Aposte na arborização

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Fonte: http://revistacasaeconstrucao.uol.com.br/ESCC/Edicoes/94/artigo290880-1.asp
Paisagismo
Aposte na arborização
Árvores na fachada da residência valorizam o imóvel e a cidade. Confira as dicas para escolher as espécies e não ter
problemas com poda e manutenção das calçadas
Texto: Renata Ramos
A arborização, além de deixar ainda mais bonita a
fachada das residências, proporciona qualidade de
vida às pessoas, pois contribui para uma melhor
ventilação e sombreamento, mantendo a
temperatura mais agradável. Porém, os especialistas
alertam: é preciso saber escolher as espécies mais
indicadas e seguir algumas recomendações de
plantio e manutenção para que as árvores não se
tornem um inconveniente, tanto para quem mora no
local como para quem circula pela calçada.
Para o paisagista Benedito Abbud, os problemas
decorrentes da arborização ocorrem, geralmente,
pela falta de planejamento na hora de escolher as
espécies. "O plantio inadequado pode provocar a
quebra das calçadas e a necessidade de podas que,
se feitas incorretamente, podem desequilibrar as
copas, aumentando o risco de tombamentos", avisa
Abbud.
Assim, é importante investir em um bom
planejamento. "Calcule calçadas com largura que
evite conflitos entre o fluxo de pedestre e o
paisagismo. Atenção também ao cimentar em volta
do tronco e colocar placas, que prejudicam as árvores", enfatiza o paisagista.
Para arborização Das calçadas, alamedas e parques deste "condomínio- bairro", na capital fluminense, o paisagista
Benedito Abbud utilizou árvores nativas e outras exóticas, adaptadas às condições de clima, levando em conta
aspectos naturais, como porte, sombreamento, floração e frutos. Assim, há oitis, aroeiras, ingás, paineiras, ipês,
jambos, caramboleiras, pitangueiras e jabuticabeiras.
Espécies recomendadas
A paisagista Paula Galbi indica utilizar árvores com raízes pivotantes (subterrâneas) e porte pequeno ou médio, com
crescimento uniforme. "Elas evitam problemas com a fiação da rua, e as raízes menos agressivas não danificam a
pavimentação", explica. Segundo Abbud, frutíferas são bemvindas, pois atraem pássaros, mas é preciso ter cuidado quanto
ao tamanho da fruta. "Pitangueira (Eugenia uniflora L.) e uvaia (Eugenia pyriformis), por produzirem pequenos frutos, são
boas alternativas", aconselha.
Outras espécies indicadas, principalmente para plantio sob a fiação, são pata de vaca (Bauhinia sp.), urucuzeiro (Bixa
orellana L.), aroeira-mansa (Schinus terebinthifolius), aleluia (Senna multijuga), quaresmeira (Tibouchina granulosa),
manacá-da-serra (Tibouchina mutabilis) e resedá (Lagerstroemia indica), entre outras.
Dicas importantes
Não use plantas tóxicas.
No caso de árvore com caule resistente, dê preferência a espécies de folhas largas e que deem frutos secos e pequenos,
mesmo que não sejam comestíveis.
Todas as árvores escolhidas devem dar um efeito ornamental e estar de acordo com o clima da região.
Utilize piso permeável para um melhor desenvolvimento das árvores, permitindo que suas raízes se espalhem e
recebam água do solo mais facilmente.
O porte deve ser proporcional à casa, ou seja, grandes fachadas comportam jabuticabeiras (Myrciaria cauliflora), que
são volumosas e altas. Já para fachadas menores, prefira palmeiras finas ou kaizuka (Juniperus
chinensis torulosa).
Para que raiz e tronco se desenvolvam, deixe um espaço de, pelo menos, 1 x 1 m. Canteiros menores acabam
prejudicando o desenvolvimento da planta e podem quebrar com o crescimento das raízes.
Nesta fachada, Paula Galbi planejou um
paisagismo que se integra à arquitetura da
residência. Assim, entre os destaques estão
moreias bicolores, resistentes às ações do tempo
e que florescem quase o ano todo. Neste caso,
não foram usadas espécies de grande porte, pois
poderiam afetar o sistema de alarme.
A paisagista Daniela Sedo trabalhou neste projeto com um ipêamarelo, do lado esquerdo, próximo à rede de energia, e duas
jabuticabeiras, à direita. A vegetação rasteira é de grama-sãocarlos, resistente ao pisoteio e à passagem de carros. Já o canteiro
é de gardênias, que soltam um delicioso perfume durante a
primavera e o verão.
O que diz a legislação?
Cada município possui suas particularidades e restrições, que variam conforme região e clima. O ideal é se informar com
o departamento que cuida do meio ambiente de seu município.
Na capital paulista, a Lei 10.365, de 1987, determina que, se o morador quiser plantar uma árvore no passeio público,
deve verificar os seguintes fatores: espécie escolhida de acordo com o espaço disponível e base não cimentada para
que não seja prejudicado o desenvolvimento da planta. É possível verificar o Manual de Arborização da Secretaria do
Verde e Meio Ambiente de São Paulo no
link:http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/upload/manual_arborizacao_1253202256.pdf. Outro
documento da Prefeitura paulistana com recomendações é a Cartilha Passeio Livre
(http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/upload/subprefeituras/calcadas/arquivos/cartilha__draft_10.pdf), que trata da importância das calçadas, destacando a faixa de serviço como o ponto mais adequado para
o plantio das árvores.
Os jardins da calçada e de entrada desta casa, assinados
por Paula Galbi, se mesclam. A paisagista optou por
espécies diferentes e mais resistentes do que as
existentes no condomínio para criar uma identidade
única. No projeto há cachepôs de eugênia americana com
forração de lantana pendente branca. Nas laterais,
fórmio e moreia.
Para contrastar com o muro de pedras escuras desta
fachada, Paula Galbi utilizou pleomele variegata. Houve
ainda o replantio de uma primavera com o objetivo de
conduzi-la pela parede. Ambas as espécies são plantas
rústicas, que se adaptam às condições de vento e têm
crescimento rápido, e de meia-sombra.
Como dever ser feita a manutenção?
A paisagista Daniela Sedo esclarece que a manutenção mensal é de responsabilidade do proprietário. Porém, se a copa
da árvore for realmente grande e já tiver atingido a elétrica, a companhia de energia ou Subprefeitura deve ser
chamada para efetuar a poda, por questão de segurança. "A partir da data da solicitação, esses órgãos demoram cerca
de 90 dias para realizar a poda. Portanto, o ideal é escolher espécies que não alcancem a altura dos fios em idade
adulta", alerta a paisagista.
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