O HOMEM DE PEDRA Frederico Rego De um monte de pedras escurecidas, Esverdeadas por musgos invasores, Modelaram teu rosto, Teu corpo, Teu pranto; Cresceram teus membros rígidos Daquela pedra fria, indiferente... Sob o peso do martelo imponderável, Lacerando a rocha sólida, No espaço de polir, Fizeram-te sorrir. Revestiram-te com a argamassa Que recobre os poderosos. Invadiram o âmago da pedra, Que pulsou como coração, Com a força telúrica da grande criação. Colocaram-te, No pedestal dos predestinados, Em meio ao povo que te fez E te amou pela mão do artista, No desejo da perfeição. Desapareceu um dia, 1 No encanto de um butim fetichista, Misturando-se em meio à multidão. Nunca mais foi encontrado o homem de pedra! Confunde-se, hoje, Ao mais comum dos mortais, Nas praças, Favelas, Congressos E catedrais. Obra original disponível em: http://www.overmundo.com.br/banco/o-homem-de-pedra 2