CPV O Cursinho que Mais Aprova na GV FGV – Economia – 2a Fase – 16/dez/2012 LÍNGUA PORTUGUESA 01. Leia o texto. “Faço humor para a família”, diz Leandro Hassum sobre filme Leandro Hassum, 39, é aquele gordinho gente boa, que prefere fazer rir por alguma palhaçada do que fazer rir por alguma grosseria. E ele não tem vergonha disso. Famoso após estourar na Rede Globo, primeiro no “Zorra Total” e depois em “Os Caras de Pau”, o bonachão se prepara agora para a primeira grande incursão no cinema, como o protagonista de “Até que a Sorte nos Separe”, comédia que estreia hoje. O filme segue o tipo de humor que tornou Hassum famoso — mais calcado nos trejeitos físicos, com muitas caretas e efeitos vocais, do que em textos ferinos. Resolução: a) Com base no primeiro parágrafo do texto, o diminutivo –inho atribuído à palavra “gordo” tem sentido afetivo, sentimental ou subjetivo. b) O período em destaque, com a adequada regência do verbo “preferir”, deveria ser redigido da seguinte maneira: “Leandro Hassum, 39, é aquele gordinho gente boa, que prefere fazer rir por alguma palhaçada a fazer rir por alguma grosseria.” Deve-se notar a troca: descarta-se “do que” e opta-se por “a”, a correta regência verbal de “preferir”. 02. Examine a tira. Iuri de Castro Torres, Folha de S. Paulo, 05/10/2012. (Adaptado) Folha de S. Paulo, 14/09/2012. a) Reescreva a frase “Aposto que ele é uma menção ao vazio atual das artes plásticas...”, substituindo “Aposto” por “Tenho certeza” e “vazio” por “situação”, fazendo as alterações que forem necessárias. b) Nas falas das personagens, há palavras formadas por derivação e por composição. Transcreva e explique um exemplo de cada um desses processos de formação. » Leandro Hassum e Danielle Winits em cena da nova comédia Até que a Sorte nos Separe. Com base no primeiro parágrafo do texto, a) explique que sentido a flexão do diminutivo atribui à palavra “gordo”. b) reescreva o período, adequando a regência do verbo “preferir” à norma-padrão da língua portuguesa. CPV FGVECODEZ2012_2F Resolução: a) A frase em destaque, corretamente reescrita e adequada às alterações exigidas, deve ter a seguinte construção. “Tenho certeza de que ele é uma menção à situação atual das artes plásticas.” É importante observar a necessidade da preposição “de”, regida por “certeza”, e o acento grave indicador de crase em “à situação”, decorrente da fusão entre a preposição “a”, regida por “menção”, e o artigo feminino “a”, implicada pelo substantivo “situação”. b) Para exemplificar a derivação, há duas opções: “genial”, sufixação do termo “gênio” com o sufixo –al, e “minimalista”, sufixação de “mínimo” com o sufixo –ista. No caso da composição, tem-se “obra-prima”, a partir da justaposição dos termos “obra” e “prima”. 1 2 CPV FGV-Economia o Cursinho que 03. Analise as frases: – Não______(BASTA/BASTAM) mais o suor e o sangue. – Nos EUA, o 1% mais rico_____(DISPÕE/DISPÕEM) de renda 220 vezes maior do que a média dos 90% restantes. CartaCapital, 03/10/2012. (Adaptado) a) Transcreva os termos que completam, correta e respectivamente, as lacunas, justificando suas escolhas. b) Reescreva as frases, substituindo a palavra que empregou em cada uma delas, por outra de sentido equivalente. Resolução: a) As lacunas, corretamente preenchidas, ficam: “Não bastam mais o suor e o sangue.” ou “Não basta mais o suor e o sangue.” Nesse caso, o verbo “bastar” tem um sujeito composto posposto, “o suor e o sangue”. Assim, há dupla possibilidade de resposta: com o verbo no plural, havendo concordância com os dois núcleos do sujeito; ou no singular, apenas com o mais próximo. “Nos EUA, o 1% mais rico dispõe de renda 220 vezes maior do que média dos 90% restantes.”. A concordância do verbo “dispor” ocorre no singular, uma vez que o sujeito verbal, “o 1% mais rico”, tem como núcleo o numeral “um”. b) Reescrevendo as frases e empregando outras palavras no lugar das que foram destacadas, pode-se ter: “Não servem mais o suor e o sangue” e “Nos EUA, o 1% mais rico possui renda 220 vezes maior do que média dos 90% restantes.”. Leia o texto para responder às questões de números 04 a 06. CPV FGVECODEZ2012_2F na GV Agora, vinte anos depois, e ainda na manhã de ontem, a velha o chamara. E, logo o viu, sempre com os olhos parados, exclamou: — Eu quero os ossos! Vá, Tonho Beré, calcule o terreno — e, percebendo a surpresa do filho, acrescentou: — Vamos ver se trazemos os ossos do seu pai! — Por quê, mãe, e para quê? — Estou velha, cada vez mais velha, não demoro a morrer. E, por isso, quero os ossos. — Mas, para quê? — ele insistira. Calou-se, a mãe, sem qualquer resposta. Fácil verificar que escondia as ideias no rosto cor de cobre. Não, não disse para que queria os ossos! Talvez para embrulhar eles com a própria pele, talvez. A rede, o rifle entre os braços, os olhos abertos. A velha de tal modo ali está, dentro do seu olhar sem sono, que parece a própria Tari Januária em pessoa. Permanece assim, deitado e imóvel, vendo a velha como a via todos os dias. Adonias Filho, As Velhas. 04. Considere a seguinte passagem do texto: Bom amigo, o fogo. Cria calor, afasta os bichos, protege o sono e as mochilas de mantimento. Carne-de-sol, rapadura, farinha. Deita-se na rede, abraçado ao rifle, as alpercatas nos pés, as cartucheiras em torno do peito, o facão preso ao cinturão. E, mais uma vez pensando no serviço, diz muito baixo para si mesmo: — Mãe, espera o resultado. A mãe exigira a viagem, um mês ou mais na selva sem caminhos, ninguém para ouvir ou falar. Serviço arriscado e tão brabo que era para quem não tinha medo. Meter-se no povoado, no estradão para o vale do Ouro, arrancar os ossos do pai. Lá, na cova, o pai estava há mais de vinte anos. Ali, naquele lugar, entre as pastagens de gado e as plantações de cacau. Almadina se chamava o lugar que guardava a ossada do pai no barro duro. Trinta anos ele tinha quando a desgraça acontecera. Mais A prova Cria calor, afasta os bichos, protege o sono e as mochilas de mantimento. Carne-de-sol, rapadura, farinha. Deitase na rede, abraçado ao rifle, as alpercatas nos pés, as cartucheiras em torno do peito, o facão preso ao cinturão. E, mais uma vez pensando no serviço, diz muito baixo para si mesmo: — Mãe, espera o resultado. a) No trecho, a narração se dá em terceira pessoa. Reescreva-o, em primeira pessoa do singular, transpondo o discurso direto para indireto. b) Observe as palavras, no contexto em que foram empregadas: carne-de-sol, muito, baixo, mesmo. Quais delas admitem flexão de número? Justifique sua resposta Resolução: a) A correta mudança do fragmento em destaque, dentre outras possibilidades, pode ser: Cria calor, afasta os bichos, protege o sono e as mochilas de mantimento. Carne-de-sol, rapadura, farinha. Deito-me na rede, abraçado ao rifle, as alpercatas no pé, as cartucheiras em torno de peito, o facão ao cinturão. E, mais uma vez pensando no serviço, digo muito baixo para mim mesmo que minha mãe esperasse o resultado. b) “Carne-de-sol”, um substantivo composto, e “mesmo”, adjetivo, ambos passíveis de plural. CPV o C ursinho que 05. Considerando as passagens textuais, a) com a presença do termo “mãe”: I. Por quê, mãe, e para quê? II.Calou-se, a mãe, sem qualquer resposta. Explique o emprego das vírgulas que separam as expressões “mãe” e “a mãe” nas frases I e II, respectivamente. b) com a presença do termo “velha”: I. Agora, vinte anos depois, e ainda na manhã de ontem, a velha o chamara. II.Estou velha, cada vez mais velha, não demoro a morrer. III.Permanece assim, deitado e imóvel, vendo a velha como a via todos os dias. Nesta questão, as vírgulas separam ou isolam a expressão “a mãe”, que funciona como vocativo. De acordo com as regras de pontuação, todo vocativo deve ser separado por vírgula; b) I. Nesta questão, o termo “velha” é, morfologicamente, um substantivo, e sua função sintática é de sujeito; II. Nesta questão, o termo “velha” é, morfologicamente, um adjetivo, nos dois casos. Também nos dois casos, o termo exerce função sintática de predicativo do sujeito; III. Nesta questão, o termo “velha” é, morfologicamente, um substantivo, e sua função sintática de objeto direto. GV FGV-Economia 3 a) Lá, na cova, o pai estava há mais de vinte anos. Ali, naquele lugar, entre as pastagens de gado e as plantações de cacau. Almadina se chamava o lugar que guardava a ossada do pai no barro duro. b) Talvez para embrulhar eles com a própria pele, talvez. (Transponha a frase para a norma-padrão da língua portuguesa.) (Substitua o verbo “haver” por “fazer” e os verbos “chamar” e “guardar” por “ser” e “estar”, respectivamente, realizando as adaptações necessárias.) Resolução: a) Transcrita com as mudanças solicitadas, a frase fica: “Lá, na cova, o pai estava fazia mais de vinte anos. Ali, naquele lugar, entre as pastagens de gado e as plantações de cacau. Almadina era o lugar em que / no qual / onde estava a ossada do pai no barro duro.” b) Transposta para a norma culta, a frase fica “Talvez para embrulhá-los com a própria pele, talvez”. Resolução: a) I. na 06. Reescreva as frases, seguindo as instruções que as acompanham. Indique a classe de palavra e a função sintática do termo “velha” em cada uma das frases. Mais Aprova II. Nesta questão, as vírgulas separam ou isolam o termo “mãe”. A topicalização da forma verbal “calou-se” evidencia que a ação expressa é mais importante do que seu sujeito. Assim, “a mãe” aparece entre vírgulas com a função de elucidar seu agente, a fim de que não haja ambiguidade, pois tanto a mãe quanto o filho poderiam ter se calado. FGVECODEZ2012_2F CPV 4 FGV-Economia CPV o Cursinho que 07. a) Reescreva o texto, adequando-o à norma-padrão da língua portuguesa. Dizem que Fernando Pessoa não gostava de cinema. A tese é defendida atravéz de cartas e textos aonde o poeta português trata os filmes com desdem. No entretanto, uma observação mais atenta apresentou outra faceta do artista, mais plural até do que os heterônimos sugere: se não há dúvida de que ele realmente era crítico à obras hollywoodianas, não se pode mais dizer que não tinha envolvimento com o cinema. b) Justifique as alterações realizadas no item (a). Resolução: CPV a) Reescrito, observando-se a norma-padrão, o texto fica: “ Dizem que Fernando Pessoa não gostava de cinema. A tese é defendida através / por meio de cartas e textos em que / nos quais o poeta português trata os filmes com desdém. Entretanto / No entanto, uma observação mais atenta apresentou outra faceta do artista, mais plural até do que os heterônimos sugerem: se não há dúvida de que ele realmente era crítico a/às obras hollywoodianas, não se pode mais dizer que não tinha envolvimento com o cinema.” b) Além de estar incorretamente grafada, “atravéz” tem o sentido de “passar por”, “trespassar”; “aonde” é específico para retomar lugar; “desdem” é oxítona terminada em –em e é, obrigatoriamente, acentuada; “no entretanto” é forma coloquial: não se usa a preposição “em” juntamente com o artigo antes de “entretanto”, na norma-padrão; “sugere” deve aparecer no plural, pois concorda com “os heterônimos”, seu sujeito; “à” recebeu o acento grave indicador de crase erroneamente por não haver o uso do artigo feminino “a”. FGVECODEZ2012_2F na GV 08. Leia os dois quartetos do soneto Moralidade sobre o Dia de Quarta-Feira de Cinza, de Gregório de Matos. Que és terra, oh homem, e em terra hás de tornar-te, hoje te avisa Deus por sua Igreja: de pó te faz o espelho em que se veja a vil matéria de que quis formar-te. Lembra-te Deus que és pó, para humilhar-te; e como teu baixel sempre fraqueja nos mares da vaidade, onde peleja, te põe à vista a terra onde salvar-te. a) Tendo como referência a significação e o uso da linguagem figurada, explique o sentido das palavras destacadas no poema. b) Explique o sentido que assumem no texto os termos “vil” e “peleja”. Thiago Camelo, “Sobre Cultura”, Ciência Hoje, setembro de 2012. Mais A prova Resolução: a) Tomando como referência o contexto bíblico, já anunciado no título do poema, a primeira ocorrência do termo “terra” alude, por meio de relação metonímica, ao pó da terra, matéria de que o homem é constituído, conforme atestam as expressões “pó” (3o verso) e “vil matéria” (4o verso); já na segunda, o termo faz referência ao paraíso, lugar que se contrapõe aos “mares da vaidade, onde peleja” o homem nessa vida terrena. b) No contexto, o adjetivo “vil” significa “desprezível”, “insignificante”, uma vez que caracteriza a matéria da qual o homem foi produzido; e o verbo “peleja” está associado ao sentido de “lutar”, à noção de que o homem vive em constante luta contra a sua própria natureza (“mares da vaidade”). COMENTÁRIOS DO CPV A prova de Língua Portuguesa da 2a fase da FGV-ECO-2013 manteve os parâmetros das provas dos anos anteriores, pois apresentou caráter substancialmente gramatical (das oito questões, apenas a última tratava exclusivamente de interpretação textual). A prova mostrou-se bem abrangente, cobrando dos candidatos o conhecimento de assuntos básicos da língua: — Ortografia; — Acentuação; — Formação de Palavras; — Distinção entre a classe dos Substantivos e dos Adjetivos; — Caráter do Grau Diminutivo do Adjetivo; — Transposição de Discurso; — Concordância (Nominal e Verbal); — Regência (Nominal e Verbal); — Crase; e — Pontuação. O nível da prova pode ser considerado de dificuldade média, visto que o exame cumpriu bem sua função de selecionar candidatos com aptidão linguística necessária para ingressar no curso de Ciências Econômicas da FGV.