1 ORGANOTERAPIA http://www.quintessencia.com.br/ ORGANOTERAPIA DOLISOS NOVAS CONSIDERAÇÕES TEÓRICAS E PRÁTICAS RELATIVAS À ORGANOTERAPIA DILUÍDA E DINAMIZADA. DR. MAX TETAU (PARIS) LABORATÓRIOS DOLISOS RUE BEABOURG 75003 PARIS Neste breve relatório dedicado ao estudo do ramo da bioterapia, representado pela organoterapia diluída e dinamizada, será dada, em primeiro lugar, uma definição desse método terapêutico. Seguir-se-á então um estudo do princípio de aplicação, das regras que controlam a dosagem e das possibilidades do método. No entanto, devemos mencionar de imediato que para informações mais detalhadas deve-se consultar o estudo que o autor publicou com o Dr. Bergeret, sob o título de "L'organothérapie Diluée et Dynamisée" (A Organoterapia diluída e dinamizada) Edições Maloine. DEFINIÇÃO: A organoterapia é uma forma de tratamento homeopático, que age sobre as várias glândulas e tecidos do corpo humano a fim de corrigir funções irregulares, por meio da administração de extratos de glândulas e tecidos homólogos, diluídos e organizados. A fim de compreender a natureza original do método, será preciso definir as formas pelas quais ele difere da opoterapia clássica. Na medicina comum, a opoterapia utiliza órgãos pulverizados em grandes doses ou, com mais freqüência, os hormônios isolados da glândula ou produzidos sinteticamente. O modo de agir da substância utilizada na alopatia é mal definido. Na maioria dos casos, ela tem um efeito puramente substitutivo ou paliativo, atuando sobre os receptores periféricos e, como resultado de um curtocircuito, "desviando" o órgão a ser tratado. A organoterapia diluída e dinamizada é diferente. Esse método de tratamento utiliza extratos de glândulas e de tecidos, em estado não concentrado, diluídos e dinamizados, utilizando o método homeopático hahnemaniano. O que se busca não é um efeito substitutivo ou paliativo, mas uma ação direta sobre a glândula ou tecido em questão, restabelecendo sua função desregulada por meio de estimulação ou redução, de acordo com regras precisas. Um exemplo simples servirá para facilitar a compreensão dessa diferença. Quando um paciente com insuficiência tireoideana recebe extrato de tireóide em doses de 0,20g, está se aplicando a opoterapia. A tireóide sofre um curto-circuito. Sua função é substituída pelo extrato do hormônio exógeno. Se a tireóide do paciente tiver uma chance de voltar a funcionar normalmente algum dia, essa possibilidade de cura desaparecerá após uma terapia tão maciça. Em contraposição, na organoterapia, o paciente recebe uma diluição de Thyroidinum em 5 ou 7CH, associada com outros extratos organoterápicos, de acordo com as circunstâncias individuais. Há, assim, todas as chances de se alcançar diretamente a glândula e se estimular sua função. Os perigos da opoterapia são bem conhecidos. A repetição de grandes doses de hormônios causa aplasia e degeneração da glândula. Uma piora no estado do paciente e efeitos colaterais adversos com frequência acompanham esse tratamento, que deve ser administrado indefinidamente. O tratamento organoterápico não será associado a qualquer piora de risco no estado do paciente. Qualquer erro na dosagem é facilmente corrigido. Não há contra-indicações e a 2 cura fisiológica da doença pode, assim, ser atingida. A organoterapia, tal como foi definida aqui, é essencialmente uma idealização de médicos homeopatas. Foi na ocasião em que Brown-Sequard estabeleceu os primeiros conceitos de opoterapia que o Dr. Conan, um médico homeopata introduziu os extratos diluídos de glândulas no seu arsenal de medicamentos. Seguiram-se os trabalhos do Dr. Nebel, em Lausanne, e em 1936, os dos médicos que integravam o Grupo da Moderna Homeopatia: Fortier Bernoville, Martiny, Rouy. Finalmente, junto com os Drs. Guermonprez, Gogmos e Bergeret, alguns anos atrás, reiniciamos o estudo do problema e resolvemos realizar uma avaliação experimental dessa forma de tratamento numa escala bastante ampla. Os resultados obtidos foram valiosos, para não dizer espetaculares. Outros médicos interessaram-se pela questão e estamos agora de posse de dados suficientes de acompanhamento e um número bastante grande de pacientes, para formar uma idéia sobre o valor do método. PRINCÍPIOS DE APLICAÇÃO A organoterapia diluída e dinamizada, tal como foi estabelecida pela prática clínica, é baseada em dois princípios homeopáticos principais, que devem ser levados em consideração para que o método seja utilizado com eficiência. A) PRIMEIRO PRINCÍPIO: "O ÓRGÃO AGE SOBRE O ÓRGÃO" Um dos conceitos essenciais da organoterapia é o da especificidade celular, glandular ou tecidual. O órgão doente é especialmente sensível ao seu homólogo saudável. Esta é uma aplicação especial do princípio da identidade. A fim de agir sobre um determinado órgão, podem ser ministrados extratos desse órgão. O intestino pode ser tratado com extratos intestinais diluídos, o coração, pela administração de extratos do coração e o pâncreas, com tecido pancreático. Esse princípio tem uma base firme. Demonstrado clinicamente, é possível oferecer uma explicação científica para esse fenômeno na atividade específica do órgão sobre o órgão, para além do limiar das doses substitutivas. Como se verá, este é um mecanismo imunopatológico, constituindo um caso particular, dentro da teoria mais geral do conceito de anticorpo. B) SEGUNDO PRINCÍPIO:"ATIVIDADE TRIFÁSICA DA MEDICAÇÃO ORGANOTERÁPICA" As regras da dosagem na organoterapia são as seguintes: Baixas diluições de órgãos são estimulantes; Altas diluições de órgãos têm um efeito depressivo; Diluições moderadas são reguladoras. Baixas diluições são representadas por 4CH e 5CH da homeopatia, diluições moderadas por 7CH e altas diluições por 9 e 12CH e acima disso até 30CH. Assim, Folliculinum 4CH estimula a secreção ovariana da foliculina, Thyroidinum 4CH estimula a secreção da tireóide e Cortex supra-renal 4CH estimula a secreção das supra-renais. As diluições de 9CH a 30CH inibem a secreção das glândulas correspondentes. Entretanto esses números não têm um valor absoluto. O limiar de variabilidade da atividade clínica das diluições organoterápicas pode mudar com relação à sensibilidade individual do paciente. O fenômeno da atividade polifásica da medicação organoterápica tem sido demonstrato experimentalmente em laboratórios. A diluição da Cortex supra-renal 9CH na mulher produz uma sensível queda nos 17-cetosteróides urinários, sendo que esse nível se reflete 3 na atividade da supra-renal: 3mg a cada 24 horas, em vez de 6 a 12mg, calculadas utilizando a técnica de Cohen e Salter, modificada por Jayle. A Cortex supra-renal 4CH, administrada por um período de 20 dias, em contraposição, resulta num aumento desse nível até 15mg. Devraigne, Béja e Bagros demonstraram que a ação das diluições de Folliculinum 9CH em animal de laboratório (rata), diminui a secreção da foliculina, sendo este efeito confirmado no uso clínico. Esses estudos de laboratório, que não mais serão mencionados, oferecem uma prova definitiva da atividade das altas diluições de órgãos e da especificidade do seu tecido. No entanto, uma vez mais, deve-se mencionar que o limiar de variabilidade da atividade das diluições organoterápicas podem às vezes mudar conforme a sensibilidade do paciente. Uma certa diluição teoricamente depressora pode, ao contrário, mostrar-se estimulante e piorar um caso clínico. É preciso ter sempre cautela, em virtude das reações individuais. MODO DE AGIR DAS DROGAS ORGANOTERÁPICAS A explicação, tal como publicamos com o Dr. Bergeret, só pode ser dada à luz do atual conhecimento imunológico. A imunidade é um estado de proteção que ocorre se o corpo consegue diferenciar o que é bom para ele, isto é, suas próprias substâncias, daquilo que lhe é nocivo, ou seja as substâncias estranhas. Todo organismo vivo é capaz de reconhecer sua própria substância. A memória do tecido assegura uma idêntica multiplicação de células. A opoterapia oferece ao corpo, que tem um órgão ou tecido inadequado, um remédio que consiste simplesmente nesse tecido ou órgão em alta dose. O corpo, que é perfeitamente capaz de reconhecer sua própria substância, saberá, se o medicamento organoterápico for tomado oralmente, como selecionar, durante a digestão, as enzimas e os ácidos nucleicos específicos que estiverem faltando. No entanto, com a administração parenteral, há uma súbita reação. As proteínas estranhas que entram na composição desses extratos de órgãos causam violentos problemas de tipo anafilático. Desse modo, os medicamentos opoterápicos administrados em grandes doses estão livres de albumina. A desespecificação, deixando apenas uma fração de tecido capaz de produzir reações alérgicas, difere da organoterapia diluída e dinamizada, que é preparada com o órgão inteiro. O fato de que o órgão inteiro é utilizado tem valor com relação à organoterapia de alta dosagem, já que a desespecificação remove aquelas frações que podem produzir reações anafiláticas, mas permanece a dúvida quanto ao fato deles poderem desempenhar um papel no efeito terapêutico. A experiência tem demonstrado que a administração de extratos diluídos e dinamizados de órgãos inteiros, por vias parenterais, não está associado a reações do tipo sérico. Com baixas diluições, tal como a 4ª decimal, isto é, uma diluição de 1/10.000 de um extrato preparado pela ação de um solvente sobre um órgão fresco, não há qualquer reação anafilática. A desespecificação ocorre automaticamente durante a diluição, como prova a experiência clínica quotidianamente. Reações intradérmicas a uma gota do extrato do órgão total à quarta decimal, repetidas em várias séries de indivíduos, não tem causado quaisquer problemas gerais ou locais, exceto uma reação eritematosa local, se a substância injetada corresponder, no indivíduo, a um órgão lesado. Além do mais, isso representa um teste de diagnóstico. Desse modo a organoterapia diluída e dinamizada tem uma ação específica de órgão ou tecido e uma capacidade terapêutica tal que, qualquer que seja a origem da espécie animal ela fornece 4 um medicamento eficaz. Todo paciente que utiliza a organoterapia, sofre um conflito autoimune. Alguns estudos demonstraram dupla prova biológica da existência deste conflito. Essa dupla prova biológica é a demonstração dos anticorpos circulantes, por uma reação intradérmica de órgão homólogo à quarta diluição decimal. Toda vez que um órgão é lesado, segue-se a produção de anti-corpos circulantes, que atacam a parte do órgão que permaneceu saudável, ou que está em processo de recuperação. Naturalmente, temos consciência de que isso aumenta consideravelmente o grupo de doenças auto-alimentadas. Entretanto, isso poderia estar em conformidade com uma abordagem clínica que vai além dos dados da imunologia, a qual é às vezes um pouco estática demais. Essa ampliação confirma a natureza imune da organoterapia diluída e dinamizada. A administração da organoterapia diluída e dinamizada à quarta e quinta centesimal, tal como a terceira ou quarta decimal, resulta numa estimulação do órgão. Esse conceito conhecido empiricamente há muitos anos, é explicado pelo nosso conhecimento de imunologia clássica. A administração de uma medicação organoterápica em baixa diluição induz a tolerância imunológica, que pode ser comparada à paralisia imunológica descrita por Fulton. A injeção num coelho de uma alta dose de polissacarídeos pneumocócicos não é acompanhada pela aparição de anticorpos específicos, que poderiam fornecer uma resposta posterior a uma dose adequada de antígenos dos mesmos polissacarídeos. Este é o fenômeno da paralisia imunológica descrito por Fulton, indicativo da derrota das defesas do corpo por uma estimulação demasiado violenta dos antígenos. Em contraposição, uma dose mínima de polissacarídeos pneumocócicos resulta no aparecimento de anticorpos específicos. Da mesma forma, a administração da organoterapia diluída e dinamizada em baixa diluição resulta num efeito antigênico avassalador, que libera o órgão e portanto estimula sua função. Há uma interrupção na produção de anticorpos autógenos. Uma segunda explicação pode também ser levada em conta, já que o fenômeno da autoimunidade é complexo. Dentro dos tecidos lesados existem complexos tóxicos, chamados reagentes, compostos pela união de anticorpos autógenos com o antígeno representado pelo próprio tecido em processo de recuperação. A medicação organoterápica é um antígeno específico que se coloca no lugar do antígeno do tecido lesado e se combina com os anticorpos autógenos. Forma-se um novo complexo que substitui o complexo reagente tóxico. As funções normais do órgão são restauradas e, desse modo, estimuladas. Além disso, e sem contar com a ação imunológica, deve-se mencionar outro efeito possível. É uma ação direta sobre o tecido. A administração endovenosa do órgão diluído e dinamizado em baixa diluição, produz um imediato aumento nas vísceras, tal como a vesícula biliar. Em alta diluição, ele inibe essa contração e alivia o espasmo. Uma injeção endovenosa de 1ml de Billinum à 4CH aumenta o fluxo biliar em 20 minutos. Este é um período latente curto demais para que uma verdadeira ação antigênica tenha acontecido e suficientemente curto para que se admita que tenha havido um efeito direto sobre o tecido. Em alta diluição, da 9ªà 30ª centesimal, a organoterapia diluída e dinamizada produz clinicamente uma inibição funcional do órgão. Deve-se mencionar, a propósito, o conceito de dose limiar. Uma alta diluição não predomina sobre o sistema imunológico e não causa a paralisia de Fulton. Ao contrário, ela provoca a formação de outros anticorpos contrários ao órgão e estes se unem com os já induzidos pelo órgão hiperfuncional, para bloquear a função do órgão. 5 Ou, ainda uma vez, os antígenos produzidos pelo órgão em hiper-funcionamento não são reconhecidos como anormais pelo código imunológico. Altamente diluída, a organoterapia alerta as células imunocompetentes e, por si só, é suficiente para provocar a formação de complexos reagentes não-tóxicos, já que estudos clínicos têm mostrado que os efeitos de uma alta diluição de órgão são inibidoras, no sentido da ortoregulação e não de uma lesão avassaladora. Deve-se pensar também numa ação direta sobre o tecido, tal como se descreveu acima. Em qualquer caso, tanto com baixas como com altas diluições, é importante não esquecer o papel intermediário do sistema nervoso central. A organoterapia diluída e dinamizada provoca uma resposta imunológica central, um sinal regulador que afeta os receptores homólogos. A estimulação elétrica do hipotálamo no coelho é associada a um aumento na produção de anticorpos. A 7ª centesimal, uma diluição intermediária, é um meio termo entre a estimulação e a inibição. Testes séricos do órgão possibilitam, após vários meses de tratamento com um órgão específico a 7CH, detectar uma diminuição ou desaparecimento dos anticorpos autógenos circulantes. No entanto, um segundo exame, realizado anteriormente, por exemplo, de 3 a 4 semanas após o primeiro e no começo do tratamento específico, mostra, ao contrário, um aumento da reação positiva, indicativo do aumento de anticorpos circulantes, enquato se desenvolve a melhora clínica. Será que isso não indica que o aumento na circulação dos anticorpos coincide com a diminuição dos complexos dos reagentes tóxicos no próprio tecido? A organoterapia diluída e dinamizada, tem, assim, claramente, uma forma de ação baseada nos fenômenos imunológicos. A imunidade é o conhecimento da especificidade do órgão, a que o tratamento organoterápico obedece, e o de uma abordagem clínica. O exame sugerido, simples e possível em qualquer laboratório, oferece mais uma comprovação. A PREPARAÇÃO DE MEDICAMENTOS ORGANOTERÁPICOS Os órgãos são removidos, sob supervisão veterinária, por uma entidade autorizada, de animais (porcos, bois e vacas ou carneiros), reconhecidos como saudáveis. Cada remoção de órgão é acompanhada por um certificado devidamente assinado. As diversas classes organoterápicas são extremamente polivalentes e produzem efeitos verdadeiramente sinérgicos, que visam a agir sobre o órgão todo. Por exemplo, a mucosa do cólon é preparada com amostras tiradas, em diferentes níveis, do cólon (ceco, cólon ascendente, transverso, descendente e do reto-sigmóide). A artéria contém uma combinação de artérias de diferentes calibres, com tecido capilar arterial. O mesmo se aplica à veia, no que se refere ao tecido venoso. A cartilagem é retirada de diversas juntas, da maior à menor, no ponto de inserção dos ligamentos. A medula óssea é obtida dos ossos longos, curtos e chatos. Muitos outros exemplos poderiam ser citados. Esses órgão são em seguidas congelados em gelo seco, transportados e convertidos em tinturas-mãe homeopáticas. A verificação das tinturas-mãe assim obtidas levanta um certo número de problemas. A primeira condição a ser satisfeita é obviamente a identificação, sem qualquer sombra de dúvida, do órgão utilizado. No caso do cérebro, cerebelo ou tireóide não há dificuldade. A localização do órgão, removido por um técnico competente, e sua aparência macroscópica dão todas as informações necessárias. O mesmo, porém, não se aplica a órgãos mais delicados, às vezes difíceis de individualizar, ou uma vez mais no caso de amostras de tecidos removidos de várias partes do corpo, a fim de fornecer um certo grau de 6 polivalência. Isso exige não só uma localização muito precisa das amostras, mas também uma análise histológica. Assim, os principais órgãos já foram submetidos a exames precisos, inclusive a microfotografias, que fornecem referências indubitáveis. Seguem-se alguns exemplos: HYPOTHALAMUS é caracterizado pela presença de células multipolares e células nervosas redondas com uma abundante neuróglia, cercada por uma orla de plexos coróideos. MEDULLA OBLONGATA: células multipolares com grandes núcleos, com um nucléolo facilmente detectado, na matéria cinzenta. DUODENUM dá os seguintes resultados: Primeira parte: estrutura de tecido normal: vilosidades da mucosa com abundantes células produtoras de muco, glândula de Brünner intramuscular e alguns folículos linfóides. Camada muscular e serosa normais, bem como os vasos. Segunda parte: essa porção geralmente mostra a regressão das glândulas de Brünner. Quarta parte: glândulas de Brünner reduzidas a um vestígio. MUCOSA DO CÓLON: deve ser estudada no ceco, cólon ascendente, transverso, com suas glândulas de Lieberkuhn, descendente e mucosa reto-sigmóide. - Cólon ascendente: normal - Cólon transverso: normal, mucosa e glândulas de Lieberkuhn, muscular da mucosa, camada muscular e serosa do tipo clássico. - Cólon descendente: normal com grandes folículos linfóides. - Cólon reto-sigmóide: estrutura normal. Essa análise histológica não tem apenas valor em termos de identificação mas também, sendo realizada em cada amostra, é útil para determinar qualquer possível contaminação por parasitas. Um esfregaço, após coloração, é utilizado para completar um exame. Uma vez preparada a tintura-mãe, ela deve, obviamente, sofrer vários exames. As características organolépticas devem ser determinadas. A cor amarelada de uma tinturamãe de medula óssea difere daquela de uma tintura-mãe de vértebra, que é extremamente pálida. A presença de glicerina exclui o exame do extrato seco, do teor alcoólico e da densidade. O controle da esterilidade é essencial, em condições aeróbicas e anaeróbicas, juntamente com a cultura no meio de Sabouraud para detectar fungos. Devido à proporção relativamente pequena do órgão (1/20 de órgão fresco com relação ao excipiente), o cálculo do total de nitrogênio, fósforo e lecitina é difícil, a não ser que se use uma proporção muito grande de tintura. Em contraposição, a eletroforese, estimativa dos aminoácidos após a cromatografia em coluna Sephadex, a fim de eliminar a glicerina e a solução em água, produz resultados valiosos e abre perspectivas que são tão válidas quanto a cromatografia em papel ou sílica gel, no que se refere a tinturas-mãe de origem vegetal. PRESCRIÇÃO E DOSE A forma de administração é a "absorção lingual". A medicação é dada sob a forma de ampolas para solução oral. A prescrição de medicamentos organoterápicos não deve ser repetida com demasiada freqüência. A administração da droga três vezes por semana é 7 razoável e adequada na maioria dos casos. Na presença de lesões, pode ser necessário administrar a droga apenas duas vezes por semana, a fim de evitar o desencadeamento de uma reação antigênica por demais ativa. No entanto, em certos casos agudos, se a ação da medicação correta não for suficientemente eficaz, recomendam-se doses diárias repetidas, particularmente em síndromes dolorosas, como por exemplo a ciática. CONCLUSÃO Ao fim deste relato, desejamos definir com precisão o lugar da organoterapia diluída e dinamizada em nossa clínica diária, para evitar qualquer confusão. Em nosso conceito de terapêutica, o papel da medicação, determinada de acordo com a lei da similitude, continua sendo fundamental. A organoterapia produz resultados evidentes e às vezes espetaculares, que são sempre constantes. Ela pode ser usada como terapia básica, mas ganha eficiência se for complementada, potencializada e redefinida pelo Similimum hahnemaniano. A organoterapia diluída e dinamizada é apenas um aspecto particular da terapia infinitesimal, esse imponderável que achamos que terá um uso cada vez mais amplo nos anos vindouros. Em virtude do fato de que está integrada à terapia homeopática, achamos que a organoterapia amplia as formas de ação e o campo de atividades desta última. Assim ela possibilita a manutenção do seu lugar dentro do padrão da medicina em constante mutação. Como disse o Dr. Nebel: "Hahnemann deu-nos um esqueleto, mas não devemos ossificá-lo". Poder-se-ia acrescentar que logo nos encontraríamos no estado do esqueleto, se assim acontecesse. O homeopata, como qualquer outro médico, não tem o direito de fechar os olhos e os ouvidos à constante agitação das correntes revolucionárias, que se movem e alteram profundamente as técnicas terapêuticas. O próprio Hahnemann teria condenado severamente tal indiferença, tendo escrito a respeito daqueles que se opunham às suas descobertas: "A característica da novidade é, na verdade um crime capital na escola ortodoxa, que se apega a suas velhas doutrinas e se curva, sem razão, sob o jugo de métodos consagrados apenas pelo tempo". Hahnemann havia compreendido que a juventude é essencial, daí a possibilidade de sobrevivência em uma atmosfera de contestação e perpétua renovação. Qualquer doutrina médica que seja incapaz de autocrítica, de tempos em tempos, e que feche suas portas aos avanços da ciência moderna, enquanto todavia os adapte à sua filosofia especial, está condenada a desaparecer. A terapia homeopática deve assimilar as novas descobertas médicas e científicas, se não quiser decair. Seu próprio espírito torna isso possível. A organoterapia diluída e dinamizada representa exatamente esse caso especial e abre a homeopatia aos modernos dados da endocrinologia e da fisiologia córtico-visceral. Isoladas ou em associação com outros meios terapêuticos, a organoterapia diluída e dinamizada, torna possível para o médico, ansioso por respeitar o princípio hipocrático de Primum non Nocere (em primeiro lugar não prejudicar), utilizar uma das armas mais eficazes contra as doenças modernas. É um importante elemento direcionado para a bioterapia, cuja necessidade se torna cada vez mais evidente, em vista do risco de complicações iatrogênicas. DR. MAX TETAU Traduzido por: MARIA CELINA DEIRÓ HAHN.Tel./Fax: 2274-2718