A Trajetória Jornalística de Adísia Sá

Propaganda
A Trajetória Jornalística de Adísia Sá1
Maria Isabel Amphilo R. de Souza2
Resumo
O presente artigo pretende traçar a trajetória jornalística de Adísia Sá. Personagem paradigmática e
de vanguarda da imprensa cearense, Adísia Sá sobressai pelo seu pioneirismo na imprensa, na
reportagem policial e no empenho a implementação do primeiro Curso de Jornalismo no Ceará. O
texto apresenta uma síntese da história de vida e atuação desta figura emblemática da imprensa
cearense.
Palavras-chave: Trajetória jornalística, Jornalismo, Adísia Sá, Ceará.
Resumen
El presente artículo pretende trazar la trayectoria periodística de Adísia Sá. Personaje
paradigmático e de vanguardia de la prensa cearense, Adísia Sá sobresale por su pionerillo en la
prensa, en reportaje policial y en empeño a implementación del primero Curso de Periodismo en
Ceará. El texto presenta una síntesis de la historia de vida y actuación de esta figura emblemática
de la prensa cearense
Palabras llave: Trayectoria periodística, Periodismo, Adísia Sá, Ceará.
1
Paper a ser apresentado no REGIOCOM 2007 – Fortaleza/CE.
É Mestre e Doutoranda em Comunicação Social pela Universidade Metodista de São Paulo. Bolsista
FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo). E-mail: [email protected].
2
1
O nosso tempo está marcado pela supressão da liberdade, pela supressão da
independência pessoal do sentir, do pensar do querer. Desaparecida a liberdade
de conhecer, desaparece a liberdade de pensar, de querer e de agir. E por que?
Porque envolto e envolvido o homem com as mesmas informações, há de ser a
sua consciência uma xerox destas informações ou, como diz Cassirer, o homem
está informado.
Adísia Sá
Pioneira no jornalismo do Ceará
A trajetória de Adísia Sá confunde-se com a própria história da imprensa, não somente do
Ceará, mas da imprensa nacional. Jornalista, filósofa e escritora, personagem de vanguarda do
jornalismo cearense, Adísia Sá foi a primeira mulher a integrar a redação de um jornal no estado. A
primeira repórter policial feminina. Jornalista engajada, foi a primeira mulher sindicalizada no
mesmo estado. Pioneira no ensino, é docente-fundadora do Curso de Jornalismo da Universidade
Federal do Ceará em 1966. Foi atuante no Sindicato dos Jornalistas do Ceará, de 1959 a 1980,
lutando pela “ética” e pela “liberdade de imprensa”.
Na Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ), Adísia atuou de 1966 até os dias atuais,
ocupando diversos cargos, ingressando como suplente de Diretoria, passando como representante
junto a CONTCOP (Confederação dos Trabalhadores em Comunicação e Publicidade). De 1995
até os dias atuais é membro da Comissão Nacional de Ética e Liberdade de Imprensa. Em 2005,
comemorou seu jubileu na imprensa cearense, que mereceu destaque em vários jornais e, em 2006,
como coroamento de sua contribuição ao ensino e à imprensa, foi homenageada na Intercom com o
Prêmio Luiz Beltrão: Maturidade Acadêmica. Seu currículo é extenso, o que demonstra que é uma
personagem emblemática na história da imprensa.
Adísia Sá é uma referência no jornalismo cearense. Com doze livros publicados nas áreas de
Filosofia e Comunicação, com incursões na Literatura, Adísia Sá dividiu seu tempo entre a atuação
como jornalista, como docente e pesquisadora, além de ser militante. Mesmo com a perseguição
aos intelectuais, aos jornalistas e aos meios de comunicação de massa, devido ao AI-5, ela
defendeu sua tese de Livre-docência em 1976 (um ano após o assassinato brutal de Vladimir
Herzog).
Determinada, enfrentou a família para dedicar-se, primeiramente, aos estudos, depois à
profissão, pois descobrira que tinha talento. Recém-formada em Filosofia, foi convidada em janeiro
de 1955, a integrar a redação do jornal Gazeta de Notícias, em Fortaleza. Adísia abraçou o
jornalismo, como a uma família, a uma religião e permaneceu fiel. Lutou pelos seus sonhos. Sua
determinação deixou para a Imprensa Cearense os frutos de sua atuação na universidade e na
imprensa.
1. Historia de vida
Maria Adísia Barros de Sá é cearense do Cariré. Filha de Dona Hermínia e do Sr. José
Escolástico, carinhosamente chamados de Dona Mimosa e Seu Zeca. Ambos dedicavam-se à
Pensão Sobral, pertencente à família e da qual vinha o sustento dos Sá.
No seu discurso como ganhadora do Prêmio Luiz Beltrão: Maturidade Acadêmica (2006),
Adísia Sá relembra sua infância e a mudança para a capital do Ceará. A família Sá foi morar na
conhecida “rua das redações dos jornais”.
... minha família saiu do interior cearense para a capital. Eu, menina, tinha a
cabeça cheia de histórias da Amazônia (seus mistérios... assombrações... espaços
a se perder de vista) contadas por meu pai. Tentava passar tudo para o papel e
sonhava publicar um dia. A casa onde formos morar estava na rua das redações
dos jornais: Unitário... Correio do Ceará... O Estado... Gazeta de Notícias... O
Povo. Dormia embalada pela melodia das rotativas e me impregnava do perfume
gostoso da tinta e da fuligem das máquinas...
2
De perfil crítico, desde a adolescência revelava sua indignação com a injustiça e admiração
pela moral e pela ética. A Filosofia a ajudaria, posteriormente, no fazer jornalístico. Elaboraria um
jornalismo crítico e de perfil denunciador. Tinha uma visão crítica da realidade e em sua mente
ecoava sempre a pergunta fundamental da Filosofia: “por que?”.
A visita do Padre Nivaldo Monte, escritor e psicólogo, despertou em Adísia sua vocação.
“Em certo momento, perguntou o que cada uma delas pretendia fazer quando se formasse. A
maioria respondeu que queria ser mãe e dona de casa. Adísia deu um pulo e de ‘supetão’,
orgulhosa, disse; ‘eu quero ser jornalista e escritora!” (AMORIM, 2005, p. 37). Adísia, ainda
menina, já se despertava para as letras.
De olhar observador e perspicaz, Adísia aprendeu desde muito cedo com a mãe, que se
quisesse ser alguém na vida deveria estudar muito. Em casa, Adísia devorava os livros socialistas
dos irmãos, que estudavam no Liceu, “lugar onde o ambiente era de muita efervescência cultural
em função do Jáder de Carvalho. Tinha quase tudo para ser uma comunista, a mente aberta
através das leituras, os debates com os irmãos...” (AMORIM, 2005, p. 32).
Mas, foi no terceiro ano científico que Adísia despertou-se à Filosofia. Em entrevista
concedida via-email, Adísia Sá afirma (2007):
Fui para o Curso de Filosofia de livre e espontânea vontade (isto é, não
influenciada...) É verdade que ainda aluna do curso secundário fui tocada
fortemente por um livro “Compêndio de Filosofia”, de Estevão Cruz, cuja leitura
me levou a cursar Filosofia, na então Faculdade Católica de Filosofia, que nós,
seus alunos, chamávamos de “Faculdade de Filosofia Católica” – dada a sua
orientação. Foi no Curso que me encontrei, intelectualmente .
Mas, foi a experiência com a irmã Maria Montenegro que a incomodou profundamente. A
professora de religião levava as meninas para se confessarem com o padre Hélio Campos, que
morava num bairro carente da região. Durante o percurso, Adísia observava atentamente a situação
de miséria que vivia uma outra parcela da população, que ela não conhecia e eram seus
semelhantes. E a irmã lhes explicava: “Vocês pensam que o mundo é só o bairro da Aldeota? O
mundo é isso aqui também. Isso aqui é vida! São nossos irmãos e devemos cuidar
deles”(AMORIM, p. 33). Essas imagens marcaram profundamente a alma e o coração de Adísia.
Nascia, de maneira muito sensível e profunda, o sentimento de compaixão e de solidariedade.
Muitas dessas informações encontram-se na Biografia de Adísia Sá, elaborada por Amorim, que
deixa transparecer sua alma e seus sentimentos, como também sua indignação e sua busca por um
jornalismo cidadão.
Adísia aprendera a essência jornalística desde a infância. A indignação com a injustiça,
aliada à arte da argumentação e da persuasão, que aprendera através dos filósofos, serviram-lhe de
base fundamental para o desenvolvimento de um jornalismo ético, o que traduzia em miúdos aos
seus alunos da Universidade Federal do Ceará , em que foi docente-fundadora.
2. Formação acadêmica
Foi no retiro de formatura do colegial, que Adísia surpreendeu-se com as palavras do Padre
Arquimedes Bruno, que abordou a questão “na natureza nada se perdia, expandia-se,
transformava-se”. As palavras do sacerdote estimularam Adísia Sá a ingressar no Curso de
Filosofia em 1952. Só não quis prestar Direito, porque na época era preciso realizar um exame de
Latim, o que não a estimulava.
Em 1954, torna-se Bacharel em Filosofia Pura, pela Faculdade Católica de Filosofia e
Licenciada pela Faculdade de Filosofia, em 1962, agregada na época à Universidade Federal do
Ceará. Recém-formada, ingressou na carreira jornalística e permanece, sendo uma referência na
área.
Lecionando há anos na área de Filosofia (Faculdade de Filosofia do Ceará e na Universidade
Estadual do Ceará) e Comunicação (Universidade Federal do Ceará), faltava-lhe o título de
Doutora para ser titular da Federal do Ceará. Então, por estímulo de Roberto Benjamin, Adísia Sá
ingressou na Universidade Federal Rural de Pernambuco, onde defendeu sua tese de Livre-
3
docência, com grau de Doutor, em 1976. Estimulada pela banca a publicar sua tese, devido a sua
originalidade, Adísia não levou a idéia adiante, mas dedicou-se ao ensino, à pesquisa e ao fazer
jornalístico.
Sua dupla formação permitiu que ela desenvolvesse a interdisciplinaridade. Sua tese de
Livre-docência embasada na Filosofia, vem dar sustentação a uma nova área que emergia na época.
Adísia buscava bases filosóficas para elaborar uma Filosofia da Comunicação. Naquele período, o
material para os estudos superiores em comunicação era escasso. Adísia vem contribuir para a
formação de uma subárea recém-criada no Brasil e com pouco material didático disponível. Ela
desenvolve uma pesquisa-denúncia, tratando de questões como a “Ética” e a “Liberdade de
Imprensa”, assuntos delicados num contexto ditatorial.
3. Adísia e o contexto jornalístico do Ceará nas décadas de 1950 a 70
A década de 50 foi marcante ao jornalismo cearense. O avanço tecnológico trazia às redações
máquinas de escrever e um novo maquinário, que suplantava o manual. A preocupação com os
lucros transformou a ênfase do jornal de político-partidário a um jornalismo empresarial
informativo. Além das transformações internas: a linha editorial passou a ser mais noticiosa,
destacando o jornalismo esportivo e policial e os textos passam a ser mais objetivos, enfim, o
jornalismo começa a se profissionalizar.
Havia na época nove jornais no Ceará: Unitário, Correio do Ceará, O Democrata, O Povo,
O Estado, O Nordeste, Tribuna do Ceará, O Jornal e a Gazeta de Notícias. Era preciso inovar ou,
pelo menos, copiar, para tentar sobreviver nessa guerra dos impressos.
Há uma transformação perceptível, uma linha divisória se estabelece. O jornalismo que antes
era um “bico”, passa a se profissionalizar. Mas, é com o advento das Faculdades de Comunicação
e, depois, de Jornalismo, com o apoio do Sindicato e da Associação Brasileira de Imprensa, que a
profissão ganha sua legitimidade.
Adísia despediu-se da Gazeta de Notícias em 1970, devido à sua dedicação ao magistério,
mas não totalmente. Passou a apresentar um programa semanal na TV Ceará, canal 2 “Vida
Universitária”, que fornecia informações sobre cursos e carreiras. Mas, não parou, continuou no
jornalismo impresso, escrevendo sobre educação para O Unitário e depois para O Estado.
Em 1976, porém, os jornalistas são surpreendidos com o assassinato de Wladimir Hergoz.
Adísia Sá, na época era professora e estava escrevendo sua tese.
Sobre o assassinato de Vladimir Herzog eu estava em Águas de São Pedro, em
congresso, quando fomos abalados com a notícia e “corremos” todos para a
capital e nos “aquartelamos” no Sindicato, então presidido pelo Audálio Dantas,
grande companheiro e que chegou a presidir, também, a nossa Federação.
(Entrevista via e-mail, 2007)
Adísia não sofreu represálias, mas quase foi parar na cadeia por ser solidária a amigos presos.
Mas, foi uma circunstância chata que a empurrou a direção do O Estado, jornal que sempre sonhara
em trabalhar. Venelouis Xavier, jornalista e dono do O Estado, “escrevia o que achava que tinha
que dizer ao povo”. Fazia crítica severa em seus artigos, a tudo e a todos, o que resultou em uma
surra pelos oficiais da Polícia Militar. Toda a imprensa demonstrou-se solidária ao colega
covardemente calado e massacrado. “Muitos jornalistas se ofereceram para dirigir o jornal. E
Venelouis o confiou nas mãos de Adísia, que na hora mesmo assumiu o compromisso.” (p. 45).
Lançando mão da filosofia, Adísia afirma que somos frutos das circunstâncias, citando Ortega Y
Gasset “e as circunstâncias nos levam a caminhos inimagináveis”.
Chaparro (2006) identificou em Adísia Sá uma tríplice vertente: “a vertente do fazer, como
repórter e articulista; a vertente do lutar, pelo engajamento fiel e persistente no movimento
sindical; e pela vertente do saber, tendo se tornado pioneira do ensino do jornalismo”. Dessa
maneira, utilizaremos a sistematização de Chaparro para tratarmos sobre a atuação de Adísia Sá
como profissional, acadêmica e militante do jornalismo brasileiro.
4. A vertente do fazer: a trajetória jornalística de Adísia Sá
4
Desde a infância, seu gosto pela literatura e pelo jornalismo começava a florescer. O vai-evem de jornalistas e escritores na Pensão de Dona Mimosa, suas discussões calorosas e seus
comentários, faziam despertar uma Adísia crítica, atenta aos acontecimentos e que começava a
sentir um imenso prazer em escrever. Conforme afirmação de Amorim (2005).
Em 1950, numa conversa, com o então gerente do jornal O Estado, lhe pediu
permissão para mostrar-lhe algumas de suas crônicas. Qual foi sua surpresa ao
ser convidada a escrever uma coluna intitulada o julgamento de Eva, que tratava
de política e temas atuais. O conflito entre a euforia e o medo de ser criticada
rondaram sua mente, mas aceitou o desafio. Inicia-se a carreira de Adísia. Ela dá
os seus primeiros passos no jornalismo.
Porém, foi na Faculdade que Adísia teve uma oportunidade mais concreta. Passou a escrever
e editar o jornal do Centro Acadêmico de Filosofia. Mas, foi através da oportunidade em escrever
uma coluna universitária no jornal Gazeta de Noticias, que Adísia pisa pela primeira vez numa
redação. E não somente na redação, sempre que ia entregar seus textos, aproveitava para visitar
todos os departamentos e conhecer todas as etapas de produção do jornal.
Adísia permaneceu algum tempo distante do jornalismo, dando aulas aos filhos do vicegovernador do Estado, Stênio Gomes, mas não desistira, apenas adiara por algum tempo. Foi em
janeiro de 1955, que surgiu uma oportunidade: uma vaga na redação da Gazeta de Noticias. Fez o
teste e passou. Em casa, porém, a recepção da notícia não foi muito boa. Sua mãe indignada dizia:
“Não vai, não! Jornal é lugar de homem!”. Porém, foi de seu pai que veio o apoio de que
necessitava: “Adísia vai ser jornalista e pronto!” (AMORIM, 2005, p. 40-41).
Adísia entra, então, para a história da imprensa cearense. Era a primeira mulher a integrar
uma redação de jornal, até então, de exclusividade masculina. No jornal, o diretor, Olavo Araújo,
“achava que ela era mais uma intelectual querendo aparecer!” Foi Olavo quem muito a ensinou
sobre o fazer jornalístico, sugerindo que suas crônicas fossem publicadas sob o pseudônimo de
Moema.
Numa época em que às mulheres era destinado casar e cuidar de filhos, quando muito
escrever em casa algumas colaborações, como contos e crônicas, Adísia assumia uma posição de
vanguarda no jornalismo do Ceará.
4.1. Posição de vanguarda: a primeira repórter policial feminina
Sua posição de vanguarda a coloca como pioneira no jornalismo no Ceará. Adísia Sá ingressa
no jornalismo em 1950, sendo a primeira mulher, no Ceará, a integrar a redação de um jornal,
como também a primeira mulher a ser repórter policial, além de ajudar a fundar a primeira Escola
de Comunicação e a primeira revista cientifica da área: Revista de Comunicação Social, em
Fortaleza (Ceará). Além disso, fez parte do grupo fundador do Instituto Cultural Brasil União
Soviética (Ceará, 1982), do grupo fundador e primeira presidente da Associação Brasileira de
Ouvidores, seção do Ceará (1996-1999) e foi Vice-presidente Regional Nordeste da Associação
Brasileira de Ouvidores, do Conselho Editorial da Summus Editorial.
A primeira reportagem de um jornalista nem sempre é fácil. Com Adísia, não foi diferente. A
falta do repórter da Editoria de Polícia deu a Adísia a oportunidade de realizar sua primeira
reportagem. “A pauta? Policiais civis estão em greve e reivindicam aumento de salário, vá até lá e
entreviste o inspetor Laranjeira. E lá foi a “foquinha” (...) para a Secretaria de Polícia.” Ao
tentar entrevistar o inspetor Laranjeira, Adísia foi agredida e ameaçada. “Você não vai publicar
isso, senão eu te dou uma surra e vou te fazer engolir esse jornal!” (p.42) Adísia retornou ao
jornal. Entrou em prantos na redação: “fui agredida!”, exclamava. Seu Olavo a consolou e logo a
fez parar de chorar com a manchete que publicaria no jornal: Jornalista agredida!
Disse: “Você fez bem menina! Vamos “lascar” esse inspetor. Ninguém agride jornalista
meu”. Aliás, ninguém pode agredir jornalista! Adísia tomou coragem e enfrentou a situação de
cabeça erguida. Permaneceu na editoria de polícia e tornou-se a primeira repórter policial feminina.
Apesar de não se sentir muito bem nessa editoria devido às matérias que tinha que cobrir: crimes,
assaltos, sangue todos os dias e precisava estar lá, in loco. Mas, ela não amoleceu em nenhum
momento. Estava aprendendo a ser jornalista. Mas foi a cobertura de um crime hediondo que a fez
pedir para sair da editoria de polícia: um pai violentara seu próprio filho de alguns meses. Foi forte
5
demais. Seu Olavo, a transferiu, então, para a editoria de política: Disse: “Você vai trabalhar na
Assembléia Legislativa. Espero que a senhora nunca peça dinheiro e jamais aceite presente de
deputado!”(AMORIM, p. 43). Seu Olavo a ensinava a impor respeito e nunca a abaixar a cabeça
diante de autoridades. “Olhe, você pode ser filha da dona Mimosa e do Seu Zeca, donos da Pensão
Sobral. Mas, como jornalista, você não fique na ante-sala do Governador. Você tem que ser
respeitada.” (p. 43)
Adísia Sá exerceu atividade jornalísticas em vários jornais do Ceará, dentre eles queremos
destacar: Gazeta de Notícias (1955-1970), Unitário, que trabalhou como articulista colaboradora de
educação (1970-1972), O Estado, em que foi articulista colaboradora e, posteriormente, Diretora
(1972-1976), TV Jangadeiro, onde contribuiu como comentarista diária (1990-1991), TV COM,
também trabalhou como comentarista diária (1996-1997), Jornal Meio-dia, onde foi articulista e
diretora (1997), TV Manchete, onde foi comentarista semanal (1998), Rádio AM O Povo, onde foi
comentarista diária (1984-1992), Diretora executiva (1992-1993) e Ombudsman (1998-1999) e,
finalmente, no Jornal O Povo, em que ingressou em 1984 e foi Ombudsman entre os anos 19931994; 1995; 1997 e 2000.3
Adísia foi e é uma jornalista dinâmica e atuante na imprensa desde o seu ingresso em 1955,
presenciando todas as transformações que a imprensa sofreu, desde a repressão no período da
ditadura militar, às mudanças tecnológicas.
4.2. A descoberta do rádio
Em 1984, fora contratada pelo Jornal O Povo para ser debatedora do programa radiofônico
Debate do Povo. Num determinado dia, Dona Carmem Lúcia Dummar Azulay, diretora da rádio,
entra de forma agitada no jornal procurando por um jornalista que substituísse um debatedor no
programa. Dona Carmem insiste com Adísia para ser debatedora no programa que em instantes
entraria no ar. Adísia reluta, mas acaba aceitando o desafio: falar ante um microfone. O interessante
que ela mesma se surpreendeu foi que aos poucos, no calor da discussão, Adísia se esqueceu que
estava diante de um microfone de uma estação de rádio e apareceu ali outra Adísia: a Adísia do
rádio. E surge assim uma outra face de Adísia.
“Porque eu quando falava no microfone, eu não era Adísia. Eu enlouqueci.
Porque eu sou pacata, por incrível que pareça. Eu, Adísia, sou uma mulher
calma, feliz, tranqüila. E de repente, na atividade pública da Adísia , eu sou outra
mulher. Quer dizer, eu sou mais agressiva, mais incisiva. Ou seja, sou duas
pessoas”, confessa. (AMORIM, p. 46).
O Rádio, para Adísia Sá, é um espaço democrático. Um espaço aberto e mais acessível à
população que a televisão. Um outro meio de comunicação que auxilia nesse processo
comunicacional é o telefone, seja ele fixo ou celular, pois possibilita a interação entre o locutor e o
espectador, diminuindo a distância. Adísia demonstra seu desconforto em relação às câmeras na
televisão, porém no Rádio o que a incomoda é a inserção de pessoas que não são profissionais, o
que descaracteriza sua função. “Infelizmente, descaracterizaram o rádio quando permitiram gente
não habilitada”, explica assim sua paixão pelo rádio. (AMORIM, p. 46).
Adísia revelou-se no rádio e, por isso, tornou-se conhecida do povo cearense. “Até hoje as
pessoas a apontam como a “Adísia do rádio”, afirma sua biógrafa.
Suas denúncias causavam mal-estar a políticos, empresários e poderosos. O que
gerou muita confusão e até processos. Do rádio, fez um palanque para defender
suas idéias inflamáveis nos Debates do povo. Tanto que chegou a receber muitos
convites de partidos para se candidatar a vereadora, deputada e até prefeita de
Fortaleza. Mas, preferiu não seguir por esse caminho. “ eu tive convite, mas não
é minha vocação. Eu faço política como cidadã, no meu trabalho... Não faço
partidarismo. Eu não tenho partido. Quando você ingressa num partido, abdica
da sua liberdade de opinião, tem que cumprir com regras do partido, às vezes,
contra você”. (AMORIM, p. 46).
3
Conforme Currículo cedido gentilmente pela Cátedra UNESCO.
6
Na realidade, a pressão para tirá-la da rádio era muito grande. Mas, a direção da Rádio AM O
Povo lhe dava total autonomia e ela não se intimidava. Foi nomeada Diretora Executiva da Rádio
AM do Povo entre anos de 1992 e 1993, mas nunca se distanciou do microfone. Além dessa função
também foi Ombudsman da rádio em 1998.
4.3. O próximo desafio: a televisão
O Jornalista Tancredo de Carvalho era diretor da TV Jangadeiro, em 1995, e foi ser
comentarista do jornal juntamente com Augusto César Costa e Carlos D’Alge. Porém, houve um
desentendimento da alta cúpula da televisão durante mais ou menos 1 ano. Neste período Adísia
fora dispensada da rádio, devido a um comentário que fizera. Pois, “a empresa infelizmente não
tinha gostado de um comentário feito por mim e por isso mesmo eu estava dispensada”. (p. 47).
Esse é um assunto delicado, pois ao mesmo tempo em que o jornalista tem liberdade de expressão,
ele está inserido em uma instituição, ou seja sua liberdade é limitada.
Adísia não preparava texto ou script para o programa radiofônico e sua análise era
espontânea: “Eu nunca tive empresa que dissesse isso para mim: Tais assuntos você não pode falar.
De repente, eu falei de um assunto que não era de interesse da empresa e aí eu fui para fora”. (p.
47).
Adísia gostou da experiência na televisão. Trabalhou como comentarista diária na TV COM
de 1996 a 1997. Em 1998, foi ser comentarista semanal na TV Manchete, a convite de Augusto
Benevides (Guto Benevides). Adísia foi ouvidora da AM do Povo de 1989 a 1999. (AMORIM, p.
47)
4.4. Ombudsman – “que diabo é isto?”
Quando pensava em deixar o jornal para se aposentar e dedicar-se a si mesma e a seus
projetos pessoais, como escrever um livro teórico sobre comunicação no contexto brasileiro, Adísia
recebeu o convite, praticamente irrecusável, de Demócrito Rocha para ser Ombudsman do Jornal
O Povo. Sua primeira reação foi dizer: “que diabo é isto?”.
A função de Ombudsman é recente no Brasil, mas a origem do termo reporta-se aos anos de
1809, na Suécia, e mais tarde, em 1940, na ONU.
O primeiro ombudsman de que se tem notícia no mundo apareceu em 1809 no
Parlamento da Suécia. Em 1940, a Organização das Nações Unidas – ONU
recomendou a prática aos países-membros. No Brasil, a primeira foi Maria Lúcia
Zulszke, que a partir de 1985, exerceu a função na Rhodia. Em 1986, foi que se
ouviu falar pela primeira vez da palavra ombudsman no Brasil, quando a
prefeitura de Curitiba implantou a novidade. O termo se popularizou , quando o
jornal Folha de S. Paulo indicou um jornalista para ser o representante do leitor.
Os profissionais mais populares da virada do início dos anos de 1990 eram Caio
Túlio Costa, que defendeu os leitões da Folha de S. Paulo, entre 1989 e 1991 e
Mario Vitor Santos, que o sucedeu (VOLPI, 2000, p. 128). Estima-se que no
Brasil haja, hoje, em torno de 300 ombudsman. No início, eram restritos à área
privada e, atualmente, é chamado de ouvidor - nome dado aos juizes das
capitanias hereditárias do Brasil colonial. (GOBBI, SANTOS, SANTOS, 2002).
Ombudsman era uma função recém criada no jornal Folha de São Paulo. A partir de sua
nomeação, Adísia Sá partiu em busca de uma orientação e contatou a Folha de São Paulo para
obter esclarecimentos, através do Ombudsman da Folha, mas não obteve retorno. Porém,
conseguiu contato com Júnia Nogueira de Sá, que acabava de ser nomeada para o cargo na própria
Folha. Após vários contatos e conversas, Júnia veio para a posse de Adísia como Ombudsman no
O Povo, em 17 de dezembro de 1994.
Adísia Sá permaneceu por três mandatos na função, no Jornal O Povo, de Fortaleza
(1994/1995-1997-2000), o que lhe rendeu experiência suficiente para escrever o livro “Clube dos
ingênuos” (1998), onde relata sua experiência como Ombudsman, com o objetivo de servir como
7
material para os interessados na área. Hoje, é Ombudsman emérita do Jornal O Povo e na Rádio
AM do Povo.
5. A vertente do saber: pioneira no ensino do Jornalismo
Adísia freqüentava a Associação Cearense de Imprensa mesmo antes de ser jornalista
profissional e foi lá que se deparou com uma provocação que mudaria sua vida. Ao folhear o
Estatuto da Associação, Adísia leu a seguinte frase: “pugnar por uma escola de jornalismo”. A
idéia lhe tomou como uma missão a cumprir. Com o apoio da Associação e do Sindicato dos
Jornalistas do Ceará, Adísia partiu em busca da realização de uma utopia.
Em principio, foram criados cursinhos para principiantes (1964-1965), mas a inesperada
procura de muitos candidatos levou o reitor da universidade a propor a Adísia a criar um Curso
Livre, em 1965, com o apoio da Universidade Federal do Ceará. Devido a grande procura, o reitor,
Antonio Martins Filho, determinou que Adísia fosse conhecer outras Faculdades e Universidades
pelo Brasil, com o objetivo de fundar um curso de Jornalismo. Seus primeiros contatos foram
Monsenhor Romildo Gurgel, em Natal; José Henrique de Carvalho, no Rio de Janeiro; José Hely
Freire e Carlos Rizzini, então Diretor da Faculdade Cásper Líbero e pioneiro no ensino de
Jornalismo no país.
No Recife, Adísia conhecera um personagem paradigmático do pensamento comunicacional
brasileiro e latino-americano: Luiz Beltrão. Vale a pena, reproduzir suas palavras:
E fui ao Recife, também em busca de palestrante... A quem procurar? Pergunto
ali, acolá e me apontam... Aparece-me, então, aquele homem bonachão, meio
gordo, chinelão, de voz cantantemente arrastada, pernambucana, sorriso fácil e
mão calorosa. Ele – Luiz Beltrão (...) nascia aí uma amizade estreitada ao longo
de anos, acrescida com a presença competente e fraterna de Zita. (PREMIO
LUIZ BELTRÃO, 2006)
A partir daí, Beltrão se tornou presença freqüente no Ceará. Beltrão era atuante, orientando
Adísia, ajudando no planejando do curso, na elaboração do currículo, apontando nomes para as
disciplinas recém-criado Curso de Jornalismo.
Além da criação do Curso de Jornalismo era necessária uma revista para publicação do
material. Assim, Beltrão estimulou e orientou a criação da “Revista de Comunicação Social”, que
chegou a ser a revista de maior periodicidade na área.
Foi através de Luiz Beltrão, que Adísia tomara contato com Jomar Muniz de Brito, Roberto
Benjamin e José Marques de Melo, que foram constantes incentivadores de Adísia Sá e de
fundamental importância na consolidação do Curso de Jornalismo, na Universidade Federal do
Ceará.
Nesse processo de consolidação, Marques de Melo fora responsável pelo surgimento da
“Escola do Ceará”. Um grupo de professores universitários de diversas áreas, que produziam
artigos sobre comunicação, o que gerou uma obra organizada por Adísia, denominada
“Fundamentos Científicos da Comunicação” (1972). Adísia afirma que após a publicação o grupo
se dispersou, o que é lamentável, pois revela o interesse da Editora Vozes em reeditar a obra
revisada e atualizada. (Entrevista, 2007).
Adísia Sá é considerada pioneira no ensino de jornalismo pois fez parte do grupo fundador
do Curso de Comunicação Social, então jornalismo da Universidade Federal do Ceará em 1966.
Adísia foi professora da Universidade de Fortaleza (UNIFOR/1973-1976) e professora titular
da Universidade Federal do Ceará (UFC/1970-1984) e da Universidade Estadual do Ceará
(UECE/1970-1984). Hoje aposentada, a professora Adísia, como é conhecida nas Universidades,
dedica-se ao jornalismo diário.
Membro fundador do Curso de Jornalismo da UFC e membro fundador e ex-presidente do
Instituto Cultural Brasil-União Soviética e da Associação Brasileira de Ouvidores, seção Ceará.
Adísia ingressou na docência na área de Filosofia. Em 1969 foi aprovada num concurso
público para Professor Adjunto em Metafísica, onde permaneceu como docente até o ano de 1984.
Em 1970, ingressou na Universidade Federal do Ceará, inicialmente como Professor
Assistente, no Curso de Jornalismo, então Curso de Comunicação Social. Após 10 anos lecionando,
8
em 1980, prestou novo concurso e sendo aprovada para assumir o cargo de professora titular, no
curso de Comunicação Social, do Departamento de Comunicação Social e Biblioteconomia.
No ano de 1973 ingressou na Universidade de Fortaleza (UNIFOR), onde lecionou até 1976.
Em 1984, aposenta-se como professora titular da Universidade Federal do Ceará e da Universidade
Estadual do Ceará. Os frutos de anos de dedicação ao ensino de jornalismo refletem-se através de
seus frutos: alunos que se dedicam ao fazer jornalístico.
6. A vertente do lutar: seu engajamento no movimento sindical
A professora e jornalista Adísia Sá sempre foi atuante junto aos órgãos de classe, vinculados
à profissão de jornalista e radialista, como sindicatos e associações. Ivonete Maia (LIMA, 2006)
que é jornalista e amiga pessoal de Adísia Sá, afirma que Adísia já está imortalizada no jornalismo
cearense: “Adísia falou por muita gente que não tinha voz”. Sobressaiu na imprensa por sua luta
engajada, pelos direitos do cidadão, por falar em nome daqueles que não tinham voz, nem vez na
sociedade, pelos marginalizados.
Em 16 de maio de 1956, Adísia ingressou no Sindicato dos Jornalistas Profissionais do
Ceará, cujo registro profissional é 169. Lá Adísia Sá exerceu vários cargos e funções. Foi Suplente
de Diretoria (1959-1961), Membro do Conselho Fiscal (1963), Secretária (1963-1968), foi
Representante junto à Federação Nacional dos Jornalistas (1966-2004), sendo que exerceu a
mesma função como Suplente no período de 1968-1971, e foi Primeira Secretária no período de
1971-1974. Dessa maneira, Adísia trabalhou ativamente no Sindicato dos Jornalistas desde o seu
ingresso em 1956 até o ano de 2004, em que já estava aposentada pelas universidades em que
lecionou e na altura dos seus 72 anos de idade.
Na Federação Nacional dos Jornalistas, Adísia Sá atua desde 1966, quando assumiu como
Suplente de Diretoria, cargo que permaneceu até 1968. E de lá para cá exerceu várias funções na
Federação, dentre elas: foi Segunda Secretária (1971 a 1974), Representante Suplente junto à
CONTCOP – Confederação dos Trabalhadores de Comunicação e Publicidade (1980-1983),
Membro da Comissão de Ética e Liberdade de Imprensa em dois períodos (1995-1998, 1998-2001)
e Secretária Geral da VIII Conferência Nacional de Jornalistas Profissionais (Goiás-1971). Sua
participação na Federação Nacional dos Jornalistas foi intensa e trouxe sua contribuição para esta
entidade da classe.
Posteriormente, no Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Radiodifusão e Televisão
dos agenciadores e trabalhadores em empresas de publicidade do Estado do Ceará. Em 20 de
janeiro de 1984, era reconhecida como Produtora Executiva, locutora, entrevistadora, com registro
profissional 1126.20.
Em 12 de agosto de 1994, ingressou na Associação Cearense de Imprensa. Adísia Sá assumiu
vários cargos de direção e suplência na Associação Cearense de Imprensa. Iniciando em 1959,
como Suplente de Diretoria, cargo que permaneceu até 1963. Em 1965 assumiu a função de
Diretora de Ensino, cargo que ocupou até 1967. De 1969 a 1971, trabalhou como 2ª Secretária,
passando no mesmo ano a 1ª Secretária, cargo que permaneceu até 1977, quando foi convidada a
assumir como 2ª vice-presidente, lá permanecendo por várias gestões até 1995, considerando seu
pedido de renúncia no ano de 1993. Sua passagem na Associação Cearense de Imprensa deixou sua
marca e sua contribuição para a Imprensa Cearense.
Adísia Sá exerceu várias atividades correlatas ao jornalismo. Seu currículo extenso revela sua
participação ativa na coordenação de diversos congressos e conferências jornalísticas, além da sua
participação como membro de Comissão Julgadora de vários eventos.
7. O reconhecimento
Em 1993, recebeu o título de cidadã de Fortaleza; em 1995, de Maranguape (CE); e, em
2002, de Mossoró (RN). Devido à sua constante atuação profícua e eficaz foi homenageada com o
Prêmio Estado do Ceará, destinado à melhor obra no gênero “Ensaios e Estudos científicos”,
Fortaleza, 28 de dezembro de 1983.
Recebeu várias homenagens em forma de Placas, troféus e diplomas, que somam 24
premiações. Além da homenagem concedida pela FANOR (Faculdades do Nordeste), em 2004,
com a instalação da cátedra Adísia Sá de Jornalismo, sendo a primeira do Ceará.
9
Adísia Sá recebeu várias medalhas totalizando 15 homenagens. Destacamos a medalha de
Honra ao Mérito, recebida na Universidade Federal do Ceará, como Mérito Educacional e sua
contribuição para a Faculdade de Jornalismo e a Medalha Risoleta Neves como Mérito Parlamentar
recebida na Assembléia Legislativa do Ceará.
A Cátedra de Jornalismo da Faculdade Nordeste (FANOR), a primeira Cátedra da instituição,
leva o nome de Adísia Sá. A Cátedra incentiva o estudo e a pesquisa em Jornalismo, além de
oferecer aulas sobre Ética e Legislação, ministradas pela professora Adísia Sá e pelo professor de
Direito, Oscar Dalva Filho.
(...) fundadora da Associação Brasileira de Ouvidores – seção Ceará, onde foi
primeira presidente e, atualmente, é membro da Comissão de Ética da Federação
Nacional dos Jornalistas (FENAJ). Para ela, a idéia é original no estado e
“extremamente interessante”. Outro aspecto ressalta, é que serão dois professores
abordando na mesma sala as visões jornalísticas e jurídicas em relação à questão.
(O POVO, 11/fev/2004)
Homenageada por vários jornais por ocasião do seu jubileu no jornalismo cearense, Adísia Sá
é reconhecida pelo povo de sua terra, mesmo porque a professora Adísia lecionou para a grande
maioria dos jornalistas do Ceará. Mas, ela sentia que lhe faltava algo: ser membro da Academia
Cearense de Letras. Porém, o destino reservou-lhe outra premiação.
8. Bem-vinda à academia dos imortais da Comunicação: Premio Luiz Beltrão 2006
O coroamento de sua carreira no magistério e no jornalismo veio através do IX Prêmio Luiz
Beltrão de Ciências da Comunicação, na categoria “Maturidade Acadêmica”, no Intercom4 2006,
realizado no mês de setembro, em Brasília e promovido pela Cátedra UNESCO/UMESP de
Comunicação para o Desenvolvimento Regional-Brasil. Adísia Sá foi recebida na “academia dos
imortais da comunicação”. Este prêmio é o reconhecimento da academia pelo seu trabalho e
participação emblemática na área da comunicação no Ceará.
A cerimônia de entrega do Prêmio Luiz Beltrão 2006 foi realizada na noite de quinta-feira,
no auditório da Faculdade de Tecnologia da Universidade de Brasília (UnB), em que Adísia Sá
proferiu um discurso marcante, que emocionou os participantes, afirmando que “o prêmio chega
em minhas mãos no outono de minha vida” (FENAJ, 2006).
Esta premiação coroa o Jubileu da professora, jornalista e escritora Adísia Sá pela sua
contribuição ao longo de sua trajetória de 51 anos de dedicação ao exercício e militância do
jornalismo.
Atualmente, a professora e jornalista Adísia Sá é comentarista diária da Rádio AM O Povo e
articulista semanal dos jornais O Estado e O Povo, neste último, Adísia compõe o Conselho
Editorial do jornal. Além disso, é delegada do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Ceará,
junto à Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) e da Comissão de Ética e Liberdade de
Imprensa da mesma entidade, desde o ano de 2001. Apesar da idade, Adísia encontra estímulo e
vigor para lecionar na Academia da Polícia Militar General Edgard Faço, como professora de
Comunicação Social.
9. Obras Publicadas
Adísia Sá tem ao todo doze obras completas publicadas, que podem ser subdivididas, em
princípio, em duas áreas de atuação: Filosofia e Comunicação. Porém, uma paixão de sua
adolescência emerge: a Literatura. Portanto, temos entre suas publicações textos interdisciplinares,
que transitam com muita propriedade entre Filosofia, Jornalismo e Literatura.
Sua primeira publicação fora na área de Filosofia: Metafísica para quê? (1971) Depois
vieram outras obras que contribuíram para o ensino: Ensino de Filosofia no Ceará (org.) (1972),
Fenômeno metafísico (1975), Introdução à filosofia (1975).
4
Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação.
10
Na área da Teoria da Comunicação e Jornalismo, ela publicou: Fundamentos científicos da
Comunicação (org.) (1972), Ensino de Jornalismo no Ceará (1979), Biografia de um sindicato
(1981), O jornalista brasileiro (1985-1999) e o Clube dos ingênuos (1998) e Traços de união
(1999).
Em Literatura, sua paixão desde a adolescência, Adísia publicou: Capitu conta Capitu
(1992). Nesta obra, a autora lança mão da obra de Machado de Assis, que por décadas seus leitores
condenaram Capitu, sem esta ter uma possibilidade de sequer se defender. Nesta obra, Adísia conta
a estória na perspectiva de Capitu, de como ela viveu naquela época e suas dificuldades numa
sociedade machista, em que a mulher era posse do homem.
Atualmente, Adísia Sá está em fase de finalização de três obras na área de jornalismo. São
elas: “Filosofia e Ética”, “Meditações sabáticas por uma não-judia” e “Ética ao alcance de todos”.
Conforme Adísia, “os temas desenvolvidos nas minhas teses foram e ainda são,objeto de minhas
reflexões e produção” (Entrevista via e-mail, 2007).
11
Bibliografia
AMORIM, Luiza Helena. Adísia Sá: uma biografia. Fortaleza: Ed. OMNI, 2005.
ARAUJO, Isabela. Adísia Sá, amante do jornalismo. Ano 6, nº 61, 01 de janeiro de 2006.
CHAPARRO, Carlos.O Xis da questão. Comunique-se, 11/09/2006.
_________________ Em Adísia Sá, a palavra que gera e perpetua. Memória. 15/09/06.
ENTREVISTA COM ADÍSIA SÁ: 10 anos da criação da função de Ombudsman. Em Off.
Página dedicada aos profissionais de imprensa. dezembro/2003.
ENTREGA DO PRÊMIO LUIZ BELTRÃO À ADÍSIA SÁ É MARCADA POR GRANDE
EMOÇÃO. In.: www.fenaj.org.br/materia.php?id=1307. Acesso em 05/11/2006 às 18h45.
GOBBI, SANTOS, SANTOS. Vera Giangrande. Uma História de Encantamento. VI Colóquio
Internacional sobre a Escola Latino-Americana de Comunicação - CELACOM’2002 e no Mídia em
Debate’2002 - II Jornadas Comunicacionais Unesco-Umesp-FAI, Adamantina, São Paulo, Brasil,
entre os dias 30 de setembro a 2 de outubro de 2002.
JORNALISTA ADISIA SÁ GANHA BIOGRAFIA. Redação Portal IMPRENSA.
JUBILEU DE JORNALISMO. Textos reunidos sobre os 50 anos de jornalismo de Adísia Sá.
Arquivo Cátedra Unesco.
LIMA, Maria Érica de O. Ensaio da trajetória e do pensamento de Adísia Sá. 2º Encontro
Nacional da Rede Alfredo de Carvalho. Florianópolis, abril de 2004.
____________________. Adísia Sá: uma biografia. Revista Brasileira de Inovação Cientifica em
Comunicação, ano 1, nº 1, maio 2006.
MELLO. Valéria Maria Sampaio. O destinatário de uma educadora-jornalista: uma
experiência dialógica.
SÁ, Adísia. Filosofia e Comunicação. Tese de Livre-docência apresentada à Universidade Federal
Rural de Pernambuco. Fortaleza/Ceará, 1976.
_________. O homem e os espaços existenciais como formas de comunicação. Tese apresentada
ao Departamento de Comunicação e Biblioteconomia, da Universidade Federal do Ceará para
concurso de Professor Titular de Fundamentos da Comunicação. Fortaleza, Ceará, 1980.
_________. Clube dos ingênuos: um relato de 3 anos como Ombudsman do O Povo. Fortaleza:
Fundação Demócrito Rocha, 1998.
_________. Biografia de um sindicato. Fortaleza: Edições UFC, 1981.
_________. O Jornalista Brasileiro: Federação Nacional dos Jornalistas profissionais, de
1946-1999, 2ª ed., Fortaleza: Ed. Fundação Demócrito Rocha, 1999.
_________. Entrevista concedida via e-mail. Janeiro/2007.
12
Download