Rogério Vilas Boas [[email protected]] CANCER DE PARATIREÓIDE – UM ESTUDO DE CASO Ana Paula Filus Bandeira¹ Cristiano Mariano Vanelli¹ Jhanaina Marcondes¹ Paulo André Varesqui Garcia¹ Rogério Rodrigues Vilas Boas¹ Orientador: Christian Boller² email: [email protected] DESCRITORES: Neoplasias de Paratireóide, hiperparatireoidismo, Hormônios da Paratireóide. Introdução: O câncer de paratireóide causa uma alteração crítica do metabolismo do cálcio (hipercalcemia), que desestabiliza vários sistemas endógenos. Com a associação do hiperparatireoidismo as paratireóides perdem o controle retroalimentativo e ocorre um aumento desregulado na produção de paratormônio. Caso não houver tratamento, a hipercalcemia evolui para um estágio onde há comprometimento renal através de formações de cristais de oxalato de cálcio e fosfato, que podem se depositar metastaticamente em locais como alvéolos pulmonares, túbulos renais, tireóide, paredes de artérias e áreas de mucosa gástrica produtora de ácidos. Ocorre desmineralização generalizada do esqueleto e eventos neuromusculares culminando em tetania e posteriormente hipotonia, coma, colapso e morte. Normalmente o carcinoma da paratireóide é pouco agressivo em relação a outras neoplasias, e é mais comum em pacientes acima de 40 anos, não havendo diferença de incidência entre os sexos. Objetivo: O trabalho visou descrever as principais características do câncer de paratireóide, seu tratamento, diagnóstico e prognóstico, e correlacionar com um caso clinico real. Método: Pesquisa exploratória de cunho descritivo, em bases de dados online, livros e publicações científicas, dados do caso clínico obtidos através de análise de prontuários em um hospital de grande porte de Curitiba. Resultados: Paciente do sexo feminino com 65 anos de idade fora levada ao hospital de ambulância com desorientação e sonolência. Relatou que estava bem até 2 meses, quando passou a apresentar fadiga, constipação, sudorese noturna, dores difusas no corpo, anorexia e irritação. Não procurou atendimento, pois a paciente suspeitava estar com sintomas de depressão. Perdeu 5kg nos últimos 4 meses e apresentava poliúria. Negando febre, calafrios, tosse, dor abdominal, diarréia, ou queimação ao urinar. Os dados laboratoriais demonstraram uma discreta anemia evidenciada nos valores de hemoglobina (Hb), volume globular (VG), volume corpuscular médio (VCM), hemoglobina corpuscular média (HCM) e número de eritrócitos. Enquanto a concentração de hemoglobina corpuscular média (CHCM) manteve-se normal sugerindo um quadro de anemia normocítica normocrômica, um perfil típico anemia da doença crônica, onde há um aumento na sinalização imunológica de fator de necrose tumoral e interleucinas, causando inibição 1 – Acadêmicos do 7º período de Biomedicina da Faculdades Pequeno Príncipe 2 – Farmacêutico Bioquímico pela Universidade Federal do Paraná (2003) e mestrado em Ciências Farmacêuticas pela Universidade Federal do Paraná (2005). É doutorando pelo Programa de PósGraduação Biotecnologia Aplicada a Saúde da Criança e do Adolescente na Faculdades Pequeno eritropoiética (3). Não houveram alterações significativas em séries branca e plaquetária. A dosagem plasmática mostrou alterações em vários elementos dentre os quais podem se destacar uma elevação significativa nos níveis de cálcio total, e aumento em BUN, cloreto, creatinina, HCO3, sódio. E leve diminuição de albumina e fósforo. As alterações nos valores de cálcio e fósforo são fortes indicativos de disfunção paratireóide. No raio X de tórax foram visualizados múltiplos nódulos nos pulmões esquerdo e direito. A tomografia computadorizada detectou nódulos de baixa densidade no fígado, e na mamografia foram encontrados múltiplos nódulos nos seios. Como continuidade o corpo clínico iniciou a farmacoterapia com Furosemida, Pamidronato, Calcitonina e Mitramicina. Antes do diagnóstico a paciente estava em uso de Lisinopril. Conclusões: O carcinoma de paratireóide é um tipo de neoplasia de difícil diagnóstico, que responde mal aos tratamentos não cirúrgicos. O maior problema é a hipercalcemia gerada pela doença, sendo essa a principal causa mortis. O tratamento é basicamente cirúrgico, associado à fármacos diuréticos e diminuidores da calcemia. Existe carência de métodos laboratoriais para diagnosticar a patologia, e a maioria dos diagnósticos é feita clinicamente e confirmada no exame anatomopatológico, cuja coleta de material apresenta riscos ao paciente. Por isso seria importante a pesquisa de melhores métodos para detecção precoce do câncer. O prognóstico é pior se após farmacoterapia não ocorrer a diminuição da calcemia, ou se existirem metástases à distância, como fora relatado no caso estudado. Existe carência literária sobre a sobrevida de pacientes com metástase e neste caso o paciente não foi acompanhado até o óbito. Estudos de caso como este são importantes parâmetros de comparação, principalmente para os clínicos que devem estar atentos a este tipo de patologia para que possam agir com rapidez e assim melhorar o prognóstico dos pacientes. Referências: MONTORO, José Raphael de Moura Campos et al. Carcinoma de Paratireóide. Arquivo Internacional de Otorrinolaringologia, São Paulo, 2008. Vol 12, n. 1, p 145-149. MORIMITSU, Lílian K et al. Carcinoma de Paratiróide: Características Clínicas e Anátomo-Patológicas de Cinco Casos. Arquivo Brasileiro de Endocrinologia Metabólica vol.45 no.2 São Paulo Mar./Apr. 2001 MCPHEE, Stephen J; PAPADAKIS, Maxine A; TIERNEY JR, Lawrence M. Diagnóstico e tratamento. 1ªed. Editora: Atheneu – São Paulo, 1998. Pg. 87. ABBAS, Abul K; FAUSTO, Nelson; KUMAR, Vinay. Robbins & Cotran: Patologia – Bases patológicas das doenças. 4ªed. Editora: Saunders Elsevier – Rio de Janeiro, 2005. Pg. 1237-1241. KASPER, Dennis L; et al. Harrison - Medicina Interna. 16ªed. Volume II Editora: McGraw Hill – Rio de Janeiro, 2006. Pg. 2361-2376.