CENTRO UNIVERSITÁRIO CESMAC CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” CLÍNICA MÉDICA DE FELINOS Principais enfermidades infecciosas dos felinos: revisão de literatura Ana Carolina Gonçalves Pagliusi Damiano São Paulo/SP 2015 Ana Carolina Gonçalves Pagliusi Damiano Principais enfermidades infecciosas dos felinos: revisão de literatura São Paulo/SP 2015 Ana Carolina Gonçalves Pagliusi Damiano Principais enfermidades infecciosas dos felinos: revisão de literatura Monografia apresentada como requisito para conclusão do Curso de Pós-Graduação, Especialização em Clínica Médica de Felinos da Equalis Ensino e Qualificação Superior, orientada pela Profª. MSc. Tatianna Frate Schwardt De Nardo. São Paulo/SP 2015 Ana Carolina Gonçalves Pagliusi Damiano Principais enfermidades infecciosas dos felinos Monografia apresentada como requisito para conclusão do Curso de Pós-Graduação, Especialização em Clínica Médica de Felinos, da Equalis Ensino e Qualificação Superior, orientada pela Profª. MSc Tatianna Frate Schwardt De Nardo. Curtitiba/PR, 02 de Março de 2015 Profª. MSc Tatianna Frate Schwardt De Nardo. São Paulo/SP 2015 Dedicatória Para meus queridos pais, meus alicerces. Tudo sempre por eles. “Gatos amam mais as pessoas do que elas permitiriam. mas eles têm sabedoria suficiente para manter isso em segredo.” Mary Wilkins Resumo As doenças infecciosas dos felinos são geralmente causadas por vírus. A Leucemia Viral Felina (FeLV), é causada por um gamaretrovírus de distribuição mundial que afeta tanto felinos domésticos quanto selvagens , é uma doença que possui grande importância devido a sua disseminação a partir de um felídeo portador ou doente. Erroneamente, acredita-se que a FeLV é somente responsável pelo desenvolvimento de tumores, o que nem sempre acontece, já que a apresentação clínica mais comum da doença é a imunodeficiência. A Imunodeficiência Felina (FIV) é causada por um lentivírus semelhante ao vírus do HIV. Um sinal clínico bem comum à infecção pelo FIV é uma inflamação crônica gengival sugerindo a disfunção imunológica. Palavras-chave: doenças infecciosas, leucemia viral felina, imunodeficiência viral felina Sumário INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 7 1. LEUCEMIA VIRAL FELINA ........................................................................................ 8 1.1. Definição ..................................................................................................................... 8 1.2. Histórico ...................................................................................................................... 8 1.3. Importância da doença ............................................................................................... 8 1.4. Etiologia ..................................................................................................................... 9 1.5. Epidemiologia .......................................................................................................... 10 1.5.1. Distribuição geográfica ................................................................................. 10 1.5.2. Cadeia Epidemiológica .................................................................................. 10 1.5.2.1. Fonte de infecção......................................................................................... 10 1.5.2.2. Via de eliminação ........................................................................................ 10 1.5.2.3. Meio de transmissão .................................................................................... 11 1.5.2.4. Porta de entrada ........................................................................................... 11 1.5.2.5. Hospedeiros susceptíveis ............................................................................. 11 1.6. Patogenia ................................................................................................................... 11 1.7. Sinais clínicos ............................................................................................................ 13 1.8. Diagnóstico................................................................................................................ 14 1.8.1. Diagnóstico laboratorial ................................................................................. 14 1.8.2. Lesões anatomopatológicas ............................................................................ 15 1.8.3. Diagnóstico diferencial .................................................................................. 15 1.9. Tratamento ................................................................................................................ 16 1.10. Prognóstico .............................................................................................................. 16 1.11. Controle e prevenção ............................................................................................... 16 2. IMUNODEFICIENCIA FELINA................................................................................. 18 2.1. Definição ................................................................................................................... 18 2.2. Histórico .................................................................................................................... 18 2.3. Importância da doença ............................................................................................. 18 2.4. Etiologia ................................................................................................................... 19 2.5. Epidemiologia .......................................................................................................... 19 2.5.1. Distribuição geográfica ................................................................................. 19 2.5.2. Cadeia Epidemiológica .................................................................................. 20 2.5.2.1. Fonte de infecção......................................................................................... 20 2.5.2.2. Via de eliminação ........................................................................................ 20 2.5.2.3. Meio de transmissão .................................................................................... 20 2.5.2.4. Porta de entrada ........................................................................................... 20 2.5.2.5. Hospedeiros susceptíveis ............................................................................. 20 2.6. Patogenia ................................................................................................................... 21 2.7. Sinais clínicos ............................................................................................................ 22 2.8. Diagnóstico................................................................................................................ 22 2.8.1. Diagnóstico laboratorial ................................................................................. 22 2.8.2. Lesões anatomopatológicas ............................................................................ 22 2.8.3. Diagnóstico diferencial .................................................................................. 23 2.9. Tratamento ................................................................................................................ 23 2.10. Prognóstico .............................................................................................................. 23 2.11. Controle e prevenção ............................................................................................... 24 CONCLUSÃO .................................................................................................................... 25 REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 26 ! 7! INTRODUÇÃO Existem muitas enfermidades imunossupressoras e doenças infecciosas multifatorias. Dentre elas, podem ser citadas a Leucemia Viral Felina (FeLV), a Imunodefifiência felina (FIV), a Peritonite Infecciosa Felina (PIF) e a Doença Respiratória Infecciosa Felina (APPOLINÁRIO e MEGID, 2007). O vírus da FeLV é possivelmente a maior causa isolada, atraumática, de morte para gatos adultos (JARRET, 1988). Uma das mais notáveis características deste vírus em relação aos outros retrovírus felinos é que muitos gatos expostos a ele se recuperam, e tornam-se não virêmicos (SOUZA e TEIXEIRA, 2003). Muitas doenças causadas pelo FeLV envolvem os tecidos linfóide ou hematopoiético e incluem tumores (particularmente linfomas e leucemias), bem como as afecções degenerativas (como anemia e imunodeficiência) (JARRET e HOSIE, 2006). O curso progressivo da infecção pelo FeLV nos felinos é caracterizado por viremia persistente, resposta imunológica antiviral ineficaz em uma parcela considerável dos gatos infectados, imunossupressão e disfunção hematológica e hematopoiética que, no estágio terminal resultam em várias doenças e síndromes clínicas proliferativas e degenerativas (HAGIWARA et al., 2007). Já a síndrome da imunodeficiência adquirida nos gatos domésticos, induzida pelo FIV vem ganhando destaque especial na medicina veterinária, pois as semelhanças biológicas entre o FIV e o HIV propiciam estabelecer modelos experimentais para a infecção pelos lentivírus (SOUZA; TEIXEIRA, 2003). A infecção por FIV foi caracterizada por fatores de risco ligados ao comportamento agressivo (HARBOUR et al., 2006). O diagnóstico das infecções por FIV e FeLV é feito pela associação do exame clínico, geralmente inconclusivo, com exames laboratoriais complementares (TEIXEIRA et al., 2007) ! 8! 1. LEUCEMIA VIRAL FELINA 1.1. Definição A leucemia viral felina (FeLV) é uma doença infecciosa que causa imunodeficiência e doença neoplásica em gatos domésticos e felinos selvagens (BARR, 2008). Além disso, como todas as doenças causadas por retrovírus, a FeLV estabelece uma infecção permanente em seu hospedeiro (JARRET e HOSIE, 2006), e sua severidade é intimamente dependente das características genéticas da variante infectante do vírus (MOSER et al.,1998 apud SOUZA e TEIXEIRA, 2003). 1.2. Histórico O vírus da leucemia felina se originou há milhões de anos, por meio da transmissão cruzada entre espécies de retrovírus endógenos de rato, para os ancestrais do gato moderno (BARR, 2008). Em 1964 o vírus da FeLV, foi pela primeira vez descrito, por Jarret e colaboradores pela inoculação de gatinhos neonatos com uma suspensão obtida de linfonodos felinos linfomatosos (JONES et al., 2000), apesar de poucos isolados terem sido obtidos, pois foi impossível isolar o vírus da maioria dos tumores em que esperava-se encontrá-lo. No entanto, a presença do genoma viral foi demonstrada por hibridação e transinfecção, e assim, foi sugerido que a replicação viral e sua liberação não são necessárias para ocorrer a doença (MURPHY et al., 1999). 1.3. Importância da doença Os aspectos de saúde pública deste vírus têm sido objeto de numerosos estudos, mas nenhum deles encontrou uma ligação entre o FeLV e qualquer doença humana. Contudo, é recomendado que neonatos e indivíduos imunodeficientes evitem contato com gatos positivos para infecção pelo FeLV. É possível que um gato imunossuprimido pelo FelV possa transmitir outros patógenos em maior número do que os gatos normais, mas esta teoria não tem sido documentada (SOUZA e TEIXEIRA, 2003). Animais infectados, com o sistema imunitário comprometido, têm uma capacidade limitada de resposta imune frente à maioria das infecções, sejam elas causadas por bactérias, fungos ou vírus (BLEICH, 1988). Assim, é de suma importância conhecer a fundo a FeLV e as consequências a que ela pode levar, pois o vírus da leucemia felina afeta gatos do mundo todo (BARBOSA et al., 2007). ! 9! 1.4. Etiologia A classificação do retrovírus é complexa. Atualmente, os retrovírus são divididos em sete gêneros: Alpharetrovirus, Betaretrovirus, Gamaretrovirus, Deltaretrovirus, Epsilonretrovirus, Lentivírus e Spumavirus (SOUZA e TEIXEIRA, 2003). Os gatos são infectados por retrovírus representantes de três gêneros, Spumavírus, tendo como representante o vírus formador de sincício felino (FeSFV) que induz a uma infecção persistente, mas não aparente, sem evidência de patogênese ao hospedeiro; é prevalente em gatos de vida livre e parece ser disseminado por mordedura; gamaretrovírus que inclui o vírus da FeLV; Lentivírus, compreendendo o vírus da imunodeficiência dos felinos (FIV) (SOUZA e TEIXEIRA, 2003). O FeLV possui a típica estrutura do retrovírus, com três componentes principais: um genoma de RNA, constituído de uma fita simples que é transcrita pela enzima transcriptase reversa; um “núcleo” protéico e um envólucro externo, medindo 110 nm de diâmetro (JARRET, 1988). O vírus possui três genes internos que codificam as proteínas do núcleo (gag), as proteínas do envoltório (env), e a enzima trancriptase reversa (pol) (SOUZA e TEIXEIRA, 2003). Há dois componetes da partícula viral que possuem interesse particular: a proteína principal do capsídeo interno (p27) e a glicoproteína superficial (gp70). A proteína p27 corresponde ao antígeno que é detectado no plasma de gatos virêmicos por testes diagnósticos e na clínica. A molécula gp70, codificada pelo gene viral env, contém antígenos que são importantes na indução de imunidade contra o FeLV, tanto após a recuperação de uma infecção natural como após a vacinação. Esta molécula também contém sítios que se fixam nos receptores celulares e, consequentemente, determinam o subgrupo do vírus (JARRET e HOSIE, 2006). Cada componete do vírus é relevante para a patogênese, imunologia ou controle das infecções pelo FeLV (JARRET, 1988). Embora ainda não tenham sido descritos sorotipos, os isolados do FeLV possuem variantes ou subgrupos (FeLV-A, FeLV-B, FeLV-C e FeLV-T) devido à variabilidade das sequências de aminoácidos das glicoproteínas do envelope. As variações de sequências detectadas na glicoproteína de superfície seriam responsáveis pela utilização de diferentes receptores celulares, o que resultaria em diferenças de tropismo e patogenia entre isolados de campo (REVAZZOLO e COSTA, 2007). O FeLV-A é a forma transmissível do vírus, presumivelmente porque as células que expressam o receptor para esses vírus, são as células-alvo no sítio de infecção inicial ou na amplificação viral no hospedeiro. Este subgrupo está presente em todos os animais positivos, ! 10! podendo estar acompanhado do FeLV-B do FeLV-C, ou de ambos, pois sem o FeLV-A os outros dois não conseguem penetrar na célula nem realizar a replicação (SOUZA e TEIXEIRA, 2003). A recombinação entre o FeLV endógeno com o FeLV-A dá origem ao FeLV-B (TANDON et al., 2008). O FeLV-B, que é encontrado em cerca de metade dos isolados, é gerado por meio de recombinação entre os genes env do FeLV-A e um pró-vírus semelhante ao FeLV endógeno e defeituoso que está presente em todas as células dos gatos (STEWART, 1986 apud JARRET e HOSIE, 2006). O FeLV-C, que ocorre em cerca de 1% dos isolados, é um mutante do gene env do FeLV-A (RIGBY et al., 1992 apud JARRET e HOSIE 2006), não sendo transmitido na natureza pelo gato em que ele surge (JARRET e HOSIE 2006) e está relacionado com o rápido desenvolvimento de um tipo específico de anemia, caracterizado por uma completa interrupção da diferenciação eritróide. Já alterações específicas nos aminoácidos e uma pequena inserção na proteína do envoltório resultam na emergência de uma vairante citopática, o FeLV-T, que causa depleção linfóide e imunodeficiência (SOUZA e TEIXEIRA, 2003). 1.5. Epidemiologia 1.5.1. Distribuição geográfica A infecção dos felinos domésticos pelo vírus da leucemia felina apresenta distribuição mundial, (HAGIWARA et al., 2007). A prevalência é notadamente maior em locais de grande densidade de felinos, como gatis e abrigos (REVAZZOLO e COSTA, 2007). 1.5.2. Cadeia epidemiológica 1.5.2.1. Fonte de infecção A ocorrência da infecção tem sido demonstrada em felinos domésticos e selvagens infectados (REVAZZOLO e COSTA, 2007). A fonte de infecção é o animal persistentemente virêmico que pode estar sofrendo de doença relacionada ao FeLV, ou mais provavelmente, é um portador (JARRET, 1988). 1.5.2.2. Via de eliminação A eliminação do agente ocorre por meio da saliva, mordeduras, acasalamento e secreções contaminadas (MEINERZ et al., 2010). ! 11! 1.5.2.3. Meio de transmissão A origem do FeLV é o gato de modo constante virêmico que excreta vírus por todas as superfícies epiteliais e do nariz e da boca (JARRET e HOSIE, 2006). Os gatos com infecção persistente excretam o vírus pela saliva, o que constitui a principal fonte de vírus por contato direto ou por fômites. O contato direto com a saliva, principalmente durante brigas favorece a transmissão do FeLV (REVAZZOLO e COSTA, 2007). A utilização de seringas e outros equipamentos contaminados com sangue também podem transmitir o agente. Já foi descrita a transmissão vertical, inclusive de fêmeas apresentando a infecção latente (REVAZZOLO e COSTA, 2007). No entanto a infecção congênita é incomum, uma vez que gatas infectadas possuem problemas reprodutivos e uma infecção intra-uterina resulta em morte neonatal ou fetal em mais de três quartos das gatas infectadas (JARRET e HOSIE, 2006). 1.5.2.4. Porta de entrada As cavidades oral e nasal; a mucosa ou a pele com solução de continuidade constituem as principais portas de entrada para o FeLV (SOUZA e TEIXEIRA, 2003). 1.5.2.5. Hospedeiros susceptíveis Felinos domésticos e selvagens são considerados os hospedeiros susceptíveis da FeLV (REVAZZOLO e COSTA, 2007). 1.6. Patogenia A patogenia da infecção pelo FeLV é dependente da dinâmica entre fatores virais e relacionados do hospedeiro, como por exemplo a concentração de vírus inoculada, a virulência da linhagem viral, dose e duração da exposição, a presença de doenças concomitantes, a imunidade individual no momento, condições ambientais e a idade do hospedeiro (SOUZA e TEIXEIRA, 2003). Ainda segundo Souza e Teixeira (2003), como outros retrovírus, ao penetrar na célula, o FeLV induz à transcrição reversa, processo pelo qual o DNA viral é copiado a partir do seu RNA, com a participação da enzima transcriptase reversa. As cópias do DNA viral (provírus) migram para o núcleo, que por sua vez é incorporado no DNA cromossômico da célula hospedeira. O provírus integrado à célula é transmitido às células-filhas juntamente com outros genes. O provírus codifica para o RNA-mensageiro, iniciando a produção de novo RNA viral no citoplasma da célula infectada, e o eventual brotamento das partículas virais da ! 12! membrana celular. No caso do FeLV, ocorre ainda a síntese ativa de proteínas virais que podem ser encontradas no interior das células infectadas ou no plasma sanguíneo. Para muitas células infectadas, a saída de novos vírions (partículas virais) não significa destruição celular, de modo que existe a contínua produção de proteínas virais e vírions, isto é, a viremia é persistente, fato em que se baseia o diagnóstico imunológico da infecção pelo FeLV. De acordo com Souza e Teixeira (2003) e outros autores pode-se delinear a patogenia da infecção pelo FeLV por meio de seis estágios descritos a seguir. O primeiro estágio se dá quando uma vez o animal infectado, o vírus começa a replicar-se nos tecidos linfóides da região orofaríngea (QUINN et al., 2005) e, dentro de poucos dias, a progênie é carregada por uma viremia associada com células para a medula óssea e aos órgãos linfóides, onde cresce extensamente em células em divisão (ROJKO et al. apud JARRET e HOSIE, 2006). A partir desses locais, os vírus se alastram por todo o corpo pelo plasma e infectam células epiteliais em muitos órgãos, incluindo as glândulas salivares, a mucosa nasal e a orofaringe, pelas quais são posteriormente excretados (JARRET e HOSIE, 2006). No segundo estágio, um pequeno número de linfócitos e monócitos circulantes se infectam. No terceiro, ocorre uma viremia associada à células (linfócitos e monócitos) quee se desenvolve de dois a doze dias após a infecção, permitindo a disseminação do vírus para a medula óssea, timo, baço, trato gastrintestinal e linfonodos distantes (SOUZA e TEIXEIRA, 2003). A medula óssea é o local em que o sistema imunitário muitas vezes é capaz de derrotar o vírus, porém se a quantidade de vírus for muito grande, as células da medula óssea infectadas que estiverem circulando pelo organismo poderão carregar o vírus até as glândulas salivares, onde o ciclo infeccioso ficará completo (SWIFT, 1998). Em muitos gatos, a imunidade mediada por células e anticorpos neutralizantes para a glicoproteína do envelope gp70 são produzidos nos 1 ͦ, 2 ͦ e 3 ͦ estágios, geralmente resultando em eliminação do vírus Todavia, uma infecção latente na medula óssea, que é eliminada após vários meses, está presente em cerca de 50% dos gatos e falhas em conter a infecção ocasionam extensiva produção de vírus na medula óssea e viremia persistente (QUINN et al., 2005). O quarto estágio é o mais crítico da infecção aguda, denominado estágio hemolinfático e intestinal, onde ocorre a replicação viral nos neutrófilos, linfócitos e plaquetas ainda na medula óssea e nas células epiteliais intestinais, que são tecidos em constante mitose. No quinto estágio os neutrófilos e plaquetas da medula óssea infectados vão para a circulação ! 13! sanguínea, disseminando-se por todo o corpo, caracterizando assim a viremia (SOUZA e TEIXEIRA, 2003). O vírus presente tanto nos leucócitos como no plasma, é disseminado para epitélios glandulares e para mucosas, caracterizando o sexto estágio (QUINN et al., 2005). 1.7. Sinais clínicos O período de incubação para o desenvolvimento do linfoma, leucemia e enfermidades associadas ao FeLV em gatos naturalmente infectados é variável e vai de 3 a 41 meses, com média de 17, 6 meses para o aparecimento dos sinais clínicos (VALENZUELA, 2005). Após o desenvolvimento dos sinais clínicos, 80% dos gatos infectados morrem dentro de 2,5 a 3,5 anos, em comparação com 10% dos gatos não infectados de idade semelhante (MARI et al., 2004). A infecção pelo FeLV pode causar diversos sinais clínicos. É importante ressaltar que apesar da denominação, a leucemia felina nem sempre provoca o desenvolvimento de tumores ou manifestações relacionadas ao câncer (HARTMANN, 2006; LAPPIN, 2003 apud HORA e TARANTI; JÚNIOR, 2007). As conseqüências mais comuns da doença são imunossupressão, anemia e linfoma e isso tem mais chance de ocorrer em gatos virêmicos com FeLV-A e FeLV-B (JARRET e HOSIE, 2006). A forma mais comum de apresentação clinica por animais infectados é a imunodeficiência, causada principalmente por variantes do subgrupo A. Os sinais clínicos mais frequentes devem-se a infecções oportunistas e repetidas, como estomatite e gengivite crônicas, lesões de pele e abscessos subcutâneos, doenças respiratórias crônicas, e a maior incidência de PIF. A ocorrência de toxoplasmose também é favorecida pela infecção por FeLV (REVAZZOLO e COSTA , 2007). Ainda dentro das manifestações não-neoplásicas, incluem-se a síndrome da FIV, citopenias (neutropenia persistente ou cíclica/trombocitopenia), mielodisplasia ou síndrome pré-leucêmica; macrocitose/macroplaquetas; aplasia/hopiplasia da medula óssea; linfadenopatia; aborto, natimortos, infertilidade; glomerulonefrite; distúrbios neurológicos; múltiplas exostoses cartilaginosas, poliartrite e atrofia tímica (SOUZA e TEIXEIRA, 2003). Gatos infectados por FeLV também sofrem de anorexia grave, caquexia, emagrecimento progressivo e uma infinidade de infecções oportunistas. Dentre estas a mais fatal é a FIV que foi demonstrada em 7% dos gatos infectados por FeLV (MARI et al., 2004). Quanto às neoplasias associadas ao FeLV, as mais comuns são linfoma ou linfossarcoma e o fibrossarcoma (SOUZA e TEIXEIRA, 2003), sendo o linfossarcoma, a ! 14! mais freqüente (COUTINHO, 2008). Esta neoplasia consiste na transformação maligna de linfócitos que residem principalmente nos tecidos linfóides (MORRISON e STARR, 2001). 1.8. Diagnóstico 1.8.1. Diagnóstico laboratorial O diagnóstico da infecção pelo FeLV é feito pela associação do exame clínico, geralmente inconclusivo, com exames laboratoriais complementares (MIYAZAWA, 2002 apud TEIXEIRA et al., 2007). No hemograma e perfil bioquímico encontra-se achados que incluem anemia regenerativa normocítica normocrômica ou arregenerativa macrocítica (SHERDING, 1998), os achados da urinálise e do perfil bioquímico sérico dependem do sistema acometido e do tipo de doença . A análise do fluido pleural, frequentemente revela linfoblastos num fluido com alto teor protéico, e alta contagem de células totais (SOUZA e TEIXEIRA, 2003). Além desses exames, a análise de aspirado de medula óssea é excelente para diagnosticar a FeLV, especialmente por meio do teste de imunofluorescência indireta (RIFI), pois o vírus pode ser seqüestrado na medula óssea de alguns gatos que são negativos no exame de sangue (NORSWORTHY, 2006). O isolamento do vírus não é muito utilizado como método diagnóstico, embora antígenos virais possam ser detectados em células do sangue periférico. Consequentemente a técnica mais utilizada no diagnóstico é a Imunofluorescência (IFA), em esfregaços sanguíneos, sem contar os kits de ensaios imunoabsorventes ligados a enzima (ELISA) e testes imunocromatográficos disponíveis para a detecção de antígenos virais (REVAZZOLO e COSTA, 2007). Os testes diagnósticos detectam o antígeno p27 livre no plasma, vírus infecciosos ou antígenos em leucócitos. O antígeno plasmático é facilmente detectado por meio de ELISA ou testes de imunomigração (cromatográficos) (JARRET e HOSIE, 2006). O ELISA é um exame que tem a vantagem da alta sensibilidade e especificidade no diagnóstico, e segundo Souza e Teixeira (2003) não há diferença significativa em amostras idênticas entre os resultados deste teste e da reação em cadeia da polimerase (PCR), entretanto, depende do padrão ouro utilizado para comparação. Em um estudo realizado por Hofmann-Lehmann et al., (2001), em que o padrão ouro foi PCR pró-virais, verificou-se que a sensibilidade diagnóstica foi 90%, e a especificidade foi muito próxima a 100%, em que nenhuma das amostras p27 positivo acabou por ser PCR-negativo. No entanto Hartmann et al. (2001) descrevem que se o padrão ! 15! ouro é o isolamento viral, a sensibilidade diagnóstica está próxima de 90% e especificidade de diagnóstico de 98%. Apesar disso, Barr (2008) afirma que um único teste de ELISA positivo, não pode prever que os gatos ficarão persistentemente virêmicos, e deve-se então, testar esses animais doze semanas depois. Como exame indireto, tem-se a IFA que identifica o antígeno p27 do FeLV (BARR, 2008). É por isso que esse teste só é capaz de detectar o vírus após a viremia (SOUZA e TEIXEIRA, 2003). Resultados indicam uma infecção produtiva das células da medula óssea; 97% dos gatos positivos para o AIF permanecem infectados de forma persistente e virêmicos pelo resto da vida (BARR, 2008) Nos casos de resultado positivo o gato estará eliminando o agente (SOUZA e TEIXEIRA, 2003). Em geral, o antígeno p27 pode ser detectado por volta de quatro semanas depois da infecção, mas pode ser que leve até 12 semanas para se obter um teste positivo (BARR, 2008). Já no caso de um resultado negativo, o vírus pode estar em estado de latência ou ainda não ocorreu viremia, ou então, o animal realmente não apresenta infecção e um resultado falso negativo pode ocorrer devido à presença de neutropenia e trombocitopenia (SOUZA e TEIXEIRA, 2003). 1.8.2. Lesões anatomopatológicas Os distúrbios neoplásicos resultantes da infecção pelo FeLV são linfoma maligno com ou sem leucemia que resulta na ativação viral de proto-oncogenes celulares. Com base na distribuição anatômica, os linfomas são identificados de várias formas: linfoma tímico que ocorre principalmente em gatos jovens (com menos de três anos de idade), caracterizando-se por uma grande massa tumoral ou por massas originárias do timo e que substituem esse órgão, e que terminam ocupando o mediastino; linfoma do trato digestivo, observado mais em gatos idosos, caracterizado por tumores sólidos que infiltram-se pelo trato gastrintestinal, linfonodos abdominais, e frequentemente no fígado, baço e rim; linfoma multicêntrico, habitualmente observado em gatos maduros, caracterizado por um linfoma generalizado que afeta muitos órgãos e tecidos; e linfoma não classificado, que habitualmente apresenta-se na forma de massas tumorais isoladas em tecidos não linfóides, como o olho ou o sistema nervoso central (JONES et al., 2000). 1.8.3. Diagnóstico diferencial O diagnóstico diferencial para FeLV deve ser feito para infecções bacterianas, parasitárias e virais, como por exemplo, a FIV, ou infecções fúngicas e doenças neoplásicas não virais (BARR, 2008) . Segundo Helfand e Vail (1998), 70% dos linfomas felinos estão ! 16! casualmente associados ao FeLV, logo, deve-se considerar neoplasias hematopoiéticas como diagnóstico diferencial. 1.9. Tratamento Não existe um tratamento efetivo provado para o FeLV, mas a pesquisa e os experimentos terapêuticos encontram-se em progresso, utilizando várias drogas moduladoras imunes e antivirais. A terapia suporte pode prolongar a sobrevivência em pacientes selecionados (SHERDING e BIRCHARD, 1998). As transfusões de sangue como suporte de emergência podem ser necessárias pois a transferência passiva de anticorpo reduz a antigenia do FeLV em alguns gatos (BARR, 2008). O tratamento de suporte dos gatos infectados pelo FeLV visa conter as infecções secundárias e oportunistas, como também, a desidratação, a anemia e a desnutrição (COUTO, 1994 apud SOUZA e TEIXEIRA, 2003). A decisão de que se deva ou não iniciar o tratamento paliativo e sintomático nos gatos com infecções concorrentes não depende apenas da positividade do exame para o FeLV, embora a infecção por esse retrovírus possa influenciar no prognóstico do paciente (LEVI et al., 2001 apud SOUZA e TEIXEIRA, 2003). Muitos casos de linfoma em gatos positivos para FeLV têm sido tratados com êxito pela quimioterapia combinada. Nesses casos, são mais comumente utilizados os regimes que usam a vincristina, ciclofosfamida e prednisona. Outros métodos de tratamento utilizado para melhorar a condição de vida do gato, são a acupuntura e a homeopatia (COUTINHO, 2008). 1.10. Prognóstico O prognóstico para gatos virêmicos persistentemente pelo FeLV é reservado, pois em um período de dois a três anos, a maioria dos animais vêm a óbito (SOUZA e TEIXEIRA, 2003). 1.11. Controle e prevenção A leucemia viral felina é considerada uma doença mais comum entre gatos que vivem em grupos e mantém contato amigável. A introdução de um novo gato em criatórios deve sempre ser precedida pela realização dos testes FeLV e FIV, como meio de controlar a disseminação da doença. Além disso, a profilaxia da leucemia viral felina em animais que vivem em grupo baseia-se na identificação e no isolamento dos animais infectados e na vacinação daqueles expostos ao risco (HAGIWARA et al., 2007). ! 17! Quando se descobre que um gato dentro de um ambiente doméstico é positivo quanto a FeLV, deve-se testar todos os gatos em contato. Este ambiente deve ser quarentenado e os gatos positivos e negativos devem ser separados por um período de 3 meses e depois retestados (JARRET e HOSIE, 2006). Segundo Sherding (1998) a efetividade da vacinação contra a FeLV e os métodos utilizados para demonstrar a eficácia são controversos, em parte devido aos dados de eficácia disponíveis terem sido fornecidos por fabricantes em vez de pesquisadores imparciais. No entanto Jarret e Hosie (2006), afirmam que como resultado dos programas de teste e remoção, em conjunto com a vacinação de gatos não-infectados, a prevalência de infecção por FeLV tem diminuído acentuadamente e a disseminação da infecção dentro de ambientes domésticos com muitos animais tem sido evitadas. ! 18! 2. IMUNODEFICIÊNCIA FELINA 2.1. Definição O vírus da imunodeficiência felina (FIV) causa uma doença infectocontagiosa em que ocorre a deterioração do sistema imunológico e que antecede o desenvolvimento de manifestações clínicas associadas à imunodeficiência, incluindo infecções oportunistas e doenças crônicas inflamatórias e/ou neoplásicas (PEDERSEN e BARLOUGH, 1991 apud AVILA, 2009). Filogeneticamente o FIV é mais próximo do vírus da anemina infecciosa dos equinos (EIAV), artrite encefalite caprina (CAEV) e maedi visna dos ovinos (MVV) do que do vírus da imunodeficiência humana (HIV). Apesar disso, esse vírus é considerado um modelo animal adequado para estudos de patogenia, pesquisa de drogas anti-retrovirais e desenvolvimento de vacinas para o HIV. Isso se deve principalmente às características semelhantes dos quadros de imunossupressão observados em gatos (FIV) e humanos (HIV) (REVAZZOLO e COSTA, 2007). 2.2. Histórico O primeiro isolamento descrito do FIV foi em 1986, na cidade de Petaluma nos Estados Unidos. Os gatos infectados exibiram vários sinais clínicos sugestivos de distúrbio de imunodeficiência, porém, a colônia estava, e vinha sendo mantida livre de infecção pelo FeLV por meio de um programa de triagem rigorosamente aplicado (REVAZZOLO e COSTA, 2007). Demonstrou-se que o novo vírus pertencia ao gênero Lentivírus dos retrovírus e ele foi experimentalmente chamado de lentivírus T-linfotrófico felino e por meio de acordo internacional o nome foi mudado para FIV (HARBOUR et al., 2006). 2.3. Importância da doença Dentre os retrovírus capazes de infectar e induzir doenças em felinos, o FIV tem recebido especial atenção nos últimos anos, pois além de estar amplamente disseminado na população felina mundial, pode também determinar nos animais infectados, uma síndrome semelhando observada em pacientes humanos infectados pelo HIV (RECHE JR. et al., 1997 apud HAIPEK, 2006). ! 19! 2.4. Etiologia O FIV é um membro da família Retroviridae. É classificado como pertencente ao Gênero Lentivírus em virtude de suas características morfológicas e bioquímicas; como também, pela sua transcriptase reversa que é dependente do íon magnésio; pelo seu tropismo celular; organização genética e propriedades antigênicas (SOUZA, 2003). Os vírions do FIV apresentam 100 a 110nm de diâmetro, núcleo cilíndrico, que contém um filamento helicoidal de ribonucleoproteínas, circundado por uma membrana que é derivada da membrana externa da célula infectada, pois a partícula viral é externalizada por brotamento. O envoltório é composto por uma dupla camada fosfolipídica na qual estão inseridas as glicoproteínas virais, como a gp41 e a gp120, que permitem a ligação do vírus com a célula (SOUZA, 2003). Pequenas espículas compostas de moléculas de duas proteínas (uma proteína transmembrana de aproximadamente 40kDa e uma proteína superficial de cerca de 95kDa) se projetam a partir da membrana, contra as quais os anticorpos neutralizantes são direcionados (HARBOUR et al., 2006). O FIV possui três genes internos que codificam as proteínas do núcleo (gag), as proteínas do envoltório (env), e a enzima transcriptase reversa (pol) (SOUZA, 2003). Como outros lentivírus, o FIV possui transcriptase reversa Mg²+-dependente, que o destingue da transcriptase reversa Mn²+-dependente do FeLV (HARBOUR et al., 2006). O FIV foi dividido em cinco subtipos (A, B, C, D, E) com base em diferenças em seus genes de proteínas do envelope, (HARBOUR et al., 2006) e em uma diversidade maior que 20% na sequência de aminoácidos no gene do envelope (SOUZA, 2003). O subtipo B do FIV parece ser um grupo viral mais antigo e é possivelmente mais adaptado ao hospedeiro (menos patogênico) que o subtipo A (HARBOUR et al., 2006). 2.5. Epidemiologia 2.5.1. Distribuição geográfica O FIV apresenta distribuição mundial. Isso indica que o vírus, exista muito antes de 1968 e, portanto, trata-se de um vírus recém-reconhecido que é endêmico na população felina geral (HARBOUR et al., 2006). A soroprevalência na população pode variar de 1 a 30%, com índices mais elevados em animais que apresentam sinal de doença (REVAZZOLO e COSTA, 2007). ! 20! 2.5.2. Cadeia epidemiológica 2.5.2.1. Fonte de infecção A infecção ocorre com maior freqüência em gatos com mais de um ano de idade (REVAZZOLO e COSTA, 2007). Na maioria dos estudos sobre FIV em felídeos selvagens, não foi relatada patogenicidade aparente atribuída ao vírus (FILONI, 2006), mas numa pesquisa realizada por BARR et al. (1989) apud HARBOR et al. (2006) evidenciou-se infecção por FIV em várias populações em felídeos de zoológico, incluindo leopardos-dasneves, leões, tigres e onças-pintadas. Sabe-se atualmente que esse vírus difere bastante do FIV que acomete gatos domésticos (HARBOR et al., 2006). 2.5.2.2. Via de Eliminação O FIV é encontrado na saliva, soro, plasma e líquor de gatos infectados (MCCAW, 1994 apud GROTTI, 2007). O vírus pode ser encontrado em quantidades menores no sêmem e no leite (GROTTI, 2007). 2.5.2.3. Meio de transmissão A principal forma de transmissão parece ser pelo contato direto, através da saliva, pelas mordidas durante as brigas entre animais (REVAZZOLO e COSTA, 2007). A infecção pelo FIV foi caracterizada por fatores de risco ligados ao comportamento agressivo: machos adultos maduros idosos com grandes territórios são os mais acometidos e isso é contraditório à infecção por FeLV, pois os gatos se infectam geralmente em idade precoce (HARBOR et al., 2006). O vírus também pode ser transmitido pelo sêmem durante a cópula e pela ingestão de leite a partir de fêmeas infectadas (REVAZZOLO e COSTA, 2007). 2.5.2.4. Porta de entrada A principal porta de entrada é a pele lesionada ou com soluções de continuidade. As mucosas também podem atuar como portas de entrada para a infecção, principalmente a mucosa genital (SHERDING; BIRCHARD, 1998; SOUZA, 2003). 2.5.2.5. Hospedeiros susceptíveis De acordo com Murphy et al. (1999), na maioria das vezes o vírus é isolado de gatos domésticos, no entanto já houve isolamento viral em felinos selvagens. ! 21! 2.6. Patogenia Os cursos clínicos da infecção pelo FIV e pelo HIV são semelhantes, tanto que os mesmos estágios da infecção pelo HIV também são sugeridos na infecção pelo FIV (AVILA, 2009). No entanto, diferentemente do HIV (que usa a molécula CD4 como seu receptor primário), o FIV usa primeiramente um receptor de quimiocinas, o CCR4 (WILLET e HOSIE, 1999 apud HARBOUR et al., 2006) mas também pode ser capaz de utilizar outros receptores de quimiocinas, como o CCR3 e o CCR5. Isso explica porque o FIV é capaz de infectar diversos tipos de células mononucleares do sangue periférico e plasmáticas (HARBOUR et al., 2006). Após a inoculação experimental, a replicação viral ocorre nas células do tecido linfóide de glândulas salivares. O timo é um foco de replicação viral inicial resultando na depleção da reserva de células T. O vírus atinge as células mononucleares em órgãos como pulmões, trato intestinal e rins. Acredita-se que esta apresentação ocorra nos linfócitos T dos folículos corticais. O FIV apresenta um tropismo celular pelos linfócitos T-helper com marcadores de superfície para antígenos CD4. Os vírus circulantes decrescem para baixos níveis depois do início da resposta imune do hospedeiro (SOUZA, 2003). O estágio primário da infecção ocorre 6 a 8 semanas após a infecção em gatos de todas as idades, mas difere em gravidade e sinais clínicos. A linfadenopatia generalizada, que começa cerca de 10 dias após a infecção, persiste em gatos neonatalmente infectados e é transitória em adultos jovens, mas fica quase sempre inaparente em gatos idosos (HARBOUR et al., 2006). A neutropenia aparece 6 a 8 semanas (HARBOUR et al., 2006) e segundo Ravazzolo e Costa (2007) a imunossupressão observada nos animais infectados pelo FIV é o resultado da depleção dos linfócitos T auxiliares (CD4+), que leva a uma inversão da relação CD4+/CD8+. O comprometimento do sistema imunológico resulta no desenvolvimento de infecções oportunistas que caracterizam os estágios finais da doença. Gatos com infecção por FIV preexistente exibiram sinais de doença após exposição ao Mycoplasma haemofelis, Toxoplasma gondii, herpesvírus felino e calicivírus felino semelhantes aos sinais em gatos não-infectados por FIV, ainda que tenham sido mais graves (REUBEL et al., 1994, apud HARBOUR et al., 2006). Estudos adicionais demonstraram que sinais clínicos crônicos podem ser induzidos quando gatos com FIV são co-infectados com Chlamydia psittaci (O’DAIR et al.,1994 apud HARBOUR et al., 2006). Além disso, a infecção por FeLV preexistente em gatos, intensificou a gravidade dos estágios agudo e crônico de infecção por FIV subseqüente (PEDRESEN et al.,1990 apud HARBOUR et al., 2006). ! 22! 2.7. Sinais clínicos Os sinais clínicos da infecção pelo FIV são diversos devido à natureza do agente e dentre eles, pode-se citar rinite, conjuntivite, ceratite e diarréia persistente. Pode ocorrer linfadenomegalia, gengivite, estomatite, periodontite em 25-50% dos casos (BARR, 2008). No entanto, a inflamação crônica gengival é uma das consequências mais comuns da infecção pelo FIV. Estudos demonstraram que cerca de 50 a 80% dos gatos infectados pelo FIV apresentaram gengivite crônica, associada ou não a outras manifestações clínicas da doença HAIPEK (2006). A severa disfunção imunológica determinada pelo FIV é principal fator pela inflamação gengival, associada ou não a alterações da microbiota local (TENORIO et al.,1991 apud HAIPEK, 2006). Além disso, muitos animais infectados pelo FIV, especialmente aqueles abrigados em gatis, desenvolvem nefropatia crônica em algum estágio de suas vidas (AVILA, 2009). De acordo com um estudo realizado por Avila (2009), a ocorrência de doença renal crônica nos gatos infectados pelo FIV foi de 45%, em comparação aos 25% observados nos gatos não infectados pelo vírus, embora não se tenha detectado diferença estatiticamente significativa entre os grupos infectados e não-infectados. 2.8. Diagnóstico 2.8.1. Diagnóstico laboratorial O desenvolvimento de testes sorológicos para detectar antígenos virais é difícil pelo fato de que parece haver pouco vírus livre presente no sangue. No entanto, está disponível um ensaio que pode ser empreendido de cultivo de pequenas quantidades de sangue total e se baseia na detecção da proteína gag do FIV, que é liberada no sobrenadante da cultura (HARBOUR et al., 2006). Para a detecção de anticorpos, os testes mais utilizados são o ELISA, RIFI e Western blot (REVAZZOLO e COSTA, 2007). 2.8.2. Lesões anatomopatológicas Durante a infecção aguda pelo FIV o principal achado patológico é uma linfadenopatia generalizada periférica. Microscopicamente, há aumento da zona cortical do linfonodo como resultado de hiperplasia folicular. Já durante o estágio intermediário da infecção, as alterações que ocorrem tendem a se relacionar diretamente com os sinais clínicos apresentados, e em razão da ampla variação de problemas clínicos associado com o FIV, os ! 23! achados patológicos na infecção crônica são bastante variados e nenhum é patognomônico (HARBOUR et al., 2006). As lesões apresentadas refletem principalmente as que estão presentes nas infecções oportunistas. Observa-se encefalite, que se caracteriza pela presença de infiltrados mononucleares perivasculares e nódulos gliais, em elevada percentagem dos gatos afetados. No entanto, é mais provável que esta lesão seja decorrente do FIV, pois é semelhante à encefalite observada nas infecções pelo HIV. Em todo caso, deve ser tomada precaução em assegurar que essa encefalite não seja decorrente de outros agentes, como Toxoplasma gondii (JONES et al., 2000). 2.8.3. Diagnóstico diferencial O diagnóstico diferencial deve ser feito para infecções bacterianas, parasitárias, virais ou fúngicas e doenças neoplásicas não virais (BARR, 2008). Pode-se também, citar o linfossarcoma, o qual pode ser confundido com a linfadenopatia que pode ocorrer pelo FIV (SOUZA, 2003). No entanto a FeLV é o principal diagnóstico diferencial (SHERDING e BIRCHARD, 1998). 2.9. Tratamento Cuidados ambulatoriais são suficientes para a maioria dos pacientes (BARR, 2008). Alguns estudos têm demonstrado resultados promissores com a utilização de interferon recombinante para o tratamento da infecção, aumentando a sobrevida dos animais infectados (REVAZZOLO e COSTA, 2007). Os gatos doentes com infecções bacterianas relacionadas ao FIV podem algumas vezes responder drasticamente a antibióticos. Deve-se tratar cada episódio de infecção à medida que ele surgir (SHERDING; BIRCHARD, 1998). O tratamento com AZT pode beneficiar os gatos por promover a redução da carga viral plasmática, melhorar o status imunológico e clínico, melhorar a qualidade de vida e aumentar a longevidade (HARTMANN e SELLON, 2006 apud FIGUEIREDO, 2007). 2.10. Prognóstico O prognóstico dos gatos infectados não está por todo definido, pois dependendo da influência do meio ambiente, alguns felinos tornam-se relativamente saudáveis por um longo período, mesmo com uma progressiva falência do sistema imunológico (SOUZA, 2003). Nos primeiros 2 anos após o diagnóstico ou 4 a 6 anos após o tempo estimado de infecção, cerca de 20% dos gatos morrem, porém mais de 50% permanecem assintomáticos. ! 24! Quando é alta a ocorrência de infecções oportunistas graves, a expectativa de vida é baixa, sendo menor ou igual a um ano (BAAR, 2008). 2.11. Medidas de prevenção e controle A melhor prevenção contra FIV consiste em não permitir a livre perambulação dos gatos (SHERDING e BIRCHARD, 1998). Após a identificação dos animais positivos, o controle pode ser realizado pela separação dos animais infectados e não infectados reduzindo a possibilidade de transmissão (REVAZZOLO e COSTA, 2007). De acordo com Souza (2003) os gatos devem ser mantidos no interior de suas residências, num ambiente limpo e tranquilo, e principalmente, longe do contato com outros gatos para prevenir a transmissão da doença e não ficarem expostos à infecções por patógenos oportunistas. Além disso, é recomendada a castração dos gatos machos para reduzir a perambulação e as brigas ((SHERDING e BIRCHARD, 1998). Quanto às vacinas, não se encontra disponível uma vacinação contra o FIV (BICHARD e SHERDING, 1998). No entanto diversas vacinas experimentais têm sido desenvolvidas e avaliadas, incluindo vacinas com vírus inativado, proteínas recombinantes e vacinas de DNA (REVAZZOLO e COSTA, 2007). Deve-se dar consideração especial para resgatar gatos e, em alguns casos, o aconselhamento diferirá do fornecido aos proprietários de gatos de estimação infectados com FIV. Recomenda-se que gatos agressivos sejam abrigados separadamente de gatos sadios e testados quanto a FIV, se for possível. Também é aconselhável manter os gatos nos menores grupos possíveis; isso constitui medida importante na prevenção do alastramento de qualquer agente infeccioso (RAVAZZOLO e COSTA, 2007). ! 25! CONCLUSÃO Pode-se concluir por meio desta revisão bibliográfica de que essas doenças infecciosas felinas são bastante complexas e requerem muita atenção. Isso porque os gatos são pacientes diferenciados, e muitas vezes, negligenciados pela clínica. As doenças descritas não possui cura efetiva, e por isso o manejo adequado e medidas como a castração, para se evitar a superpopulação de felinos, são meios importantes para a prevenção. ! 26! REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS APPOLINÁRIO, C. M. e MEGID, J. Uso de imunomoduladores nas enfermidades infecciosas dos animais domésticos. Semina: Ciências Agrárias, Londrina, v. 28, n. 3, p.437-448, 2007. AVILA, A.. Estudo da ocorrência da doença renal crônica em gatos naturalmente infectados pelo vírus da imunodeficiência felina. 2009. 80 f. Dissertação (Mestre) Universidade de São Paulo, São Paulo, 2009. Disponível em: <http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/10/10136/tde-15072009-141826/>. Acesso em: 14 jan. 2015. BARBOSA, F. C.; CHRISTIANINE, M. P. de T.; ANDRADE, K. C.. Prevalência da Leucemia Felina em gatos domésticos de Uberlândia - MG. Arq. Ciên. Vet. Zool. Unipar, Umuarama, v. 5, n. 2, p.207-211, 2007. BARR, M. C. Infecção pelo vírus da imunodeficiência felina In: TILLEY, Larry P.; SMITH JUNIOR, Francis W. K. Consulta Veterinária em 5 minutos. Barueri: Manole, 2008. p. 816-817 BARR, M. C. Infecção pelo vírus da leucemia felina (VLF). In: TILLEY, Larry P.; SMITH JUNIOR, Francis W. K. Consulta Veterinária em 5 minutos. Barueri: Manole, 2008. p. 814-815. BLEICH, I. M.. Leucemia Felina: diagnóstico e profilaxia. Cães e Gatos: Revista do Clínico, Pet Shop e Revenda, Porto Feliz, v.3, n. 21, p. 22-23, jul/ago. 1988. BROWN, M. A. et al. Genetics and Pathogenesis of Feline. Emerging Infectious Diseases, Maryland, v. 15, n. 9, p.1445-1452, set. 2009. COUTINHO, A. De C. R. O tratamento da leucemia viral felina através da acupuntura. 2008. 34 f. Monografia (Especialista em Acupuntura) - Curso de Medicina Veterinária, Instituto Homeopático Jacqueline Peker, Capinas, 2008. DAIHA, M. C. Peritonite Infecciosa Felina. In: SOUZA, H. J. M. de. Coletâneas em medicina e cirurgia Felina. Rio de Janeiro: L. F. Livros de Veterinária, 2003. Cap. 29, p. 363-373. FRANCO, A. C. e ROEHE, P. M. Herpesviridae. In: FLORES, E. F.. Virologia Veterinária. Santa Maria: UFSM, 2007. Cap. 17, p. 435, 436, 479, 480. GASKELL, R. M. Doenças do Trato Respiratório Superior Induzidas por Vírus. In: Terapêutica e Medicina Felina São Paulo: Manole, 1988. p. 235-248. GASKELL, R. M.; RADFORD, A. D.; DAWSON, S. Doença respiratória Infeciosa Felina. In: CHANDLER, E. A.; GASKELL, C. J.; GASKELL, R. M. Clínica e terapêutica em felinos. 3. ed. São Paulo: Roca, 2006. Cap. 22, p. 472-485. ! 27! GROTTI, C. C. B. Frequência de leucemia e imunodeficiência viral felina em uma população hospitalar. 2007. Dissertação de Mestrado (Mestrado) - Curso de Medicina Veterinária, Universidade Estadual de Londrina, Londrina, 2007. HAIPEK, K.. Avaliação das subpopulações de infócitos T CD4+, linfócitos T CD8+ e da razão CD4+/CD8+ em gatos com gengivite crônica e infectados naturalmente pelo vírus da imunodeficiência dos felinos (FIV). 2006. 55 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Medicina Veterinária, Departamento de Clínica Médica, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2007. HAGIWARA, M. K.; JUNQUEIRA-JORGE, J.; STRICAGNOLO, C. Infecção pelo Vírus da Leucemia Felina em gatos de diversas cidades do Brasil. Clínica Veterinária, São Paulo, n. 66, p. 44-47, jan./fev. 2007. HERREWEGH, A. A. P. M.; MÄHLER, M.; HEDRICH, H. J.; HAAGMANS B. L.; EGBERINK; H. F.; HORZINEK , M. C.; ROTTIER, P. J. M.; GROOT, R. J. de Persistence and Evolution of Feline Coronavirus in a Closed Cat-Breeding Colony. Article No. Vy978663, Germany, n. 978663, p.349-363, 1997. HARBOUR, D.A.; CANEY, S. M. A.; SPARKES, A. H. Infecção pelo vírus da imunodeficiência felina. In: CHANDLER, E. A.; GASKELL, C. J.; GASKELL, R. M. Clínica e terapêutica em felinos. 3. ed. São Paulo: Roca, 2006. Cap. 24, p. 495-506. HOLMES, K. V. Coronaviruses. In: FIELDS, Bernard N. et al. Fields- Virology. 4. ed. New York: Lippincott Williams & Wilkins, 2001. Cap. 36, p. 970-983. HORA, A. S. da; TARANTI, L.; JÚNIOR, A. R. Estudo retrospectivo da leucemia viral felina de 2002-2006: avaliação clínica e laboratorial. Acta Scientiae Veterinarie, n. 35, supl. 2, p. 476-477, 2007. BLEICH, I. M. In: CHANDLER, E. A.; GASKELL, C. J.; GASKELL, R. M.. Leucemia Viral Felina. In: CHANDLER, E. A.; GASKELL, C. J.; GASKELL, R. M.. Clínica e terapêutica em felinos. 3. ed. São Paulo: Roca, 2006.. 3. ed. São Paulo: Roca, 2006. JARRET, O.; HOSIE, M. J. Infecção pelo vírus da leucemia felina. In: CHANDLER, E. A.; GASKELL, C. J.; GASKELL, R. M. Clínica e terapêutica em felinos. 3. ed. São Paulo: Roca, 2006. Cap. 23, p. 487-493. JARRET, O.;. Infecção pelo vírus da leucemia felina. In: Terapêutica e Medicina Felina São Paulo: Manole, 1988. KERINS, A. M.; BREATHNACH, R. Sistema respiratório. In: CHANDLER, E. A.; GASKELL, C. J.; GASKELL, R. M.. Clínica e terapêutica em felinos. 3. ed. São Paulo: Roca, 2006. Cap. 12, p. 266. MARI, K., MAYNARD, L.; SANQUER, Annaelle; LEBREUX, B.; EUN, H-M. Efectos terapêuticos Del interferón Omega felino recombinante em gatos sintomáticos infectados por FeLV y coinfectados por FeLV/FIV. Journal PF Veterinary Internal Medicine, France, July 2004. ! 28! MEINERZ, A. R. M. et al. Frequência do Vírus da Leucemia Felina (VLFe) em FELINOS. Ci. Anim. Bras, Goiânia, v. 11, n. 1, p.90-93, 2010. MELI, M. et al. High viral loads despite absence of clinical and pathological findings in cats experimentally infected with feline coronavirus (FCoV) type I and in naturally FCoVinfected cats. Journal Of Feline Medicine & Surgery, Zurich, p. 69-81. abr. 2004. Disponível em: <http://www.sciencedirect.com/science?_ob=ArticleURL&_udi=B6WJC4BRTD9P7&_user=972052&_coverDate=04%2F30%2F2004&_rdoc=1&_fmt=high&_orig=search&_ origin=search&_sort=d&_docanchor=&view=c&_acct=C000049647&_version=1&_urlVersi on=0&_userid=972052&md5=ba05746abda4500a99932ab223c59785&searchtype=a>. Acesso em: 14 jan. 2015 MORRISON, W. B.; STARR, R. M.. Vaccine-associated feline sarcomas. Journal Of The American Veterinary Medical Association, West Lafayette, p. 697-702. 1 mar. 2001 MURPHY, F. A. et al. Veterinary Virology. 3. ed. California: An Imprint Of Elsevier, 1999. NORRIS, J. Feline Infectious Peritonitis. Australian College Of Veterinary Scientists – Science Week 2003 – Small Animal Medicine Chapter Meeting, Sydney, p.60-61, 2003. NORSWORTHY, G. D, Feline leukemia vírus disease. In: NORSWORTHY, G. D. et al. The feline patient. 3 ed. Arnes, Iwoa. J. wiley, 2006. Cap. 45, p. 99-101. QUINN, et al. Microbiologia veterinária e doenças infecciosas. 1 ed. Porto Alegre: Artmed, 2005. Cap. 61, p. 350-352. RAPOSO, J. B. et al. Persistence and Evolution of Feline Coronavirus in a Closed CatBreeding Colony. Revista da Fzva, Uruguaiana, v. 2-3, n. 1, p.62-70, 1995/1996. REVAZZOLO, A. P; COSTA, U. M. da. RETROVIRIDAE. In: FLORES, Eduardo Furtado. Virologia Veterinária. Santa Maria: UFSM, 2007. Cap. 31, p. 831-834. SHERDING, R. G. Vírus da leucemia felina. In: BICHARD, S. J.; SHERDING, R. G. Manual Saunders: clínica de pequenos animais. São Paulo: Roca, 1998. Cap. 1, p. 91-100. SOUZA, H. J. M. de; TEIXEIRA, C. H. R. Leucemia Viral Felina. In: SOUZA, H. J. M. de. Coletâneas e cirurgia felina. Rio de Janeiro: LF Livros, 2003. p. 251-267. SWIFT, W. B. FeLV ou Vírus da Leucemia Felina. Rev. ANIMALS, jan/fev, 1998. TANDON, R. et al. Association between endogenous feline leukemia virus loads and exogenous. Elsevier, Zurich, n. , p.136-143, abr. 2008. TEIXEIRA, B. M. et al. Ocorrência do vírus da imunodeficiência felina e do vírus da leucemia felina em gatos domésticos mantidos em abrigos no município de Belo Horizonte. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, Belo Horizonte, v. 59, n. 4, p. 939-942, 2007. ! 29! VALENZUELA, M. C. Manifestações clínicas de La infeccion por Retrovirus Felinos (vírus leucemia e inmunodeficiência felina), 2005 VENNEMA, H. et al. Feline Infectious Peritonitis Viruses Arise by Mutation. California, p.150-157, 1998.