MICROECONOMIA II 1E108 (2011-12) 08-03-2012 João Correia da Silva ([email protected]) 1. A EMPRESA 1.1. Tecnologia de Produção. 1.2. Minimização do Custo. 1.3. Análise dos Custos. 1.4. Maximização do Lucro. 2 CUSTO DE PERÍODO LONGO A função custo total de período longo relaciona cada volume de produção com o seu custo mínimo de produção, sendo todos os fatores variáveis. CTPL (Q0 ) = CT0 ; K CTPL (Q1 ) = CT1 ; CT2 pK CTPL (Q2 ) = CT2 . CT1 p K B CT0 pK A C Q = Q2 Q = Q1 Q = Q0 CT0 pL CT1 pL CT2 pL L 3 CUSTO DE PERÍODO LONGO Para obter a função custo total de período longo, é necessário obter o custo mínimo associado a cada volume de produção, supondo que todos os fatores de produção são variáveis. CTPL (Q0 ) = min{p K ⋅ K + p L ⋅ L} s.t. Q ( K , L) = Q0 CTPL CTPL (Q2 ) CTPL (Q1 ) CTPL (Q0 ) Q0 Q1 Q2 Q 4 CUSTO DE PERÍODO LONGO Um descida do preço de um ou dos dois fatores diminui o custo total de período longo associado a cada nível de produção. CTPL Q 5 EXPANSÃO DE PERÍODO LONGO A diminuição do preço do capital faz com que as combinações de custo mínimo sejam mais intensivas em capital, deslocando-se a linha de expansão de período longo no sentido do eixo do capital. K CT2 ' pK CT1 ' pK B CT0 ' pK A C Q = Q2 Q = Q1 Q = Q0 CT0 ' p L CT1 ' pL CT2 ' p L L 6 CUSTO DE PERÍODO LONGO Um descida do preço de um ou dos dois fatores permite aumentar a quantidade produzida (em período longo), para cada nível de custo. CTPL Q 7 EXPANSÃO DE PERÍODO LONGO Da mesma forma, a diminuição do preço do capital leva a que as combinações que maximizam a produção sejam mais intensivas em capital. A linha de expansão de período longo desloca-se no sentido do eixo do capital. K CT2 pK CT1 pK B A CT0 pK C Q = Q2 ' Q = Q1 ' Q = Q0 ' CT0 pL CT1 pL CT2 pL L 8 CUSTO MARGINAL O custo marginal traduz o acréscimo de custo necessário para que seja possível aumentar o volume de produção numa pequena unidade. Corresponde ao declive da curva de custo total. CTPL CMg (Q ) = dCT (Q ) dQ ∆CTPL ∆Q Q 9 CUSTO MÉDIO O custo médio obtém-se dividindo o custo total pela quantidade produzida. Graficamente, equivale ao declive do raio que une a origem ao ponto correspondente da curva de custo total. CTPL CT (Q ) CMd (Q) = Q CTPL Q Q 10 FUNÇÃO CUSTO TOTAL A função custo total de período longo é sempre crescente. Tipicamente, começa por ser crescer a ritmos decrescentes (função côncava), passando depois a crescer a ritmos crescentes (função convexa). CTPL Q 11 ECONOMIAS DE ESCALA O ponto de inflexão da função custo total de período longo está associado ao mínimo do custo marginal. CTPL Q d 2CTPL dCMg PL = >0 2 dQ dQ CMgPL d 2CTPL dCMg PL = <0 2 dQ dQ Q 12 ECONOMIAS DE ESCALA O mínimo custo médio ocorre quando o raio que une a origem ao ponto da função custo é tangente à própria função custo. CTPL Ao volume de produção correspondente chamamos escala mínima eficiente. Q CMgPL dCMd PL >0 dQ dCMd PL <0 dQ CMdPL escala mínima eficiente Q 13 ECONOMIAS DE ESCALA Temos economias de escala quando um aumento do volume de produção implica que o custo total de período longo aumenta numa proporção inferior (ou seja, quando o custo médio de período longo é decrescente). Economias de escala: CTPL (λ ⋅ Q ) < λ ⋅ CTPL (Q ) deseconomias de escala CT economias de escala Deseconomias de escala: CTPL (λ ⋅ Q ) > λ ⋅ CTPL (Q ) [sendo λ > 1.] escala mínima eficiente Q 14 ECONOMIAS DE ESCALA A escala mínima eficiente é o volume de produção que minimiza o custo médio de produção em período longo. Aproveita as economias de escala, mas evita as deseconomias de escala. deseconomias de escala CT economias de escala escala mínima eficiente Q 15 ECONOMIAS DE ESCALA Se o custo marginal for inferior ao custo médio, então o custo médio é decrescente. deseconomias de escala CTPL economias de escala Temos economias de escala quando o custo médio de período longo é decrescente. Q CMgPL Temos deseconomias de escala quando o custo médio de período longo é crescente. CMdPL EME Q 16 ECONOMIAS DE ESCALA Um indicador de economias de escala é: s= CMd PL CMg PL deseconomias de escala CTPL economias de escala Na região em que o custo marginal é inferior ao custo médio, temos economias de escala (s>1). Q CMgPL CMdPL Quando o custo marginal é superior ao custo médio, temos deseconomias de escala (s<1). EME Q 17 ECONOMIAS E RENDIMENTOS Suponhamos que para aumentar a produção numa proporção q>1, é necessário multiplicar as quantidades de fatores por f>1. Se f>q, a tecnologia apresenta rendimentos decrescentes à escala; se f<q, rendimentos crescentes à escala; e se f=q, rendimentos constantes à escala. A partir da mesma situação inicial, para aumentar a produção na proporção q>1, é necessário multiplicar o custo de produção por c>1. Se c<q, temos economias de escala; se c>q, temos deseconomias de escala. No caso de variações marginais do volume de produção, e sendo a função de produção diferenciável, temos c=f: Rend. Decrescentes (f>q) ⇔ Deseconomias de Escala (c>q); Rend. Crescentes (f<q) ⇔ Economias de Escala (c<q). 18 PERÍODO CURTO Suponhamos que o capital é um factor de produção fixo (só pode variar no longo prazo), e que apenas o factor trabalho é variável. Nesse caso, a tecnologia relevante é dada pela função de produção de período curto: L Q L Q 19 CUSTO VARIÁVEL O custo variável é, neste caso, o custo do factor trabalho. Calcula-se multiplicando a quantidade de trabalho utilizada na produção pelo salário. L CVT pL ⋅ L L Q Q 20 CUSTO FIXO O custo fixo é, neste caso, o custo do factor capital. Como não podemos variar a quantidade do factor fixo, o custo fixo é independente do volume de produção. O custo total de período curto pode obter-se somando o custo fixo e o custo variável. CTPC CFT CTPC CVT p K ⋅ K fixo CFT Q Q 21 CUSTO VARIÁVEL O custo marginal é igual à derivada do custo variável, sendo mínimo no ponto de inflexão. O custo variável médio é mínimo no ponto em que se cruza com o custo marginal. CVT CVT CMg PC CVMd Q 22 CUSTO VARIÁVEL Os custos e relacionados: CMg PC as estão inversamente dCTPC dCF dCVT dL pL = = + = pL ⋅ = dQ dQ dQ dQ PMg L CVMd = Q produtividades CVT pL ⋅ L pL = = Q Q PMd L PTL CVT CVT PMdL CMg PC PMgL CVMd L Q 23 CUSTO FIXO MÉDIO O custo fixo médio obtém-se dividindo o custo fixo pela quantidade produzida. Traduz-se, graficamente, pelo declive da linha que une a origem ao ponto considerado. É sempre decrescente, os custos fixos vão-se diluindo. CFT CFMd p K ⋅ K fixo Q CFMd = CFT Q Q 24 CURVAS DE CUSTOS O custo médio de período curto pode calcular-se pela soma do custo fixo médio com o custo variável médio. Tanto o custo médio de período curto como o custo variável médio são mínimos no volume em que se se cruzam com o custo marginal de período curto. CTPC CTPC CVT CMgPC CMdPC CVMd CFMd Q 25 CURVAS DE CUSTOS Rendimentos Crescentes no Factor Variável Q Rendimentos Constantes Rendimentos Decrescentes no Factor Variável no Factor Variável Q Q Q(L) Q(L) Q(L) L C L L C CT C CT CT CVT CVT CVT Q C Q Q C C CMd CMd CVMd CMg Q CMd CMg CVMd CMg = CVMd Q Q 26 PERÍODO CURTO E PERÍODO LONGO Sendo o capital um factor fixo, se a empresa quiser aumentar a produção para Q2, não se poderá deslocar para a combinação óptima, B, tendo de se colocar em B’. Isto implica um maior custo de produção. K CTPC (Q2 ) > CTPL (Q2 ) CT (Q1 ) p K B C’ C A B’ Q = Q2 Q = Q1 Q = Q0 CT (Q1 ) pL L 27 PERÍODO CURTO E PERÍODO LONGO Se a empresa diminuir o volume de produção para Q0, não se poderá deslocar, no curto prazo, para o ponto óptimo, C. Terá de de se deslocar para o ponto C’, e suportar um maior custo de produção. K CT (Q1 ) p K CTPC (Q0 ) > CTPL (Q0 ) B C’ C A B’ Q = Q2 Q = Q1 Q = Q0 CT (Q1 ) pL L 28 PERÍODO CURTO E PERÍODO LONGO Os custos de produção de período longo e de período curto apenas coincidem para o volume de produção Q1, que designamos por volume de produção típico. K CTPC (Q1 ) = CTPL (Q1 ) CT (Q1 ) p K B C’ C A B’ Q = Q2 Q = Q1 Q = Q0 CT (Q1 ) pL L 29 VOLUME DE PRODUÇÃO TÍPICO O volume de produção típico é aquele para o qual foi dimensionado o factor fixo. Para qualquer outro volume de produção, a empresa teria interesse em variar a quantidade de factor fixo. O custo total de período curto é sempre superior ao custo total de período longo, excepto no volume de produção típico. Para esse volume de produção, os custos são iguais. Evidentemente, o custo médio de período curto também é sempre superior ao custo médio de período longo, excepto para o volume de produção típico, caso em que os dois custos coincidem. 30 ENVOLVENTE Suponha que a quantidade de factor fixo (capital) é K1, e que esse é o valor do capital que minimiza o custo de produzir Q1. Ou seja, Q1 é o volume de produção típico. O custo total de período curto só não é superior ao custo total de período longo em Q1. K CT CTPC ( K1 ) linha de expansão de período longo K1 linha de expansão de período curto Q = Q1 L CTPL p K ⋅ K1 Q1 Q 31 ENVOLVENTE Para uma quantidade de factor fixo diferente, temos uma linha de expansão de período curto e uma curva de custo total de período curto diferentes. Na figura, a quantidade de capital fixo é K2, o valor que minimiza o custo de produzir Q2 (que é, portanto, o volume de produção típico). K K2 K1 CT Q = Q2 Q = Q1 L CTPC ( K1 ) pK ⋅ K 2 pK ⋅ K1 CTPC ( K 2 ) CTPL Q1 Q2 Q 32 ENVOLVENTE Para cada quantidade de factor fixo temos uma linha de expansão e uma curva de custo de período curto diferentes. A função custo de período longo é tangente a todas as funções custo de período curto, sendo por isso denominada curva envolvente da família de curvas de custo de período curto. K CT CTPL L Q 33 ENVOLVENTE Se considerarmos custos médios em vez de custos totais, a relação entre custos de período curto e de período longo é em tudo semelhante. O ponto de tangência (volume de produção típico) não é, em geral, o ponto mínimo da curva de custo médio de período curto. CMd PC ( K1 ) CMg PC ( K1 ) CMgPL CMdPL Q1 EME Q 34 DIMENSÃO ÓPTIMA DE PRODUÇÃO Ao stock de capital, K*, para o qual o volume típico de produção coincide com a escala mínima eficiente chamamos dimensão óptima de produção. CMd PC ( K * ) CMg PC ( K * ) CMgPL CMdPL EME Q 35 DIMENSÃO ÓPTIMA DE PRODUÇÃO Só na dimensão óptima é que o custo médio de período curto é mínimo no ponto de tangência (volume de produção típico). CMgPL CMdPL EME Q 36 EXEMPLO Quando o custo total cresce a ritmos constantes, o custo médio e o custo marginal são constantes. CT CMd PC ( K 0 ) CMd PC ( K 2 ) CMd PC ( K1 ) CTPC ( K 2 ) CTPC ( K1 ) CTPC ( K 0 ) CTPL CMd PL = CMg PL Q Q 37