Contribuições para o ensino de Geociências em Feira de Santana (BA): uma análise a partir da Música como recurso didático RIOS, Irialinne Queiroz Universidade Estadual de Feira Santana Graduanda em Licenciatura e Bacharelado em Geografia, Bolsista Fapesb. e-mail: [email protected] CHAVES, Joselisa Maria Universidade Estadual de Feira de Santana Professora Doutora, Área de Geociências/DEXA e-mail: [email protected] Resumo Esta produção apresenta os resultados parciais obtidos pelo Plano de Trabalho intitulado “A música como recurso didático no ensino de Geociências em escolas de Feira de Santana – Bahia”, e está ligada a uma Bolsa de Iniciação Científica. O Plano faz parte de uma das linhas de pesquisa do Grupo Ensino de Geociências, desenvolvido no Departamento de Ciências Exatas da Universidade Estadual de Feira de Santana, que busca analisar a situação do ensino de Geociências, diagnosticando os conteúdos nos recursos didáticos utilizados no ensino fundamental e médio, tendo como elementos de análises o livro didático, as manifestações artísticas, o laboratório computacional, etc. Tentando contribuir para a ampliação de trabalhos relacionados à abordagem da música nas aulas de Geografia e Ciências com temáticas voltadas para as Geociências, a pesquisa desenvolve-se buscando analisar a situação do ensino e a forma como a música é utilizada no ambiente escolar e principalmente na sala de aula como instrumento pedagógico, visto que agora apresenta uma obrigatoriedade, e para tanto, na obtenção de dados estão sendo direcionados questionários às direções das escolas, aos professores e alunos. Dentre as metas do plano encontra-se a realização de oficinas nas escolas selecionadas a fim de desenvolver a proposta e divulgar os resultados, bem como a disponibilização de um banco de dados de músicas que podem ser utilizadas nas aulas com temáticas de Geociências como subsídio na contextualização dos conteúdos. Apesar da pesquisa ainda está em fase de desenvolvimento, algumas conclusões podem ser feitas através da interpretação dos questionários até então aplicados. Evidenciou-se que a música apesar de ser apreciada por todos diariamente em vários ambientes, ainda é pouco empregada como recurso didático. A prática docente necessita de aprimoramentos nos métodos e técnicas de ensino, que estimulem a participação, o interesse e o exercício dos alunos para o aprendizado. As escolas analisadas destacam-se pela promoção significativa de eventos com a comunidade, apresentam uma boa disponibilidade de recursos didáticos e uma estrutura física regular. Porém, cabe salientar que são aspectos que não respondem pela qualidade do ensino nas mesmas, mas influenciam positivamente no processo. É importante destacar que os resultados aqui apresentados, até o término da pesquisa, poderão ser alterados, modificando relativamente algumas conclusões já realizadas. Palavras-chave: Geociências, Manifestações Artísticas, Música, Recurso Didático. Introdução O presente trabalho foi produzido como resultado de uma das linhas de pesquisa do Projeto Ensino em Geociências (CHAVES, 2003), desenvolvido no Departamento de Ciências Exatas na Universidade Estadual de Feira de Santana. O projeto tem com objetivo prioritário diagnosticar e analisar o conteúdo de Geociências nos recursos didáticos utilizados no ensino fundamental e médio das escolas de Feira de Santana, tendo como elementos de análises o livro didático, as manifestações artísticas, o laboratório computacional, etc., desenvolvendo uma proposta de melhoria e progresso da Educação no município. Visando contribuir para a ampliação da pesquisa direcionada a música no ensino de Geociências em escolas de Feira de Santana (CARNEIRO; CHAVES, 2007), analisando os conteúdos musicais, bem como a forma como os professores abordam esse recurso nas salas de aula, a pesquisa apoiada pela FAPESB (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia) articula-se através da realização de visitas às escolas analisadas a fim de diagnosticar e avaliar a estrutura da mesma, da aplicação de questionários direcionados à direção, aos alunos e professores de Geografia e Ciências nas escolas selecionadas, e da realização de oficinas com professores e alunos, na tentativa de propor a utilização da música como recurso pedagógico nas aulas com temáticas relacionadas às Geociências, além de divulgar resultados da pesquisa quanto à situação do ensino. Cabe ressaltar que, pelo fato da pesquisa está em fase de desenvolvimento, as conclusões apresentam características parciais, visto que até o seu término pode trazer alterações nos dados e conseqüentemente nas informações até então divulgadas. De acordo com a Lei Federal nº 11.769, de 18 de agosto de 2008 é obrigatória a inclusão da música no currículo escolar, no entanto, infelizmente essa não é a realidade das escolas básicas no município de Feira de Santana. Tendo isso em vista, essa carência pode ser atendida indiretamente utilizando a música como recurso didático. Um instrumento que tem um poder persuasivo significante, hábil a atrair a atenção o alunado e tornar a exposição de conteúdos mais dinâmica. Num outro plano de análise, o uso inadequado da música, ou seja, a vulgarização da arte musical comprime o seu verdadeiro poder e esconde a viabilidade e o aporte da mesma. Melodias junto a letras incoerentes abusam da capacidade de interação do corpo e do pensamento causado pela música. E neste sentido, busca-se apresentar uma melhor utilidade da arte musical através do seu envolvimento com a educação. A partir do diagnóstico, pretende-se oferecer aos órgãos públicos municipais dados realísticos quanto à verdadeira feição do ensino, principalmente o de Geociências em Feira de Santana, na tentativa de contribuir para a melhoria da educação nesta, propondo as condições favoráveis necessárias para a formação de verdadeiros cidadãos. Muitas vezes as exaustivas e monótonas aulas com livros didáticos podem ser as causadoras do desestímulo ao estudo, tão perceptível no ensino fundamental e médio. Não significa que é preciso desprezar esse antigo recurso didático, visto que é de rica importância, mas os meios audiovisuais e os materiais de ensino vêm desempenhando importante papel na instrução e educação em geral nos tempos atuais (ALMENARA, 1998), o que nos leva a tarefa de criarmos novas ferramentas, preferencialmente que deixem as aulas mais atrativas e prazerosas. Metodologia empregada Para efeito de um estudo de caso, haja vista que, os resultados serão válidos apenas dentro do limite da amostra, em termos de localização geográfica e espacial, Feira de Santana é um município de médio porte localizado na Região Paraguaçu da Bahia, aproximadamente a 108 km da capital. É caracterizado por uma atividade econômica fortemente voltada para o comércio e possui uma Universidade Estadual que dá suporte também ao ensino básico, alvo da presente pesquisa, através das vertentes ensino, pesquisa e extensão. A primeira etapa metodológica empregada para o desenvolvimento do trabalho foi caracterizada pela Revisão Bibliográfica, buscando a ampliação do arcabouço teórico sobre a utilização da música como recurso didático no ensino de Geociências e práticas/métodos empregados no processo ensino-aprendizagem. Essa busca por novas referências foi constante durante todo progresso do Plano de Trabalho e, neste sentido, foram consultados livros e artigos que deram o suporte necessário. Para o esclarecimento do problema estão sendo utilizados, em parte, procedimentos estatísticos, pois se pretende criar generalizações quantitativas que podem ser, em alguns casos, simplificadas e racionalizadas. Na tentativa de alcançar as metas e objetivos propostos, se utiliza uma metodologia diagnóstica, onde se espera a partir de fontes primárias obter um quadro mais realístico sobre o ensino de geociências nas escolas do município de Feira de Santana. Para tanto, estão sendo utilizados questionários direcionados às escolas, aos professores e aos alunos, uma vez que, junto à realização de oficinas em algumas das escolas analisadas, a fim de expor alguns resultados da pesquisa e apresentar a música como um recurso didático que pode ser mais explorado em sala de aula, serão novamente aplicados novos questionários e entrevistas com o propósito de obter melhores efeitos e levantamentos de mais dados. Utilizando uma amostragem não probabilística para diagnosticar e selecionar as escolas trabalhadas, foram escolhidas aquelas de maior acessibilidade e disponibilidade de informações, buscando algumas vantagens para diminuir o custo da pesquisa visto que, ainda não recebe diretamente apoio financeiro para sua realização. Os questionários estão sendo direcionados à direção ou qualquer responsável pela administração da escola. A parte representativa da população estudantil a qual as informações são levantadas constitui uma amostragem não probabilística estratificada, uma vez que foram selecionados estudantes de séries variadas a fim de conseguir dados equivalentes a uma ampla faixa de estudantes da rede de ensino municipal. Quanto aos professores, as entrevistas estão sendo direcionadas aos que lecionam Ciências ou Geografia na tentativa de aproximar ao máximo ao ensino de Geociências e diagnosticar sua situação. Como o número de professores atuantes na área é pequeno, tenciona-se aplicar questionários, se possível, a todos os indivíduos da amostra buscando o maior grau de precisão nos dados. Haja vista, esta fase da pesquisa ainda está em andamento, assim como as outras carecem um desenvolvimento e uma conclusão. Por fim uma etapa metodológica analítica, na qual, através dos resultados encontrados quanto aos recursos didáticos disponíveis nas escolas, estão feitas análises do perfil da escola e dos profissionais que os utilizam. De forma propositiva serão lançadas alternativas de materiais pedagógicos variados e atrativos, envolvendo as manifestações artísticas, e como fazendo parte destas, propor a utilização da Música como recurso a ser utilizado nas aulas de Geografia e Ciências com temáticas associadas às Geociências. Vale ressaltar que, simultaneamente às outras fases da pesquisa, estão sendo realizadas revisões bibliográficas a fim de desenvolver o arcabouço teórico e aperfeiçoar a pesquisa para obter melhores resultados. Resultados e discussão As principais perguntas contidas nos questionários destinados à direção das Escolas se referiam à estrutura física e à relação de cada instituição de ensino com a comunidade e com o ensino de Geografia. Dentre elas, podemos citar a questão da disponibilidade de alguns recursos didáticos (Data Show, Livro Didático, Aparelho de Som, Mapas, etc.) e da organização de eventos pela escola, os quais proporcionam o envolvimento dos alunos com as manifestações artísticas. A natureza das escolas pesquisadas, nas quais também foram aplicados questionários para os alunos e professores em algumas delas, é tanto Particular quanto Pública Estadual, demonstrando a heterogeneidade das instituições de ensino no município de Feira de Santana como mostra no Gráfico 01. Dentre as escolas que até o momento foram direcionados os questionários, todas as Públicas disponibilizam livros-textos de Geografia para os alunos e possuem biblioteca, onde os alunos podem realizar suas pesquisas escolares e permitem empréstimos de livros para atividades fora do ambiente escolar. Gráfico 01 Natureza das Instituições de Ensino 20% Pública Particular 80% Cabe ressaltar que na instituição particular visitada, os pais são responsáveis pela compra dos livros dos filhos e não possui biblioteca, no entanto, há um acervo com livros paradidáticos, ou seja, livros que sem serem propriamente didáticos são utilizados para este fim, e didáticos os quais os alunos utilizam para pesquisa. As escolas selecionadas têm uma boa disponibilidade de recursos pedagógicos, sendo os mais comuns o Livro Didático, Data Show, Aparelhos de Som e TV, Xerox, Filmes, Mapas e Globos, porém existem aquelas mais bem equipadas que apresentam Laboratório Informacional com acesso a Internet, e uma das escolas públicas possui um Microscópio para aulas das disciplinas de Ciências e Biologia. Atendendo a necessidade de manter a relação entre Escola e Comunidade, a fim de aproximar o ensino à realidade do alunado e formar sujeitos político-sociais, as escolas públicas se destacam com a organização de eventos que utilizam as artes e visam a manifestação de novos talentos ou apresentação de produções dos alunos. Em sua maioria são programas de Estado, tais como, o FACE, que prepara Festivais de Música, o Mais Educação, que realiza Oficinas de Teatro, o TAL, que organiza Festivais de Poesia e o AVE, que trabalha com Artes Visuais. Porém, as escolas organizam também eventos próprios, principalmente em datas comemorativas e em associação com a UEFS. Na escola particular analisada, são oferecidas aulas de Música, Caratê e Balé em turnos opostos aos das aulas, buscando o aperfeiçoamento físico, cognitivo e cultural dos alunos. Em termos, as escolas até então estudadas possuem estruturas favoráveis ao ensino, um aspecto que influencia diretamente na qualidade da Educação, visto que um ambiente agradável aos alunos pode estimular o interesse e vontade de estudar e manter a freqüência, e aos professores a satisfação em atuar naquele espaço. No entanto, é importante pensar que essa qualidade se deve também ao exercício docente, à responsabilidade do professor para com os princípios pedagógicos, em busca da transmissão e construção do conhecimento. A aula transborda o lugar, ela não começa nem termina na sala de aula, enquanto acontecimento pedagógico, ela tem uma duração que ultrapassa o lugar geográfico e se instaura num espaço temporalizado pelo gesto cultural (RIOS, 2008), questão que envolve diretamente a prática docente e sua reflexão. Neste sentido, as perguntas dirigidas aos professores são relacionadas à sua atuação e ao uso de recursos didáticos na contextualização dos conteúdos associados às Geociências. Uma vez que a pesquisa volta-se para a utilização da música como recurso pedagógico, os dados confirmam que ela ainda está sendo muito pouco explorada nas aulas de Geografia e Ciências em algumas escolas de Feira de Santana. De acordo com o Gráfico 02, apenas 14% dos professores entrevistados afirmam sempre utilizar músicas nas aulas, enquanto que também 14% destes reconhecem e confessam que a usam raramente. Gráfico 02 Frequência de Utilização da Música como Recurso Didático 14% 0% 14% Sempre Às vezes Raramente Nunca 72% No entanto, os resultados demonstram que os mesmos professores admitem que a música é um dos recursos que mais despertam a atenção dos alunos. Como mostra o Gráfico 03, 32% dos docentes quando levam Músicas para sala de aula percebem uma maior concentração e interesse dos alunos pelo assunto, motivando uma memorização do conteúdo pelo intermédio do recurso utilizado; destacam-se também os Filmes e o Data Show, representando respectivamente 32% e 16% das respostas. De acordo com os questionários, os recursos que são utilizados pela maioria dos professores, apenas nas aulas de Geografia Física, são os Livros-textos, os Mapas e os Filmes, além do Data Show e da Música por alguns. Foram citados também o Globo, o Computador e o Trabalho de Campo como ferramentas que auxiliam no ensino de temáticas relacionadas à Geografia Física. Dentre os professores entrevistados que lecionam Geografia, 75% possuem Graduação em Geografia e seguiram os estudos acadêmicos realizando uma PósGraduação (Especialização ou Mestrado), enquanto 25% representam professores que são formados em outras áreas. Gráfico 03 Recursos utilizados que mais chamam atenção do alunos 10% 16% Data Show 10% Livro Didático Músicas 32% Filmes Mapas 32% Após ter aplicado os questionários a um número razoável de alunos é possível obter algumas informações pertinentes a partir da interpretação dos dados. Resultando de questões claras e objetivas, os fins trazem análises interessantes. Entre os 109 alunos entrevistados, 45 declararam não gostar da forma como o (a) professor (a) de Geografia trabalha e 65 afirmaram que gostam, como mostra no Gráfico 04. Apesar do número de alunos satisfeitos ter sido mais alto, pode-se criar preocupações quanto à grande quantidade de alunos descontentes com a metodologia do (a) professor (a). O modo como os recursos didáticos são aplicados em sala de aula reflete em diferentes respostas dadas pelo comportamento e aprendizagem dos alunos, da mesma forma como o recurso escolhido também implicará em fins distintos. Cabe ao docente, como mediador no processo de ensino, buscar “estratégias de aprendizagem”, dentre elas a escolha do “melhor” recurso didático, capaz de prender a atenção dos alunos e expor os conteúdos numa linguagem compreensível e atrativa (RIOS; CHAVES, 2010), no entanto, os dados demonstram que os atuais professores não estão conseguindo realizar seu papel obtendo bons resultados no processo. Com a nova Lei Federal nº 11.769, de 18 de agosto de 2008, que obriga as escolas da rede pública e privada a inclusão da música nos currículos, mostra-se cada vez necessário a utilização desta em sala de aula como recurso didático, atendendo indiretamente essa obrigatoriedade, já que ainda não é disponibilizada como disciplina nas escolas trabalhadas. Gráfico 04 Contentamento dos alunos com o trabalho dos professores 41% Sim 59% Não Entre os recursos didáticos trabalhados pelos professores de Geografia, os números mostram que 26% dos alunos gostam mais do uso do Data Show nas aulas, enquanto apenas 11% preferem a Música, como mostra o Gráfico 05. Associando a isso, os alunos responderam quanto à freqüência da utilização da Música em sala de aula, que também nota-se está muito baixa (como se concluiu com os questionários direcionados aos professores), e pode ser o motivo pelo qual o alunado, em sua maioria, não considera ainda como um dos melhores recursos utilizados pelos professores. Gráfico 05 Recursos utilizados que os alunos mais gostam 35 30 25 20 15 10 5 0 31 27 26 21 13 Data Show Livro Didático Músicas Filmes Outros Por outro lado, o motivo pode ser a pouca convivência com este instrumento no ambiente escolar, acostumados com seu uso diário como distração, sem valorizar muito as frases e mensagens tão ricas que algumas músicas transmitem. De acordo com os alunos (a partir da mesma pergunta feita aos professores), raramente os professores utilizam a música como intermédio para a contextualização dos conteúdos. Observa-se no Gráfico 06 que esta resposta equivale a 72% da opinião dos alunos entrevistados, e apenas 9% afirmou que os professores sempre utilizam. Cabe ressaltar que, mesmo sem ter sido colocado como alternativa 4% dos alunos atestaram que os professores NUNCA empregam a música na explicação dos assuntos. Gráfico 06 Frequência da utilização da Música em sala de aula 4% 9% 15% Sempre Às vezes Raramente Nunca 72% Algumas vezes as palavras em si mesmas não nos tocam muito, mas, uma vez cantadas adquirem ressonância viva (SNYDERS, 1997). Da mesma forma, os conteúdos do currículo escolar podem ser assimilados com maior facilidade a partir do intermédio da arte musical. ... música e palavra podem enriquecer-se mutuamente sem procurar exprimir um através do outro. Nossa alegria provém do fato de que dois tipos de significações, dois modos de abordagem do mundo, tão freqüentemente diferentes, separados e até opostos, se associam na música; nesta primeira aproximação, poderemos ajudar os alunos a perceber que a espera é a de uma mensagem que será ao mesmo tempo idéia e emoção, que vai fortalecer a emoção com a associação e a ordenação de idéia. (SNYDERS, 1997, p.99). Cada vez mais se faz necessária a inserção das manifestações artísticas no ambiente escolar, a fim de estimular os alunos a uma reflexão crítica sobre a realidade que o cerca. Por outro lado, como fazendo parte do conjunto que sustenta e movimenta o sistema educacional, o professor, ao manter-se diretamente em contato com os sujeitos os quais alimentam nossa preocupação, os alunos, ainda mais é encarregado para difíceis funções. É na aula onde a construção de novos conhecimentos se inicia, e essa base exige do professor a capacidade de criar métodos variados. A partir dos dados obtidos, torna-se evidente a carência de um incentivo ao uso da música no ambiente escolar. Como tentativa, as oficinas estão sendo organizadas tendo em vista a participação de professores e atuantes na Educação. Pretende-se fornecer aos professores um banco de dados de músicas que possa auxiliar no seu papel como mediador. Músicas em que as letras expressem conteúdos ou temas de geociências e que possam ser utilizadas para o aprendizado de disciplinas de Ciências e Geografia. Este banco pode facilitar indiretamente o trabalho do docente, uma vez, que está estruturado quanto ao cantor, música e assunto abordado, deixando a ele apenas a tarefa de buscar a melhor forma de explorar a viabilidade e o aporte que a linguagem musical oferece, Quadro I. Reúne uma variedade de estilos e gêneros musicais, que visa atender todos os gostos e incentivar à apreciação da arte musical como um todo. Quadro I. Cantor Cássia Eller Guilherme Arantes Babado Novo Música O Segundo Sol Planeta Água Insolação do Coração Dinâmica Interna da Terra Damares Tom Jobim Apocalipse Águas de março Ellis Regina Chovendo Roseira Chitãozinho e Xororó Vitor e Vitória CNBB Namastê Planeta Azul Planeta Terra CF 2011 Planeta Terra Marcelo Torca Sá e Guarabira Patativa do Assaré Patativa do Assaré Luiz Gonzaga Caetano Veloso Reatores Charles Mendes Luíz Gonzaga Kilowatts (Brasil) Tom Jobim Tom Jobim e Luiz Bonfá Damares Luiz Gonzaga Luiz Gonzaga Tema a ser discutido Configuração do sistema solar e a importância do sol para os seres vivos Ciclo da Água Terra Sobradinho Triste Partida Vaca estrela e boi fubá Asa Branca Terra A lenda da estátua do vulcão Não há obstáculos para o Amor Riacho do navio Rotação Terrestre Passarim Correnteza Diamantes A cheia de 24 Súplica cearense Psirico Firme e forte Lulu Santos Como uma onda Transição e características das estações do ano Questões ambientais; ação antrópica. Estudo do conceito de Espaço Geográfico; ação antrópica. Ação Antrópica Semiárido Sensoriamento Remoto Produtos vulcânicos Eventos/elementos naturais Hidrografia (brasileira) Movimentos da Terra Agentes geomorfológicos Minerais Fenômenos climáticos Fenômenos climáticos/ processos geomorfológicos Processos geomorfológicos Cabe salientar que, nem sempre as letras expõem diretamente o conteúdo a ser tratado ou foram escritas para tal finalidade, mas a interpretação das figuras de linguagem encontradas, principalmente as metáforas, pode transmitir mensagens e informações significantes. Algumas delas podem gerar questionamentos interessantes envolvendo temas distintos numa mesma música e servindo para a explanação de vários conteúdos; outras trazem trechos marcantes que após uma interpretação ajudam para o entendimento e aprendizado mais dinâmico e interativo. Músicas que analisadas com uma intencionalidade diferente da adotada pelo compositor, esta direcionada agora para o assunto abordado em sala de aula, tornam-se importantes ferramentas no processo ensino-aprendizagem. Porém, para que a Música sirva pedagogicamente e atraia a atenção dos alunos, é necessário que o profissional da educação saiba utilizar o recurso. Como afirma Barbosa (2000) somente a ação inteligente e empática do docente pode tornar a Arte ingrediente essencial para fornecer o crescimento individual e o comportamento de cidadão como difusor de cultura e conhecedor da construção de sua própria nação. A fim de dar subsídio à construção do banco de dados, foram aplicadas questões referentes ao estilo musical mais escutado e apreciado pelos alunos. Como mostra o Gráfico 07, 22 alunos demonstraram ser ecléticos, mas destacou-se o pagode como sendo a preferência de 21 estudantes; da mesma forma vários estilos foram citados pelos alunos demonstrando o hábito de ouvir e a apreciação da música diariamente pelos mesmos. O banco de dados de músicas, até o término da pesquisa, ainda se encontra incompleto e sujeito a modificações, pretendendo-se aos poucos torná-lo bem diversificado e significativo. No entanto, com divulgações científicas espera-se obter críticas e sugestões para a pesquisa. Gráfico 07 Estilos musicais apreciados pelos alunos 25 20 15 10 5 0 22 21 4 5 5 8 8 2 6 8 3 11 8 9 10 Ressaltando as dificuldades encontradas na execução das atividades, mas tentando acompanhar o cronograma, ainda não foi possível aplicar as oficinas nas escolas, no entanto, encontrar-se em fase de organização e com data parcialmente marcada. O objetivo e alguns procedimentos que pretende-se realizar nas oficinas estão disponibilizados no Folder que foi produzido e será distribuído para os alunos e professores da escola selecionada. Cabe salientar que, como fruto dessa pesquisa foram publicados alguns trabalhos, a fim de divulgar cientificamente os resultados, tais como nos eventos, XIV Seminário de Iniciação Científica da Universidade Estadual de Feira de Santana e Reunião Regional da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência) no Recôncavo da Bahia em 2010. Considerações Finais Evidenciou-se na pesquisa que, a música apesar de ser apreciada por todos diariamente em vários ambientes, ainda é pouco empregada na escola, precisamente, em sala de aula. A prática docente necessita de aprimoramentos nos métodos e técnicas de ensino, que estimulem a participação, o interesse e o exercício dos alunos para o aprendizado. A boa disponibilidade de recursos pedagógicos nas escolas pesquisadas não responde pela qualidade do ensino nas mesmas. A simples presença dessas ferramentas não significa que são usadas para os devidos fins e de forma aproveitável. Como mostram os dados, boa parte dos alunos entrevistados sente-se insatisfeita com a forma como os professores de Geografia e Ciências trabalham. É preciso destacar que as instituições de ensino apresentam uma estrutura física regular, no entanto, nota-se a necessidade de melhorias; como também promovem eventos significativos que relacionam a escola com a comunidade, favorecendo a produção cultural através das artes e a formação crítico-social dos alunos. Durante a realização da pesquisa estão sendo encontrados vários impasses que de certa forma atrapalham o andamento da mesma, tais como, a imposição feita por alguns diretores de escolas na permissão do acesso aos alunos e professores para a realização das entrevistas e a pouca disposição de alguns professores para responderem. Para as próximas pesquisas destaco a carência de um maior diálogo entre a universidade e as escolas básicas, esclarecendo a necessidade do contato entre os pesquisadores e os integrantes da instituição, em busca de maiores informações para a pesquisa, a fim de desenvolver a proposta de progresso da Educação no município. Em suma, ressaltando a pertinência dos dados e resultados obtidos, espera-se que a pesquisa se torne ferramenta plausível para que a sociedade possa fazer sua própria leitura da situação educacional no município e acompanhar a afetividade das políticas públicas em educação; uma vez que, poderá servir de subsídio na elaboração de análises, diagnósticos e planejamentos do sistema educacional e na definição e monitoramento das políticas públicas que promovem um ensino de qualidade para Feira de Santana. Referências ALMEIDA, A. S. ; RIOS, A. P. O. ; CARNEIRO, E. R. ; SILVA, F. G. ; CHAVES, J. M. . A qualidade do ensino de Geociências no ensino fundamental em Feira de Santana BA: primeiras observações.. In: VI Encontro Nacional de Ensino de Geografia, 2007, Uberlândia. VI Encontro Nacional de Ensino de Geografia. Uberlândia : Fala Professor, 2007. ALMENARA, Julio Cabero. Avaliar para melhoras: meios e materiais de ensino. In: SANCHO, Juana M. (Org.). Para uma tecnologia Educacional. Trad. 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