Texto de apoio ao curso de Especialização Atividade Física Adaptada e Saúde Prof. Dr. Luzimar Teixeira As Falhas do Coração Especialista detalha aspectos da doença e aponta tratamentos As arritmias (ou falhas cardíacas) são anormalidades na formação e/ou condução do impulso elétrico necessário ao coração para enviar o sangue para a circulação e se dividem, basicamente, em três grupos: a extrasístole, a taquiarritmia e a bradiarritmia. De acordo com o Dr. Reynaldo de Castro Miranda, cardiologista com doutorado em eletrofisiologia cardíaca, o impulso elétrico é produzido no nó sinusal, transmitido aos átrios (parte superior do coração), passa pelo nó átrio ventricular, tronco de HIS, chegando ao ramo direito e esquerdo do ventrículo (que é a parte inferior do coração). "Os batimentos cardíacos são determinados pela freqüência em que os impulsos elétricos são produzidos", explica o especialista. Segundo o cardiologista, a extrasístole ocorre quando o impulso é gerado em outra região do coração (átrios ou ventrículos) ao invés do nó sinusal. "O paciente pode perceber o batimento irregular, anormal. Só a extrasístole não traz, em geral, riscos maiores. Tudo depende dos sintomas. Às vezes, apenas com a mudança de hábitos, os sintomas são minorados e/ou curados". As principais causas deste tipo de arritmia são: a ingestão de álcool, o café e o estresse. Causas da falhas cardíacas Já a taquiarritmia, segundo o cardiologista, que pode ser de origem congênita ou adquirida consiste na geração do impulso em outra região - que não seja o nó sinusal - em uma freqüência cardíaca alta (sempre acima de 120 batimentos por minuto, a média normal é de 60 a 100 batimentos por minuto). "Este é um dos tipos de taquicardia, pois pode haver uma freqüência alta de batimentos com o impulso sendo gerado na região do nó sinusal", explica ressaltando ainda a importância da detecção do tipo de taquicardia existente em cada situação. "A taquicardia pode gerar de um desconforto no peito ou um desmaio, chegando em casos extremos à morte súbita. É preciso determinar qual o tipo de doente, o tipo de taquicardia, o mecanismo, para se determinar o tratamento adequado". Um exemplo de taquicardia adquirida por causa congênita é a de Wolff-Parkinson-White. Já um exemplo de causa adquirida é a taquicardia ventricular pós-infarto agudo do miocárdio ou pós-Doençade-Chagas, explica o médico. O cardiologista informa que - desde o ano de 1992 - o Brasil já conta com um tratamento capaz de propiciar a cura em diversos casos de taquicardia: a ablação por cateter. Desenvolvido, inicialmente, na França e, posteriormente, na Alemanha e nos Estados Unidos. Neste procedimento, segundo ele, não se utiliza anestesia geral e é precedido por um estudo eletrofisiológico (que é um tipo de exame). "O especialista introduz de dois a quatro cateters através de punção que é feita na veia femoral - com anestesia local - que chegam ao coração. É feito um mapeamento elétrico, definindo o mecanismo da taquicardia e o tratamento a ser adotado, que é realizado durante o mesmo procedimento. Funciona como se fosse uma 'cauterização' do 'foco' da taquicardia empregando rádiofreqüência, adotando o mesmo princípio do bisturi elétrico, transformando energia elétrica em térmica". Segundo dados apresentados pelo Dr. Reynaldo de Castro Miranda, em alguns tipos de taquicardia, o índice de sucesso, neste tipo de tratamento atinge de 99 a 100%: "A maior parte dos casos pode ser tratados. No entanto, os aprimoramentos técnicos e investimentos têm sido feitos no intuito de se obter pleno sucesso em casos específicos através desta metodologia. Quando a ablação por cateter não funciona, a cardiologia já conta com outros tratamentos (como vários medicamento e outros aparelhos). Um exemplo destes aparelhos é o cardioversor desfibrilador implantado, que normalmente é utilizado em casos, como a taquicardia ventricular pós-infarto agudo do miocárdio". Marca-passo Outro tipo de arritmia, segundo o cardiologista, consiste na Bradiarritmia: ocorre quando o coração funciona com freqüência lenta, aquém do esperado, podendo causar sensação de desmaio ou a própria síncope. Pode ser congênita ou, na imensa maioria das vezes, adquirida, esclarece. "A bradiarritmia pode ser secundária à Doença-de-Chagas ou ao infarto agudo do miocárdio. Em grande parte dos casos, ela se origina do envelhecimento e/ou da degeneração da região na qual o impulso elétrico é produzido ou por onde ele é conduzido" explica o cardiologista que aborda a seguir alguns detalhes do tratamento: "Através do estudo eletrofisiológico, o especialista define o tipo de anormalidade, procurando detectar o fator causador da bradiarritmia. Caso este elemento seja removível, o coração volta ao seu funcionamento normal; caso não seja, uma avaliação criteriosa por parte do cardiologista determinará a necessidade ou não da utilização de um marca-passo". Este mecanismo é que supre a função do nó sinusal e/ou do sistema de condução do impulso elétrico, explica o médico. O alerta feito pelo especialista diz respeito também, à necessidade de se procurar auxílio médico assim que seja notada qualquer anormalidade no ritmo cardíaco: "Deve-se procurar o cardiologista que - se achar necessário - encaminhará o paciente a um especialista daquela área. Além disso, no mínimo a partir dos 40 anos, é necessário um exame periódico (anual). Em alguns casos até mais cedo, dependendo dos fatores de risco existentes. Isto porque cada doente possui uma história diferente. É importante reforçar sempre, pois não se trata a doença, mas sim o paciente. É uma abordagem seguramente mais ampla" finaliza.