VARIABILIDADE E SUSCEPTIBILIDADE CLIMÁTICA: Implicações Ecossistêmicas e Sociais de 25 a 29 de outubro de 2016 Goiânia (GO)/UFG ANÁLISE DAS DISTRIBUIÇÕES PLUVIOMÉTRICAS MUNICIPAIS NO TRIÂNGULO CRAJUBAR / CE (1985 - 2015) DENISE DA SILVA BRITO1 FRANCISCO MARCIANO DE ALENCAR SILVA2 RESUMO No Ceará, as chuvas mais significativas iniciam-se em dezembro e podem estender-se até junho ou julho, dependendo das condições oceânicas e atmosféricas atuantes. As massas úmidas provenientes do litoral chegam à região do Cariri pela calha do rio Jaguaribe, ao norte. Ao encontrarem o obstáculo da Chapada, essas massas ascendem, resfriando-se e precipitam-se. Observamos, porém, diferenças pluviométricas bastante significativas, tanto anuais como em períodos maiores (décadas) são essas diferenças que foram abordadas tendo como foco o triângulo do Crajubar formado pelos municípios de Crato, juazeiro do Norte e Barbalha a qual objetiva identificar as principais características pluviométricas desta área, a partir da análise das precipitações municipais num período de 30 anos (1985 a 2015). Foram adotadas como referência as estações de Campos Sales/CE, Barbalha/CE e Pio IX/PI, e dados oferecidos Pela FUNCEME- fundação cearense de metereologia, e a partir desses dados, foi possível classificar o trimestre, mês e ano mais chuvoso e seco de cada município, assim como a medial total anual. Palavras-chaves: pluviometria; sistemas climáticos; Crajubar ABSTRACT In Ceará, the most significant rains begin in December and may extend until June or July, depending on the oceanic and atmospheric conditions acting. The wet mass from the coast arrive in Cariri the channel of the river Jaguaribe, to the north. To find the obstacle of Chapada, these masses rise, if cooling and precipitate themselves. We note, however, rainfall differences quite significant, both annual and for longer periods (decades). It is these differences that will be discussed focusing on the Crajubar the triangle formed by the Crato municipalities, North Juazeiro and Barbalha which aims to identify the main rainfall characteristics of this area, from the analysis of municipal rainfall in a 30-year period (1985 to 2015). Were adopted as reference the Campos Sales / EC stations, Barbalha / CE and Pius IX / IP, and data offered By FUNCEME- cearense foundation meteorology, and from these data, it was possible to classify the quarter rainiest month and year dry each municipality, as well as the total annual medial. Keywords: rainfall; weather systems; Crajubar 1-Introdução As chuvas no interior nordestino, e conseqüentemente na área em foco, são determinadas pelas oscilações da Convergência Intertropical (ZCIT). A Convergência Intertropical - área de confluência dos Alísios dos Hemisférios latitudinais - acompanha os deslocamentos do Equador térmico e tem sua posição meridional extrema aproximadamente Doutoranda em Geografia, Universidade Estadual do Ceará – UECE. Email: [email protected] 2 Mestrando em Desenvolvimento Regional sustentável, Universidade Federal do Cariri – UFCA. Email: [email protected] 1 1003 VARIABILIDADE E SUSCEPTIBILIDADE CLIMÁTICA: Implicações Ecossistêmicas e Sociais de 25 a 29 de outubro de 2016 Goiânia (GO)/UFG no início do outono, época em que o anticiclone do Atlântico Sul atinge sua mínima pressão. Sendo zona de forte convecção, consegue transpor as barreiras orográficas e penetrar no interior. Além da ZCIT, outros sistemas atmosféricos atuam entre fevereiro e maio, quais sejam, Vórtices Ciclônicos de Ar Superior (VCAS), Frentes Frias, Linhas de Instabilidade e Sistemas Convectivos de Meso-escala. Desta forma, a estação chuvosa do Sertão nordestino, assim como em vários pontos de seu litoral norte, ocorre na seqüência verãooutono e é determinada pelas ondulações da ZCIT a noroeste, aliada às penetrações das correntes perturbadas de oeste-noroeste (FUNCEME, 1990). As massas úmidas provenientes do litoral chegam à região do Cariri pela calha do rio Jaguaribe, ao norte. Ao encontrarem o obstáculo da Chapada, essas massas ascendem, resfriando-se e precipitamse (NIMER, 1989). No Ceará, as chuvas mais significativas iniciam-se em dezembro e podem estenderse até junho ou julho, dependendo das condições oceânicas e atmosféricas atuantes. Os municípios de Crato (-07º14’03 de latitude sul e 39º24’34” longitude oeste), Juazeiro do norte (7º 12' 47"de latitude sul e 39º 18' 55" longitude oeste) e Barbalha(7° 18’ 40” Latitude sul e 39° 18’ 15” longitude oeste), (CRAJUBAR), estão situados, na região metropolitana do Cariri, no sul do estado do Ceará é a segunda maior nucleação urbana do Estado que compreendem além dos municípios do Crajubar, os municípios de Jardim, Missão Velha, Caririaçu, Farias Brito, Nova Olinda e Santana do Cariri, e conta com aproximadamente 590.209 habitantes (IBGE, 2010). Adotando-se como referência as estações de CAMPOS SALES/CE, BARBALHA/CE e PIO IX/PI (MMA, 1999), dentro dos tipos climáticos de Köppen, podemos identificar, como predominante no Crajuba, a classe climática BSW’h’, isto é, clima semi-árido, com curta estação chuvosa no verão-outono, apresentando temperatura superior a 18oC no mês mais frio. No Vale do Cariri, e em especial no alto da chapada do Araripe, há queda de temperatura e aumento da precipitação, indicando que ali o clima seria classificado em AW’, ou seja, clima tropical chuvoso, com a estação chuvosa no outono. De acordo com os dados da SUDENE (Jacomine, 1973), pode-se classificar o Cariri como pertencente à classe Amw’, devido a seus índices de umidade. Esta classe caracteriza-se por ter o mês mais seco com precipitação abaixo de 60 mm, ou seja, uma seca atenuada, sendo o clima um intermediário entre o Aw’(tropical chuvoso) e o Af (tropical úmido) (SILVA et al 2010). 1004 VARIABILIDADE E SUSCEPTIBILIDADE CLIMÁTICA: Implicações Ecossistêmicas e Sociais de 25 a 29 de outubro de 2016 Goiânia (GO)/UFG Sendo assim este trabalho objetiva identificar as principais características pluviométricas do Crajubar, a partir da análise das precipitações municipais num período de 30 anos (1985 a 2015). FENÔMENOS DE TEMPO ATUANTES: Entre os principais fenômenos naturais para a expressão desses dados e que interferem diretamente nos processos climáticos do Nordeste do Brasil e principalmente do Ceará, se evidenciam a Zona de Convergência Intertropical do Atlântico, a influência do El Niño e La Niña. Inclui-se ainda a proximidade com a Bacia Sedimentar do Araripe e a relação com a orografia e a altitude de 900m da Chapada do Araripe. Outros fatores pontuais, como vegetação, afloramento de mananciais ou mesmo a interferência antrópica na paisagem local, como queimadas, desmatamento, impermeabilização do solo também interferem no clima local, porém não têm tanta expressividade quanto os sistemas e fenômenos citados anteriormente. ZONA DE CONVERGÊNCIA INTERTROPICAL: A ZCIT é uma banda de nuvens que circunda a faixa equatorial do globo terrestre, formada principalmente pela confluência dos ventos alísios do hemisfério norte com os ventos alísios do hemisfério sul. É considerado o sistema mais importante gerador de precipitações sobre a sub-bacia do salgado, provoca chuvas de Janeiro a abril, porem com dois meses mais chuvosos Março/abril, sendo responsável pelos maiores totais pluviométrico da região (SILVA et al ,2010). Em anos de El-Niño a ZCIT atua muito pouco sobre a região de forma fraca e tem sua permanência reduzida. Gionnini, Kushinir e Cane (2000, in CAVALCANTI et al, 2009), e Saravanan, (2000, in CAVALCANTI et al, 2009), sugerem um forte impacto do El-Niño nas TSMs do Atlântico Norte, principalmente na faixa entre 10ºN e 20ºN na primavera boreal, com significativo aquecimento no Atlântico Norte. O mecanismo proposto para essa influência está associado a uma intensificação na célula de Walker sobre o Atlântico, com um enfraquecimento na célula de Hadley, o que causaria o enfraquecimento dos alísios de nordeste e o consequente aquecimento da temperatura da superfície do mar (TSM). Nos anos de La-Niña o contrário acontece e a TSM do Atlântico Sul tende a ficar mais quente que a TSM do Atlântico Norte, posicionando assim A ZCIT abaixo da sua posição climatológica, então a ZCIT tem sua permanência estendida até maio e se intensifica provocando chuvas torrenciais em todo o setor norte do norte do NEB. OS VÓRTICES CICLÔNICOS DE AR SUPERIOR (VCAS): são sistemas caracterizados por uma pressão relativamente baixa originada na alta troposfera. Estes sistemas possuem uma circulação ciclônica fechada girando no sentido horário. Na sua 1005 VARIABILIDADE E SUSCEPTIBILIDADE CLIMÁTICA: Implicações Ecossistêmicas e Sociais de 25 a 29 de outubro de 2016 Goiânia (GO)/UFG periferia há formação de nuvens causadoras de chuva e no centro há movimentos de ar de cima para baixo (subsidência), aumentando a pressão e inibindo a formação de nuvens. Os VCAS atuam na região nos meses de outubro a março e com uma maior freqüência entre os meses de janeiro e fevereiro. Em anos de El Niño há um aumento no numero de casos dos VCAS, mas com intensidade fraca e com duração de poucos dias. Já em anos de La Niña há uma diminuição nos números de casos dos VCAS, mas com uma maior duração e intensidade. (VALVERDE RAMÍREZ e SATYAMURTY, 2006, e SILVA, 2007, in Cavalcanti et al, 2009) AS FRENTES FRIAS (FFS): são as áreas de transição entre uma massa de ar frio (mais densa) com uma massa de ar quente (menos densa). A massa de ar frio penetra por baixo da quente, como uma cunha,e faz com que o ar quente é úmido suba, forme as nuvens e conseqüentemente as chuvas. Esse sistema atua com menos freqüência sobre a bacia do salgado, pois são poucas as frentes frias que conseguem chegar às baixas latitudes, e chegam à região enfraquecida. (KOUSKY, 1979; OLIVEIRA, 1989, ALVES e KAYANO, 1991 in ALVES et al, 2006). ONDAS DE LESTE: são ondas que se formam no campo de pressão atmosférica, na faixa tropical do globo terrestre, na área de influência dos ventos alísios, e se deslocam de oeste para leste, ou seja, desde a costa da África até o litoral leste do Brasil. COMPLEXOS CONVECTIVOS DE MESOESCALA (CCM´S): aglomerados de nuvens que se formam devido à condições locais favoráveis (temperatura, relevo e variação vertical do vento). A região da serra da Ibiapaba, Cariri e oeste da Paraíba, são regiões bastante favoráveis a ocorrência de CCMs (VITORINO e ALVES, 1997). Nos anos mais secos, segundo Silva et al. (1994, in VITORINO e ALVES, 1997), as chuvas são tipicamente de origem local, formadas a partir de sistemas convectivos de mesoescala (SCM). MASSAS DE AR ATUANTES: Com relação às massas de ar, a região se caracteriza pelas irregularidades: a massa equatorial continental (mEc) exerce influência na região durante o verão e outono, a massa equatorial atlântica (mEa) atua no litoral norte do Nordeste, mas não consegue provocar chuvas na região da sub-bacia do Salgado; a massa tropical atlântica (mTa) atua durante o inverno e primavera; durante o inverno o encontro da mTa com a massa polar atlântica (mPa) provoca chuvas no litoral leste do Nordeste, mas não consegue provocar chuvas na região da sub-bacia do Salgado. Nesse contexto, o objetivo do artigo é identificar as principais características pluviométricas do triângulo Crajubar (denominação dada a conurbação formada por Crato, Juazeiro do Norte e Barbalha) a partir da análise das precipitações municipais num período de 30 anos (1985 a 2015). 1006 VARIABILIDADE E SUSCEPTIBILIDADE CLIMÁTICA: Implicações Ecossistêmicas e Sociais de 25 a 29 de outubro de 2016 Goiânia (GO)/UFG 1.1 Localização da área de estudo A região metropolitana do Cariri3 é a segunda maior nucleação urbana do Estado do Ceará, localizada ao sul do estado, compreende os municípios de Crato, Juazeiro do Norte, Barbalha, Jardim, Missão Velha, Caririaçu, Farias Brito, Nova Olinda e Santana do Cariri. As principais cidades que formam o triângulo do Crajubar são os municípios de Crato, Juazeiro do Norte e Barbalha (figura 1). A cidade de Crato (07º14’03 de latitude sul e 39º24’34” longitude oeste ), possui altimetria em torno de 426,9 m de altitude e temperaturas que variam de 24º a 26º graus, e uma área total de 1009,20 km². Possui um micro-clima classificado como Tropical Quente Semi-árido Brando e Tropical Quente Sub-úmido, e Neossolos aluviais, Neossolos litólicos, Latossolo vermelho-amarelo, Argissolo vermelho-amarelo e Terra Roxa Estruturada Similar. Tem como principal relevo a Chapada do Araripe e Depressões Sertanejas. Possui vegetação do tipo Carrasco, Floresta Caducifólia Espinhosa, Floresta Subcaducifólia Tropical Pluvial, Floresta Sub-perenifólia Tropical Pluvio-Nebular, Floresta Sub-caducifólia e Tropical Xeromorfa.(IPECE,2014a). Juazeiro do Norte (7º 12' 47"de latitude sul e 39º 18' 55" longitude oeste) possui uma altimetria em torno de 377,3 m de altitude e temperaturas que variam entre 24º e 26º graus, e uma área total de 248,55 km². Possui um micro-clima classificado como Tropical Quente Semi-árido e Tropical Quente Semi-árido Brando, e Neossolos aluviais e Argissolos vermelho-amarelo. Seu principal relevo é a Chapada do Araripe, e possui uma vegetação de Floresta Caducifólia Espinhosa. (IPECE, 2014b). Barbalha (7° 18’ 40” Latitude sul e 39° 18’ 15” longitude oeste), possui em torno de 415,7m de altitude na cidade e temperaturas que variam entre 24º e 26º graus e uma área territorial de 479,18 km², possui um micro clima classificado como tropical quente semi-árido Brando e Neossolos aluviais, Neossolos litólicos, Latossolos vermelho-amarelo e Argissolos vermelho-amarelo. Tem como principal relevo a chapada do Araripe, e uma vegetação predominante de Carrasco, Floresta Caducifólia Espinhosa, Floresta Subcaducifólia Tropical Pluvial, Floresta Subcaducifólia Xeromorfa e Floresta Subperenifólia Tropical Pluvio-Nebular. (IPECE, 2014c). 3 Criada em 29 de junho de 2009, a região metropolitana do Cariri (RMC) é formada por nove municípios (Juazeiro do Norte, Crato, Barbalha, Missão Velha, Jardim, Nova Olinda, Santana do Cariri, Farias Brito e Caririaçu) e tem como ponto central o aglomerado urbano do triângulo CRAJUBAR. 1007 VARIABILIDADE E SUSCEPTIBILIDADE CLIMÁTICA: Implicações Ecossistêmicas e Sociais de 25 a 29 de outubro de 2016 Goiânia (GO)/UFG Figura 1: Mapa de localização do triângulo Crajubar. Fonte: Organizado pelos autores com dados da IBGE 2010 2- Materiais e métodos O trabalho foi elaborado a partir de dados de precipitação das séries históricas contidos no site da FUNCEME – Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos, do período de 1985 a 2015. Os dados foram tabelados, com os totais mensais de cada mês de cada ano, em cada município. Fez-se uso da estatística descritiva, medidas de tendência central, as médias mensais e os totais anuais para cada município, e organizados em uma tabela geral, onde se identificam o trimestre e o mês mais chuvoso e o mais seco, o ano mais chuvoso e o mais seco de cada município. 3- Resultados e discussão Os resultados mostraram homogeneidade temporal nas médias mensais, bem como a identificação do trimestre mais chuvoso e do mais seco, assim como do mês com maior e menor volume de precipitação. O período do ano mais chuvoso em toda área ocorre de janeiro a março, (3 municípios). Enquanto que o menos chuvoso, que vai de julho a novembro, é mais 1008 VARIABILIDADE E SUSCEPTIBILIDADE CLIMÁTICA: Implicações Ecossistêmicas e Sociais de 25 a 29 de outubro de 2016 Goiânia (GO)/UFG diversificado, com predominância do trimestre (julho-agosto-setembro) para os 3 municípios. O mês mais chuvoso é março para os 3 municípios (Crato-262mm, Juazeiro do Norte 257mm e Barbalha- 275mm. Já o mês mais seco, em toda a área é agosto (tabela 1). Tabela 1: Análise temporal da precipitação do triângulo Crajubar/CE – 1985-2015 Município Trimestre Mês mais mais chuvoso chuvoso (média mensal) Crato Jan-fevMarçomar 262mm Trimestre Mês mais mais seco seco (média mensal) Jul-agoAgosto set – 2,8mm Ano mais chuvoso (total anual) 19851.970mm 1985– 2012 - 979mm 1.660mm 520mm Juazeiro do Norte Jan-fevmar Março – 257mm Jul-agoset Barbalha Jan-fevmar Março275mm Jul-agoset Agosto – 0,2mm Agosto – 2,7mm Ano mais seco (total anual) 1993685mm Média anual normal (aprox.) 1.126mm 1985 – 2012 - 1.095mm 2.014mm 540mm Fonte: Elaborada pelo autor 2016 com base nos dados da FUNCEME. O ano mais chuvoso foi 1985 em todo o Crajubar, mas com diferenças bem nítidas em relação ao volume precipitado em Crato (1.970mm), Juazeiro do Norte (1.660mm) destacando-se Barbalha com 2.144mm. Com relação aos anos menos chuvosos dois municípios tiveram 2012 como o ano mais seco, com precipitações de 520 mm para Juazeiro do Norte e 540 mm para Barbalha. O município de Crato apresentou o ano de 1993 como ano mais seco com um total anual de 685mm. Podemos observar que todos os municípios obtiveram uma pluviometria entre 500 a 1.000mm anual. Crato, Juazeiro do norte e Barbalha, apresentam chuvas “abundantes” (de 1.000 a 2.000mm). Mas em anos chuvosos como o ano de 1985 todos os municípios ficaram na categoria “abundantes”, com exceção de Barbalha que apresentou médias de precipitação acima de 2.000mm (“excessivo”); e em anos secos, apresentaram secas menos intensas. Os principais sistemas atmosféricos que influenciaram os extremos da quantidade de precipitação da região semiárida do NEB, inclusive triângulo Crajubar, podemos citar a Zona de Convergência Inter-Tropical (ZCIT) e os fenômenos climáticos globais que podem intensificar ou reduzir suas ações – o El-Niño que influenciou a precipitação nos municípios de Juazeiro de Norte, Crato e Barbalha no ano de 1993 e 2012, diminuindo a promoção de 1009 VARIABILIDADE E SUSCEPTIBILIDADE CLIMÁTICA: Implicações Ecossistêmicas e Sociais de 25 a 29 de outubro de 2016 Goiânia (GO)/UFG chuvas na região, e a La-Niña, que ao contrário, intensificou as precipitações nesses municípios no ano de 1984/85 acarretando em maior umidade para o Cariri. Outro fator que pode ter intensificado os níveis pluviométricos é a orografia, uma vez que os ventos úmidos guiados pelo processo de inércia sobem o relevo e precipitam na faixa de barlavento, próximo ao eixo da crista. O relevo incidente é a Chapada do Araripe, com altitude de 900 metros, que provoca uma divisão na distribuição das precipitações no encontro dos estados do Ceará, Paraíba, Pernambuco e Piauí. A umidade, geralmente vinda do litoral norte, faz da Chapada uma área de barlavento, aumentando as chuvas nas suas proximidades (Silva et al 2010). Observando os números da quantidade de chuva dos anos de 1985 a 2015, e destacando os picos tanto dos anos mais secos e mais chuvosos, percebe-se que estes acompanham uma dinâmica que é fortemente influenciada por estes sistemas. 4- Considerações finais As chuvas no triângulo Crajubar são influenciadas pelos sistemas e fenômenos climáticos, tanto em escala regional como global, a exemplo da ZCIT e os VCAS que são responsáveis pelos maiores índices e precipitação na região, quanto aos fenômenos destacam-se o El Nino e a La-ninã pelos índices de menor precipitação em 1993 e 2012 e os altos índices ocorridos em 1985. Um dos fatores naturais que complementam a dinâmica climática e principalmente a precipitação é a orografia que ocorre devido o barramento ou mudança de direção da umidade e ventos originando chuvas de relevo e/ou chuvas convectivas, uma vez que os ventos úmidos guiados pelo processo de inércia sobem o relevo e precipitam na faixa de barlavento. O relevo incidente é a Chapada do Araripe, com altitude aproximadamente 1.000 metros provocam uma divisão na distribuição das precipitações com destaque principalmente para municípios de Crato e Barbalha pelo fato de estar mais próximo a chapada (Silva et al, 2010). Portanto a ZCIT do Atlântico, o efeito orográfico e outros fatores vêm a ser os principais sistemas climatológicos, atuante e intensificador de chuvas, no entanto, fenômenos como ENSO (El Niño Oscilação Sul) e La Niña modificam a dinâmica do funcionamento deste sistema em todo NE. 5-Referências ALVES, J.M. B; FERREIRA, F.F.; CAMPOS, J.N. 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