João Pessoa, 14 de dezembro de 2006. RESUMO EXECUTIVO Nos dias 13 e 14 de dezembro de 2006, reuniram-se, nas dependências da Agência Executiva de Gestão das Águas do Estado da Paraíba – AESA, meteorologistas, pesquisadores e técnicos dos Estados nordestinos, bem como, do Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos do Instituto de Pesquisas Espaciais CPTEC/INPE e Instituto Nacional de Meteorologia – INMET. Neste evento foi dado início às discussões técnicas do período chuvoso de 2007 e elaborado o prognóstico climático para o semi-árido paraibano (regiões do Cariri, Curimataú e Sertão). Esta análise, baseada na atuação do fenômeno EL NIÑO, nos resultados de modelos de previsão climática e com o atual comportamento do clima, indica uma tendência de chuvas variando de normal a abaixo da média histórica, durante o período chuvoso de janeiro a abril. CLIMA NA PARAÍBA Climatologicamente, o período compreendido entre os meses de janeiro a abril representa a época mais favorável à ocorrência de chuvas nas regiões do Sertão, Cariri e Curimataú. Neste período, os principais sistemas causadores de chuvas são os Vórtices Ciclônicos em Ar Superior e a Zona de Convergência Intertropical. Pode-se observar, de um modo geral, que os maiores totais de precipitação acumulados se concentram no Sertão, os quais, climatologicamente, neste quadrimestre variam entre 500,0 mm e 700, mm e nas regiões do Cariri e Curimataú, há um predomínio de totais de chuvas inferiores a 400,0 mm. O regime pluviométrico no estado da Paraíba é caracterizado por apresentar, nestas regiões, uma alta variabilidade espacial e temporal das chuvas, o que é afetado diretamente pela alta variabilidade dos sistemas meteorológicos atuantes na região e que condicionam a ocorrência da precipitação em todo o Estado. Já no setor leste do estado, regiões do Agreste, Brejo e Litoral os totais deste quadrimestre oscilam em torno de 300 a 700,0 mm, e representam apenas o início do período chuvoso destas regiões. Tem-se observado nos últimos meses que as chuvas sobre todo o estado têm se mantido ligeiramente acima da média, fator este, considerado sem muita significância já que a média neste período é pouco representativa e as chuvas registradas pouco ou quase nada contribuem para as práticas agrícolas ou para armazenamento nos reservatórios. Com relação às temperaturas em todo o estado observou-se, no último mês, que as mesmas têm se mantido acima da média histórica em torno de 2oC. Observou-se também um ligeiro aumento da umidade relativa. ASPECTOS GLOBAIS DO CLIMA O conjunto das informações meteorológicas globais tais como, temperatura da superfície do mar, ventos, pressão ao nível do mar, dentre outras, somado a resultados de modelos matemáticos e dinâmicos de previsão climática, leva à conclusão de que se encontra configurado um evento de El Niño sobre a bacia do Oceano Pacífico tropical, o qual se apresenta com intensidade de moderada a fraca. Persistindo as atuais condições de aquecimento no oceano Pacífico, o evento de El Niño poderá vir a influenciar negativamente as chuvas no semi-árido Nordestino nos próximos meses. Com relação às condições reinantes sobre o Oceano Atlântico, na bacia norte, persistem há vários meses anomalias positivas de temperatura da superfície do mar, fator este desfavorável, visto que a célula de alta pressão configurada sobre esta região encontra-se desintensificada há alguns meses e tenderia a contribuir negativamente a atuação do principal sistema meteorológico causador de chuvas sobre o Nordeste do Brasil, a Zona de Convergência Intertropical. Positivamente, podemos ter para meados de janeiro e fevereiro, a presença da fase negativa da Oscilação de Madden e Julian (Oscilação 30-60 dias), que é uma célula zonal de grande escala, que causa variações na convecção tropical, podendo favorecer a atuação de sistemas meteorológicos os quais provocam chuvas sobre o estado da Paraíba. PERSPECTIVAS CLIMÁTICAS De acordo com as análises efetuadas, em conformidade com a atual situação oceânica e atmosférica somada aos resultados dos modelos de previsão climática há um consenso técnico, particularizando para o Estado da Paraíba, de que o período chuvoso sobre as regiões do Sertão, Cariri e Curimataú, nos meses de janeiro a abril de 2007, tenham uma tendência de chuvas variando de normal a abaixo da média histórica. Em virtude da atuação do fenômeno El Nino, existe uma grande possibilidade de que as chuvas ocorram com grande variabilidade temporal e espacial. Ressalta-se que, entre janeiro e fevereiro, poderão ocorrer chuvas de intensidade moderada a forte decorrentes da atuação de sistemas transientes, tais como os Vórtices Ciclônicos nos altos níveis da atmosfera, que terão contribuição favorável de oscilações intra-sazonais (Oscilações de 30-60 dias). Com relação às temperaturas em todo o Estado, estas deverão permanecer ligeiramente acima da média histórica, porém sobre a região semi-árida a sensação térmica será mais amena em virtude do início do período chuvoso sobre a região. Sobre o setor leste do estado, regiões do Litoral, Agreste e Brejo, o período chuvoso inicia-se climatologicamente a partir de março, e as chuvas que ocorrerem antes da estação chuvosa desta região (primeiro trimestre do ano) se comportarão com valores médios poucos representativos e normais às chuvas do setor. As temperaturas deverão, também nesta região, permanecer acima da média histórica.