projeto e execução de revestimentos de pedra e

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PROJETO E EXECUÇÃO DE
REVESTIMENTOS DE PEDRA E
PATOLOGIAS ASSOCIADAS
Daniella Mourão Perazzo
Projeto de Graduação apresentado ao curso
de Engenharia Civil da Escola Politécnica,
Universidade Federal do Rio de Janeiro,
como parte dos requisitos necessários à
obtenção do título de Engenheiro.
Orientadora: Elaine Garrido Vazquez
Rio de Janeiro
Fevereiro de 2017
PROJETO E EXECUÇÃO DE
REVESTIMENTOS DE PEDRA E
PATOLOGIAS ASSOCIADAS
Daniella Mourão Perazzo
Projeto de Graduação apresentado ao curso
de Engenharia Civil da Escola Politécnica,
Universidade Federal do Rio de Janeiro,
como parte dos requisitos necessários à
obtenção do título de Engenheiro.
Orientadora: Elaine Garrido Vazquez
Rio de Janeiro
Fevereiro 2017
i
PROJETO E EXECUÇÃO DE REVESTIMENTOS DE PEDRA E PATOLOGIAS
ASSOCIADAS
Daniella Mourão Perazzo
PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO CURSO DE
ENGENHARIA CIVIL DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE
FEDERAL
DO
RIO
DE
JANEIRO
COMO
PARTE
DOS
REQUISITOS
NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRO CIVIL.
Examinado por:
_________________________________
Prof. Elaine Garrido Vazquez, D.Sc.,
Orientador
_________________________________
Prof. Sandra Oda, D.Sc.
_________________________________
Engº Pedro de Souza Garrido Neto,
M.Sc.
RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL
ii
Perazzo, Daniella Mourão
Projeto e Execução de Revestimento de Pedra e Patologias
Associadas/ Daniella Mourão Perazzo– Rio de Janeiro: UFRJ/
Escola Politécnica,2017.
ix, 81 p.: 29,7 cm.
Orientadora: Elaine Garrido Vazquez
Projeto de Graduação – UFRJ / Escola Politécnica /
Curso de Engenharia Civil, 2017.
Referências Bibliográficas: p. 79-81
1. Introdução 2. Revestimentos de Pedras em Edificações
3. Estudo Prático de Aplicação de Revestimento de Pedra
4.Considerações Finais
I. Garrido Vazquez, Elaine; II. Universidade Federal do
Rio de Janeiro, Escola Politécnica, Curso de Engenharia Civil.
III. Título
iii
A força vem de onde se quer alcançar
iv
AGRADECIMENTOS
Agradeço ao meu pai, Paulo Perazzo, meu maior admirador. Por me dar a certeza de que
sempre terá alguém me aplaudindo, por menor que seja a minha vitória. Obrigada por ser
sempre presente e por sorrir mais que eu mesma das minhas conquistas.
À minha mãe, Carmen Mourão, minha fonte de inspiração, meu exemplo de
determinação e caráter, meu exemplo de vida e a responsável pelo dia de hoje. Obrigada pela
insistência, pelos conselhos, por aguentar meus estresses e mesmo assim continuar me dando
suporte. Devo tudo à você.
À Maíra Perazzo, a quem agradeço todos os dias por ser minha irmã. Obrigada por ser
você, por me ouvir, me ajudar, me apoiar, cuidar de mim e sempre estar ao meu lado
independente do que seja. Você sempre é a chave mestra dos meus resultados.
Aos meus presentes da UFRJ, meus amigos, os quais estiveram cada segundo comigo
durante essa jornada. Sofremos, sorrimos, brincamos, estudamos, estudamos, estudamos,
crescemos e mudamos. Essa conquista foi muito mais leve ao lado de vocês. Muito obrigada.
À minha orientadora, professora e fonte de inspiração, Elaine Garrido, pela paciência e
ensinamentos durante todo o curso. Agradeço pela pressão, por não ter freado minhas ideias e
por me mostrar, espontaneamente, o poder que a mulher pode ter na construção civil.
Aos meus professores, principalmente à minha banca, responsáveis pelo meu diploma.
Os quais admiro e me orgulho de ter sido aluna. Obrigada pela paciência e pelos ensinamentos.
Agradeço ao Engº Bruno Herdy, pela constante perseverança, por me mostrar a cada dia
o verdadeiro significado e importância da palavra garra. Por apostar em mim, por acreditar no
meu potencial e fazer questão de lapidá-lo em busca de um futuro como engenheira. Serei
sempre grata pelos ensinamentos, paciência, dedicação e gargalhadas.
Agradeço ao Engº Rodrigo Coimbra à quem devo grande parte do que sei e sou
profissionalmente. Meu inexpressável agradecimento por ter tido a honra de admira-lo como
mestre. Obrigada pelas incansáveis aulas de engenharia e de relacionamento pessoal, levarei
sempre comigo.
Ao Engº Alex Sandro, por aguentar meus dias de descontrole, por me provar o poder da
confiança, por ter me dado a mão, suporte e abraços quando a sobrecarga parecia
desestruturar.
Não menos importante, aos meus amigos do Damai, por me ensinarem todos os dias,
pela paciência com as minhas curiosidades, por sorrirem comigo, por me ajudarem a concluir
esse trabalho com menor que tenha sido a ajuda.
À minha família e amigos da vida, muito obrigada por me apoiarem e acreditarem em
mim durante todo esse tempo. Vocês são essenciais.
v
Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica - UFRJ como parte
dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Civil.
PROJETO E EXECUÇÃO DE REVESTIMENTOS DE PEDRA E PATOLOGIAS
ASSOCIADAS
Daniella Mourão Perazzo
Fevereiro 2017
Orientadora: Elaine Garrido Vazquez
Curso: Engenharia Civil
Faz parte da história da civilização o uso de pedras naturais na construção civil.
Contudo, seu uso indiscriminado pode gerar problemas futuros. Dessa forma, o presente
trabalho tem como principal objetivo colaborar com melhorias na execução de
revestimentos de pedra na construção civil. Associado a isso, analisa-se o surgimento de
possíveis patologias associadas. Através de artigos, teses e livros de estudos, foram
referenciados os procedimentos de execução atrelados ao revestimento de pedra. De
forma a vivenciar os principais pontos contextualizados, foi feito um estudo prático que
se caracterizou pelo acompanhamento da execução de um projeto de revestimento da
pedra Hijau Verde analisando, inclusive, as patologias associadas. Este trabalho serviu
para corroborar a real necessidade de se obter informações mais detalhadas sobre o
projeto de revestimento de pedra antes do início de sua execução, de tal forma a evitar
patologias e retrabalhos.
Palavras-chave: Revestimento de Pedra, Patologias, Projeto, Execução
vi
Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of
the requirements for the degree of Engineer
DESIGN AND IMPLEMENTATION OF STONE COATINGS AND ASSOCIATED
PATHOLOGIES
Daniella Mourão Perazzo
February 2017
Advisor: Elaine Garrido Vazquez
Major: Civil Engeneering
The use of stone cladding in the civil construction is part of the history
of civilization. However, its indiscriminate use can generate future problems. In this way,
the main objective of this work is to collaborate with improvements in the execution of
stone claddings in civil construction. Associated with this, is possible to analyze the
recognition of pathologies existing in a project. Through articles, theses and study books,
were referenced forms and procedures linked to the stone coating. In order to experience
the main contextualized points, a practical study was carried out, which was
characterized by the follow - up of a stone cladding project made with the stone Hijau
Verde, also analyzing its associated pathologies. This work corroborated to certify the
need to obtain more information about the stone coating before its settlement.
Keywords: Stone Cladding, Pathologies, Project, Civil Construction
vii
SUMÁRIO
SUMÁRIO ..................................................................................................................................... viii
1.
2.
Introdução ............................................................................................................................. 1
1.1.
Referencial Teórico ....................................................................................................... 1
1.2.
Objetivo ......................................................................................................................... 2
1.3.
Justificativa .................................................................................................................... 2
1.4.
Metodologia .................................................................................................................. 3
1.5.
Estruturação do Trabalho .............................................................................................. 3
Revestimentos de Pedras em Edifícações ............................................................................. 4
2.1.
Definição e características das rochas .......................................................................... 4
2.2.
Ensaios de Caracterização Tecnológica ......................................................................... 6
2.2.1.
Análise Petrográfica .............................................................................................. 6
2.2.2.
Densidade Aparente, Porosidade Aparente e Absorção de Água ......................... 7
2.2.3.
Coeficiente de Dilatação Térmica Linear............................................................... 8
2.2.4.
Resistência ao Congelamento e Degelo ................................................................ 9
2.2.5.
Resistência à Compressão Uniaxial ....................................................................... 9
2.2.6.
Módulo de Ruptura (Flexão por carregamento em 3 pontos) .............................. 9
2.2.7.
Resistência à Flexão............................................................................................. 10
2.2.8.
Resistência ao Impacto de Corpo Duro ............................................................... 11
2.2.9.
Ensaios e análises necessárias de acordo com o uso pretendido ....................... 11
2.3.
Projeto de Revestimentos de Pedras .......................................................................... 12
2.3.1.
Fase 1- Projeto Preliminar ................................................................................... 12
2.3.1.1.
Etapa 1 - Característica da Pedra Adequada ao Local de Implantação ........... 13
2.3.1.2.
Etapa 2 - Dimensões ........................................................................................ 15
2.3.1.3.
Etapa 3 - Acabamentos ................................................................................... 16
2.3.1.4.
Etapa 4 - Orçamento e Disponibilidade no Mercado ...................................... 17
2.3.1.5.
Etapa 5 - Compatibilização de Projetos........................................................... 18
2.3.1.6.
Etapa 6 - Planejamento e Aquisição do Material ............................................ 19
2.3.1.7.
Etapa 7 - Transporte, Manuseio e Armazenagem ........................................... 19
2.3.2.
Fase 2 - Execução do Projeto............................................................................... 20
2.3.2.1.
Substrato ......................................................................................................... 22
2.3.2.2.
Impermeabilização (quando necessária) ........................................................ 23
2.3.2.3.
Chapisco .......................................................................................................... 24
2.3.2.4.
Camada de Regularização ............................................................................... 24
2.3.2.5.
Argamassa de Assentamento .......................................................................... 24
2.3.2.6.
Revestimento de Pedra ................................................................................... 29
viii
2.3.2.7.
Juntas............................................................................................................... 29
2.3.2.8.
Rejuntamento.................................................................................................. 31
2.4.
3.
Patologias nos Revestimentos de Pedras .................................................................... 33
2.4.1.
Patologias Químicas, Físicas e Biológicas ............................................................ 33
2.4.2.
Patologias no Projeto de Revestimentos de Pedras ........................................... 35
2.4.2.1.
Patologias Decorrentes da Fase 1- Projeto Preliminar.................................... 35
2.4.2.2.
Patologias Decorrentes da Fase 2 - Execução do Projeto ............................... 40
Estudo Prático de Aplicação de Revestimentos de Pedras ................................................. 45
3.1.
Apresentação do Objeto em Estudo ........................................................................... 45
3.2.
Definição e Características das Rochas ....................................................................... 46
3.3.
Ensaios de Caracterização Tecnológica ....................................................................... 47
3.4.
Projeto de Revestimentos de Pedras .......................................................................... 49
3.4.1.
Fase 1 - Projeto Preliminar .................................................................................. 49
3.4.1.1.
Etapa 1 - Característica Pétrea Adequada ao Local de Implantação............... 49
3.4.1.2.
Etapa 2 - Dimensões ........................................................................................ 49
3.4.1.3.
Etapa 3 - Acabamentos ................................................................................... 51
3.4.1.4.
Etapa 4 - Orçamento e Disponibilidade no Mercado ...................................... 51
3.4.1.5.
Etapa 5 - Compatibilização de Projetos........................................................... 51
3.4.1.6.
Etapa 6 - Planejamento e Aquisição do Material ............................................ 51
3.4.1.7.
Etapa 7 - Transporte, Manuseio e Armazenagem ........................................... 51
3.4.2.
Fase 2 - Execução do Projeto............................................................................... 53
3.4.2.1.
Substrato ......................................................................................................... 53
3.4.2.2.
Impermeabilização .......................................................................................... 55
3.4.2.3.
Chapisco .......................................................................................................... 56
3.4.2.4.
Camada de Regularização ............................................................................... 56
3.4.2.5.
Argamassa de Assentamento .......................................................................... 58
3.4.2.6.
Revestimento de Pedra ................................................................................... 59
3.4.2.7.
Juntas............................................................................................................... 60
3.4.2.8.
Rejuntamento.................................................................................................. 60
3.5.
Patologias nos Revestimentos de Pedras .................................................................... 61
3.5.1.
Patologias Químicas, Físicas e Biológicas ............................................................ 61
3.5.2.
Patologias no Projeto de Revestimentos de Pedras ........................................... 61
3.5.2.1.
Patologias Decorrentes da Fase 1 - Projeto Preliminar................................... 61
3.5.2.2.
Patologias Decorrentes da Fase 2 - Execução do Projeto ............................... 63
4.
Considerações Finais ........................................................................................................... 76
5.
Referências Bibliográficas ................................................................................................... 78
ix
x
1. Introdução
1.1.
Referencial Teórico
Na construção civil, os acabamentos representam as técnicas e materiais utilizados
que completam o empreendimento. São eles: revestimentos, tintas, argamassas, azulejos,
mosaicos, telhas, dentre outros.
Não menos importante que a estrutura, o acabamento das edificações é responsável
por personalizar e concluir o ambiente entregue ao cliente. Além das óbvias funções
estéticas e de valorização econômica, os acabamentos têm também um peso importante no
que se refere à higiene, vedação e proteção contra a deterioração do empreendimento.
Assim, espera-se que os revestimentos sejam funcionais e adequados ao ambiente
a que estão expostos, e que não apresentem problemas ou patologias durante a vida útil dos
materiais.
A importância e qualidade dos acabamentos, com a enorme oferta do mercado de
diversos materiais, impõem a necessidade de uma escolha atenta e criteriosa, aliando
fatores estéticos e econômicos à, não menos importante, componente técnica. São inúmeras
as opções de materiais, técnicas e processos de construção, constituindo um vasto leque de
escolhas e soluções construtivas possíveis de acabamentos.
Faz parte da história da civilização o uso de pedras naturais na construção civil para
a construção de prédios, monumentos, esculturas, estradas, viadutos e portos. Devido à alta
durabiliade, resistência e abundância, o uso desse material continua sendo muito utilizado,
principalmente nos acabamentos das construções.
1
Ainda que com finalidades diferentes do que as da antiguidade, as pedras naturais
notabilizam-se pela diversidade e beleza de seus padrões estéticos, além das excelentes
propriedades funcionais para revestimento, sendo determinantes ao padrão do
empreendimento. Tais padrões são estabelecidos pela interação de diferentes estruturas,
texturas e feições cromáticas.
Contudo, mesmo as pedras mais resistentes, a exemplo de qualquer outro material
sólido empregado em revestimentos, não estão, isentas de agressões físicas, biológicas e
químicas incidentes nos diversos ambientes de aplicação. Pode-se evitá-las a partir da
adoção de medidas consolidadas pelo conhecimento prévio de possíveis patologias.
1.2.
Objetivo
Nesse trabalho será explorado o projeto de execução de revestimentos de pedra e
suas patologias associadas. Com o objetivo de colaborar com melhorias nos projetos de
revestimento no Brasil, através do reconhecimento de falhas baseadas em estudos e em
fatores analisados na aplicação prática.
1.3.
Justificativa
A relevância do tema deste trabalho se justifica pela aplicação de revestimentos em
pedra em obras de maneira pouco estruturada. Além disto, este revestimento é aplicado em
áreas externas às edificações, onde as condicionantes climáticas são mais extremas.
Junto a isso, torna-se relevante também por analisar problemas que poderão ser
evitados em futuros empreendimentos, assim como a análise do uso de um material novo
e sua adequação aos procedimentos de uma empresa. Considerando também, que as
fachadas externas compõem a beleza dos edifícios e que as patologias associadas, além de
serem um risco à edificação, também contribuem para uma poluição visual das cidades.
2
1.4.
Metodologia
A revisão bibliográfica trata de uma revisão literária para fundamentação do
referencial teórico quanto ao revestimento de pedra, através de artigos, teses e livros de
estudos. O estudo prático se caracterizou pelo acompanhamento da execução de um projeto
de revestimento da pedra Hijau Verde e verificação das patologias associadas a este
revestimento específico.
Para a compilação de dados, foram utlizadas imagens do arquivo pessoal da autora
e projetos da obra, assim como informações dos procedimentos da empresa e dos
fornecedores de pedras.
1.5.
Estruturação do Trabalho
Esse trabalho foi divido em 4 capítulos.
O primeito capítulo apresenta a pedra de revestimento como acabamento na
construção civil, o objeivo e justificativa do estudo, a metodologia e a estruturação da
monografia.
O segundo capítulo aborda a revisão bibliográfica de rochas para revestimento em
edificações, apontando as características das pedras, o desenvolvimento do projeto, a
execução e as patologias associadas a este procedimento executivo.
No terceiro capítulo, apresenta-se um estudo prático com a análise dos
procedimentos da aplicação do revestimento de pedra, conforme as etapas descritas na
revisão bibliográfica e também identifica as patologias associadas.
O quarto capítulo apresenta as considerações finais sobre o estudo, suas limitações
e sugestões para trabalhos futurosPor fim, tem-se as referências bibliográficas utilizadas
nesse estudo.
3
2. Revestimentos de Pedras em Edifícações
2.1.
Definição e características das rochas
Segundo Chiodi Filho & Rodrigues (2009), rochas saõ genericamente definidas como
corpos sólidos naturais, formados por agregados de um ou mais minerais cristalinos. As
rochas de revestimento, também designadas pedras naturais, rochas dimensionais e
materiais de cantaria, segundo a ABNT NBR 15012 – Rochas para revestimentos de
edificações - Terminologia, são rochas naturais que, submetidas a processos diversos de
beneficiamento, são utilizadas no acabamento de superfícies, especialmente os
revestimentos internos e externos de paredes, pisos e fachadas, em obras de construção
civil.
Além dos arranjos geológicos, as feições mineralógicas, composicionais e texturais são
determinantes nas condições de resistência, coloração, grau de alterabilidade (Para fazer
referência às diferentes intensidades com que as modificações ocorrem) e nas
características estéticas destes materiais pétreos.
As pedras apresentam características próprias, que dependem da história geológica pela
qual passou desde sua formação e se dividem em: rochas ígneas, metamórficas e/ou
sedimentares.
Junto à classificação geológica, as pedras também são designadas por sua mineralogia,
podendo ser divididas por: rochas silicáticas, silicosas, carbonáticas, sílico argilosas e
ultramáficas.
A seguir, o quadro 1 descreve a classificação geológica e suas principais rochas,
enquanto o quadro 2 designa o conteúdo mineralógico e suas principais rochas.
4
Quadro 1- Classificação Geológica das Rochas
Fonte: Adaptado de Branco (2010)
Quadro 2- Classificação Mineralógica das Rochas
Fonte: Adaptado de Chiodi Filho & Rodrigues (2009)
5
2.2.
Ensaios de Caracterização Tecnológica
Para a definição de parâmetros que irão refletir no comportamento físico-mecânico
das rochas nas condições normais de utilização, recomenda-se que todos os materiais
rochosos de revestimento sejam submetidos a uma série de ensaios de caracterização
tecnológica. Estas características permitem diagnosticar problemas estéticos decorrentes
da seleção e aplicação inadequada dos materiais.
Os principais conjuntos de normas, nem sempre equivalentes em suas
especificações, são definidos pela ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas),
ASTM (American Society for Testing and Materials), DIN (Deutsch Institut für Normung),
AFNOR (Association Française de Normalization), AENOR (Asociación Española de
Normalización), BS (British Standard), UNI (Ente Nazionale Italiano di Unificazione),
dentre outras.
Estes ensaios servem para distinguir os campos de aplicação dos materiais e de seu
comportamento frente às solicitações de projeto.
A seguir são apresentados uma análise e os 7 ensaios mais importantes,
determinados pela NBR 15845 - 1 à 8 (ABNT, 2015), designados como “índices de
qualidade”:
2.2.1. Análise Petrográfica
A análise petrográfica de uma rocha implica uma série de observações rigorosas
que pretendem, em geral, descrever a coloração, a estrutura, a textura, a granulação, a
composição mineralógica com indicação, em porcentagem dos minerais essenciais e
acessórios e a natureza da rocha.
6
São executadas análises macroscópicas e microscópicas em laboratório, conforme
a ABNT NBR 15845 -1:(2015) Rochas para revestimento Parte 1: Análise petrográfica.
O quadro 3 apresenta as características petrográficas gerais de algumas das
principais rochas utilizadas como revestimento no Brasil, segundo FRAZÃO (2002, p. 25).
Quadro 3 -Características Petrográficas das Principais Pedras Brasileiras
Fonte : Frazão (2002)
2.2.2. Densidade Aparente, Porosidade Aparente e Absorção de Água
Os ensaios de índices físicos permitem avaliar, com base na norma ABNT NBR
15845–2:(2015) Rochas para revestimento Parte 2: Densidade Aparente, porosidade
aparente e absorção de água, o estado de alteração e de coesão em rochas de revestimento,
assim como, a possibilidade de infiltração de líquidos na rocha.
7
A densidade aparente e a porosidade aparente fornecem indicações sobre a
resistência físico-mecânica da rocha, mediante esforços compressivos e de flexão. O índice
de absorção d’água, por sua vez, indica a capacidade da rocha ser encharcada por líquidos.
O índice de absorção d’água nunca é superior ao índice de porosidade aparente,
destacando-se que uma rocha com alta porosidade não tem necessariamente alta absorção
d’água, pois seus poros e cavidades podem não ser comunicantes.
Com maior porosidade efetiva, que traduz a existência de poros e/ou cavidades
intercomunicantes, maior será a absorção d’água esperada para a rocha e provavelmente
menor a sua resistência físico-mecânica.
Em resumo, a porosidade aparente mostra relação direta com a resistência físicomecânica das rochas; a absorção d’água, com a possibilidade de infiltração de líquidos; e
a massa específica aparente, com os aspectos de resistência físico-mecânica, além de
permitir calcular o peso individual das placas especificadas no projeto arquitetônico de uma
edificação (BRANCO, 2010).
2.2.3. Coeficiente de Dilatação Térmica Linear
A dilatação térmica é uma propriedade que avalia a variação de tamanho de um
determinado material frente à uma variação de temperatura.
Submeter as rochas às variações de temperatura, conforme o ensaio descrito na
ABNT NBR 15845–3 (2015) Rochas para revestimento Parte 3:Coeficiente de dilatação
térmica linear, tem como objetivo a determinação do coeficiente de dilatação térmica,
importante para o dimensionamento do espaçamento mínimo recomendável entre as chapas
de um revestimento, de forma a se evitar o seu contato, compressão lateral e imbricamento.
8
2.2.4. Resistência ao Congelamento e Degelo
É um ensaio recomendado, pela ABNT NBR 15845–4:(2015) Rochas para
revestimento Parte 4: resistência ao congelamento e degelo, para as rochas ornamentais
que se destinam à exportação para países de clima temperado, nos quais é importante o
conhecimento prévio da susceptibilidade da rocha a este processo de alteração.
Consiste em submeter a amostra a 25 ciclos de congelamento e de degelo, e verificar
a eventual queda de resistência por meio da execução de ensaios de compressão uniaxial
ao natural e após os ensaios de congelamento e degelo, calcula-se, então, o coeficiente de
enfraquecimento (K), pela relação entre a resistência após os ciclos de congelamento e
degelo e a resistência no estado natural.
2.2.5.
Resistência à Compressão Uniaxial
Determina a tensão (MPa) que provoca a ruptura da rocha quando submetida a
esforços compressivos. Sua finalidade é avaliar a resistência ao cisalhamento da rocha
quando utilizada como elemento estrutural e obter um parâmetro indicativo de sua
integridade física.
Este ensaio, ABNT NBR 15845–5:(2015) Rochas para revestimento Parte 5:
resistência à compressão uniaxial, é mais frequentemente solicitado para a avaliação das
resistências dos materiais sobre os quais vão atuar forças verticais. No entanto, ele constitui
um índice importante da qualidade das placas de rochas a serem utilizadas como
revestimento. Elevados valores de resistência à compressão implicam, de uma maneira
geral, em materiais de alta resistência mecânica (VIDAL et al. 1999).
2.2.6. Módulo de Ruptura (Flexão por carregamento em 3 pontos)
A resistência à flexão é a propriedade que a rocha possui de resistir mediante a um
esforço fletor. Ela está associada à dureza de seus constituintes minerais e ao grau de coesão
9
de seus componentes, que por sua vez está associado ao tamanho dos grãos e ao grau de
alteração.
Para avaliar a resistência das rochas quanto à flexão realiza-se ensaios, segundo a
ABNT NBR 15845–6: (2015) Rochas para revestimento Parte 5: Flexão por
carregamento em 3 pontos, que visa determinar a tensão que provoca a ruptura da rocha
quando submetida a esforços fletores.
O ensaio de flexão por carregamento em três pontos (ou ainda, módulo de ruptura)
determina a tensão (MPa) que provoca a ruptura da rocha quando submetida a esforços
flexores. Permite avaliar sua aptidão para uso em revestimento, ou elemento estrutural, e
também fornece um parâmetro indicativo de sua resistência à tração (MENDES e VIDAL,
2002).
2.2.7. Resistência à Flexão
Os ensaios utilizados para a determinação da resistência à flexão procuram
determinar qual a tensão mínima, ou qual a flexão máxima, que provoca a ruptura de uma
placa de rocha quando submetida a esforços de compressão e/ou tração, de acordo com a
ABNT NBR 15845 -7: (2015) Rochas para revestimento Parte 7: Resistência à Flexão.
A avaliação da resistência das placas rochosas à ruptura por flexão é cada vez mais
importante frente às modernas técnicas de revestimento em pisos e fachadas.
As rochas com tendência natural de desplacamento plano-paralelo, caso por
exemplo das ardósias e de alguns quartzitos, são mais flexíveis e portanto mais resistentes
à ruptura por tração que os demais tipos litológicos.
Pode-se assim determinar a dimensão tolerada das placas, com a espessura mínima
delas exigível, para a confiabilidade da obra.
10
2.2.8. Resistência ao Impacto de Corpo Duro
A resistência ao impacto de corpo duro é um indicativo da tenacidade da rocha. A
resistência da rocha ao impacto é fornecida, conforme a norma ABNT NBR 15845 – 8:
(2015) Rochas para revestimento Parte 8: Resistência ao impacto de corpo duro, através
da determinação da altura de queda (m) de uma esfera de aço que provoca o fraturamento
e quebra das placas de rocha, com acabamento e espessura de uso.
É um ensaio importante, para a caracterização da rocha utilizada em pisos, soleiras,
degraus, mesas, balcões e pias. Quanto menores os valores encontrados, menos resistente
ao choque é o material, tornando-se, no caso, imprescindíveis cuidados extras no transporte
e na sua colocação.
2.2.9. Ensaios e análises necessárias de acordo com o uso pretendido
De acordo com o uso pretendido, podem-se discriminar os ensaios e as análises de
interesse para a qualificação das rochas, conforme o quadro 4 e a Tabela 1 a seguir.
Quadro 4 - Ensaios e Análises Recomendados de Acodo com o Uso Pretendido do Materal.
Fonte: Chiodi Filho & Rodrigues (2009)
Tabela 1 - Proposta Geral de Qualificação Tecnológica das Rochas Ornamentais e de Revestimento.
Fonte: Chiodi Filho & Rodrigues (2009)
11
2.3.
Projeto de Revestimentos de Pedras
Revestimento é o conjunto de camadas que recobre as vedações e a estrutura de
uma construção. Os revestimentos de pedra têm as funções de: auxilio à estanqueidade ao
ar e à água; proteção térmica e/ou acústica; resistência mecânica da própria vedação;
função de segurança contra a ação do fogo; função estética; função de valorização
econômica; higiêne.
Para que suas funções sejam exercidas com qualidade, é importante a existência de
um projeto bem elaborado em conjunto com os devidos cuidados na execução.
Pode-se dividir o projeto em duas fases: Fase1- Projeto preliminar; e Fase 2 Execução do projeto.
2.3.1. Fase 1- Projeto Preliminar
A etapa de projeto é fundamental para que a obra tenha um bom desempenho ao
longo de sua vida útil, pois aborda pontos que devem ser previstos antes da execução e que,
se não analisadas corretamente levam a vícios permanentes, prejudicando a produtividade,
qualidade e sustentabilidade do serviço.
Um projeto bem elaborado consegue diminuir custos, perdas de material, otimiza
as diversas etapas de execução, contém as diversas especificações dos materiais a serem
utilizados na obra, o método de execução e prevê futuras patologias (MELO, 2014).
12
Por se tratar de uma etapa de suma importância e para melhor organizar as
atividades do projeto preliminar, este pode ser dividido nas 7 etapas descritas a seguir:
2.3.1.1. Etapa 1 - Característica da Pedra Adequada ao Local de Implantação
A escolha da melhor rocha para revestimento, para um pretenso projeto
arquitetônico ou de engenharia, precede o conhecimento de suas propriedades intrínsecas,
que, conjugado ao conhecimento do meio físico no qual ficará submetida a rocha e às suas
solicitações de uso, definem sua qualificação e viabilidade de emprego. O uso inadequado
das pedras pode levar ao comprometimento da durabilidade e da estética, e,
consequentemente, implicações de ordem econômica e de segurança.
Do ponto de vista do enquadramento técnico e comercial, em função da grande
variedade de tipos, composições, cores, caracteres estruturais e texturas, os granitos (rochas
silicáticas) são as rochas mais utilizadas no revestimento, seguidas dos mármores (rochas
carbonáticas) nacionais e importados, utilizados notadamente no acabamento de interiores
(MENDES e VIDAL, 2002). Mármores e granitos são materiais tanto físico-mecânica
quanto quimicamente bastante distintos, extraídos da natureza e, mais importante,
utilizados em seu estado natural.
Outros tipos de rochas também muito empregados em revestimentos, são os
limestones e travertinos (rochas carbonáticas), os quartzitos (rochas silicosas), ardósias
(rochas síltico-argilosas) e serpentinitos (rochas ultramáficas).
Como tentativa de adequação aos usos mais recomendados de cada material,
destaca-se que os mármores, travertinos e limestones são menos resistentes ao desgaste
abrasivo e quimicamente mais reativas que os granitos, exigindo pressupostos rígidos de
manutenção em fachadas, pisos e áreas de serviço. Os granitos e quartzitos são mais
resistentes ao desgaste abrasivo e quimicamente menos reativas que as rochas carbonáticas
13
(mármores, travertinos e limestones), exigindo cuidados quanto ao manchamento
produzido por infiltrações de líquidos, sobretudo provenientes de umidade residual e
excesso de água e de oleosidade nas argamassas de fixação e rejunte. As ardósias têm
resistência intermediária entre granitos e mármores, quanto ao ataque químico e abrasão,
devendo-se observar as espessuras mínimas aceitáveis para pisos, o espaçamento das juntas
em ambientes externos e a correta especificação de argamassas de fixação e rejunte.
O quadro 5 a seguir indentifica o tipo de pedra mais adequado à cada local de
aplicação. Pode-se identificar assim, o material mais adequado ao local de revestimento do
projeto.
Quadro 5- Locais de Aplicação das Rochas
Fonte: Adaptado de Chiodi Filho & Rodrigues (2009)
Assim, pode-se dizer que granitos, quartzitos e ardósias, do ponto de vista físicomecânico, mostram-se superiores aos mármores para revestimentos externos. Sob o mesmo
prisma, os mármores seriam por sua vez idealmente especificáveis para interiores, com
restrições aos pisos de alto tráfego, escadas de grande volume, às áreas de serviço e
notadamente às pias de cozinha.
Em cidades litorâneas, reforça-se a inadequação dos mármores para fachadas e
pisos, pelo ataque do aerossol marinho, que contém ácido clorídrico e agride as fachadas,
14
e pela abrasividade das areias de praia que se fixam no solado dos calçados e riscam os
pisos.
Resalva-se ainda, inadequada a utilização de duas rochas com resistências distintas
à abrasão, por exemplo mármore e granito, para um mesmo piso em local com alto tráfego
de pedestres, pois seguramente ocorrerá desgaste diferencial ao longo do tempo.
Acrescenta-se que, como rochas de cor mais escura, as ardósias retêm mais calor
que as rochas claras, em ambientes externos sujeitos à insolação. Dessa propriedade resulta
a importância de observar espessuras mínimas para os ladrilhos/lajotas de ardósia em
ambientes externos, pois peças muito finas facilitam a transmissão do calor para as
argamassas de fixação e potencializam o desplacamento nos revestimentos (CHIODI
FILHO & RODRIGUES, 2009).
2.3.1.2. Etapa 2 - Dimensões
É também na fase de projeto que se determina as espessuras e comprimentos dos
revestimentos. A importância dessa etapa se encontra nos detalhes a que o revestimento
está atrelado.
As dimensões, por sua vez, são importantes para a paginação do projeto, podendo
modificar a posição de tubulações, pontos de elétrica ou até detalhes arquitetônicos. No
entanto, não só o comprimento da placa deve ser especificado, mas também a espessura da
mesma, que varia não só com o tipo de tráfego esperado, mas também com a resistência à
flexão da rocha selecionada.
A Tabela 2, para granitos, mármores e quartzitos, discrimina essas variáveis e
propõe a espessura das placas de piso para três situações de tráfego: pedestres e bicicletas,
pedestres até veículos leves e pedestres até veículos de passeio. As ardósias, que são rochas
15
com resistência à flexão normalmente bem mais elevada que a dos granitos, mármores e
quartzitos, também atendem com folga a essas condicionantes.
Tabela 2- Espessura Mínima horizontal para Granitos, Mármores e Quartzitos
Fonte: Chiodi Filho & Rodrigues 2009
Segundo Kondo (2003), placas assentadas verticalmente devem ter espessura
máxima de 2 a 3 cm. para evitar descolamentos, quedas e deformações.
2.3.1.3. Etapa 3 - Acabamentos
Além dos tamanhos, as pedras podem ter diferentes acabamentos de superficie, o
que contribui para a adaptação da rocha a um ambiente antes não indicado e com a
16
possibilidade de utilização da mesma pedra de diversas formas diferentes. O quadro 6 a
seguir mostra alguns dos acabamentos mais utilizados na construção civil.
Quadro 6- Acabamentos de Placas de Rochas
Fonte: Adaptado de Mauro, 2011
2.3.1.4. Etapa 4 - Orçamento e Disponibilidade no Mercado
Diferente dos revestimento cerâmicos, os fornecedores de pedras produzem os
produtos conforme especificado em projeto. No entando, as marmorarias possuem
equipamentos mais generalizados, com tamanhos e medidas mais recorrentes na construção
17
civil. Contudo, deve-se fazer uma pesquisa de mercado durante a execução do projeto para
se certificar da possibilidade de produção das espessuras e dimensões previstas no projeto.
Em casos de dimensões não convencionais, o custo e o prazo de entrega podem ser
reestabelecidos conforme necessidade de encomenda da peça solicitada. Para que não
ocorra alterações no cronograma e aditivos, a compatibilização do possível fornecedor
contratado com as necessidades de projeto devem ser pensadas antes mesmo da aprovação
do projeto.
2.3.1.5. Etapa 5 - Compatibilização de Projetos
Nesta fase é onde se procura identificar e conhecer as especificações dos demais
elementos do empreendimento com os quais o revestimento terá interfaces. O projeto de
revestimento deve considerar os demais projetos construtivos, envolvendo, os de alvenaria,
de piso, detalhes arquitetônicos, estruturais, instalações e impermeabilização.
A compatibilização do projeto de revestimento com o projeto estrutural, de
vedação, de instalações, de impermeabilização e arquitetônico é de grande importância,
visto que a definição de pontos hidráulicos e elétricos, espessuras, paginação, tamanho de
placas, existência de juntas de dilatação e forma de assentamento podem e devem ser
previstos antes da execução. Dessa forma, compatibilizar os projetos anteriormente, evita
uma obra com retrabalhos, gastos não programados, mais segura, sustentável e
estéticamente consolidada.
Esta etapa pode ser considerada como atividade eventual de correções e ajustes das
especificações estabelecidas. Embora se espere que as especificações iniciais sejam
mantidas, nota-se que em função de incompatibilização de projetos, modificações são
necessárias durante esta etapa para a implantação de correções e ajustes.
18
2.3.1.6. Etapa 6 - Planejamento e Aquisição do Material
A aquisição do material deve ser muito bem planejada, visto que o material deve
estar na obra poucos dias antes da execução do serviço, sem que ocupe espaço útil no
estoque por um período considerável de tempo.
Para que seja feita a requisição, faz-se um levantamento das quantidades
necessárias de cada material a partir da planta e do memorial descritivo. A correta execução
dessa etapa é extremamente importante, sabendo-se que um levantamento mal feito pode
acarretar futuros gastos não programados e atrasos por falta de material.
Deve-se considerar ainda no pedido de pedras, a porcentagem de 20% de quebra
por falta de cuidados na execução, transporte, manueseio e armazenamento.
2.3.1.7. Etapa 7 - Transporte, Manuseio e Armazenagem
Este item determina que a empresa construtora deve, de maneira evolutiva, garantir
a correta identificação, manuseio, armazenamento e condicionamento, preservando a
conformidade da pedras em todas as etapas do processo, sendo esta uma responsabilidade
tanto dos membros da própria empresa quanto dos fornecedores do serviço, no caso de
terceirização.
Para garantir que as peças se mantenham intactas ou com menos danos possíveis,
algumas recomendações são importantes, principalmente no transporte e na armazenagem
do material.
No caso de transporte, as pedras devem ser carregadas na vertical fixando-as na
carroceria, no piso, ou alguém as segurando. Evitar solavancos, freadas bruscas, lombadas,
buracos e balanços exagerados, tendo em vista que se trata de material de peso concentrado,
balancear a carga no veículo. Ao descarregar, apoia-las vagarosamente sobre papelão,
régua de madeira mole (exceto em materiais claros) ou correia de borracha. Para maior
19
segurança no transporte, pode-se aplicar um produto protetor que crie um filme resistente
e de fácil remoção ao final da obra.
Ao ser armazenado, as placas de pedra deverão ser estocadas em locais secos, longe
de produtos químicos e sobre sarrafos (nunca direto no chão). Peças grandes, acima de 1m
de lado, devem ser estocadas deitadas (sentido horizontal) e por um período inferior a 30
(trinta) dias, pois pode causar o arqueamento das peças.
Permitir o remanejamento desnecessário das peças e que o material estocado sirva
de apoio para outros objetos, pode causar quebras ou danos irreversíveis.
2.3.2. Fase 2 - Execução do Projeto
Na execução do revestimento, é imprescindível tomar cudado com todas as
camadas que compõem o sistema. Cada camada pode ajudar ou atrapalhar o assentamento
da pedra, uma vez que juntas, formam o sistema de vedação da estrutura.
As paredes normalmente são formadas pela primeira camada estrutural, a qual
chamamos de substrato, seguida do chapisco, regularização (emboço), argamassa de
assentamento e por fim, o revestimento de pedra, juntas e rejunte. A depender do projeto
em que se aplica o revestimento, as paredes podem, ou não, conter camadas de
impermeabilização, conforme mostrado na figura 1.
Os pisos, normalmente são formados pelo substrato, seguido de regularização
(contrapiso), argamassa de assentamento e por fim, o revestimento de pedra, juntas e
rejunte.
Principalmente pisos de banheiros, piscinas, teto de subsolo e outras áreas
molhadas, a estrutura horizontal pode conter camadas de impermeabilização depois do
20
substrato ou depois da camada de regularização, dependendo do projeto. Conforme
mostrado na figura 2.
Figura 1 - Camadas das Paredes nos Revestimentos de Pedras
Fonte: Autora (2017)
21
Figura 2 - Camadas dos Pisos nos Revestimentos de Pedra
Fonte: Autora (2017)
2.3.2.1. Substrato
Constituído por superfície plana de paredes ou pisos, sobre os quais são aplicados
as demais camadas do sistema de revestimento. É o componente de sustentação dos
revestimentos, via de regra formado por elementos de alvenaria/estrutura (MAIA NETO,
2017).
As alvenarias, que podem ser de blocos vazados de concreto, blocos sílico-calcários
ou de concreto celular, devem estar curadas há pelo menos 14 dias. As bases de concreto
devem ter superfície preferencialmente rústica, curada há pelo menos 28 dias (CHIODI
FILHO & RODRIGUES, 2009).
22
A base de concreto poderá ter superfície rústica ou lisa e deverá estar curada há pelo
menos 28 dias.
2.3.2.2. Impermeabilização (quando necessária)
De acordo com a ABNT NBR 9575:2010 Impermeabilização - Seleção e Projeto,
o projeto de impermeabilização deve ser desenvolvido em conjunto e compatibilizado com
os demais projetos de construção, tais como arquitetura (projeto básico e executivo),
estrutural, hidráulico-sanitário, águas pluviais, gás, elétrico, revestimento, paisagismo e
outros, de modo a serem previstas as correspondentes especificações em termos de
tipologia, dimensões, cargas, ensaios e detalhes construtivos.
A impermeabilização deve ser projetada de modo a evitar a passagem de fluidos e
vapores nas construções, podendo ser integrados ou não outros sistemas construtivos
(desde que observadas normas específicas de desempenho que proporcionem as mesmas
condições de estanqueidade).
A impermeablização tem o objetivo de proteger os elementos e componentes
construtivos que estejam expostos ao intemperismo, contra a ação de agentes agressivos
presentes na atmosfera, além de proteger o meio ambiente de possíveis agentes
contaminantes.
É importante possibilitar, sempre que possível, o acesso à impermeabilização, com
o mínimo de intervenção nos revestimentos sobrepostos a ela, de modo a ser evitada, tão
logo sejam percebidas falhas do sistema impermeável, a degradação das estruturas e
componentes construtivos.
23
2.3.2.3. Chapisco
É a camada de revestimento aplicada diretamente sobre a base ou sobre a
impermeabilização, com a finalidade de uniformizar a absorção da superfície e melhorar a
aderência da camada subsequente, geralmente usada antes do emboço (Adaptado de
MELO, 2009).
2.3.2.4. Camada de Regularização
Os revestimentos verticais convencionais (não-aerados) podem ser assentados
sobre três tipos de base: emboço de argamassa, alvenaria ou concreto.
No caso de emboço, deve estar conforme a ABNT NBR 13281/2005 Argamassa
para assentamento e revestimento de paredes e tetos, a fim de garantir o necessário para
uma base segura para o assentamento das placas de rocha. O emboço deve estar curado há,
no mínimo, 14 dias (CHIODI FILHO & RODRIGUES, 2009).
Os revestimentos horizontais convencionais (não elevados) podem ser assentados
sobre um contrapiso de argamassa ou sobre uma base de concreto. A argamassa de
contrapiso deve ser sarrafeada ou desempenada e estar curada há, no mínimo, 14 dias.
Sobre a camada de regularização, são aplicadas as argamassas de assentamento e
rejuntamento (CHIODI FILHO & RODRIGUES, 2009).
2.3.2.5. Argamassa de Assentamento
A superfície das bases deve estar firme, seca, curada e limpa, sem pó, poeira,
gordura/oleosidade e outros resíduos que impeçam a aderência das argamassas de
assentamento.
Para o assentamento vertical não-ventilado, são aplicadas as argamassas: cimentícia
convencional pastosa; colante; ou adesiva.
24
Em assentamento de placas de rochas horizontais, são aplicáveis as argamassas:
cimentícia convencional semi-seca; colante; ou, adesiva. A principal diferença entre elas
reside na força de aderência sob cura normal (condições ambientais), cura submersa em
água (ambientes molhados) e cura em estufa a 70˚C (ambientes sujeitos a elevadas
temperaturas). A aderência é crescente da argamassa cimentícia convencional para as
argamassas colante e adesiva.
Conforme Chiodi Filho & Rodrigues (2009), a argamassa cimentícia convencional
semi-seca (tipo “farofa”), como o próprio nome sugere, deve ter consistência de farofa, isto
é, não pode ser seca e tampouco excessivamente úmida. O traço sugerido é 1:4
(cimento:areia), em volume.
No canteiro de obra, para confecção e preparo da argamassa semi-seca, deve-se
considerar os seguintes cuidados: usar areia média lavada; a água deve ser isenta de
impurezas e quimicamente neutra. Não deverá ser transportada ou armazenada em latas ou
recipientes metálicos que possam liberar resíduos oxidáveis, os quais provocam
manchamento na rocha; o cimento deverá ser de procedência e notoriedade reconhecidas,
preferencialmente do tipo CPII-E-32. Para rochas claras recomenda-se utilizar cimento
branco; evitar a adição de cal na argamassa, pois apesar de proporcionar maior
trabalhabilidade, pode provocar o surgimento de eflorescência na superfície do piso.
No uso das argamassas colantes (também denominada cimento-cola), alguns
cuidados são necessários, conforme Carvalho Júnior (1999): utilizar a argamassa colante
adequada ao tipo de matéria e condições de uso e exposição (ACII, ACIII, Cola tudo); a
argamassa deverá ser aplicada em camada única, isto é, apenas no emboço, caso a peça seja
limitada à dimensão de 20 x 20 cm. Para dimensões acima desta, aconselha-se a aplicação
de argamassa colante em dupla camada cruzada, ou seja, aplicação na base e nas costas da
placa; deve-se respeitar a espessura recomendada pelo fabricante da argamassa que estiver
25
sendo usada; assentamento do revestimento com a utilização de argamassa colante exige
que as placas não estejam molhadas para que não ocorra prejuízo de aderência (a não ser
que haja recomendações contrárias do fabricante da argamassa). Caso as placas estejam
sujas de poeira ou partículas soltas, estas deverão ser removidas com a utilização de um
pano seco. Em situações em que se faça necessária a molhagem das placas para a sua
limpeza, estas não deverão ser assentadas antes de sua completa secagem; a placa de rocha
limpa e seca será aplicada sobre os cordões de argamassa colante ligeiramente fora de
posição, sendo, em seguida, pressionada e arrastada até a sua posição final, de modo a
romper os filetes da argamassa. Atingida a posição final, a placa deverá ser suficientemente
percutida com os dedos ou com um martelo de borracha, para não danificar sua face polida
ou provocar a quebra da mesma. Uma percussão adequada é fundamental, pois aumenta a
área de contato da argamassa com a placa, aumentando, assim, a sua resistência ao
arrancamento. A percussão deverá ser feita até o extravasamento da argamassa colante
pelas laterais da placa; após o assentamento, recomenda-se a limpeza da placa num prazo
inferior a uma hora, e que deverá ser feita com esponja de espuma de poliuretano limpa e
úmida, seguida de secagem com estopa limpa. Preferencialmente, nunca devem ser
utilizados ácidos para a limpeza, devido à possibilidade dos mesmos provocarem manchas
indesejáveis nas placas (os ácidos, tais como o ácido muriático, podem atacar
quimicamente materiais como os mármores e em granitos podem provocar manchas
avermelhadas devido à remoção de íons de ferro eventualmente presentes).
A utilização de argamassa adesiva (supercola), via de regra composta por cimentos
de alta resistência, copolímeros orgânicos e cargas minerais, é mais apropriadamente
indicada para assentamentos de rochas onde se requeiram elevadas resistências e rapidez
na execução. Essa rapidez na execução poderá ser ilustrada ao se comparar, por exemplo,
os tempos requeridos para o rejuntamento e para a liberação do piso ao trafego após o
assentamento: 72 horas nas argamassas cimentícias convencionais ou colantes contra 6
26
horas na argamassa adesiva.
Os procedimentos para o assentamento de pedra com argamassa adesiva são
semelhantes aos grafados para a argamassa colante. As principais diferenças residem no
fato de a argamassa adesiva possibilitar o assentamento em camadas mais grossas (até 30
mm, contra 4 mm - 8 mm da argamassa colante) e requerer cuidados especiais durante o
espalhamento com a desempenadeira denteada para que não forme uma película superficial
sobre o adesivo (nesse caso, recomenda-se aplicar nova camada do produto sobre a camada
com a película).
As argamassas cimentícias convencionais para revestimentos verticais são pastosas
e constituídas por cimento e areia, com traço 1:3 em volume. Opcionalmente, podem-se
acrescentar aditivos melhoradores de aderência. As argamassas exercem tanto a função de
regularização da base, como a de fixação das placas rochosas. A consistência da argamassa
deve ser compatível com o processo de lançamento, de modo que todo o espaço (1 cm a 3
cm) entre a base e a placa rochosa seja preenchido.
Para alturas superiores a 2 m, à argamassa cimentícia pastosa deverão ser
acrescentados grampos metálicos. Nestes casos, recomenda-se que as placas rochosas
sejam providas de ranhuras no tardoz (verso). Podem ser assim chumbados arames de aço
galvanizado ou inoxidável, utilizando-se massa plástica, ou colas à base de resinas de
poliéster ou epoxídicas. Esses arames são enganchados a uma tela de aço galvanizado ou
inoxidável, fixada com chumbadores de expansão na base dos revestimentos, os quais
deverão ser posicionados de forma a constituir uma malha quadrada, com
aproximadamente 50 cm x 50 cm.
Nos revestimentos de paredes internas, nas quais não seja utilizada a tela de aço
(altura inferior a 2 m), deve-se preparar a superfície da base e o tardoz (verso) das placas
27
rochosas, através de apicoamentos, chapiscos, etc, visando melhorar a aderência da
argamassa.
Os quadros 7 e 8 a seguir indicam os ambientes recomendáveis para o uso de cada
argamassa em revestimento vertical e horizontal, respectivamente.
Quadro 7 - Argamassa de Assentamento Ideal - Revestimento Vertical
Fonte: Adaptado de Chiodi Filho & Rodrigues (2009)
Quadro 8 - Argamassa de Assentamento Ideal - Revestimento Horizontal
Fonte: Adaptado de Chiodi Filho & Rodrigues (2009)
28
2.3.2.6. Revestimento de Pedra
Os revestimentos de pedra podem ter diferentes dimensões, tipos, acabamentos,
formas e funções, conforme apresentado nos itens 2.1, 2.2 e 2.3.
2.3.2.7. Juntas
As juntas cumprem o papel de isolar e limitar, à uma única peça, as tensões que
atuam nas camadas da base e nas pedras durante o assentamento, não permitindo que essas
forças alcançem peças vizinhas. Estas devem acomodar deformações sem prejudicar o
revestimento. Tensões causadas por variações térmicas, compressão e tração, poderão
romper a ligação entre revestimento e substrato, ocasioando descolamento ou outros
problemas e patologias, assim as juntas tem papel fundamental para evitar essas
ocorrências.
Ainda não existe nenhuma nortmatização elaborada pela ABNT com recomendação
específica para juntas em revestimento de pedra em geral. A NBR 15846:2010 Rochas
para Revestimento- projeto, execucão e inspeção de revestimento de fachada com insertos
metálicos, recomenda que as juntas devem ser previstas no revestimento que coincidam,
em comprimento e largura, com as juntas de dilatação ou de movimentação existentes no
suporte de placas fixadas com inserts metálicos em fachadas. Segundo a Norma, cabe ao
projetista verificar a necessidade de juntas de dilatação adicionais no revestimento. Além
disso, as juntas entre as placas devem ser suficientes para absorver as movimentações tanto
do suporte como do revestimento. No caso de encontros das extremidades (horizontal ou
vertical) do revestimento com quaisquer elementos distintos, que se projetem sobre estas e
para além destas, é recomendável deixar um espaço conveniente entre as placas.
No entanto, quando se trata de assentamento em pisos ou paredes com argamssa, as
placas trabalham diferentemente das fixadas com inserts.
29
Considera-se então, as recomendações segundo a ABNT NBR 13753:1996 –
Revestimento de piso interno ou externo com placas cerâmicas e com utilização de
argamassa colante – Procedimento. Os quadros 9 e 10, adaptados de Villela (2015) e
Fiorito (2009), determinam os tipos de juntas de assentamento, dilatação/movimentação,
dessolidarização e estruturais.
Quadro 9 – Tipos de Juntas
Fonte: Adaptado de Villela (2015) e Fiorito (2009)
Quadro 10 – Tipos de Juntas
Fonte: Adaptado de Villela (2015) e Fiorito (2009)
30
2.3.2.8. Rejuntamento
Rejunte é a argamassa específica para preencher as juntas de assentamento,
permitindo a trabalhabilidade das placas. O rejuntamento é feito após a cura da argamassa
de assentamento. São funções do rejuntamento: auxiliar no desempenho estético do
revestimento; estabelecer regularidade superficial; compensar variação de bitola e facilitar
assentamento das placas; vedar o revestimento; permitir difusão de vapor de água;
proporcionar alívio de tensões; e otimizar aderência das placas.
Segundo Branco (2010), a função mais importante do rejunte é vedar a passagem
de agentes deletérios para trás do revestimento ou, em outras palavras, vedar o
revestimento, impedindo a passagem de água que pode levar ao surgimento de manchas
provenientes de lixiviação, danos por ciclos de secagem/umedecimento entres outros,
como juntas não preenchidas ou mal preenchidas.
Para a aplicação, recomenda-se utilizar desempenadeira de borracha, estendendo e
pressionando o produto para dentro das juntas. Após 15 a 40 minutos do rejuntamento,
proceder à limpeza, utilizando esponja macia, úmida e limpa.
Os tipos de rejunte são classificados como: cimentícios industrializados (ou
monocomponentes); cimentícios Bicomponentes; acrílico ou Epóxi; com Selantes
Elastoméricos (Silicones);
Os rejuntes industrializados produzidos em pó (cimento, areia e aditivos), são
rejuntes onde é necessário apenas adicionar água limpa para seu preparo. Deve-se preferir
os produtos aditivados com fungicidas, algicidas e impermeabilizantes. Já os Rejuntes
Cimentícios Bicomponentes, apresentam-se como duas partes distintas, com uma fração
granular seca e outra na forma de emulsão aquosa (aditivo líquido), bastando efetuar a
mistura na hora da aplicação. Em contrapartida, os rejuntes de base acrílica ou epóxi são
31
adequados para ambientes onde se requer alta impermeabilidade nas juntas. Em áreas
externas, sujeitas à insolação, não são recomendados os rejuntamentos epóxi, devendo-se,
nestes locais, preferir os de base acrílica.
Em fachadas, são aplicáveis os rejuntamentos compostos por selantes elastoméricos
(p.ex. mástique a base de poliuretano ou silicone), apoiados sobre anteparo neutro e flexível
(p.ex. espuma de polietileno expandido). Este tipo de rejuntamento, além de ser mais
flexível que os cimentícios, evita problemas de infiltrações e eflorescências. Os selantes
elastoméricos podem ser utilizados tanto em juntas de assentamento (juntas existentes entre
as placas) como em juntas de movimentação (juntas que dividem panos extensos de
revestimentos em panos menores, normalmente posicionadas nas transições viga/alvenaria
(CHIODI FILHO & RODRIGUES, 2009).
Os quadros 11 e 12 indicam os locais recomendados para o uso dos devidos rejuntes
paredes e pisos, respectivamente.
Quadro 11 - Argamassa de Rejuntamento - Revestimento Vertical
Fonte: Adaptado de Chiodi Filho & Rodrigues (2009)
32
Quadro 12 – Argamassa de Rejuntamento - Revestimento Horizontal
Fonte: Adaptado de Chiodi Filho & Rodrigues (2009)
Em projetos de revestimento de pedras, existe a possibilidade de não rejuntar as
juntas de assentamento, onde o espaçamento entre uma pedra e outra deve ser dado
respeitando a trabalhabilidade da pedra. Neste caso, a atenção na passagem da argamssa no
verso deve ser redobrada, devido à ausência de rejunte para proteger as juntas de
intempéries.
2.4.
Patologias nos Revestimentos de Pedras
As pedras tendem a se alterar naturalmente com o tempo. O deterioramento se inicia
quando a pedra entra em contato com a natureza, podendo ser acelerado dependendo da
agressividade climática, da proximidade marítima, do grau de poluição, de falta de
cuidados no desenvolvimento do projeto ou na execução do projeto e também da falta de
manutenção ao longo de sua vida util.
2.4.1. Patologias Químicas, Físicas e Biológicas
A deterioração inclui mudanças físicas, químicas e biológicas que resultam na
diminuição da resistência da rocha e modificações na aparência estética, desde alterações
33
cromáticas até esfoliações de camadas superficiais ou ainda a perda de resistência mecânica
(FRESCÁ & YAMAMOTO, 2014).
Nos revestimentos de pedras, as patologias se caracterizam por modificações na cor
original, manchamentos, eflorescências, degradação, fissuras, bolor, queda de resistência
mecânica, desgaste, descolamento do revestimento, entre outras.
Os principais agentes de agressão, formadores de patologias nos revestimentos,
referem-se tanto a substâncias ácidas ou alcalinas convencionalmente manuseadas nos
ambientes internos (residenciais e industriais), quanto a chuvas ácidas e outras
manifestações de poluição atmosférica incidentes, sobretudo, nos revestimentos externos.
Além disso, os diferentes tipos e variedades de rochas reagem de maneira distinta a esses
agentes agressivos.
No quadro 13 a seguir, observa-se os processos de degradação dos materiais
aplicados decorrentes da ação de agentes físicos, químicos e biológicos.
Quadro 13 - Patologias Químicas, físicas e biológicas
Fonte: Adaptado de Chiodi Filho & Rodrigues (2009)
34
Destaca-se, sobre o assunto, que a maior parte das patologias apresentadas depois
do uso, poderia ser prevenida mediante conhecimento das características tecnológicas das
rochas, especificação de argamassas e técnicas adequadas de fixação e rejuntamento e, em
casos específicos, pela utilização de selantes na face e tardoz das placas (CHIODI FILHO
& RODRIGUES, 2009).
2.4.2. Patologias no Projeto de Revestimentos de Pedras
Na maioria dos casos, as patologias podem ser evitadas ou minimizadas se na fase
de projeto forem previstas falhas causadoras de problemas maiores.
É comum, durante a obra, o diagnóstico de patologias por execução equivocada
e/ou falta de conferência dos serviços preliminares. Ainda em serviços conferidos, pode-se
identificar desde o desenvolvimento do projeto, problemas causadores de futuras
patologias devido a fatores diversos como: falta de detalhamento em projeto; uso
inadequado de materiais; falta de conhecimento técnico; dentre outros. Contudo, é de suma
importância a identificação e correção dessas patologias antes da entrega do
empreendimento, a fim de minimizar a ocorrência de problemas, chamados de manutenção
e custos não-programados.
2.4.2.1.Patologias Decorrentes da Fase 1- Projeto Preliminar
Recomenda-se que, para se chegar a etapa final da fase de projeto, os profissionais
(arquiteto ou projetista) envolvidos com a elaboração do mesmo, considerem todos os
fatores importantes, principalmente no que diz respeito a qualidade, ao desempenho
e ao custo do produto final. Aliado a isso, é necessário o conhecimento de
parâmetros, que poderão interferir de forma direta ou indiretamente no resultado final
do projeto (FLAIN; CAVANI, 1992).
35
Alguns cuidados necessários estão relacionados com a preparação e revisão
dos projetos de execução do revestimento, que deverão estar, segundo Gere (1981),
claros, logicamente numerados e com os desenhos bem detalhados, com a compra
técnica, o transporte e estocagem dos materiais e o emprego de mão-de-obra adequada.
Na fase de compra do material, o fornecedor contratado pode não conseguir
fornecer determinadas dimensões das placas determinadas em projeto. Havendo assim,
mudança de especificação para atender ambos os lados interessados. No entanto, a
mudança das dimensões sem uma revisão do projeto, pode acarretar na desconfiguração da
paginação projetada.
No transporte, no manuseio, na armazenagem ou na execução de serviços
posteriores, pode-se ocorrer a quebra de pedaços das peças. No entanto, diferente das placas
cerâmicas, a pedra,em alguns casos, tem a possibilidade de reparo. Um polidor, com o
auxílio de resinas e maquita, cola o pedaço quebrado de volta ou o arremata com rejunte.
Essa medida, se não executada com bastante cuidado, pode causar manchas devido à resina
ou permitir a passagem de água para atrás da pedra, acarretando patologias futuras como:
manchas por absorção de água e descolamento de placa por lixiviação.
Além de quebras, a armazenagem inadequada e prolongada pode causar
empenamento de placas extensas, dificultando a instalação da mesma ou até o descarte por
impossibilidade de retornar ao prumo, nível ou esquadro original.
Pelo fato de normalmente as pedras serem superfícies planas, a peça instalada ou
ainda armazenada, torna-se um atrativo de apoio para a execução de outros serviços.
Quando indevidamente protegidas, propicia-se o aparecimento de manchas, arranhões ou
cortes das mesmas, muitas vezes irreversíveis.
36
A armazenagem de outros materiais junto de pedras, pode acarretar em manchas,
principalemente em pedras claras. Além do contato com produtos corrosivos, o mais
comum, na armazenagem, é a coloração por madeiras úmidas, até mesmo do próprio palete.
A falta de atenção na compatibilização de projetos, aprova projetos para execução
com problemas ou detalhes não compatibilizados. Esse tipo de falha cria aberturas para
soluções durante a execução da obra, baseadas em experiências pessoais e vivênciadas
anteriormente.
Devido à prazos apertados e necessidade de urgência, decisões são tomadas sem a
re-compatibilização de todos os projetos, causando patologias não previstas ou até não
identificadas.
A escolha de materiais não convencionais, como ideias novas, acaba sendo um
desafio nas obras em que são implementadas inicialmente. Normalmente, o procedimento
executivo é criado depois da implementação em alguns empreendimentos distintos e as
informações externas são poucas. Com isso, a obra fica atada e sem uma coordenação exata
do que se deve fazer. Devendo junto à execução, buscar soluções inovadoras.
Esse processo de adaptação da inovação leva à execução de medidas muitas vezes
equivocadas, porém, que podem ser corrigidas à tempo. Em contrapartida, pode-se
implantar patologias que serão descobertas somente com o passar dos anos.
Para melhor entendimento, algumas falhas nessa etapa estão resumidas nos quadros
14 e 15, a seguir:
37
Quadro 14 – Falhas no Desenvolvimento de Projeto
Fonte: Adaptado de Chiodi Filho & Rodrigues (2009); Flain ;Frazão & Righi (2014); Frascá (2017); Fioretti (2007)
38
Quadro 15 – Falhas no Desenvolvimento de Projeto
Fonte: Adaptado de Chiodi Filho & Rodrigues (2009); Flain ;Frazão & Righi (2014); Frascá (2017); Fioretti (2007)
39
2.4.2.2. Patologias Decorrentes da Fase 2 - Execução do Projeto
A má execução da estrutura que será revestida, desencadeia falhas nas camadas
seguintes, prejudicando a execução por fim, do revestimento. Estrutura fora de nível,
estrutura fora de prumo, marcação errada da alvenaria, deslocamento da forma, dentre
outros, são exemplos de problemas do substrato.
Dependendo do lugar a ser revestido, deve-se considerar a impermeabilização do
substrato. No entanto, é comum nos projetos, esquecer de considerar a impermeabilização
na espessura final da base do revestimento. Além disso, são falhas nesta etapa:
descolamento da membrana impermeabilizante; escolha inadequada do tipo de
impermeabilização; execução incorreta, causando passagem de fluidos. Sendo esses
descuidos, futuros causadores de patologias no revestimento.
40
O traço do chapisco dever ser executado conforme especificado pelo fornecedor,
ou conforme o projeto da obra. O chapisco executado de forma indevida, não faz
corretamente o seu papel de aderir a camada de regularização ao substrato ou
impermeabilização.
Deve-se tomar cuidado, na camada de regularização (tanto no emboço, quanto no
contrapiso), com o traço adequado, com a espera da cura e com a espessura da camada.
Essa etapa é fundamental para a execução sem imprevistos do revestimento. Caso seja
identificado rachaduras na camada de regularização, deve-se fazer o teste de percussão ou
abrir um pedaço da camada, para a análise do problema. Evitando assim, o assentamento
da pedra em um local inseguro.
É na etapa de assentamento que ocorrem, normalmente, as falhas que só serão
decobertas depois da obra ser entregue, devido ao fato de que existem poucas etapas a
serem executadas após o assentamento.
Como já dito anteriormente, as recomendações do fornecedor de argamassa devem
ser seguidas corretamente, visto que a utilização de traço diferente do que o do fornecedor
pode perder a garantia de que as rochas estejam completamente aderidas à superfície.
Caso o colocador não aplique a argamassa em toda a pedra, cria-se um vazio entre
a pedra e o substrato, permitindo a passagem de água causando eflorescência, manchas,
descolamento de placa ou fissuras.
Não menos importante que as etapas anteriores, as juntas são de fundamental
importância quando se trata de revestimento de pedra. Elas são muitas vezes definidas sem
que seja feito um estudo da pedra. No entanto, estudar a espessura das juntas ideais para o
projeto prevê a dilatação e trabalhabilidade do revestimento. Evitando assim, futuras
patologias.
41
O rejuntamento deve ser considerado como uma etapa de fechamento, de vedação.
É ele que proteje o acesso de fluidos e contaminantes à base do revestimento. Com ele, é
possível reduzir as possibilidades de patologias causadas pela má execução de alguma
etapa anterior. Deve-se executá-lo com cuidado nos detalhes.
A execução do rejuntamento tardio, leva ao acúmulo de sujeira entre as juntas. Esse
fator pode levar ao amarelamento do rejunte por ascenção da sujeira, ou ainda à mistura do
rejunte com a poeira no momento do rejuntamento. Essas questões podem ser sanadas
facilmente durante a conferência do seviço.
Um rejunte mal executado, permite a passagem de água por debaixo da placa e não
necessáriamente é feita impermeabilização nas camadas de base. Com isso, além de
possíveis eflorescência, manchas, descolamento de placa ou fissuras, pode-se causar
vazamentos pela estrutura.
No entanto, existem projetos que excluem a necessidade do rejuntamento. Dessa
forma, faz-se uma camada extra de impermeabilizante entre a argamassa de assentamento
e a camada de regularização, para que assim, substitua algumas funções do rejunte. Tendo
assim, que tomar cuidado redobrado na etapa de assentamento.
Os quadros 16 e 17 a seguir resumem alguns erros de execução de cada camada que
antecede e sucede o revestimeto de pedra. Estão eles associados aos fenômenos causadores
das suas respectivas patologias. Se conferidas ainda na fase de execução, reduzem as
chances da ocorrência das patolgias futuras.
Quadro 16 – Falhas na Execução do Revestimento de Pedra
Fonte: Adaptado de Chiodi Filho & Rodrigues (2009); Flain ;Frazão & Righi (2014); Frascá (2017); Fioretti (2007)
42
Quadro 17 – Falhas na Execução do Revestimento de Pedra
Fonte: Adaptado de Chiodi Filho & Rodrigues (2009); Flain ;Frazão & Righi (2014); Frascá (2017); Fioretti (2007)
43
44
3. Estudo Prático de Aplicação de Revestimentos de Pedras
3.1.
Apresentação do Objeto em Estudo
O caso estudado para esse trabalho foi um empreendimento multifamiliar
residêncial A, da incorporadora B, no Recreio dos Bandeirantes, na cidade do Rio de
Janeiro.
O empreendimento com aproximadamente 30.000 m2 de área construída em um
terreno de 10.150,50 m2, com 5 torres de 9 pavimentos e cobertura, somando um total de
174 apartamentos e área comun.
As obras foram iniciadas em novembro de 2014, com data de Habite-se em
fevereiro de 2017 e prazo de entrega para março de 2017.
O desafio da obra se deve à projetos de arquitetura, interiores e paisagismo ricos
em detalhes, com um vasto leque de acabamentos e revestimentos inovadores e variados.
Mais precisamente nas áreas comuns e na piscina, pode-se deparar com 12
variedades de pedras de revestimento com acabamentos distintos, distribuídas em
basicamente 5 ambientes. Dentre elas: Porfido ferrugem; Vulcano; Granito Preto São
Gabriel; Granito Aqualux; Granito Santa Cecília Bege; Limestone Niwala; Limestone
Baiteg Blue; Travertino Turco; Pedra de mão; Quartzito Branco (São Tomé); Hitam; e
Hijau verde.
Contudo, neste trabalho, concentrou-se o estudo na Hijau verde, a pedra mais
utilizada na região da piscina, pelo fato de ser uma pedra nova no mercado brasileiro.
45
3.2.
Definição e Características das Rochas
A pedra Hijau se caracteriza por uma rocha ígnea, da família das carbonáticas, rica
em quartzo e retirada dos tufos dos vulcões da indonésia, o que faz alguns fornecedores a
chamarem de quartzito. As características seguem a seguir nos quadros 18 e 19. A figura 3
mostra a pedra Hijau bruta antes de pssar pelo processo de corte.
Quadro 18- Classificação Geológica da Hijau Verde
Fonte: Adaptado de Branco (2010)
Quadro 19- Classificação Mineralógica da Hijau Verde
Fonte: Adaptado de Chiodi Filho & Rodrigues (2009)
Figura 3 – Hijau Verde Antes do Corte
Fonte: marmoraria - greenstonesukabumi.com
46
3.3.
Ensaios de Caracterização Tecnológica
A definição e características das pedras estudadas são obtidas pelo fornecedor,
através de uma ficha técnica emitida por laboratórios que realizam os ensaios de
caracterização tecnológicas nas pedras. No entanto,por não ser obrigatório, nem todos os
ensaios propostos pela ABNT NBR 15845 1:8: 2015 foram executados para essa pedra,
conforme visto do quadro 20 a seguir:
Quadro 20- Checklist Pedra Hijau Verde
Fonte: Adaptado de Chiodi Filho & Rodrigues (2009)
Com base nos dados obtidos com o estudo e ensaios da Hijau, pode-se definir se a
mesma é adequada ao uso que lhe foi projetado.
A pedra Hijau possui resistência às oscilações térmicas (importante para
revestimento externo), no entanto, como a pedra fica submersa, ela se mantém em
temperaturas constantes. Não sendo determinante para a escolha para piscinas.
A resistência química não é obrigatória por norma, mas é importante para
revestimentos de piscinas, devido ao elevado uso de produtos de corpos, cabelos e cloro, o
que adequa a Hijau ao tipo de revestimento, assim como pelos resultados das resistências
à compressão e flexão.
47
O alto índice de porosidade e absorção de água, são índices negativos para outras
rochas, por diminuir a resistência físico–mecânica e causar manchas por absorção de
líquidos, respectivamente. Já para a pedra Hijau, são responsáveis por causar uma
aparência naturalmente diferenciada.
Na figura 4 a seguir, encontra-se os resultados dos ensaios, além de outras
especificações úteis feitas pelo fornecedor para a análise da pedra.
Figura 4 – Ficha Técnica Hijau Verde
Fonte: Adaptada da ficha técnica fornecida pela empresa fornecedora da pedra Palimanam revestimentos naturais
48
3.4.
Projeto de Revestimentos de Pedras
3.4.1. Fase 1 - Projeto Preliminar
3.4.1.1.Etapa 1 - Característica Pétrea Adequada ao Local de Implantação
Para a escolha do tipo de pedra adequado a cada ambiente, além do conhecimento
do arquiteto, e de indicações dos fornecedores, analisou-se a ficha técnica dos tipos de
pedras, obtidas com fornecedores das mesmas.
A Ficha é de grande importância na adequação da pedra ao uso. Pincipalmente no
caso de uma rocha nova no mercado, como a pedra Hijau verde (ou Green Bali, ou
Sukabumi Stone), que foi a pedra escolhida para o revestimento interno da piscina adulto,
dos espelhos d’água, das cascatas e da piscina infantil.
Esse ambiente possui contato com água constantemente, com alto índice de ácido
clorídrico, além de ser exposto à intempéries. Contudo, a Hijau se adequa à piscina por
resistir aos raios ultravioletas do sol, à abrasão, aos produtos químicos e à movimentação
da estrutura.
3.4.1.2. Etapa 2 - Dimensões
As placas de Hijau Verde do projeto têm espessura de 1cm, tanto para pisos como
para paredes e possuem 4 tipos de acabamentos e cortes na obra: rústica (bruta) 20 x 20
cm; lisa 20 x 20 cm; lisa 10 x10 cm; e seixos. Conforme visto nas figuras 5, 6 e 7.
Figura 5 –Hijau verde 10 x 10 cm
Fonte: Autora (2017)
49
Figura 6 – Variação das dimensões da Hijau verde (Seixos, 10 x 10 cm e 20 x 20 cm, respectivamente)
Fonte: Autora (2017)
Figura 7 –Hijau verde – Espessura 1 cm
Fonte: Autora (2017)
50
3.4.1.3. Etapa 3 - Acabamentos
Tanto a pedra lisa, quanto a denominada rústica, o tipo de acabamento é o bruto,
mudando o fato da lisa ser serrada nas 3 dimensões e a rústica não ser serrada em uma só
face. Os seixos são polidos e cortados nesses formatos. A falta de polimento, mantendo a
estutura original, permite uma maior absorção de água pelos poros.
3.4.1.4. Etapa 4 - Orçamento e Disponibilidade no Mercado
Existem muitos poucos fornercedores dessa pedra no Brasil. Contudo, os preços
ainda são elevados e são encontrados apenas em pequenas variações de dimensões, o que
levou ao fato da paginação ser adaptada ao fornecimento.
Foi elaborado um mapa de cotação e entre os fornecedores cotados, com valores de
fornecimento entre R$ 200,00 e R$ 550,00, foi escolhido o fornecedor com o menor preço,
com cadastro já existente na empresa e melhor nota de avaliação.
3.4.1.5.Etapa 5 - Compatibilização de Projetos
Existe na empresa uma equipe de projeto, responsável pelos detalhes e
modificações necessárias, visto que os projetos do empreendimento foram feitos por
escritórios diferentes, contudo, alguns pontos não foram compatibilizados.
3.4.1.6. Etapa 6 - Planejamento e Aquisição do Material
A aquisição desse material foi feita com uma margem de 20% de perda e estoque 3
meses antes da execução do revestimento. Com isso, o material não ficou em estoque por
um longo tempo.
3.4.1.7. Etapa 7 - Transporte, Manuseio e Armazenagem
Essa pedra, possui tamanhos de fácil manuseio e armazenagem, sendo transportadas
em caixas com pedras para executar 2m2 de revestimento. Dessa forma, as pedras ficaram
mais protegidas e menos vulneráveis aos danos por manuseio, transporte e armazenagem.
51
Nas figuras 8 e 9 a seguir, mostram as caixas de Hijau em uso e armazenadas na
obra.
Figura 8 –Hijau verde - Embalagem
Fonte: Autora (2017)
Figura 9 –Hijau verde - Armazenadas
Fonte: Autora (2017)
Apesar de armazenada em locais úmidos, as caixas foram estocadas empilhadas em
paletes. Garantido assim, sua integridade.
52
3.4.2. Fase 2 - Execução do Projeto
O revestimento estudado foi aplicado tanto nas paredes, quanto no piso da piscina,
onde tem contato com a água. Além disso, o complexo de piscinas está localizado em uma
área onde metade está acima do subsolo e outra metade sobre aterro.
Por ser uma pedra não muito conhecida, algumas etapas de execução foram interrompidas
ou adaptadas durante a obra em andamento. Além disso, as camadas do sistema variam
conforme a estrutura que a suporta.
Nas paredes acima do subsolo ou do aterro, as camadas foram: substrato;
impermeabilização; chapisco; emboço; outra camada de impermeabilização; argamassa de
assentamento; e pedra.
Nos pisos acima do subsolo ou do aterro, as camadas foram: substrato;
impermeabilização; regularização; contrapiso; outra camada de impermeabilização;
argamassa de assentamento; e pedra.
3.4.2.1. Substrato
A maior parte da estrutura foi executada em concreto armado, como mostra a figura
10. A estrutura de concreto revestida de hijau verde é composta por: uma piscina grande;
uma piscina infantil; nove jardineiras; dois espelhos d’água; uma hidromassagem; um deck
molhado; e uma cascata.
Os dois muros de transbordo foram executados a princípo com uma fiada de bloco
de concreto de 14 cm de espessura e depois readaptado para com duas fiadas de bloco de
concreto de 14 cm, não exatamente conforme o projeto mostrado na figura 11. Foi deixado
um vão entre os blocos no sentido transversal para passagem de tubulações.
53
Figura 10 – Vista aérea da área da piscina
Fonte: Autora (2017)
Figura 11 – Corte transversal do muro com transbordo
Fonte: Autora (2017)
54
3.4.2.2. Impermeabilização
As áreas acima do subsolo indicadas em laranja na figura 12, foram
impermeabilizadas com manta asfáltica polimérica e camada de cimento Portland e areia.
No interior das jardineiras acrescenta-se tinta antiraiz.
Já nas áreas indicadas em laranja na figura 13, a impermeabilização foi feita em
argamassa polimérica, devido ao fato de serem estruturas sobre aterro e não necessitarem
de impermeabilizante tão resistente quanto a manta.
Além da impermeabilização antes da camada de regularização, foram aplicadas
duas camadas de impermeabilizante cimentício anteriormente à aplicação da argamassa de
assentamento, devido ao fato da obra ter decidido não rejuntar a pedra de revestimento.
Criando assim, mais uma proteção da base por infiltração.
Figura 12 – Regiões revestidas de Hijau verde impermeabilizadas com manta asfáltica
Fonte: Autora (2017)
55
Figura 13 – Regiões revestidas de Hijau verde impermeabilizadas com Argamassa polimérica
Fonte: Autora (2017)
3.4.2.3. Chapisco
Nas paredes revestidas de manta, foi feito um chapisco convencional associado à
tela galvanizada hexagonal. Já as paredes impermeabilizadas com argamassa polimérica,
foram chapiscadas com chapisco estrutural e tela nas arestas e quinas.
3.4.2.4. Camada de Regularização
Nos pisos em geral, foi feito contrapiso do tipo “farofa” para regularizar a área de
aplicação do revestimento e nas paredes, emboço convencional, conforme mostram as
figuras 14 e 15, respectivamente.
56
Figura 14 – Execução do contrapiso no deck molhado
Fonte: Autora (2017)
Figura 15 – Emboço Piscina
57
Fonte: Autora (2017)
3.4.2.5. Argamassa de Assentamento
O tipo de argamassa a ser utilizada no assentamento não é especificado em projeto.
No entanto, no procedimento da empresa indica para pedras decorativas em uso externo o
uso de argamassa colante tipo III. Assim, devido ao uso corriqueiro, junto ao fato da pedra
Hijau se enquadrar ao perfil de pedras decorativas, inicialmente foi utilizada a argamassa
colante ACIII.
Contudo, a argamassa ACIII no meio da execução do revestimento foi trocada pela
argamassa colante “colatudo” que possui aditivos não muito diferentes da ACIII, mas que
foi mais indicada pelo fornecedor por meio de um manual enviado à obra.
Apesar das placas de pedra serem até 20 x 20 cm e não necessitarem, por norma,
da dupla colagem, as mesmas foram assentadas dessa forma, para reforçar a fixação à base.
Além disso, a argamassa utilizada foi da cor branca para não manchar a pedra, pois
a argamassa da cor cinza pode manchar peças claras. Nas figuras 16 e 17 a seguir, tem-se
exemplos do uso da argamassa cola tudo.
Figura 16 – Argamassa cola tudo Branca – Especificação da quantidade de água
Fonte: Autora (2017)
58
Figura 17 – Assentamento do revestimento com argamassa cola tudo Branca
Fonte: Autora (2017)
3.4.2.6. Revestimento de Pedra
O revestimento, como já falado anteriormente, consiste em uma pedra
relativamente nova no mercado, a pedra Hijau Verde. Foi utilizada em quatro formatos e
tamanhos diferentes. Sendo elas: lisa 10 x 10 cm; lisa 20 x 20 cm; rústica 20 x 20 cm; e
seixo. A figura 18 mostra a hijau rústica assentada e a figura 19 a Hijau 10 x 10 cm
assentada na jardineira.
Figura 18 – Hijau Verde Rústica assentada
Fonte: Autora (2017)
59
Figura 19 – Hijau Verde lisa 10x 10 assentada na jardineira
Fonte: Autora (2017)
3.4.2.7. Juntas
Pelo fato de serem estruturas que comportam água e a pedra ser porosa e de grande
absorção de água, as juntas em geral, são de grande importância nesse revestimento. As
juntas de assentamento são as chamadas “juntas secas” ou “juntas zero”, quais têm
espaçamento mínimo entre as placas. Devido à irregularidade das placas, essas juntas ficam
em torno de 1 mm e 2 mm.
Foram executadas juntas de dilatação em dois pontos da piscina de adulto, mais ou
menos a cada 10 m.
Não existem juntas de dessolidarização nem estruturais nessas áreas.
3.4.2.8. Rejuntamento
Nenhum dos locais aplicados a Hijau no empreendimento foi rejuntado.
60
3.5.
Patologias nos Revestimentos de Pedras
Em todas as etapas foram tomadas medidas pela empresa A a fim de reduzir ao
máximo a existência de patologias momentâneas ou futuras. Contudo, apesar dos cuidados
tomados e da experiência dos profissionais, foi inevitável a ocorrência de falhas durante o
processo.
3.5.1. Patologias Químicas, Físicas e Biológicas
As patologias químicas, físicas e biológicas costumam ocorrer após anos ou meses
da entrega do empreendimento. Assim, essas patologias não foram analisadas no estudo
pelo fato do empreendimento não ter sido entregue ainda, portanto, não dando tempo para
o aparecimento das mesmas. Porém, as patologias identificadas durante a execução estão
interligadas a estas.
3.5.2. Patologias no Projeto de Revestimentos de Pedras
O uso dessa pedra pouco utilizada no Brasil, em conjunto com a falta de informação
do material, descuidos no desenvlvimento do projeto e inexperiência na execução da
mesma, ocasionaram interrupções corretivas a fim evitar futuras patologias.
Essas interrupções inesperadas geraram um atraso no cronograma físicos dos
acabamentos da área devido à adaptação das situações antigas às novas soluções, ou ainda,
à espera dos novos materiais.
3.5.2.1. Patologias Decorrentes da Fase 1 - Projeto Preliminar
O detalhamento do projeto em questão poderia ter sido mais elaborado devido à
riqueza de detalhes atrelados à serviços subsequentes. Com deficiência de detalhamento
especificado em projeto, abriram-se oportunidades de interpretações equivocadas e
tomadas de decisões muitas vezes certas, como outras erradas.
61
Diferente das pedras convencionais, a Hijau é comercialzada já em medidas
padrões, com pouca variedade de dimensões. Com isso, o projeto já foi executado
considerando as medidas do fornecedor, não havendo problemas de desconfiguração da
paginação por essa questão.
Em contrapartida, as pedras danificadas por falta de cuidado não são facilmente
reparadas com auxílio de resina. Essas peças foram descartadas ou utilizadas para corte de
filetes.
A figura 20 a seguir, mostra uma placa da pedra Hijau que não é possível ser reparada.
Figura 20 – Hijau Verde danificada
Fonte: Autora (2017)
O encontro de pedras de diferentes espessuras com jardins, tubulações ou outros
tipos de revestimento, levou a obra a criar soluções instantâneas que tomam tempo e muitas
vezes atrapalham os serviços subsequentes.
62
O uso desse revestimento não convencional na primeira obra da empresa, como
qualquer outro material novo no mercado, não se adequa perfeitamente ao procedimento
executivo de revestimento de pedras. A pedra Hijau, apesar de ser uma pedra de
revestimento, possui características únicas que mereceram cuidados especiais que foram
sendo adequados no decorrer da obra, causando algumas vezes retrabalhos e gastos não
previstos.
O alto grau de absorção de água da Hijau, contrária às outras pedras, é um dos
fatores que contribui para o diferencial dela. A alta absorção de água, causa um contraste
de cor que caracteriza a beleza dessa pedra quando molhada. Não sendo assim, uma
patologia dessa pedra.
Apesar da alta porosidade, essa pedra é indicada para piscinas pelos fornecedores.
Contudo, deve-se tomar cuidado com produtos utilizados para que não acelere a
degradação do revestimento por corrosão ou produtos ácidos. Junto a isso, pelo fato dela
não ser polida, aumenta as chances de acúmulo de sujeiras nos poros, tendo assim que ter
uprocedimentos de manutenção e limpeza constantes.
3.5.2.2. Patologias Decorrentes da Fase 2 - Execução do Projeto
A princípio, tem-se a fase de revestimento como a fase menos problemática da obra.
No entanto, é nela que aparecem os problemas não corrigidos anteriormente, devido ao fato
de que essa etapa é o fechamento de um ciclo totalmente atrelado entre si, onde a camada
anterior prejudica a próxima, se não executada da forma adequada.
Devido à falta de conferência das camadas de base, foram constatados no momento
de entrada da mão-de-obra de assentamento, problemas que impediam a continuidade dos
63
serviços, causando um atraso no planejamento da mão-de-obra, assim como no cronograma
financeiro.
Em relação ao substrato, algumas partes da estrutura em geral ficaram fora da
marcação, causando a deformação da paginação, que gerou filetes esteticamente não
adequados, alterando a paginação do projeto de arquitetura.
Ainda na estrutura de concreto, existiu uma preocupação com o nível da borda
externa da piscina, assim como o da "borda infinita". Por poucos centímetros a estrutura
passou do nível de projeto, tendo assim, que compensar os desníveis com o assentamento
da própria pedra. O que não é indicado pelos fabricantes da argamassa, por prejudicar a
aderência da mesma. A elevação ou redução do nível, também prejudicaram a paginação
do projeto de arquitetura.
A figura 21 a seguir indica as arestas da piscina de adultos, onde ocorreu um erro
de paginação devido a execução errada da forma, criando um filete de pedra esteticamente
inapropriado.
Figura 21 – Execução de filetes não existentes em projeto
Fonte: Autora (2017)
64
Ainda no substrato, mais precisamente na cascata localizada em uma das paredes,
quando executada, foi deslocada de 3 cm para o lado esquerdo, e 1 cm para baixo. Esse
erro, talvez não fosse crítico em outro projeto, contudo, esta falha acarretou um grande
problema de paginação dessa parede. O projeto previa a utilização de dois tipos da pedra
Hijau, que se intercalavam. Com isso, teve que ser feito o ajuste da cascata para o nível e
alinhamento estabelecido no projeto.
A figura 22 indica a marcação da paginação desalinhada com a cascata e a figura
23 após o ajuste da cascata, com a paginação correta.
Figura 22 – Desalinhamento da cascata
Fonte: Autora (2017)
Figura 23 – Cascata alinhada e revestida
Fonte: Autora (2017)
65
A impermeabilização, foi a camada mais problemática da região estudada. As
espessuras da manta asfáltica não foram consideradas em projeto, causando a elevação do
nível programado, prejudicando o encontro dos revestimentos que deveriam estar
nivelados. Com isso, foi paralisado o serviço de assentamento, para a quebra do substrato
seguido da colagem da manta pela segunda vez.
Outra patologia apresentada ao iniciar o assentamento do revestimento de pedra, foi
a identificação de rachaduras no emboço da piscina, onde foi feita a impermeabilização
com argamassa polimérica. Para identificar o problema, foi aberto um vão nas camadas e
verificou-se o descolamento do impermeabilizante que, por falta de limpeza, não possuia
aderência ao substrato. Assim, foram retiradas todas as camadas e refeita a
impermeabilização com uma mistura de impermeabilizantes cimentícios.
As figuras 24, 25 e 26 a seguir mostram os processos de retirada das camadas para
o reparo da impermeabilização.
Figura 24 - Retirada do emboço, chapisco e impermeabilizante
Fonte: Autora (2017)
66
Figura 25 - Retirada das pedras para refazer a impermeabilização
Fonte: Autora (2017)
Figura 26 - Reaplicação da camada de impermeabilização
Fonte: Autora (2017)
67
A elevação do muro que transborda foi feita com duas fiadas de blocos de concreto.
Diferente do projeto, devido à passagem de tubulações, as fiadas foram espaçadas entre si.
Os blocos deveriam ter sido cheios de concreto e depois impermeabilizados com manta
asfáltica. Contudo, ao iniciar o revestimento de pedra, foram encontradas rachaduras no
emboço, diagnosticando pelo teste de percussão, houve descolamento da manta na parte
superior do substrato, conforme mostrado na Figura 27.
As figuras 27, 28, 29 e 30 indicam o teste de percussão, a abertura do emboço para
análise da patologia, a colagem da manta descolada e o assentamento da pedra novamente
no emboço, respectivamente.
Figura 27 - Teste de percussão no muro que transborda
Fonte: Autora (2017)
Figura 28 - Rompimento das camadas para análise do problema
Fonte: Autora (2017)
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Figura 29 - Colagem da manta descolada
Fonte: Autora (2017)
Figura 30 - Assentamento da Hijau no muro após arremate
Fonte: Autora (2017)
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Identificou-se então, que o descolamento da manta foi devido ao vão existente
dentro do muro, causando um "efeito estufa" que condensava o ar em vapor d'água na parte
superior do muro.
Para solucionar, foi retirada a manta e a camada de regularização, preenchendo
todo o interior do muro com concreto para ocupar o vácuo que junto com o calor, gerava o
condensamento do ar. Em seguida, foram refeitas as camadas retiradas.
A identificação dessas patologias, em relação ao revestimento de pedra, foi de
grande importância para evitar futuros desplacamento, assim como evitar a lixiviação
causada pela passagem de água em ambos os sentidos de fluxo (tanto no sentido de dentro
para fora da piscina ou do muro, como de fora para dentro da piscina), evitando assim, a
proliferação de material biológico embaixo do revestimento e o arraste de material pela
água, causando manchas e eflorescência.
Não houveram problemas em relação ao chapisco executado nem com a camada
de regularização.
Ao iniciar o assentamento das pedras, utilizou-se argamassa colante ACIII cinza.
No entanto, percebeu-se que a argamassa cinza poderia causar manchas na pedra. Mudouse então, para argamassa colante ACIII branca. Ao executar cerca de 40% do revestimento
do local, a obra recebeu um manual específico da pedra Hijau, o qual indicava o uso da
argamassa colante tipo "cola tudo" branca. Para manter a garantia de colocação da pedra,
a obra mudou mais uma vez o tipo de argamassa utilizada. Essas mudanças geraram um
atraso pelo fato de ter que aguardar o recebimento da argamassa ideal, mas previniram a
ocorrencia de manchas ou desplacamentos.
Apesar do procedimento de execução do assentamento das pedras ter sido passado
aos colocadores, após a ocorrência de chuvas no local, localizaram-se pontos em que as
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pedras acumulavam água em suas bordas, apontando as peças que não tinham cola em toda
a sua superfície. Foi necessário então, a retirada e recolocação dessas peças, principalmente
pelo fato da piscina não ser rejuntada e ter maior fluxo de água pelas juntas das pedras.
Essa medida foi tomada a fim de evitar a lixiviação, o desplacamento e o manchamento do
revestimento. As figuras 31 e 32 mostram as peças com água acumulada na sua periferia.
Figura 31 - Acúmulo de água devido à má execução da argamassa de assentamento na piscina adulto
Fonte: Autora (2017)
Figura 32 - Acúmulo de água devido à má execução da argamassa de assentamento na piscina infantil
Fonte: Autora (2017)
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Durante a retirada de algumas pedras para ajustes, foram identificadas pedras
assentadas incorretamente, as quais durante o assentamento, não tiveram seus cordões de
argamassa rompidos com o deslizamento da peça (figura 33). Essa medida é de suma
importância para a fixação da pedra, pois assim, a argamassa da base se adere à argamassa
da pedra, evitando o desplacamento. A figura 34 exemplifica o assentamento incorreto,
devido a passagem de massa em diversas peças e a passagem de massa em direções
aleatórias no substrato.
Figura 33 -Codões de argamassa de assentamento inteiros
Fonte: Autora (2017)
Figura 34 -Codões de argamassa de assentamento inteiros
Fonte: Autora (2017)
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Durante o assentamento, deve-se tomar cuidado com a limpeza da massa que passa
pelas juntas para a parte de cima da placa. Esse resíduo, se não for limpo em até 30 minutos
após o contato com a pedra, pode ocasionar manchas, podendo ser irreversível (figura 35).
Figura 35 -Argamassa acumulada na face externa do revestimento
Fonte: Autora (2017)
Mais uma vez, devido ao fato de não se obter um conhecimento prévio sobre o
assentamento dessa pedra, foi aconselhado por um dos fornecedores, que a mesma deveria
ser molhada antes de ser assentada (figuras 36 e 37), por razões dessa pedra ser muito
porosa e absorver a água da argamassa de assentamento, podendo ocorrer um
desplacamento devido a uma argamassa fraca e seca.
No entanto, existe uma dúvida se tal medida pode acarretar em um desplacamento
por excesso de água no conjunto massa e pedra.
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Figura 36 -Pedra Hijau molhada durante o assentamento
Fonte: Autora (2017)
Figura 37 -Pedra Hijau molhada durante o assentamento
Fonte: Autora (2017)
A piscina adulto possui uma raia em outra pedra denominada Hitam Preta, contudo,
ao assentar a hitan no centro da piscina, notou-se que a hitan possuia uma espessura 0,5 cm
a mais que a Hijau. Para que não houvesse atrasos na execução e nem ficasse um ”garrote”
no meio da piscina, foi executado um pequeno caimento do centro do piso em direção às
bordas. Dessa forma, a diferença de espessura passou despercebida (figura 38).
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Figura 38 -Pedra Hijau Verde e pedra Hitan Preta
Fonte: Autora (2017)
Devido à ausência de rejunte nesse projeto, as juntas irregulares das pedras ficam
muito aparentes e devem ser assentadas com o espaço adequado, devido à dilatação térmica
da Hijau. As juntas muito próximas (menos que 2mm) podem ocorrer futuras fissurações
nas pedras (figura 39).
A ausência de rejunte não causou patologias na execução, mas pode causar futuras,
se as juntas não forem bem tratadas. Nesse caso, impermeabilizou-se com argamassa
cimentícia.
Figura 39 -Pedra Hijau Verde Rústica com juntas muito pequenas
Fonte: Autora (2017)
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4. Considerações Finais
Conhecer à origem do material utilizado é de extrema importância para que seja
feita uma escolha correta, assim como para entender as limitações do material. No caso das
pedras, as suas composições mineralógicas e geológicas determinam a relação da finalidade
do uso com o ambiente a que são empregados.
Constata-se que os ensaios definidos pela NBR 15845:2015 (ABNT, 2015),
acrescentado aos estudos mineralógico e geológico, indicam as características necessárias
para a adequação da pedra a cada tipo de uso, relacionando seus parâmetros às
características físicas-mecânicas das mesmas.
Para que sejam realizadas devidamente as funções dos revestimentos de pedras,
verifica-se que todas as etapas preliminares do projeto em conjunto com as etapas de
execução, são determinantes para a entrega de um produto bem executado, sem falhas e
que suportem as intempéries a que estão submetidas.
Além da questão física-mecânica, o planejamento e replanejamento dessas etapas
são importantes para que não haja um imprevisto no orçamento e no cronograma físico de
forma negativa.
No presente trabalho, o estudo da pedra Hijau Verde, como uma pedra utilizada
pela primeira vez pela empresa A, comprovou a necessidade de se obter mais informações
sobre este material antes de seu assentamento. Ainda que a empresa analisada realize
análises de projetos e obtenha procedimentos de execução de revestimentos de pedras
consolidados, os mesmos não foram suficientes para que o assentamento da pedra Hijau
estudada não apresentasse patologias.
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Constatou-se no estudo, que a pedra em si não foi o maior motivo de preocupação
e atrasos, mas a falta de preparo das camadas anteriores e falhas de projeto, fizeram com
que houvesse uma série de patologias durante a execução do revestimento, prejudicando
além da excelência do assentamento, o orçamento e o cronograma físico, determinados
para esse serviço.
Além disso, o estudo foi importante para identificar que grande parte das patologias
identificadas futuramente, são associadas ao descaso em que foram executadas. Na obra
em análise, ainda que tenham ocorrido imprevistos em várias etapas, foram corrigidas as
patologias encontradas a fim de reduzir ao máximo futuros problemas.
Sendo assim, o objetivo do trabalho de colaborar com melhorias nos projetos de
revestimentos no Brasil foi atingido, visto que futuros projetos poderão identificar os
problemas ocorridos no estudo da Pedra Hijau Verde e assim evitá-los. Contudo, o trabalho
foi baseado em um único caso dentro de uma empresa A, a qual utilizou pela primeira vez
esse tipo de pedra, não devendo assim, utilizar o trabalho como base para revestimentos de
pedra em geral.
Sugere-se para trabalhos futuros, um estudo com outras pedras e suas patologias de
forma mais abrangente e aprofundada.
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5. Referências Bibliográficas
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