GEOGRAFIA Segregação espacial

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EIXO TEMÁTICO I: GEOGRAFIAS DO COTIDIANO
Tema 1: Cotidiano de Convivência, Trabalho e Lazer
Tópico 5: Segregação espacial
Objetivos:
-Identificar as questões que envolvem a segregação espacial do lazer em imagens, textos e na observação da vida
cotidiana.
-Explicar os tipos de relações sociais existentes no território relacionando-os com os lugares, suas estratégias de
segregação e exclusão das populações marginalizadas.
-Reconhecer a cidade na sua territorialidade de bandos, gangues, identificando as demarcações no seu espaço de
vivência e relacionando-os com a singularidade ou generalidade de outros cotidianos.
Providências para a realização da atividade:
Materiais: fita de DVD ou VHS: Hotel Ruanda, caderno para registro, pesquisa em sites sobre o filme e o conflito dos
Hutus e Tutsis , Atlas, mapa-múndi, globo
Alocar a fita de DVD - Hotel Ruanda
Preparar sala de vídeo ou sala de projeção;
Combinar com os alunos a sessão.
Marcar atividade de pesquisa para ampliação da temática na biblioteca e laboratório de informática.
Pré-requisitos:
- Possuir informações sobre discriminação, segregação praticadas no espaço.
- Diferenciar grupos ou classes sociais de acordo com a cor, crença religiosa, língua, relações políticas, etc.
- Dominar as novas tecnologias
- Dominar práticas de investigação, sabendo decodificar as informações para transformá-las em conceitos.
- Saber mapear informações no mapa-múndi e do Brasil.
Descrição dos procedimentos:
Professor/a, esse tópico propõe 3 habilidades complexas sobre os conceitos de segregação
espacial, exclusão, marginalização, cotidiano e território. Para trabalhar com imagens e textos do cotidiano
selecionamos a leitura do filme - Hotel Ruanda. As cenas chocantes do cotidiano de terror revelam a segregação
e exclusão de povos da mesma nacionalidade, separados pelos colonizadores, que escolheram os tutsis para os
representar no poder local. Essa escolha gera um movimento separatista entre as etnias: hutus ( 85% da população)
e tutsis. O filme revela o separatismo, o nacionalismo e o ódio instaurados nas relações sociais, num território
comum, mas marcado por estratégias de segregação. A leitura do filme possibilita ver na cidade a territorialidade dos
bandos de tutsis , com seus facões, praticando o genocídio. Nesse cotidiano africano ressalta-se o hotel Mille
Colines, multinacional belga, comandado por um gerente tutsi.
As questões conceituais possibilitam refletir sobre cotidianos de conflito no mundo, com olhar no continente
africano e sua exclusão no processo de globalização mundial; permite problematizar a questão da raça negra e sua
história de discriminação e segregação no mundo dos brancos; o conflito gerado pela colonização européia na África
e a permanência do terror e do genocídio entre tribos de mesma nacionalidade; a migração forçada para os campos
de refugiados. Tudo isso, pode ser visualizado no filme de Terry George, numa história verídica.
O estudo da segregação espacial no filme levará o aluno a compreender as relações sociais existentes no
território africano, espacializadas na região de Ruanda, onde as duas tribos tutsis e hutus reterritorializam o espaço
de exclusão da cidade, demarcando-o com a violência e o terror dos conflitos étnicos. Então vamos à sessão!
Atividade 1 – Leitura do filme: Hotel Ruanda
§
Apresentar para os alunos a sinopse do filme. È necessário problematizar o que se pretende dentro desse
cotidiano africano: observar a tensão, o ódio entre grupos étnicos, o separatismo e a violência para refletir
sobre o papel das grandes potências na desestruturação da espacialidade africana.
“Em 1994 um conflito político em Ruanda levou à morte de quase um milhão de pessoas em apenas cem dias. Sem
apoio dos demais países, os ruandenses tiveram que buscar saídas em seu próprio cotidiano para sobreviver. Uma
delas foi oferecida por Paul Rusesabagina (Don Cheadle), que era gerente do hotel Milles Collines, localizado na
capital do país. Contando apenas com sua coragem, Paul abrigou no hotel mais de 1200 pessoas durante o conflito,”
è interessante discutir a ausência de discriminação do gerente e seu caráter humanitário.
Hotel Ruanda
Você, professor, pode selecionar fotos e textos em sites sobre o filme
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Combinar a sessão: o dia, o tempo, a participação e os registros.
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Leitura do filme e registros
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Seqüência de atividades para trabalhar o conceito de segregação espacial.
Atividade cartográfica:
Localizar no mapa-múndi (Atlas), o espaço que foi cenário do filme – Kigali, capital de Ruanda.
Localizar no mapa-múndi , com legenda criativa, esse lugar de conflito.
Atividade de descrição
Descrever as cenas do flime na sequência do enredo.: o movimento turístico do hotel, as relações entre os tutsis;
o início das tensões; a realidade da situação vivenciada pelos personagens: a desterritorialização no hotel, a
exclusão e humilhação dos hutus, o genocídio.
Leitura do texto para subsidiar a interpretação do filme
O demônios estão todos em Ruanda.
Kigali, a capital de Ruanda, tinha 350 mil habitantes em meados de abril de 1994. Um mês depois, não havia mais
que 250 mil pessoas vivendo na cidade. Pelo menos 60 mil foram assassinadas. Mais de 20% dos 8 milhões de
ruandenses abandonaram suas casas, em pânico, para se refugiar no interir ou países vizinhos.
Em um único dia, 250 mil pessoas cruzaram a fronteira com a Tanzânia por uma ponte estreita – o maior e
mais rápido êxodo já visto por funcionários da ONU e Cruz Vermelha. Em menos de 4 semanas, houve uma chacina
de proporções assombrosas: mais de 200 mil mortos, 500 mil trucidados ( homens, mulheres, crianças, velhos). Um
missionário que se encontrava em Ruanda disse à revista Time: „Não sobraram demônios no inferno. Eles estão
todos em Ruanda‟. A tragédia é mais uma etapa da guerra civil que despedaça Ruanda desde 1990 e mais um round
na histórica briga entre as duas etnias que povoam a região desde o século XV – os hutus e os tutsis (ou watusis). O
ódio entre esses dois povos é um legado do colonialismo.
Os hutus, de estatura mais baixa e de cor negra mais acentuada, formam hoje 85% da população. Falam a mesma
língua e conviveram em paz com os tutsis, mais altos e de pele mais clara, até a chegada dos europeus, em 1885.
Primeiro foram os alemães, que colonizaram a região até a Primeira Guerra Mundial, e depois os belgas, que ficaram
até 1961, um ano antes da independência de Ruanda.
Os colonizadores escolheram os tutsis como testas de ferro de seu domínio. Concederam a eles os cargos na
burocracia governamental, as vagas nas escolas, os postos mais importantes no exército e facilidades para se
instalarem no comércio.
Na década de 50 ocorrem os primeiros conflitos entre as duas etnias. Com o crescimento do sentimento de
nacionalidade em toda a África, os hutus lançam um movimento separatista, mas seus líderes são assassinados
pela elite tutsi. Em 1959 os hutus finalmente derrubam a monarquia tutsi, instalam um governo provisório no ano
seguinte conseguem a independência, em 1962. Em 1963, um movimento guerrilheiro tutsi invade Ruanda
procedente do vizinho Burundi, mas é derrotado e perde 12 mil homens. Dez anos mais tarde um golpe militar põe no
poder um hutu
A atual guerra civil começou em 1990, quando guerrilheiros tutsis invadem Ruanda procedentes de Uganda.
Intermináveis negociações de paz foram conduzidas pela ONU, por países africanos, França e Bélgica.
Em abril de 1994, o avião em que viajava o presidente Habyarimana (hutu), foi derrubado por míssil quando
retornava de uma rodada de negociação da paz na Tanzânia. Os <;B>hutus responsabilizaram os tutsis pelo
assassinato, mas suspeita-se que líderes radicais hutus é que tenham disparado o míssil a fim de criar pretexto para
massacrar os tutsis.
Milícias que atuam como braços armados de partidos políticos hutus saíram à caça de seus adversários em todo
país. A chacina foi monstruosa. Invadiram a universidade de Kigali e mataram, com tiros e golpes de facão, todos os
estudantes que estavam no campus. Os milicianos tinham listas com nomes de pessoas a serem mortas e as
perseguiam até atingir os objetivos. Aldeias inteiras foram dizimadas. Moradores de países vizinhos e observadores
internacionais presenciaram cenas horripilantes, que demonstravam um método macabro de extermínio: primeiro
apareciam boiando nas correntezas dos rios os corpos chacinados de homens e jovens, que morreram lutando para
defender suas famílias; depois apareciam os corpos das mulheres e velhos, também trucidados; por fim os corpos
intactos de crianças e bebês, que foram jogados nos rios para se afogarem. Fonte: Revista Nova Escola.Agosto:
1994, p.42/43.
Atividade de interpretação do texto e do filme
1 - Construir um argumento geopolítico para explicar a relação entre o processo histórico de colonização e o
desenvolvimento do conflito. Basear-se no conflito étnico: hutus e tutsis.
2 - Explicar o significado de etnia e genocídio revelados nas cenas do filme e no texto acima.
3 - Problematizar: O genocídio de Ruanda seria uma versão africana da limpeza étnica que ocorre em alguns países
europeus? Em quais lugares do mundo essa prática ainda ocorre? Por quê?
4 - O hotel Mille Colines representa uma segregação espacial contraditória: a) antes do conflito só recebe turistas
estrangeiros; durante o conflito abriga a população local e retira os turistas. Como você analisa essa contradição e
conceitua a segregação espacial no filme?
6 - Um conceito significativo abordado no filme: fronteira política do território de Ruanda. Ele é mostrado nas cenas
finais dos refugiados, procurando desesperadamente sair do pais. Apresente argumentos sobre a barbárie hutu,
respomdendo: É possível reorganizar esse território? Como? Quais suas sugestões para retirar esses povos do caos
étnico e político?
Atividade de solidariedade
Seria conveniente enviar uma lista de alternativas à ONU? Como elaborá-la? Como enviar?
Site Fórum Social Mundial – www.forumsocialmundial.org.br
Possíveis dificuldades:
- Dificuldades relacionadas:
- à compreensão dos conflitos mostrados no filme. Usar DVD para evitar as legendas. Passar a fita com tradução.
- à participação no debate com argumentação e coerência sobre o filme.
Alerta para riscos:
Não existem restrições e riscos.
Glossário:
Fronteiras: limite do território de um Estado e do exercício do poder territorial. Na representação simbólica do
território pode estar significando as delimitações espaciais da segregação/discriminação, das resistências, dos
valores, das identidades.
Identidade: a fonte de significado e experiência de um povo, envolvendo representações simbólicas e a relação com
o outro, com a alteridade. Como identidade cultural representa os costumes, as tradições, a língua, as formas de
conviver e de viver, compartilhadas e construídas simbolicamente que dão coesão e força simbólica aos indivíduos
ou grupo. Como identidade nacional representa movimentos que partem das bases: atributos lingüísticos, territoriais,
étnicos, religiosos e políticos-históricos compartilhados. Como . identidade territorial entende-se-“conjunto
concatenado de representações socioespaciais que atribuem ou reconhecem uma certa homogeneidade em relação
ao espaço ao qual se referem, dando coesão e força (simbólica) ao grupo que ali vive e com ele se
identifica.”(HAESBAERT,1997)
Etnia é uma comunidade humana em suas afinidades lingüísticas, culturais, tribais, religiosos, nacionais e genéticas,
compartilhando uma espacialidade social e política no território. Não pode ser confundida com raça que representa
um grupo menos. A etnia justifica laços históricos reais ou imaginários.
Genocídio : extermínio físico de um grupo nacional étnico ou religioso.
Roteiro de Atividade: Leitura cinematográfica: Hotel Ruanda
Currículo Básico Comum - Geografia Ensino Fundamental
Autor(a): Miriam Rezende Bueno
Centro de Referência Virtual do Professor - SEE-MG/2007
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