TECNOLOGIAS NA SALA DE AULA: O PROFESSOR COMO MEDIADOR DO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM1 Janete Krohn Parzianello2 Daniela de Maman3 Introdução Este estudo justifica-se pelo fato que atualmente os instrumentos tecnológicos, na área educacional, constituem-se em instrumentos didáticos que qualificam a ação do professor. Mas é preciso ter claro que a utilização de recursos tecnológicos não pode caracterizar-se com dependência, assim cabe alertar para a utilização dos instrumentos tecnológicos disponíveis na escola, ainda pouco utilizados, e por vezes, nada pedagogicamente. Principalmente no que diz respeito ao papel do pedagogo, ou seja, buscar preparação para orientar os demais professores quanto à utilização como recurso didático na prática pedagógica. Esta ação demanda empenho visto que, a utilização de instrumentos tecnológicos em sala de aula proporciona o desenvolvimento da aprendizagem como um todo. O docente ao se propor a trabalhar com, por exemplo, vídeos, precisam além do domínio do conteúdo, ter conhecimento das ferramentas tecnológicas que serão utilizadas. Atuando e envolvendo todos nessa caminhada, pois é importante vencer as resistências, despertar para a mudança, devendo se informar e formar para tal. _______________________ Texto produzido a partir da pesquisa bibliográfica realizada mediante estudos desenvolvidos no Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE; 2 Professora- Acadêmica do PDE – E-mail: [email protected]; 3 Professora Orientadora da Unioeste/Campus de Francisco Beltrão/PR – E-Mail: [email protected]. melhorando o desempenho profissional do educador. Desta forma, pretende-se abordar os benefícios da inclusão dos instrumentos tecnológicos como mais um recurso metodológico na busca de melhores alternativas para superar dificuldades apresentadas no rendimento escolar dos educandos e a possibilidade de utilização das tecnologias como recurso pedagógico, caracteriza-se como importante marco na educação. Mas ainda uma atitude em desenvolvimento, pois alguns o utilizam sem o devido conhecimento para uma boa exploração, outros nem sabem da existência e importância do uso. Desenvolvimento As inovações tecnológicas, atualmente passam por constantes transformações, dentre elas, destacamos as diferentes formas de operacionalizar os instrumentos tecnológicos, como também fazemos menção a importância das inovações e modernizações no âmbito educacional, na aquisição de novos equipamentos tecnológicos, bem como a preparação dos profissionais da educação para a aquisição destes equipamentos, visando uma melhoria da qualidade de ensino, oportunizando assim, novas formas de organização do trabalho pedagógico. É importante considerar que, possuidoras de infra-estrutura mínima, as escolas avanças na disseminação quanto ao uso das tecnologias, utilizando-as com os pressupostos; que o sujeito constrói o seu conhecimento; para isso sendo necessária a mediação o e planejamento das situações de ensino e de aprendizagem. Surge a necessidade de contínua atualização em todas as esferas sociais, principalmente no âmbito escolar. As tecnologias, em especial o computador e a internet adentram as salas de aula como uma ferramenta na mediação do processo de conhecimento. Para entender as exigências do mercado competitivo do trabalho o indivíduo precisa aprender e assimilar o conhecimento produzido pela humanidade e os novos paradigmas, necessitando adaptar-se a esta nova era tecnológica e integrar-se a ela, sabendo lidar com a realidade imposta pelo mundo virtual. De acordo com Teruya, a educação escolar não tem o poder de modificar toda uma mentalidade, porque há concorrência desigual e desleal da parte do aparato da mídia eletrônica em nível global; eu apelo ao entretenimento, permeado de muita pobreza cultural, banaliza a vida cotidiana e define o modelo de comportamento e de conduta alienada, próprio da sociedade capitalista (TERUYA, 2006, p.42). Entretanto, o educador pode contribuir para propiciar uma conduta, mais crítica diante das visões alienadas e dos preconceitos, cultivando os embriões de uma nova geração de indivíduos humanos mais criativos e mais preparados para o mundo contemporâneo. Não se trata necessariamente de produzir um novo conhecimento, mas, conhecer a produção humana, no sentido de abrir horizontes do saber que permitem criar e inovar, utilizando-se do conhecimento universalizado e consagrado pela ciência. Desta maneira o sistema escolar precisa compreender e incorporar a linguagem virtual da internet, e integrar esta tecnologia de forma inovadora como fonte de pesquisa e ferramenta de trabalho, tornando-a um elemento que poderá contribuir para uma maior vinculação entre os contextos de ensino e as culturas, que se desenvolvem também fora do âmbito escolar. Os instrumentos tecnológicos enquanto ferramentas pedagógicas, quando bem utilizadas, poderão oferecer maior subsídio para uma nova postura na ação docente. Neste aspecto entende-se que os professores são sujeitos dos saberes e mediadores de toda ação pedagógica que ocorre no interior da escola, por esta razão, necessitam apropriarem-se das novas tecnologias, não apenas para motivar os alunos, mas para compreender o processo ativo e dinâmico que ocorre nessa interação entre homem e a máquina. Analisando esses autores percebe-se uma defesa do uso das mídias no contexto educacional. Mas, o que ocorre na grande maioria das vezes nas escolas, com raras exceções, é uma educação privilegiando os métodos tradicionais, ou então uma tentativa de introdução de recursos tecnológicos variados de forma inadequada, sem objetividade, descontextualizada, sem significado, tornando-se apenas uma ferramenta para incrementar a aula. Usar de forma inadequada talvez seja mais prejudicial do que se não fizesse seu uso. Com relação ao uso inadequado, vejamos o que é apontado por Vani Moreira Kenski: A formação de qualidade dos docentes deve ser vista em um amplo quadro de complementação às tradicionais disciplinas pedagógicas e que inclui algum conhecimento sobre o uso crítico das novas tecnologias de informação e comunicação (não apenas o computador e as redes, mas também os demais suportes midiáticos, como o rádio, a televisão, o vídeo etc.) em variadas e diferenciadas atividades de ensino. É preciso que o professor saiba utilizar adequadamente, no ensino, essas mídias, para poder melhor explorar suas especificidades e garantir o alcance dos objetivos do ensino oferecido (KENSKI, 2003 p. 88-89). Percebe-se que Kenski (2003) reforça a referente ao perigo do uso inadequado, uma vez que os autores referem-se a um grupo de educadores que tentam utilizar-se dos meios, mas geralmente por não possuírem qualificação pecam na sua utilização. Pode-se pensar na formação continuada, em serviço, como uma das possibilidades de estudar, refletir sobre as mudanças, pelas quais passa a sociedade, caracterizada pela valorização da informação, reconhecer e avaliar estas ferramentas tecnológicas para elaborar e desenvolver práticas pedagógicas que promovam o desenvolvimento de forma reflexiva, sobre conhecimentos e usos da tecnologia de comunicação e informação. A partir deste parâmetro é possível perceber que o educador necessita de atualização para o trabalho docente, uma vez que é co-responsável na produção e reprodução desses novos conhecimentos. Assim com a utilização de novas tecnologias, sejam elas, computador, TV multimídia, rádio ou internet, o estudante tem a possibilidade de desenvolver suas potencialidades, tanto cognitivas, como estéticas, através das múltiplas maneiras que o docente pode realizar nos espaços de interação, propondo problemas reais, que gerem processos de construção do conhecimento. Desconhecer e negar as novas tecnologias faz o ensino retroceder no tempo. Sendo assim, a tecnologia educacional surge como um campo de estudo cuja preocupação principal é a melhoria do ambiente educacional com vistas a facilitar o processo de ensino e aprendizagem, como também se propõe a criar métodos e técnicas para possibilitar o desenvolvimento e a produção de ambientes de aprendizagem, sejam eles tecnológicos ou não. Podemos ainda argumentar que as tecnologias digitais e a internet têm influenciado a área educacional e muitos autores afirmam que a internet será responsável por uma grande revolução no sistema de ensino, uma vez que possibilitam o contato com o mundo virtual através imagem, sons e palavras ao mesmo tempo e uma comunicação em tempo real com pessoas do mundo inteiro. Assim, as informações e o conhecimento são transmitidos com rapidez e facilidade, porém, com tudo isto, o papel do educador torna-se imprescindível, no que diz respeito à veracidade e à qualidade, pois nem tudo o que circula no mundo virtual é passível de credibilidade. Desta maneira as novas tecnologias não vêm para substituir o professor, mas para contribuir com a prática docente, no processo ensino e aprendizagem. Cabe ao professor saber utilizar essas ferramentas e através delas formar cidadãos capazes de identificar e compreender as teorias que norteiam o paradigma tecnológico da comunicação e informação. Conforme Teruya: O papel da escola não se limita a desenvolver metodologias para erradicar o “analfabetismo tecnológico”, mas também oferecer instrumentos para analisar criticamente os recursos do ciberespaço, no sentido de privilegiar a formação ética, incentivando a participação coletiva no processo de construção da nova sociedade, verdadeiramente democrática, ou seja, um mundo onde todas as pessoas usufruam os benefícios das conquistas científicas (TERUYA, 2006, p.68) Deste modo entendemos que os instrumentos tecnológicos, quando utilizados de maneira adequada, ou seja a partir de uma metodologia correspondente as exigências tanto dos conteúdos quanto da maturidade intelectual dos alunos possibilitam a qualificação do processo de ensino, pois oferecem auxilio pedagógico e material atualizado tanto para o educador, como para os alunos, além de facilitar a aprendizagem, porém requer fundamentação teórica e metodológica para trabalhar no ambiente informatizado. O papel desempenhado pelo professor continua sendo fundamental e insubstituível. Mas será que os professores estão preparados para a utilização dos instrumentos tecnológicos? O que deveriam ensinar e aprender diante desta perspectiva? Segundo Teruya, “o conhecimento depende da informação, mas o acesso ao conhecimento” (TERUYA, 2006, P.93). A diversidade de informação, que é veiculada nos meios impressos e eletrônicos de comunicação, está gerando problemas físicos e psicológicos nos indivíduos que não sabem o que fazer com tanta informação. O individuo, antes de buscar informação, precisa saber com clareza o que procura para tornar a tecnologia útil. Desta forma afirmamos que para o educador utilizar os instrumentos tecnológicos e midiáticos no ambiente escolar é necessário a utilização uma metodologia de ensino e uma concepção de educação que integrem os conteúdos a esses instrumentos, e para que isto aconteça o professor precisa estar preparado, capacitado e apto, pois sem um referencial teórico e moral para suas atividades pedagógicas, ele se tornará uma presa fácil neste mundo tecnológico. A partir disso, é possível entender que a tecnologia educacional vai além de recursos físicos, uma vez que a preocupação maior centra-se em oferecer ao professor instrumentos de reflexão e de ação dentro de um contexto de ensino e aprendizagem amplo, tendo o aluno como centro da ação do professor que exerce o papel de mediador no processo de aprendizagem do educando. É imprescindível a compreensão de que a utilização da tecnologia educacional, de forma coerente com este concepção, só se dá com a previsão desta utilização em todas as instancias de planejamento educacional. Dessa forma, é no planejamento do processo de ensino e de aprendizagem que serão explicitadas as estratégias e os recursos presentes na mediação. A tecnologia, a escola e a educação, no paradigma educacional vigente, é função da educação, também da escola, preparar as pessoas para viver, agir como cidadãos e trabalhar na sociedade, a qual está totalmente informatizada. Porém, Moran afirma que: nosso desafio maior é caminhar para um ensino e uma educação de qualidade, que integre todas as dimensões do ser humano. Para isso precisamos de pessoas que façam essa integração em si mesmas no que concerne aos aspectos sensorial, intelectual, emocional, ético e tecnológico, que transmitem de uma forma fácil, entre o pessoal e o social, que expressem nas suas palavras e ações que estão sempre evoluindo, mudando, avançando (MORAN, 2004,p. 15). É possível afirmar que a escola caracteriza-se como a instituição criada pela sociedade com a função de formar cidadãos, mas não exclusivamente, de educá-los para o exercício da cidadania. A escola concentra seus esforços naquelas atividades consideradas mais importantes pelo “paradigma” de educação vigentes, ou seja, a transmissão de conhecimentos. Moran destaca que, o professor, com o acesso a tecnologias telemáticas, pode se tornar um orientador/gestor setorial do processo de aprendizagem, integrando de forma equilibrada a orientação intelectual, a emocional e a gerencial. O professor é um pesquisador em serviço. Aprende com a prática e a pesquisa e ensina a partir do que aprende. Realiza-se aprendendopesquisando-ensinando-aprendendo. O seu papel é fundamentalmente o de um orientador/mediador (MORAN, 2004, p.30). Assim o aparente distanciamento da maioria dos professores em relação ao uso de tecnologias em sala de aula esconde, na maioria das vezes, o medo, falta de tempo, desinteresse, dificuldades em lidar com este tipo de ferramenta, enfim, existe o medo da máquina como se ela tivesse vida própria. Para o professor se familiarizar com a tecnologia ele precisa usá-la nas mais variadas atividades. Acreditamos que quando os professores tiverem com os instrumentos tecnológicos, a intimidade que tem hoje com o livro descobrirão ou inventarão maneiras de inseri-lo em suas rotinas de sala de aula, encontrarão formas de criar, em torno da tecnologia, ambientes ricos em possibilidades de aprendizagem que propiciarão aos alunos uma educação que os motivará tanto quanto hoje o fazem os jogos computadorizados, os desenhos animados, os filmes e a música nos seus kips. Assim, a internet como uma nova mídia a ser utilizada na educação deve ser analisada como um instrumento de comunicação, informação, de pesquisa e de produção de conhecimentos. Necessita, portanto ser reconhecida e apropriada como ferramenta pedagógica. A internet é hoje uma ferramenta indispensável no processo de ensino e aprendizagem, pois ela proporciona uma interação efetiva entre professores e alunos, possibilitando assim novas propostas de trabalho. Ela consegue fazer uma ligação entre a escola e o mundo exterior aumentando assim a comunicação entre a escola, os alunos, os pais e toda a comunidade, além de proporcionar um trabalho mais divertido, através do uso internet o aluno deixa de ser um mero receptor e passa a fazer parte ativamente do processo ensino-aprendizagem. Para o professor, o uso da internet é uma forma de aproximação dele e do aluno, além de proporcionar um acesso mais rápido a notícias científicas e educacionais atualizadas que podem ser utilizadas em sala de aula. O uso das redes como uma forma de interação no processo educativo, amplia a ação de comunicação entre professores e estudantes e o intercambio educacional e cultural ensinar com o auxílio da internet derruba as barreiras de sala de aula acelerando a autonomia da aprendizagem dos estudantes em seus próprios ritmos e assim a educação assume um caráter coletivo. Além do receio frente às novas tecnologias há também o problema técnico, pois freqüentemente o profissional de educação pública não tem o domínio necessário para utilizar essas novas ferramentas, conforme mencionamos acima nos fatores que determinam o atraso da introdução das mídias na sala de aula. Entretanto, o educador ao se aprofundar em cursos de capacitação em Fundamentos da Educação e na parte específica da sua disciplina, deverá fazê-lo também com a mesma dedicação no manuseio dos recursos midiáticos, uma vez que detectamos que estes são de extrema importância na sua prática pedagógica. Esses recursos atraem os estudantes e ali também sentir-se-ão capazes da autoaprendizagem. O profissional de ensino não deve permitir que esse recurso seja utilizado único recurso salvador. Incentivar á pesquisa, trabalhar a consciência ética e responsável, deve fazer parte da preocupação docente. Explorando bem as potencialidades do ambiente virtual nas situações de ensinoaprendizagem, possibilita-se a maior interação do aluno no processo, conforme destaca Moran, a internet é uma tecnologia que facilita a motivação dos alunos, pela novidade e pelas possibilidades inesgotáveis de pesquisa que oferece. Essa motivação aumenta, se o professor a faz em um clima de confiança, de abertura, de cordialidade com os alunos. Mais que a tecnologia, o que facilita o processo de ensino-aprendizagem é a capacidade de comunicação autêntica do professor, de estabelecer relações de confiança com os seus alunos, pelo equilíbrio, competência e simpatia com que atua (MORAN, 2008, p.06). Para Moran um dos aspectos positivos da internet para a efetivação do processo de ensino e de aprendizagem, observa-se os seguintes pontos: na internet, também desenvolvemos formas novas de comunicação, principalmente escrita. Escrevemos de forma mais aberta, hipertextual, conectada, multilinguística, aproximando texto e imagem. Agora começamos a incorporar sons e imagens em movimento. A possibilidade de divulgar páginas grupais na internet gera uma grande motivação, sensibilidade, responsabilidade para professores e alunos. Todos se esforçam por escrever bem, por comunicar melhor as suas ideias, para serem bem aceitos, para “não fazer feio”. Alguns dos endereços mais interessantes ou visitados da internet no Brasil são feitos por adolescentes ou jovens (MORAN, 2008, p.06). Ainda assim, constatamos que a internet, desde o início de sua utilização como ferramenta educacional, lá por volta dos anos 90, vem se tornando uma fonte em potencial de informações sem limites e trouxe diferentes tipos de vantagem e problemas novos ao professor, pois ao mesmo tempo em que possibilita intervenções pedagógicas bem mais sofisticadas e até mais interessantes que as aulas tradicionais. Por outro lado, levam ao professor a enfrentar alterações nas relações de poder sobre o conhecimento: onde o professor deixa de ter o controle sobre o conteúdo de referência e, passa a gerenciar informações imprevisíveis, que os alunos trazem de suas consultas online para discussão em sala de aula. Portanto, é preciso considerar que o acesso ao conhecimento online, muda também as relações do processo de ensino e aprendizagem. Por essa razão é que para o uso destas ferramentas na educação, não deve se limitar ao treinamento de professores como mais uma inovação tecnológica. É preciso sim, “res”significar as práticas educativas, levando os professores a apropriação através de uma formação contínua a incorporação das ferramentas tecnológicas às concepções pedagógicas, resultando em práticas educacionais que promovam o saber em diversos campos, dentro do sistema educacional. Neste processo de implantação destas novas formas de ensinar e aprender, o professor deverá se aperceber como agente fundamental para atender às exigências colocadas pela sociedade da informação e o papel que lhe cabe, mantendo-se em contínua formação. Tendo clareza que a educação existe em um novo contexto social e é necessário a ele se adaptar. A discussão do tema, o uso das tecnologias como instrumento pedagógico, nos remete a análise da questão do uso como um meio, um instrumento, um recurso a ser utilizado neste processo e, se bem utilizado poderá e muito colaborar para atender as novas exigências colocadas pela sociedade atual; a formação de indivíduo apto a enfrentar essa sociedade em rápida e em contínua mudança. Assim compreender e incorporar a linguagem virtual nas salas de aula de nossas escolas significa buscar compreender também o processo de construção de aprendizagem, a epistemologia do processo de ensinar e aprender, na realidade posta pela sociedade de informação. E segundo nos apontam as últimas pesquisas nesta área, são inúmeros os benefícios da integração da tecnologia no processo pedagógico, mas exigirá do professor novas estratégias no ensinar, e principalmente compreender como se dá o processo de aquisição do conhecimento, conceitos ou esquemas cognitivos ali produzidos. Isso quer dizer que durante o processo ensino-aprendizagem, não basta o aluno estar em contato com os recursos da informatização, pois as situações de ensino exigirão muito mais criatividade, pesquisa, interação e adaptação a situações novas apresentadas, pois a máquina por si só, não irá promover conhecimento. A partir disso, é possível entender que a tecnologia educacional vai além de recursos físicos, uma vez que a preocupação maior centra-se em oferecer ao professor instrumentos de reflexão e de ação dentro de um contexto de ensino e aprendizagem amplo, tendo o indivíduo que aprende como centro na ação de um professor que exerce o papel de mediador no processo de aprendizagem do educando. É imprescindível a compreensão de que a utilização da tecnologia educacional, de forma coerente com esta concepção, só se dá com a previsão desta utilização em todas as instâncias de planejamento educacional. Dessa forma, é no planejamento do processo de ensino e de aprendizagem que serão explicitadas as estratégias e os recursos presentes na mediação. A mediação não pode fugir de dois aspectos fundamentais: sua intencionalidade e planejamento. No entanto, mediante as interações com os educandos, considerando-se suas diferenças individuais, e o uso dos recursos tecnológicos, na mediação podem ocorrer imprevistos, diversos e complexos, os quais podem ser administrados de forma mais segura pelos educadores por meio da elaboração de diferentes planejamentos na situação rotineira de trabalho. Outra consideração relevante é o fato de que a configuração dos espaços destinados ao uso dos instrumentos tecnológicos faz com que, muitas vezes, seja necessário que o professor compartilhe seu planejamento com outros professores, ampliando-se, assim, a proposta tão somente da utilização desses recursos no plano de ensino. Referindo-se ao planejamento e a prática docente Moran, nos lembra que cada docente pode encontrar sua forma mais adequada de integrar as novas tecnologias e os procedimentos metodológicos, mas também é muito importante, além de aprender a explorar todas as possibilidades que as tecnologias oferecem que o educador aprenda dominar as formas de comunicação interpessoal/grupal e as de comunicação audiovisual/telemática (MORAN, 2000, p.32). Teremos que ter clareza de que a educação escolar neste momento necessita incorporar uma aprendizagem que venha atender às exigências necessárias desta nova sociedade de informação, onde o mundo do trabalho exige indivíduos cada vez mais talentosos, criativos que sabiam analisar, projetar e produzir conhecimentos. Para Moran ao desenvolver uma análise sobre um paradigma emergente como: a busca da visão de totalidade no enfoque da aprendizagem e o desafio da superação da reprodução do conhecimento deixam claro que é também importante educar para o uso democrático, mais progressista e participativo das tecnologias para que facilitem as possíveis manipulações para o uso educativo da internet (MORAN, 2000, p.8687). Moran, educador e incentivador do uso das mídias na educação diz que: a televisão e o vídeo partem do concreto, do visível, do imediato, do próximo – daquilo que toca todos os sentidos. Mexem com o corpo, com a pele – nos tocam e “tocamos” os outros, estão ao nosso alcance através dos recortes visuais, do close, do som estéreo envolvente. Pela TV e pelo vídeo sentimos, experimentamos sensorialmente o outro, o mundo, nós mesmos (MORAN, 2000, p.37). O autor afirma ainda, que os alunos estão prontos para a multimídia, pois são de uma geração que nasceu sob o fascínio das novas tecnologias. Todavia, o professor que é de uma geração diferente terá que adequar sua forma de trabalho para atrair essa platéia acostumada a cor e movimento. Para isso será necessário que o professor se atualize e aprenda a utilizar as tecnologias existentes. Não basta ter um laboratório e/ou sala de vídeo equipado, é necessário que se saiba operá-los. Mas, de acordo com nosso ponto de vista o maior desafio hoje, é a busca de uma abordagem que possibilite a aproximação de referenciais que supere a fragmentação e reprodução do conhecimento, uma prática pedagógica que torne o indivíduo sujeito ativo do processo de ensino e aprendizagem. Uma abordagem progressista de ensino, instrumentalizada pela tecnologia de forma inovadora. Segundo o contexto atual da sociedade de informação, para atender as exigências e cumprir os novos papéis que lhe estão sendo destinados na formação de indivíduos aptos a enfrentar e responder a estas demandas, o professor deverá estar em permanente reflexão a respeito da educação que recebe e transmite. É preciso ter a clareza destas novas tarefas e responsabilidades e assumir novos conhecimentos e atitudes, manter-se em constante formação, torna-se fundamental. Após estas explicitações chamamos atenção para o fato da necessidade de oferecimento de um processo de formação continuada que possibilite condições para o professor construir conhecimentos sobre as novas tecnologias, principalmente dando a ele suporte teórico e técnico para a contextualização do aprendizado e experiências vividas à nova situação de ensino aprendizagem agora postos pela nova sociedade do conhecimento/informação. Por isso, a formação deve sempre considerar o contexto educativo em que o professor esteja inserido, para que o mesmo a incorpore em seu fazer pedagógico de forma consistente. Conhecer e debater o uso destas tecnologias se faz necessário. Permitindo que cada professor, dentro de sua realidade de formação e de atuação, incorpore de maneira consciente essas ferramentas e, não como simples aparatos para animar ou ilustrar suas aulas. Desta forma o objetivo principal da formação continuada em tecnologias do uso do computador e da internet, além da aquisição de metodologias específicas para esse fim, deverá também qualificar o professor para conhecer o processo de aprendizagem, possibilitando o professor poder intervir de maneira efetiva na relação alunocomputador na aquisição de conhecimento. O processo de formação de professores que irão atuar, neste novo contexto educacional, ainda é muito incipiente, embora haja algum investimento nesta área, as tentativas para incluir o estudo das novas tecnologias nos cursos de formação de professores, quase sempre, esbarram-se nos custos operacionais e, sobretudo na falta de profissionais que superem as antigas práticas com um tipo de formação que não leva em conta as reais necessidades do professor, onde predomina um treinamento técnico, que quase nada acrescenta à prática pedagógica. Nessa perspectiva, é evidente que uma formação em tecnologias deverá proporcionar ao professor a análise do computador e da internet, ligada a sua experiência e domínio de conteúdos em estratégias que lhe permita avaliar o impacto das tecnologias na sociedade, a conveniência de seu uso e a prática pedagógica que irá fundamentar sua inserção na escola e em ação docente. Por outro lado, na previsão (planejamento) de possibilidades de uso de recursos tecnológicos, deve-se levar em consideração a coerência e coesão do uso dos instrumentos tecnológicos nos elementos do planejamento do processo de ensino e de aprendizagem. A coerência corresponde á relação interna do recurso, ou da estratégia utilizada com o elemento do planejamento no qual ele é proposto, enquanto que a coesão considera o proposta de utilização de recurso com vistas à mobilização de conhecimento para o conteúdo que está sendo estudado e a articulação das atividades desenvolvidas no laboratório com as atividades elaboradas em sala de aula. Portanto, a partir desses apontamentos, o professor poderá refletir no sentido de pensar os recursos tecnológicos apoiando a diversidade de estilos de aprendizagem presentes na sala de aula, uma vez que a finalidade principal da integração de recursos tecnológicos às atividades pedagógicas deve ser o aprimoramento da prática pedagógica dos educadores e o salto qualitativo n aprendizagem dos educandos. O planejamento das atividades com o uso das TICs também deve ser cuidadosamente elaborado, a fim de contemplar as necessidades tanto curriculares quanto de aprendizagem dos alunos. A contextualização continua sendo imprescindível também quando da utilização das tecnologias para que o resultado final das produções promova conhecimentos que levem à transformação, com vistas a uma sociedade mais participativa, critica e igualitária. Ou seja, a mediação didático-pedagógica é possibilitada pelo professor que atua diretamente com os estudantes, utilizando-se dos meios mais diversos, como as tecnologias, visando o desenvolvimento da aprendizagem com vistas á produção do conhecimento, em co-participação com os demais profissionais. Considera-se então, que o professor atua como mediador, quando orienta, propõe, incita e articula os saberes histórica e socialmente construídos, facilitando a mediação entre eles e os objetos da cognição dos estudantes. E as tecnologias, neste contexto, se apresentam como meios potencializadores dessa mediação, pois segundo Kenski, “a tecnologia moderna reestrutura ainda mais profundamente a consciência e a memória, impondo uma nova ordem nas formas tradicionais de compreender e de agir sobre o mundo” (KENSKI, 1997, p. 59). Conclusão Alimentar os professores de modo sistemático pela via eletrônica, ou similar, para que possa ter acesso a oportunidades tais como: acompanhar o movimento editorial em sua área, inclusive com resenhas pertinentes de autores e teorias; poder pedir informações e dar sugestões; permutar experiência, com devida avaliação crítica e autocrítica; organizar eventos, grupos, chances de aprendizagem reconstrutiva coletiva; Entendemos que o perfil ideal de professor que apontamos neste texto como o profissional que está preparado para administrar sua formação profissional é aquele que, além de formação original adequada, mantém-se em formação permanente como condição fundamental de sua atuação profissional comprometida com construção de conceitos científicos. Deve ser a imagem viva de quem sabe aprender estudar, pesquisar, elaborar, para poder construir tais efeitos nos alunos. A formação permanente poderá oferecer isso ao professor. Referências KENSKI, V. M. Processos de interação e comunicação mediados pelas tecnologias. In: ROSA, D., SOUZA, V. (orgs.). Didática e práticas de ensino: interfaces com diferentes saberes e lugares formativos. Rio de Janeiro: DP&A, 2002. MORAN, José Manuel. Desafios da Televisão e do Vídeo à escola. Disponível em: http://www.eca.usp.br/prof/moran/textos.htm. Acesso em: 25/06/08. _______ O uso do vídeo em sala de aula. Artigo publicado na revista Propaganda, maio de 1995. _______ A integração das tecnologias na educação. Artigo publicado na revista Informática na Educação: Teoria & Prática. Porto Alegre, vol. 3, n.1 (set. 2000) UFRGS. Programa de Pós-Graduação em Informática na Educação, pág. 137-144. _______ Ciência da Informação: como utilizar a Internet na educação. Disponível em: <http. www.scielo.br/prof. Moran> Acesso em: 19 jul.2009. TERUYA, Tereza Kazuko. In: Trabalho e Educação na Era Midiaticas. Maringá: Editora da Universidade Estadual de Maringá, 2006, p. 42,86,93. Sites consultados: www.scielo.br/profmoran http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br