao mecanismo que produziu a lesão do tornozelo a etiologia da lesão da articulação subtalar (JACKSON & GLASGOW, 1979; BUCK et al., 1987; LYNCH et al., 1988). A artrodese do tornozelo pode eliminar a dor decorrente da artrite; porém, é comum a ocorrência de leve desconforto residual do pé, durante a marcha em terrenos desnivelados. A causa principal deste desconforto é a perda da capacidade de adaptação do retropé, imposta pela redução dos movimentos da articulação subtalar. JACKSON & GLASGOW (1979), BUCK et al. (1987), LYNCH et al. (1988), WELTMER et al. (1991) e ABDO & WASILEWSKI (1992) observaram que, após a artrodese do tornozelo, ocorre, quase invariavelmente, redução significativa ou ausência completa de mobilidade articular subtalar. Contrariamente, DENNIS et al. (1990) relataram que, após a artrodese do tornozelo, a mobilidade da articulação subtalar foi preservada em 85% dos pés avaliados. Não existe consenso sobre a influência da artrodese do tornozelo sobre a mobilidade da articulação subtalar. Estudos sugerem que os pacientes vítimas de traumatismos desenvolvem perda concomitante da mobilidade articular do tornozelo e subtalar. A causa desta associação pode estar relacionada à lesão de ambas articulações no momento do traumatismo inicial. A presença de artrose no tornozelo produz dor crônica de instalação gradativa, que pode também levar ao imobilismo e à rigidez secundários na articulação subtalar. Devido a esta associação, a mobilidade da articulação subtalar e a presença de dor localizada devem ser cuidadosamente avaliadas previamente à realização da artrodese do tornozelo. Quando existe rigidez associada à dor articular envolvendo o tornozelo e a articulação subtalar, pode-se considerar a realização de artrodese concomitante de ambas articulações. 4.12.6- Mobilidade Tarsal Compensatória após Artrodese do Tornozelo Uma das muitas perguntas, que ainda permanece sem resposta em relação ao resultado da artrodese do tornozelo, refere-se ao real efeito deste procedimento em relação à mobilidade residual da articulação médio-tarsal. HALLOCK (1945) e BARR & RECORD (1953) reconheceram que existe uma “surpreendente mobilidade” do pé em relação à perna no plano sagital após a artrodese do tornozelo, devido ao desenvolvimento de mobilidade compensatória das articulações subtalar e médio-tarsal. KENNEDY (1960) observou que o resultado clínico dos pacientes submetidos à artrodese do tornozelo era pior quando estes apresentavam comprometimento das articulações vizinhas previamente à cirurgia. Nestes pacientes, a artrodese do tornozelo resultou num pé semi-rígido, incapaz de movimentos compensatórios, sendo freqüente a ocorrência de dor subtalar. MAZUR et al.(1979) observaram que, quando a mobilidade das articulações médio-tarsal, tarso-metatarsal, metatarso-falângica e inter-falângica está preservada, essas tendem a compensar a perda da mobilidade do tornozelo após a artrodese. Porém, com o passar do tempo, as articulações subtalar, médio-tarsal e tarsometatarsal desenvolvem artrite degenerativa devido à sobrecarga a que são submetidas. JACKSON & GLASGOW (1979) realizaram estudo radiográfico em pacientes submetidos à artrodese do tornozelo, com a intenção de avaliar o efeito desta cirurgia nas articulações médio-tarsais. Utilizaram radiografias de perfil de ambos os pés, realizadas em dorsi-flexão e flexão-plantar máxima, e mediram o ângulo formado entre o eixo da tíbia e o quinto osso metartarsal, considerando estes valores como representativos da mobilidade médio-tarsal. Comparando o lado submetido à artrodese do tornozelo com o lado contra-lateral do mesmo paciente, observaram diminuição da mobilidade médio-tarsal em 33% dos pés operados, aumento em 27% e nenhuma alteração em 40%. Concluiram que a ocorrência de mobilidade compensatória médio-tarsal, após a artrodese do tornozelo, não é tão comum quanto previamente se supunha e que não há uma regra definida, em relação ao comportamento desta articulação, após a artrodese do tornozelo. Comparando o lado operado com o lado contra-lateral, constataram que, após a cirurgia, a amplitude de movimento do pé em relação à perna sofreu redução global de 75% no plano sagital. Não observaram nenhuma correlação entre os sinais radiográficos de artrose das articulações tarsais e a sintomatologia dolorosa dos pacientes. Após a artrodese do tornozelo, a mobilidade do pé em relação à perna no plano sagital faz-se às custas do movimento residual na articulação médio-tarsal. DENNIS & TULLOS (1980) utilizaram o termo “movimento tíbia-podal” para designar o arco de movimento entre a dorsi-flexão máxima e a flexão plantar máxima do pé em relação à perna após artrodese do tornozelo. Estima-se que sejam necessários pelo menos 20 graus de amplitude de movimento tibia-podal, para que o paciente execute uma marcha normal. STEWART et al. (1983) obtiveram diminuição da mobilidade médio-tarsal em 53% dos pacientes operados, aumento em 17% e nenhuma alteração em 30%. Não observaram correlação entre o desenvolvimento ou progressão da artrose médiotarsal com o resultado funcional após a artrodese do tornozelo. BUCK et al. (1987) avaliaram a mobilidade médio-tarsal de pacientes submetidos à artrose unilateral do tornozelo. Estudaram comparativamente radiografias de perfil dos pés feitas em dorsi-flexão e em flexão plantar máximas. Mediram o ângulo formado entre o eixo longo da tíbia e uma linha desenhada ao longo da superfície inferior do tálus, tanto no pé operado quanto no contra-lateral não operado, considerando os valores angulares obtidos em cada pé como representativos da amplitude de movimento médio-tarsal. Os pés não operados apresentaram amplitude média de movimento médio-tarsal no plano sagital de 24 graus, enquanto que nos pés operados este valor foi 13 graus, correspondendo a uma redução média de amplitude de movimento de 46%. LYNCH et al. (1988) avaliaram clínica e radiograficamente a mobilidade médio-tarsal de ambos os pés em pacientes submetidos à artrodese unilateral do tornozelo. Fizeram radiografias de perfil de ambos os pés em dorsi-flexão e flexão plantar máximas e consideraram a variação do ângulo formado entre o longo eixo da tíbia e o primeiro osso metatarsal como representativa da amplitude de mobilidade médio-tarsal. Os pés não operados apresentaram amplitude média de movimento no plano sagital de 17 graus (variação de 7 a 27 graus), enquanto que nos pés submetidos à artrodese do tornozelo esta amplitude variou de 13 a 25 graus. Observaram diminuição da amplitude de movimento no plano sagital em 49% dos pés operados, aumento em 23% e nenhuma alteração em 28%. Tanto na análise clínica quanto na radiográfica, a amplitude de movimento médio-tarsal foi similar e ocorreu nas articulações calcâneo-cubóide e talo-navicular, com mínima contribuição das articulações tarso-metatarsais. WELTMER et al. (1991) relataram a ocorrência de aumento compensatório da mobilidade médio-tarsal, de aproximamente 10 graus do lado operado em relação ao lado contra-lateral, após a artrodese do tornozelo. ABDO & WASILEWSKI (1992) estudaram o efeito da artrodese do tornozelo na mobilidade do pé em relação à perna no plano sagital. Avaliaram pacientes submetidos à artrodese unilateral do tornozelo, utilizando radiografias de perfil de ambos os pés realizadas em dorsi-flexão e flexão plantar máxima. A variação do ângulo formado pelo eixo longo do tálus e o eixo longo do primeiro osso metatarsal na dorsi-flexão e na flexão plantar máxima foi considerada como representativa da amplitude de movimento médio-tarsal e foi, em média, 22 graus no lado operado. Comparando os dois pés do mesmo paciente, os autores observaram que, após a artrodese do tornozelo, a mobilidade do pé em relação à perna aumentou em 29%, diminuiu em 32% e permaneceu inalterada em 39% dos pacientes avaliados. Os autores não observaram diferença significativa entre a mobilidade do lado operado e a do lado contra-lateral e concluiram que a mobilidade médio-tarsal não é afetada pela artrodese do tornozelo. Ressaltaram que, pode ser esperada uma perda média de 70% na amplitude do movimento do pé em relação à perna no plano sagital, após artrodese do tornozelo. Com relação ao resultado funcional, concluiram que este parece ser influenciado pela artrite subtalar ou médio-tarsal pré-existente do que pela mobilidade residual destas articulações. MANN & RONGSTAD (1998) estudaram a influência da artrodese do tornozelo na amplitude de movimento residual das articulações médio-tarsais. Fizeram radiografias, nas incidências de perfil em dorsi-flexão e flexão plantar forçadas, em tornozelos previamente submetidos à artrodese. Avaliaram a amplitude do movimento sagital residual entre o retropé e o antepé medindo o ângulo formado pelo longo eixo do tálus e o longo eixo do primeiro osso metatarsal e observaram que o arco de movimento médio-tarsal no lado operado foi, em média, de 23 graus. Ao correlacionarem o resultado funcional com o grau de mobilidade médio-tarsal, observaram que, quanto maior a amplitude de movimento médio-tarsal, melhor o resultado funcional e maior o grau de satisfação dos pacientes. Com base na literatura estudada, podemos inferir que, após a artrodese do tornozelo, o desenvolvimento de movimentos compensatórios nas articulações médio-tarsais não pode ser antecipado. A ocorrência ou não de hipermobilidade médio-tarsal é imprevisível e parece depender da presença ou não de doença degenerativa concomitante nas articulações do médio-pé. 4.12.7- Calosidade Pós-Operatória Angulação residual em varo ou valgo do retropé está associada com a formação de calosidades dolorosas na face interna ou externa da superfície plantar do pé. Eqüino residual do pé, após a artrodese do tornozelo, leva à formação de calosidades dolorosas sob a cabeça dos ossos metatarsais. Estas calosidades são secundárias à distribuição assimétrica anormal do pêso do indivíduo durante o apoio (MAZUR et al., 1979). ABDO & WASILEWSKI (1992) observaram presença de calosidades, ao longo do bordo lateral ou sob a cabeça do quinto osso metatarsal, em 23% dos pés submetidos à artrodese do tornozelo. O correto posicionamento do tornozelo durante a realização da artrodese é essencial para obter um pé plantígrado e evitar sobrecarga de pressão durante o apoio, evitando a formação de calosidades dolorosas (MAZUR et al., 1979; MANN, 1980; BUCK et al., 1987). Quando o tornozelo é artrodesado em excessivo eqüino, costuma ocorrer o desenvolvimento de calosidades sob a cabeça dos ossos metatasais. Quando ocorre o posicionamento em varo ou valgo, as calosidades costumam desenvolver-se no rebordo lateral ou medial do médio e antepé, respectivamente. A causa principal das calosidades pós-operatórias parece estar relacionada com o mau posicionamento da artrodese; porém, a presença de deformidade em cavo no médio-pé está frequentemente associada às sequelas de lesão traumática que comprometem o tornozelo. A artrodese do tornozelo não é capaz de corrigir a deformidade em cavo do médio-pé e esta, por sua vez, pode ser a causa de hiperpressão no antepé, levando ao aparecimento de calosidades dolorosas sob a cabeça dos ossos metatarsais. 4.12.8- Edema Residual Pós-Operatório MEARS et al. (1991) relataram a presença de edema residual pós-operatório do pé e do tornozelo em 15% dos pés submetidos à artrodese do tornozelo, enquanto que ABDO & WASILEWSKI (1992) observaram edema em 26% dos pacientes da sua casuística. O edema crônico do tornozelo, após a realização da artrodese, costuma ocorrer nos pacientes que apresentam deformidades na região distal da perna, problemas no retorno venoso, retração cicatricial extensa devido a múltiplas cirurgias, infecção crônica ou lesão grave das partes moles causada pelo traumatismo original. De acordo com a literatura estudada, na presença de qualquer um destes fatores, deve-se considerar a ressecção do terço distal da fíbula e do maléolo medial, para reduzir o diâmetro final do tornozelo. 4.12.9- Artrose Tardia do Retropé JOHNSON et al. (1992) observaram que o desenvolvimento ou a progressão de artrose nas articulações médio-tarsais não estava correlacionado com o resultado clínico obtido após a artrodese do tornozelo. MANN & RONGSTAD (1998) observaram artrose do retropé, após a artrodese do tornozelo, em 56% dos pacientes avaliados. A maioria dos pacientes com alterações degenerativas nas articulações do tarso, visíveis nas radiografias do pé, era assintomático. A literatura estudada evidencia que a grande maioria dos pacientes com artrose do tornozelo apresenta comprometimento simultâneo da articulação subtalar; comprometimento este provocado pelo mesmo fator que ocasionou lesão na articulação do tornozelo. A constatação de dor e de rigidez da articulação subtalar previamente à realização da artrodese do tornozelo nem sempre é fácil; algumas vezes, gera dúvida quanto à necessidade ou não de incluir esta articulação na artrodese. A realização de testes terapêuticos com infiltração articular seletiva de solução anestésica e a utilização de exames subsidiários, como a tomografia axial computadorizada e a cintilografia óssea, podem ajudar a esclarecer a grande maioria das dúvidas diagnósticas e auxiliar na melhor indicação cirúrgica. 5- CONCLUSÕES 1. Atualmente a artrodese é a melhor opção de tratamento para os pacientes portadores de artrose do tornozelo em estado avançado e sintomáticos. 2. A fixação interna compressiva, utilizando parafusos para osso esponjoso de 6.5 mm de diâmetro, é o método preferencial de osteossíntese para artrodese do tornozelo. 3. A fixação externa da artrodese do tornozelo é melhor indicada nos casos onde existem infecção crônica ativa com ou sem perda óssea associada, acentuada osteoporose ou grave deformidade. 4. A consolidação da artrodese do tornozelo nem sempre está associada a resultados clínico e funcional satisfatórios. RESUMO O autor realizou a revisão e análise crítica da literatura pertinente à artrodese do tornozelo dos trabalhos científicos selecionados em publicações dos últimos 95 anos. Obteve-se como conclusão que este procedimento cirúrgico continua sendo a opção de escolha no tratamento dos pacientes portadores de artrose do tornozelo em estado avançado e sintomáticos. A consolidação da artrodese nem sempre está associada à resultados clínico e funcional satisfatórios. O número de complicações associados à artrodese do tornozelo é elevado. Melhores resultados podem ser esperados quando o tornozelo é artrodesado na posição neutra em relação à flexão plantar e dorsal, com zero a cinco graus de valgo e com cinco a 10 graus de rotação externa. O método preferencial de estabilização dos fragmentos ósseos na artrodese do tornozelo refere-se a fixação interna compressiva empregando parafusos para osso esponjoso com 6.5 mm de diâmetro. A fixação externa está indicada quando existe infecção crônica ativa, com ou sem perda óssea associada, acentuada osteoporose ou grave deformidade. ABSTRACT A literature review of scientific papers and dissertations on ankle arthrodesis published during the past 95 years in the national and international literature was carried out. Based on critical analysis, it was concluded that this surgical procedure is the gold standard treatment for patients with severe and symptomatic ankle arthrosis. Union of the arthrodesis may be unrelated to satisfactory clinical and functional results. There are a great number of complications associated to arthrodesis of the ankle. Best results may be accomplished when the position of the fused foot is is neutral regarding plantar and dorsal flexion, with zero to five degrees of valgus, and five to ten degrees of external rotation. Compressive internal fixation with 6.5 mm cancellous screws is the method of choice for stabilization of the bone fragments in ankle arthrodesis. External fixation should be used in those cases with active chronic infection with or without associated bone loss, intense osteoporosis or severe deformities. 6- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABDO, R.V. & WASILEWSKI, S.A. - Ankle arthrodesis: a long-term study. Foot Ankle, 13: 307-12, 1992. ADAMS, J.C. - Arthrodesis of the ankle joint. J. Bone Joint Surg., 30-B: 50611, 1948. ANDERSON, R. - Concentric arthrodesis of the ankle joint. J. Bone Joint Surg., 27: 37-48, 1945. BACIU, C.C. - A simple technique for arthrodesis of the ankle. J. 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Distância caminhada: 6 pontos ilimitada 4-6 quarteirões 1-3 quarteirões intra-domiciliar cama- cadeira incapaz de andar C. Apoio durante a marcha: 6 pontos nenhum usa bengala para longas caminhadas usa bengala continuamente usa muletas incapaz de andar D. Capacidade para subir rampa: 3 pontos sobe normalmente sobe com o pé em rotação externa sobe apoiando na ponta dos artelhos incapaz de subir E. Capacidade para descer rampa: 3 pontos desce normalmente desce com o pé em rotação externa desce apoiando na ponta dos artelhos incapaz de descer F. Capacidade para subir escadas: 3 pontos sobe normalmente usa sempre apoio sobe degrau a degrau com o pé normal à frente incapaz de subir escadas G. Capacidade para descer escadas: 3 pontos desce normalmente usa sempre o corrimão desce degrau a degrau com o pé normal à frente incapaz de descer escadas 3 pontos 2 pontos 1 ponto 0 ponto H. Habilidade para apoiar-se na ponta dos artelhos: 5 pontos capaz de 10 repetições capaz de 3 repetições capaz de 1 repetição incapaz 5 3 1 0 pontos pontos ponto ponto I. Capacidade de correr: 5 pontos ilimitada limitada incapaz 5 pontos 3 pontos 0 ponto J. Amplitude de movimento do tornozelo: 10 pontos Flexão Dorsal: 40 graus Flexão Plantar: 5 pontos 30 20 10 5 0 graus graus graus graus grau 4 3 2 1 0 pontos pontos pontos ponto ponto 40 30 20 10 5 0 graus graus graus graus graus grau 5 4 3 2 1 0 pontos pontos pontos pontos ponto ponto RESULTADOS: excelente- 80-90 pontos bom70-79 pontos regular60-69 pontos ruimmenos 60 pontos Escala de Maryland para o pé Dor : 45 pontos inexistente, inclusive aos esportes pequena e sem importância leve, alterando pouco a função cotidiana ou o trabalho moderada, alterando a função cotidiana ou trabalho acentuada, aos mínimos esforços ou atividades cotidianas incapacidade para a função cotidiana ou o trabalho 45 40 35 30 10 5 pontos pontos pontos pontos pontos pontos 4 3 2 1 0 pontos pontos pontos ponto ponto 10 8 5 2 pontos pontos pontos pontos 4 3 2 1 0 pontos pontos pontos ponto ponto 4 3 1 0 pontos pontos ponto ponto 4 3 2 0 pontos pontos pontos ponto Função : 55 pontos A. Claudicação: 4 pontos inexistente mínima moderada grave incapaz de deambular B. Distância caminhada: 10 pontos ilimitada limitação mínima limitação moderada (2-3 quarteirões) limitação grave (1 quarteirão) C. Estabilidade: 4 pontos normal sensação de fraqueza sem instabilidade instabilidade ocasional instabilidade freqüente uso de órtese D. Apoio durante a marcha: 4 pontos nenhum bengala muletas cadeira de rodas E. Capacidade para subir escadas: 4 pontos sobe normalmente sobe somente apoiado no corrimão sobe com outros artifícios além do corrimão incapaz para subir F. Capacidade para caminhar em diferentes tipos de terreno: 4 pontos qualquer tipo dificuldade em terrenos irregulares dificuldade em terrenos regulares 4 pontos 2 pontos 0 ponto G. Tipo de calçado: 10 pontos qualquer tipo alguns calçados calçados desamarrados ou sem cordões órteses calçados abertos incapaz de usar calçados 10 9 7 5 2 0 pontos pontos pontos pontos pontos ponto H. Aspecto estético: 10 pontos normal deformidade leve deformidade moderada deformidade grave 10 8 6 0 pontos pontos pontos ponto 5 4 2 0 pontos pontos pontos ponto I. Amplitude de movimento do retropé: 5 pontos normal diminuição mínima diminuição acentuada rigidez RESULTADOS : excelentebomregularruim- 90-100 pontos 75-89 pontos 50-74 pontos menos 50 pontos Escala AOFAS para tornozelo e retropé: Dor : 40 pontos nenhuma leve, ocasional moderada, diariamente grave, sempre presente 40 30 20 0 pontos pontos pontos ponto 10 7 4 0 pontos pontos pontos ponto 5 4 2 0 pontos pontos pontos ponto Função : 50 pontos A. Atividade: 10 pontos sem limitação limitação recreacional, não usa bengala limitação recreacional, usa bengala limitação acentuada , usa andador, muletas, cadeira rodas B. Distância caminhada: 5 pontos superior a 6 quarteirões 4-6 quarteirões 1-3 quarteirões inferior a 1 quarteirão C. Capacidade para caminhar nas diversas superfícies: 5 pontos sem dificuldade em qualquer terreno dificuldade em terrenos irregulares, inclinados e escadas incapacidade em terrenos irregulares, inclinados e escadas 5 pontos 3 pontos 0 ponto D. Anormalidade na marcha : 8 pontos nenhuma ou discreta moderada e óbvia grave 8 pontos 4 pontos 0 ponto E. Amplitude de movimentação sagital (flexo-extensão): 8 pontos normal ou pequena restrição (30 graus ou mais ) moderada restrição (15 a 29 graus) acentuada restrição (menor que 15 graus) 8 pontos 4 pontos 0 ponto F. Amplitute de movimentação do retropé (inversão-eversão): 6 pontos normal ou pequena restrição ( 75%-100% lado contralateral) moderada restrição ( 25%-74% lado contralateral) acentuada restrição ( menor que 25% lado contralateral) 6 pontos 3 pontos 0 ponto G. Estabilidade do tornozelo-retropé (anteroposterior e varo-valgo): 8 pontos estável instável H. Alinhament : 1 0 pontos bom, pé plantígrado, bom alinhamento tornoz.-retropé regular, pé plantígrado, moderado desalinhamento ruim, pé não plantígrado, acentuado desalinhamento 8 pontos 0 ponto 10 pontos 5 pontos 0 ponto FIGURAS FIGURA 1 FIGURA 2 FIGURA 3A FIGURA 3B FIGURA 4 FIGURA 5 FIGURA 6 FIGURA 7A FIGURA 7B FIGURA 7A FIGURA 8B FIGURA 8C FIGURA 9 FIGURA 10A FIGURA 10B FIGURA 11 FIGURA 12A FIGURA 12B FIGURA 13 FIGURA 14 FIGURA 15 FIGURA 16A FIGURA 16b FIGURA 17 FIGURA 18A FIGURA 18B FIGURA 19A FIGURA 19B FIGURA 20A FIGURA 20B FIGURA 21A FIGURA 21B FIGURA 22A FIGURA 22B FIGURA 23 FIGURA 24 FIGURA 25 FIGURA 26 FIGURA 27