Volume 21 – número 03 – agosto 2014 A Diabetology & Metabolic Syndrome, revista científica da SBD, alcança 2,5 de fator de impacto e passa a ocupar o 1º lugar entre as publicações científicas da América Latina. Diabetes e Desastres Naturais Como se preparar e cuidar de uma pessoa com diabetes para enfrentar uma situação de catástrofe? KiDS IDF desenvolveu o projeto Kids and Diabetes in Schools e São Paulo é uma das duas primeiras cidades do mundo para a implantação do projeto piloto. 1699_Revista_SBD_v21n03_web.indd 1 06/10/14 18:03 www.diabetes.org.br 1699_Revista_SBD_v21n03_web.indd 2 06/10/14 18:03 Palavra do Presidente Vol. 21 - nº 03 - agosto 2014 3 Meus caros, C ada edição da nossa revista é sempre uma oportunidade para prestação de contas de nossa diretoria, o que faço agora, informando sobre alguns projetos em desenvolvimento, ações em andamento e outras em fase de finalização. O novo Ebook versão 2.0 será lançado no final de setembro, com atualização dos conteúdos e design, para acesso pela internet e possibilidade de download para dispositivos móveis (tablets e smartphones). Nessa última versão, novos medicamentos e estudos de impacto serão adicionados, à medida que forem surgindo na literatura, o que garantirá seu conteúdo sempre atualizado. Vídeos e entrevistas serão postados frequentemente, com foco em maior informação e em interatividade. As ações para o Dia Mundial do Diabetes estão sendo ultimadas e neste ano tentaremos ampliar o período dentro do qual ocorrerão. Assim, atividades terão lugar não só no dia 14 de novembro, mas também durante o mês inteiro. A participação conjunta de todos os agentes envolvidos, quais sejam SBD e SBEM, FENAD e ADJ, assim como de empresas farmacêuticas, é de fundamental importância e essa mobilização vem sendo coordenada pela SBD. No congresso do EASD em Viena, 1699_Revista_SBD_v21n03_web.indd 3 neste setembro próximo, estaremos retomando uma experiência que fizemos no congresso da ADA 2014, para cobertura do evento, de modo a informar, em tempo real e no nosso site, as conferências e notícias mais importantes do tradicional encontro. Ainda na linha de educação continuada, encontra-se em desenvolvimento um portal de educação da SBD, o que permitirá a produção e a transmissão de videoconferências, em tempo real, para várias capitais ao mesmo tempo. Discussões com colegas em vários pontos do Brasil e do exterior serão assim viabilizadas. Finalmente, comunico que já iniciamos um levantamento em todo o Brasil, da disponibilidade de acesso a análogos de insulina e tiras de glicemias, para os diabéticos de tipo 1, diabéticos de tipo 2 em insulinização intensiva, gestantes e idosos. Isto permitirá, quero crer, desenvolvermos uma ação junto à comunidade, para que façamos parte das nações modernas do mundo, que fornecem esses materiais a todos aqueles que deles necessitam. Contamos com vocês. Walter Minicucci Presidente da SBD 2014/2015 06/10/14 18:03 Índice Vol. 21 - nº 03 - agosto 2014 4 1Palavra do Presidente 3Palavra do Editor-Chefe 4Saúde e Ciência 6Dr. José Egidio 8O Que Vem Primeiro: Ataques Cardíacos ou Diabetes? 9Campanhas Temáticas Online para Pacientes com Diabetes 10 12 Educando Educadores Sem Fronteiras: Edição Roraima Desastres Naturais e Diabetes: Qual a Hora Certa de Agir? 14 16 18 19 20 21 22 24 25 26 27 28 2,5 D&MS Journal KiDS: A Vida Escolar da Criança com Diabetes Juntos pelo Dia Mundial do Diabetes Expectativas para o XX Congresso da SBD Diabetes Tipo 2: É Viável a Prevenção? Ponto de Vista: Uma Luz no Fim do Túnel Pelo Brasil Tecnologia & Diabetes Lançamentos da Indústria Farmacêutica Pelo Mundo Comunicados da SBD Agenda 1699_Revista_SBD_v21n03_web.indd 4 06/10/14 18:04 Editorial I nicio cumprimentando efusivamente a Comissão Editorial da nossa Revista Científica - Diabetes & Metabolic Syndrome (DMS&Journal) por ter atingido o maior índice de impacto das revistas científicas da América Latina (fator de impacto 2,5). Parabéns ao editor, Daniel Giannella, e a Marília de Brito Gomes, idealizadora e responsável pela criação, quando presidente da SBD. A ex-presidente contou sobre o projeto nas Páginas Azuis, quando foi entrevistada pela nossa equipe. Dedicamos uma das nossas reportagens à DMS&Journal. O Giannella vai nos contar sobre seu trabalho. Nesse número também abordamos diferentes temas na área de educação e diabetes como o projeto Educando Educadores sem Fronteiras. Claudia Pieper nos relata uma experiência que sensibilizou a todos. Ela esteve à frente da equipe em Roraima e realizaram um trabalho junto aos profissionais de saúde que atendem a tribos indígenas. Nossos leitores vão saber sobre a parceria da SBD, ADJ e IDF no projeto “KiDS”, que tem como objetivo conscientizar crianças nas escolas, que começa por São Paulo e Índia. Apesar de ainda distante, o próximo Congresso da SBD, presidido pelo Balduíno, em 2015 é assunto nesta edição, como foi na anterior. A ideia é acompanhar cada passo da organização deste evento que é o mais importante da nossa entidade. Além dos nossos colunistas já tradicionais - Augusto Pimazoni e Ney Cavalcanti -, nossa convidada nesta edição é a Reine Marie Chaves. Outros virão a cada edição. Desta forma, penso, estamos abrindo espaço para um número maior de colegas nos brindarem com suas ideias. A colega, importante endocrinologista da Bahia, comenta em seu artigo a necessidade de intenso trabalho na prevenção do diabetes tipo 2. Estimulo os colegas a lerem as colunas Saúde & Ciência, Tecnologia & Diabetes e a recentemente lançada com as novidades da indústria farmacêutica. Recebemos a aprovação de muitos leitores. As Páginas Azuis continuam resgatando o trabalho dos ex-presidentes da SBD. É uma forma de homenagearmos e reconhecermos a dedicação desses profissionais. Quem nos fala sobre sua gestão é José Egídio de Oliveira, presidente nos anos de 2002 e 2003. Fechamos a edição com notícias sobre o planejamento das comemorações do Dia Mundial do Diabetes 2014. É bom ver todas as entidades unidas em torno da divulgação dessa importante data. A SBEM, com quem trabalhamos em parceria em 2013, está ampliando sua participação este ano, o que para mim particularmente é motivo de grande alegria devido a dificuldades no relacionamento entre nossas entidades vencidas no período em que presidi a SBD. Juntos, sempre, seremos mais DIRETORIA BIÊNIO – 2014-2015 Presidente: Dr. Walter José Minicucci; Vice-Presidentes: Dra. Hermelinda Cordeiro Pedrosa, Dr. Luiz Alberto Andreotti Turatti, Dr. Marcos Cauduro Troian, Dra. Rosane Kupfer e Dr. Ruy Lyra da Silva Filho; primeiro secretário: Dr. Domingos Augusto Malerbi; segundo secretário: Dr. Luis Antonio de Araujo; tesoureiro: Dr. Antonio Carlos Lerário; segundo tesoureiro: Dr. Edson Perrotti dos Santos; conselho fiscal: Dr. Antonio Carlos Pires, Dra Denise Reis Franco, Dr. Levimar Rocha Araújo, Dr. Raimundo Sotero de Menezes Filho SEDE Rua Afonso Brás, 579, salas 72/74, Vila Nova Conceição, São Paulo, SP, CEP 04511-011; Email: [email protected], Site: www.diabetes.org.br; Tel.: (11) 3846-0729; Gerente: Anna Maria Ferreira; Secretária: Maria Izabel Homem de Mello e Eliana Andrade. Filiada à International Diabetes Federation. 1699_Revista_SBD_v21n03_web.indd 5 Vol. 21 - nº 03 - agosto 2014 5 fortes. Trabalharão harmoniosamente SBD, SBEM, ADJ e FENAD. Boa sorte e todo nosso apoio para o amigo Márcio Krakaeur, que está à frente desse trabalho. Esperamos que gostem das nossas escolhas e boa leitura. Saúde para todos. Leão Zagury Editor-chefe REVISTA DA SBD Editor-chefe: Dr. Leão Zagury Presidente da SBD: Dr. Walter Minicucci Equipe de Jornalismo: DC Press Editora: Cristina Dissat – MTRJ 17518; Redação: André Dissat, Tainá Oliveira, Flávia Garcia e Isabel Struckel (colaboração). Colunistas: Dr. Augusto Pimazoni e Dr. Ney Cavalcanti. Redação: Rua Haddock Lobo, 356 sala 202- Tijuca - Rio de Janeiro - RJ; Tels.: (21) 2205-0707; email: [email protected] As colunas e artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores. Comercialização: AC Farmacêutica, tel.: (11) 5641-1870 e (21) 3543-0770, [email protected] Projeto gráfico: DoisC Editoração Eletrônica e Fotografia ([email protected]); Direção de Arte e Fotografia: Celso Pupo; Diagramação: André Borges Periodicidade: Bimestral Impressão e CTP: Melting Color Grafica e Editora Ltda; Tiragem: 4000 exemplares. Editoração Eletrônica e Fotografia 06/10/14 18:04 Saúde e Ciência Foto: asloo Group Production Studio Vol. 21 - nº 03 - agosto 2014 6 Cirurgia Bariátrica e o DM2 U m estudo da Universidade da Columbia, nos Estados Unidos, publicado pelo Journal of Dental Research, apontou que uma simples consulta ao dentista pode ajudar a descobrir se o paciente tem ou não diabetes. A pesquisa seguiu um protocolo de identificação de altos índices de açúcar no sangue de pacientes odontológicos. Para que esse estudo fosse elaborado, foram avaliadas 530 pessoas com risco relacionado ao diabetes como histórico familiar, colesterol alto, hipertensão ou sobrepeso. Todos os pacientes passaram por um exame periodontal que confirmou que 73% deles possuíam pré-diabetes ou diabetes e tinham dentes ausentes e alta porcentagem de bolsas periodontais profundas. n A Universidade de Gotemburgo, na Suécia, divulgou em junho deste ano uma pesquisa mencionando as evidências de que a cirurgia bariátrica é eficaz no tratamento do diabetes tipo 2 em obesos. Cerca de 600 pacientes obesos com diabetes tipo 2 foram avaliados. Uma parte foi submetida à cirurgia bariátrica e o restante a um tratamento convencional, com medicamentos contra a doença. Segundo conclusões da pesquisa, dois anos após o início do estudo, o diabetes regrediu em 72,3% dos pacientes operados e em 16,4% dos indivíduos tratados com remédios. Após 15 anos, a taxa de remissão da doença passou a ser de 30,4% e 6,5%, respectivamente. A remissão do diabetes tipo 2 foi medida a partir dos níveis de glicose na corrente sanguínea dos pacientes. A pesquisa ainda divulga que todos os tipos de cirurgia bariátrica foram associados à regressão do diabetes. Além disso, durante esses anos, o procedimento diminuiu a incidência de complicações cardiovasculares decorrentes do diabetes em comparação com a abordagem convencional. n Dentistas Podem Identificar Pacientes Diabéticos Chip Detecta Diabetes em Minutos T ecnologia desenvolvida na Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, pode facilitar o diagnóstico de diabetes tipo 1. É um microchip, feito com nanopartículas de ouro, que reduz o tempo de confirmação da doença de alguns dias para poucos minutos. O dispositivo, ainda não aprovado pela FDA, é preparado para detectar as proteínas produzidas pelo organismo que sofrem com a variação da doença autoimune e atacam as células beta pancreáticas. Segundo os pesquisadores, a utilização do microchip é simples e pode ser feita por qualquer pessoa. A tecnologia foi testada em 39 pacientes e mostrou-se precisa quanto o teste tradicional. Esta foi apenas a primeira etapa da pesquisa que sugere, ainda, que o dispositivo possa ser utilizado como teste preventivo em familiares de pacientes com diabetes tipo 1, pois o chip permite identificar a existência de anticorpos nocivos, mesmo naqueles que ainda não desenvolveram a resistência à insulina. n Pernambuco Tem Altos Índices de Diabetes R egistros da Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco mostram um aumento de 46%, nos casos de atendimento a pessoas com diabetes, de 2012 a 2013. O estado possui, ainda, altos índices de amputações decorrentes da falta de controle do diabetes. Segundo a Dra. Geisa Macedo, presidente da SBD-PE, falta maior atenção aos pacien- 1699_Revista_SBD_v21n03_web.indd 6 tes, com relação aos riscos de amputação. Ela defende a realização do exame periódico para medir a sensibilidade dos pés, com o monofilamento. “Os pacientes devem ser orientados desde a primeira consulta a observar e cuidar melhor dos membros inferiores, em razão da neuropatia que diminui a sensibilidade e mascara lesões na pele que acabam levando à amputação”, alerta. A médica afirma que um em cada quatro pacientes com diabetes terá pé diabético e metade destes pode não apresentar qualquer sintoma. O sistema de saúde pernambucano relata que o número de amputações relacionadas ao diabetes aumentou de 139, em 2012, para 203, em 2013. n 06/10/14 18:04 Novo Dispositivo Ocular em Teste Busca por m estudo publicado na revista Ap- intensidades diferentes. Medicamentos plied Optics apresentou uma nova Dez parâmetros derivados do diâmetecnologia ótica capaz de detectar tro da pupila, do tempo de resposta da em Guarulhos a neuropatia autonômica diabética pre- pupila e da velocidade de resposta da U pupila foram avaliados. Os resultados mostram que três em cada quatro parâmetros relacionados com diâmetros de pupila; um em cada quatro relacionados com intensidades de luz; e um em cada dois relacionados com a velocidade de resposta da pupila podem ter diferenças significativas entre indivíduos saudáveis e em pacientes diabéticos. Segundo a pesquisa, o mostrou-se eficaz, portátil e de baixo custo para o diagnóstico de diabetes em estágio inicial. n Foto: Ai825 cocemente. A pesquisa foi desenvolvida por uma equipe do Hospital Universitário de Taiwan, que testou o novo pupilômetro em 36 indivíduos saudáveis e 10 pacientes diabéticos. O pupilômetro testado investiga a neuropatia autonômica por meio de uma gravação dinâmica das imagens da pupila ocular, por meio de uma fonte de luz. Os testes foram realizados com pelo menos quatro cores de luz (branco, verde, vermelho e azul), bem como duas Números da ADA Vol. 21 - nº 03 - agosto 2014 7 A Rede Pública de Guarulhos (SP) apresentou um aumento de 7,5% na demanda por medicamentos para o tratamento da hipertensão e do diabetes. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, no primeiro semestre de 2013 foram distribuídos gratuitamente mais de 52 milhões de remédios. Em 2014, nesta mesma época, a saída de medicações superou 56 milhões. Dados ainda apontam que nos seis primeiros meses deste ano houve a distribuição de 11 milhões e 450 mil comprimidos para o tratamento de diabetes e outros 87.500 frascos de insulina na rede municipal de saúde. No mesmo período de 2013, 10 milhões de comprimidos para o tratamento de diabetes e outros 82.500 frascos de insulina saíram das Unidades Básicas de Saúde (UBS). n Cresce o Número de Diabéticos em Alagoas D D ados da prevalência do diabetes nos Estados Unidos, no ano de 2012, foram divulgados em um relatório da American Diabetes Association (ADA), no dia 10 de junho de 2014. O documento aponta que 29,1 milhões de americanos, ou seja, 9,3% da população dos Estados Unidos, têm diabetes. Destes, 8,1 milhões não tiveram a doença diagnosticada. A maior incidência da doença, nos EUA, continua entre a população idosa, com 11,8 milhões de idosos (diagnosticados e não diagnosticados). Também foi divulgada a incidência de pré-diabetes na população com mais de 20 anos, indicando que 86 milhões de americanos tiveram esta condição diagnosticada em 2012. O estudo indica, ainda, o diabetes como a sétima maior causa de morte nos Estados Unidos. n ados da Secretaria Estadual de Saúde de Alagoas mostram que o número de pacientes atendidos pela rede pública no estado vem crescendo a cada ano. Comparando os anos de 2011, 2012 e 2013, a quantidade de pacientes com suspeita ou com diabetes confirmado cresceu de 45.565 para 52.011, chegando a 52.434 no último ano. As cidades de maior registro de pacientes são Maceió, Arapiraca, Coruripe, Delmiro Gouveia e Marechal Deodoro. Endocrinologistas locais alertam muitos pacientes, tanto no serviço público quanto no privado, mostram resistência ao tratamento do diabetes, fazendo com que os mesmos avancem para um estágio mais perigoso da doença. n Na edição digital da Revista Diabetes os leitores podem acessar os links dos estudos apresentados na coluna Saúde & Ciência. 1699_Revista_SBD_v21n03_web.indd 7 06/10/14 18:04 Páginas Azuis Vol. 21 - nº 03 - agosto 2014 6 Dr. José Egídio E le ocupa a posição de coordenador do Departamento de Ética da SBD, e já esteve em outros cargos da Sociedade, chegando a presidente nos anos de 2002 e 2003. O Dr. José Egídio Paulo de Oliveira é paulista, nascido em São José do Rio Preto, mas mora no Rio de Janeiro há cerca de 50 anos. Formou-se pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e lembra que sempre esteve ligado a assistência, ensino, e pesquisas em prol do paciente com diabetes, tendo sido responsável, no Rio de Janeiro, pelo Estudo Multicêntrico Sobre Prevalência de Diabetes Mellitus no Brasil, do Ministério da Saúde. Na sua gestão como Presidente da SBD, um dos destaques foi a aproximação da SBD com o Ministério da Saúde e as Sociedades de Hipertensão e Cardiologia, através do Plano de Reorganização dos Programas de Diabetes e Hipertensão. Conheça um pouco mais da história e da trajetória do Dr. Egídio, dentro da diabetologia brasileira. Revista Diabetes: Como foi a sua formação profissional? Dr. José Egídio: Desde o início do curso médico estive ligado ao ensino e à pesquisa. Fui monitor das disciplinas de Histologia e depois de Farmacologia, até a minha formatura. Após a colação de grau, continuei como bolsista de pesquisa no Serviço Universitário, e logo após o mestrado fui aprovado em concurso público para Professor Assistente da Faculdade de Medicina da UFRJ. Após o doutorado, cheguei à chefia do Serviço de Nutrologia do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho e logo me tornei Professor Titular da Universidade, após concurso público. Em paralelo, dei assessoria ao Ministério da Saúde, na antiga Divisão Nacional de Doenças Crônico-Degenerativas e junto à Central de Medicamentos. Revista Diabetes: Como a endocrinologia e o diabetes entraram na sua vida? 1699_Revista_SBD_v21n03_web.indd 8 Dr. José Egídio: Quando estava no final do curso médico, praticamente direcionando para uma especialidade cirúrgica, frequentava um Centro de Tratamento Intensivo de um grande hospital do Rio, acompanhando o pré e o pós-operatório, como acadêmico bolsista. Nesta fase, um grupo de pacientes passou a polarizar minha atenção: eram diabéticos em coma e com cetoacidose. Esses pacientes, com o tratamento adequado, conseguiam se recuperar em horas e com um prognóstico muito diferente dos pacientes cirúrgicos, principalmente os de neurocirurgia pós-trauma. Em um ano, tive a oportunidade de acompanhar 31 casos com resultados satisfatórios e, assim, fui para a endocrinologia e diabetologia, onde continuo até hoje. Revista Diabetes: Como foi a sua eleição para a presidência da SBD naquela época? Dr. José Egídio: Foi um processo gradativo e contínuo. Na década de 90, recebi convites para participar em eventos em praticamente todos os estados e territórios brasileiros, proferindo aulas e conferências. Assim, tive a oportunidade de entrar em contato com muitos endocrinologistas, diabetólogos e clínicos, trocando ideias e propondo soluções para os problemas relacionados à assistência, ensino e pesquisa do diabetes mellitus. Desta forma, minha candidatura à presidência da SBD ganhou força. Além disso, no Rio de Janeiro, fui apoiado por todos os Serviços de Diabetes das Universidades e dos grandes hospitais. Fui eleito por aclamação no Congresso Brasileiro realizado em Sergipe, em 1999. Revista Diabetes: Como foi ser presidente da SBD? Dr. José Egídio: Dirigir a SBD foi colocar em prática algumas ideias, em especial relacionadas à educação continuada para todos os especialistas, não só os médicos, mas toda a equipe de saúde. Quando assumi a presidência, em 2002, a SBD já tinha um passado de realizações direcionadas ao fomento do bem-estar do paciente com diabetes em nosso país. Mas, para continuar esta caminhada era necessário um suporte maior na infraestrutura da Sociedade, que contava com apenas uma pequena sala na Avenida Paulista e uma jovem secretária. Para viabilizar projetos, vi que a SBD precisava de uma gerente administrativa e de uma empresa que pudesse oferecer os produtos da SBD (posicionamentos, diretrizes, selos de qualidade etc.). Assim, contratamos a Anna Maria Ferreira, que continua trabalhando na Sociedade e é elogiada por todos, e a empresa do Silvio Araújo, que permanece em parceria com a SBD até o presente. Por fim, compramos a nova sede da Sociedade, com cerca de 100m2, localizada na Vila Nova Conceição, em São Paulo. Foi uma experiência extraordinária! Revista Diabetes: O que mais marcou a sua gestão como presidente da SBD? Dr. José Egídio: Acredito que tenha sido a compra da sede para a Sociedade, mas, com certeza, a estruturação da SBD, com a contratação da Anna Maria, junto com a Kariane Krinas, deu um ritmo novo e dedicado ao crescimento da Sociedade. Em relação à parte científica, a criação dos Simpósios de Atualização sobre Diabetes Mellitus merece destaque, com a realização de dois eventos em 2002 e quatro em 2003. Os simpósios promoveram o fomento da educação continuada. Além disso, teve a atualização do Consenso, que de forma democrática envolveu 1.200 colegas e foi impresso em três formatos (integral, resumido e pocket book), e a consolidação dos Estatutos da SBD, com a inserção das Regionais da Sociedade, cujas quatro primeiras foram aclamadas na Assembleia Geral Extraordinária, realizada durante o Simpósio de Atualização em Salvador, dia 12 de abril de 2003. Outras realizações durante a minha gestão foram: a criação do Prêmio Procópio do Valle, uma homenagem ao 06/10/14 18:04 fundador da Sociedade, que reconhece os melhores trabalhos científicos na área de monitorização do diabetes, durante o Congresso da SBD; e a realização do primeiro Curso de Formação de Educadores em Diabetes, em parceria com a IDF. Em relação aos projetos mais voltados para os pacientes, tivemos dois destaques: a produção do Manual Oficial de Contagem de Carboidratos, coordenado por Josefina Bressan, responsável pelo Departamento de Nutrição na época; e a realização do projeto de apoio ao paciente com diabetes em corridas de rua no Brasil, realizado pelo Departamento de Exercício e Esporte da SBD, criado nesta gestão, sob a coordenação da Dra. Ana Claudia Ramalho. Revista Diabetes: Qual é a importância da SBD no tratamento do diabetes? Dr. José Egídio: Diabetes é uma doença que envolve endocrinologistas, nefrologistas, cardiologistas, nutricionistas, educadores físicos, fisioterapeutas, dentre outros profissionais da saúde e o bem-estar do paciente. Este é o foco da Sociedade. A SBD é a única Sociedade médica brasileira que tem o perfil de englobar diversos profissionais de saúde, especialistas e não médicos, que são fundamentais para a atenção ao paciente, em todos os seus projetos e eventos. O aumento dos casos de diabetes faz com que a SBD tenha um papel ainda mais importante na preparação desses profissionais. Revista Diabetes: A que atribui esse aumento nos casos de diabetes? Dr. José Egídio: Há 50, 60 anos, o Brasil era um país com a maior parte da população morando no campo, com uma alimentação considerada 1699_Revista_SBD_v21n03_web.indd 9 “O acompanhamento de uma síndrome, que vem tendo sua prevalência aumentada gradativamente, muito por causa do estilo de vida da população, é tarefa de todos.” Vol. 21 - nº 03 - agosto 2014 97 mais natural e atividade física compatível. Com a industrialização e o êxodo rural, essa população teve que se adaptar a um ritmo de vida das cidades, com menos atividade física, mais estresse e mudança na alimentação, voltados para o ganho ponderal e o fomento do diabetes. Por outro lado, fatores positivos e benéficos à saúde, como o acesso à água tratada, às vacinas e ao tratamento de diversas enfermidades encontrados nas cidades aumentaram a sobrevida das pessoas, com crescimento do diabetes com aumento da idade e, bem como as suas complicações. Revista Diabetes: Que mensagem deixa aos associados da SBD? Dr. José Egídio: Os principais membros da SBD são profissionais de saúde que estão diretamente ligados aos pacientes com diabetes e são peças fundamentais para promover a melhora da qualidade de vida dessa população. A convivência destes associados de maneira adequada, respeitosa e harmoniosa age positivamente no tratamento do paciente. Precisamos ter noção da importância de cada profissional, no auxílio do melhor controle e no bem-estar da pessoa com diabetes. O acompanhamento de uma síndrome, que vem tendo sua prevalência aumentada gradativamente, muito por causa do estilo de vida da população, é tarefa de todos. Aos colegas, principalmente aos mais jovens, deixo a mensagem de que sigam ao encontro dos objetivos da sociedade, que é de promover maior qualidade de vida ao paciente com diabetes. n 06/10/14 18:04 Atualidades Vol. 21 - nº 03 - agosto 2014 8 Dr. Augusto Pimazoni Netto Coordenador dos Grupos de Educação e Controle do Diabetes do Hospital do Rim e Hipertensão da Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP. [email protected] O Que Vem Primeiro: Ataques Cardíacos ou Diabetes? U m trabalho apresentado no último Congresso da American Heart Association, em junho de 2014, mostrou mais alguns dados que nos permitem avaliar as complexas e perigosas associações entre ataques cardíacos e diabetes. Reconhecer e tratar a doença de forma precoce previne complicações cardiovasculares. Nada menos que 10% dos pacientes tiveram seu diabetes diagnosticado enquanto estavam hospitalizados para o tratamento de ataques cardíacos. O estudo analisou dados de 2.800 pacientes com ataques cardíacos que não tinham sido diagnosticados com diabetes. O estudo foi desenvolvido em 24 hospitais americanos. Um dado do estudo, ainda mais preocupante, mostrou que menos de 1/3 dos pacientes que tiveram o diagnóstico comprovado durante a hospitalização recebeu alta hospitalar acompanhada de uma orientação educacional ou mesmo um tratamento adequado vi- 1699_Revista_SBD_v21n03_web.indd 10 sando o controle do diabetes. Além disso, também foi altamente preocupante o fato de que os médicos atendentes não reconheceram a presença do diabetes em 69% desses pacientes previamente não diagnosticados antes da hospitalização. A probabilidade desses médicos reconhecerem a presença do diabetes seria 17 vezes maior se eles tivessem solicitado a realização de um simples teste de hemoglobina glicada, como componente importante do conjunto de medidas diagnósticas aplicáveis a pacientes admitidos por problema de ataques cardíacos. Muito embora o teste isolado de glicemia possa mostrar alteração no momento do diagnóstico, o fato é que, em muitos casos, a glicemia isolada pode estar normal. Quando consideramos não apenas a glicemia isolada mas, sim, a glicemia média, representada pelos valores do teste de hemoglobina glicada, melhoramos consideravelmente a probabilidade de detectar o diabetes em pacientes hospitalizados e até então ainda não diagnosticados com a doença. Para complicar a situação, a American Heart Association ressalta o fato de que duas entre três pessoas com diabetes morre de doença cardíaca. Apesar da histórica polêmica sobre o eventual papel do diabetes mal controlado no aumento do risco cardiovascular, vários estudos têm demonstrado uma correlação bastante provável entre essas duas condições clínicas. E você, o que acha que vem primeiro: o ataque cardíaco ou o diabetes? n Fontes: American Heart Association. News Release. June 3, 2014. Which Comes First: Heart Attacks or Diabetes? Diabetes in Control. 06 June, 2014 and appeared in Cardiovascular, Issue 732. Disponível em: http://www.diabetesincontrol.com/articles/53-/16432-which-comes-first-heart-attacks-or-diabetes. Acesso em 11 de agosto de 2014. 06/10/14 18:04 Internet 9 N o início do ano, a diretoria da SBD apresentou uma nova proposta para o site da entidade. Uma delas criava um elo cada vez maior entre a Sociedade e o público. Além de todas as mudanças realizadas, o comitê editorial encontrou mais uma forma de ajudar as pessoas com diabetes e seus familiares, através da informação. A ideia é desmistificar que festas e ocasiões especiais podem se transformar em grandes problemas para o controle da doença. Dentro do www.diabetes.org.br foram criadas as Campanhas Temáticas que estão sendo publicadas ao longo de 2014. A escolha dos assuntos é feita de acordo com a sazonalidade, aproveitando as festividades e datas importantes do calendário. De acordo com o presidente da SBD, Dr. Walter Miniccuci, é importante para que as pessoas com diabetes possam aproveitar ocasiões especiais, sabendo corretamente o que fazer. “Nossa ideia foi trazer os pacientes para as atividades relacionadas aos festejos de uma forma mais saudável e segura, dando informações de qualidade, de um jeito leve e lúdico. Isso permite que possam ‘curtir’ melhor as festas”, comentou o endocrinologista. Até o momento foram feitas quatro campanhas. A primeira sobre o Carnaval, com o tema: Folia com Saúde. O objetivo foi de divulgar práticas saudáveis, 1699_Revista_SBD_v21n03_web.indd 11 selecionando oito tópicos básicos, para que o paciente diabético não se sentisse excluído de uma das maiores comemorações nacionais por conta de empecilhos relacionados à sua rotina. Para ver a reportagem, acesse: www.diabetes.org. br/ultimas/501-folia-com-saude A segunda “matéria temática” de 2014 foi sobre a Páscoa, com o título “A Páscoa Chegou!”. Como é uma época de muito consumo de chocolate, a finalidade foi incentivar o consumo consciente para que todos aproveitassem, sem, entretanto, cometer excessos. O link para acessar a matéria é: www.diabetes.org. br/pascoa A terceira campanha foi sobre Festa Junina e seu tema “Junho é Mês de Arraiá, Gostosuras e Diversão”. Com isso, foram divulgadas receitas típicas das festas juninas, selecionadas pelo Departamento de Nutrição da SBD. Confira essas receitas no link: www.diabetes.org. br/festa-junina. A Copa do Mundo de 2014 também foi tema para a seleção: “A Copa do Seu Jeito”. Como muitas partidas foram entre as 16h e 17h, hora do lanche da tarde, a SBD mostrou medidas importantes para que o paciente assistisse aos jogos, em casa ou no barzinho, sem grandes estragos no controle da glicemia. Uma das dicas lembrava da proibição de entrada de lanches nos estádios e como evitar possíveis problemas. Para acessar a reportagem o link é: copa2014.diabetes.org.br/ Vol. 21 - nº 03 - agosto 2014 Campanhas Temáticas Online para Pacientes com Diabetes Estão programados para os próximos meses: Semana de Nutrição; Diabetes e Atividade Física; Mês das Crianças; Dia Mundial do Diabetes e Fim de Ano/Férias. No primeiro semestre a aceitação do público em relação às “Matérias Temáticas” foi grande. Nos últimos seis meses de campanhas, o crescimento foi de 34,37% de páginas acessadas e 57,38% no tempo de permanência no site. Esses números mostram que o público buscou a informação e permaneceu no site. No Facebook, uma das redes sociais da SBD, publicações tiveram picos de 126.000 pessoas alcançadas diariamente. A equipe de conteúdo está monitorando as preferências para oferecer temas que são de interesse dos internautas. n 06/10/14 18:04 Desafios na Educação 10 Vol. 21 - nº 03 - agosto 2014 Educando Educadores Sem Fronteiras: Edição Roraima O Educando Educadores Sem Fronteiras é um projeto de educação em diabetes da SBD, com patrocínio da World Diabetes Foundation (WDF), que começou este ano e já com um desafio pela frente: a distância. O primeiro estado escolhido foi Roraima. Para o grupo da SBD que esteve durante os dias 8 e 13 de abril nesta primeira fase do projeto, foi uma experiência que ficará para sempre na memória de cada um. Os problemas encontrados em uma população com tantas dificuldades fez repensar conceitos e ter a certeza de que há muito o que fazer pelo interior do país. Equipe Comprometida – O grupo que vem realizando o trabalho do Educando Educadores é o mesmo que está à frente desse novo braço do projeto. A equipe responsável pelo “EE Sem Fronteiras” é composta pelas médicas. Claudia Pieper e Denise Franco; psicóloga e educadora Graça Câmara; enfermeiras Roseli Rezende e Elessandra Sicsu; nutricionistas Fernanda Castelo Branco e Tarcila Ferraz de Campos; professor de educação física William Valadares; e cirurgiã dentista Ana Paula Camargo. Segundo a Dra. Claudia Pieper, coordenadora do projeto, depois do sucesso do Educando Educadores, o grupo quis partir para novos desafios e enfrentar uma realidade diferente, trabalhando junto a populações distantes dos grandes centros. Para a equipe, o aprendizado poderia ser o grande responsável pelo resgate da saúde. A médica lembra que as cidades distantes dos grandes centros não despertam muito interesse e, por isso, era importante encontrar apoio financeiro com entidades internacionais para viabilizar o EE Sem Fronteiras. “A ideia surgiu há algum tempo, mais precisamente em 2011, quando encontramos com um representante da WDF, 1699_Revista_SBD_v21n03_web.indd 12 no Congresso da IDF, em Dubai”, relembrou a Dra. Claudia. Bent Lautrup Nielsen (da Dinamarca, e que trabalha para a WDF) queria investir no Brasil na área de educação e foi apresentado à iniciativa pela endocrinologista. “Mostramos a consistência do projeto e o que pretendíamos com ele.” Depois de reuniões e definições, era preciso montar o escopo e escolher os locais onde o projeto começaria. Roraima, Amazonas e Paraíba foram os estados selecionados. O primeiro Curso contemplou uma população indígena em Boa Vista e demorou seis meses para ser montado, com as adaptações necessárias, e um formato que visava capacitar e atualizar em diabetes médicos, enfermeiros, nutricionistas, psicólogos e agentes de saúde ligados a vários grupos indígenas. Foram 74 inscritos, provenientes de 32 unidades de saúde da capital e dos municípios vizinhos de Boa Vista, alguns situados a mais de 400 Km de distância (Caroebe e Rorainópolis). O Curso foi direcionado a um grupo abrangente de médicos e profissionais da área de saúde, selecionados de todos os municípios de Roraima, das UBSs, da Secretaria de Saúde do Índio (SESAI), da Casa de Apoio à Saúde Indígena (CASAI), dos hospitais públicos, de professores da Universidade Federal de Roraima e de alguns parceiros da rede privada. Participaram desta edição, através de um trabalho em conjunto com a equipe do “EE sem Fronteiras”, uma equipe engajada em suas cidades e que foi decisiva para que tudo desse certo: Dr. Edson Bussad (delegado da SBD e organizador local do evento), Profa. Tânia Soares (diretora geral do ETSUS), Maria Alexandra Moura (coordenadora do setor de capacitação do DSY- Distrito Sanitário Yanomami), Prof. Alex Cirbajev (diretor do CCS - Centro de Ciências de Saúde), Prof. Calvino Camargo (co- ordenador do mestrado em ciências da saúde), Janira Costa e Silva e Keila Cinara (técnicas do NCDANTES - Núcleo de Doenças Crônicas não Transmissíveis). Ponto de Partida – Ao todo, o grupo de profissionais de saúde passou por 40 horas teórico-práticas, que começaram às 8h do dia 8 e se encerraram às 18h do dia 11 de abril. Na sequência, foi realizada uma Feira de Saúde para a Comunidade local. O Curso começou no Hotel Aipana em Boa Vista, Roraima, com uma extensa e intensa programação, que incluiu aulas teórico-práticas (oficinas) e vivências (dramatização), com o objetivo de promover um melhor aprendizado dos participantes. O grupo aprendeu a desenvolver planos educativos e didáticos para uma Feira de Saúde, dirigida à comunidade, e realizada no dia 13 de abril de 2014, com repercussão na mídia local. O objetivo final é que eles se tornem multiplicadores de informação em suas cidades. Foram noves meses de trabalho para a finalização de todas as etapas da primeira edição do “EE Sem Fronteiras”, que obedece um molde diferente para cada região do Brasil. “Criamos um novo conceito do trabalho em uma região muito carente que tem a população indígena como a maioria a ser atendida pelos profissionais de saúde”, explicou a Dra. Claudia Pieper. O longo período de preparação também se deve a uma falta de continuidade entre os gestores de governo. “As mudanças de governo são problemas graves que atrasam uma atividade tão importante.” A Dra. Claudia destaca o trabalha de Tania Soares, que ocupava o cargo de diretora geral do ET SUS (Escola Técnica do Sistema Único de Saúde), onde são treinados centenas de profissionais de saúde. Ela ajudou na 06/10/14 18:04 Vol. 21 - nº 03 - agosto 2014 11 divulgação e na mobilização do grupo. Dentro da programação, além das aulas, estava incluída uma visita a CASAI (Casa de Saúde Indígena), que fica a 12 Km do centro de Boa Vista, e foi uma das localidades onde esteve o Projeto SBD Vai ao Gestor, em 2011. É considerado ideal para um melhor entendimento da interface entre a comunidade indígena aldeada e os centros de referências de saúde do SUS. Segundo a médica, a realidade de atendimento nesta unidade é bem diferente dos moldes tradicionais, como por exemplo as “enfermarias”, que são separadas por etnias na região (Macuxi, Wapixana, Yecuana e Yanomami, entre outros). Novos Hábitos, Velhos Problemas – Roraima também foi escolhida por apresentar um quadro muito preocupante. A Dra. Claudia explica que 60% da população é indígena, um dos maiores índices no país. “O número de pacientes diabéticos cresceu muito entre os indígenas nos últimos anos na região. Entre os motivos, a desnutrição proteico-calórica em várias tribos, que moram no interior ou na beira dos rios.” A Dra. Claudia conta que os ribeirinhos passaram a ter problemas com a pesca, pois os rios ficaram contaminados com metais pesados em função do garimpo. A mudança dos hábitos alimentares foi determinante para o aparecimento de várias doenças. O consumo de álcool entre os indígenas também cresceu, e somado à desnutrição proteico-calórica da infância, torna o pâncreas vulnerável, aumentando o número de casos de diabetes. “Acompanhamos pacientes com diabetes tipo 1 e várias complicações; com puberdade atrasada e baixa estatura; outros que não usam insulina porque não chega até a aldeia e precisam ir até a capital para adquirir o medicamento; além do pou- 1699_Revista_SBD_v21n03_web.indd 13 co tempo para aprender a lidar com as particularidades do diabetes. O maior problema dos profissionais de saúde, observado pela Dra. Cláudia Pieper, é o total desconhecimento sobre como lidar com o diabetes. “Treinamos 77 profissionais em Roraima, a maioria médicos, convocados de várias regionais. A falta de informação é muito grande. O objetivo é que eles saiam do curso e repliquem o aprendizado para minimizar o problema.” Segundo a Dra. Claudia Pieper vários profissionais de saúde não tiveram apoio governamental suficiente para o período do Curso, mas estiveram presentes, se mantendo com recursos próprios. O encerramento foi com uma feira de saúde para a população com repercussão na mídia local. Quem participava e apresentava alteração na glicemia capilar passava pelas sete estações desenvolvidas pelo grupo do curso EE Sem Fronteiras. Foram feitos: rastreamento de glicemia capilar; informes sobre cuidados em relação ao diabetes; medida de cintura abdominal; peso; e esclarecimentos sobre complicações. Foram levantados muitos dados dessa população que serão tema de um artigo a ser publicado em breve. Conhecimento e Lição de Vida – “Sempre fazemos uma avaliação inicial e no fim do curso para verificar o nível de aprendizado e incremento de informação no grupo. Observamos que a maior dificuldade é a implementação do curso na prática. Foi um impacto muito grande visitar o CASAI e ver a quantidade de famílias de índios que, independentemente da sua etnia, apresentavam acentuada desnutrição proteico-calórica, com os cabelos cor de fogo em função do problema, barrigas dilatadas e uma enorme carência de informação. É uma simplicidade somada ao que nós criamos com a invasão à cul- tura indígena. Tiramos a forma natural de vida deles. Doenças que não tinham antes e que passaram a fazer parte da rotina”, relatou a endocrinologista. O grupo da SBD voltou sob o efeito de um impacto muito forte do cenário que encontrou em Roraima. “Quando você pensa que já viu de tudo, não viu nada. Ninguém quer ver o interior do Brasil, as regiões carentes e locais com difícil acesso, que levam até seis horas de barco. Os postos de saúde são taperas indígenas. Uma cena de arrepiar. Os profissionais que visitam essas localidades distantes trabalham como os ‘médicos sem fronteiras’ na África. É uma medicina diferente da que imaginamos. Eles precisam de tudo, como orientações de higiene, nutricionais, medicamentos. Voltamos de lá sabendo que é preciso fazer muito mais. Foi só o início de um longo trabalho. Precisamos mobilizar e mostrar o que existe para conseguir conscientizar da necessidade de projetos como o EE Sem Fronteiras. São diabéticos no meio de populações indígenas”, relatou emocionada a endocrinologista. A equipe da SBD foi em busca do diabetes e encontrou diversas carências na área de saúde pública. Graves problemas de saúde e a falta de questões básicas, como a alimentação. Próximo Passo – Quem participou do Curso realizará Feiras de Saúde em suas cidades e uma das solicitações à equipe da SBD foi que o contato com o público seja mais abrangente em relação à informação. A próxima parada já está definida e será Manaus. A Dra. Claudia comenta que a disputa entre os profissionais da SDB que desejam participar está sendo grande. “Eles querem vivenciar o nosso país. Um Brasil que muita gente não quer ver.” n 06/10/14 18:04 Sobrevivência 12 Vol. 21 - nº 03 - agosto 2014 Desastres Naturais e Diabetes: Qual a Hora Certa de Agir? D esastres naturais, como o próprio nome diz, são fenômenos incontroláveis da natureza. Alguns são detectáveis com certa antecedência. Outros, não. Nos últimos anos, ocorreram diversas catástrofes com proporções difíceis de imaginar, tais como terremotos e tsunamis na Ásia. Mas não é preciso ir tão longe. Em janeiro de 2011, a região serrana do Rio de Janeiro, principalmente os municípios de Nova Friburgo e Teresópolis, sofreu com enchentes e deslizamentos de terras causados por fortes chuvas. Independente do tipo de desastre, a preparação para sobreviver a ele é de extrema importância. A grande preocupação das entidades é que pacientes sobrevivem às catástrofes e morrem por falta de medicamentos para o tratamento do diabetes. O CDC (Centers for Disease Control and Prevention), uma agência americana responsável pelo controle e prevenção de doenças, possui diversos manuais sobre como proceder em desastres naturais e até mesmo em casos de guerras. Segundo o Dr. Ammar Ibrahim, diretor geral do Instituto Nacional de 1699_Revista_SBD_v21n03_web.indd 14 A “lua de mel” começa uma semana depois do desastre e pode durar até três meses. Caracteriza-se pelo auxílio e dever de compartilhar. Diabetes Endocrinologia e Nutrição (INDEN), da República Dominicana, existem diversas classificações para os desastres naturais (terremotos, furacões, vulcões e outras como terrorismo, guerras e até mesmo situações de acidentes, como incêndios e enchentes) e dentro desse contexto ocorrem quatro fases cíclicas: resolução, “lua de mel”, desilusão e reconstrução. A primeira fase acontece imediatamente após o desastre. Momento em que ocorrem fatos físicos e emocionais muito fortes em toda a comunidade abatida pela catástrofe, além do esforço pes- soal para superar a crise nessa fase aguda. A “lua de mel” começa uma semana depois do desastre e pode durar até três meses. Caracteriza-se pelo auxílio e dever de compartilhar. É o momento em que ocorrem as ajudas humanitárias e todos os que sofreram com o desastre se sentem em um momento de grande comunhão. A terceira fase é a mais complicada, que pode começar no segundo mês do desastre e durar até dois anos. Nesta ocasião não há sentimento, especialmente se a recuperação foi prolongada. A última fase é a de reconstrução ou adaptação, que acontece muitos anos depois, tendo como característica a recuperação do estado físico e emocional e quando já não existem quaisquer manifestações de efeitos colaterais devido ao desastre. Para a sobrevivência em casos como estes é necessário estar preparado. Se para pessoas saudáveis é uma situação extrema, para os diabéticos é muito pior. O Dr. Ibrahim listou - durante o Fórum Internacional de Diabetes -, os pontos mais importantes para a sobrevivência do paciente diabético em situações de catástrofes naturais. São eles: 06/10/14 18:04 ço é a única que sobra. Os pés ficam sem a proteção necessária. Se ocorrer qualquer machucado, não há primeiros socorros para evitar que o problema se agrave. “A maior preocupação é a de desenvolver a patologia conhecida como Pé de Trincheira”. • Cuidados básicos: É preciso cuidado especial, principalmente entre os idosos, com a higiene dos dentes e com a hidratação dos olhos. Contudo, o especialista afirma que o mais importante é o conhecimento e a preparação antes que o desastre ocorra. Jamais se deve esperar o fato acontecer para pensar em como agir. As primeiras 72 horas são essenciais em qualquer tipo de catástrofes e para o portador de diabetes se tornam ainda mais importantes. Então, como se preparar e cuidar de uma pessoa com diabetes para enfrentar uma situação de catástrofe? Fotos: Nova Friburgo (RJ), após tragédia em janeiro de 2011; Dr. Ammar Ibrahim, diretor geral do INDEN, da República Dominicana. • Medicamentos: Neste item, dois fatores preocupam: a falta de medicamentos, incluindo o problema do armazenamento dos remédios que necessitam de refrigeração, como a insulina; e a dificuldade ou impossibilidade de cumprir horários, principalmente nos horários que se está habituado. • Alimentação: A quebra da rotina de alimentação se torna um fator de perigo pela escassez e limitação de quantidade e variedade dos alimentos. O que leva também a uma falta de energia para o corpo, podendo levar a uma hipoglicemia. Porém o mais importante é a água. • Monitoração da glicemia: Dificuldade em ter o equipamento disponível, falta de baterias ou perda da noção de tempo para o controle do horário dos testes de glicemia. • O pé: Muitas vezes em situações de desastres as pessoas acabam sem ter o que calçar e a opção de andar descal- 1699_Revista_SBD_v21n03_web.indd 15 O que deve incluir um plano básico de desastres para as pessoas portadoras de diabetes? O Governo Brasileiro não possui nenhum tipo de regulamentação ou manual de orientação sobre como proceder em casos de desastres naturais. Porém, foi criado em dezembro de 2011 o Centro Nacional de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais (CEMADEN), ligado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, que tem como principal objetivo auxiliar nas ações preventivas, e também possibilitar e identificar vulnerabilidades no uso e ocupação do solo, com destaque para o planejamento urbano e a instalação de infraestruturas. Atua ainda no aumento da consciência e consequente prontidão da população em risco, induzindo ações efetivas e antecipadas de prevenção e redução de danos. O Dr. Walter Minicucci, presidente da SBD, comenta a necessidade, para o Brasil, de um planejamento em casos de desastres e catástrofes, bem como da existência de um manual adequado às condições geográficas e climáticas do país (incluindo, por exemplo, as enchentes e deslizamentos de terra) sobre como agir, como se preparar e o que fazer nessas situações. Dr. Minicucci afirma que tais instruções e manuais devem ser veiculados de forma a serem o mais acessível possível. “A intenção é preparar as pessoas para que elas consigam se planejar antes da ocorrência do desastre”, enfatizou o presidente. Vale ressaltar que o Dr. Ibrahim listou os seguintes temas como essenciais dentro de um manual de sobrevivência em desastres naturais: • Informação correta sobre o desastre: Qual a natureza do desastre e quais são os lugares seguros onde a população poderá se proteger e conseguir água potável e comida? Como conter a distribuição da eletricidade e gás para evitar outros desastres? • Informações claras sobre emergência: Contatos que o diabético e cada pessoa deve fazer com a Cruz Vermelha e com hospitais. É importante ter uma lista de medicamentos que o diabético utiliza, cópias de receitas médicas e uma lista dos equipamentos básicos necessários para o cuidado do diabético. • Dieta: A pessoa que não é diabética pode consumir até metade da ingestão calórica que está acostumada, assim os suprimentos duram por mais tempo. Esse princípio não se aplica ao diabético, pois para ele, traria complicações ainda mais graves, portanto precisa de um plano de alimentação com horários corretos. Para esses casos é incentivado o armazenamento de alimentos. Ter uma quantidade de comida para até sete dias, todos sempre na validade, cobrindo o essencial para a alimentação do diabético. Se preocupar com o modo de armazenamento da comida e sua preparação, além de pensar em como consumi-la, por isso é indicado que se armazene pratos, copos e talheres de plástico. O mais importante é a água: calcula-se um galão (2 litros) por dia por pessoa. • Medicamentos: É essencial que não falte nenhum item de necessidade para o cuidado com o diabético como seus remédios ou a quantidade necessária de insulina. • Itens essenciais: Agulhas, medidor de glicose e fitas, kit de emergência de glucagon e uma garrafa plástica descartável vazia, para o descarte de fitas e agulhas usadas, tabletes de açúcar e um kit de primeiros socorros. É importante saber que a insulina pode ser conservada e usada até um mês e pode ser mantida em temperatura ambiente até 30 graus. É de extrema importância se identificar como diabético. n Vol. 21 - nº 03 - agosto 2014 Fotos: Celso Pupo 13 06/10/14 18:04 Publicação Vol. 21 - nº 03 - agosto 2014 14 D&MS Journal Por Cris Dissat A D&MS Journal – Diabetology & Metabolic Syndrome –, revista científica da SBD, alcança 2,5 de fator de impacto e passa a ocupar o primeiro lugar entre as publicações científicas da América Latina. Um índice comemorado por toda a comissão editorial e diretoria da SBD. A Revista Científica Online da SBD já havia obtido boas avaliações até 2013 – recebendo 1,9 como fator de impacto – e tinha boas perspectivas para 2014, mas a boa notícia veio mais rápida do que se esperava. O critério de avaliação para o fator de impacto segue o mesmo padrão das revistas impressas, ou seja, só o meio de divulgação (internet) é diferente. Atualmente são 109 revistas científicas brasileiras cadastradas e o segundo lugar está com 1,6 de fator de impacto. “Revistas já tradicionais estão abaixo de nós”, comemora o editor Dr. Daniel Giannella-Neto, da Universidade Nove de Julho (UNINOVE), que coordena o projeto desde o lançamento em 2009. “Logo no primeiro momento optamos apenas por uma revista digital e não impressa. Era uma alternativa que estava começando na época, mas acreditávamos nela”, explicou o Dr. Giannella, elogiando o pioneirismo e ousadia da Dra. Marília de Brito Gomes, que presidia a entidade na ocasião. “Sem o apoio dela, não teríamos conseguido.” O conteúdo da publicação – que pode ser acessado no endereço www. 1699_Revista_SBD_v21n03_web.indd 16 dmsjournal.com/ – inclui artigos sobre a pesquisa básica e estudos clínicos nas áreas de genética, fisiopatologia, imunologia, epidemiologia, tratamento clínico, estratégias terapêuticas, educação, nutrição e pesquisa psicossocial relevante para o estudo do diabetes e da Síndrome Metabólica. Todos os artigos publicados estão incluídos no PubMed, gerido pela Biblioteca Nacional de Medicina dos Estados Unidos, e o conteúdo também está indexado nos seguintes banco de dados: CAS, Citebase, DOAJ, Embase, Google Scholar, OAIster, PubMed Central, Science Citation Index Expanded, Scopus, Socolar e Zetoc. Atualmente, os associados da SBD envolvidos com pesquisa podem publicar sem custos, passando pelos critérios de seleção habitual, ou seja, o material é recebido pelos editores, avaliado e depois, se aprovado, é encaminhado à publicação (ver box com a Comissão Editorial da D&MS Journal). “Selecionamos os artigos que se identificam com a nossa especialidade e os editores se dividem, de acordo com a especialidade de cada um, para a avaliação”, explicou o Dr. Giannella. O Dr. Giannella explica que o projeto iniciou sendo totalmente aberto para publicações brasileiras e internacionais. “O mundo inteiro podia publicar e com isso foi um ‘boom’ de conteúdo em 2009. Lançamos em agosto e de forma integral. O plano era de iniciar aberto e ao alcançar um número de publicações o formato seria repensado. Entre- Trajetória em Cinco Anos A Revista foi uma das principais propostas da diretoria da Dra. Marília de Brito Gomes, lançada durante sua gestão (2008/2009), no dia 26 de agosto de 2009. A primeira submissão de artigos aconteceu em 1 de fevereiro do mesmo ano. Atualmente a revista, que tem só versão online e em inglês, recebeu 135 trabalhos de pesquisadores brasileiros (33,3% das publicações) e 271 de estrangeiros (66,7%). O tempo médio de aceitação dos trabalhos tem sido de 4,8 meses e o índice de rejeição, no período de 2009 a 2013, foi de 44,5%. O envio de submissão e publicações continua crescendo, como mostra o gráfico a seguir. Tipos de artigos aceitos 06/10/14 18:05 Vol. 21 - nº 03 - agosto 2014 15 Dr. Daniel Giannella-Neto tanto os custos aumentaram muito e foi impossível se manter por um período maior”, detalhou o Dr. Giannella. O editor da D&MS Journal diz que tem recebido cerca de 250 submissões por ano, o que considera um volume de trabalho muito grande. “Temos que dar conta de todo o trabalho e minha proposta é convidar novos editores para trabalhar conosco. Com o aumento do fator de impacto, o interesse em publicar aumentará também.” O Futuro da Revista – Para o Dr. Giannella o momento é de comemoração, mas também de avaliação, pois se houver mais estímulo para novas publicações será difícil suportar os gastos. “O Brasil não me preocupa mais porque já chegamos a um excelente patamar.” Ele enfatiza a responsabilidade de ser uma publicação séria e na manutenção do nível de revisão do material que é recebido. O ganho da SBD é institucional e não financeiro. “Não temos prejuízo, mas também não temos lucro. Recentemente, o Dr. Antonio Carlos Lerário, tesoureiro da SBD, refez o contrato com algumas mudanças, visando trazer mais benefícios para a entidade. Foi uma alteração significativa e positiva para nós. Ainda vamos demorar a ter o retorno de todo o investimento, mas é o início desse processo. Sabíamos que não é um trabalho a curto prazo.” A SBD tem um grande mérito nessa conquista importante para a diabetologia brasileira. n 1699_Revista_SBD_v21n03_web.indd 17 Compõe o Corpo Editorial da publicação os seguintes especialistas: Editor-Chefe: Daniel Giannella-Neto - Universidade Nove de Julho (UNINOVE), Brasil Editora Fundadora: Marília de Brito Gomes - Universidade Estadual do Rio de Janeiro, Brasil Gerente de Edição: Sergio Vencio - Universidade Católica de Goiás, Brasil Editor Associado: Humberto Dellê - UNINOVE, Brasil Conselho Editorial Brasileiro: André Fernandes Reis - Universidade Federal de São Paulo; Angelo Carpinelli - Universidade de São Paulo; Antonio Chacra - Universidade Federal de São Paulo; Beatriz D’Agord Schaan - Universidade Federal do Rio Grande do Sul; Durval Damiani - Universidade de São Paulo; Eduardo Tibiriçá - Fundação Oswaldo Cruz; Fabio Bessa Lima - Universidade de São Paulo; Fani Eta Korn Malerbi - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo; Hermelinda Cordeiro Pedrosa - International Diabetes Federation no Brasil; Jean Jorge Silva de Souza Escola de Medicina Nilton Lins; João Roberto de Sá - Universidade Federal de São Paulo; José Barreto Campello Carvalheira - Universidade Estadual de Campinas; José Cipolla-Neto - Universidade de São Paulo; Lenita Zajdenverg - Universidade Federal do Rio de Janeiro; Luis Henrique Canani - Universidade Federal do Rio Grande do Sul; Maria Bressan - Universidade Federal de Viçosa; Maria Lucia Correa-Giannella - Universidade de São Paulo; Milton Cesar Foss - Universidade de São Paulo; Monica Antar Gamba - Universidade Federal do Rio de Janeiro; Paulina Sannomiya - Universidade de São Paulo; Regina Celia Mello Santiago Moises - Universidade Federal do Rio de Janeiro; Renan Magalhães Montenegro-Jr - Universidade Federal do Ceará; Ricardo Martins da Rocha Meirelles - Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro; Rodrigo Nunes Lamounier - Santa Casa de Belo Horizonte; Sandra Roberta Gouvea Ferreira - Universidade de São Paulo; Sergio Atala Dib - Universidade Federal de São Paulo; Silmara Aparecida Oliveira Leite - Universidade Positivo; Silvana Emília Speggiorin - Instituto da Criança com Diabetes; Ubiratan Fabres Machado - Universidade de São Paulo; Zuleica Bruno Fortes - Universidade de São Paulo. Conselho Editorial Internacional: Andre A Kengne - South African Medical Research Council (África do Sul); Ilias Migdalis - NIMTS Hospital (Grécia); Klaus Kaestner - University of Pennsylvania (Estados Unidos); Koon-Hou Mak - Mak Heart Clinic (Cingapura); Markus Niessen - University Hospital of Zurich (Suíça); Michael Weinem - Society for Biomedical Diabetes Research (Alemanha); Sanjay Kalra - Bharti Hospital (Índia); Simon Dunmore - University of Wolverhampton (Reino Unido); Thomas Caceci - Virginia Tech (Estados Unidos); Trevor Orchard - University of Pittsburgh (Estados Unidos). 06/10/14 18:05 Internacional 16 Vol. 21 - nº 03 - agosto 2014 KiDS: A Vida Escolar da Criança com Diabetes Por Flavia Garcia U ma criança sai do consultório médico com o diagnóstico de diabetes e com uma série de regras que precisa seguir, até que entenda melhor as reações de seu organismo em relação à doença. Algumas, como testes de glicemia e aplicação de insulina, farão parte de todos os dias de sua vida. Esta deve ser uma situação corriqueira para você, médico e profissional de saúde, mas você já se colocou no lugar dela? Já parou para pensar em como ficará a vida escolar dessa criança? E mais, você sabia que muitas crianças e pais sofrem discriminações nesta “volta às aulas”? No Brasil, a Associação de Diabetes Brasil (ADJ) tem o registro de diversas reclamações e pedidos de ajuda de pais de crianças com diabetes, pois algumas escolas se negam a receber crianças com diabetes ou mesmo chegam a expulsar essas crianças, com a “justificativa” de que não têm condições de cuidar delas. Em outros casos, um dos responsáveis chega a parar de trabalhar para cuidar da saúde de seu filho, indo à escola todos os dias para fazer a “ponta de dedo” e dosar a insulina. Existem muitos casos de discriminação do paciente diabético, principalmente pela falta de informação da população, e a criança em idade escolar sofre consequências sociais e emocionais com isso. Diante de situações como essas, que acontecem pelos quatro cantos do mundo, a International Diabetes Federation (IDF) desenvolveu o projeto KiDS (Kids and Diabetes in Schools) e escolheu as cidades de Nova Delhi, na Índia, e São Paulo, no Brasil, para a implantação do projeto piloto. O KiDS foi lançado oficialmente no Brasil em 5 de agosto, em uma entrevis- 1699_Revista_SBD_v21n03_web.indd 18 Números Apresentados •No Brasil existem cerca de 200 mil escolas, com 52 milhões de alunos. O KiDS pretende atingir diretamente 20% dos alunos de cada escola escolhida para participar deste programa piloto. •5 a 10% da população com diabetes no Brasil é infanto-juvenil com o diabetes tipo 1, sendo insulino-dependente. •Cerca de 5 mil novos casos de DM1 são diagnosticados anualmente no país. ta coletiva realizada em São Paulo, que reuniu jornalistas e blogueiros de diversos estados. Na Índia, o projeto havia sido apresentado em 23 de julho. Para falar sobre o projeto, estiveram presentes representantes das entidades que apoiam a iniciativa: o Dr. David Chaney, médico especialista em educação do paciente na IDF; Carlos José, presidente da ADJ; Fabiola Correia, representante do Ministério da Saúde; Sérgio Metzger, representante da IDF-SACA e relações internacionais da ADJ; Dr. Walter Minicucci, presidente da SBD; Dr. Luiz Eduardo Calliari, representante da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP); Dra. Denise Franco, membro da diretoria da SBD e diretora da ADJ; Lisandra Paes, coordenadora pedagógica de uma escola na qual o piloto já foi implantado e mãe de uma adolescente de 17 anos, com diabetes desde o primeiro ano de vida; Mark Barone, líder do grupo Jovens Líderes em Diabetes da IDF; e Marcus Diniz, diretor da Unidade de Terapias Especiais da Sanofi, patrocinadora do projeto no Brasil. Cada participante deu o seu depoimento sobre o projeto, que tem como principal objetivo levar para as escolas uma educação em diabetes, causas, consequências e prevenção da doença. Ele busca promover o melhor entendimento e apoiar as crianças nas escolas públicas e privadas a envolverem-se em estratégias de cuidados eficazes, para participar plenamente na vida escolar e desmistificar o diabetes. Segundo o Dr. Chaney, o projeto começou na IDF há mais de dois anos, com a realização de pesquisas em diversos países e reunião de um conteúdo informativo para que se pudesse montar um kit a ser distribuído nas escolas participantes e disponibilizado nos sites dos apoiadores do projeto. “Montar esse kit demorou bastante, pois o material precisou ser feito em vários idiomas e adaptado para a realidade de cada país, inclusive nas ilustrações. Afinal roupas e hábitos alimentares são bem diferentes e o material precisava ser atrativo para todos os povos”, afirmou ele. Ainda segundo o especialista americano, o KiDS cria um ambiente escolar que promove o engajamento da criança com diabetes e todos os outros alunos e professores, que devem atuar como embaixadores do programa. O projeto inclui distribuição de livros e realização de atividades para quatro diferentes públicos, dentro do ambiente escolar: professores (equipe da escola), pais de crianças com diabetes, outros pais e familiares e as crianças (alunos do ensino fundamental). O Dr. Walter Minicucci, presidente da SBD, acredita que este projeto tem grande importância não só para o meio escolar, como também para os profissionais de saúde e para a saúde pública. Além disso, ele ressaltou que todos co- 06/10/14 18:05 nhecem alguma pessoa com diabetes. “Se temos 10% da população com essa doença, toda criança terá contato com um paciente, seja do tipo 1 ou tipo 2, sendo seu coleguinha de escola ou um familiar. Por mais nova que seja a criança, aprendendo os cuidados e indicações básicas de nutrição, na escola, acaba sendo um agente disseminador da informação e da prevenção da doença e complicações”, completou o presidente. O Dr. Luiz Eduardo Calliari, da SBP, afirmou que o pediatra é um grande aliado deste processo, pois é ele quem lida diretamente com a criança e familiares, desde o nascimento. “Nossa missão é fazer com que as crianças com diabetes tipo 1 possam participar de todas as atividades naturais da infância, além de atuar na prevenção da obesidade infantil e auxiliando diretamente na prevenção do diabetes tipo 2. A desinformação, no caso do diabetes, é um grande problema, pois muitas pessoas, mesmo querendo ajudar, não sabem como. Então, com esse projeto, conseguiremos disseminar a informação e preservar os direitos da criança”, disse. Sergio Metzger, representante da IDF na América Central e América do Sul (IDF-SACA), acredita que a informação salva vidas e esse projeto tem grande poder. “Nossa luta é pelo binômio ‘educação’ e ‘acesso’. Um sem o outro não funciona, e, sozinhos, não conseguimos nada. Quanto mais pessoas estiverem informadas sobre o diabetes, melhor, e a mídia tem um papel fundamental de informar a população”, lembrou. Já a Dra. Denise Franco, da SBD e ADJ, fez um levantamento com os números do diabetes no Brasil, em especial DM1, e apresentou o Estatuto da Criança e do Adolescente. A médica relacionou ainda dados do estudo DAWN Youth, que abordam o tema “diabetes care in school” e completou que não existe trei- 1699_Revista_SBD_v21n03_web.indd 19 1 2 3 4 5 6 7 namento no cuidado básico do paciente com diabetes nas escolas em nenhuma parte do mundo. “É preciso diminuir o preconceito em relação à criança com diabetes”, afirmou ela. Ciente de que as leis nacionais não permitem que professores e outros profissionais fora do âmbito da saúde realizem determinados procedimentos, como a aplicação de insulina nos alunos, ela lembrou que algumas ações não médicas podem e devem ser tomadas como, por exemplo, oferecer um copo de suco a uma criança em crise de hipoglicemia, mas, para isso, é importante que o professor saiba identificar uma crise e esteja atento ao aluno. É também dever do educador diminuir a discriminação e aproximar a escola dos postos de saúde. A coordenadora pedagógica Lisandra Paes lembrou que, na maioria das vezes, a criança passa mais tempo nas escolas do que (acordadas) com seus pais e que a educação em diabetes é fundamental, com resultados imediatos. Ela relatou que uma semana após o treinamento dos professores em sua escola, um educador identificou uma crise de hipoglicemia em uma criança que a escola não tinha conhecimento de que tinha o diabetes, e agiu a tempo. Vol. 21 - nº 03 - agosto 2014 1. Dra. Denise Reis Franco 2. Dr. Luiz Eduardo Calliari 3. Dr. Walter Minicucci 4. Sergio Metzger 5. Carlos José 6. Dr. David Chaney 7. Marcus Diniz Fotos: Elias Gomes 17 O Programa KiDS na Prática – O piloto do Programa KiDS será realizado no Brasil até o final de 2014. Para participar, 15 escolas, entre públicas e privadas, estão em processo de seleção. Serão 13 do Estado de São Paulo e duas do Ceará, devido a uma demanda localizada. A implantação do programa dura um dia em cada escola, conforme horários combinados com a instituição de ensino. Para se candidatar, a escola precisa ter pelo menos dois alunos matriculados, com o diagnóstico de diabetes tipo 1, e ter entre 700 e 1000 alunos matriculados no ensino fundamental, com faixa etária entre 6 e 14 anos. O material, desenvolvido pela IDF, será disponibilizado para download gratuito nos sites das entidades parceiras. No Brasil, o programa está sendo coordenado pela ADJ. A iniciativa pretende alcançar cerca de 15 mil estudantes e 260 pessoas dentre pais, educadores e cuidadores. Após a visita às escolas, o programa escolherá cinco unidades educacionais para retornar e fazer um balanço das mudanças. n 06/10/14 18:05 14 de Novembro 18 Vol. 21 - nº 03 - agosto 2014 Juntos pelo Dia Mundial do Diabetes “Q uando reunimos várias entidades, conseguimos crescer mais e unificar as informações.” Assim o coordenador do Dia Mundial do Diabetes, Dr. Márcio Krakauer, atribui a parceria da campanha entre a SBD, a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), a Associação Diabetes Brasil (ADJ), a Associação Nacional de Assistência de Diabético (ANAD) e a Sociedade Brasileira de Cardiologia (CARDIOL). Segundo o médico, está sendo feito um grande planejamento das ações que serão realizadas em todo o país. “Reforçamos, no ano de 2014, uma parceria que espero que seja duradoura, para realização das ações do Dia Mundial do Diabetes. Já coordeno o projeto há cinco anos e acredito que é hora de unirmos ainda mais as forças da SBD e da SBEM também nesta questão. Para tanto a SBD firmou a parceria com a SBEM Nacional e já foram definidos alguns pontos importantes do projeto. Tudo será comunicado e todos os materiais terão a marca da SBEM ao lado da SBD”, afirma o coordenador. Além disso, para este ano, as negociações com diversos pontos turísticos do Rio de Janeiro já começaram. Como em 2013, estão sendo acordadas ações como a iluminação azul do Cristo Redentor, do Maracanã e diversos outros monumentos. O Pão de Açúcar, após 1699_Revista_SBD_v21n03_web.indd 20 uma reunião com a organização do Dia Mundial da SBD, já avisou que estará participando também. No ano passado trocou seu nome, no dia 14 de novembro, para Pão Sem Açúcar. Outra atividade que está sendo planejada é um concurso de culinária, cujos dados serão passados em breve. A Campanha 2014 – Tornar a vida do paciente mais saudável é o principal objetivo da campanha do Dia Mundial do Diabetes, no período entre 2014 e 2016. O tema Vida Saudável e Diabetes foi escolhido pela IDF (International Diabetes Federation) e será trabalhado pela SBD nos próximos anos, divulgando ações e informações para o público, governo e imprensa. No Site e nas Mídias Sociais – Em todos os anos, o mês de novembro é marcado por diversas atividades em prol da data e, em 2014, não será diferente. A campanha nas mídias sociais da SBD vem ganhando cada vez mais força. O site também foi atualizado ainda no segundo trimestre do ano e com isso fortaleceu as informações divulgadas nas redes sociais - www.diamundialdodiabetes.org.br. No site foi incluída uma mensagem do Dr. Márcio Krakauer, coordenador do Dia Mundial do Diabetes no Brasil, incentivando as ações com antecedência. A página contém, ainda, relatos das ações que aconteceram em 2013 em todas as regiões do Brasil e também o passo a passo de como fazer o download do aplicativo que a IDF lançou este ano, com o objetivo de aumentar o entendimento e consciência da população sobre o círculo azul por meio da postagem de fotos com o símbolo. Além do site, o público pode obter informações da campanha interagindo pela página do Facebook (www.facebook.com/diamundialdodiabetes) com cerca de 15 mil curtidas; pelo Twitter (www.twitter.com/wdd_brasil), que tem mais de 3 mil seguidores; pelo Flickr (www.flickr.com/diamundialdodiabetes), por meio de divulgação de fotos do público que participa da campanha e das atividades que são realizadas; e via Youtube (www.youtube.com/diamundialdodiabetes), com vídeos sobre a campanha. O Material da Campanha – A SBD produz, todos os anos, materiais informativos sobre o Dia Mundial do Diabetes, que podem ser usados gratuitamente por todos os envolvidos na campanha. São folhetos, cartazes e imagens para aplicar em camisetas. Todos os anos, novos materiais são produzidos e utilizados pelo público e profissionais de saúde em suas atividades. Faça o download do material e use em suas atividades pelo Dia Mundial do Diabetes. Os arquivos estão no site oficial e ficam localizados no menu “Campanha”. n 06/10/14 18:05 Diabetes 2015 Vol. 21 - nº 03 - agosto 2014 19 Expectativas para o XX Congresso da SBD Foto: Lisandro Luis Trarbach Porto Alegre (RS) sediará o próximo Congresso. Lançamento oficial aconteceu em agosto. A s novidades para o próximo Diabetes 2015 vão aumentando a cada mês. O lançamento oficial do XX Congresso da Sociedade Brasileira de Diabetes, em 21 de agosto, marca uma nova fase nos preparativos. A expectativa é de que a atividade, que tem data marcada para 11 a 14 de novembro de 2015, conte com a participação de 4 mil pessoas no Centro de Eventos da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (FIERGS). A FIERGS possui 10 mil metros quadrados e recebe inúmeros encontros da área de inovação, congressos e grandes eventos da cidade de Porto Alegre. A comissão organizadora tem feito visitas frequentes ao local para avaliação do espaço a fim de adequar às necessidades dos participantes do Diabetes 2015. O tema central, junto com as primeiras informações sobre a programação científica e social do congresso, está apresentado no site (www.diabetes2015. com.br) e em todo material de divulgação do evento. As comissões estão reunidas para a elaboração dos programas 1699_Revista_SBD_v21n03_web.indd 21 desde o início do ano e são presididas pelo Dr. Marcello Bertolucci. O Dr. Balduíno Tschiedel, presidente do evento, esclarece que assuntos relacionados a todas as áreas da diabetologia serão abordados. Segundo o Dr. Balduíno, os preparativos estão indo muito bem. Já foram feitos os contatos e convites aos participantes internacionais e toda essa antecedência é necessária, pois suas agendas são complexas e a organização do Congresso quer garantir a presença de todos. O desejo do Dr. Balduíno para o Diabetes 2015 é de que ele tenha também uma boa receptividade junto à indústria, que, por estar lançando diversos produtos, possui novidades a serem apresentadas e o evento é um dos meios para alavancar a divulgação junto à comunidade médica e científica. Como lembrado na última edição da Revista Diabetes, a cidade de Porto Alegre recebeu o Congresso da SBD em setembro de 1997, 18 anos antes desta edição. A XI edição do evento aconteceu no Hotel Plaza São Rafael. “A cada Dr. Balduíno Tschiedel, presidente do Diabetes 2015, fala dos preparativos para o próximo congresso da SBD. ano o Congresso é realizado em uma cidade diferente e Porto Alegre sentia-se pronta para receber de volta a atividade. Hoje uma das grandes capitais brasileiras, a cidade possui toda a infraestrutura necessária para realizar e receber um evento deste tamanho”, afirma o presidente do evento. Para finalizar, o Dr. Balduíno expressa suas expectativas e o desejo que este seja um grande Congresso, assim como foram as outras edições. “Minha expectativa para o XX Congresso da Sociedade Brasileira de Diabetes é, no mínimo, que possamos manter a mesma qualidade dos anteriores. Todos da SBD e SBD Regional Rio Grande do Sul esperam e desejam que o Diabetes 2015 seja um grande sucesso.” n 06/10/14 18:05 Colunista Convidado Foto: Celso Pupo Vol. 21 - nº 03 - agosto 2014 20 Dra. Reine Marie Chaves* N ão há dúvidas da necessidade de se disseminar intervenções para retardar o aparecimento do diabetes. Contudo, estudos clínicos têm mostrado que programas de saúde voltados para modificações no estilo de vida com foco na perda ponderal podem retardar o início do DM2 em indivíduos com alto risco para desenvolver a doença, mas infelizmente, nenhum estudo demonstrou que o diabetes pode ser prevenido ou retardado em programas de saúde pública. Embora sabendo-se que a prevenção é extremamente importante, os resultados evidenciados nos colocam em questionamento se devemos investir recursos públicos em programas de prevenção comunitária, considerando-se que a população estimada com pré-diabetes é muito grande e isto significaria uma relação custo x benefício não bem determinada. Estudos clínicos com foco na modificação de hábitos de vida, como o DPP (Diabetes Prevention Study) e o DPPOS (DPPout come study), visaram a redução ponderal e o aumento da atividade física, e quando todas as variáveis foram analisadas, observou-se que o efeito positivo obtido nestes estudos deveu-se à perda ponderal, parecendo ser este o alvo dentro das modificações de estilo de vida. Portanto, embora a atividade física seja importante, não há estudos randomizados mostrando o benefício isolado da atividade física na prevenção do diabetes, e também que tipo de exercício e por quanto tempo (meses, anos) deverá ser mantido e incorporado no “mundo real”. Em metanálise de estudos comunitários com pelo menos um ano de acompanhamento, com foco na perda de peso para adultos com risco de obesidade, observou-se reganho ponderal, e 1699_Revista_SBD_v21n03_web.indd 22 Diabetes Tipo 2: É Viável a Prevenção? o grau de perda sempre menor do que o observado nos ensaios clínicos de prevenção. A experiência da Finlândia nos mostra claramente esta evidência, quando num estudo baseado no DPS, observou-se que a perda ponderal de 2,5-4,9% levou à redução de risco de diabetes de apenas 18%, enquanto no DPS houve 58% de redução de risco após três anos de acompanhamento. A maioria dos programas comerciais para redução de peso, que poderia ser considerado como intervenções de base comunitária, demonstra que alguns participantes conseguem perder 3 a 4% de peso no 1º ano do programa, porém o reganho ponderal é sempre um desafio a ser enfrentado, principalmente quando os indivíduos têm que incorporar na rotina diária. Não há também ao certo uma definição da relação entre a perda de peso em kg e a redução do risco de diabetes. Portanto, admite-se que uma perda de 3 a 4% num período maior (>4 anos?), com manutenção por mais de 10 anos, seria necessária para se alcançar alguma prevenção significativa do DM2 (em torno de 15%), parecendo ser o retardo no desenvolvimento do diabetes decorrente e proporcional à perda ponderal. Uma perda pequena e não sustentada não parece trazer benefícios a longo prazo, assim como os testes genéticos para avaliação de risco do DM2 não têm aumentado a motivação dos indivíduos identificados para adesão aos programas de prevenção. A utilização de drogas tem sido considerada em alguns estudos, e com exceção da metformina, nenhuma outra foi usada por mais de 3 anos, parecendo ser esta a melhor droga para reduzir a incidência do diabetes. Contudo, o sucesso requer adesão a longo prazo, e se tivermos que usar rotineiramente drogas para prevenção do diabetes em in- divíduos de risco, estaremos retardando a doença ou diminuindo ainda mais o ponto de corte para o diagnóstico, o que merece uma ampla discussão. Novas drogas que promovem perda ponderal e melhoram fatores de risco cardiovascular, como os análogos e miméticos do GLP, poderão vir a ter um papel importante na prevenção, mas ainda se faz necessário considerar o alto custo destes medicamentos e tempo de uso. Finalmente, é necessário frisar que o objetivo de retardar ou prevenir o desenvolvimento do diabetes está relacionado à prevenção de complicações, e, portanto, é importante obtermos evidências clínicas de quanto reduziríamos complicações com o retardo de 4 a 5 anos no diagnóstico do DM2. A discussão persiste, sendo prematuro concluir se existe relação custo x eficácia favorável, em se estabelecer programas comunitários para prevenção do diabetes. Estes programas devem ser ininterruptos, como políticas públicas de saúde, com foco na população de risco, visando educá-los para redução progressiva do consumo exagerado de alimentos calóricos, a fim de garantir uma perda ponderal de pelo menos 4%, mantida a longo prazo. E nós, profissionais de saúde, devemos continuar estimulando os nossos pacientes à persistência da perda de peso sustentada, e à prática rotineira de atividade física, e, em campanhas públicas de educação, buscar não somente a determinação da glicemia capilar ao acaso, mas principalmente a orientação da população de risco para a importância da perda ponderal na prevenção do DM2. n * Dra. Reine Marie Chaves Fonseca, endocrinologista, Mestra em Medicina Interna pela Univ. Fed. da Bahia- UFBA, Diretora Fundadora do CEDEBA - Centro de Diabetes e Endocrinologia do Estado da Bahia. 06/10/14 18:05 Ponto de Vista Foto: Ricardo Oliveira Vol. 21 - nº 03 - agosto 2014 21 Dr. Ney Cavalcanti Uma Luz no Fim do Túnel A demência é uma síndrome decorrente da diminuição acentuada da nossa função cognitiva, o processo mental que nos permite viver em sociedade. Com o decorrer dos anos, o cérebro, assim como todo nosso organismo, envelhece, prejudicando a memória e a capacidade de aprender, julgar, raciocinar e realizar tarefas. Por conta disso, são comuns pequenos lapsos de memória nos idosos. Muitos permanecem neste estágio, outros evoluem com perdas maiores da cognição, inclusive, perdendo a capacidade de realizar as tarefas mais simples. Quando instalada, a demência é mais frequente de acordo com a idade do paciente. Rara até os 60 anos, quando o idoso passa dos 85 a chance de surgimento é 50% maior. Como a população vem cada vez vivendo mais, o número deste tipo de doente cresce também. A Organização Mundial de Saúde calcula que existem mais de 65 milhões de pessoas acometidas. Como não poderia deixar de ser, o problema preocupa as autoridades de saúde, visto que é uma doença que implica em muitos gastos, assistência permanente, intercorrências variadas etc. A perspectiva, inclusive, é 1699_Revista_SBD_v21n03_web.indd 23 que a demência ultrapassará, em breve, os gastos com os dois problemas que consomem mais recursos: as doenças cardiovasculares e o câncer. Apesar de uma série de condições serem capazes de acarretá-la, como tumor cerebral, doença da tireoide, neurofilis, entre outras, na maioria dos casos ela decorre do Alzheimer ou da arteriosclerose cerebral. Na primeira, existe um aumento, no cérebro, da quantidade de uma substância chamada beta amiloide, cujo motivo desse crescimento ainda é desconhecido pelos médicos, dificultando o tratamento e a prevenção. Este aumento tem uma ação maléfica sobre as células cerebrais. Na segunda, os neurônios sofrem por falta de irrigação, decorrente da obstrução dos vasos pela arteriosclerose. O recurso para prevenir, ou pelo menos retardar o seu surgimento, é procurar evitar ou tratar os conhecidos fatores de risco da doença: sedentarismo, hipertensão, colesterol elevado, diabetes etc. Nos últimos anos os cientistas fizeram uma importante descoberta: o número de idosos dementes continua crescendo em função de grande au- mento da população da terceira idade. Mas, por outro lado, também tem havido uma maior incidência de pessoas idosas livre deste problema. A redução do percentual tem sido observada em muitas pesquisas em vários países. Uma delas, analisando 17 anos (1982-1999), mostrou que a redução foi de 5,7% para 2,9 % na população americana. Outros países como Holanda, Suécia, Inglaterra e Finlândia realizaram pesquisas semelhantes, demonstrando que o percentual de dementes na população idosa vem caindo. Qual o fator ou fatores responsáveis por esta diminuição? As pesquisas sugerem que ela é menos frequente nos mais escolarizados, com melhor situação financeira e com menores fatores de risco da doença vascular (hipertensão, colesterol alto, tabagismo, obesidade etc.) e com uma vida feliz. E qual deles é o mais importante? Não sabemos. Enquanto isto não acontece, as recomendações para que o idoso diminua a chance de se tornar uma pessoa com demência é: estudar, ganhar dinheiro, viver bem, tratar bem os fatores de risco cardiovasculares, amar muito e, se possível, ser muito amado. n 06/10/14 18:05 Pelo Brasil Vol. 21 - nº 03 - agosto 2014 22 Mutirão em Sergipe Congresso ANAD O O 19º Congresso Brasileiro Multidisciplinar em Diabetes aconteceu entre os dias 24 e 27 de julho e trouxe como tema: Traduzindo a atualização científica para a prática. O congresso teve como finalidade levar atualização e reciclagem em diabetes aos médicos e multiprofissionais da saúde, além de capacitar profissionais de saúde. O evento foi presidido pelo Dr. Fadlo Fraige Filho. “O congresso tem contado com um público de aproximadamente 3.000 profissionais da área da saúde, médicos endocrinologistas, clínicos, cardiologistas, nefrologistas, especialidades afins e multiprofissionais com formação universitária. O congresso é constantemente ampliado e apresenta atualmente oficinas de diversas especialidades, além de atividades paralelas como cursos profissionalizantes.” n CBEM em Curitiba A cidade de Curitiba recebe, 20 anos depois, mais uma edição do Congresso da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia. Durante os dias 5 a 9 de setembro, médicos, congressistas, estudantes e profissionais de diversas áreas acompanharão os mais variados temas. A presidência do Comitê Executivo está a cargo do Dr. Cesar Luiz Boguszewski. O tema central é “Endocrinologia e Sustentabilidade”, aproveitando a fama da cidade considerada a capital ecológica do Brasil. A programação científica também tem temas relacionados. Uma das curiosidades é que o crachá, utilizado pelos participantes, foi produzido com a partir de garrafas pet recicladas. O 31º CBEM possui, ainda, um aplicativo oficial para smatphones, disponível para os sistemas Android e iOS. n 1699_Revista_SBD_v21n03_web.indd 24 Oftalmologia e Diabetes O ftalmologista Amigo do Jovem Diabético é um projeto resultante da parceria da UADERJ (União das Associações de Diabéticos do Estado do Rio de Janeiro) com a Sociedade Brasileira de Oftalmologia (SOB) e conta com o apoio da SBD, da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro e a Associação Diabetes Brasil. Os responsáveis pelo projeto são: Dra. Solange Travassos, Dra. Maria Delzita Neves, Enf. Fernanda de Freitas, Claudia Maximiliano, Rodrigo Batista, Margarida Brandão e Ricardo Sampaio, da UADERJ, e os doutores Mário Motta e Aderbal Júnior, da SBO. O projeto - que consiste no atendimento gratuito, pelos oftalmologistas, aos jovens com diabetes - conta com 574 pacientes cadastrados e cerca de 500 já atendidos. A Dra. Solange Travassos relata obter um feedback superpositivo dos pacientes. “Eles são muito bem tratados nos consultórios, o que melhora a autoestima. Como no SUS o acesso ao oftalmologista é muito limitado, nós temos pacientes com vários anos de doença que nunca tinham realizado mapeamento de retina. Como a retinopatia não dá sintomas nas fases iniciais, o exame anual da retina é muito importante para prevenir casos graves. Já realizamos angiografia e laser em vários pacientes, evitando a evolução para cegueira”, completa. n município de Ribeirópolis (SE) foi o local do mutirão de diabetes no dia 19 de julho. As atividades aconteceram na clínica de saúde Dr. Djalma Francisco de Lima e foram realizadas pela Associação Sergipana de Proteção ao Diabético (ASPAD) e pela Federação Nacional de Associações e Entidades de Diabetes (FENAD), que contaram com o apoio da Prefeitura da cidade. A Secretaria Municipal de Saúde forneceu a infraestrutura para a realização do evento. O mutirão consistiu na distribuição de materiais educativos (Jornal do Diabético e um livro para crianças com diabetes) e também na realização de exames gratuitamente à população. As pessoas que apresentaram glicemia capilar alterada foram atendidas individualmente pelos doutores Raimundo Sotero e Adriana Araújo (endocrinologistas). Também foram feitos exames de fundo de olho pelo Dr. Gustavo Melo (Hospital de Olhos de Sergipe) e os participantes foram orientados, na área nutricional, pela Dra. Cinthia Fontes. O objetivo da campanha, que é realizada durante todo o ano, é conscientizar a população sobre o diabetes e como evitar, diagnosticar e tratar essa patologia. No total foram realizados 459 exames. Destes, 372 estavam alterados, contabilizando 81,05% dos pacientes. n Encontro Paulista A SBEM Regional São Paulo organizou o Encontro Paulista de Endocrinologia Clínica, entre os dias 29 e 30 de agosto, em São José do Rio Preto. Presidido pelo Dr. Evandro Portes (foto), o evento aconteceu na Sociedade de Medicina e Cirurgia da cidade. Endocrinologia no idoso, osteoporose, diabetes, obesidade e uso de anabolizantes foram alguns dos temas abordados. n 06/10/14 18:05 Diabetes no Sul CODDHI 2014 correram na cidade de Caxias do Sul o IV Encontro Gaúcho de Endocrinologia e o XIX Encontro Gaúcho de Diabetes. O evento aconteceu nos dias 8 e 9 de agosto, na Faculdade Caxias do Sul (RS). Dentre os temas abordados, se destacaram: o tratamento não farmacológico da obesidade; as causas da mortalidade da DM2; o uso de testosterona em homens e mulheres e o manejo de tumores na hipófise. O evento foi presidido pelo Dr. Luis Henrique Santos Canani e pelo Dr. Daniel Panorotto. n Hospital Universitário Pedro Ernesto, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), realizou mais uma edição do CODDHi 2014 - Controvérsias em Obesidade, Diabetes, Dislipidemias e Hipertensão. O evento aconteceu entre os dias 14 e 16 de agosto e foram discutidos e apresentados diversos temas relacionando o diabetes com outras patologias como a tuberculose, além de promover discussões acerca de novos conceitos, particularidades de tratamento, abordagem em idosos etc. n O Vol. 21 - nº 03 - agosto 2014 23 O Congresso no Rio A terceira data de inscrição com desconto para o 1º Congresso Regional de Diabetes, promovido pela SBD-RJ, termina em 30 de setembro. Após essa data, os valores são: Médicos associados (SBD, SBEM E ABESO): R$ 290; Médicos não associados: R$ 435; Residentes e pós-graduados: R$230; Residentes não associados: R$345; Profissionais de saúde associados: R$ 175; Profissionais não associados R$ 260; Acadêmicos em formação e técnicos não associados R$ 220. A ficha de inscrição se encontra no site do Congresso: www.diabetesrio2014. com.br/index.php. A expectativa é de que o evento receba 600 congressistas, com temas focados para especialistas em diabetes e médicos de outras áreas. A comissão científica é formada pelos médicos: Adolpho Milech, José Egídio Paulo de Oliveira, Lenita Zajdenverg, Marília Brito Gomes e pela presidente da Regional e do Congresso, Dra. Anna Gabriela Fuks. n Novo Endereço em Pelotas A Associação Pelotense de Diabéticos começou, no fim de julho, a atender os pacientes em um novo local: Casa do Conselho, sala 401. O atendimento havia sido interrompido em abril deste ano quando precisaram sair da sala onde o grupo trabalhava. Durante três meses, a coordenação da entidade e a prefeitura negociaram um novo local para a sede. A entidade tem cerca de 1.500 membros registrados e o grupo está há 23 anos em funcionamento. Realizam reuniões todas as quartas-feiras, das 14h às 16h, onde ocorrem troca de informações, encaminhamento para consultas médicas e psicológicas, além do acolhimento dos voluntários. n Grupo de Estudos EndoSul 2014 X DIACOR om inscrições gratuitas, pelo site da SBD-RJ (www.diabetesrio.org. br), o próximo encontro do Grupo de Estudos Multidisciplinar em Diabetes (GEMD) está marcado para o dia 27 de setembro, no Colégio Brasileiro de Cirurgiões, no Rio de Janeiro. O tema desta edição são as “Complicações Subdiagnosticadas: Disautonomia do Trato Gastrointestinal e Genitourinário”. O evento terá como palestrantes os doutores Luiz J. Abrahão Jr, Joana Rodrigues Dantas Vezzani, Marcus Miranda dos Santos Oliveira, Antonio Tavares e Renato Castro Torrini. No site da Regional, existe uma área de downloads onde é possível baixar os arquivos contendo aulas já ministradas. n décima edição do “Atualização em Diabetes na Cardiologia” foi realizada nos dias 22 e 23 agosto, em São Paulo. Em todos os anos, o foco do evento, que é presidido pelos professores doutores Bernardo Leo Wajchenberg, Antonio Carlos Lerário e Roberto Barcellos Betti, tem sido melhorar a saúde e o atendimento ao paciente. O Diacor 2014 promoveu atualizações e trocas de experiências, devido a seus palestrantes renomados nacional e internacionalmente, com experiências e vivências em diversas áreas como na cardiologia, endocrinologia, angiologia, geriatria, clínica médica entre outros. O evento aconteceu no Centro de Convenções Rebouças, no coração da cidade. n C 1699_Revista_SBD_v21n03_web.indd 25 A cidade de Florianópolis (SC) receberá mais uma edição do EndoSul. O evento será realizado nos dias 21 e 22 de novembro no Costão do Santinho Resort, que já recebeu a terceira edição do evento. O encontro está sendo coordenado pelo Dr. Itarian da Silva Terres. As inscrições com desconto estão abertas até o próximo dia 9 de outubro. Os valores até este período são: R$300 para Sócios quites da SBEM/SBD/ABESO; R$750 para sócios não quites / não sócios SBEM/ SBD/ABESO; R$300 para Residentes; R$300 para Pós-graduandos de medicina; R$160 para Acadêmicos de medicina e R$750 para outros profissionais de saúde. n A 06/10/14 18:05 Mundo Digital Vol. 21 - nº 03 - agosto 2014 24 Tecnologia & Diabetes @ N omes diferentes, dicas úteis para o dia a dia do profissional de saúde e novidades em relação às novas tecnologias na área de diabetes são os temas da coluna. Por isso, se você tem alguma dúvida em um tema específico nessa área não deixe de enviar sua pergunta para a Redação da Revista Diabetes. Descobrir novidades é sempre uma busca muito interessante. Back Up Automático – Os smartphones e tablets se tornaram companheiros quase inseparáveis dos profissionais de saúde nas salas de congressos. Usando o zoom dos celulares é possível captar com muita nitidez os slides para estudos. A qualidade e nitidez, mesmo com equipamentos não tão sofisticados, são excelentes. O problema está se você perder o celular. A maioria das pessoas comenta que o valor do equipamento é importante, mas o conteúdo é valiosíssimo. Entretanto lembrar-se de fazer back ups não é das tarefas prediletas de ninguém. Então por que não deixar isso para o Google? Se você tem um endereço de gmail, o Google fará isso para você. No seu aparelho, baixe o Google+ e concorde com a opção sincronizar nas configurações. Com isso, todos cliques que você fizer irão automaticamente para a internet em uma pasta no Google+. Elas não são compartilhadas a não ser que você faça essa operação. Todas as fotos entram em pastas nas datas que foram feitas. Tudo organizado. Caso você perca seu apare- 1699_Revista_SBD_v21n03_web.indd 26 lho, basta entrar lá e baixar ou ver direto na nuvem. E o melhor, você não precisa perder um minuto para fazer isso. Deixe o trabalho para o Google. Pâncreas Biônico – Parece até nome de filme de ficção científica. Os mais “antigos” vão lembrar-se do Homem de Seis Bilhões de Dólares, uma série sobre o ciborgue Steve Austin, interpretado por Lee Majors, que também era conhecido como O Homem Biônico. Como a ficção está cada vez mais próxima da realidade, o pâncreas biônico está longe de ser ficção. As pesquisas não são mais novas e estão se intensificando. O pâncreas artificial é a última versão de um dispositivo que os pesquisadores vêm aperfeiçoando há vários anos. O sistema consiste em um iPhone 4S com um dispositivo conectado ao monitoramento de glicose, duas bombas e reservatórios de insulina e glucagon. Um sensor é implantado sob a pele no abdômen do paciente e fornece a leitura para o smartphone. O software do telefone calcula a dose de insulina e glucagon a cada cinco minutos. O medicamento é, então, bombeado através de tubos finos de dois pontos de infusão minúsculos incorporados sob a pele do outro lado do abdômen do paciente. A pesquisa foi descrita no The New England Journal of Medicine e foi notícia em jornais como o New York Times. Facebook x Twitter em Saúde – Duas das maiores redes sociais da internet não precisam travar uma batalha de audiência na área de saúde. Cada uma tem um atrativo melhor e funciona bem em determinado momento. Os profissionais de saúde preferem o Facebook porque podem navegar com mais calma e na hora que julgar importante. O Twitter é muito mais instantâneo e funciona bem em eventos de curta duração, como o Dia Mundial do Diabetes (@wdd - da International Diabetes Federation - e o @ wdd_brasil - da Sociedade Brasileira de Diabetes) e nos congressos da entidade. Por isso, na dúvida onde investir suas fichas para um projeto na área de saúde ou divulgação de um evento na área médica prefira o Facebook (Fanpages). Mas lembre-se que isso muda e análises devem ser feitas regularmente. No momento em que notícias relatavam um declínio do Twitter, a Copa do Mundo registrou um aumento e uma explosão de mensagens em um minuto. Mas, o tema era futebol e não saúde. #ficaadica n Cristina Dissat, responsável pela coluna, é jorna- @ lista especializada em mídias digitais, com pós-graduação em comunicação digital. 06/10/14 18:05 Novidades Lançamentos da Indústria Farmacêutica Sucos Zero Novo medicamento para o DM2 JUXX apresentou, recentemente, a linha de bebidas sem açúcar da marca. A empresa conta com produtos destinados a todos os tipos de consumidores, inclusive os que possuem restrições alimentares, como os diabéticos. Todos os sabores da marca estão com a versão zero. Estes são adoçados com Sucralose Splenda e podem ser consumidos por gestantes, lactantes e diabéticos. A JUXX foi pioneira na fabricação do suco de cranberry e blueberry no Brasil e conta também com os sabores de romã, ameixa e frutas vermelhas. n canagliflozina é uma droga, de uma nova classe de medicamentos para diabetes, com efeito primário sobre a reabsorção renal de glicose, os inibidores de proteína cotransportadora de sódio/glicose. Foi aprovada pela ANVISA e, segundo o fabricante, é mais uma opção de tratamento aos 73% dos pacientes que não conseguem atingir os níveis adequados de glicose no sangue. Os estudos envolveram análise isolada da canagliflozina em conjunto com outras terapias para diabetes como met­ formina, sulfonilureia, pioglitazona e insulina. A aprovação foi baseada em estudos que envolveram cerca de 10.300 pacientes. A droga será comercializada sob o nome de Invokana 100 mg, pela Janssen Pharmaceuticals, inc.,Titusville, N.J. n A Lente Monitora O laboratório farmacêutico Novartis divulgou uma parceria com o Google para a utilização da uma lente de contato inteligente para monitorar o diabetes. Quando colocada no olho, ela utiliza as lágrimas do paciente para monitorar a glicose no sangue. De acordo com um comunicado divulgado pela Alcon, filial da Novartis, a lente é composta por um chip wireless e um sensor miniaturizado de glicose prensado entre duas camadas de material gelatinoso. O dispositivo é equipado com um LED que fica responsável por emitir sinais sempre que houver alteração no nível de glicose. Até o momento, não há previsão de entrada do equipamento no mercado. n 1699_Revista_SBD_v21n03_web.indd 27 Vol. 21 - nº 03 - agosto 2014 25 A Insulina Inalada (Parte 2) A Sanofi assinou um acordo com a MannKind Corporation para obter a licença mundial exclusiva para a comercialização do medicamento AFREZZA. O acordo de colaboração entre as duas empresas prevê que a Sanofi assuma a responsabilidade do desenvolvimento, regulamentação e comercialização do produto. O produto será lançado, nos Estados unidos, no primeiro trimestre de 2015. A aprovação da insulina em pó, de ação rápida, pela FDA, foi divulgada na coluna Novidades da Indústria da última edição da Revista Diabetes. n Reeducação Alimentar L ançada, no mercado brasileiro, a linha Optifast, que oferece soluções nutricionais em um programa de reeducação alimentar voltado a pacientes com sobrepeso ou obesos com diabetes associada. Os produtos são resultado de uma parceria da Nestlé Health Science e a Sanofi. O programa conta com uma linha de soluções nutricionais, como substitutos de uma ou mais refeições diárias, conforme necessidade identificada pelo profissional de saúde. fazem parte desta linha produtos como: pó para preparo de bebida sabor baunilha, sopa de vegetais, omelete de queijo e mousse sabor chocolate. Os produtos já são comercializados nos Estados Unidos, Austrália e Espanha e possuem mais de 70 estudos científicos. n 06/10/14 18:05 Pelo Mundo Vol. 21 - nº 03 - agosto 2014 26 Europeu de Diabetes N o período do dia 15 a 19 de setembro de 2014 será realizada a 50ª edição do encontro anual da European Association for the Study of Diabetes (EASD 2014). O evento acontecerá em Viena, na Áustria, e o Dr. Raimund Weitgasser é o responsável pela coordenação desta edição. As inscrições para o evento estão disponíveis desde o dia 8 de julho e podem ser feitas no site da entidade - www.easd. org - até o dia 3 de setembro de 2014. Após este período, o cadastro só será aceito no local onde acontecerá o evento. Aos interessados em participar desta edição do EASD os valores de inscrição para o evento são: €180 para membros da EASD até 35 anos de idade, €360 para membros entre 36 e 45 anos de idade, €440 para membros com 46 ou mais anos de idade e €750 para não membros da EASD. O prazo para envio de trabalhos foi finalizado em abril e o resultado está publicado no site do evento. Para acompanhar o andamento do EASD 2014, os participantes poderão baixar o EASD App, que estará disponível para download tanto para o sistema Android quanto para iOS. O aplicativo inclui todos os resumos, junto com webcats, cartazes eletrônicos e informações sobre o programa científico do evento. O EASD Virtual Meeting também estará disponível online e gratuitamente como nas outras edições do encontro. Neste ambiente é possível encontrar todas as apresentações em áudio e slides. Basta acessar a página: www.easdvirtualmeeting.org. O twitter do evento é o @EASDnews – onde estão sendo publicados informes como links de pesquisas e programação científica final. n Nas Montanhas do Machu Picchu D epois de vencer algumas das montanhas mais desafiadoras do Mundo, atletas com diabetes escalaram as Montanhas do Machu Picchu, com 4.600 metros de altitude. A expedição foi realizada pela World Diabetes Tour, com apoio da Sanofi, e teve a presença de dois brasileiros. Um dos objetivos foi estimular outras pessoas com diabetes a superar seus desafios. A escalada aconteceu entre os dias 20 e 25 de julho, com 11 alpinistas com diabetes tipo 1. A equipe total era composta por 13 atletas, dentre eles três médicos, e formada por diferentes nacionalidades: China, Índia, Jordânia, Brasil, Peru, Canadá, Espanha, França e Estados Unidos. Os dois brasileiros foram: Alexei Caio, paciente com diabetes tipo 1, e o Dr. Mauro Scharf, endocrinologista e diretor médico do Laboratório Frischmann Aisengart, ambos com experiência em montanhismo e atividades radicais. Foi possível acompanhar à distância cada passo dos alpinistas através do twitter @T1DChallenge e da página no Facebook: www.facebook.com/starbemsanofi. n 1699_Revista_SBD_v21n03_web.indd 28 Pediatria e Diabetes A contecerá no período de 3 até 6 de setembro a 40ª conferência anual da International Society for Pediatric and Adolescent Diabetes (ISPAD 2014). O evento será realizado em Toronto no Canadá, e terá como tema principal Diversity in Diabetes (Diversidade em Diabetes). O Dr. Denis Daneman e a Dra. Jill Hamilton são os responsáveis pela coordenação da conferência, que tem como objetivo reunir um grande número de profissionais dedicados a cuidar de crianças e jovens diabéticos e buscar melhorias em atendimento para este grupo em específico. As inscrições online para o evento já foram encerradas. Todos aqueles que têm interesse em participar deverão efetuar o cadastramento no local onde acontecerá o ISPAD 2014. É importante ressaltar que uma taxa de 50 U$ será adicionada. Os valores são: 880 U$ para membros ISPAD, 1.010 U$ para não membros e 550 U$ para estudantes, professores, enfermeiros, médicos e jovens. Entre os temas que serão abordados nos simpósios estão: “Childhood diabetes in Developing Countires: Delivering care with impact”; “Using Accurate self-blood Glucose monitoring systems to namange Insulin trated Diabetes Children and Adolescents”; e ”From Clinical Trials to Practice: When Rubber Hits the Road”. No dia 5 de setembro acontecerá o ISPAD Recognition Dinner (jantar de confraternização). O evento acontecerá às 19h30 e é uma celebração especial para homenagear e premiar médicos que tiveram grandes conquistas no ano anterior. n 06/10/14 18:05 Comunicados da SBD Atividades da SBD Sergipe A Regional Sergipe da SBD divulgou as atividades que foram desenvolvidas durante o primeiro semestre de 2014. No total, foram cinco reuniões científicas e seis mutirões aos pacientes. Houve, também, uma doação do presidente da Regional SE, Dr. Raimundo Sotero, ao Serviço de Diabetes do Instituto de Previdência do Estado, de cerca de 1.200.000 comprimidos de Diabemed. Para o segundo semestre estão previstas, ainda, as seguintes atividades: Mutirões da Independência, do dia das crianças, de Natal e uma caminhada pelo Dia Mundial do Diabetes. n Clipping da SBD A lém das importantes matérias que o site da SBD divulga, a entidade disponibiliza, também, para seus associados, uma área de “clippings” com as notícias que estão na mídia. A área, conhecida como “Diabetes na Imprensa”, conta com diversas publicações feitas em jornais, revistas, sites etc. As mais recentes são: “Dispositivo detecta complicações associadas ao diabetes”; “Glicose em alta faz crescer amputação”; e “Os homens apresentam piores índices do que as mulheres em oito variáveis da pesquisa”. Para acessar, visite: www. diabetes.org.br/diabetes-na-imprensa. n Palestras do Fórum da IDF O s profissionais de saúde que refizeram seu cadastro no site da SBD têm acesso a todas as palestras que foram gravadas durante o Fórum Internacional de Diabetes, realizado no final de abril, em Foz do Iguaçu. São 62 vídeos com diversos temas que foram tratados durante o evento, como: o Simpósio de DM1, Evidências Científicas da Dieta Ideal, Pré-Diabetes, Abordagem do Paciente DM2, Controle Glicêmico, Neuropatia e Pé Diabético, entre outros assuntos. Para acessar as palestras é preciso estar logado na “Área de Profissionais de Saúde” e ir no menu horizontal “Educação”. Se já estiver logado, basta ir no menu “Profissionais de Saúde”, no setor Multimídia. n A 1699_Revista_SBD_v21n03_web.indd 29 U ma boa indicação que os profissionais de saúde podem sugerir para pacientes ou o público leigo que acessa o site da SBD é a área “Para Público”, localizada na parte inferior do portal. São dicas sobre Alimentação e Nutrição, Receitas e Perguntas e Respostas, onde podem ser esclarecidas várias questões. No setor de “Alimentação & Nutrição” é possível encontrar informações sobre os carboidratos, explicando sua importância para o organismo, o apoio da Campanha Mundial “Food Revolution Day”, com incentivo à alimentação saudável, entender melhor os rótulos de alimentos, entre outras. Já na área de receitas o leitor tem acesso a quatro tipos diferentes, diversificando entre as direcionadas para crianças, com opções de lanches, doces e outras refeições. Na parte de “Perguntas e Respostas” o internauta tira suas dúvidas sobre diversos itens, como: Açúcar Mascavo, Adoçantes, Atividade Física, Como Cuidar de uma Hipoglicemia e Leis e Diabetes. n SBD no CBEM A trigésima primeira edição do Congresso Brasileiro de Endocrinologia e Metabologia (CBEM) acontece entre os dias 5 e 9 de setembro, em Curitiba (PR), e a SBD estará presente no evento com seu estande. No local serão atendidos os associados da entidade, além da divulgação da vigésima edição do Congresso da Sociedade Brasileira de Diabetes 2015, que acontecerá em Porto Alegre, nos dias 11, 12, 13 e 14 de novembro do próximo ano. n Cargo Importante Dra. Hermelinda Pedrosa, vice-presidente da SBD, foi eleita vice-presidente da World Wide Diabetes, sendo a única representante brasileira. Além da médica, estão na nova diretoria: presidente - Jaime Davidson, MD – Estados Unidos; secretário - Fernando Lavalle, MD – México; tesoureiros Richard Nesto, MD – Estados Unidos, Chantal Mathieu, MD, PhD – Bélgica, Francois Bonnici, MB, ChB, MMed – África do Sul, Linong Ji, MD – China e Petra-Maria Schumm-Draeger, MD, PhD – Alemanha. n Para o Público Vol. 21 - nº 03 - agosto 2014 27 25 Próximo Simpósio da SBD A próxima edição do Simpósio da SBD já tem data marcada: 11 de outubro. O assunto tratado no evento será “atendimento multidisciplinar no cuidado às pessoas com diabetes”. Irão participar os seguintes departamentos: Educação, Enfermagem, Educação Física, Farmácia, Médico, Nutrição e Psicologia. O Simpósio acontece no hotel Blue Tree Faria Lima, em São Paulo, entre às 8h30 e 14h30. Informações: www.diabetes.org.br n 06/10/14 18:05 Agenda Foto: PerseoMedusa Vol. 21 - nº 03 - agosto 2014 28 Setembro 2014 Outubro 2014 Dezembro 2014 31º Congresso Brasileiro de Endocrinologia e Metabologia TODDA – Curso Avançado no Tratamento da Obesidade, Diabetes e Doenças Associadas The 2nd World Congresso f Clinical Lipidology a9 || 5Expo Curitiba || CuritibaUnimed (PR) || www.cbem2014.com.br / || (51)3086-9100 / 3086-9109 || Data: Local: Informações: ASBMR – The American Society of Bone and Mineral Research Annual Meeting || || || |EASD | - European Association for the Study 12 a 15 Local: Houston, Texas, EUA Informações: www.asbmr.org Data: of Diabetes || || || 15 a 19 Local: Viena, Áustria Informações: www.easd.org Data: 53º ESPE – European Society for Paediatric Endocrinology Meeting || || || 18 a 20 Local: Dublin, Irlanda Informações: www.espe2014.org Data: 26º Curso de Qualificação para Profissionais de Saúde em Educação em Diabetes a 26 || 23Conselho de || EnfermagemRegional São Paulo, SP || www.adj.org.br || Data: Local: Informações: 18 || 17Rioe de Janeiro, RJ || Tel.: (21) 3543-0770 / || (11) 5641-1870 || Data: Local: Informações: 84th Annual Meeting of the American Thyroid Association || || || 29 de outubro a 2 de novembro Coronado, Califórnia, EUA Informações: www.thyroid.org Data: Local: Novembro 2014 1º Congresso Regional de Diabetes do Rio de Janeiro a 15 || 13Royal Tulip Hotel || Rio de Janeiro, RJ || www.diabetesrio2014.com.br || / (21) 2548-5141 || Data: Local: Informações: 9º Congresso de Endocrinologia e Metabologia da Região Sul (ENDOSUL) || || || || || 21 e 22 Local: Costão do Santinho Resort, Florianópolis, SC Informações: www.endosul2014.com.br / (48) 3322-1021 Data: XVI Congresso da SBCBM a 29 || 25Centro de Convenções || SulAmérica - Rio de Janeiro - RJ || www.sbcbm2014.com.br || (11) 3284-6951 / 3284-8298 / || Data: Local: || || || 5a7 Vienna, Austria Informações: clinical-lipidology.com Data: Local: 43º Encontro do IEDE 13 e 14 || 12, Hotel Porto Belo, || Mangaratiba (RJ) || (21) 2224-8587 || Data: Local: Informações: IPSA 2014 – 3º Congresso da International Pediatric Sleep Association || || || 3a5 Porto Alegre, RS Informações: www.ipsa2014.com Data: Local: Fevereiro 2015 XVI Congresso Brasileiro de Obesidade e Síndrome Metabólica de abril a 1º de maio || 30Windsor || Janeiro, RJBarra – Rio de || www.obesidade2015.com.br / || Tel.: (011) 3849-0099 || Data: Local: Informações: Março 2015 Endo 2015 a8 || 5San Diego, Califórnia, EUA || www.endocrine.org/ ||endo-2015 || Data: Local: Informações: Informações: 1699_Revista_SBD_v21n03_web.indd 30 06/10/14 18:05