Contribuições para o ensino de Geociências em Feira de

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Contribuições para o ensino de Geociências em Feira de Santana (BA): uma análise
a partir da Música como recurso didático
RIOS, Irialinne Queiroz
Universidade Estadual de Feira Santana
Graduanda em Licenciatura e Bacharelado em Geografia,
Bolsista Fapesb.
e-mail: [email protected]
CHAVES, Joselisa Maria
Universidade Estadual de Feira de Santana
Professora Doutora, Área de Geociências/DEXA
e-mail: [email protected]
Resumo
Esta produção apresenta os resultados parciais obtidos pelo Plano de Trabalho intitulado “A
música como recurso didático no ensino de Geociências em escolas de Feira de Santana –
Bahia”, e está ligada a uma Bolsa de Iniciação Científica. O Plano faz parte de uma das linhas de
pesquisa do Grupo Ensino de Geociências, desenvolvido no Departamento de Ciências Exatas da
Universidade Estadual de Feira de Santana, que busca analisar a situação do ensino de
Geociências, diagnosticando os conteúdos nos recursos didáticos utilizados no ensino
fundamental e médio, tendo como elementos de análises o livro didático, as manifestações
artísticas, o laboratório computacional, etc. Tentando contribuir para a ampliação de trabalhos
relacionados à abordagem da música nas aulas de Geografia e Ciências com temáticas voltadas
para as Geociências, a pesquisa desenvolve-se buscando analisar a situação do ensino e a forma
como a música é utilizada no ambiente escolar e principalmente na sala de aula como instrumento
pedagógico, visto que agora apresenta uma obrigatoriedade, e para tanto, na obtenção de dados
estão sendo direcionados questionários às direções das escolas, aos professores e alunos.
Dentre as metas do plano encontra-se a realização de oficinas nas escolas selecionadas a fim de
desenvolver a proposta e divulgar os resultados, bem como a disponibilização de um banco de
dados de músicas que podem ser utilizadas nas aulas com temáticas de Geociências como
subsídio na contextualização dos conteúdos. Apesar da pesquisa ainda está em fase de
desenvolvimento, algumas conclusões podem ser feitas através da interpretação dos
questionários até então aplicados. Evidenciou-se que a música apesar de ser apreciada por todos
diariamente em vários ambientes, ainda é pouco empregada como recurso didático. A prática
docente necessita de aprimoramentos nos métodos e técnicas de ensino, que estimulem a
participação, o interesse e o exercício dos alunos para o aprendizado. As escolas analisadas
destacam-se pela promoção significativa de eventos com a comunidade, apresentam uma boa
disponibilidade de recursos didáticos e uma estrutura física regular. Porém, cabe salientar que são
aspectos que não respondem pela qualidade do ensino nas mesmas, mas influenciam
positivamente no processo. É importante destacar que os resultados aqui apresentados, até o
término da pesquisa, poderão ser alterados, modificando relativamente algumas conclusões já
realizadas.
Palavras-chave: Geociências, Manifestações Artísticas, Música, Recurso Didático.
Introdução
O presente trabalho foi produzido como resultado de uma das linhas de pesquisa
do Projeto Ensino em Geociências (CHAVES, 2003), desenvolvido no Departamento de
Ciências Exatas na Universidade Estadual de Feira de Santana. O projeto tem com
objetivo prioritário diagnosticar e analisar o conteúdo de Geociências nos recursos
didáticos utilizados no ensino fundamental e médio das escolas de Feira de Santana,
tendo como elementos de análises o livro didático, as manifestações artísticas, o
laboratório computacional, etc., desenvolvendo uma proposta de melhoria e progresso da
Educação no município.
Visando contribuir para a ampliação da pesquisa direcionada a música no ensino
de Geociências em escolas de Feira de Santana (CARNEIRO; CHAVES, 2007),
analisando os conteúdos musicais, bem como a forma como os professores abordam
esse recurso nas salas de aula, a pesquisa apoiada pela FAPESB (Fundação de Amparo
à Pesquisa do Estado da Bahia) articula-se através da realização de visitas às escolas
analisadas a fim de diagnosticar e avaliar a estrutura da mesma, da aplicação de
questionários direcionados à direção, aos alunos e professores de Geografia e Ciências
nas escolas selecionadas, e da realização de oficinas com professores e alunos, na
tentativa de propor a utilização da música como recurso pedagógico nas aulas com
temáticas relacionadas às Geociências, além de divulgar resultados da pesquisa quanto à
situação do ensino.
Cabe ressaltar que, pelo fato da pesquisa está em fase de desenvolvimento, as
conclusões apresentam características parciais, visto que até o seu término pode trazer
alterações nos dados e conseqüentemente nas informações até então divulgadas.
De acordo com a Lei Federal nº 11.769, de 18 de agosto de 2008 é obrigatória a
inclusão da música no currículo escolar, no entanto, infelizmente essa não é a realidade
das escolas básicas no município de Feira de Santana. Tendo isso em vista, essa
carência pode ser atendida indiretamente utilizando a música como recurso didático. Um
instrumento que tem um poder persuasivo significante, hábil a atrair a atenção o alunado
e tornar a exposição de conteúdos mais dinâmica.
Num outro plano de análise, o uso inadequado da música, ou seja, a vulgarização
da arte musical comprime o seu verdadeiro poder e esconde a viabilidade e o aporte da
mesma. Melodias junto a letras incoerentes abusam da capacidade de interação do corpo
e do pensamento causado pela música. E neste sentido, busca-se apresentar uma melhor
utilidade da arte musical através do seu envolvimento com a educação.
A partir do diagnóstico, pretende-se oferecer aos órgãos públicos municipais dados
realísticos quanto à verdadeira feição do ensino, principalmente o de Geociências em
Feira de Santana, na tentativa de contribuir para a melhoria da educação nesta, propondo
as condições favoráveis necessárias para a formação de verdadeiros cidadãos.
Muitas vezes as exaustivas e monótonas aulas com livros didáticos podem ser as
causadoras do desestímulo ao estudo, tão perceptível no ensino fundamental e médio.
Não significa que é preciso desprezar esse antigo recurso didático, visto que é de rica
importância, mas os meios audiovisuais e os materiais de ensino vêm desempenhando
importante papel na instrução e educação em geral nos tempos atuais (ALMENARA,
1998), o que nos leva a tarefa de criarmos novas ferramentas, preferencialmente que
deixem as aulas mais atrativas e prazerosas.
Metodologia empregada
Para efeito de um estudo de caso, haja vista que, os resultados serão válidos
apenas dentro do limite da amostra, em termos de localização geográfica e espacial, Feira
de Santana é um município de médio porte localizado na Região Paraguaçu da Bahia,
aproximadamente a 108 km da capital. É caracterizado por uma atividade econômica
fortemente voltada para o comércio e possui uma Universidade Estadual que dá suporte
também ao ensino básico, alvo da presente pesquisa, através das vertentes ensino,
pesquisa e extensão.
A primeira etapa metodológica empregada para o desenvolvimento do trabalho foi
caracterizada pela Revisão Bibliográfica, buscando a ampliação do arcabouço teórico
sobre a utilização da música como recurso didático no ensino de Geociências e
práticas/métodos empregados no processo ensino-aprendizagem. Essa busca por novas
referências foi constante durante todo progresso do Plano de Trabalho e, neste sentido,
foram consultados livros e artigos que deram o suporte necessário.
Para o esclarecimento do problema estão sendo utilizados, em parte,
procedimentos estatísticos, pois se pretende criar generalizações quantitativas que
podem ser, em alguns casos, simplificadas e racionalizadas.
Na tentativa de alcançar as metas e objetivos propostos, se utiliza uma
metodologia diagnóstica, onde se espera a partir de fontes primárias obter um quadro
mais realístico sobre o ensino de geociências nas escolas do município de Feira de
Santana. Para tanto, estão sendo utilizados questionários direcionados às escolas, aos
professores e aos alunos, uma vez que, junto à realização de oficinas em algumas das
escolas analisadas, a fim de expor alguns resultados da pesquisa e apresentar a música
como um recurso didático que pode ser mais explorado em sala de aula, serão
novamente aplicados novos questionários e entrevistas com o propósito de obter
melhores efeitos e levantamentos de mais dados.
Utilizando uma amostragem não probabilística para diagnosticar e selecionar as
escolas trabalhadas, foram escolhidas aquelas de maior acessibilidade e disponibilidade
de informações, buscando algumas vantagens para diminuir o custo da pesquisa visto
que, ainda não recebe diretamente apoio financeiro para sua realização. Os questionários
estão sendo direcionados à direção ou qualquer responsável pela administração da
escola.
A parte representativa da população estudantil a qual as informações são
levantadas constitui uma amostragem não probabilística estratificada, uma vez que foram
selecionados estudantes de séries variadas a fim de conseguir dados equivalentes a uma
ampla faixa de estudantes da rede de ensino municipal.
Quanto aos professores, as entrevistas estão sendo direcionadas aos que lecionam
Ciências ou Geografia na tentativa de aproximar ao máximo ao ensino de Geociências e
diagnosticar sua situação. Como o número de professores atuantes na área é pequeno,
tenciona-se aplicar questionários, se possível, a todos os indivíduos da amostra buscando
o maior grau de precisão nos dados. Haja vista, esta fase da pesquisa ainda está em
andamento, assim como as outras carecem um desenvolvimento e uma conclusão.
Por fim uma etapa metodológica analítica, na qual, através dos resultados
encontrados quanto aos recursos didáticos disponíveis nas escolas, estão feitas análises
do perfil da escola e dos profissionais que os utilizam. De forma propositiva serão
lançadas alternativas de materiais pedagógicos variados e atrativos, envolvendo as
manifestações artísticas, e como fazendo parte destas, propor a utilização da Música
como recurso a ser utilizado nas aulas de Geografia e Ciências com temáticas associadas
às Geociências.
Vale ressaltar que, simultaneamente às outras fases da pesquisa, estão sendo
realizadas revisões bibliográficas a fim de desenvolver o arcabouço teórico e aperfeiçoar
a pesquisa para obter melhores resultados.
Resultados e discussão
As principais perguntas contidas nos questionários destinados à direção das
Escolas se referiam à estrutura física e à relação de cada instituição de ensino com a
comunidade e com o ensino de Geografia. Dentre elas, podemos citar a questão da
disponibilidade de alguns recursos didáticos (Data Show, Livro Didático, Aparelho de
Som, Mapas, etc.) e da organização de eventos pela escola, os quais proporcionam o
envolvimento dos alunos com as manifestações artísticas.
A natureza das escolas pesquisadas, nas quais também foram aplicados
questionários para os alunos e professores em algumas delas, é tanto Particular quanto
Pública Estadual, demonstrando a heterogeneidade das instituições de ensino no
município de Feira de Santana como mostra no Gráfico 01.
Dentre as escolas que até o momento foram direcionados os questionários, todas
as Públicas disponibilizam livros-textos de Geografia para os alunos e possuem biblioteca,
onde os alunos podem realizar suas pesquisas escolares e permitem empréstimos de
livros para atividades fora do ambiente escolar.
Gráfico 01
Natureza das Instituições de Ensino
20%
Pública
Particular
80%
Cabe ressaltar que na instituição particular visitada, os pais são responsáveis pela
compra dos livros dos filhos e não possui biblioteca, no entanto, há um acervo com livros
paradidáticos, ou seja, livros que sem serem propriamente didáticos são utilizados para
este fim, e didáticos os quais os alunos utilizam para pesquisa.
As escolas selecionadas têm uma boa disponibilidade de recursos pedagógicos,
sendo os mais comuns o Livro Didático, Data Show, Aparelhos de Som e TV, Xerox,
Filmes, Mapas e Globos, porém existem aquelas mais bem equipadas que apresentam
Laboratório Informacional com acesso a Internet, e uma das escolas públicas possui um
Microscópio para aulas das disciplinas de Ciências e Biologia.
Atendendo a necessidade de manter a relação entre Escola e Comunidade, a fim
de aproximar o ensino à realidade do alunado e formar sujeitos político-sociais, as escolas
públicas se destacam com a organização de eventos que utilizam as artes e visam a
manifestação de novos talentos ou apresentação de produções dos alunos. Em sua
maioria são programas de Estado, tais como, o FACE, que prepara Festivais de Música, o
Mais Educação, que realiza Oficinas de Teatro, o TAL, que organiza Festivais de Poesia e
o AVE, que trabalha com Artes Visuais. Porém, as escolas organizam também eventos
próprios, principalmente em datas comemorativas e em associação com a UEFS.
Na escola particular analisada, são oferecidas aulas de Música, Caratê e Balé em
turnos opostos aos das aulas, buscando o aperfeiçoamento físico, cognitivo e cultural dos
alunos.
Em termos, as escolas até então estudadas possuem estruturas favoráveis ao
ensino, um aspecto que influencia diretamente na qualidade da Educação, visto que um
ambiente agradável aos alunos pode estimular o interesse e vontade de estudar e manter
a freqüência, e aos professores a satisfação em atuar naquele espaço. No entanto, é
importante pensar que essa qualidade se deve também ao exercício docente, à
responsabilidade do professor para com os princípios pedagógicos, em busca da
transmissão e construção do conhecimento. A aula transborda o lugar, ela não começa
nem termina na sala de aula, enquanto acontecimento pedagógico, ela tem uma duração
que ultrapassa o lugar geográfico e se instaura num espaço temporalizado pelo gesto
cultural (RIOS, 2008), questão que envolve diretamente a prática docente e sua reflexão.
Neste sentido, as perguntas dirigidas aos professores são relacionadas à sua atuação e
ao uso de recursos didáticos na contextualização dos conteúdos associados às
Geociências.
Uma vez que a pesquisa volta-se para a utilização da música como recurso
pedagógico, os dados confirmam que ela ainda está sendo muito pouco explorada nas
aulas de Geografia e Ciências em algumas escolas de Feira de Santana. De acordo com
o Gráfico 02, apenas 14% dos professores entrevistados afirmam sempre utilizar músicas
nas aulas, enquanto que também 14% destes reconhecem e confessam que a usam
raramente.
Gráfico 02
Frequência de Utilização da Música como
Recurso Didático
14%
0%
14%
Sempre
Às vezes
Raramente
Nunca
72%
No entanto, os resultados demonstram que os mesmos professores admitem que a
música é um dos recursos que mais despertam a atenção dos alunos. Como mostra o
Gráfico 03, 32% dos docentes quando levam Músicas para sala de aula percebem uma
maior concentração e interesse dos alunos pelo assunto, motivando uma memorização do
conteúdo pelo intermédio do recurso utilizado; destacam-se também os Filmes e o Data
Show, representando respectivamente 32% e 16% das respostas.
De acordo com os questionários, os recursos que são utilizados pela maioria dos
professores, apenas nas aulas de Geografia Física, são os Livros-textos, os Mapas e os
Filmes, além do Data Show e da Música por alguns. Foram citados também o Globo, o
Computador e o Trabalho de Campo como ferramentas que auxiliam no ensino de
temáticas relacionadas à Geografia Física.
Dentre os professores entrevistados que lecionam Geografia, 75% possuem
Graduação em Geografia e seguiram os estudos acadêmicos realizando uma PósGraduação (Especialização ou Mestrado), enquanto 25% representam professores que
são formados em outras áreas.
Gráfico 03
Recursos utilizados que mais chamam
atenção do alunos
10%
16%
Data Show
10%
Livro Didático
Músicas
32%
Filmes
Mapas
32%
Após ter aplicado os questionários a um número razoável de alunos é possível
obter algumas informações pertinentes a partir da interpretação dos dados.
Resultando de questões claras e objetivas, os fins trazem análises interessantes.
Entre os 109 alunos entrevistados, 45 declararam não gostar da forma como o (a)
professor (a) de Geografia trabalha e 65 afirmaram que gostam, como mostra no Gráfico
04. Apesar do número de alunos satisfeitos ter sido mais alto, pode-se criar preocupações
quanto à grande quantidade de alunos descontentes com a metodologia do (a) professor
(a).
O modo como os recursos didáticos são aplicados em sala de aula reflete em
diferentes respostas dadas pelo comportamento e aprendizagem dos alunos, da mesma
forma como o recurso escolhido também implicará em fins distintos. Cabe ao docente,
como mediador no processo de ensino, buscar “estratégias de aprendizagem”, dentre elas
a escolha do “melhor” recurso didático, capaz de prender a atenção dos alunos e expor os
conteúdos numa linguagem compreensível e atrativa (RIOS; CHAVES, 2010), no entanto,
os dados demonstram que os atuais professores não estão conseguindo realizar seu
papel obtendo bons resultados no processo.
Com a nova Lei Federal nº 11.769, de 18 de agosto de 2008, que obriga as
escolas da rede pública e privada a inclusão da música nos currículos, mostra-se cada
vez necessário a utilização desta em sala de aula como recurso didático, atendendo
indiretamente essa obrigatoriedade, já que ainda não é disponibilizada como disciplina
nas escolas trabalhadas.
Gráfico 04
Contentamento dos alunos com o
trabalho dos professores
41%
Sim
59%
Não
Entre os recursos didáticos trabalhados pelos professores de Geografia, os
números mostram que 26% dos alunos gostam mais do uso do Data Show nas aulas,
enquanto apenas 11% preferem a Música, como mostra o Gráfico 05. Associando a isso,
os alunos responderam quanto à freqüência da utilização da Música em sala de aula, que
também nota-se está muito baixa (como se concluiu com os questionários direcionados
aos professores), e pode ser o motivo pelo qual o alunado, em sua maioria, não considera
ainda como um dos melhores recursos utilizados pelos professores.
Gráfico 05
Recursos utilizados que os alunos mais
gostam
35
30
25
20
15
10
5
0
31
27
26
21
13
Data Show
Livro Didático
Músicas
Filmes
Outros
Por outro lado, o motivo pode ser a pouca convivência com este instrumento no
ambiente escolar, acostumados com seu uso diário como distração, sem valorizar muito
as frases e mensagens tão ricas que algumas músicas transmitem. De acordo com os
alunos (a partir da mesma pergunta feita aos professores), raramente os professores
utilizam a música como intermédio para a contextualização dos conteúdos. Observa-se no
Gráfico 06 que esta resposta equivale a 72% da opinião dos alunos entrevistados, e
apenas 9% afirmou que os professores sempre utilizam. Cabe ressaltar que, mesmo sem
ter sido colocado como alternativa 4% dos alunos atestaram que os professores NUNCA
empregam a música na explicação dos assuntos.
Gráfico 06
Frequência da utilização da Música
em sala de aula
4%
9%
15%
Sempre
Às vezes
Raramente
Nunca
72%
Algumas vezes as palavras em si mesmas não nos tocam muito, mas, uma vez
cantadas adquirem ressonância viva (SNYDERS, 1997). Da mesma forma, os conteúdos
do currículo escolar podem ser assimilados com maior facilidade a partir do intermédio da
arte musical.
... música e palavra podem enriquecer-se mutuamente sem
procurar exprimir um através do outro. Nossa alegria provém do fato
de que dois tipos de significações, dois modos de abordagem do
mundo, tão freqüentemente diferentes, separados e até opostos, se
associam na música; nesta primeira aproximação, poderemos ajudar
os alunos a perceber que a espera é a de uma mensagem que será
ao mesmo tempo idéia e emoção, que vai fortalecer a emoção com a
associação e a ordenação de idéia. (SNYDERS, 1997, p.99).
Cada vez mais se faz necessária a inserção das manifestações artísticas no
ambiente escolar, a fim de estimular os alunos a uma reflexão crítica sobre a realidade
que o cerca.
Por outro lado, como fazendo parte do conjunto que sustenta e movimenta o
sistema educacional, o professor, ao manter-se diretamente em contato com os sujeitos
os quais alimentam nossa preocupação, os alunos, ainda mais é encarregado para
difíceis funções. É na aula onde a construção de novos conhecimentos se inicia, e essa
base exige do professor a capacidade de criar métodos variados.
A partir dos dados obtidos, torna-se evidente a carência de um incentivo ao uso da
música no ambiente escolar. Como tentativa, as oficinas estão sendo organizadas tendo
em vista a participação de professores e atuantes na Educação.
Pretende-se fornecer aos professores um banco de dados de músicas que possa
auxiliar no seu papel como mediador. Músicas em que as letras expressem conteúdos ou
temas de geociências e que possam ser utilizadas para o aprendizado de disciplinas de
Ciências e Geografia. Este banco pode facilitar indiretamente o trabalho do docente, uma
vez, que está estruturado quanto ao cantor, música e assunto abordado, deixando a ele
apenas a tarefa de buscar a melhor forma de explorar a viabilidade e o aporte que a
linguagem musical oferece, Quadro I. Reúne uma variedade de estilos e gêneros
musicais, que visa atender todos os gostos e incentivar à apreciação da arte musical
como um todo.
Quadro I.
Cantor
Cássia Eller
Guilherme Arantes
Babado Novo
Música
O Segundo Sol
Planeta Água
Insolação do Coração
Dinâmica Interna da Terra
Damares
Tom Jobim
Apocalipse
Águas de março
Ellis Regina
Chovendo Roseira
Chitãozinho e Xororó
Vitor e Vitória
CNBB
Namastê
Planeta Azul
Planeta Terra
CF 2011
Planeta Terra
Marcelo Torca
Sá e Guarabira
Patativa do Assaré
Patativa do Assaré
Luiz Gonzaga
Caetano Veloso
Reatores
Charles Mendes
Luíz Gonzaga
Kilowatts (Brasil)
Tom Jobim
Tom Jobim e Luiz Bonfá
Damares
Luiz Gonzaga
Luiz Gonzaga
Tema
a
ser
discutido
Configuração do sistema
solar e a importância do
sol para os seres vivos
Ciclo da Água
Terra
Sobradinho
Triste Partida
Vaca estrela e boi fubá
Asa Branca
Terra
A lenda da estátua do
vulcão
Não há obstáculos para o
Amor
Riacho do navio
Rotação Terrestre
Passarim
Correnteza
Diamantes
A cheia de 24
Súplica cearense
Psirico
Firme e forte
Lulu Santos
Como uma onda
Transição e
características das
estações do ano
Questões ambientais;
ação antrópica.
Estudo do conceito de
Espaço Geográfico; ação
antrópica.
Ação Antrópica
Semiárido
Sensoriamento Remoto
Produtos vulcânicos
Eventos/elementos
naturais
Hidrografia (brasileira)
Movimentos da Terra
Agentes geomorfológicos
Minerais
Fenômenos climáticos
Fenômenos climáticos/
processos
geomorfológicos
Processos
geomorfológicos
Cabe salientar que, nem sempre as letras expõem diretamente o conteúdo a ser
tratado ou foram escritas para tal finalidade, mas a interpretação das figuras de linguagem
encontradas, principalmente as metáforas, pode transmitir mensagens e informações
significantes. Algumas delas podem gerar questionamentos interessantes envolvendo
temas distintos numa mesma música e servindo para a explanação de vários conteúdos;
outras trazem trechos marcantes que após uma interpretação ajudam para o
entendimento e aprendizado mais dinâmico e interativo. Músicas que analisadas com uma
intencionalidade diferente da adotada pelo compositor, esta direcionada agora para o
assunto abordado em sala de aula, tornam-se importantes ferramentas no processo
ensino-aprendizagem.
Porém, para que a Música sirva pedagogicamente e atraia a atenção dos alunos, é
necessário que o profissional da educação saiba utilizar o recurso. Como afirma Barbosa
(2000) somente a ação inteligente e empática do docente pode tornar a Arte ingrediente
essencial para fornecer o crescimento individual e o comportamento de cidadão como
difusor de cultura e conhecedor da construção de sua própria nação.
A fim de dar subsídio à construção do banco de dados, foram aplicadas questões
referentes ao estilo musical mais escutado e apreciado pelos alunos. Como mostra o
Gráfico 07, 22 alunos demonstraram ser ecléticos, mas destacou-se o pagode como
sendo a preferência de 21 estudantes; da mesma forma vários estilos foram citados pelos
alunos demonstrando o hábito de ouvir e a apreciação da música diariamente pelos
mesmos.
O banco de dados de músicas, até o término da pesquisa, ainda se encontra
incompleto e sujeito a modificações, pretendendo-se aos poucos torná-lo bem
diversificado e significativo. No entanto, com divulgações científicas espera-se obter
críticas e sugestões para a pesquisa.
Gráfico 07
Estilos musicais apreciados pelos alunos
25
20
15
10
5
0
22
21
4
5
5
8
8
2
6
8
3
11
8
9
10
Ressaltando as dificuldades encontradas na execução das atividades, mas
tentando acompanhar o cronograma, ainda não foi possível aplicar as oficinas nas
escolas, no entanto, encontrar-se em fase de organização e com data parcialmente
marcada. O objetivo e alguns procedimentos que pretende-se realizar nas oficinas estão
disponibilizados no Folder que foi produzido e será distribuído para os alunos e
professores da escola selecionada.
Cabe salientar que, como fruto dessa pesquisa foram publicados alguns trabalhos,
a fim de divulgar cientificamente os resultados, tais como nos eventos, XIV Seminário de
Iniciação Científica da Universidade Estadual de Feira de Santana e Reunião Regional da
SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência) no Recôncavo da Bahia em
2010.
Considerações Finais
Evidenciou-se na pesquisa que, a música apesar de ser apreciada por todos diariamente
em vários ambientes, ainda é pouco empregada na escola, precisamente, em sala de
aula. A prática docente necessita de aprimoramentos nos métodos e técnicas de ensino,
que estimulem a participação, o interesse e o exercício dos alunos para o aprendizado.
A boa disponibilidade de recursos pedagógicos nas escolas pesquisadas não
responde pela qualidade do ensino nas mesmas. A simples presença dessas ferramentas
não significa que são usadas para os devidos fins e de forma aproveitável. Como
mostram os dados, boa parte dos alunos entrevistados sente-se insatisfeita com a forma
como os professores de Geografia e Ciências trabalham.
É preciso destacar que as instituições de ensino apresentam uma estrutura física
regular, no entanto, nota-se a necessidade de melhorias; como também promovem
eventos significativos que relacionam a escola com a comunidade, favorecendo a
produção cultural através das artes e a formação crítico-social dos alunos.
Durante a realização da pesquisa estão sendo encontrados vários impasses que de
certa forma atrapalham o andamento da mesma, tais como, a imposição feita por alguns
diretores de escolas na permissão do acesso aos alunos e professores para a realização
das entrevistas e a pouca disposição de alguns professores para responderem. Para as
próximas pesquisas destaco a carência de um maior diálogo entre a universidade e as
escolas básicas, esclarecendo a necessidade do contato entre os pesquisadores e os
integrantes da instituição, em busca de maiores informações para a pesquisa, a fim de
desenvolver a proposta de progresso da Educação no município.
Em suma, ressaltando a pertinência dos dados e resultados obtidos, espera-se que
a pesquisa se torne ferramenta plausível para que a sociedade possa fazer sua própria
leitura da situação educacional no município e acompanhar a afetividade das políticas
públicas em educação; uma vez que, poderá servir de subsídio na elaboração de
análises, diagnósticos e planejamentos do sistema educacional e na definição e
monitoramento das políticas públicas que promovem um ensino de qualidade para Feira
de Santana.
Referências
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SNYDERS, Georges. A escola pode ensinar as alegrias da música?Tradução de Maria José do
Amaral Ferreira; prefácio à edição brasileira de Maria Felisminda de Rezende e Fusari 3. ed. São
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