IBM Global Business Services IBM Institute for Business Value Saúde A Saúde em 2015: “Ganha-Ganha” ou “Todos Perdem”? Um retrato e um caminho para uma transformação de sucesso IBM Institute for Business Value O IBM Global Business Services (IBM Serviços Globais de Negócios), através do IBM Institute for Business Value (Instituto IBM para Valor de Negócio), desenvolve percepções estratégicas para executivos de negócios sênior a respeito de questões críticas específicas de uma indústria ou comuns a várias. Este pequeno relatório executivo é baseado em um estudo profundo feito pela equipe de pesquisa do Instituto. Ele é parte de um contínuo compromisso da IBM Global Business Services de fornecer análises e pontos-de-vista que ajudem as Tradução: Márcio Martorano Ferreira A Saúde em 2015: “Ganha-Ganha” ou “Todos Perdem”? Um retrato e um caminho para uma transformação de sucesso Sumário Executivo A saúde está em crise. Ainda que isso não seja novidade para muitos países, nós acreditamos que a diferença agora é que o caminho trilhado por muitos sistemas de saúde ao redor do mundo se tornará insustentável até 2015. Pode parecer uma conclusão controversa, dado o esforço de profissionais de saúde competentes e dedicados e as promissoras perspectivas da genômica, da medicina regenerativa e da medicina baseada na informação. Todavia, também é verdade que os custos estão subindo rapidamente; que a qualidade é baixa ou desigual; e que o acesso ou as opções de escolha são inadequados em muitos países. Tais problemas, em conjunto com o surgimento de um novo ambiente moldado pelas exigências da globalização, do consumismo, de mudanças demográficas, da maior incidência de doenças, de tecnologias e tratamentos novos e caros, causarão mudanças profundas nos sistemas de saúde no decorrer da próxima década. Os sistemas de saúde que não se adaptarem a esse novo ambiente chegarão provavelmente a um beco sem saída e serão forçados a enfrentar uma grande e imediata reestruturação – um cenário do tipo “todos perdem” para todos os envolvidos. Os Estados Unidos gastam em saúde per capita 22% mais que Luxemburgo, 2º colocado, 49% mais que a Suíça, 3ª colocada, e 2,4 vezes a média dos outros países-membros da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento 1 Econômico (OCDE). No entanto, a Organização Mundial de Saúde os coloca em 37º lugar em desempenho geral de 2 sistemas de saúde. Em Ontário, a mais populosa província do Canadá, os gastos com saúde serão responsáveis por 50% das despesas do governo até 2011, por 2/3 até 2017 e por 100% 3 até 2026. Na China, 39% da população rural e 36% da população urbana não têm condições de pagar por tratamento médico profissional apesar do sucesso das reformas econômicas e sociais por que o país vem passando nos últimos 25 anos.4 Mudanças têm que ser feitas; as escolhas que restam aos envolvidos nos atuais sistemas de saúde são quando e como. Se eles esperarem demais ou não agirem com suficiente decisão, seus sistemas chegarão a um impasse – em outras palavras, não poderão continuar seguindo o mesmo rumo – e demandarão uma reestruturação imediata de grandes proporções. Essa é uma perspectiva assustadora, mas bastante real. Restrições financeiras, expectativas e leis contraproducentes da sociedade, falta de alinhamento de incentivos, planejamento de curto prazo, incapacidade de acessar e compartilhar informações críticas, são fatores que inibem a disposição e a capacidade de os sistemas de saúde mudarem. Se a disposição e a capacidade de mudar não puderem ser reunidas, acreditamos que o resultado será uma transformação do tipo “todos perdem”, um cenário em que a situação se deteriora para todos os envolvidos. Felizmente, existe um cenário mais promissor, mas que requer novos níveis de responsabilidade, decisões difíceis e árduo trabalho colaborativo por parte de todos os envolvidos. De modo específico, recomendamos que: Os prestadores de serviços de saúde expandam seu atual foco no tratamento de cada caso para também abranger o melhor controle de doenças crônicas, a previsão e a prevenção de enfermidades por toda a vida. Os consumidores assumam responsabilidade pessoal por sua saúde e maximizem o benefício recebido de um sistema de saúde transformado. Os pagadores e os planos de saúde ajudem os consumidores a permanecer saudáveis e a obter mais benefícios dos sistemas de saúde, além de auxiliar organizações prestadoras de serviços de saúde e profissionais da medicina na prestação de serviços de melhor qualidade. Os fornecedores trabalhem em colaboração com organizações prestadoras de serviços de saúde, médicos e pacientes para gerar serviços que melhorem os resultados ou que proporcionem resultados equivalentes a preços mais baixos. A Saúde em 2015: “Ganha-Ganha” ou “Todos Perdem”? i As sociedades tomem decisões realistas e racionais sobre expectativas e estilos de vida, comportamentos aceitáveis e sobre até que ponto a saúde será um direito da sociedade versus um serviço de mercado. Os governos encarem a insustentabilidade do sistema atual com a liderança e a força de vontade política necessárias para remover obstáculos, encorajar a inovação e levar suas nações a soluções sustentáveis. Se os envolvidos puderem agir com responsabilidade e demonstrar disposição e capacidade de mudar, eles poderão dar um melhor direcionamento às mudanças e alcançar uma transformação do tipo “ganha-ganha”. Esses sistemas de saúde se tornarão patrimônios nacionais ao invés de obrigações. Eles poderão ajudar os cidadãos a levar vidas mais saudáveis e produtivas, e seus países e empresas a competir globalmente. Eles também auxiliarão esses países a ganhar uma vantagem competitiva na indústria global de serviços de saúde que está surgindo. Mudando para a era da ação e da responsabilidade Ação e responsabilidade são os ingredientes básicos da mudança. Para transformar com sucesso seus sistemas de saúde, acreditamos que os países empreenderão as seguintes ações: • Priorizar o valor – Consumidores, prestadores e pagadores chegarão a um acordo acerca da definição e de medidas de valor dos sistemas de saúde para, em seguida, direcionar a compra, a prestação e o reembolso de serviços de saúde. Tra m for Trans prestaçã form od idor o um orm in Fonte: Análise do IBM Institute for Business Value ii IBM Global Business Services ando g Transformação “Ganha-Ganha” ns Um claro esquema de responsabilidade dá poder a essas ações. Ele deve cobrir todo o sistema para que os governos ofereçam financiamentos e políticas racionais para os sistemas de saúde, os profissionais sigam os parâmetros clínicos e prestem cuidados médicos de qualidade, os pagadores incentivem o tratamento preventivo e os cidadãos assumam a responsabilidade pela própria saúde. A transformação no valor Valor é uma noção que varia de acordo com a visão do comprador, mas, hoje em dia, é difícil enxergá-lo em serviços de saúde. Dados relativos a preços de tais serviços são de difícil – senão impossível – acesso e compreensão; dados sobre a qualidade são ainda mais escassos e, em sua maioria, não têm comprovação ou são incompreensíveis. Para complicar, os compradores e os beneficiários dos sistemas de saúde – consumidores, pagadores e sociedade – têm opiniões divergentes sobre o conceito de valor justo. Balancear e equacionar esses pontos-de-vista conflitantes constitui um dos maiores desafios para a transformação bem-sucedida de sistemas de saúde. Atualmente, os consumidores têm pouca responsabilidade direta por suas despesas com saúde, e sua capacidade de prever a qualidade desses sistemas é questão de sorte. Os pagadores – planos de saúde públicos ou privados, empregadores e governos – arcam com os custos, mas costumam investir em cuidados médicos de baixa qualidade na busca de custos reduzidos em cada caso. As sociedades tendem a dar pouca atenção a custos ou qualidade dos serviços de saúde até o momento em que o nível dos serviços ou outros “direitos” sociais são ameaçados. for Trans ming a do o an erviç s r Trans f an d o rm r o f s alo v forman Trasbilidade do a do c sa on pon s es Tra n • Desenvolver melhores consumidores – Os consumidores escolherão estilos de vida saudáveis e se tornarão compradores mais conscientes de serviços de saúde. • Criar melhores opções para promoção de saúde e prestação de tratamento – Consumidores, pagadores e prestadores procurarão meios, canais e cenários mais convenientes e eficazes para a promoção e a prestação de serviços de saúde. Até 2015, no cenário do tipo “ganha-ganha” que concebemos, os consumidores terão um melhor entendimento financeiro e mais responsabilidade por seus sistemas de saúde, o que, por sua vez, determinará a demanda por dados sobre valor que sejam prontamente acessíveis, confiáveis e compreensíveis. Os pagadores terão uma visão mais abrangente acerca de valor – avali- ando não apenas os custos de cada procedimento, mas também como investimentos em cuidados preventivos de alta qualidade e controle proativo das condições de saúde podem incrementar a qualidade e ajudar a minimizar a estrutura de custos de longo prazo. As sociedades compreenderão que os recursos destinados à saúde não são ilimitados e exigirão que tanto o pagamento quanto a qualidade dos serviços prestados sejam condizentes com o valor retornado para o indivíduo e para o país ou a região como um todo. A transformação no consumidor O segundo elemento-chave na transformação do tipo “ganha-ganha” é que o consumidor terá maior responsabilidade pela gestão pessoal de sua saúde e pela maximização do benefício recebido dos sistemas de saúde. À medida que os países são cada vez mais pressionados a lidar com a crise nos sistemas de saúde, também cresce a pressão sobre os consumidores para que alterem comportamentos contraproducentes e participem ativamente das decisões sobre sua própria saúde. 5 Aproximadamente 80% dos casos de doenças cardíacas, até 6 90% dos casos de diabetes tipo 2 e mais da metade dos casos 7-10 de câncer poderiam ser prevenidos pelas mudanças no estilo de vida, tais como dieta apropriada e exercício físico. Hoje em dia, os consumidores não são capazes de definir o que seja valor em serviços de saúde. Alguns não se importam com o quanto pagam por esses serviços, pois os consideram gratuitos ou pré-pagos. Outros realmente se importam, mas acham difícil ter acesso às informações de que precisam para fazer escolhas corretas. E existem ainda aqueles que carecem de habilidades para se posicionar diante dessas escolhas. Para agravar o problema, existe um certo descaso com relação à escolha de estilos de vida saudáveis entre os consumidores. As taxas crescentes de obesidade e doenças crônicas e o persistente flagelo da AIDS/HIV são indicadores diretos de escolhas pouco saudáveis. A transformação na prestação do serviço O terceiro elemento-chave na transformação do tipo “ganha-ganha” é uma mudança fundamental na natureza, no modo e nos meios de prestação de serviços de saúde. Tais serviços priorizam excessivamente os casos de tratamento intensivo, quando deveriam mudar para incluir e abranger prevenção e controle de condições crônicas, visando a responder ao ambiente emergente. Atualmente, o cuidado preventivo, que busca manter as pessoas saudáveis pela prevenção de doenças, diagnóstico precoce e promoção da saúde, é um conceito sem defensor. De forma geral, os consumidores os ignoram, os pagadores não investem nele e os fornecedores não lucram com ele. Até 2015, nós esperamos que a própria noção de saúde preventiva seja expandida, com a combinação de enfoques orientais e ocidentais, do melhor do antigo e do novo. Os consumidores procurarão por esse serviço em novos ambientes, tais como lojas de varejo, seus locais de trabalho e suas casas, que oferecerão preços mais baixos, maior comodidade e canais mais efetivos de prestação do serviço quando comparados aos locais tradicionais. O serviço de cuidado preventivo será provavelmente prestado por fornecedores de nível intermediário – dentre eles assistentes médicos, enfermeiros, nutricionistas, consultores genéticos e especialistas em exercícios –, em trabalho conjunto com médicos. Nos dias de hoje, à medida que a incidência de doenças crônicas alcança níveis inimagináveis, o controle de doenças crônicas permanece caro, demanda muita mão-de-obra e sua eficácia é prejudicada por amplas variações na qualidade da assistência prestada. Até 2015, acreditamos que pacientes crônicos passarão a ter o poder de controlar suas enfermidades através de sistemas de controle de doenças viabilizados por TI, que melhorarão resultados e reduzirão custos. O tratamento será centrado no local de sua escolha, graças a equipamentos de monitoração domésticos que avaliarão dados automaticamente e que, quando necessário, dispararão alertas e gerarão recomendações para pacientes e prestadores. Os pacientes e suas famílias, assistidos por um intermediário da informação, tirarão os médicos do posto de gerenciadores do controle de doenças crônicas, mudança essa que eliminará uma das maiores causas de seu alto custo e das limitações de tempo nos atendimentos. A Saúde em 2015: “Ganha-Ganha” ou “Todos Perdem”? iii Uma receita para responsabilidade e transformação do tipo “ganha-ganha” Erros médicos evitáveis matam diariamente o equivalente a mais de um Jumbo 747 cheio de passageiros nos Estados 11 Unidos e cerca de 25 pessoas por dia na Austrália. Atualmente, o cuidado intensivo é a base econômica dos sistemas de saúde e sua eficácia depende em grande parte da competência de cada médico. Até 2015, prevemos que abordagens padronizadas de cuidado intensivo, desenvolvidas a partir da análise cuidadosa dos dados clínicos e da incessante documentação das variações do paciente, serão um ponto de partida bastante difundido na prestação do serviço de saúde. A disponibilidade de informação de alta qualidade sobre o cuidado prestado possibilitará o tratamento de casos delicados que não sejam urgentes, tais como infecções de garganta e sinusite, na casa do paciente, através do uso da telemedicina ou em locais que ofereçam custo acessível, boa qualidade e comodidade. Isso liberará tempo para o médico e estimulará a transformação dos grandes hospitais-gerais de hoje em “centros de excelência”, voltados para condições específicas, centros combinados de triagem, que levarão os pacientes aos setores especializados, e centros de recuperação póstratamento, para monitoração dos pacientes antes que retornem a suas casas. O desafio da transformação que se impõe a muitos sistemas de saúde ao redor do mundo é complexo. Eles devem ampliar seu foco primário no tratamento – freqüentemente mal-coordenado – de casos isolados para abranger o controle vitalício e coordenado do cuidado intensivo preventivo e do cuidado intensivo proativo. Tal ampliação deve ser alcançada com investimento gradual de recursos em uma economia global e em um ambiente de sistemas de saúde cada vez mais competitivos. A tarefa ainda demandará o estabelecimento de uma clara e consistente estrutura de responsabilidade, bancada por incentivos alinhados e conceitos comuns sobre valor entre os principais envolvidos. No entanto, as recompensas pelo êxito da transformação serão igualmente altas. Uma transformação bem-sucedida exigirá que todos os envolvidos participem ativamente, colaborem e mudem. A tabela a seguir resume recomendações para que cada envolvido no processo contribua na transformação dos sistemas de saúde em um modelo baseado em valor, que emprega novos modelos de prestação de serviços a consumidores exigentes. O relatório A Saúde em 2015 faz um esboço da indústria global de prestação de serviços de saúde daqui a uma década. Partes dele já existem em alguns países. Mesmo assim, implementar esse modelo é uma tarefa extremamente difícil, ainda que muito importante, pois precisa ser baseada em divulgação e conseguida com debate e consenso, com ação e responsabilidade. Esperamos que nossas idéias sirvam de ponto de partida para seu esforço de transformação. iv IBM Global Business Services Resumo das recomendações do relatório “A Saúde em 2015” por envolvido A transformação no valor A transformação da responsabilidade do consumidor A transformação na prestação do serviço Sistemas de saúde • Desenvolver uma visão,princípios e métricas que possibilitem e recompensem um conceito comum de valor • Prover seguro universal para serviços básicos, tais como cuidado preventivo e primário • Esperar e recompensar bons comportamentos • Remover barreiras à inovação mas, ao mesmo tempo, proteger consumidores e outros envolvidos Organizações prestadoras de serviços de saúde (OPSSs) • Escolher o foco apropriado em vez da mentalidade do “tudo para todos” • Desenvolver equipes que prestem cuidados coordenados e centrados no paciente • Implementar prontuários eletrônicos coordenados de saúde para ajudar na viabilização de serviços de alto valor • Ajudar na divulgação da informação e dar poder aos consumidores fornecendo preços e qualidade de maneira transparente • Disponibilizar canais e locais de prestação de cuidados médicos que estejam próximos ao paciente • Implementar prontuários eletrônicos coordenados de saúde para permitir a troca de informação entre novos prestadores Médicos e outros profissionais da saúde • Ajudar a desenvolver e utilizar adequadamente processos e planos de saúde padronizados e baseados em evidências • Ajudar a obter dados de resultados significativos • Desenvolver parcerias colaborativas com pacientes • Ajudar os consumidores a assumir maior responsabilidade por sua própria saúde • Incentivar e monitorar a adequação • Incentivar o uso de prontuários eletrônicos coordenados de saúde para auxiliar no intercâmbio de informação entre equipes de prestadores de serviços médicos • Priorizar as oportunidades que resultam da mudança Consumidores • Exigir que as OPSSs e os médicos forneçam informações sobre preços e qualidade • Aprender sobre os sistemas de saúde e tornar-se compradores mais conscientes • Aprender sobre saúde e assumir a responsabilidade por levar um estilo de vida saudável • Documentar diretrizes avançadas • Criar e manter um prontuário pessoal de saúde para consolidar informações clínicas relevantes e precisas • Esperar e exigir novos modelos de prestação do serviço e que haja coordenação entre eles • Ajudar a fornecer informação e aconselhamento personalizados para que os consumidores mantenham e melhorem suas condições de saúde • Alinhar reembolso e incentivos com cuidado intensivo preventivo e proativo, e com abordagens e prestação de serviços de saúde inovadores e de baixo custo 60 • Utilizar infomediários de saúde Planos de saúde • Trabalhar colaborativamente com as OPSSs e os médicos para desenvolver um plano viável de transição para reembolso baseado em valor • Ajudar os consumidores a conhecer o sistema de saúde para obter mais valor Fornecedores • Criar ofertas que proporcionem melhores • Ajudar a identificar os pacientes e os resultados de longo prazo ou menores provedores corretos para ensiná-los a preços para resultados equivalentes alcançar melhores resultados em todas as etapas do tratamento • Ajudar a viabilizar novos modelos com a simplificação e a miniaturização de equipamentos móveis, pacotes de diagnóstico e soluções de tratamento personalizados e direcionados Sociedades • Reconhecer a necessidade de tomar decisões difíceis, priorizar, fazer concessões e conciliar noções de valor • Participar ativamente dos esforços para melhorar os serviços de saúde • Enfatizar a prevenção e a responsabilidade pessoal • Incentivar e promover estilos de vida saudáveis • Manter a pressão sobre o sistema de prestação de serviços de saúde para mudá-lo e satisfazer as necessidades dos consumidores Governos • Priorizar valor, responsabilidade e alinhamento de incentivos em políticas de saúde, normas e legislação • Exigir relatórios de resultados • Desenvolver uma estratégia para destinação de recursos para a infraestrutura de sistemas de saúde e para pesquisas independentes sobre a eficácia comparativa de terapias alternativas • Ajudar a garantir a segurança e a privacidade de informações eletrônicas sobre saúde • Exigir cobertura de seguro para todos, com subsídios para aqueles que necessitarem • Mudar e estabelecer políticas, normas e legislação para remover barreiras (p.ex., a miscelânea de regras para licenciamento) e viabilizar e romover as ações corretas A Saúde em 2015: “Ganha-Ganha” ou “Todos Perdem”? v A Saúde em 2015: “Ganha-Ganha” ou “Todos Perdem”? Um retrato e um caminho para uma transformação de sucesso Conteúdo 1. Introdução 2 5. A transformação na prestação do serviço 30 Crescimento não-sustentável 2 Introdução 30 O desafio da transformação 2 Cuidado preventivo 31 Cuidado continuado 34 Cuidado intensivo 36 Resumo 40 A necessidade universal de responsabilidade Resumo 3 3 2. A saúde em crise: transformação do tipo “ganha-ganha” ou “todos perdem”? 4 6. Uma receita para responsabilidade e Introdução 4 transformação do tipo “ganha-ganha” Promotores de mudança em saúde 4 Inibidores de mudança em saúde 12 Introdução 41 Sistemas de Saúde 41 45 Transformação: quatro cenários de mudança 14 Pagadores Que países estarão aptos ao desafio? 16 Organizações prestadoras de serviços Mudando para a era da ação e da responsabilidade 3. A transformação no valor Introdução A visão do comprador de saúde (OPSSs) 47 Médicos e outros profissionais da saúde 48 18 Fornecedores 49 18 Consumidores 50 Sociedades 51 Governos 52 7. Conclusão 54 8. Sobre os autores 56 9. Agradecimentos 56 10. Referências 57 16 18 Modelo da hierarquia de necessidades em serviços de saúde 21 Necessidades de valor variam de acordo com o nível de hierarquia 22 Percepções de valor variam de acordo com o nível de hierarquia 23 Resumo 25 4. A transformação da responsabilidade do consumidor Introdução Acesso à informação 41 26 26 26 Compra comparada de serviços de saúde 27 A ascensão do infomediário 27 Uma saúde melhor através de escolhas melhores de estilos de vida 28 Resumo 29 A Saúde em 2015: “Ganha-Ganha” ou “Todos Perdem”? A Saúde em 2015: “Ganha-Ganha” ou “Todos Perdem”? Um retrato e um caminho para uma transformação de sucesso 1. Introdução Crescimento não-sustentável Alimentadas pelas incansáveis pressões de custo, qualidade e acesso, acreditamos que as duas primeiras décadas do século 21 serão caracterizadas pela crise que será enfrentada pelos sistemas de saúde ao redor do globo. Os consumidores estão exigindo serviços de saúde em maior quantidade e de melhor qualidade. No entanto, em quase todos os países, a demanda por serviços de saúde cresce mais rapidamente do que a disposição e, pior ainda, do que a capacidade de pagar por eles. Se não forem atacados, pressões financeiras, demandas de serviços geradas por populações que envelhecem e outras mudanças demográficas, consumismo, tecnologias e tratamentos novos e caros, além da maior incidência de doenças crônicas e infecciosas, levarão a maioria dos países a um ponto de ruptura no caminho atualmente trilhado. Em outras palavras, seus sistemas de saúde chegarão a um beco sem saída – serão incapazes de continuar nos moldes atuais – e serão forçados a enfrentar uma grande e imediata reestruturação. Os Estados Unidos são um dos melhores – melhor dizendo, piores – exemplos de um sistema de saúde fora de controle. O país gasta em saúde per capita mais que qualquer outro membro da Organização para a Cooperação Econômica e o Desenvolvimento (OCDE) – 22% mais que Luxemburgo, 2º colocado, 49% mais que a Suíça, 3ª colocada, e 2,4 vezes a média dos outros 1 países da OCDE . Infelizmente, tal gasto não tem produzido uma melhoria equivalente na qualidade dos sistema de saúde. A Organização Mundial da Saúde (OMS) coloca os Estados Unidos em 37º lugar em desempenho 2 geral de sistemas de saúde e um recente estudo do The Commonwealth Fund concluiu que “os Estados Unidos se destacam pela assistência médica ineficiente e pelos erros, e é um ponto fora da curva quando se 14 consideram barreiras de custo/acesso.” Os Estados Unidos podem não estar sozinhos; outros países também podem ter sistemas de saúde nãosustentáveis. Por exemplo, se a tendência atual não for revertida em Ontário, a mais populosa província do Canadá, os gastos com saúde serão responsáveis por IBM Global Business Services 50% das despesas do governo até 2011, por 2/3 até 2017 3 e por 100% até 2026. “O baby boom está prestes a se tornar um boom de pacientes”, alertou o Premier Dalton McGuinty. Os desafios criados pelo crescimento não-sustentável são imensos e graves. Caminhar às cegas no modelo atual, o que vinha sendo a resposta mais comum às exigências periódicas de mudanças estruturais nos sistemas de saúde no passado, não é mais viável. Decisões difíceis terão que ser tomadas para evitar que os sistemas de saúde cheguem a um impasse. Mas, independentemente de quão duras sejam tais decisões, elas serão preferíveis àquelas que terão que ser tomadas por qualquer país que ignore a crise iminente. O desafio da transformação É difícil generalizar o desafio global de transformação nos sistemas de saúde. Há mais de 190 países no mundo, cada um com um sistema que é afetado de forma única pelas condições de saúde da população, pelos mecanismos e pelos níveis de investimento de recursos, pelas expectativas da sociedade e pela capacidade do sistema de prestação de serviços de saúde. Dessa forma, o caminho da transformação que o sistema de cada país adota deverá lidar com diferentes pontos de partida, necessidades, expectativas e objetivos. Ainda assim, há diversos desafios transformacionais que acreditamos ser universais. Em primeiro lugar, os sistemas de saúde devem ampliar o foco atual no cuidado intensivo de casos isolados para incluir o controle aperfeiçoado de doenças crônicas, a previsão e a prevenção de enfermidades por toda a vida. Tal transformação requer cuidado centrado no 60 paciente orquestrado por “infomediários da saúde” – profissionais cujo objetivo é ajudar os consumidores a melhorar sua saúde e lidar com os sistemas de saúde – e prestado por equipes de médicos com alto contingente de prestadores de nível intermediário. Para bancar essa prestação de serviços mais abrangente, sistemas coordenados de informação eletrônica, novos locais físicos e virtuais de prestação de serviço também serão necessários. Em segundo lugar, atitudes e comportamentos dos consumidores têm que ser transformados. Os consumidores devem assumir responsabilidade pessoal por sua saúde. Eles devem abandonar a atitude inocente e financeiramente insustentável de que “alguém pagará para consertar o que quer que aconteça de errado comigo, não importa a causa, o custo ou o benefício para a sociedade”. Em terceiro lugar, as expectativas e as normas da sociedade devem ser transformadas em conjunto com as mudanças de atitudes e comportamentos dos consumidores. Os cidadãos de países ao redor do globo deverão determinar até que ponto um serviço de saúde será direito da sociedade e a partir de quando será um serviço de mercado. Normas terão que mudar. Estilos de vida pouco saudáveis se tornarão tão inaceitáveis quanto dirigir embriagado e fumar em locais públicos se tornaram em algumas sociedades. Em quarto lugar, terá que haver uma transformação na disposição dos governos em reconhecer a extensão da crise nos sistemas de saúde e, mais importante, guiar seus países para soluções sustentáveis. Sem liderança forte e vontade política, os sistemas nacionais de saúde não poderão mudar de um modo racional. Além disso, mudanças nas expectativas e nas normas da sociedade costumam requerer apoio à ação governamental. Os governos em todo o mundo terão que estender seus olhares para o futuro que se mostra além dos mandatos eletivos. As necessidades maiores de políticas e investimento de recursos justos terão que prevalecer sobre descontentamentos de curto prazo e interesses de certos grupos. A necessidade universal de responsabilidade Responsabilidade é a força que ajudará a viabilizar a transformação global para sistemas de saúde sustentáveis. Nos dias de hoje, os sistemas de saúde da maioria dos países carecem de uma estrutura clara de responsabilidade, uma base que se faz necessária para aumentar a participação de todos os envolvidos. De governos assumindo o controle de financiamentos e políticas públicas a profissionais de saúde assumindo o controle pelo desenvolvimento e pela adoção de padrões clínicos baseados em evidências e pela prestação de serviços de qualidade aos cidadãos, a responsabilidade deve englobar todo o sistema de saúde. Os incentivos dos envolvidos devem estar alinhados para bancar o surgimento de uma estrutura viável de responsabilidade. Realinhar incentivos no âmbito de um sistema de saúde é tarefa complexa, particularmente em virtude das posições inarredáveis de envolvidos-chave, dentre eles hospitais, seguradores públicos/ privados, médicos e consumidores. No curto prazo e, à medida que os incentivos forem realinhados, os envolvidos precisarão estar preparados e dispostos a fazer sacrifícios. As atuais políticas e regulamentações governamentais também deverão ser realinhadas para suportar a nova estrutura de responsabilidade. Do contrário, tais políticas e regulamentações, que foram criadas para um ambiente distinto, poderão inibir a mudança transformacional. Por fim, os envolvidos-chave devem reconciliar seus diferentes conceitos acerca de valor para alinhar os incentivos. Atualmente, os vários compradores e consumidores de produtos e serviços de saúde determinam e definem valor quase sempre de maneiras conflitantes. No futuro, o valor também deverá possuir um componente sistêmico compartilhado que todos os envolvidos reconhecerão e apoiarão. Resumo Na ausência de uma mudança de vulto, acreditamos que, na próxima década, muitos países chegarão a um beco sem saída no tocante a custo, qualidade e acesso a sistemas de saúde. A criação de um sistema de saúde sustentável é um desafio de peso e as possibilidades de fracasso são desanimadoras, mas as recompensas da transformação bem-sucedida são altas na mesma proporção. Os países que tiverem êxito nessa empreitada terão o poder de utilizar os benefícios de novas tecnologias e tratamentos médicos para criar os grupos de cidadãos mais saudáveis da história. Eles desfrutarão dos benefícios de uma estrutura mais barata e aprimorarão sua capacidade de atrair e reter as pessoas mais talentosas do mundo. Poderão também competir melhor nos muitos ramos de indústrias da economia global, inclusive na emergente indústria de prestação de serviços de saúde. Isso nos leva a duas questões-chave. Qual é a probabilidade de um sistema de saúde chegar a um impasse? E quão preparados estão os envolvidos para confrontar os desafios e transformar seus sistemas com êxito? Na próxima seção, exploraremos os fatores que podem ajudálos a responder a tais questões. A Saúde em 2015: “Ganha-Ganha” ou “Todos Perdem”? 2. A saúde em crise: transformação do tipo “ganha-ganha” ou “todos perdem”? Introdução Sistema de saúde é corretamente definido como um 15 complexo sistema adaptativo . A qualquer momento, há um significativo número de forças internas e externas promovendo e inibindo mudanças em tal sistema. A extensão da mudança que ocorre depende em parte da força cumulativa dos promotores versus inibidores. É óbvio que a força dos promotores e dos inibidores variará nos diferentes sistemas de saúde, mas eles são fatores significativos na evolução de cada sistema. Promotores determinantes de mudança em saúde Um promotor é um elemento que estimula a mudança. É importante fazer uma distinção entre um promotor e uma tendência. Um promotor é uma força que mudará o status quo e com a qual será preciso lidar em algum momento. Uma tendência, por outro lado, é uma preferência atual que poderá ou não causar uma mudança de vulto e que não necessariamente demandará uma reação. Nós identificamos cinco promotores de mudança em sistemas de saúde: globalização, consumismo, populações envelhecendo e apresentando sobrepeso, a natureza mutável das doenças, novas tecnologias e tratamentos médicos. Globalização – Globalização é um histórico promotor de mudança. Hoje em dia, à medida que os poderes onipresentes da computação, de aplicativos de software e da conectividade em banda larga se combinam para transformar a Terra em uma rede de alta velocidade, com possibilidades aparentemente ilimitadas, sua influência e seu impacto aumentam. A cadeia global de suprimentos na indústria é uma realidade. No setor de serviços, o trabalho intelectual e o capital estão sendo empregados em quase todo e qualquer lugar. O mundo é plano, proclama Thomas Friedman em seu best seller, que descreve como a globalização está afetando a todos no 16 planeta. Os sistemas de saúde, que têm-se mantido predominantemente locais e regionais, não têm conseguido escapar incólumes da globalização. A pressão financeira resultante está exercendo um grande e óbvio impacto nos sistemas de saúde. Em muitos países, a concorrência em nível mundial está causando mudanças substanciais em suas bases de receita e forçando alte- IBM Global Business Services rações em suas escolhas de investimento de recursos e padrões de gastos. A globalização também está lançando as bases para uma saúde sem fronteiras. Ademais, à medida que esse promotor dá origem a novos modelos sociais e políticos, ele também alterará de forma inexorável o ambiente em que os sistemas de saúde operam e os envolvidos-chave que determinarão seu rumo. Em alguns casos, particularmente naqueles em que a globalização tem um impacto negativo sobre a competitividade, a incapacidade de arcar com os custos da saúde pode precipitar crises financeiras. Por exemplo, nos Estados Unidos, a pressão financeira da globalização está em rota de colisão com o que o governo, os empresários e os indivíduos percebem como gastos descontrolados em saúde. As despesas com saúde naquele país são responsáveis por mais de 16% de seu 17 Produto Interno Bruto, tem cerca de US$ 2 trilhões. Para ilustrar melhor o que isso significa, em 2005, apenas cinco outros países possuíam Produtos Internos Brutos tão grandes ou maiores que os gastos dos Estados 18 Unidos com seus sistemas de saúde. Em outros casos, a globalização continuará a elevar as expectativas da sociedade e a alimentar a demanda por gastos em saúde cada vez maiores. Na China, um notável beneficiário da globalização, está aumentando a porcentagem do Produto Interno Bruto que é gasta em saúde e o governo tem tido significativo progresso na expansão da cobertura do sistema. Contudo, 39% da população rural e 36% da população urbana não podem 4 pagar por tratamento médico profissional. Consumismo – Consumismo em saúde é parte de um movimento mais amplo em favor dos interesses do consumidor, e que põe mais poder e controle nas mãos do indivíduo. Em saúde, o consumismo está criando um número cada vez maior de consumidores assertivos, que podem e estão dispostos a defender seus interesses. Todos já ouvimos as histórias de “militantes da saúde esclarecidos” que surgem em consultórios médicos lotados de informação – precisa e imprecisa – sobre suas condições e que exigem voz mais ativa nas decisões acerca de seu cuidado médico. Eles são “esclarecidos” porque querem e podem obter e compreender informações básicas necessárias para tomar decisões apropriadas sobre saúde. Eles são “militantes” porque não querem mais aceitar o papel passivo do paciente tradicional, que humildemente acata o que os sistemas de saúde oferecem ou fazem. Muitas dessas pessoas são baby boomers maduros que apresentam crescente demanda por serviços de saúde e podem pagar pelo tratamento. Eles possuem elevadas expectativas de qualidade, tanto do serviço quanto do profissional, e pouca tolerância por serviços e soluções do tipo “tamanho único”. Uma definição para países “desenvolvidos”, “em desenvolvimento” e “menos desenvolvidos” Para o propósito deste relatório, a classificação de países das 19,20 Nações Unidas foi adaptada para classificar países em três grandes grupos, com base em critérios como situação econômica, níveis pessoais de renda e fatores relativos a saúde, educação e nutrição: • Países “desenvolvidos” são constituídos pelos 30 membros da OCDE, que inclui países da Europa, da América do Norte, da Ásia e do Pacífico. • Países “em desenvolvimento” são países do Oriente Médio, do Leste Asiático e do Pacífico, da América Latina e do Caribe, do sul da Ásia, do sudeste da Europa e da África subsaariana. Destacam-se nesse grupo a China, a Índia, o Brasil e a África do Sul, assim como a Rússia e outros países do Leste Europeu. • “Países menos desenvolvidos” são constituídos por 50 países da África, da Ásia e das regiões do Pacífico e do Caribe. A Comunidade dos Estados Independentes (CEI), composta por 11 antigas repúblicas soviéticas e classificada pelas Nações Unidas como um grupo distinto, é separada em países desenvolvidos e países em desenvolvimento conforme a 21 condição de cada país. Acreditamos que alguns fatores acelerarão a influência do consumismo sobre os sistemas de saúde. Em países desenvolvidos, o crescente fardo financeiro dos custos da saúde causados pelos consumidores continuará sendo um desses fatores. Em países em desenvolvimento, a crescente classe média, que possui melhor formação e maior poder aquisitivo, aumentará o número de “militantes da saúde esclarecidos”. Uma crescente conscientização sobre riscos e adversidades também promoverá o consumismo na área da saúde. O fato de que erros médicos evitáveis matam diariamente o equivalente a mais de um Jumbo 747 11 cheio de passageiros nos Estados Unidos e cerca de 12 25 pessoas por dia na Austrália está difundindo-se. Esclarecidos consumidores de serviços de saúde estão cada vez menos dispostos a aceitar que as adversidades sejam inevitáveis ou mera questão de sorte. Em suma, pessoas que representam uma significativa parcela da carga financeira sobre os sistemas de saúde e que são mais informadas sobre os riscos inerentes, serão consumidores muito mais exigentes. Populações envelhecendo e com sobrepeso – Mudanças demográficas, que exigirão o reexame de recursos e prioridades, assim como o desenvolvimento de novos paradigmas de cuidado médico, provavelmente também promoverão mudanças na saúde. A principal mudança é o envelhecimento da população mundial. Até a primeira década do novo milênio, havia mais jovens do que idosos; depois disso, o número de idosos superará o de jovens. Em 2005, pessoas com 60 anos ou mais já representavam uma parcela maior da população mundial (10,4%) do que crianças com 4 anos 22 ou menos (9,5%). Um dos impactos dessa mudança na proporção entre cidadãos idosos e jovens é que haverá menos trabalhadores jovens para financiar as carências da geração mais idosa. A Saúde em 2015: “Ganha-Ganha” ou “Todos Perdem”? Outro impacto é a crescente demanda por serviços de saúde e os custos associados ao envelhecimento. Em 1999, nos Estados Unidos, pessoas com 65 anos ou mais correspondiam a 13% da população, mas respondiam por 36% do gasto nacional per capita com saúde. Isso representa um gasto quatro vezes maior que o 23 de pessoas com menos de 65 anos. Os custos e as necessidades desproporcionais entre os idosos é similar em muitos outros países (a Figura 1 representa o percentual de gasto per capita do Produto Interno Bruto em saúde por idade para homens e mulheres). mais de 1 bilhão de pessoas apresentavam sobrepeso, incluindo 805 milhões de mulheres, e que mais de 300 milhões de pessoas eram obesas... Se a tendência atual continuar, projeta-se que os níveis médios de índice de massa corporal aumentarão em quase todos os países. Até 2015, estima-se que mais de 1,5 bilhão de pessoas 25 apresentarão sobrepeso.” A figura 2 ilustra esse assustador crescimento. A natureza mutável das doenças – Acreditamos que um dos mais significativos promotores de mudança em sistemas de saúde seja a crescente incidência e impacto das doenças crônicas. Elas hoje respondem por 60% das 58 milhões de mortes no mundo a cada ano e representam um considerável fardo econômico 25 para as sociedades. Uma fatia que chega a 75% dos recursos destinados à saúde em países desenvolvidos é 26 consumida pelas necessidades de doentes crônicos. O segundo promotor demográfico que afeta o perfil geral da saúde do planeta é o alarmante aumento no número de pessoas que apresentam sobrepeso, com todos os já bem conhecidos riscos de doenças associados. Existem nos dias de hoje mais pessoas acima do peso ideal do 24 que abaixo do peso. A Organização Mundial da Saúde alertou: “Em todo o mundo, estima-se que, em 2005, Gasto médio com saúde por pessoa como parte do Produto Interno Bruto per capita FIGURA 1. Gastos com saúde entre os países-membros da União Européia, por idade e sexo. 20% União Européia-15, homens 18% União Européia-15, mulheres 16% União Européia-10, homens 14% União Européia-10, mulheres 12% 10% 8% 6% 4% 2% 0% 0 51015202530354045 50 556065 70 75 80 85 90 95100+ Idade (anos) Fonte: Economic Policy Committee and the European Commission. 2006. The impact of ageing on public expenditure: projections for the EU25 Member States on pensions, health care, long-term care, education and unemployment transfers (2004-2050). Special Report No 1/2006, DG ECFIN, February 14, 2006. Nota: “União Européia-15” refere-se aos estados-membros da UE Alemanha, Áustria, Bélgica, Dinamarca, Espanha, Finlândia, França, Grécia, Holanda, Irlanda, Itália, Luxemburgo, Portugal, Reino Unido e Suécia. “União Européia-10” inclui aqueles estados-membros que se integraram à União Européia em 1 de maio de 2004: Chipre, Eslováquia, Eslovênia, Estônia, Hungria, Letônia, Lituânia, Malta, Polônia e República Tcheca. Apesar de os dois conjuntos de linhas ilustrarem que o gasto nominal com saúde é maior entre os membros da União Européia-15 do que da União Européia-10, ambos ilustram a relação geral entre gasto com saúde e idade. IBM Global Business Services FIGURA 2. Predominância de sobrepeso (indice de massa corporal ≥ 25 kg/m2) por sexo, 2005 e 2015 Homens com 30 anos ou mais, 2005 <10% 10-24.9% 25-49.9% 50-74.9% 75% No data Dados não disponíveis Homens com 30 anos ou mais, 2015 <10% 10-24.9% 25-49.9% 50-74.9% 75% No data Dados não disponíveis A Saúde em 2015: “Ganha-Ganha” ou “Todos Perdem”? Mulheres com 30 anos ou mais, 2005 <10% 10-24.9% 25-49.9% 50-74.9% 75% No data Dados não disponíveis Mulheres com 30 anos ou mais, 2015 <10% 10-24.9% 25-49.9% 50-74.9% 75% No data Dados não disponíveis Fonte: Organização Mundial da Saúde. 2006. Base de dados global da OMS. http://infobase.who.int/ (acessada em 1 Junho de 2006) IBM Global Business Services Além de as doenças crônicas serem responsáveis por uma porcentagem crescente do total de mortes em países desenvolvidos, sua incidência em países em desenvolvimento e em países menos desenvolvidos também está em ascensão. Pior que isso, as chamadas “doenças de rico” são, na verdade, predominantes entre pessoas de renda baixa e média, entre as quais 80% das mortes se devem a doenças crônicas. Em todos os quadrantes, as populações mais pobres – aquelas mais expostas a riscos e com menos acesso a serviços de 25 saúde – são as mais afetadas (Figura 3). Nos próximos 10 anos, estima-se que a incidência global de doenças crônicas crescerá em 17%, aumentando 25 ainda mais o fardo global da doença. Vários fatores são responsáveis por isso: • O sucesso dos tratamentos modernos, que estão transformando doenças, lesões e condições clínicas que costumavam ser letais (p.ex., AIDS, lesões na coluna cervical, diabetes, tuberculose e esclerose múltipla) em condições crônicas que requerem tratamento continuado; • A redução da mortalidade infantil e o aumento da longevidade, que fazem com que pacientes que sofrem de condições crônicas tenham maior sobrevida; e • A maior incidência de hábitos (p.ex., dietas pouco saudáveis, sedentarismo e tabagismo) que facilitam a ocorrência de muitas das doenças crônicas mais freqüentes. A crescente incidência de doenças crônicas provavelmente continuará a impactar a prestação de serviços de saúde. Tais doenças (p.ex., diabetes, artrite, doenças pulmonares crônicas, asma, problemas cardíacos, doenças mentais e hipertensão) demandam tratamento continuado e controle. Elas não são curadas com procedimentos únicos. Mesmo assim, a maioria dos sistemas de saúde está organizada para prestar cuidados em casos isolados. Eles não são estruturados nem dotados de recursos para o cuidado coordenado e FIGURA 3. Projeção das principais causas de morte, para todas as idades e países selecionados, 2015. Taxas de mortalidade por 100.000 vidas (sem distinção de idade) Transmissíveis, puerperais e perinatais, e deficiências nutricionais Doenças crónicas 1,200 Ferimentos 1,000 800 600 400 200 0 Brasil Canadá China Índia Nigéria Paquistão Federação Russa Reino Unido Tanzânia Fonte: Organização Mundial da Saúde. 2005. Preventing chronic disease: a vital investment. Genebra. A Saúde em 2015: “Ganha-Ganha” ou “Todos Perdem”? contínuo de problemas crônicos. Um exemplo pungente do descompasso entre as necessidades impostas pelas doenças crônicas e a prestação do serviço é a dependência de idas a consultórios médicos. Um incremento de 10 minutos no tempo de um médico não leva a um controle eficaz de um problema crônico e também não é suficiente para instruir corretamente o paciente. Nesta categoria, doenças infecciosas provavelmente serão o segundo promotor de mudança a afetar os sistemas de saúde. Algumas doenças, como a tuberculose e a malária, tornaram-se resistentes a um ou mais medicamentos. Outras, como a AIDS, podem hoje ser mantidas sob controle por longos períodos, mas não podem ser curadas. Outras, ainda, como a poliomielite, estão ressurgindo em certas regiões, levando suas vítimas à incapacitação por longo período. Por fim, novas doenças infecciosas contra as quais os seres humanos têm pouca imunidade estão aparecendo (vide quadro ao lado). Tudo isso contribui para os crescentes custos da saúde e para a necessidade cada vez maior de mudança. Novas tecnologias e tratamentos médicos – Acreditamos que novas e inovadoras tecnologias na área médica continuarão promovendo mudanças nos sistemas de saúde. Elas prometem melhor saúde para a população e melhor qualidade do atendimento. No entanto, essa promessa freqüentemente significará maiores custos por unidade e uma maior demanda geral, o que deverá resultar em custos agregados mais elevados, em especial durante as fases iniciais de seu desenvolvimento e crescimento. Genômica, medicina regenerativa e medicina baseada na informação são três tecnologias que estão ganhando terreno e serão importantes promotores de mudança. Genômica Genômica é um termo amplo que define o estudo de funções e interações entre os genes, de mecanismos moleculares e inter-relações de fatores genéticos e ambientais em doenças. Três áreas da genômica têm maior potencial para afetar significativamente os sistemas de saúde ao longo da próxima década e além: diagnóstico molecular, farmacogenômica e terapias dirigidas. • Diagnóstico molecular – Existem hoje cerca de 900 testes de genes disponíveis, dentre eles teste de distúrbio em um único gene (monogênico), 10 IBM Global Business Services Doenças emergentes27 1973 – Rotavírus 1977 – Vírus Ebola 1981 – Síndrome de choque tóxico 1982 – Doença de Lyme 1983 – AIDS/HIV 1991 – Tuberculose resistente a drogas (MRD-TB) 1993 – Cólera causada pelo tipo 0139 1994 – Infecção por criptosporídeo (grande surto em Wisconsin, EUA) 1998 – Gripe aviária 1999 – Vírus do Nilo Ocidental (1ª aparição nos EUA) 2003 – SARS (Síndrome Respiratória Aguda Grave) 2004– Vírus Marburg (maior surto em Angola) teste cromossômico, teste bioquímico, teste de predisposição, exames neonatais, diagnóstico de pré-implantação de embriões fertilizados (PGD) e identificação forense. Testes como esses já viabilizaram o diagnóstico da Síndrome de Down, da Spina Bifida, da doença de Tay-Sachs, da anemia falciforme, da fibrose cística, etc. O número de testes baseados em genes está crescendo vertiginosamente e, durante a próxima década, veremos testes com sensibilidade e especificidade ainda maiores. Até 2015, é provável que um único teste de US$ 1 mil seja capaz de analisar milhões de fragmentos de DNA em busca de 28 evidência de doenças. • Farmacogenômica – O crescente campo da determinação do perfil farmacogenômico analisa variações genéticas para predeterminar como cada paciente responderá a cada tratamento específico com drogas. Ele promete aperfeiçoar a avaliação do risco de tratamentos, direcionar melhor terapias e, principalmente, reduzir e talvez algum dia eliminar as reações adversas a drogas, que adoentam ou vitimam 770 mil 29 pessoas por ano apenas nos Estados Unidos. Nos dias de hoje, o FDA (United States Food and Drug Administration) está considerando a possibilidade do uso de um teste farmacogenético que permitirá aos médicos receitar a dose exata do anticoagulante 30 warfarin. Num futuro próximo, e em virtude de seu custo baixo em comparação com o de uma reação adversa, testes farmacogenéticos se tornarão um padrão em tratamento médico. • Terapias dirigidas – Um dos objetivos da genômica é planejar tratamentos dirigidos (p.ex., para tumores, artrite ou osteoporose), baseados em assinaturas moleculares específicas. Já se encontram disponíveis muitas terapias de câncer que se destinam a indivíduos com perfis genéticos específicos. Por exemplo, estima-se que a herceptina/trastuzumab, um medicamento criado por engenharia genética para tratamento de câncer de mama metastático, estenda em vários meses a sobrevida média de pacientes com um gene específico (HER-2/neu). Espera-se que “drogas projetadas” como essa fiquem cada vez mais disponíveis no futuro, mas que também maiores desafios de custos sejam enfrentados. O uso da herceptina resultou num acréscimo em anos de vida ajustados pela qualidade (AVAQ) a um custo de US$ 125 mil por cada ano ganho, o que pode exceder limites aceitáveis ou custeáveis pela sociedade para tratamentos, em geral na faixa dos US$ 50 mil atual31 mente. Medicina regenerativa A pesquisa com células-tronco está expandindo nosso conhecimento sobre como todas as coisas vivas se desenvolvem a partir de uma única célula e sobre como células sadias substituem células danificadas em organismos adultos. Esse tem sido um campo de contínua indagação por mais de duas décadas, mas permanece controverso e sob intenso debate, especialmente em áreas como a da clonagem. O uso terapêutico de células-tronco para tratar doenças, que costuma ser chamado de medicina regenerativa ou reparadora, promete causar significativo impacto na saúde. Hoje em dia, órgãos e tecidos doados são freqüentemente usados para repor tecidos doentes ou destruídos, mas a demanda de órgãos e tecidos transplantáveis supera por larga margem a oferta disponível. Célulastronco, direcionadas para se transformar em diferentes tipos de células, oferecem uma fonte quase infinita de células e tecidos para reposição, mudando o modo como tratamos uma grande variedade de doenças, dentre elas os males de Parkinson e Alzheimer, danos à coluna vertebral, derrames, queimaduras, doenças cardíacas, diabetes, ósteo-artrite e artrite reumatóide. Em março de 2004, o FDA aprovou um procedimento clínico experimental no Instituto do Coração do Texas, que utilizou terapia com células-tronco para tratar pacientes com doenças cardíacas em estágio avançado. O experimento forneceu a primeira documentação clara sobre a formação de novos vasos sangüíneos no coração humano e sugeriu que injeções de célulastronco podem tratar a doença, que, até então, era 32 incurável. Na próxima década, esperamos que o número de novas aplicações cresça exponencialmente. Ao mesmo tempo, esperamos que a pesquisa com células-tronco e a medicina regenerativa continuem sendo objeto de controvérsia e pressões regulatórias. Medicina baseada na informação Medicina baseada na informação é o processo de aperfeiçoamento de práticas médicas existentes através do efetivo uso e aplicação da informação no diagnóstico e no tratamento de pacientes. Para que esse potencial vire realidade, pesquisadores e profissionais devem ser capazes de acessar, consolidar e analisar dados que incluam o histórico clínico de um paciente, o genótipo (conjunto genético) e o fenótipo (propriedades originadas da interação do genótipo com o ambiente). Como o cuidado clínico e a pesquisa se tornam cada vez mais digitalizados, essa visão – uma distante possibilidade até poucos anos atrás – está se tornando realidade. Atualmente, organizações de saúde ao redor do mundo estão estabelecendo plataformas para a medicina baseada na informação. Na Austrália, Melbourne Health e Bio21 consolidaram uma ampla gama de bancos de dados para ajudar a pesquisa colaborativa e aprimorar informações biomédicas críticas. Nos Estados Unidos, a Clínica Mayo fornece a seus clínicos e pesquisadores acesso em tempo real e capacidade de pesquisa sobre mais de seis milhões de prontuários de pacientes. O Instituto Karolinska da Suécia está criando um “biobanco” nacional – um repositório de bioespécies complementado com dados clínicos – que aumentará a capacidade dos pesquisadores de identificar fatores genéticos e ambientais, e sua inter-relação, na causa e no resultado de doenças. Em cada caso, indagações que antes demandavam dias, semanas ou mesmo meses são agora respondidas em segundos ou minutos. Infra-estruturas integradas de informação para pesquisa clínica possibilitarão e apoiarão o desenvolvimento de uma Inteligência Clínica. Ao explorar dados biomédicos e de resultados, pesquisadores poderão identificar as melhores práticas clínicas e novas descobertas em nível molecular. Esse conhecimento também será aplicado no cuidado médico, sob a forma de regras avançadas que ajudarão a orientar os profissionais. A Saúde em 2015: “Ganha-Ganha” ou “Todos Perdem”? 11 As primeiras aplicações da Inteligência Clínica estão sendo desenvolvidas no Centro iCAPTURE da Universidade de British Columbia, no Canadá, para melhorar resultados de transplantes de órgãos, no Instituto de Perfil Molecular, nos Estados Unidos, para criar tratamentos de cânceres diagnosticados em nível molecular, e no Centro de Pesquisas Pediátricas Ste. Justine, no Canadá, para aperfeiçoar o tratamento de câncer infantil. A medicina baseada na informação ajudará a promover a transformação nos sistemas de saúde de sua atual abrangência local e regional para uma indústria mundial sem fronteiras. Ela possibilitará aos profissionais fazer diagnósticos mais precisos e tratamentos direcionados, e também ajudar pesquisadores a descobrir novas curas. Além disso, pacientes acessarão e controlarão a informação sobre sua saúde e compartilharão informações críticas com seus médicos e outros prestadores de serviços. Em suma, acreditamos que esses cinco promotores de mudança – globalização, consumismo, características demográficas, doenças crônicas e infecciosas, tecnologias e tratamentos novos e caros – são e continuarão sendo perturbadores do status quo dos sistemas de saúde ao redor do mundo. Crises em tais sistemas não são novidade por si sós, mas esses promotores estão criando um ambiente que é essencialmente diferente daquele de períodos de crise anteriores. Esses promotores estão dando origem a custos mais altos, demanda crescente e regulamentação cada vez mais intensa. Os sistemas de saúde terão que se ajustar às novas diretrizes criadas por eles. Restrições financeiras – Limitações de recursos costumam ser listadas entre os principais inibidores de mudança em sistemas de saúde. Infelizmente, o conjunto de recursos destinados a financiar a saúde não é ilimitado. A saúde tem que competir com uma ampla gama de outras necessidades, como infra-estrutura física e educação. Em muitos países, essa concorrência resulta em escassez de recursos para a saúde, o que impossibilita cobrir todo o espectro de necessidades, que vão da saúde pública básica ao tratamento de doenças em estágio terminal. A alocação de recursos atualmente existente é outra barreira contra a mudança e tende a manter o status quo. Sempre que há indisponibilidade de novos investimentos, os recursos existentes precisam ser realocados para financiar a mudança. É óbvio que os envolvidos que terão que enfrentar redução de recursos criarão resistência. Além disso, investimentos em programas emergentes ou ainda não testados também enfrentarão resistência. Em ambos os casos, surgem conflitos entre os envolvidos e a capacidade de alocar recursos de maneira adequada é impactada, tendo em vista o atingimento do bem maior. Expectativas e normas da sociedade – Expectativas e normas da sociedade, em especial no tocante a direitos, estilos de vida e comportamentos aceitáveis, podem também inibir mudanças. Alguns serviços de saúde – tratamento de água e esgoto, nutrição básica e cuidados médicos básicos – são indiscutivel e amplamente aceitos como direitos da sociedade. Outros, como a cirurgia plástica estética e as chamadas “drogas de estilo de vida” são consideradas serviços de mercado optativos. Contudo, há muitas áreas turvas, sem distinção clara entre direitos da sociedade e serviços de mercado, em que calorosas batalhas serão travadas. Inibidores de mudança em sistemas de saúde Decisões difíceis serão necessárias? Nenhum sistema de saúde é imune aos promotores de mudança, mas a extensão das mudanças que eles podem de fato criar também depende de uma variedade de fatores inibidores. Um inibidor é definido como uma força que tenta manter o status quo, evitar mudanças ou criar barreiras às forças que promovem a mudança. O poder desses inibidores ajuda a determinar a resistência ou a disposição de um sistema para mudar. Em qualquer dado tempo, a quantidade de mudança – gradual ou transformacional – que esteja ocorrendo dependerá em parte da força cumulativa dos promotores em comparação com os inibidores. Desde o início das sociedades humanas, as exigências de sustentabilidade têm levantado profundas questões éticas. Na antiga sociedade esquimó, quando os mais velhos sentiam que haviam virado um fardo para suas famílias, comprometendo a sobrevivência delas, eles voluntariamente buscavam a morte no frio. Nos dias de hoje, sistemas de saúde estão lidando com escolhas tão duras e explícitas quanto essa. Em 1993, a Nova Zelândia aprovou uma legislação que garantia “a melhor saúde, o melhor tratamento e a maior independência para seus cidadãos dentro dos limites de recursos disponíveis.” Isso resultou em ações judiciais amplamente noticiadas em nome de neozelandeses idosos a quem foi negado o acesso a diálise renal porque eles também sofriam de outros males sérios e não-tratáveis. As decisões de negar o 33 tratamento foram mantidas nas cortes de justiça. 12 IBM Global Business Services Questões sobre o direito à saúde são tão difíceis porque quase não há limites para quanto um indivíduo pode consumir em termos de recursos. Alguns acham que isso significa que “alguém deve pagar para consertar o que quer que esteja errado comigo, independentemente da razão, do custo ou do benefício para a sociedade.” Essas decisões serão difíceis, mesmo que as métricas estejam definidas e quantificadas. Por exemplo, US$ 50 mil por ano de vida ganho, ajustado pela qualidade (AVAQ) tem sido considerado um limite para tratamentos em termos de custo-benefício. Quem se atreverá a negar tratamentos eficazes que excedam o limite? Expectativas sobre estilos de vida poderão ser igualmente contenciosas. Será que o tratamento para uma pessoa de 65 anos, que faz uso “normal” de seu ombro mas necessita de cirurgia para continuar sendo um tenista competitivo, será um parâmetro para a sociedade à medida que as populações envelhecem? Os envolvidos nos sistemas de saúde terão que decidir que expectativas sobre estilos de vida são razoáveis e quais não são – redefinindo o equilíbrio entre direitos da sociedade e serviços de mercado – ou correr o risco de chegar a um beco sem saída. Normas sociais sobre comportamentos aceitáveis podem ter um efeito inibidor semelhante. Sociedades que aceitam o fumo e o consumo de álcool podem inibir o desenvolvimento de responsabilidade pessoal. Em países menos desenvolvidos, esses comportamentos inibidores podem advir de uma aparentemente irracional resistência a vacinas e vitaminas ou de uma “cultura da propina”, que força pessoas a pagar por serviços 34 sociais de saúde que deveriam ser gratuitos. Em países desenvolvidos, normas como crenças religiosas podem inibir avanços tecnológicos como, por exemplo, a 35 pesquisa sobre células-tronco, a engenharia genética e 36 a vacinação contra o câncer cervical. Normas sociais relacionadas com a segurança e a privacidade de informações pessoais também podem afetar o progresso da medicina baseada na informação. Sob as Diretrizes sobre Privacidade de Dados da União Européia, alguns tipos de informação não podem ser 37 coletados sem o consentimento do indivíduo. Nos Estados Unidos, apesar da implementação de políticas de proteção à privacidade em caráter nacional contidas no Ato sobre Portabilidade e Responsabilidade de Seguros de Saúde de 1996 (HIPAA), uma pesquisa conduzida pela Fundação de Saúde da Califórnia e pelo Projeto Privacidade na Saúde revelou que 67% dos adultos estão preocupados com a privacidade de seus 38 prontuários médicos. Falta de incentivos alinhados – As barreiras às mudanças na saúde são aumentadas pela falta de alinhamento dos incentivos entre os grupos de envolvidos. Realinhar incentivos é uma tarefa desanimadora, que é agravada pelas políticas e pelas regulamentações governamentais, muitas das quais instituídas em diferentes ambientes de saúde. As maiores questões sobre alinhamento giram em torno da qualidade e da atemporalidade do cuidado médico. No Reino Unido, por exemplo, a maioria dos clínicosgerais recebia uma boa parte de seus rendimentos de pagamentos provenientes do Sistema Nacional de Saúde (NHS). Eles eram recompensados por ter uma grande quantidade de pacientes registrados, e não por prestar serviços de qualidade. O NHS já começou a lidar com essa discrepância; em 2004, implementou um novo contrato de trabalho alinhando os proventos 39 dos clínicos gerais com 146 medidas de desempenho. Nos sistemas de saúde do Canadá, tempos de espera prolongados criaram uma crise no acesso de pacientes. O país está estudando mecanismos de recompensa que incentivarão os médicos e os administradores a reduzir 40 os tempos de espera para cirurgia. Incentivos financeiros desalinhados também inibem a gestão racional de instituições que prestam serviços de saúde. Na China, onde o governo fixou tarifas abaixo dos custos, os hospitais são incentivados a fornecer em excesso os poucos produtos e serviços lucrativos, 41 tais como os medicamentos. Como resultado, 85% de todos os remédios são vendidos pelos hospitais e a preços geralmente mais altos do que nas farmácias. Os hospitais da China recebem até 44% de suas receitas da 42 venda de medicamentos. Nos Estados Unidos, existe um emaranhado de incentivos conflitantes entre os envolvidos-chave. Os empregadores, que provêem a maior parte do seguro de saúde para seus empregados, priorizam o balanceamento entre custos e benefícios, necessário para atrair e reter bases viáveis de empregados. No lado pagador da indústria, o incentivo é para minimizar e retardar o pagamento, a fim de atingir as mais atraentes taxas de sinistralidade. A cultura do “pagamento por serviço” estimula clínicos e outros prestadores A Saúde em 2015: “Ganha-Ganha” ou “Todos Perdem”? 13 a prescrever mais serviços e mais procedimentos. E pacientes segurados, que costumam ter pouca responsabilidade financeira direta, exigem tudo o que podem, independentemente do custo. Incapacidade de equilibrar perspectivas de curto e longo prazo – A incapacidade de formular, entrar em acordo e agir sob uma perspectiva de longo prazo pode ser um sério inibidor de mudança na saúde. Naturalmente, quando sistemas de saúde se encontram em caminhos não-sustentáveis, quanto mais tempo os envolvidos levarem para equilibrar o pensamento a longo e curto prazo, mais drásticas e difíceis serão as decisões requeridas para evitar que se chegue a um impasse. Muitos governos ignoram o problema do crescimento insustentável de longo prazo e se concentram em necessidades e desejos mais “urgentes” de curto prazo, particularmente naqueles que exercem influência nas próximas eleições. Pagadores particulares relutam até mesmo em aceitar custos que costumam ser menores hoje para evitar custos mais altos no futuro. Muitos consumidores relutam em adotar estilos de vida saudáveis agora, uma vez que os benefícios da adoção de uma dieta saudável e da prática regular de exercícios só aparecerão após muitos anos. Incapacidade de acessar e compartilhar informação – A informação tanto pode ser um inibidor quanto um facilitador de mudança. Dados de saúde digitais e não-digitais estão sendo gerados em quantidades sem precedentes. O volume com que esses dados estão sendo acumulados e a velocidade com que eles se proliferam estão criando uma indigesta superabundância de informação. Por exemplo, os 60 mil médicos do Canadá se deparam a cada ano com 1,8 milhão de novos trabalhos publicados em 20 mil periódicos e 300 mil testes de novos tratamentos ao redor do mundo. Esses médicos também enfrentam a onerosa tarefa de armazenar, organizar, acessar e integrar grandes quan43 tidades de dados de pacientes (vide quadro abaixo). Ao mesmo tempo, a indústria da saúde, que necessita intensamente de informação, está anos atrasada em relação a outros tipos de indústrias menos dependentes de informação no tocante a desenvolvimento de infraestrutura de TI. 14 IBM Global Business Services Volume de informação de pacientes para médicos canadenses43 Por médico a cada ano Total a cada ano Atendimentos em consultório 5 .367 322.000.000 Diagnósticos por imagem 583 35.000.000 Exames laboratoriais 7.333 440.000.000 Prescrições 6.367 382.000.000 O desafio é como facilitar decisões sobre cuidado médico levando a informação correta, na forma correta, à pessoa certa, no tempo certo. Infra-estrutura e processo são questões-chave aqui. Em países em desenvolvimento e em países menos desenvolvidos, a ausência de uma infra-estrutura de informação e as sérias deficiências nas infra-estruturas existentes são um claro obstáculo à mudança. Em países desenvolvidos, o desafio se dá em torno da interoperabilidade de sistemas baseados em parâmetros e da reengenharia de processos ineficazes ou contraproducentes, ainda que firmemente estabelecidos. Tecnologia para resolver esses problemas existe, mas o desafio aumenta à medida que a informação prolifera a taxas sem precedentes. Em suma, acreditamos que esses cinco inibidores – restrições financeiras, expectativas e normas da sociedade, incentivos desalinhados, planejamento de curto prazo e proliferação de informação – criam e continuarão criando resistência à mudança em sistemas de saúde de todo o mundo. Cada um deles terá que ser superado no processo de mapeamento e exploração de um novo e sustentável caminho para a saúde. Transformação: quatro cenários de mudança Para construir uma visão do futuro de um sistema de saúde, as forças e as interações entre os vários fatores que promovem e inibem a mudança devem ser avaliados. Podemos mapear essa relação na forma de uma matriz (Figura 4). O eixo horizontal representa a força geral de mudança criada pelos cinco promotores. O eixo vertical representa a disposição e a capacidade de mudança do sistema, tal como foi determinado pelos cinco inibidores. A matriz resultante dá origem a quatro cenários de mudança. Muito embora existam diversos futuros possíveis para os sistemas de saúde, acreditamos que cada um representará uma variação de um desses cenários. Este cenário reflete o caminho trilhado pela maioria dos sistemas de saúde nos dias de hoje, independentemente da força dos promotores em um dado país. FIGURA 4. Matriz de transformação da saúde Reforma contínua gradual N Promotores Mais (ou menos) do mesmo Disposição e capacidade de mudar Y Transformação “ganha-ganha” • Alinhamento • Responsabilidade continuam Y Transformação “todos perdem” • Conseqüências nãopretendidas N - Indústria da saúde - País • Indústria da saúde vista negativamente Fonte: Análise do IBM Institute for Business Value. 1. Mais (ou menos) do mesmo – Neste cenário, os promotores não são fortes o suficiente para estimular grandes mudanças e o sistema de saúde do país não tem capacidade ou disposição para mudar. Tal cenário poderia ser experimentado se o terrorismo ou uma pandemia causassem uma grande ruptura no processo de globalização. Nesse caso, o país e seus sistemas de saúde poderiam ficar mais, e não menos, isolados. Os custos para as empresas que estivessem em concorrência seriam semelhantes e se tornariam menos um fator para promover mudança na saúde. Entretanto, o equilíbrio seria a melhor opção aqui. Ao ficar mais isolados, a maioria dos países seria incapaz de manter seus atuais níveis de despesas gerais com saúde e provavelmente experimentariam “menos do mesmo” na forma de eliminações forçadas e/ou de racionamento de serviços. 2. Reforma contínua gradual – Neste cenário, os promotores também não criam uma necessidade de mudança urgente. Mas o país pode e está disposto a mudar seus sistemas de saúde. Na ausência de promotores fortes, a mudança seria gradual e em estágios separados, na melhor das hipóteses. Considerações de curto prazo provavelmente triunfariam sobre necessidades de longo prazo, pois o impulso por uma mudança fundamental não seria forte o suficiente para superar o conseqüente sofrimento. 3. Transformação do tipo “todos perdem” – Neste que é o pior cenário possível, os promotores de mudança continuam a crescer como esperado, mas os sistemas de saúde do país não podem ou não estão dispostos a mudar. Nessa situação de impasse, mudanças fundamentais que ninguém quer são feitas à força. O cenário do tipo “todos perdem” cria conseqüências não-intencionais tanto para os sistemas de saúde quanto para o país. Como se desenvolveria tal cenário? Usando os Estados Unidos como exemplo, poderíamos ver que os gastos descontrolados resultariam em sistemas de pagador único financiados pelo governo, em reduções forçadas em tabelas de honorários, na eliminação e no racionamento de serviços cobertos. Isso poderia impactar significativamente os salários e a satisfação dos médicos, levando a uma redução geral no número de profissionais. Também poderia sufocar a inovação, uma vez que haveria menos estímulo para as empresas desenvolverem novos tratamentos e tecnologias. Os consumidores poderiam ser forçados a aceitar serviços médicos do tipo “tamanho-único” e incorrer em despesas muito maiores para os muitos serviços considerados como necessidades da sociedade. Nós poderíamos ver empresas e indivíduos migrarem para outros países mais atraentes. O governo poderia se deparar com uma arrecadação menor, levando a redução em serviços. Um clássico círculo vicioso poderia se desenvolver, com perdas para quase todos os envolvidos. 4. Transformação do tipo “ganha-ganha” – Neste que é o mais desejável dos cenários, os promotores criam uma necessidade urgente de mudança, tal como é esperado, e o país pode e está disposto a transformar seus sistemas de saúde. Como uma transformação desse porte não costuma ser simples ou fácil, a mudança resultante não é indolor, mas, a longo prazo, é a melhor esperança de criação de um sistema de saúde sustentável. As seções 3 a 6 desse relatório descrevem este cenário em detalhes e prescrevem as ações requeridas para atingí-lo. A Saúde em 2015: “Ganha-Ganha” ou “Todos Perdem”? 15 • Em segundo lugar, e devido ao fato de que quase não há limite para os recursos de saúde que um indivíduo pode usar, os consumidores – nas suas expectativas, normas sociais e disposição de mudar comportamentos – desempenham um papel essencial na transformação. • Em terceiro lugar, e independentemente da porção de financiamento que é pública ou privada, os governos – para a definição de políticas e, é claro, destinação de verbas – são indispensáveis agentes de mudança. • Em quarto lugar, a transformação bem-sucedida depende da adaptabilidade da infra-estrutura dos sistemas de saúde, da reação e da resposta de seus envolvidos-chave. Ao levar em consideração cada um desses elementos, as questões e as métricas da Tabela 1 podem servir de ponto de partida para avaliar a atual capacidade transformacional de um país. Mudando para a era da ação e da responsabilidade Sem levar em conta os obstáculos que se colocam entre a atual situação de um sistema de saúde e o atingimento de uma transformação do tipo “ganha-ganha”, a ação e a responsabilidade são ingredientes básicos de mudança. Acreditamos que aqueles países que transformarão seus sistemas de saúde com sucesso irão: • Priorizar o valor – Consumidores, prestadores e pagadores (planos de saúde públicos ou privados, empregadores e governos) direcionarão cada vez mais a compra, a prestação e o reembolso de serviços de saúde com base em uma definição comum de valor. • Desenvolver melhores consumidores – Os consumidores farão melhores escolhas de estilos de vida e se tornarão compradores mais conscientes de serviços de saúde, com o auxílio freqüente de infomediários de saúde. 16 IBM Global Business Services Tra n an d o rm r o f o s al v r forman Trasbilidade do a do c sa on pon s es • Em primeiro lugar, a transformação requer a disponibilidade de recursos suficientes e a capacidade de priorizar e gastar esses recursos apropriadamente. • Criar melhores opções para a promoção da saúde e a prestação de serviços de saúde – Consumidores, pagadores e prestadores procurarão cada vez mais meios e locais convenientes e eficazes para a prestação de serviços de saúde. a do o an erviç s Você não pode mapear um caminho viável para o futuro sem saber a sua localização hoje. Em outras palavras, a transformação requer uma base inicial. Quatro categorias precisam ser consideradas para estabelecer a posição de um país na matriz de transformação e sua capacidade de empreender a mudança com sucesso: Transformação “Ganha-Ganha” Trans prestaçã form od idor o um Que países estarão aptos ao desafio? Fonte: Análise do IBM Institute for Business Value Nas seções 3 a 6, articulamos nossa visão de um sistema de saúde transformado com êxito (isto é, uma transformação do tipo “ganha-ganha”), amplamente baseada nessas três ações principais. Um esquema claro de responsabilidade ajudará a dar poder às ações de mudança necessárias para se alcançar uma transformação do tipo “ganha-ganha” em sistemas de saúde, aumentando a responsabilidade em todos os níveis. A responsabilidade pode permear o sistema, com os governos fornecendo recursos e políticas racionais para a saúde, os profissionais garantindo padrões clínicos e prestando serviço de qualidade, os pagadores incentivando o cuidado constante preventivo e proativo e os cidadãos assumindo responsabilidade por sua própria saúde. Esse tipo de transformação raramente é fácil, mas com ação e responsabilidade surgem novas oportunidades e potencial para um sistema de saúde sustentável, que sirva a todos os envolvidos. Como Don E. Detmer, presidente e CEO da Associação Americana de Informática Médica, diz, “Um bom sistema de saúde é um bem tanto econômico quanto social. Ou seja, um sistema de saúde eficaz resulta em uma sociedade de pessoas mais saudáveis e felizes que, ao mesmo tempo, contribuem para a produtividade da cultura e o crescimento econômico. Em suma, garantir que todos os cidadãos tenham acesso a serviços de saúde eficazes, e o quanto 44 antes, gera tanto bom retorno quanto bom senso.” TABELA 1 Avaliando a disposição e a capacidade de transformação de um país Categoria Investimentos Consumidores Governo Sistemas de saúde Questões Exemplos de métricas Haverá disponibilidade de recursos em quantidade suficiente? • Porcentagem de gasto público/privado • Taxa de crescimento • Porcentagem do PIB comparada à de países concorrentes • Gasto per capita comparado ao de países concorrentes Serão priorizados e bem gastos? • Porcentagem de custos administrativos • Poupança potencial estimada • Classificação das despesas atuais (saúde pública, doenças terminais, etc.) Qual é o estado geral de saúde? • Expectativa de vida saudável no nascimento • Anos de vida ajustados em função da incapacidade (AVAI) e anos de vida ajustados pela qualidade (AVAQ) • Porcentagem de pessoas obesas, com sobrepeso e abaixo do peso Quais são as expectativas da sociedade? • Despesas públicas atuais com doenças em estágio terminal • Disposição para aceitar tratamentos que não sejam os mais modernos, visando à equiparação de acesso Qual é a disposição de mudar comportamentos? • Escala da cultura (de Confuciana a individualista) • Responsabilidade dos indivíduos por sua saúde através de comportamentos saudáveis (taxas de fumantes, de obesos, de doenças sexualmente transmissíveis, do uso de cinto de segurança, etc.) • Participação daqueles que sofrem de doenças crônicas em programas de auto-gerenciamento Quais são as normas sociais sobre privacidade, novas tecnologias, etc.? • Potenciais normas centradas no indivíduo, no provedor e no governo Quantos “militantes esclarecidos da saúde”? • Taxa de conhecimento sobre saúde entre os adultos • Número de usuários da Internet • Penetração de planos de saúde dirigidos pelos consumidores O governo possui liderança, vontade política e estabilidade para promover mudanças significativas? • Reconhecimento e aceitação do problema da sustentabilidade e da necessidade de fazer escolhas difíceis • Capacidade de priorizar e finalizar • Histórico de enfrentamento de desafios As políticas públicas e as regulamentações permitem transformação? • Políticas e regulamentações que promovem comportamentos saudáveis • Políticas que enfatizam/recompensam desempenho em prestação de serviços de saúde • Políticas dirigidas por “evidência” e análise objetiva, ao invés de por interesses arraigados ou história • Ênfase na responsabilidade em acordos para destinação de verbas • Capacidade de visão de longo prazo em termos de gastos com saúde Os envolvidos-chave (p.ex., pagadores, médicos e hospitais) estão dispostos a mudar para lidar com os desafios? • Incentivos recompensam perspectivas de longo prazo • Divergência entre incentivos financeiros atuais e incentivos alinhados • Clara estrutura de responsabilidade • Histórico de gestão bem-sucedida de mudanças • Adesão à liderança • Instalações adequadas existem ou existirão A infra-estrutura de saúde (p.ex., instalações e TI) é suficientemente robusta? • Capacidade de ensinar para possibilitar aperfeiçoamento contínuo • Capacidade de compartilhar informação A Saúde em 2015: “Ganha-Ganha” ou “Todos Perdem”? 17 3. A transformação no valor Introdução Para alcançar uma bem-sucedida transformação do tipo “ganha-ganha”, consumidores, pagadores e sociedade devem basear suas decisões sobre saúde em uma definição comum de valor. Esse maior enfoque no valor promove uma prestação de serviço mais eficaz. Além disso, até 2015, o conceito de valor em serviços de saúde, tanto na definição quanto no escopo, será significativamente mais abrangente. Nesta seção, exploramos o valor da perspectiva dos compradores-chave de serviços de saúde – consumidores, pagadores e sociedade. Sendo assim, considerando que a definição e os principais promotores de valor também dependem da posição evolutiva de um país e de seus sistemas de saúde, nós expomos uma hierarquia de necessidades para descrever que tipos de serviços poderiam ser aplicados em estágios diferentes de desenvolvimento. Por fim, nós exploramos como as necessidades e as percepções de valor diferem entre os envolvidos, dependendo da posição de seu país na hierarquia de saúde. A visão do comprador Um bom valor pode ser definido como um ponto ótimo na curva de custo versus qualidade. Tanto o custo quanto a qualidade incluem um componente de produto (p.ex., os resultados clínicos de um conjunto de tratamentos) e um componente de serviço (p.ex., a aplicação dos tratamentos). Em saúde, a noção de valor também inclui a possibilidade de acesso e de escolha. 18 IBM Global Business Services Definindo e medindo valor no tratamento do mal de Alzheimer Em 2006, o Instituto Nacional de Saúde e Excelência Clínica do Reino Unido (NICE) recomendou que os médicos continuassem prescrevendo tratamentos com drogas para portadores de formas moderadas do mal de Alzheimer, mas que suspendessem prescrições para pacientes com formas brandas ou severas. Baseada em parte em uma avaliação de custo-benefício, essa decisão deixa centenas de milhares de pacientes na Inglaterra e no País de Gales sem tratamento com 45,46 drogas licenciadas para essa doença degenerativa. A decisão ilustra questões-chave sobre valor. Por exemplo, se um tratamento ajuda pessoas, ele deveria ser pago, e por quem? Os governos e as seguradoras privadas deveriam pagar automaticamente ou deveriam, em primeiro lugar, avaliar os benefícios em função dos custos? E qual razão custo-benefício seria necessária para a realização do tratamento? Além disso, há ramificações mais amplas que devem ser consideradas à medida que cada país determina valor na sua jornada para uma transformação do tipo “ganha-ganha”. Se remédios ou tratamentos de alto custo e pouco benefício costumam ser negados, quais serão as conseqüências na inovação e na capacidade de atrair trabalhadores e empresas de nível mundial? Sistemas de saúde e seus envolvidos terão que sopesar os dois objetivos geralmente conflitantes de melhoria na qualidade e no controle de custos. Hoje em dia, determinar valor na saúde é uma tarefa difícil. Temos alguma informação sobre custo, mas ela não é compreensível e nem está muito disponível. Dados sobre qualidade são ainda mais escassos. De fato, alguns argumentam que qualidade em saúde não pode ser definida, muito menos mensurada – um argumento que é corroborado, de maneira não-intencional, pela dificuldade em se obter os dados normatizados necessários para atingir tais tarefas. Como resultado, no atual ambiente de saúde, decisões sobre valor são baseadas em custos e apoiadas na informação sobre qualidade proveniente de experiência que, por outras razões, não é confiável. Até 2015, e no cenário do tipo “ganha-ganha”, a capacidade dos envolvidos de medir custo e qualidade em saúde e de determinar valor será drasticamente transformada. Com a ajuda da difundida aplicação da tecnologia da informação na prestação de serviços de saúde, o acesso aos dados clínicos padronizados necessários para definir um tratamento de qualidade e medir o desempenho do provedor e do paciente será muito mais fácil. O crescente uso de prontuários eletrônicos de saúde ampliará a percepção de valor para incorporar componentes adicionais, inclusive preferências individuais de tratamento, ocorrências médicas únicas e opções de prestação do serviço. Ao mesmo tempo, percepções de valor mudarão em resposta aos promotores previamente mencionados, em especial o envelhecimento da população, a crescente predominância de doenças crônicas e novas tecnologias médicas. É claro que a noção de valor varia de acordo com a visão do comprador e o conceito de “bom valor” varia conforme o posicionamento na cadeia de compra de serviços de saúde. Um consumidor de 55 anos que deseja continuar jogando basquete poderia considerar que uma cirurgia avançada de substituição do quadril que custa US$ 50 mil tem bom valor. A sociedade e os pagadores poderiam não concordar. Como compradores e beneficiários da saúde, consumidores, pagadores e sociedade têm diferentes opiniões sobre o que é bom valor. Equilibrar e equacionar esses conflitos são grandes desafios na transformação dos sistemas de saúde. Perspectivas de custo – Custo em saúde, para o propósito deste relatório, é o valor pago por um tratamento de saúde e serviços associados, tais como procedimentos médicos, consultas, idas a hospitais ou medicação. Consumidores, pagadores e sociedade vêem os custos de maneiras muito distintas. • Consumidores – Hoje em dia, os consumidores costumam ter pouca responsabilidade direta pelos custos de saúde. Em quase todos os países do mundo, os consumidores pagam pela maioria dos serviços de saúde indiretamente, através de impostos, pagamentos de seguros, franquias e co-participações. Como resultado, os consumidores têm pouca idéia acerca de custos de tratamentos e acesso muito limitado a informações sobre custos. Até 2015, os consumidores de sistemas de saúde transformados pagarão diretamente por uma porção maior dos custos de saúde e assumirão maior supervisão e responsabilidade financeira, o que, por sua vez, produzirá maior transparência e compreensão acerca de custos. • Pagadores (planos de saúde públicos ou privados, empregadores e governos) – Nos dias de hoje, os pagadores carregam o fardo dos custos de saúde. Eles vêem os custos como algo temporário e lutam para controlá-los com a limitação da quantidade de serviços disponíveis ou da redução do valor reembolsado por cada procedimento ou medicamento. Até 2015, com a transformação de seu conceito de valor, os pagadores enxergarão o custo de forma holística – voltando seus olhos não apenas para os custos de procedimentos isolados, mas também para o modo como investimentos em prevenção, tratamentos alternativos e controle proativo das condições de saúde podem otimizar o equilíbrio entre custos de curto e longo prazo. • Sociedade – A relação da sociedade como um todo com o custo é difícil de definir. Embora as percepções da sociedade tendam a refletir o pensamento dos indivíduos que a constituem, não raro surgem conflitos entre aquilo em que as pessoas acreditam, no sentido abstrato, e a maneira como elas reagem quando são diretamente afetadas. De uma forma geral, a sociedade hoje tende a ver custos de saúde em grandes números, usando métricas como porcentagem do Produto Interno Bruto ou gasto per capita. Ainda que sejam dados estatísticos interessantes, eles pouco dizem a respeito do valor do serviço de saúde que está sendo comprado e também não fornecem ferramentas úteis para gerir custos. Até 2015, a fim de controlar custos e evitar que a saúde chegue a um beco sem saída, a perspectiva da sociedade sobre o que “vale a pena” (p.ex., o melhor uso de recursos limitados) será incluída na equação de definição de valor. A Saúde em 2015: “Ganha-Ganha” ou “Todos Perdem”? 19 Medidas de qualidade tangíveis e intangíveis – Qualidade em saúde é uma característica multifacetada. Ela inclui medidas tangíveis, como, por exemplo, quando um paciente estará apto a retomar suas atividades normais após um procedimento e quão rapidamente uma consulta a um especialista poderá ser conseguida. Ela também inclui medidas intangíveis, como a maneira com que um provedor trata um paciente, ou a amabilidade e a atenção dispensadas pelo pessoal de apoio. A determinação de qualidade em serviços de saúde é ainda mais complicada pelo impacto dos comportamentos dos pacientes nos resultados do tratamento. Da mesma forma que ocorre com o custo, a qualidade produz efeitos diferentes em consumidores, pagadores e na sociedade. • Consumidores – Atualmente, a capacidade dos consumidores de prever a qualidade em sistemas de saúde é pura questão de sorte. Na maioria dos casos, os consumidores devem basear suas decisões em recomendações de terceiros, resultados de pacientes anteriores, medidas de serviço (p.ex., tempos de espera) e sua impressão pessoal sobre o modo como um médico se comporta com seus pacientes. Muito compreensivelmente, a percepção do consumidor sobre qualidade também é egocêntrica e bastante subjetiva. Até 2015, dados que medirão com precisão a qualidade clínica de prestadores e instalações estarão tão disponíveis para os consumidores quanto as informações sobre produtos o são hoje. Esses dados serão obtidos através do uso disseminado de tecnologia da informação e serão mais acessíveis, mais confiáveis e compreensíveis. As pessoas estarão menos inclinadas a aceitar piamente que, embora haja “maus médicos”, o seu médico deve ser um dos bons. • Pagadores – Hoje em dia, governos e pagadores particulares sabem pouca coisa a mais sobre qualidade do que os consumidores. Seus mecanismos de financiamento raramente levam em consideração a qualidade, e a maioria dos pagadores, particulares ou públicos, está preocupada em manter as intervenções e as taxas que determinam o pagamento em uma faixa aceitável que eles podem pagar. Isso já está mudando e, até 2015, pagadores terão modificado seus mecanismos de reembolso para refletir a realidade de que prevenção e “fazer bem a coisa certa uma única vez” são mais eficazes a longo prazo. Programas de pagamento por desempenho, como aqueles que já estão surgindo nos Estados Unidos, em Cingapura e no Reino Unido, se diferenciarão do reembolso baseado em métricas de qualidade pré-estabelecidas. • Sociedade – Nos dias de hoje, a sociedade dá pouca atenção à qualidade em serviços de saúde. As atitudes predominantes são “qualquer coisa serve” e “se está quebrado, conserte”. Essas atitudes são insustentáveis, é claro. TABELA 2 Transformando percepções de valor Hoje Procura Consumidores Oferta 20 Futuro • Consertem-me, não importa a causa ou o custo • Ajudem-me a me manter saudável • Forneçam tratamento adequado, de alta qualidade e boa relação custo-benefício quando necessário Sociedade • Saúde é um direito da sociedade • Saúde é um direito da sociedade – mas recursos disponíveis devem ser priorizados com base na hierarquia de necessidades Pagadores • Minimizem custos unitários • Informação sobre custo/qualidade transparente • Capazes de aceitar reembolso baseado em valor Incentivos a provedores • Incentivos financeiros para tratar e fazer mais, não para prevenir • Bem-estar e prevenção • Tratamento de casos crônicos e continuados com alta qualidade e bom custo-benefício IBM Global Business Services Em 1943, Abraham Maslow introduziu sua Hierarquia das Necessidades Humanas para explicar a psicologia da motivação. Na hierarquia de Maslow, nossas necessidades fisiológicas mais elementares, como comida, ar e água, formam a base da pirâmide de cinco níveis. À medida que elas são satisfeitas, o próximo nível – necessidades de segurança – surge e nos motiva, até que atingimos o topo da pirâmide, que representa auto47 realização ou necessidades espirituais. As motivações agregadas e as percepções de valor dos envolvidos em sistemas de saúde também podem ser consideradas como sendo governadas por uma hierarquia de necessidades. Nesse caso, elas são: • Necessidades de saúde ambiental – Necessidades elementares de saúde, como água limpa, comida apropriada, ar puro e saneamento adequado, formam a base da pirâmide. • Necessidades de serviços básicos de saúde – O segundo nível inclui cuidado médico básico, como imunizações e exames preventivos, que erradicam substancialmente a morte prematura. • Necessidades médicas indispensáveis – O terceiro nível inclui tratamento de enfermidades agudas e isoladas, lesões e doenças crônicas. Conceitualmente, este nível inclui tratamentos pagos (como foi determinado pelos custos de oportunidade da sociedade) que permitam aos pacientes desempenhar as atividades do dia-a-dia. • Melhorias na saúde – O quarto nível compreende tratamentos que não são necessários do ponto de • Saúde ótima – O topo da pirâmide compreende uma maior e mais holística visão de saúde, na qual os indivíduos atingem saúde física e mental ótimas, um estado que vai além da mera ausência de sintomas ou doenças. Tratamentos neste nível incluem testes genéticos e planos de bem-estar personalizados. De forma geral, existe uma precedência natural na hierarquia de necessidades de saúde, com os níveis inferiores assumindo prioridade sobre os superiores tanto para os indivíduos como para as sociedades. É patente que em sistemas de saúde em que uma parcela significativa da população não consegue obter imunizações básicas, recursos públicos não seriam e não deveriam ser destinados a cirurgias plásticas optativas. No entanto, depois de os três patamares inferiores terem sido adequadamente satisfeitos, é de se esperar que as demandas de valor migrem para cima, para os níveis de melhorias na saúde e saúde ótima. FIGURA 5. Modelo de hierarquia de necessidades de saúde Discrepância de recursos Saúde ótima (p.ex., saúde e bem-estar holístico e personalizado) Melhorias na saúde (p.ex., cirurgia plástica e LASIK) Serviço de mercado Necessidades infinitas Modelo de hierarquia de necessidades de saúde vista médico, mas que melhoram a saúde como um todo e a qualidade de vida, tais como as chamadas “drogas de estilo de vida”, a cirurgia plástica e as cirurgias corretivas para problemas que não ameaçam seriamente a saúde (p. ex., a cirurgia artroscópica para melhorar a mobilidade ou a força de uma articulação para que o indivíduo possa retomar níveis de atividade acima daqueles do cotidiano). Necessidades médicas essenciais (p.ex., cuidado agudo para doenças ou ferimentos) Necessidades básicas de saúde (p.ex., imunizações e exames preventivos) Necessidades ambientais de saúde (p.ex., água tratada, saneamento adequado e ar puro) Direitos da sociedade Necessidades finitas Até 2015, as sociedades exigirão que o pagamento por serviços de saúde seja condizente com o valor que esses serviços devolvem à sociedade como um todo. Decisões sobre a saúde da sociedade serão baseadas na capacidade de medir qualidade de serviços prestados e de seu correspondente efeito nos recebedores dos serviços e na sua capacidade de retribuir à sociedade. Fonte: Análise do IBM Institute for Business Value. A Saúde em 2015: “Ganha-Ganha” ou “Todos Perdem”? 21 Curiosamente, à medida que um sistema se move para cima na pirâmide, a demanda por recursos aumenta. Os dois níveis de baixo, por exemplo, representam necessidades finitas. Em termos simples, apenas uma vacinação contra varíola por criança é requerida. No terceiro nível, todavia, os recursos necessários para satisfazer necessidades de saúde começam a aumentar. O tratamento de um caso isolado de doença pode exigir recursos finitos, mas a diabetes cria uma contínua demanda por recursos. Enquanto um sistema se move para cima na hierarquia, a demanda agregada por recursos continua crescendo. Podemos citar como exemplos o tratamento de doenças em estágio terminal (p. ex., certos tipos de câncer e doenças cardíacas), a manutenção de pacientes em sistemas de suporte à vida e cirurgias plásticas em série. Cada sistema de saúde lida com essa demanda por recursos traçando uma linha entre necessidades e desejos que são direitos da sociedade e que são geralmente considerados serviços de mercado. Em qualquer sistema, se compararmos a posição da linha direitos da sociedade/serviços de mercado com a posição da linha necessidades finitas/infinitas, podemos ter uma idéia da magnitude da falta de recursos que o sistema enfrenta (Figura 5). Necessidades de valor variam de acordo com o nível de hierarquia Se considerarmos os países do mundo em relação à hierarquia de necessidades de saúde, veremos que as necessidades de cada país tendem a variar de acordo com sua posição na hierarquia. Em termos gerais, nos países menos desenvolvidos, as necessidades básicas localizadas nos dois níveis inferiores da pirâmide são prioridade máxima. Os países em desenvolvimento estão lutando para prover as necessidades nos níveis inferior e intermediário da pirâmide. E os países desenvolvidos lutam contra as maiores demandas de recursos nos níveis intermediário e superior (Figura 6). Países menos desenvolvidos – Até o presente, os países menos desenvolvidos têm sido ignorados pelos promotores de mudança em saúde, especialmente a 22 globalização. Sobrevivência é o que importa nesses países e, para sobreviver, eles devem criar e manter populações saudáveis. 22 IBM Global Business Services Uma sólida infra-estrutura física possibilitando vidas saudáveis é essencial para que esse objetivo seja alcançado. Os países não conseguem subir a escada do progresso se seus cidadãos gozam de saúde precária e precisam destinar grande parte de seu tempo para obter necessidades básicas, como água limpa e comida. Logo, os países menos desenvolvidos costumam ter uma forte necessidade de lidar com questões ligadas à saúde ambiental. De forma perturbadora, os países menos desenvolvidos também estão começando a experimentar o surgimento de doenças crônicas originadas de doenças infecciosas que antes eram fatais, e de escolhas de estilos de vida, como o tabagismo, enquanto permanecem na posição menos favorecida para controlá-las. Por exemplo, a Organização Mundial da Saúde informa que doenças crônicas serão uma das principais causas de morte na 25 Nigéria até 2015 (Figura 3, pág. 9). A capacidade de prover as necessidades de saúde nos países menos desenvolvidos também é afetada por altas taxas de natalidade. Esses países continuarão apresentando aumento populacional a taxas mais altas que países desenvolvidos ou em desenvolvimento. Países em desenvolvimento – Nos países em desenvolvimento, os promotores de mudança na saúde estão criando um panorama misto. Para aqueles que conseguiram achar um lugar na economia global, suas economias e suas populações estão ascendendo na escala de valor, uma mudança acompanhada por expectativas mais altas sobre seus sistemas de saúde. O uso de tecnologia está levando a uma maior produtividade, mas concessões difíceis terão que ser feitas. Há uma tremenda demanda por gastos continuados em educação acessível e infra-estrutura física, como água, saneamento, energia e transporte. Ao mesmo tempo, a necessidade de manter uma força de trabalho saudável é crítica e as demandas da população por mais serviços de saúde estão crescendo. A predominância de doenças crônicas, que têm tratamentos caros e afetam negativamente a produtividade nacional, é um fator importante nos países em desenvolvimento. Até 2020, a OMS estima que dois terços de todas as mortes na Índia serão causados por doenças crônicas. A perda de receita na China ao longo dos próximos dez anos como resultado de doenças cardíacas, 25 derrames e diabetes é calculada em US$ 550 bilhões. Ao mesmo tempo, os países em desenvolvimento ainda lutam contra doenças infecciosas – não apenas aquelas já existentes, como também novas doenças e novas formas de doença, como a tuberculose resistente a drogas (MDR-TB). Países desenvolvidos – Nos países desenvolvidos, os promotores de serviços de saúde estão causando um impacto substancial. A globalização, por exemplo, resultou em abertura de mercados para os produtos e os serviços daqueles países, mas também criou maior concorrência e as correspondentes pressões por custo/ preço/qualidade. À medida que as economias crescem e as populações se tornam mais instruídas, as necessidades de saúde também crescem. De fato, gastos públicos em saúde em todos os países da OCDE têm crescido a taxas duas vezes maiores que o crescimento 48 econômico. Em média, a expectativa de vida entre os membros da OCDE atingiu 78,3 anos em 2004, enquanto em 1960 ela 49 era de 68,5 anos. A vida mais longa nos países desenvolvidos é acompanhada por uma maior incidência de doenças crônicas, como diabetes, depressão, doenças relacionadas ao estresse, doenças coronarianas e asma. Como vimos, a obesidade também é uma forte tendência nos países desenvolvidos, assim como fator de risco adicional em muitas doenças crônicas. Estima-se que mais de 50% dos adultos, hoje em dia, apresentem sobrepeso em 10 dos 30 países-membros 49 da OCDE. Percepções de valor variam de acordo com o nível na hierarquia Nos sistemas de saúde de qualquer país, as percepções de valor de consumidores, pagadores e sociedade também variarão de acordo com sua posição na hierarquia de necessidades de saúde. Além disso, à medida que o país sobe na hierarquia em termos de capacidade de prover necessidades de saúde mais sofisticadas, o número e a intensidade de conflitos de valor entre consumidores, pagadores e sociedade tendem a crescer. Quando o foco de um governo é o fornecimento de água tratada, saneamento, ar limpo e outras necessidades ambientais, são raros os conflitos entre percepções de valor (Tabela 3). Consumidores individuais, pagadores (neste caso, o governo) e a sociedade em geral concordam unanimemente que todos se beneficiam dessas necessidades. O mesmo é verdade para as necessidades básicas de saúde. A percepção de que imunizações e exames preventivos criam bom valor é quase universal. De fato, atribui-se às vacinas o fato de que dois milhões de 50 mortes de crianças foram evitadas apenas em 2003. FIGURA 6. Necessidades relativas de valor em países desenvolvidos, em desenvolvimento e menos desenvolvidos Menos desenvolvidos Em desenvolvimento Desenvolvidos Saúde ótima Melhorias na saúde Necessidades médicas essenciais Necessidades básicas de saúde Necessidades ambientais de saúde Fonte: Análise do IBM Institute for Business Value. A Saúde em 2015: “Ganha-Ganha” ou “Todos Perdem”? 23 TABELA 3 Percepção de valor por hierarquia de nível de necessidades em saúde e por envolvido Consumidores Pagadores Sociedade Saúde ótima • Qualidade de saúde vitalícia, incluindo medidas e tratamentos preventivos • Desempenho funcional acima da média • Acesso a informações e educação sobre saúde • Acesso a sofisticada tecnologia médica • Minimizar pagamento público por serviços ótimos de saúde • Minimizar custos de oportunidade inaceitáveis para pagamento público do tratamento • Custos e volumes de testes e procedimentos médicos • Disponibilidade de medicamentos personalizados • Custo/benefício da sofisticada tecnologia médica Melhorias na saúde • Oportunidade de moldar o serviço de saúde consumido para atender a prioridades pessoais • Tempos de espera em procedimentos eletivos • Escolha dos provedores, do método de diagnóstico e das opções de tratamento • Custos vitalícios com saúde • Carga/ competitividade razoáveis dos custos da saúde • Equiparação – usuários intensivos não devem ser uma carga excessiva em nenhum sistema de saúde • Minimizar custos de oportunidade inaceitáveis para pagamento público do tratamento • Expectativa de vida no nascimento • Testes baseados na população mais abrangentes Necessidades • Acesso a tratamentos essenciais médicas • Tratamento certo no tempo certo no indispensáveis lugar certo • Tratamento seguro • Integração/coordenação do tratamento • Escolha em decisões de tratamento (p.ex., em doenças terminais) • Custos de saúde per capita • Retorno do investimento • Expectativa de vida no nascimento • Anos de vida ajustados pela incapacidade • Equiparação – todos os potenciais usuários devem ter acesso independentemente de suas posses • Amplos testes na população Necessidades básicas de saúde • Erradicação das principais doenças infecciosas • Capacidade de acessar cuidado médico • Minimizar a carga financeira gerada por doenças infecciosas • Taxas de imunização • Minimizar anos de vida perdidos prematuramente • Morte por doenças infecciosas ou desnutrição Necessidades ambientais de saúde • Sobrevivência das crianças • Água potável • Ar limpo • Saneamento básico • Minimizar a carga financeira gerada por doenças infecciosas • Mortalidade infantil • Expectativa de vida no nascimento Diferenças em percepções de valor tendem a começar no momento em que uma sociedade aborda substancialmente necessidades ambientais e básicas de saúde. No nível das necessidades médicas indispensáveis, os consumidores costumam pensar que o tratamento de qualquer problema de saúde que eles estejam enfrentando, mesmo aqueles auto-infligidos por más escolhas de vida, é necessário do ponto de vista médico e tem bom valor. Os pagadores costumam ter uma visão mais estreita e tomam decisões baseadas em quanto tratamento pode ser fornecido com os recursos disponíveis. A sociedade costuma se alinhar com as vontades do consumidor individual até que atender a tais vontades afete negativamente outros serviços que ela preza, tais como benefícios de aposentadoria, e educação pública. O maior desafio será determinar o que é uma necessidade médica versus um aperfeiçoamento e o que deveria ser um direito da sociedade versus um serviço de mercado. 24 IBM Global Business Services Surpreendentemente, os conflitos de valor começam a ficar mais claros no nível de saúde ótima da hierarquia. Bem-estar, prevenção e responsabilidade pessoal costumam requerer investimentos de custo relativamento baixo e gerar resultados de alta qualidade. Os consumidores valorizam os serviços disponíveis nesse nível à medida que eles entendem a relação entre decisões sobre estilos de vida e suas condições de saúde. Os pagadores com uma visão de longo prazo, especialmente governos e empregadores, entendem que programas de bem-estar e prevenção criam maiores retornos financeiros e maior produtividade. A sociedade, se espelhando na atitude dos consumidores, dá maior valor a ambientes livres de fumo, a estilos de vida ativos e à alimentação saudável. Assim como nos dois primeiros níveis da hierarquia, as percepções de valor mais uma vez começam a se fundir. Resumo Que as decisões sobre saúde em 2015 devem se basear em valor é óbvio, mas a transformação baseada em valor não é algo simples. Em um ambiente de saúde baseado em valor, altos níveis de responsabilidade serão exigidos de consumidores, pagadores, prestadores, sociedade e governos. Para que isso ocorra, a definição de valor nas mentes de consumidores, pagadores e da sociedade precisará ser ampliada. Países e regiões que tomam decisões baseadas em valor também enfrentarão escolhas extremamente difíceis. Elas incluem destinação de verbas baseada em valor e a conseqüente necessidade de conciliar pontos-de-vista conflitantes entre os envolvidos. Nada disso será fácil de alcançar. Na verdade, se um esquema claro de definição de valor, uma sistemática para resolver conflitos inevitáveis e a disposição para tomar decisões difíceis estiverem ausentes, uma transformação de sucesso não será possível. Cingapura – Um modelo para transformação da saúde baseada em valor Cingapura tem-se destacado por suas conquistas desde a independência, em 1965. Durante esse período, por exemplo, o Produto Interno Bruto per capita cresceu de S$ 1.567 (US$ 512) em 1965 para S$ 44.666 (US$ 26.833) em 2005. Essa ilha-cidade-estado com 4,4 milhões de habitantes e uma área de 699,4 milhões de km2 beneficiou-se de forte crescimento econômico (6,4%), reduzido 51 desemprego (3,4%) e baixa inflação (0,5%) em 2005. A situação da saúde em Cingapura tem sido igualmente impressionante. Comparados com os países da OCDE, os cingapurianos tiveram uma expectativa de vida no nascimento mais alta (79,7 contra 78,3 anos) e uma taxa de mortalidade infantil mais baixa (2,0 contra 5,7 1,51 mortes por 1.000 nascidos vivos) em 2004. No entanto, o que Cingapura gasta com saúde equivale a 4,5% do PIB, ou cerca de metade 19,51 da média da OCDE. A chave de tal sucesso tem sido o inovador sistema de financiamento do país. Antes de 1984, serviços médicos eram essencialmente prestados pelo setor público de graça ou a custos reduzidos para os pacientes. À medida que os custos de saúde e a ineficiência aumentaram, o governo decidiu reformar seu sistema de saúde com base nos seguintes princípios: • Promover boa saúde entre todos os cingapurianos; • Estimular a responsabilidade individual; • Prover serviços médicos a baixo custo para todos os cingapurianos; • Confiar à livre concorrência de mercado a melhoria nos serviços e o aumento da eficiência; e 52 • Intervir quando a livre concorrência de mercado falhar no controle dos custos de saúde. Cingapura lançou desde então uma série de programas inovadores de financiamento com base nesses princípios. No programa Medisave, por exemplo, os empregados contribuem com 6 a 8% de seu salário mensal para uma conta de poupança médica complementada pelos empregadores, que hoje em dia está limitada a S$ 32.500 (US$ 20.533). Os Cingapurianos podem usar recursos da poupança para seus serviços de saúde, mas devem pagar mais por serviços de nível mais alto (p.ex., melhores quartos em hospitais) usando outros recursos. O objetivo é encorajar um comportamento mais sensato do consumidor, tanto para permanecer saudável quanto para consumir serviços de saúde. O governo também lançou dois programas de seguro para cobrir grandes transtornos que colocam a vida em risco (MediShield) e incapacidades graves (ElderShield). Em ambos, os membros do Medisave estão automaticamente inscritos, mas podem optar por sair se desejarem. Além disso, os recursos do Medisave são usados para pagar os prêmios desses programas. Por fim, Cingapura lançou programas que protegem os cidadãos que não recebem cobertura adequada dos programas citados anteriormente. Por exemplo, o Medifund serve aos pobres e indigentes e o Programa de Assistência Provisória por Incapacidade para o Idoso (IDAPE) fornece suporte financeiro a cingapurianos incapacitados não cobertos pelo ElderShield. No caso do Medifund, recursos são alocados caso a caso a partir de um fundo de recursos estabelecido. Isso ilustra a visão do governo de que saúde não é um direito 53 adquirido, mas sim um bem que é comprado dentro dos limites de recursos disponíveis. Cingapura transformou seu sistema de saúde em um patrimônio nacional. Guiado por um conjunto de princípios, o governo estabeleceu um sistema de financiamento no qual os cidadãos assumem um papel mais ativo com relação a sua própria saúde, mas também cobre aqueles cidadãos incapazes de assumir esse papel. A Saúde em 2015: “Ganha-Ganha” ou “Todos Perdem”? 25 4. A transformação da responsabilidade do consumidor Introdução O segundo elemento-chave em uma transformação do tipo “ganha-ganha” em sistemas de saúde é a maior responsabilidade do consumidor pelo controle e pelo pagamento de serviços de saúde, assim como o controle pessoal de sua saúde. À medida que os países são cada vez mais pressionados pela crise nos seus sistemas de saúde, cresce também a pressão financeira para que os consumidores mudem comportamentos contraproducentes e participem ativamente de decisões acerca de quais serviços serão ou não considerados direitos da sociedade. Hoje em dia, muitos consumidores continuam agindo dentro de expectativas irreais sobre o que seus sistemas de saúde podem e devem fazer por eles. Nos países menos desenvolvidos, o comportamento do consumidor está causando a disseminação de doenças infecciosas. Nos países desenvolvidos, populações envelhecendo querem sentir, parecer e viver como se tivessem 16, 25 ou 40 anos. E eles esperam que seus sistemas de saúde 54 possibilitem essa fantasia. Ao mesmo tempo, planos e sistemas de saúde públicos lutam para conter os custos e limitam o acesso a alguns procedimentos diagnósticos e terapêuticos. Do Canadá à China, da África do Sul ao Japão, sob muitos modelos distintos de financiamento, a carga monetária que os consumidores assumem está aumentando. Nos Estados Unidos, contribuições de empregados a planos patrocinados por empregadores continuam aumentando, assim 55 como as franquias e co-participações de seguros. De fato, a contínua escalada de custos de saúde nos Estados Unidos tem estimulado renovadas discussões acerca da reforma radical do financiamento da saúde, com opções tais como um sistema de vouchers de saúde universais e até mesmo um único sistema 56,57 nacional sendo proposto por especialistas influentes. No entanto, o panorama para uma transformação do tipo “ganha-ganha” não é inteiramente negro. À medida que os consumidores assumem responsabilidade mais direta por sua saúde e por escolhas de serviços, eles também podem se tornar compradores mais sensatos e baseados em valor, melhorar sua saúde através de melhores escolhas e, ao mesmo tempo, exercer pressão para manter os custos do sistema dentro dos limites. 26 IBM Global Business Services Acesso à informação A transformação na responsabilidade do consumidor é influenciada pela infra-estrutura, pela adoção e pela interconectividade da tecnologia da informação dos sistemas de saúde. Hoje em dia, redes de informação integradas existem na maioria dos países apenas na forma mais rudimentar. O resultado é desperdício financeiro e falhas no serviço sob a forma de diagnósticos incorretos, exames repetidos sem necessidade, uso de medicamentos conflitantes, etc. Até 2015, os consumidores não precisarão mais aceitar os atuais patamares de desperdício e ineficiência. Prontuários eletrônicos de saúde usados pelos prestadores e prontuários pessoais de saúde controlados pelos consumidores condensarão e divulgarão informação crítica sobre cada indivíduo. Esses prontuários possibilitarão aos consumidores – e aos prestadores por eles escolhidos – tomar decisões de alta qualidade a respeito de seu tratamento. Cidadãos dinamarqueses controlam sua saúde online Em 2001, o governo da Dinamarca lançou o Sundhed, portal de saúde pública do paciente (www.sundhed.dk). Esse portal foi criado para aumentar o envolvimento do paciente com sua saúde, aumentar a qualidade de vida do paciente, e diminuir os gastos gerais com saúde. Ele oferece algumas possibilidades como auto-marcação de consultas e interação online com provedores de serviços de saúde. Pacientes podem acessar seus prontuários médicos, incluindo informação sobre internações hospitalares desde 1977. O portal também permite o monitoramento de doenças crônicas, como diabetes, para provedores e pacientes. Esse recurso ajuda a garantir que tratamento consistente seja prestado através das hoje complexas redes de saúde. O acesso a informação acerca de opções, custo e qualidade de serviços de saúde também dará poder aos consumidores para que eles façam escolhas mais conscientes sobre canais e provedores de serviços. Até 2015, por exemplo, eles descobrirão que podem fazer facilmente um rápido exame de secreção de garganta para estreptococo na clínica de varejo local. Consumidores serão ainda estimulados pelos seus planos de seguro a fazer boas escolhas de prestadores e canais de prestação de serviços de saúde; no caso do teste de diagnóstico de estreptococo, o plano de seguro poderá avisá-los de que o custo da clínica de varejo será integralmente reembolsado, enquanto que a ida ao consultório médico exigirá que o paciente pague 50% dos honorários. Entendendo o que e quanto é coberto, e em que canal de prestação de serviço de saúde, a responsabilidade dos consumidores será melhorada ainda mais. Uma vez escolhidos os canais e os prestadores de serviços de saúde, o acesso à informação também dará poder aos consumidores para que eles tomem melhores decisões sobre tratamento. Eles serão capazes de obter e de analisar dados, e de participar do desenrolar de seu tratamento muito mais do que hoje em dia. Os consumidores serão também ajudados pela ascensão de uma nova modalidade de profissional, o infomediário de saúde. Uma olhadela nas promessas da medicina personalizada Atualmente, consumidores se submetem a testes genéticos em virtude de históricos de condições herdadas. Mas o teste genético pode também identificar outras condições com sérias conseqüências médicas, como fenilcetonúria, hemocromatose e deficiência do fator V. Às vezes, elas são tratáveis com intervenções simples.Os pais de um bebê com fenilcetonúria, uma desordem metabólica na qual falta uma enzima, podem dar à criança uma dieta especial. Um adulto com hemocromatose, uma desordem que causa sobrecarga de ferro, pode se submeter a uma flebotomia para remover o ferro. Uma mulher grávida identificada com deficiência do fator V pode evitar uma trombose com o uso de anticoagulantes específicos. Esses exemplos ilustram apenas o começo do valor que a medicina personalizada pode oferecer aos consumidores. À medida que o diagnóstico molecular e outros aspectos da medicina personalizada ficarem mais sofisticados, consumidores serão dotados de ainda mais poder. Até 2015, estima-se que uma pessoa de 21 anos poderá fazer um completo teste genômico para identificar fatores de risco para doenças crônicas, como um câncer específico ou um problema cardíaco. Ele também revelará, através de um perfil farmacogênico, o potencial para reações adversas a drogas. Esse poder viabilizará um novo nível de responsabilidade do consumidor. Compra comparada de serviços de saúde Nos dias de hoje, o recebedor de serviços de saúde costuma estar desvinculado de seu pagamento. De forma geral, os consumidores não sabem quanto custam os serviços de saúde, nem tampouco se importam, pois eles os consideram gratuitos ou pré-pagos. Não apenas os consumidores não compreendem quanto custa um serviço de saúde, como eles também não sabem se ele é bom. Nem tampouco cuidam bem de si mesmos fazendo escolhas de estilos de vida saudáveis ou procurando tratamento preventivo. Uma vez que os serviços de saúde são vistos como gratuitos e comparações são quase inexistentes, os consumidores não os compram da mesma forma que o fazem com outros produtos e serviços. Até 2015, no cenário do tipo “ganha-ganha”, os consumidores comprarão serviços de saúde comparativamente, da mesma maneira que o comprador de hoje pesquisa antes de comprar um novo automóvel. A demanda por informação confiável sobre serviços de saúde promoverá uma maior disponibilidade e transparência de dados sobre custo e qualidade. Ela também promoverá a adoção de padrões globais de qualidade para esses dados, ajudando a validar a informação em que os consumidores se basearam para tomar suas decisões sobre tratamento de saúde. Indo além, “turistas da medicina” e – à medida que a Internet continua possibilitando consultas à distância e segundas opiniões – consumidores online usarão esses dados para avaliar provedores e instalações ao redor do globo. A ascensão do infomediário de saúde Se a boa notícia é que até 2015 toda essa informação ajudará os consumidores a assumir maior responsabilidade por suas escolhas sobre saúde, a má notícia é que muitos consumidores não saberão como escolher. Um desafio é a “educação em saúde”, isto é, a capacidade de consumidores “obterem, processarem e compreenderem informação básica e serviços necessários para 58 tomar decisões apropriadas com relação a sua saúde”. A ausência desse tipo de educação afeta a capacidade do indivíduo de lidar com os sistemas de saúde e de entender a informação necessária para gerir a saúde de sua família e a sua própria. Essa carência tem sido relacionada a resultados adversos (p.ex., taxas maiores de hospitalização e uso menos freqüente de A Saúde em 2015: “Ganha-Ganha” ou “Todos Perdem”? 27 serviços preventivos), que levam a custos de saúde mais elevados. Além disso, a incidência do problema é desproporcionalmente maior entre os consumidores que costumam ter mais razões para demandar serviços de saúde – adultos mais velhos, pessoas com baixos rendimentos e pessoas com condições de saúde comprometidas. Estudos recentes calculam que 90 milhões, ou cerca de 50% dos adultos americanos, não 58,59 possuem educação em saúde. É bem verdade que há os “militantes esclarecidos da saúde”, predominantemente baby boomers maduros que entendem de informática e querem manter o controle sobre suas vidas. Mas eles são minoria entre os consumidores de serviços de saúde. Há também os infomediários da saúde, que ajudam os indivíduos a lidar com opções de seguro, canais e serviços nos tratamentos de longo prazo. No entanto, eles não são disponíveis de forma ampla. Até 2015, à medida que os consumidores controlarem sua saúde mais ativamente, eles precisarão acessar e avaliar informação sobre cuidado preventivo, testes genéticos, tratamento de doenças crônicas e qualidade do prestador de serviços de saúde (para citar apenas alguns exemplos). Conforme cresce a responsabilidade do consumidor, também cresce o número de pessoas que requerem assistência para obter e interpretar a informação disponível para aplicá-la em suas decisões. No cenário do tipo “ganha-ganha”, o infomediário de saúde será um item permanente no quadro de muitos sistemas de saúde, tanto para aqueles que gozam de boa saúde quanto para os doentes crônicos, e para um segmento 60 sócio-econômico da população muito mais amplo. Os infomediários da saúde auxiliarão pacientes na escolha da informação necessária, na interpretação de informação médica, na escolha entre alternativas e canais de tratamento, na interação com o provedor escolhido e, em alguns casos, agirão eles mesmos como provedores de saúde. Até 2015, esses profissionais poderão perfeitamente ser observadores da equipe de tratamento de um paciente. Eles coordenarão os serviços requeridos, com ênfase especial em estratégias de melhoria das condições de saúde baseadas em escolhas de estilos de vida. Nesse cenário, os médicos só se tornarão parte do processo de prestação do serviço de saúde quando certo nível de acuidade for requerido, como em uma cirurgia ou em diagnósticos 28 IBM Global Business Services complexos. Outros provedores de nível intermediário, como assistentes médicos, enfermeiros e farmacêuticos, e outros canais/locais de cuidado médico, como monitoramento doméstico, clínicas de varejo, vídeoconferências via Internet e clínicas para tratamento de doenças específicas, serão utilizados conforme a necessidade para cuidado médico preventivo e de rotina, assim como para cuidado continuado e alguns tipos de cuidado intensivo. Melhor saúde com melhores escolhas de estilos de vida Finalmente, o envolvimento direto de consumidores em saúde influenciará escolhas de estilos de vida. Hoje em dia, como temos visto, existe um relativo descaso por essas escolhas entre os consumidores. As crescentes taxas de obesidade e de doenças crônicas indicam maus hábitos de alimentação e prática de exercícios físicos. O continuado flagelo da AIDS/HIV é um indicador da falta de comportamento sexual seguro. Até 2015, no cenário do tipo “ganha-ganha”, escolhas de estilos de vida serão mais explícitas e más escolhas resultarão em conseqüências de curto prazo. Não-fumantes, não-obesos, não-carentes de sono, nãosedentários precisarão de menos cuidados médicos e, como resultado, pagarão menos por despesas totais relacionadas à saúde e tratamentos. Programas de educação para uma vida saudável serão dominantes. Num cenário do tipo “ganha-ganha”, à medida que governos e empregadores acordarem para a realidade de que uma população mais saudável é mais produtiva e custa menos no longo prazo, ambos apoiarão publicamente escolhas de vida saudáveis. Tanto os Tanto os infomediários da saúde quanto os prontuários eletrônicos pessoais serão importantes condutores 61 de informação sobre estilos de vida. Programas obrigatórios de condicionamento físico serão reintroduzidos em muitas escolas. Ciclovias se multiplicarão e as prefeituras, através de seus planos diretores, estimularão o desenvolvimento de uso misto, como o chamado Novo Urbanismo, no qual os habitantes podem caminhar de 62 suas casas para o trabalho ou para lojas. Embora o número absoluto de pessoas que viverão em tais lugares permaneça relativamente pequeno, seu impacto cultural terá um potencial muito mais amplo, com a sociedade em geral adotando e promovendo estilos de vida mais ativos e mais saudáveis. Programas de responsabilidade social também aumentarão. Proibições ao fumo já são lugar-comum, e até mesmo a Itália e a Irlanda o proibiram em bares e cafés. A OMS adotou a política de não mais contratar 63 fumantes. Decisões como essas se espalharão. Até 2015, o acesso a alimentos orgânicos será generalizado e a questão da presença de comida de baixa qualidade nutricional nas cantinas de escolas americanas, por exemplo, se tornará uma estranha e mal-orientada prática do passado. Até 2015, no mundo desenvolvido, a mensagem da responsabilidade pela saúde, apoiada e enviada por governos, escolas e empregadores terá um significativo efeito nas escolhas individuais de estilos de vida. À medida que o mundo em desenvolvimento demandar melhores serviços de saúde e arcar com mais responsabilidade financeira por sua prestação, ele também adotará as lições aprendidas do mundo desenvolvido. A crescente classe média em países como Índia e China não adotará os atuais hábitos alimentares pouco saudáveis do Ocidente. Nos países menos desenvolvidos, os valores culturais e os estigmas da sociedade mudarão e simples mudanças de estilo de vida ajudarão a afrouxar a devastadora opressão de doenças infecciosas, tais como a AIDS/HIV. Resumo Conforme as crescentes despesas com saúde colocam maior responsabilidade financeira no bolso dos consumidores, a mesma tendência disparará os mecanismos requeridos para desacelerar e talvez reverter a taxa de crescimento dos custos. À medida que os pacientes assumirem mais responsabilidade por sua saúde, eles demandarão informação para determinar as opções de melhor valor, bem como canais, locais e prestadores que apresentem uma melhor relação custo-benefício. Muitos consumidores precisarão de ajuda para tomar essas decisões, mas, no cenário do tipo “ganha-ganha”, a demanda do consumidor por valor e responsabilidade criará um sistema de prestação de serviços de saúde mais racional e sustentável. A Saúde em 2015: “Ganha-Ganha” ou “Todos Perdem”? 29 5. Transformando a prestação do serviço Introdução O terceiro elemento-chave na transformação do tipo “ganha-ganha” em sistemas de saúde é uma mudança fundamental na natureza, no modo e nos meios de prestação do serviço. Hoje em dia, tal prestação é excessivamente focada no cuidado intensivo ocasional. Até 2015, a ênfase de sistemas de saúde ao redor do mundo será expandida do atual foco em serviços de cuidado intensivo para incluir prevenção e controle de condições crônicas. O novo ambiente será mais complexo que o existente (Figura 7, pág. 31). Redefinir como, onde e quem prestará o serviço exigirá o desenvolvimento de formas, canais, locais e prestadores de serviços de saúde alternativos. Mas essa mudança será promovida e sustentada por compra/reembolso baseados em valor e pelas exigências de consumidores responsáveis por alternativas que ofereçam comodidade, eficiência e custo vantajoso. Por exemplo, a telemedicina expande a área de captura através do fornecimento de acesso eletrônico a um maior número de prestadores de serviço para diagnóstico, triagem, monitoramento, consultas e procedimentos terapêuticos. Como sempre, o desafio da transformação na prestação do serviço diferirá entre países desenvolvidos, em desenvolvimento e menos desenvolvidos. Os países desenvolvidos terão que redirecionar e complementar os sistemas existentes. Nos países menos desenvolvidos, a luta continuará sendo por melhorar as condições de saúde básica da população. O mundo em desenvolvimento terá um pé em cada categoria – ele correrá para projetar e construir uma infra-estrutura que antecipe e suporte as crescentes demandas da classe média emergente e, ao mesmo tempo, lutará para aprimorar as condições de saúde dos segmentos carentes e rurais da população. Os esforços de todos os países, todavia, estarão fundamentados em uma crescente ênfase em A prática remota da medicina tornou-se uma realidade Telemedicina – o fornecimento e o intercâmbio remotos de serviços e informações sobre saúde – não é um conceito novo. Em 1905, Willem Einthoven usou linhas telefônicas analógicas para transmitir eletrocardiogramas do Hospital-Universidade de Leiden, na Holanda, 64 para o seu laboratório a 1,5 km de distância. Em 1924, quando o uso do rádio ficou generalizado, a idéia de médicos conectados a 65 pacientes por imagem e som foi ilustrada na capa da revista Radio News. Hoje em dia, com a evolução das tecnologias de comunicações e informação, a diminuição dos custos e a ampliação do acesso, a telemedicina transformou-se em realidade. • Uma aplicação remota comum é o diagnóstico de condições médicas. O Hospital Sollefteå, na Suécia, transmite imagens por ressonância magnética (MRIs) não emergentes à Clínica de Telemedicina (TMC), na Espanha, que apresenta excesso na 66 capacidade de radiologistas. Em 48 horas, os especialistas da TMC analisam as MRIs e opinam sobre elas. • A telemedicina está também sendo cada vez mais usada para fornecer serviços remotos de triagem. No Camboja, trabalhadores em serviços de saúde locais recebem conselhos e consultoria de suporte sobre triagem de médicos afiliados à Escola de 67 Medicina de Harvard através de e-mail. • Outra aplicação é o monitoramento remoto de pacientes. O Departamento de Assuntos de Veteranos (VA) dos Estados Unidos está instalando 50.000 sistemas de monitoramento doméstico para se somar às visitas de enfermeiros. O VA informou que esses 68 sistemas cortaram em um terço os custos de cuidado médico de pacientes e têm sido bem recebidos por eles. • A telemedicina é também usada para permitir consultas remotas entre médicos e pacientes. No México, tecnologia de satélite é 69 usada para possibilitar teleconsultas a 10 milhões de empregados do governo em todo o país. • Por fim, telecomunicações e TI são usadas para realizar procedimentos remotos. Em 2001, aconteceu a primeira telecirurgia robótica transatlântica, quando uma equipe nos Estados Unidos realizou uma cirurgia de vesícula em um paciente na França – a 70 7.000 km de distância. 30 IBM Global Business Services FIGURA 7. Canais de prestação de serviços de saúde, 2015 Prestação do serviço Pacientes Condição de saúde Local Condição sócioeconômica Área de captação Acesso Localização Provedor Serviço Saudável Rural Alta Local Em pessoa Casa Provedores tradicionais Bem-estar Pequenas doenças Suburbana Média Regional Telefônico Trabalho Seguradores públ./privados Avaliação de risco Em risco Urbana Baixa Nacional Eletrônico Local de tratam. Provedores s/ internação alternativos Prevenção Hospital Provedor intermediário Cuidado agudo Doente crônico Pronto socorro Infomediário de saúde Cuidado continuado Doente gravíssimo Tratamento de longo Cuidado complementar Fim da vida Internet Cuidado paliativo Doente agudo Global Call center Fonte: Análise do IBM Institute for Business Value. prevenção e uma crescente necessidade de controle de cuidado continuado proativo. Cuidado preventivo O cuidado preventivo se concentra em manter as pessoas bem de saúde pela prevenção de doenças (incluindo seu diagnóstico precoce) e promoção da saúde. Há evidências irrefutáveis de que a ausência de cuidado preventivo apropriado custa vidas e dinheiro e deteriora a qualidade de vida. Por exemplo, deficiências de vitamina A afetam 250 milhões de crianças com menos de 5 anos e permanecem sendo a maior causa isolada da cegueira infantil passível de prevenção. Estima-se que aproximadamente 80% das doenças 5 cardíacas coronarianas, até 90% dos casos de diabetes 6 7-10 tipo 2 e mais da metade dos cânceres poderiam ser prevenidos com mudanças de estilo de vida, como dieta apropriada e prática de exercício físico Natureza do cuidado preventivo prestado – Nos dias de hoje, cuidado preventivo é um conceito sem um defensor. Em linhas gerais, os consumidores o ignoram, os compradores de serviços de saúde não o incentivam e os provedores de serviços de saúde não lucram com ele. Até 2015, e à medida que a compra de serviços muda para uma base de valor e os consumidores assumem uma responsabilidade cada vez maior, haverá mais foco em prevenção como uma estratégia viável de longo prazo para reduzir gastos gerais e melhorar as condições de saúde. Até 2015, nos países desenvolvidos, a noção de cuidado preventivo será ampliada conforme ela adotar e combinar abordagens orientais e ocidentais, o melhor do velho e do novo, como a medicina tradicional chinesa, a medicina ayurvédica, a homeopatia, a naturopatia, etc. Uma notável adição a essa abordagem ampliada será A Saúde em 2015: “Ganha-Ganha” ou “Todos Perdem”? 31 o teste genético, que possibilitará exames preventivos. Os países menos desenvolvidos se voltarão para a prevenção e o atingimento de melhores condições de saúde em termos de fornecimento de água, saneamento, nutrição, acesso a vacinas, vitaminas e outros serviços de custo baixo, ainda que vitais. Os países em desenvolvimento lidarão com as necessidades de ambos os ambientes, combinando medidas preventivas de saúde do mundo desenvolvido e valores culturais de cada sociedade, ao mesmo tempo em que se voltam para as condições básicas de saúde de suas populações rurais mais remotas (Tabela 4). Localização e modo de prestação de cuidado preventivo – Hoje em dia, locais tradicionais de prestação de serviços de saúde (p.ex., hospitais, postos de saúde e consultórios médicos) são os principais centros de atendimento. Entretanto, em muitos casos eles não são equipados ou preparados para a prestação de cuidado preventivo. Até 2015, com valor e responsabilidade comandando as decisões sobre saúde, os consumidores não somente aceitarão locais alternativos de prestação de cuidado preventivo, como também os exigirão. No cenário do tipo “ganha-ganha” do mundo desenvolvido, os consumidores procurarão cuidados preventivos em locais como clínicas de varejo, seus locais de trabalho e suas casas, que oferecerão opções de custo mais baixo, mais comodidade e meios mais eficazes de prestação do serviço em comparação com os locais tradicionais. Além disso, o advento dos prontuários eletrônicos pessoais de saúde e a correspondente capacidade de disseminar informação dirigida transformará o computador doméstico do consumidor, seu telefone celular e seu assistente pessoal digital (PDA) em importantes ferramentas de prestação de cuidado preventivo. Nos países menos desenvolvidos, a prestação do cuidado preventivo será, em virtude de necessidade financeira, restrita. Ela se concentrará em clínicas locais e será complementada por prestadores itinerantes de saúde. Os países em desenvolvimento terão a oportunidade de evitar o atual investimento excessivo em hospitais-gerais destinados a cuidados intensivos e concentrar seus recursos no fornecimento de meios mais focados e acessíveis de prestação do serviço – alavancando significativamente as vantagens da tecnologia da informação para promover cuidado preventivo nas residências e clínicas de varejo locais. Quem fornecerá cuidado preventivo? – Atualmente, o médico é o centro da prestação de serviços de saúde e o foco da maioria dos médicos é o cuidado intensivo, seguido pelo controle de doenças crônicas e, por último, pela prevenção. Até 2015, a mudança de ênfase para cuidado preventivo criará uma correspondente mudança nos papéis dos prestadores. Haverá muito mais prestadores de nível intermediário, como assistentes médicos, enfermeiros e outros profissionais ainda sem nome, e a equipe ampliada incluirá nutricionistas, conselheiros genéticos, especialistas em exercício físico e outros especialistas que contribuirão para abrangentes programas de bem-estar do consumidor projetados para aprimorar a prevenção de doenças e o diagnóstico precoce. TABELA 4 Cuidado preventivo em países desenvolvidos e menos desenvolvidos, em 2015 32 Países desenvolvidos Países menos desenvolvidos Natureza do serviço prestado • Avaliação de risco genético • Abordagem holística (misto de ocidental e oriental) • Mudanças em estilos de vida • Serviços públicos de saúde básica – vacinação, saneamento, nutrição, água tratada, etc. • Postos avançados de educação Local e modo de prestação do serviço • Locais de baixo custo: clínicas, clínicas de varejo, local de trabalho e casa • O próprio indivíduo e a família • Visitas em hospitais e postos de saúde avançados do governo Quem prestará o serviço • Equipes de prestação de serviços de saúde, incluindo médicos, provedores de nível intermediário e especialistas (p.ex., nutricionistas, consultores genéticos, especialistas em exercício físico, etc.) • Pessoal local e voluntários em número limitado • Bancos de desenvolvimento, agências da ONU, agências bilaterais de auxílio e organizações não-governamentais (ONGs) que se tornaram mais ativas técnica e financeiramente IBM Global Business Services Até 2015, no cenário do tipo “ganha-ganha”, a substituição do trabalho e a emergência de infomediários de saúde se darão em graus variados em todos os países. O mundo desenvolvido aceitará e procurará tanto por boa relação custo-benefício quanto por habilidade e conhecimento acerca de prevenção. Os países menos desenvolvidos serão atraídos por prestadores alternativos como um meio de “esticar” seus orçamentos para a saúde. Isso é especialmente importante na África subsaariana, que carece de 2,5 milhões de trabalhadores em saúde para serviços essenciais – de 3 a 4 vezes a quantidade disponível. Em Gana, cerca de 75% dos médicos emigram em até 10 anos depois da gradu71 ação e, entre 1978 e 1999, a Zâmbia reteve apenas 50 72 dos 600 médicos empregados no setor público. Haverá maiores desafios culturais em alguns países em desenvolvimento, onde cuidado de alta qualidade é associado apenas a médicos, mas aqui também a necessidade de conter custos de saúde combinada com informação e com os promotores educacionais a ela associados acerca da eficácia de provedores não-médicos, superará os obstáculos à mudança. Medicinas complementar e alternativa – o Oriente e o Ocidente se encontram O crescimento da medicina complementar (terapia realizada juntamente com a medicina convencional), da medicina alternativa (terapia no lugar da medicina convencional) e da medicina integrada (a combinação de medicinas convencional, complementar e alternativa) é um fenômeno mundial. Recentes pesquisas mostram que tratamentos com medicina integrada são usados por 85% da população em 74 geral no mundo desenvolvido e, em alguns países, o número de visitas a esses prestadores (p.ex., massagens, quiropráticos, hipnose, 75 biofeedback e acupuntura) é maior que o número de visitas a médicos para cuidados básicos. Nos Estados Unidos, gastos reembolsáveis de consumidores com medicina integrada foram superiores a US$ 27 bilhões em 1997 – uma 74 soma comparável à de todos os gastos reembolsáveis com serviços prestados por médicos no país. Na Austrália, o gasto excedeu A$ 76 1,8 bilhão (US$ 1,3 bilhão) em 2004 . E no Japão, o mercado de medicina integrada atingiu ¥ 2.358,6 bilhões (US$ 20,3 bilhões) em 77 2004, um aumento de 17% em relação a 2002. Estima-se que esse mercado supere ¥ 5 trilhões (US$ 43,1 bilhões) em 2013. Medicina complementar, medicina alternativa e medicina integrada permanecem motivo de controvérsia. Alguns prestadores as rejeitam, alegando que não foram comprovadas pelos padrões clínicos da moderna medicina ocidental. Outros as tratam depreciativamente 74 como medicina “folclórica” porque muitas delas têm sido usadas por milênios. Mas grandes mudanças estão ocorrendo. O governo chinês tem integrado a medicina tradicional chinesa e a medicina ocidental desde a década de 50. A mistura resultante das duas formas de medicina levou a terapias integradas históricas, inclusive a primeira amigdalectomia sob anestesia com acupuntura, em 1964, e a 78 explicações científicas para essas abordagens não-convencionais de tratamento. Na Alemanha, milhares de clínicos gerais e quase 79 todos os farmacêuticos são treinados em medicina integrada, como medicina herbal, e três quartos da população a utilizam. Em 1998, os Estados Unidos criaram o Centro Nacional para Medicina Complementar e Alternativa (NCCAM) como parte dos Institutos Nacionais de Saúde, que examina a medicina integrada em contexto rigorosamente científico, treina pesquisadores em medicina integrada e dissemina informação autorizada ao público e profissionais. Hoje em dia, um pequeno mas crescente número de escolas de medicina ocidentais estão ensinando essas terapias. Seguradores privados de saúde e grandes empregadores estão endossando algumas terapias alternativas e incluindo-as em seus planos de benefícios. Provedores tradicionais estão explorando ativamente uma maior integração entre abordagens médicas. Por exemplo, o grupo Apollo Hospitals da Índia, o maior da Ásia, abriu hospitais que oferecem tanto a medicina ocidental quanto a tradicional medicina ayurvédica e está trabalhando com o Hospital Johns Hopkins para pesquisar os benefícios da medicina ayurvédica no tratamento de doenças 80 comuns. Até 2015, a segurança e a eficácia de terapias como essas estarão estabelecidas e elas serão oferecidas a consumidores em todo o mundo. A Saúde em 2015: “Ganha-Ganha” ou “Todos Perdem”? 33 Cuidado continuado Cuidado continuado é o fornecimento contínuo de serviço médico, funcional, psicológico, social, ambiental e espiritual que permite que pessoas com condição de saúde e/ou mental séria e persistente aumentem sua independência funcional e seu bem-estar. Globalização, urbanização, envelhecimento da população e escolhas de estilos de vida, assim como diagnóstico precoce e tratamento aprimorado de doenças intensivas, estão contribuindo para o aumento da demanda em nível mundial por cuidado continuado. Hoje em dia, doenças crônicas, tais como doenças cardiovasculares, diabetes, câncer, doenças respiratórias crônicas e transtornos mentais e neurológicos respondem por 60% das mortes no mundo, com um aumento projetado de 17% até 2015. Embora doenças crônicas tenham sempre sido caracterizadas como doenças “de rico”, quatro em cada cinco mortes hoje 25 ocorrem em países de baixa e média renda. Além de serem a principal causa de mortes em nível mundial, essas doenças ainda são a maior fonte de gastos, como medido nos Anos de Vida Ajustados em função da Incapacidade (AVAIs). Elas são responsáveis por aproximadamente metade dos gastos com doenças em todo o 25 mundo. É um fardo que continuará crescendo. Natureza do cuidado continuado prestado – Nos dias de hoje, programas de gestão de cuidado continuado são mais comuns, mas o custo e a complexidade dessas abordagens manuais que requerem muita mãode-obra só as tornam compensadoras para pacientes com os mais altos níveis de risco. Além disso, existe ampla variação na eficácia do tratamento porque, na ausência de padrões, vários provedores costumam “inventar” seus próprios programas de gestão para cada condição. Até 2015, a gestão de cuidado continuado se valerá de padrões de tratamento derivados das melhores práticas baseadas em evidências, será individualizado através de aplicações genômicas e farmacogenéticas e se dará em locais de tratamento cruzado múltiplo. No cenário do tipo “ganha-ganha”, programas de gestão de cuidado continuado, como o Programa-Piloto de Pacientes Especialistas do Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido, que registrou uma redução de 7% no número de consultas a clínicos-gerais, de 10% nas idas a hospitais sem internação, um decréscimo de 16% em atendimentos em ambulatório e pronto-socorro e uma queda de 9% no uso de fisioterapia, serão disseminados nos países desenvolvidos.81 Pacientes crônicos nesses países, assim como naqueles países em desenvolvimento que conseguirem desenvolver a infra-estrutura necessária, terão o poder de assumir o controle de suas doenças com os programas de controle via TI, que melhorarão os resultados e baixarão os custos. Os países menos desenvolvidos continuarão lutando para suprir necessidades ambientais básicas e, conseqüentemente, carecerão da infra-estrutura para limitar a progressão das doenças crônicas. Seus esforços para freá-las serão focados nos aspectos infecciosos e ligados a estilo de vida que contribuem para seu aumento (Tabela 5). TABELA 5 Gestão de cuidado continuado em países desenvolvidos e menos desenvolvidos 34 Desenvolvidos Menos desenvolvidos Natureza do serviço prestado • Controle de doenças (proativo) • Abordagens padronizadas a condições individuais • Tratamento mais sob medida (p.ex., farmacogenômica, metabolômica, ciência regenerativa) • Nenhuma mudança – medicina tradicional combinada com medicamentos mais avançados Local e modo de prestação do serviço • Mudança dos locais tradicionais para onde o paciente estiver (p.ex., clínicas de varejo, trabalho e casa) • Visitas a hospitais e postos de saúde avançados do governo Quem prestará o serviço • O próprio indivíduo e a família • Equipes de prestação de serviços de saúde, incluindo médicos e provedores de nível intermediário • Pessoal local e voluntários em número limitado • Bancos de desenvolvimento, agências da ONU, agência bilaterais de auxílio e ONGs que se tornaram mais ativas técnica e financeiramente IBM Global Business Services Local e modo de prestação de cuidado continuado – Nos dias de hoje, quase todo o cuidado continuado é prestado nos locais tradicionais com todo o custo decorrente. Até 2015, contudo, o tratamento de condições crônicas será centrado no local onde o paciente estiver. Dispositivos de monitoramento doméstico, como balanças, glucômetros e medidores de pressão arterial, transferirão automaticamente os valores diários para prontuários eletrônicos pessoais de saúde. A combinação desses prontuários, onde os pacientes gravam informação, dos prontuários eletrônicos de saúde, onde os provedores gravam informação, e da conexão a bases de conhecimento e regras de negócio, que automaticamente avaliarão dados e gerarão alertas e recomendações de ação aos pacientes e prestadores apropriados, transformará a gestão do cuidado continuado e reduzirá a necessidade de intervenções intensivas. No cenário do tipo “ganha-ganha”, a conectividade de informações de saúde mais uma vez desempenha um papel crítico na gestão do cuidado continuado. Nos países desenvolvidos, informações de pacientes serão prontamente acessíveis aos prestadores de serviços, seja qual for a sua localização, e isso viabilizará a gestão proativa do cuidado continuado em canais e locais que não são os do sistema de saúde tradicional. O mundo em desenvolvimento seguirá esse caminho à medida que a infra-estrutura técnica for estabelecida. Infelizmente, no entanto, o mundo menos desenvolvido ficará para trás na transformação do cuidado continuado – pressões por recursos impedirão o estabelecimento da infra-estrutura necessária e as necessidades da saúde permanecerão centradas nos níveis inferiores da hierarquia de necessidades e apenas nas mais sérias e caras causas de doenças crônicas. Quem prestará o serviço de cuidado continuado? – Atualmente, o médico é o principal elemento na gestão do cuidado continuado, uma realidade que onera seu custo e, em virtude de modelos de reembolso e restrições de tempo dos médicos, abrevia sua duração. Até 2015, entretanto, esse papel passará para os pacientes, que serão melhor educados acerca da condição, de seu controle e de sinais precoces de alerta sobre questões de saúde relacionadas. Quando problemas de fato acontecerem, infomediários de saúde, que controlarão múltiplas doenças crônicas e prestadores de nível intermediário, que se especializarão em uma doença crônica específica, responderão. O cuidado somente será levado à atenção de um médico se e quando problemas intensivos surgirem. No cenário do tipo “ganha-ganha”, responsabilidade do paciente, locais não-tradicionais de prestação do serviço de saúde e prestadores de nível intermediário serão as características do cuidado continuado, tanto em países desenvolvidos quanto em países em desenvolvimento. A mudança na responsabilidade e na prestação do serviço serão fatores-chave para a criação de programas abrangentes, de custo reduzido e vitalícios. Avanços na infra-estrutura de TI, incluindo suporte à decisão, impulsionarão a substituição do trabalho. Eles também ajudarão a combater a “fuga de cérebros” em países em desenvolvimento e em países menos desenvolvidos. Nestes, o desenvolvimento do ambiente requerido para suportar o aumento de poder e a auto-gestão continuará defasado, mas o treinamento de maiores números de prestadores de serviços de saúde possibilitará o aumento de esforços em locais avançados. A Saúde em 2015: “Ganha-Ganha” ou “Todos Perdem”? 35 Prestando serviços de saúde em locais de varejo Já estamos presenciando a transformação nos locais de prestação de serviços de saúde. Consumidores estão cada vez mais se voltando para locais não tradicionais, tanto localmente quanto no exterior. Um exemplo é o serviço de saúde a varejo – a prestação de serviços em farmácias, mercearias e grandes lojas varejistas. Em 2006, o Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido propôs tornar o cuidado médico mais acessível, mudando alguns tipos de serviços do hospital para a comunidade. Isso poderia incluir o estabelecimento, em lojas varejistas como Boots e Tesco, de clínicas que ofereçam serviços diagnósticos e até mesmo cirurgias. Mesmo uma transferência de cerca de 5% em serviços dos hospitais para tais clínicas somaria £ 2,5 bilhões (US$ 4,7 82 bilhões) por ano. Nos Estados Unidos, o surgimento do serviço de saúde a varejo é uma tendência movida por custo e acesso. Supervisionadas por médicos, mas contando com o apoio de enfermeiros e assistentes médicos, as clínicas de varejo diagnosticam e tratam de um número limitado de enfermidades comuns, como infecções de garganta e sinusites. Corpo clínico de menor custo e despesas de funcionamento mais baixas permitem às clínicas de varejo cobrar pelos seus serviços uma média de US$ 45 – menos da metade do custo de uma ida a um consultório e, no máximo, 1/5 do custo de uma ida a um pronto-socorro. Além disso, orientações de práticas padronizadas e tecnologia de suporte à decisão simplificam o processo de tratamento – que costuma levar menos de 15 minutos – ao mesmo tempo que visam manter ou mesmo melhorar a 83 qualidade do tratamento através de variação diminuída. Exemplos de clínicas de varejo nos Estados Unidos incluem Interfit Health, MinuteClinic e Take Care Health Systems. Seus modelos de negócio são semelhantes, diferindo principalmente nos seus parceiros de varejo, na tecnologia da informação e na localização geográfica. Com pagadores privados e terceirizados agora reembolsando os consumidores por esses serviços e alguns empregadores auto-segurados eliminando co-participações de pacientes em consultas e tratamentos, é certo que a concorrência 83 se acirrará. À medida que as clínicas de varejo amadurecem e demonstram resultados positivos em pacientes, nós provavelmente veremos uma proliferação de locais e modelos de negócio explorando variações nas habilidades dos prestadores de cuidado médico, todos alardeando capacidades cada vez maiores, localizações cada vez mais convenientes e custos cada vez mais baixos. Exemplos de modelos de equipes de funcionários incluem uma clínica “cabine de vídeo-consulta” com uma equipe de técnicos em farmácia usando uma rede de médicos remotos para diagnóstico e tratamento, clínicas com equipes de enfermeiros ou clínicas com 83 equipes de paramédicos. 36 IBM Global Business Services Cuidado intensivo Cuidado intensivo é o tratamento de enfermidades e condições isoladas que ocorre tipicamente em um consultório médico, em um pronto-socorro ou durante uma curta internação hospitalar. Nos dias de hoje, os sistemas de saúde ao redor do mundo são projetados para prestar cuidado intensivo. Muito da economia relacionada a serviços de saúde – farmacêuticos, equipamentos médicos, educação, etc. – também está focada no tratamento de casos intensivos. Até 2015, no entanto, prevenção e novos tratamentos causarão uma queda nas enfermidades intensivas e, dessa forma, tais serviços representarão uma parcela menor da prestação de serviços de saúde. Isso criará uma grande mudança nos atuais canais e redes de prestação do serviço. Naturalmente, casos intensivos ainda ocorrerão e exigirão diagnóstico e tratamento imediatos. Todavia, assim como ocorre com os cuidados preventivo e continuado, certos aspectos relativos a como, onde e quem prestará o serviço mudarão. Natureza do cuidado intensivo prestado – Atualmente, o cuidado intensivo se baseia nas escolhas individuais de médicos. O valor da medicina baseada em evidências (a prática de identificar e aplicar as melhores práticas disponíveis para tratar doenças comuns) é muito aceito. A implementação tem sido lenta, contudo, devido à dificuldade em obter dados sobre a eficácia de tratamentos, os desafios em disseminar os resultados e a inerente variação em respostas de pacientes e resul84 tados. Até 2015, abordagens padronizadas de cuidado intensivo, desenvolvidas a partir da análise cuidadosa de dados clínicos e da incansável documentação de variações em pacientes, serão disseminadas. Esses comprovados protocolos de cuidado serão dirigidos às situações e às necessidades individuais dos pacientes e viabilizados por sistemas computadorizados de suporte à decisão (Tabela 6). No cenário do tipo “ganha-ganha” de cuidado intensivo, a redução de variações entre as práticas preservará recursos e aprimorará resultados. Nos países desenvolvidos, a disseminada adoção de TI suportará prontuários eletrônicos de saúde baseados em padrões e fornecerá acesso a fontes cada vez mais ricas de dados clínicos. Adicionalmente, prontuários eletrônicos de saúde possibilitarão uma disseminação mais consistente de novas e melhores práticas, embutindo-as nas capacidades de suporte à decisão dos sistemas de TI e aplicando-as a pacientes individuais. Nos países em desenvolvimento, padrões de cuidado baseados em evidências serão usados para tratar populações-pacientes com condições comuns e não muito complicadas. Nos países menos desenvolvidos, padrões de cuidado médico aprimorarão a instrução dos prestadores locais. Na maioria das situações, e com exceção dos escassos serviços móveis de saúde, pessoas que vivem em locais remotos sem serviços básicos ainda se valerão dos meios tradicionais para tratar enfermidades intensivas. Locais e meios de prestação de cuidado intensivo – Hoje em dia, condições intensivas que são urgentes, emergentes ou requerem cirurgia são tratadas em hospitais-gerais, nos quais a habilidade e o conhecimento de clínicos altamente treinados é ajudada por equipamentos sofisticados e caros, por ambiente apropriado, como salas cirúrgicas esterilizadas, e pessoal treinado. Condições não-urgentes, não-emergentes, porém intensivas, são tratadas em consultórios médicos. Até 2015, instalações de cuidado intensivo não tentarão mais ser “tudo para todos os pacientes”. Elas se especializarão e construirão suas competências em torno de condições e tratamentos dirigidos. E condições intensivas não-urgentes, tais como infecção de garganta, sinusite e otite média, serão tratadas, por exemplo, em casa, com o uso da telemedicina, ou em clínicas de varejo que ofereçam custo acessível, boa qualidade e comodidade. No cenário do tipo “ganha-ganha”, em países desenvolvidos e em desenvolvimento, os hospitais se tornarão “centros de excelência”, dedicados a uma condição específica, centros combinados de triagem, que determinarão a que instalações especializadas o paciente deverá se dirigir, e centros de recuperação pós-tratamento, nos quais os pacientes serão monitorados antes de voltar para casa. Haverá menos dependência de idas a consultórios médicos e prontos-socorros para tratamento de doenças intensivas não-urgentes. Mesmo sintomas que possam indicar uma situação emergente serão avaliados e triados com maior rapidez com a assistência de prestadores de telemedicina, tais como o EKGuard, baseado nos Estados Unidos, um serviço portátil de eletrocardiograma monitorado por especial85 istas em um call center que funciona 24 horas por dia. Infelizmente, a escassez de recursos no mundo menos desenvolvido sufocará as mudanças nos locais de prestação de cuidado intensivo, bem como o tratamento de enfermidades intensivas. Quem prestará o cuidado intensivo? – A ênfase atual no serviço prestado pelos médicos para quase todos os tipos de doenças intensivas se fragmentará até 2015. Os casos mais urgentes e emergentes e, certamente, os procedimentos invasivos continuarão sendo prestados por clínicos muito habilidosos e treinados, que se especializarão em uma doença particular. A mudança virá na prestação do cuidado para tipos mais rotineiros de episódios agudos. Tais condições, muitas das quais podem ser tratadas via telemedicina ou clínicas de TABELA 6 Serviços de cuidado intensivo em países desenvolvidos e menos Países desenvolvidos Países menos desenvolvidos Natureza do serviço prestado • Abordagens padronizadas criadas sob medida para atender a necessidades e condições individuais • Maior incorporação da medicina baseada em evidências à prática • Nenhuma mudança – mais e melhores medicamentos Local e modo de prestação do serviço • Hospitais especializados, clínicas ambulatoriais, clínicas de varejo • Tratamento de casos não-urgentes e não-emergentes em casa; turismo médico • Acesso ampliado • Visitas a hospitais e postos de saúde avançados do governo Quem prestará o serviço • Clínicos individuais • Equipes de prestação de serviços de saúde que incluem médicos e provedores de nível intermediário • O próprio indivíduo e a família • Líderes respeitados, pessoal local em número limitado e voluntários • Bancos de desenvolvimento, agências da ONU, agências bilaterais de auxílio e ONGs que se tornaram mais ativas técnica e financeiramente A Saúde em 2015: “Ganha-Ganha” ou “Todos Perdem”? 37 varejo, serão cuidadas principalmente pelos mesmos tipos de prestadores de nível intermediário que irão facilitar o cuidado preventivo e crônico. treinar mais pessoas em menos tempo, “esticar” recursos escassos e fornecer mais depressa prestadores de serviços intensivos para a população. No cenário do tipo “ganha-ganha”, esse ajuste na prestação do cuidado intensivo ocorrerá nos países desenvolvidos e em desenvolvimento. No mundo menos desenvolvido, haverá permanente pressão para identificar abordagens alternativas à educação médica para Esses países se beneficiarão da fragmentação da prestação de serviços intensivos desde que possam treinar e utilizar clínicos capazes de lidar com situações rotineiras sem uma educação médica ao estilo ocidental completa. A prestação de serviços de saúde se torna global Em muitos países, a prestação de serviços de saúde é considerada um negócio local, não sujeito à mesma pressão competitiva regional ou global a que estão sujeitas empresas de muitos ramos da indústria. No entanto, o turismo médico – pacientes que cruzam as fronteiras nacionais principalmente em busca de cuidado médico, cirúrgico ou dental – está começando a expor a prestação de serviços 86 de saúde a pressões competitivas globais. Nos dias de hoje, a Índia atrai 150 mil pacientes estrangeiros a cada ano, enquanto 375 mil 87 88 viajam para Cingapura. O Hospital Bumrungrad, na Tailândia, trata sozinho de 350 mil pacientes de 150 países diferentes por ano. Destinos de turismo médico não estão de forma alguma limitados à Ásia. Na verdade, o mercado na Europa é estimado em € 1,0 bilhão 89 (US$ 1,3 bilhão). O turismo médico é particularmente atraente para pacientes que enfrentam questões como o alto custo do tratamento, longos tempos de espera e, algumas vezes, a completa impossibilidade de receber tratamento nos países de origem. Por exemplo, pacientes americanos estão viajando para países como México, Índia ou Cingapura, onde o custo de cirurgias pode ser 90% mais baixo (Figura 8). Na Austrália, 90 na Nova Zelândia, no Canadá e no Reino Unido, onde tempos de espera para cirurgias eletivas pode exceder quatro meses , os pacientes estão viajando para destinos onde os tempos de espera são mínimos. Além de custos inferiores e acesso ampliado, os pacientes podem se beneficiar da qualidade do tratamento recebido. Por exemplo, no Instituto do Coração e Centro de Pesquisa Escorts e no grupo Apollo 91,92 Hospitals, da Índia, as taxas de mortalidade em alguns procedimentos são menores que as de hospitais americanos. É claro que nem todos os serviços de saúde são apropriados para o turismo médico. Cirurgias que compartilhem as característicaschave a seguir costumam ser adequadas ao turismo médico: “(1) A cirurgia constitui tratamento para uma condição não-intensiva; (2) o paciente é capaz de viajar sem maiores dores ou incômodos; (3) a cirurgia é simples e é comumente realizada com taxas mínimas de complicações pós-operatórias; (4) a cirurgia requer um mínimo de tratamento complementar no local; (5) a cirurgia gera poucos 93 relatórios laboratoriais e patológicos; e (6) a cirurgia resulta em mínima imobilização pós-operatória.” Apesar de os turistas da medicina de hoje terem o hábito de procurar tratamento em outros países por conta própria, os pagadores – governos, empregadores e seguradores privados – estão cada vez mais firmando contratos com prestadores estrangeiros em um esforço para controlar seus custos. Por exemplo: • Seguindo o exemplo da Noruega, o Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido embarca pacientes qualificados para outros países 94 europeus, como Bélgica, França, Espanha e Alemanha para procedimentos selecionados. • A empresa Blue Ridge Paper Products, dos Estados Unidos, cobre os custos médicos de seus empregados, paga pela viagem deles e de suas famílias, e divide a economia derivada do turismo médico com os empregados (o que pode chegar a US$ 10 mil). Grandes 95,96 corporações e empregadores do governo estão estudando acordos semelhantes. • Pagadores privados, tais como BUPA (Reino Unido), Blue Shields da Califórnia (EUA) e Health Net (EUA) firmaram contratos com provedores estrangeiros para servir a seus membros. E novos pagadores especializados em turismo médico estão mirando empresas 95-97 de pequeno e médio porte, assim como consumidores individuais. 38 IBM Global Business Services FIGURA 8. Exemplos de preços para alguns procedimentos cirúrgicos em países selecionados, 2006 Estados Unidos Procedimento $33,000 Angioplastia $37,000 Ponte de safena $45,000 Substituição de quadril $21,000 Substituição de joelho $19,000 Histerectomia laparoscópica $27,500 Prostatectomia laparoscópica México $13,125 $14,400 $9,400 $10,500 $4,275 $16,800 Costa Rica $14,500 $13,600 $13,000 $9,500 $6,500 $11,500 Índia $7,800 $6,650 $6,500 $6,500 $2,238 $5,900 Tailandia $9,200 $11,000 $8,000 $8,500 $4,500 $9,500 Cingapura $12,500 $13,500 $9,000 $10,000 $4,500 $16,000 Fonte: PlanetHospital Nota: Preços não incluem viagem ou acomodações. Despesas podem também aumentar se houver complicações com o procedimento. Preços dos Estados Unidos refletem reembolsos da Medicare para serviços hospitalares, mas não para medicamentos ou anestesia. Muitos países estão ativamente desenvolvendo e promovendo suas capacidades em resposta ao turismo médico. Num esforço para incrementar seu mercado de turismo médico de US$ 333 milhões, por exemplo, os ministérios da saúde e do turismo da Índia iniciaram 98 uma campanha de publicidade internacional para promover a prestação de serviços desaúde no país. Dubai abrirá em breve a Cidade da Saúde de Dubai (Dubai Healthcare City), que será o maior centro médico do Oriente Médio e deverá atrair pacientes de toda a 99 região. Cingapura iniciou a Singapore Medicine, uma iniciativa governamental multi-agências para levar o país a ser uma dos principais destinos de turismo médico, com o objetivo de atrair um milhão de turistas a cada ano – o equivalente a um mercado de US$ 3 bilhões 87 – até 2012. À medida que a concorrência por turistas da medicina se intersifica, provedores têm procurado maneiras de se posicionar e se diferenciar no mercado. Hospitais alemães estão anunciando seus serviços a pacientes estrangeiros, em um esforço para compensar 100 a redução de receitas proveniente das reformas para corte de gastos feitas pelo governo. Na Índia, os grupos Apollo Hospitals, Max Healthcare e Wockhardt Hospitals formaram parcerias com agências de turismo médico, como a PlanetHospital e a Medical Tourist International, para atingir pacientes na Europa Ocidental e América do Norte. Provedores estão também construindo instalações moderníssimas. Por exemplo, o Escorts Hospital and Research Centre está construindo instalações médicas de US$250 milhões perto 95 de Nova Delhi, que contará com suítes de luxo, um hotel e restaurantes. Além disso, provedores têm procurado certificação e/ou aprovação oficial, como fez o Bumrungrad Hospital ao se tornar o primeiro de mais de 80 hospitais não-americanos certificados pela Comissão Conjunta Internacional, braço internacional da Comissão Conjunta para Aprovação de Organizações de Saúde, baseada nos Estados Unidos. Eles também colocaram em pacotes, junto com seus serviços de saúde, outras ofertas e atrações, como safáris na 101 África do Sul ou praias na Malásia. O resultado desses esforços tem sido sempre crescentes números de consumidores em busca de tratamento fora de seus sistemas de saúde. A Saúde em 2015: “Ganha-Ganha” ou “Todos Perdem”? 39 Resumo No presente, muitos países desenvolvidos estão utilizando avanços em tecnologia, educação e infra-estrutura para oferecer serviços de saúde mais movidos por valor, mas os países em desenvolvimento e os menos desenvolvidos se posicionam em diferentes estágios na escala evolutiva de prestação desses serviços. Novos modelos de prestação de serviços progredirão do foco tradicional em cuidado reativo para uma abordagem mais proativa e personalizada, em que o serviço é prestado por prestadores de nível intermediário em uma gama de canais e locais cada vez mais próximos do consumidor. 40 IBM Global Business Services Até 2015, regiões desenvolvidas e mais urbanizadas de países em desenvolvimento terão começado a trilhar o caminho do cuidado individualizado prestado por uma equipe de preço mais acessível e mais eficaz, em locais mais convenientes. Áreas menos desenvolvidas de países em desenvolvimento estarão amplamente voltadas para o desenvolvimento da infra-estrutura necessária para prover acesso básico aos cidadãos, mas seu avanço será acelerado pelo avanço nos países desenvolvidos. Os países menos desenvolvidos continuarão lutando para satisfazer as necessidades de infra-estrutura básica, mas eles também serão capazes de mudar para prestadores de menor custo e para a medicina preventiva. 6. Uma receita para responsabilidade e transformação do tipo “ganha-ganha” Introdução Nas páginas anteriores, descrevemos por que acreditamos que os sistemas de saúde ao redor do mundo devem se submeter a uma mudança transformacional. Fizemos um esboço de uma transformação do tipo “ganha-ganha” e o usamos para ilustrar as diferenças fundamentais entre os caminhos nãosustentáveis que muitos sistemas atualmente seguem e os novos caminhos que poderiam criar resultados de sucesso para todos os envolvidos no decorrer da próxima década. Reconhecemos a profundidade e as dificuldades dessa transformação e também estamos cientes de que uns poucos esboços genéricos de mudança não são capazes de detalhar e abordar completamente as complexas necessidades de sistemas de saúde individuais localizados ao longo de todo o espectro do desenvolvimento. No entanto, também estamos convencidos de que mudar é essencial, que um comprometimento para iniciar a jornada da transformação deve ser feito e a ação deve ser iniciada. Para atingir esse objetivo, concluímos este relatório com o resumo das implicações de nossas descobertas na forma de práticas, relevantes e amplamente aplicáveis recomendações para sistemas de saúde e seus principais envolvidos. Sistemas de saúde O desafio transformacional que precisa ser enfrentado pelos sistemas de saúde em todo o mundo é complexo (Tabela 7). Eles devem ampliar seu foco primário em atendimentos ocasionais que costumam ser mal coordenados para abranger a gestão vitalícia e coordenada do cuidado preventivo, intensivo e proativo. Tal ampliação deve ser conseguida com destinação de recursos limitada e gradual em um ambiente de economia global e de saúde cada vez mais competitivos. Essa tarefa exigirá ainda o estabelecimento de um claro e consistente esquema de responsabilidade suportado por incentivos alinhados e conceitos comuns de valor entre os envolvidos-chave. As recompensas de uma transformação de sucesso são igualmente altas. O sistema de saúde transformado se tornará um patrimônio nacional, ao invés de uma obrigação ilimitada, dotada de recursos insuficientes. Ele ajudará os cidadãos a que serve a levar vidas mais saudáveis e produtivas e seu país e suas indústrias a competir globalmente. Ele também ganhará uma vantagem competitiva na emergente indústria global de saúde. Nós oferecemos seis recomendações para sistemas de saúde no tocante à mudança transformacional: • Desenvolver uma visão comum e um plano abrangente de longo prazo. • Construir um argumento para mudança. • Desenvolver um conjunto de princípios para guiar a transformação. • Prover cobertura universal. • Aprimorar ao máximo as capacidades de TI. • Equilibrar inovação colaborativa e melhores práticas globais comprovadas. Recomendação 1: Desenvolver uma visão comum e um plano abrangente de longo prazo. Transformação em saúde requer uma visão comum e um plano abrangente de longo prazo criado com um processo aberto e inclusivo. Isso parece óbvio, mas raramente é feito. Na maioria das vezes, a mudança é feita em estágios separados e soluções são criadas por uns poucos especialistas que trabalham atrás de portas fechadas. O resultado é o caos sistêmico e a adesão mínima. O primeiro passo para desenvolver uma visão e um plano transformadores é avaliar a magnitude dos problemas que serão enfrentados pelo sistema, sua capacidade de enfrentar mudanças, e uma avaliação de sua sustentabilidade geral (vide Tabela 1, página 17). Isso incluiria o desenvolvimento de diversos cenários ilustrando a forma como eventos futuros, inclusive mudanças no ambiente e necessidades não relacionadas à saúde, poderiam afetar o sistema atual. Esses cenários lançarão luzes sobre as discrepâncias – financeira, de infra-estrutura, de recursos profissionais – que o sistema poderá enfrentar. Simultaneamente à avaliação, os participantes-chave no sistema devem colaborar com o desenvolvimento de uma visão comum e de um conjunto explícito de valores para o sistema de saúde que se deseja para o futuro. A Saúde em 2015: “Ganha-Ganha” ou “Todos Perdem”? 41 TABELA 7 Implicações para os sistemas de saúde dos países Fator relativo a sistemas de saúde De (típico dos sistemas de saúde atuais) Para (transformados com êxito) Como é visto • Obrigação ilimitada com recursos insuficientes • Patrimônio para a vasta maioria de seus cidadãos e companhias e para o país quando ele compete globalmente Foco do sistema • Cuidado intensivo, reativo e ocasional • Cuidado preventivo e intensivo • Gestão do cuidado personalizada, vitalícia e coordenada Responsabilidade • Confusa, desalinhada, inconsistente ou ausente • Esquema de responsabilidade claro, consistente e alinhado Alinhamento de incentivos dos envolvidos • Contraditório, conflitante ou desalinhado • Alinhamento do tipo “ganha-ganha” através da disposição para fazer sacrifícios para o “bem maior” e evitar o cenário do tipo “todos perdem” Conceitos sobre valor • Perspectivas individuais sem reconhecimento de outros conceitos ou concessões feitas • Amplamente focados em contenção de custos • Concessões do tipo “ganha-ganha” equilibrando interesses dos envolvidos em dimensões de valor (custo, qualidade, acesso e escolha) • Valor tornado muito mais explícito para o consumidor Escopo geográfico / área de captura das organizações de saúde • Local • Regional, nacional e global • Locais físicos e virtuais adicionais mais próximos do paciente Localização • Centrada em hospitais e consultórios médicos • Mais opções de canais de prestação do serviço para o paciente • Confusa ou ausente • Fazer boas escolhas de estilos de vida • Compreender como obter bom valor dos sistemas de saúde Acesso a informação sobre valor, qualidade e custos • Escasso e incompreensível • Abundante, acessível, transparente e compreensível Prestação do serviço de saúde • Centrada no médico • Moldada por hábito, histórico e tradição • Canais de prestação do serviço compartimentados e desconectados • Equipes de prestadores de cuidados médicos centradas no paciente • Cuidado baseado em evidências e padronizado • Canais de serviço múltiplos, alinhados e integrados Informação e conhecimento clínico do paciente • Baseados em papel • Sem padronização • Acessibilidade limitada reduzindo o valor • Eletrônicos • Informação padronizada e conhecimento baseado em evidências • Decisões clínicas no tocante ao cuidado compartilhadas e interoperáveis, acessíveis, seguras e privativas Inovação • Mudanças em custos e exploração de ineficiências do sistema e distorções de mercado • Novos equipamentos e remédios • Lentidão entre a pesquisa e o uso disseminado • Reforma no sistema • Novos tratamentos com melhor custo-benefício e melhor coordenação dos tratamentos • Mais rápida adoção de melhores práticas Cobertura de seguro • Alguns sistemas com cobertura universal • Visão de curto prazo sobre cobertura • Cobertura universal para serviços essenciais • Visão de cobertura por toda a vida Saúde pública • Compartimentada • Focada em necessidades ambientais e imunizações • Conectada • Ampliada para incluir biosupervisão em tempo real, pandemias, etc. Responsabilidade do paciente / consumidor 42 IBM Global Business Services Uma vez estabelecida uma visão comum, um plano mestre para mudança deve ser criado. Além da visão comum e dos valores, tal plano deve incluir: • Um modelo geral de governança incluindo representantes dos envolvidos-chave para supervisionar a implementação e as revisões do plano. • Uma lista de ítens “não-negociáveis” tão importantes que não podem ser comprometidos no processo de desenvolvimento da visão e do plano. Recomendação 2: Construir um argumento para mudança. • Um plano de transição focando nas áreas que receberam notas baixas na avaliação da capacidade de mudar. • Um plano geral de implementação mostrando o seqüenciamento e as dependências das principais iniciativas de mudança. • Um esquema de responsabilidade e um conjunto de incentivos projetados para maximizar o sucesso dos envolvidos dentro do contexto do “bem maior” (vide na Tabela 8 um exemplo de esquema de responsabilidade baseado na hierarquia de necessidades de saúde). • Um quadro de resultados ou sistema de controle de desempenho para medir o progresso da transformação dos sistemas de saúde. • Uma estrutura de decisão, talvez baseada na hierarquia de necessidades de saúde, para estabelecer a fronteira adequada entre direitos da sociedade e serviços de mercado. Dado o nível de mudança necessário, o número de pessoas afetadas pela transformação na saúde e sua extraordinária sensibilidade no tocante a questões ligadas à saúde, a relutância e a resistência a mudanças serão barreiras consideráveis. Decisões serão confrontadas por aqueles que serão afetados negativamente, mesmo quando elas forem o melhor caminho para o bem maior. Constantes lembretes da necessidade de mudança serão requeridos para manter a vontade coletiva viva e forte. O argumento para mudança desenvolvido na avaliação deve ser claramente documentado de uma forma que possa ser entendido por todos os envolvidos-chave, inclusive consumidores. Esse argumento deve ser comunicado com freqüencia, tanto para educar quanto para “vender” os benefícios que a transformação trará ao final do processo. O argumento para mudança deve incluir um provável cenário do tipo “todos perdem”, ilustrando o que aconteceria se o sistema de saúde chegasse a um beco sem saída e lembrando os envolvidos dos riscos e do lado negativo de não mudar. • Um plano de gestão de mudança, incluindo planos de educação e comunicação. TABELA 8. Exemplo de esquema de responsabilidade baseado na hierarquia de necessidades de saúde Prestadores Pagadores Fornecedores Consumidores Sociedade Governo Saúde ótima Melhoria Necessidade Básica Ambiental A Saúde em 2015: “Ganha-Ganha” ou “Todos Perdem”? 43 Recomendação 3: Desenvolver com conjunto de princípios para guiar a transformação. Vivemos em um ambiente em constante mudança e nenhum plano consegue prever todas as possibilidades ou antecipar as mudanças que certamente ocorrem durante implementações prolongadas. Sendo assim, um conjunto de princípios se faz necessário para ajudar na tomada de decisão e em outras atividades. Esses princípios poderiam incluir afirmativas, tais como: • O sistema de saúde deve ser sustentável. Mudanças feitas nele devem ser consideradas à luz de todo o ambiente e das crescentes necessidades de saúde. • O sistema de saúde deve ser acessível para o indivíduo, os pagadores terceirizados e a sociedade. • O sistema de saúde deve prover cobertura universal para um conjunto essencial de serviços que reflita a visão comum. • Serviços não disponíveis através da cobertura universal devem ser disponibilizados como serviços de mercado. Alguns países poderiam ainda adotar o princípio de que o fornecimento de serviços de mercado não deverá abalar a prestação de serviços universais. • Preços e qualidade devem ser transparentes, relevantes e compreensíveis no suporte à compra baseada em valor e na melhoria do valor. • Soluções para transformar o sistema de saúde devem ser práticas no curto e no longo prazo e o mais justas possível com os envolvidos afetados pela mudança. • O sistema de saúde deve ser condizente com as questões nacionais relacionadas à saúde. • Recursos públicos devem ser alocados com base na maior necessidade e no maior benefício retornado para a sociedade em geral. De uma forma ideal, isso incluiria as métricas para ajudar a determinar necessidade e benefício. • Prestadores não devem se beneficiar de falhas médicas, como reparar erros de tratamento, ou do mau uso, uso excessivo ou insuficiente de diagnósticos e tratamentos médicos. 44 IBM Global Business Services • Propostas de solução devem incluir estimativas baseadas em custo total, inclusive despesas administrativas e outras que possam anular potenciais economias ou benefícios. • Soluções propostas devem ser comparadas ao cenário do tipo “todos perdem”, não à atual situação insustentável. • Deve haver transparência em todas as tomadas de decisão. • Críticas devem ser feitas em fóruns abertos e requerer soluções alternativas com fundamentação. Recomendação 4: Prover cobertura universal. Todos os sistemas de saúde devem adotar a cobertura universal e equilibrar abrangência e capacidade geral de pagamento. Isso não quer dizer que um sistema de pagador único patrocinado pelo governo seja a única solução. A cobertura universal pode ser baseada no mercado através de vouchers e outros mecanismos. No entanto, independentemente de como ela é alcançada, os sistemas de saúde devem oferecer a todos os cidadãos um pacote básico de serviços e produtos cobertos, com subsídios para aqueles que não podem pagar pela cobertura, para que seja baseado em valor e visto como patrimônio para os cidadãos e o país. Recomendação 5: Aprimorar ao máximo as capacidades de TI. Decisões racionais de todos os tipos sobre saúde e transformação do tipo “ganha-ganha” requerem melhor informação. Uma robusta infra-estrutura de TI, que possibilite a conexão de prontuários eletrônicos, prontuários pessoais e redes interoperáveis com envolvidos-chave, é necessária para fornecer a informação para melhorar a qualidade e o custo, para minimizar os desperdícios clínico e administrativo, para melhorar a produtividade clínica, para informar e, como conseqüência, dar mais poder aos consumidores, para tomar decisões bem fundamentadas, e para deflagrar percepções que podem levar a inovações. Planos de transformação devem incluir uma visão, estratégias e recursos para o desenvolvimento da infra-estrutura de TI. Recomendação 6: Equilibrar inovação colaborativa com melhores práticas globais comprovadas. O argumento para mudança em serviços de saúde na Recomendação 2 responde à pergunta “Por que mudar?” Mas há mais questões que ainda precisam ser respondidas, dentre elas: • O que precisamos fazer para transformar o sistema de saúde? • Como desenvolvemos soluções do tipo “ganha-ganha” para escolhas aparentemente inconciliáveis? Por exemplo, como uma nação estende cobertura a todos os cidadãos sem aumento significativo de custos? Ou como uma nação encoraja a inovação ao mesmo tempo que provê cobertura de seguro para serviços que seja “razoável e necessária”? • Como fazemos o que precisa ser feito? • Como conseguimos aceitação para as mudanças necessárias? • Como implementamos as mudanças necessárias? As respostas para essas perguntas raramente serão evidentes. Ao contrário, elas serão determinadas por uma combinação de respostas inovadoras e melhores práticas comprovadas provenientes de todo o mundo. Inovações capazes de lidar com os desafios de sistemas, multi-empresas e específicos de cada empresa na transformação dos sistemas de saúde exigirão ampla colaboração, comprometimento e esforço entre as disciplinas e os envolvidos. Sempre que possível, essas inovações devem ser testadas através de programaspiloto projetados para demonstrar viabilidade e trazer à tona conseqüências secundárias. Ainda que cada sistema de saúde seja único, essa constatação não deve inibir a identificação e a utilização de melhores práticas comprovadas. Com certeza, muitas melhores práticas não podem ser tiradas de um sistema de saúde e inseridas em outro, mas elas podem e devem ser avaliadas e servir de base para novas idéias, lições e soluções modificadas. Cinco regras básicas para uma transformação de sucesso Nossas recomendações são relativamente diretas, mas mudança transformacional não costuma ser fácil. Já expusemos alguns desses pontos antes, porém vale a pena considerá-los uma vez mais: • Reconhecer que o status quo não é sustentável. Influenciadores-chave e tomadores de decisão não devem despender tempo e energia defendendo e mantendo sistemas insustentáveis. • Conciliar conceitos sobre valor entre os vários envolvidos. Uma definição comum dos desafios e uma visão comum são necessárias para evitar que se chegue a um impasse. • Todos os envolvidos devem estar dispostos a mudar antes que eles não lhes sobre outra escolha a fim de atingir um futuro do tipo “ganha-ganha”. Uma atitude do tipo “consertem as coisas, mas não mexam comigo” é irreal; o nível necessário de mudança afetará a todos. • Estar disposto a priorizar e tomar decisões difíceis (por exemplo, decisões acerca de ética médica ou necessidade médica versus aprimoramento médico), mesmo que o debate seja polêmico. • Acreditar que mudança transformacional em saúde pode ser alcançada e deve ser feita. Sem essa crença, é muito fácil sucumbir à inevitável resistência, aos obstáculos e aos desafios. Pagadores Na maioria dos sistemas de saúde, existem pagadores públicos (p.ex., governos) e privados (p. ex., seguradores de saúde ou empregadores). Os exatos papéis desempenhados por pagadores privados variam conforme o sistema; em alguns casos, eles estão se metamorfoseando de seguradores de risco e administradores de pagamentos em prestadores de serviço com valor agregado, com consumidores melhor definidos. A Tabela 9 representa as mudanças que costumam ser requeridas para que pagadores tenham sucesso em um sistema de saúde transformado. A Saúde em 2015: “Ganha-Ganha” ou “Todos Perdem”? 45 TABELA 9 Implicações para pagadores Fator relativo a pagadores De (típico dos sistemas de saúde atuais) Responsabilidade • Rede adequada de serviços essenciais a um custo razoável • Abordagem holística para gestão de saúde, incluindo melhor gestão preventiva e continuada • Fornecer valor através da melhoria das condições de saúde dos membros Incentivos • Minimizar custos no curto prazo • Ajudar provedores a prestar serviços e consumidores a obter valor a curto e longo prazo Gestão da informação • Foco interno administrativo/operacional (p.ex., processamento de pedidos preciso e pontual; bons dados atuariais para determinação de preços) • Maior foco externo para melhorar condições de saúde do paciente e ajudar provedores a prestar serviços de maior valor Inovação • Melhores previsões e sinistralidade controlada • Produtos e serviços personalizados • Remover barreiras à inovação por provedores e fornecedores Base para concorrência para pagadores privados • Preço, cobertura, tamanho da rede, processamento de pedidos e capacidade de resposta. • Informação personalizada e acionável para melhorar a saúde e a prestação do serviço de saúde • Serviços dirigidos cobrindo um espectro de necessidades de saúde (p.ex., preventivo, intensivo e continuado) e canais de prestação mais amplos; valor prestado Coordenação de seguros públicos e privados • Não-coordenado, às vezes proibido por regulamentações • Coordenado e alinhado com maior compartilhamento de melhores práticas Nossas recomendações para pagadores são: • Desenvolver uma proposição de valor mais atraente para consumidores e prestadores. Reparar relacionamentos com consumidores, que querem saber por que não podem obter o tratamento de que precisam, e prestadores, que querem saber por que não podem fazer aquilo de que o paciente precisa, através do compartilhamento de informação sobre custo e qualidade. Esse dado pode ajudar prestadores a melhorar a qualidade e a eficiência de suas práticas e consumidores a fazer melhores escolhas e obter melhor benefício de seu sistema de saúde. • Adotar estratégias de segmentação de consumidores mais sofisticadas e desenvolver canais múltiplos coordenados para melhor servir aos consumidores. Juntamente com a determinação do melhor conjunto de serviços que serão oferecidos e a base para diferenciação, determinar a melhor forma de alinhar canais e locais de prestação do serviço. • Assumir uma visão de valor de maior prazo, se possível vitalício. Fornecer incentivos para atenuar riscos futuros. • Alinhar reembolso e incentivos com cuidado intensivo 46 Para (transformados com sucesso) IBM Global Business Services preventivo e proativo, assim como com abordagens inovadoras e acessíveis de saúde e serviços de saúde. • Trabalhar colaborativamente com organizações prestadoras de serviços de saúde (OPSSs) e clínicos para desenvolver um plano de transição viável para reembolso baseado em valor. Importantes investimentos e esforços podem ser requeridos das OPSSs (p.ex., hospitais ou consultórios médicos) para migrar para reembolso baseado em valor. Essas organizações devem ser capazes de manter viabilidade financeira durante o período posterior aos investimentos e até os benefícios serem concretizados. • Recompensar prestadores que atinjam melhores resultados e valor – e ajudar prestadores menos eficazes a melhorar seu desempenho. • Ser transparente. A fundamentação para a cobertura deve ser clara, consistente e compreensível. Informação de custo e qualidade referente aos prestadores da rede para as condições médicas chaves deve ser acessível, compreensível e relevante. • Modernizar as operações administrativas para torná-las mais simples e centradas no consumidor. • Desenvolver sistemas de informação intra- e interoperáveis para aprimorar o intercâmbio de dados e converter dados em informação significativa. Organizações prestadoras de serviços de saúde (OPSSs) A maioria dos sistemas de saúde está centrada em hospitais e consultórios médicos. Mas a prestação de serviços de saúde está mudando, com novos modelos de negócio, canais, serviços, instalações, habilidades e a necessidade de melhores informações administrativas e clínicas. A Tabela 10 sintetiza as mudanças necessárias para que as organizações prestadoras de serviços de saúde tenham êxito em um sistema de saúde transformado. Nossas recomendações para essas organizações são: • Reconhecer que a complexidade cada vez maior do ambiente de saúde tornará cada vez menos provável que sua organização possa suprir tudo para todos os pacientes. Concentrar-se em competências essenciais e diferenciar sua organização de concorrentes tanto tradicionais quanto não-tradicionais. • Ajudar a informar e dar poder aos consumidores, sendo transparente com relação a preço e qualidade. • Adquirir uma compreensão ampla de sua estrutura de custos. Considerar a maneira como fluxos de recursos, tipos de serviços ou relações com consumidores mudarão em um sistema de saúde que se desenvolve rapidamente. • Avaliar planos de crescimento à luz das possíveis mudanças no ambiente da saúde. Tomar cuidado com as armadilhas inerentes a estratégias projetadas para maximizar renda em ambientes de reembolso que estão fadados a mudar. • Da mesma forma que os pagadores, segmentar clientes e desenvolver uma estratégia de canais. Reconhecer os novos influenciadores na compra de serviços de saúde, como os infomediários de saúde. • Desenvolver equipes de prestadores de serviço médico e combinar suas habilidades e suas localizações com as necessidades dos consumidores. Tornar o serviço mais centrado no paciente e desenvolver o papel dos prestadores de nível intermediário em cuidado preventivo, continuado e intensivo de rotina. • Desenvolver e seguir processos e planos de cuidado padronizados e baseados em evidências. Reduzir a variação em processos e planos de saúde e aperfeiçoá-los continuamente. • Implementar prontuários eletrônicos interoperáveis. Fornecer aos seus profissionais acesso a informações do paciente e a conteúdo médico relevante durante o tratamento. TABELA 10 Implicações para organizações prestadoras de serviços de saúde Fator relativo a organizações prestadoras de serviços de saúde De (típico dos sistemas de saúde atuais) Para (transformado com sucesso) Responsabilidade • Segurança e qualidade com poucos incentivos e penalidades • Segurança, valor e acesso Incentivos • Incentivos financeiros para tratar e fazer maior número de serviços • Incentivos financeiros para obter melhores resultados e seguir padrões baseados em evidências Gestão da informação • Baseada em papel • Não-padronizada • Acesso limitado reduzindo valor • Eletrônica • Informação padronizada e conhecimento baseado em evidências • Compartilhada, interoperável, acessível, segura e privativa, orientando decisões clínicas no ponto de cuidado Inovação • Novas tecnologias médicas para gerar renda adicional • Pesquisa básica em centros acadêmicos de medicina • Foco em manter pessoas saudáveis • Melhorias no valor e na qualidade total do atendimento • Adoção mais rápida de melhores práticas e métodos Base para concorrência • Cobertura geográfica e reputação • Ampla gama de serviços • Novas tecnologias • Valor diferenciado (p.ex., custo, qualidade e acesso) • Serviços dirigidos de maior valor • Canais/locais mais próximos do paciente A Saúde em 2015: “Ganha-Ganha” ou “Todos Perdem”? 47 Médicos e outros profissionais da saúde Muitos dos mesmos fatores que afetam as organizações prestadoras de serviços de saúde também afetarão os prestadores de serviços médicos. Eles terão que atender às necessidades de compradores mais conscientes que procuram obter mais benefícios de seu sistema de saúde. A Tabela 11 resume as mudanças requeridas de médicos e outros profissionais da saúde para que tenham êxito em um sistema de saúde transformado. Nossas recomendações para esses profissionais são: • Desenvolver parcerias colaborativas com pacientes. Ajudar consumidores a assumir maior responsabilidade por sua saúde e sua interação com o sistema de saúde. Criar fidelidade ao se disponibilizar a ouvir e trabalhar colaborativamente com pacientes para atender às suas necessidades e suas expectativas. • Esperar e monitorar a adesão do consumidor. Tanto clínicos quanto pacientes devem fazer sua parte para alcançar os melhores resultados. equipe de prestadores de serviços médicos. Priorizar a boa comunicação e a coordenação do serviço entre os membros da equipe. • Desenvolver e utilizar processos e planos de saúde padronizados e baseados em evidências. Reduzir as variações e aperfeiçoá-los continuamente. • Ajudar a desenvolver medidas e dados de resultados relevantes. A tarefa, difícil mas não insuperável, exigirá colaboração proveniente das instalações médicas e dos envolvidos. • Utilizar prontuários eletrônicos conectados para ter acesso a informação sobre o paciente e a conteúdo médico relevante durante o tratamento e para melhor coordená-lo. • Reconhecer o desafio representado por uma transformação do tipo “ganha-ganha”, ajudar a moldar o futuro e tornar-se parte da solução. Ao invés de priorizar o status quo, concentrar-se nas oportunidades que acompanham a mudança. • Estar preparado para trabalhar como parte de uma TABELA 11 Implicações para médicos e outros profissionais da saúde Fator relativo a médicos e outros profissionais da saúde 48 De (típico dos sistemas de saúde atuais) Para (transformado com sucesso) Responsabilidade • Inconsistente para o paciente ou o pagador • Qualidade do serviço (não-clínico) • Poucas conseqüências (p.ex., punir “maçãs podres”) • Condições de saúde e resultados melhorados pela adoção de padrões baseados em evidências • Desempenho geral melhorado Incentivos • Essencialmente financeiros e baseados em volume (p.ex., pacientes e procedimentos) • Baseados em valor, alinhados com responsabilidades entre serviços preventivos, intensivos e continuados Gestão da informação • Confiando principalmente na memória e no papel • Auxiliada por sistemas eletrônicos com abrangente informação sobre o paciente e avançado suporte à decisão clínica Inovação • Sufocados pela inovação e por novas tecnologias • Rápida adoção de novos conhecimentos e abordagens através do uso de ferramentas de suporte à decisão clínica Base para concorrência • Localização e reputação • Valor maior e cuidado personalizado Relação com o paciente • Paternalista • Prescritiva • Parcerias colaborativas • Compartilhamento de conhecimentos na tomada de decisão Abordagem do tratamento • Padronizada e baseada em evidências, feitas sob medida para situações individuais • Parte de uma equipe colaborativa • Decisões individuais baseadas na experiência e na “esfera de influência” (p.ex., professores ou colegas) IBM Global Business Services Fornecedores Nossas recomendações aos fornecedores são: A transformação cria mudanças ao longo de toda a cadeia de valor dos sistemas de saúde. Isso impõe um desafio especial para os fornecedores, tais como a indústria farmacêutica e os fabricantes de equipamentos, cujas organizações são comumente globais e baseadas em pesquisas, o que cria significativas considerações de tempo ao responder à mudança. Ademais, essas empresas já se encontram sob crescente pressão devido à noticiada retirada de produtos do mercado, a medicamentos conhecidos que caem em domínio público a velocidades sem precedentes e a expectativas de retorno para os acionistas que são cada vez mais difíceis de atender. Em um sistema de saúde focado em responsabilidade e valor, os fornecedores também enfrentarão crescente pressão para desenvolver produtos que ofereçam substantivo valor de longo prazo (p.ex., prevenindo ou adiando, tratando e controlando uma doença crônica) em oposição a produtos e tratamentos que concorrem entre si, mas não representam verdadeiros avanços. A Tabela 12 sintetiza as mudanças requeridas de fornecedores para que tenham sucesso em um sistema de saúde transformado. • Reconhecer que, à medida que os prestadores implementem prontuários eletrônicos conectados, eles receberão dados de resultados cada vez mais valiosos e serão capazes de revisar protocolos mais depressa que suas empresas podem conduzir estudos. Colaborar com organizações prestadoras de serviços de saúde e clínicos para desenvolver, testar e comprovar a eficácia de produtos que verdadeiramente melhorem resultados no longo prazo, ou arriscar ser deixado de fora da briga. Tentar familiarizar-se com as iniciativas dos prestadores viabilizadas por TI para obter melhor e mais completa informação sobre resultados e aprimorar produtos e seus respectivos protocolos. • Identificar e estabelecer relacionamentos com os novos influenciadores da compra de serviços de saúde, incluindo infomediários, pagadores, agências reguladoras e grupos de pacientes, que estão cada vez mais definindo os limites da inovação. Ser capaz de demonstrar de maneira clara e atraente o valor de produtos-chave. TABELA 12 Implicações para os fornecedores Fator relativo a fornecedores De (típico dos sistemas de saúde atuais) Para (transformado com sucesso) Responsabilidade • Responsabilidade aumentada para pagadores, pacientes e agências • Responsabilidade predominantemente sobre reguladoras para desenvolver equipamentos e tratamentos com bom acionistas e agências reguladoras; resultados representados por volume de vendas, e não por valor custo-benefício Incentivos • Preços dos produtos são alinhados com produtos • Preços mais altos pagos por equipamentos e tratamentos inovadores que ajudam a criar melhores resultados ou a diminuir concorrentes já disponíveis, na certeza de que os custos (ou seja, melhorar o valor) custos serão reembolsados • Vender mais, independentemente da eficácia clínica Gestão da informação • Compartimentada dentro da empresa e funcionalmente • Interoperável entre os envolvidos nos sistemas de saúde, incluindo agências reguladoras Inovação • Pesquisa e desenvolvimento caros levando a tratamentos do tipo “tamanho único” que compartilham algumas características terapêuticas e econômicas • Inovação colaborativa voltada a doenças (p.ex., com prestadores) • Pacotes de solução dirigidos a pacientes que se beneficiarão ao máximo (p.ex., testes diagnósticos, terapêutica, dispositivos de monitoramento e serviços) • Dispositivos personalizados, miniaturizados e móveis para casa e outros locais “Comprador” econômico • Prestadores individuais • Pagadores (que aprovam o reembolso); grupos de pesquisa independentes e terceirizados (p.ex., os Centros para Educação e Pesquisa Terapêutica nos Estados Unidos); e pacientes que estejam gerindo ativamente o valor dos serviços de saúde Base para concorrência • Drogas conhecidas, no caso da indústria farmacêutica • Novas características/funções em equipamentos médicos • Tamanho da força de venda e orçamento de marketing • Melhores resultados de longo prazo ou menores preços para resultados equivalentes • Impacto na força de vendas e no orçamento de marketing A Saúde em 2015: “Ganha-Ganha” ou “Todos Perdem”? 49 • Perceber que a prestação de serviços de saúde é em geral fragmentada, com pouco conhecimento acerca do progresso do paciente ou de resultados entre as partes (p.ex., hospitais, clínicas, consultórios médicos e lares). Tornar-se um integrador entre os repositórios de conhecimento dos sistemas de saúde. Compreender o valor que os produtos oferecem ao paciente em todos esses locais. Ajudar a comunicar e a otimizar esse valor em cada local. • Reconhecer o impacto que pacientes e prestadores sofrerão dos resultados de logo prazo dos produtos. Ajudar a identificar os pacientes e os prestadores certos e ensiná-los a alcançar melhores resultados com produtos-chave através do fornecimento de informação acessível e compreensível ao longo de todas as etapas do tratamento. Usar esses relacionamentos fortalecidos para melhor acompanhar e aperfeiçoar resultados de produtos ao longo de todo o ciclo de vida do produto e do tratamento. Consumidores Consumidores deverão assumir responsabilidade por sua saúde e por maximizar o benefício que receberão do sistema de saúde transformado. Isso irá requerer mudanças fundamentais em atitudes e comportamentos. A Tabela 13 resume as mudanças que eles precisarão fazer para ajudar a transformar a saúde. Nossas recomendações para os consumidores são: • Aprender sobre saúde e assumir responsabilidade por levar um estilo de vida saudável. Tirar vantagem de programas de educação sobre como viver com saúde e colocar esse conhecimento em prática. Tornar-se advogados e professores ao promover a educação em saúde nas escolas e incorporar conceitos de vida saudável na educação dos filhos. • Aprender sobre os sistemas de saúde e tornar-se compradores conscientes. Utilizar infomediários de saúde. TABELA 13 Implicações para os consumidores Fator relativo a consumidores De (típico dos sistemas de saúde atuais) Para (transformados com sucesso) Responsabilidade • Limitada se segurado • Responsabilidade financeira excessiva para serviços de saúde, se não-segurado • Ter um estilo de vida mais saudável dentro de parâmetros ambientais • Gerir e coordenar serviços de saúde com assistência de infomediários • Carga financeira razoável Incentivos • Utilizar o sistema para eventos segurados com pouco conhecimento de causas, custos, etc. • Permanecer saudável • Maximizar benefício dos serviços de saúde • Seguir orientações (p.ex., programas de gestão continuada) Gestão da informação • Processo manual para gerir informação sobre saúde pessoal ou condições específicas • Pouca assistência de terceiros • Processos de gestão de informação automatizados e integrados (p. ex., prontuários eletrônicos pessoais de saúde) • Assistência de infomediários de saúde • Informação e serviços acessíveis e online (p. ex., portal dinamarquês) Inovação • Não relevante, uma vez que se refere à prestação do serviço • Novas maneiras de levar um estilo de vida mais saudável • Como utilizar da melhor forma o sistema de saúde para lidar com as necessidades individuais Atitude e expectativa gerais • Alguém deve pagar para consertar o que quer que esteja errado comigo, independentemente do custo, da causa ou do benefício para a sociedade • Sou responsável por ter um estilo de vida mais saudável • Meu sistema de saúde deve me ajudar a viver minha vida (isto é, solucionar ou prevenir problemas de saúde) Visão de saúde • Relação passiva • Saúde vista como ausência de sintomas (ou seja, nenhuma consideração até ficar doente) • Relação ativa e ativista • Planeja com antecedência, melhor informado e sabe mais sobre condições de saúde e riscos Preocupação com saúde • Mais preocupado com os níveis inferiores e intermediários na hierarquia das necessidades de saúde • Cada vez mais preocupado com melhorias na saúde e otimização Abordagem para escolha de provedores • Informação de experiência de amigos e família • Percepções individuais sobre serviço sem capacidade de discernir verdadeiro valor clínico devido à falta de informação • Compradores mais instruídos e conscientes, cada vez mais capazes de “treinar” pessoas com diferentes níveis de educação em saúde • Valor geral 50 IBM Global Business Services • Esperar que organizações prestadoras de serviços de saúde e clínicos forneçam informações sobre preço e qualidade. Não imaginar que o seu provedor ou organização prestadora de serviços de saúde seja “um dos bons”. • Criar e manter um prontuário pessoal. Usá-lo para consolidar informação relevante e precisa de natureza clínica e sobre saúde. • Documentar diretrizes avançadas de tratamento, tais como testamentos em vida ou decisões sobre o fim da vida, poder médico do advogado, doações de órgãos, etc. Certificar-se de que sua família e seus prestadores de serviços médicos conheçam suas expectativas e seus desejos. • Esperar que seus prestadores aceitem informação de seu prontuário pessoal e usem os prontuários eletrônicos como suporte à decisão clínica para diagnóstico e tratamento terapêutico adequado. Assuntos de saúde são numerosos e difíceis de lidar apenas com informação contida na memória de um prestador de serviço ou acessível em papel. Como declarou de forma sucinta o ex-líder da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos e fundador do Centro para Transformação da Saúde, Newt Gingrich, 102 sobre prontuários médicos em papel, “papel mata.” Sociedades Expectativas e normas da sociedade são moldadas por um número de grupos que incluem governos, meios de comunicação e empresas. Embora alguns consumidores possam se recusar a mudar e outros possam aderir de imediato, expectativas e normas da sociedade podem influenciar atitudes e comportamentos dos consumidores ao longo do tempo. A Tabela 14 sintetiza as mudanças na sociedade necessárias para transformar a saúde. Recomendações para os grupos que influenciam expectativas e normas da sociedade são: • Conhecer mais sobre os desafios relativos à saúde. • Participar ativamente de esforços nacionais ou regionais para melhorar a saúde. Não deixar esses esforços somente para aqueles que fizerem parte do sistema. • Ajudar a educar os consumidores sobre assuntos ligados à saúde e sobre o que eles podem fazer individual e coletivamente para fazer a diferença. • Ajudar a promover estilos de vida saudáveis. Por exemplo, insistir para que a educação física conste da grade curricular de todas as escolas públicas. Exigir também que os programas alimentares das escolas apóiem escolhas de vida saudáveis. TABELA 14 Implicações para as sociedades Fator relativo a sociedades De (típico dos sistemas de saúde atuais) Para (transformados com sucesso) Responsabilidade • Confusa, implícita ou ausente Incentivos • Contar com incentivos e pedir mais Gestão da informação • Amplamente ignorada • Apoiar cobertura universal, serviços de alto valor e decisões difíceis para utilizar recursos escassos da melhor maneira Inovação • Irrelevante, uma vez que se refere apenas à prestação do serviço • Enfatizar transparência e educação • Novas maneiras de promover estilos de vida mais saudáveis • Convocar todos os consumidores a assumir responsabilidade por sua saúde e cuidado da saúde Expectativas sobre saúde • Distribuição bipolar: a saúde deve ser “gratuita” ou a saúde é inacessível ou proibitivamente cara • Reconhecimento da limitação de recursos • Concessões necessárias quando da determinação de direitos da sociedade versus serviços de mercado Interesse por informação eletrônica • Segurança e privacidade • Acesso à informação relevante preciso e seguro para aprimorar qualidade e segurança • Claro reconhecimento da necessidade de tomar decisões difíceis e fazer concessões e da necessidade de conciliar conceitos sobre valor • Expectativas e promoção de estilos de vida mais saudáveis A Saúde em 2015: “Ganha-Ganha” ou “Todos Perdem”? 51 Manter a pressão nos sistemas de saúde para mudar e ir de encontro às necessidades de seus consumidores. Governos Governos são simultaneamente os mais influentes e os mais relutantes promotores de mudança em sistemas de saúde. Eles são os mais influentes devido ao seu poder de compra – a grande porção de serviços que é paga com recursos públicos – e na sua capacidade de estabelecer políticas e de regulamentar. Os cidadãos esperam dos governos liderança para resolver os maiores desafios da sociedade. Ao mesmo tempo, os governos também tendem a ser os mais relutantes promotores de mudanças por causa da dificuldade e da responsabilidade política de fazer mudanças em grande escala na saúde. Em conseqüência disso, a crise na saúde colocou os governos em uma posição difícil: é extremamente arriscado e difícil mudar, mas o problema é importante demais para ser ignorado. A Tabela 15 resume as mudanças que os governos precisam fazer para ajudar a transformar os sistemas de saúde. Nossas recomendações para os governos são: • Admitir que existe um problema. Em seguida, liderar, educar e estar disposto a tomar decisões difíceis para ajudar a solucionar o problema. • Modificar e estabelecer políticas e regulamentações para remover barreiras, como a miscelânea de regulamentações de licenciamento, viabilizar e promover as ações certas. Eliminar políticas conflitantes, como subsidiar os plantadores de tabaco e promover os benefícios de não fumar. • Enfatizar valor, responsabilidade e alinhamento de TABELA 15 Implicações para os governos Fator relativo a governos De (típico dos sistemas de saúde de hoje) Para (transformado com sucesso) Responsabilidade • Responder a questões urgentes • Evitar lidar com questões críticas (a saúde é vista em muitos países como um assunto delicado e controverso e, por isso, é evitado) • Liderar • Reunir as partes interessadas para construir a visão e o plano • Priorizar e tomar decisões difíceis • Equilibrar necessidades de curto e longo prazos • Criar clareza em torno de valores Incentivos • Ser reeleito • Conter custos de curto prazo • População saudável • Competir globalmente • Valor (p.ex., gerir altos custos) Gestão da informação • Fragmentada e descoordenada • Eletrônica • Disponibilidade e transparência de dados para auxiliar a pesquisa Inovação • Inconsistente • Soluções temporárias para problemas complexos e de longo prazo • Políticas e programas de educação para melhorar condições de saúde • Dirigir políticas sobre questões fundamentais de saúde e bem-estar • Destinar verbas para pesquisa para manter as pessoas saudáveis • Remover barreiras à inovação (p.ex., práticas de reembolso) Horizonte de tempo • Foco no curto prazo • Equilibrar foco no curto e no longo prazo Políticas / regulamentações • Inconsistentes • Freqüentemente contraproducentes ou conflitantes • Ênfase em responsabilidade e alinhamento • Considerar a saúde em todas as políticas públicas (p. ex., eliminar políticas conflitantes ou danosas em outras áreas) Alinhamento de jurisdições (municipal vs. estadual / provinciana / cantonal vs. nacional vs. global / internacional • Desconectadas, com pobre comunicação ascendente e descendente • Ambiente regulatório e de licenciamento inconsistentes • Comunicações conectadas e alinhadas com capacidade de mobilização em questões de interesse público (p.ex., pandemias) • Licenciamento geográfico mais amplo e harmonização de métricas (isto é, comparabilidade global) 52 IBM Global Business Services incentivos em políticas de saúde, regulamentações e legislações. • Compreender que lidar com questões de saúde levará anos e atravessará mais de uma administração. Decidir quais questões serão resolvidas pelo mandato governamental e quais serão deixadas para o mercado livre. Ser consistente nas administrações. Construir mecanismos apartidários para lidar com políticas e legislações de saúde. • Determinar níveis de investimentos viáveis e sustentáveis e priorizar ao longo da hierarquia de necessidades de valor. • Exigir cobertura de seguro de saúde para todos. Fornecer subsídios para aqueles que não podem pagar por seguro. • Desenvolver uma estratégia de investimento de recursos para a infra-estrutura de saúde, inclusive instalações e TI, e para pesquisa independente sobre os efeitos comparativos de terapias alternativas. Há muito pouca evidência hoje da eficácia – ou da falta dela – de tratamentos muito usados, especialmente a longo prazo. É necessária informação tanto sobre os custos totais como sobre resultados de longo prazo. • Ajudar a proteger a segurança e a privacidade de informação eletrônica sobre saúde. Prontuários eletrônicos de saúde conectados e outras informações são capacitadores-chave da transformação de sucesso. Ainda assim, preocupações do consumidor acerca de segurança e privacidade podem se transformar em um grande obstáculo à implementação ou à utilização de informação eletrônica sobre saúde. • Desenvolver políticas consistentes no que se refere à prestação de serviços de saúde. Determinar qual e quanto de serviço será prestado pelo governo e qual será ou poderá ser fornecido por organizações privadas de prestação de serviços de saúde. • Exigir transparência de custos e qualidade de seguradores privados e de organizações prestadoras de serviços de saúde. A Saúde em 2015: “Ganha-Ganha” ou “Todos Perdem”? 53 7. Conclusão a do o an erviç s an d o rm sfo alor v r formando a Tras sabilidade do co pon ns es Tra n Esse relatório faz um esboço para mostrar como a indústria global de saúde poderia ficar até 2015, mas reconhecemos que implementar esse esboço é uma tarefa extremamente difícil. Transformar é difícil e existem muito poucos cenários em que os interesses são tão intensos e tão sensíveis quanto na saúde. Com muita freqüência, o status quo não é uma opção viável de longo prazo e não há consertos politicamente oportunos e rápidos para desafios da magnitude e da complexidade de uma transformação nos sistemas de saúde. Transformar com sucesso requer que todos os Transformação “Ganha-Ganha” Trans prestaçã form od idor o um Fonte: Análise do IBM Institute for Business Value 54 IBM Global Business Services envolvidos participem, colaborem e mudem. A Tabela 16 sintetiza as recomendações por envolvido para uma transformação coletiva para um sistema de saúde baseado em valor, com novos modelos de prestação de serviços para consumidores responsáveis. Transformar a saúde é um desafio imenso. Ele não pode ser vencido sem uma clara e compartilhada compreensão da gravidade dos problemas e de suas conseqüências, impulsionando visões e planos guiados por consenso, e sem o comprometimento dos envolvidos, que serão convocados a trabalhar colaborativamente com responsabilidade plena ao longo dos anos que levará para realizá-los. Esperamos que nossas idéias sejam usadas como ponto de partida no seu esforço de transformação. TABELA 16 Resumo das recomendações do relatório “A Saúde em 2015” por envolvido Transformando valor Transformando a responsabilidade do consumidor Transformando a prestação do serviço Sistemas de saúde • Desenvolver uma visão, princípios e métricas que possibilitem e recompensem um conceito comum de valor • Prover seguro universal para • Remover barreiras à inovação e, serviços básicos, incluindo ao mesmo tempo, proteger consumidores e outros envolvidos cuidado preventivo e primário • Esperar e recompensar bons comportamentos Organizações prestadoras de serviços de saúde (OPSSs) • Escolher o foco apropriado, ao invés do “tudo para todos” • Desenvolver equipes que prestem cuidados cordenados, centrados no paciente • Implementar prontuários eletrônicos de saúde coordenados para ajudar na viabilização de serviços de alto valor • Ajudar a informar e dar poder aos consumidores fornecendo transparência nos preços e na qualidade • Desenvolver meios e locais para prestar cuidados médicos que sejam próximos ao paciente • Implementar prontuários eletrônicos de saúde coordenados para permitir a troca de informação entre novos locais Médicos e outros profissionais da saúde • Ajudar a desenvolver e utilizar adequadamente processos e planos de serviços médicos padronizados e baseados em evidências • Ajudar a desenvolver dados de resultados significativos • Desenvolver parcerias colaborativas com pacientes • Ajudar os consumidores a assumir maior responsabilidade por sua saúde • Esperar e monitorar a adesão • Esperar que os prontuários eletrônicos coordenados auxiliem no intercâmbio de informação entre equipes de prestadores de serviços médicos • Priorizar as oportunidades que resultam da mudança Consumidores • Exigir que os clínicos forneçam informações sobre preços e qualidade • Aprender sobre os sistemas de saúde e tornar-se compradores conscientes • Utilizar infomediários de saúde • Esperar e exigir novos modelos de • Aprender sobre saúde e assumir prestação do serviço e que haja responsabilidade por levar um coordenação na prestação do estilo de vida saudável serviço entre esses modelos • Criar e manter um prontuário pessoal de saúde para consolidar informações clínicas e de saúde relevantes e precisas • Documentar diretrizes avançadas Planos de saúde • Ajudar a fornecer informação e aconselhamento personalizado para auxiliar os consumidores a manter e melhorar suas condições de saúde • Alinhar reembolsos e incentivos com cuidado intensivo preventivo e e proativo e com abordagens de saúde e prestação de serviços que sejam inovadoras e eficazes em termos de custo Fornecedores • Desenvolver ofertas que ajudem a proporcionar melhores resultados a prazos maiores ou menores preços para resultados equivalentes • Ajudar a identificar os pacientes e os provedores corretos e ensiná-los a alcançar melhores resultados em todas as etapas do tratamento • Ajudar a viabilizar novos modelos através da simplificação e da miniaturização de equipamentos móveis, pacotes de diagnóstico e soluções de tratamento personalizadas e direcionadas Sociedades • Reconhecer a necessidade de tomar decisões difíceis, priorizar, fazer concessões e conciliar conceitos sobre valor • Participar ativamente de esforços para melhorar os sistemas de saúde • Enfatizar prevenção e responsabilidade pessoal • Esperar e promover estilos de vida saudáveis • Manter a pressão sobre o sistema de serviços de saúde para mudar e satisfazer as necessidades dos consumidores Governos • Enfatizar valor, responsabilidade e alinhamento de incentivos em políticas, normas e legislação de saúde • Exigir relatórios de resultados • Desenvolver uma estratégia de investimento de recursos para a infra-estrutura de sistemas de saúde e pesquisas independentes sobre a eficácia comparativa de terapias alternativas • Ajudar a garantir a segurança/ privacidade de informação eletrônica sobre saúde • Exigir cobertura de seguro para todos com subsídios para aqueles que necessitarem • Mudar e estabelecer políticas, normas e legislação para remover barreiras (p.ex., a miscelânea de regras para licenciamento) e viabilizar e promover as ações corretas • Trabalhar colaborativamente com os clínicos para desenvolver um plano viável de transição para reembolso baseado em valor • Ajudar os consumidores a lidar com os planos de saúde para obter mais benefícios A Saúde em 2015: “Ganha-Ganha” ou “Todos Perdem”? 55 8. Sobre os autores 9. Agradecimentos Jim Adams é o diretor executivo do IBM Center for Healthcare Management e membro do IBM Center for Healthcare Management na IBM - Global Business Services (GBS). Ele pode ser contactado através do endereço [email protected] O IBM Center for Healthcare Management (CHM) e o IBM Institute for Business Value (IBV) agradecem aos muitos profissionais em todo o mundo que contribuiram com percepções, opiniões e comentários durante a criação desse documento. Em especial, gostaríamos de agradecer a Richard Alvarez; Adalsteinn Brown; Tom Closson; Don E. Detmer, MD; Jeff Goldsmith; Ian Kadish, MD; Steve Lieber; Rudy Rupak; e Kim Slocum. Ouvimos atentamente a todos que debateram conosco e analisamos suas contribuições. Seus conselhos e seus pensamentos especializados influenciaram nossos pontos de vista. Edgar Mounib é consultor sênior no IBM Institute for Business Value. Ele pode ser contactado através do endereço [email protected] Aditya Pai é consultor da prática de Saúde na GBS. Ele pode ser contactado através do endereço aditya.pai@ ca.ibm.com Neil Stuart, PhD, é sócio na Prática de Saúde da GBS. Ele pode ser contactado através do endereço neil. [email protected] Randy Thomas é membro do IBM Center for Healthcare Management e diretora na GBS. Ela pode ser contactada através do endereço [email protected] Paige Tomaszewicz é consultora sênior na Prática de Saúde da GBS. Ela pode ser contactada em tpaige@ us.ibm.com Também agradecemos aos muitos colegas da IBM que revisaram e opinaram sobre este documento. Gostaríamos de fazer um agradecimento especial a Richard Balakar, MD; Michael Boroch; Brett Davis; Doug Cusick; Heather Fraser; Myron Flickner; Paul Grundy, MD; Hans Erik Henriksen; Chee Hew; Thyra Jart; Guy Lefever; Farhana Nakhooda; Mark Parrish, MD; e Diane Reynolds. Como tudo na IBM, este foi um verdadeiro trabalho de equipe. Sobre a IBM Global Business Services (GBS) Com consultores e uma equipe de profissionais em mais de 160 países no mundo, a IBM Global Business Services (GBS) fornece aos clientes processos de negócios e alto conhecimento industrial, uma profunda compreensão de soluções tecnológicos para questões industriais específicas e também a habilidade de projetar, construir e aplicar essas soluções de forma que elas promovam um crescimento econômico fundamentado. 56 IBM Global Business Services 10. Referências 1 Organisation for Economic Co-operation and Development. 2006. OECD health data 2006: Statistics and indicators for 30 countries (15th edition). Paris: OECD Publishing. 2 World Health Organization. 2000. The world health report 2000: health systems: improving performance. Geneva: World Health Organization. 3 4 Skinner, Brett J. 2005 Paying more, getting less 2005: measuring the sustainability of provincial public health expenditure in Canada. 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Produzido nos Estados Unidos da América 09-06 Todos os direitos reservados IBM e o logotipo IBM são marcas registradas da International Business Machines Corporation nos Estados Unidos, em outros países, ou ambos. Nomes de outras empresas, produtos ou serviços podem ser marcas registradas de outros. As Referências a produtos e serviços IBM nesta publicação não implicam que a IBM pretenda disponibilizá-los em todos os países onde a IBM opera. G510-6318-00-BR