O IMPERIALISMO E A PRIMEIRA GRANDE GUERRA ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ nou-se progressivamente multilateral, resultado da crescente industrialização na Europa, Estados Unidos e Japão. Paralelamente a esse progresso – essa época ficou conhecida como belle èpoque – desenvolveu-se a divisão internacional do trabalho, um comércio especializado em escala mundial. Introdução O fim do século XIX, curiosamente, remete-nos ao início do século XX. O que acontecia naquele tempo? No final do século XIX, um novo quadro político, econômico e sociocultural se delineava. As transformações eram rápidas e intensas: na política, via-se, após a derrota do Antigo Regime, a consolidação do Estado liberal; na economia, via-se um desenvolvimento inédito, resultado da expansão industrial e comercial; na sociedade, assistia-se a um crescimento populacional e a mudanças que incidiam sobre a organização social até então existente; e, finalmente, na cultura, como resultado de tudo isso, assistia-se a um expressivo florescer de novas idéias e convicções a respeito do homem e da sociedade. A cultura do final do século XIX representou, antes de tudo, a reação aos valores até então dominantes e o questionamento do liberalismo político e econômico. Vários fatores foram responsáveis por essa efervescência cultural, entre eles, o próprio desenvolvimento econômico que dominava a Europa: este, embora produzisse importantes melhorias materiais, não se mostrava capaz de reduzir as desigualdades sociais. A cultura liberal burguesa, fundamentada no individualismo e no racionalismo, contrapunha-se à reação de filósofos, sociólogos e pensadores que sugeriam que a conduta humana era muito complexa e, nem sempre, governava-se por considerações racionais. Filósofos passaram a demonstrar a importância da intuição como meio de compreensão do mundo e defendiam que a consciência humana não podia ficar sujeita a análises científicas estritas. Resultado da expansão industrial, a economia alcançou a segunda globalização, um impressionante fortalecimento das relações entre as nações do mundo. Desenvolveu-se uma autêntica economia internacional na qual países de todos os continentes participavam da troca de bens e serviços. À medida que a economia internacional se intensificou, o comércio mundial tor- N EXPLIQUE o significado da expressão belle èpoque para a Europa do final do século XIX. FIGURA 1: A Belle Èpoque FONTE: READER’S DIGEST. 2000 ans de vie quotidienne en France. Paris: Sélection du Reader's Digest, 1981. p. 245. O imperialismo afro-asiático Era muito provável que uma economia mundial cujo ritmo era determinado por seu núcleo capitalista desenvolvido ou em desenvolvimento se transformasse num mundo onde os avançados dominariam os atrasados; em suma, num mundo de Império. História O significado do imperialismo está no impacto da presença européia no resto do mundo. A Europa impôs ao mundo não só um governo, mas também novos padrões de comércio, novas técnicas, instituições e idéias. HOBSBAWN, Eric J. Era dos extremos: o breve século XX (1914–1991). trad. Marcos Santorrita. São Paulo: Campanha das Letras, 1992. O imperialismo e a Primeira Grande Guerra 1 A expansão industrial determinou um considerável aumento da produção industrial e, ao mesmo tempo, novas necessidades: a maior disponibilidade de mercados e as novas fontes de matérias-primas tornaramse meio estratégico para manter o progresso. Entre 1880 e 1914, a maior parte do mundo, à exceção da Europa e das Américas, foi formalmente dividida em territórios sob governo direto ou sob dominação política indireta dos seguintes países: Grã-Bretanha, França, Alemanha, Itália, Holanda, Bélgica, EUA e Japão. O domínio desses países se fez dividindo as duas maiores regiões do mundo: África e Pacífico. A Ásia e a América Latina permaneceram nominalmente independentes, embora as potências ocidentais tenham constituído, nessas áreas, zonas de influência. Os fatores que determinaram a ação imperialista foram: • a expansão industrial; N EXPLIQUE a afirmação do historiador Eric Hobsbawn: (...)Onde os avançados dominariam os atrasados (...) • a acumulação capitalista; • o crescimento populacional; • a demanda por mais matérias-primas; • o baixo custo das matérias-primas fora das áreas industriais; • a necessidade de ampliação dos mercados de consumo dos excedentes; • o crescimento dos centros urbanos e o êxodo rural; • o nacionalismo, manifestado pela conquista militar e política; História • a exportação de capitais, reinvestidos com o objetivo de expandir e fortalecer empresas. Outros fatores para a efetivação do imperialismo foram a exportação de capitais para investimentos mais rentáveis, gerenciados por poderosos monopólios de banqueiros, investidores e industriais, e o argumento de que a ação do homem branco sobre os outros povos tinha caráter civilizador. Para os Estados, o imperialismo foi considerado um prolongamento da política nacional no quadro da política internacional ativa, e foi responsabilidade dos chefes políticos criar condições para a melhoria do nível de vida de seus cidadãos. Assim, o século XIX conheceu a criação de uma economia global, que atingia as mais remotas paragens do mundo, conforme afirma o historiador Hobsbawn. Uma rede cada vez mais densa de transações econômicas, comunicações e mercadorias, dinheiro e pessoas ligava os países desenvolvidos entre si e ao mundo não desenvolvido. Essa rede, entre 1875 e 1914, alcançou montanhas espetaculares de exportação. As ferrovias, que em 1870 somavam 200 mil quilômetros, em 1914, tinham alcançado mais de 1 milhão de quilômetros. Era muito provável que uma economia mundial cujo ritmo era determinado por seu núcleo capitalista desenvolvido ou em desenvolvimento se transformasse num mundo onde os avançados dominariam os atrasados; em suma, num mundo de Império. 2 CP00 –23M19 FIGURA 2: A África no início do século XIX A conquista da África A penetração européia na África se fez pelo norte, no começo do século XIX. Em primeiro lugar, com a assinatura de tratados comerciais com as sociedades árabes. Em 1830, os franceses obtiveram um tratado com a Tunísia; posteriormente, os ingleses realizaram convenções comerciais com os marroquinos e, em seguida, com os turcos na Ásia Menor. O sistema dos tratados de comércio, as garantias diplomáticas, etc. permitiram ao capitalismo europeu extrair desses povos os produtos necessários à indústria, desequilibrar a economia doméstica, influenciar o sistema político, para logo transformá-los em colônias. Outro instrumento de penetração e domínio foi a política de melhorar as comunicações dos países, por via marítima, fluvial ou terrestre, o que permitia aplicar os capitais excedentes da Europa. Essa estratégia de dominação européia alcança o seu apogeu em 1869, quando foi inaugurado o canal de Suez. Em 1870, 486 navios navegavam pelo canal. Em 1910, eram 4.500 navios, que transportavam mais de 16 milhões de toneladas de mercadorias. Nessa época, o mundo muçulmano exerceu grande atração sobre os europeus, por várias razões, entre as quais a mais decisiva era o caráter estratégico da região na política mundial. A proximidade com a Europa, através do Mediterrâneo, fez com que a Inglaterra e a França dominassem aquela parte da África e o Oriente Médio. Outro elemento importante para a dominação dos povos africanos e asiáticos foi o estado de organização social e política dos europeus, isso lhes permitiu construir uma complexa infra-estrutura e fazer comércio o que facilitou muito a sua dominação. N CONSTRUA um parágrafo sintetizando os fatores que facilitaram aos europeus exercer um domínio sobre os povos da África e do Oriente Médio. Episódios da dominação européia na África Até 1860, o Egito era considerado na Europa como um integrante do sistema econômico europeu. Naquela época, havia no país cerca de 100 mil europeus dedicados ao comércio, ao sistema bancário e à melhoria dos serviços públicos. O país contava com 1500 km de vias férreas, 8000 km de telégrafos e 13 000 km de canais de irrigação. A Alexandria e o Cairo eram centros de civilização européia. As inversões de capital europeu adotaram em sua maior parte a forma de empréstimos ao governo a juros de 12% , que eram o dobro do normal, resgates através de bônus e obrigações que constituíam a dívida pública egípcia. Em 1880, essa dívida era de 90 milhões de libras egípcias e seus juros consumiam totalmente as rendas públicas. O governo do Egito foi obrigado a negociá-la, perdendo o controle sobe o canal de Suez e seu governo transformado em fantoche pelos ingleses e franceses. FIGURA 3: Chefe nativo e seus comandados (1ª foto). Africano preso ao tronco (2ª foto) FONTE: Revista História do Século 20. n.12. São Paulo: Abril, 1973. p.319 e 321. Os alemães na África As atrocidades no Congo Para Leopoldo II, rei da Bélgica, esta não oferecia grandes oportunidades para os seus sonhos de glória. Por isso, voltou-se para a África, onde adquiriu uma colônia: o Congo. A preocupação imediata de Leopoldo II em ganhar dinheiro, sem ter uma administração efetiva da nova possessão, o fez praticar abusos que ficaram conhecidos como as atrocidades dos seringais do Congo. A Alemanha, desde o Congresso de Berlim, de 1884, almejava ter domínios na África. A luta por um Império colonial mais extenso quase sempre se baseava no argumento de que o tamanho das colônias já existentes era desproporcional à força política e econômica da Alemanha. Os alemães reivindicavam o direito de ser a segunda maior potência colonial. Um banqueiro alemão na época assim exprimia: os últimos cem anos viram a partilha do mundo. Que pena que não tomamos nada nem nada ganhamos! Hoje sabemos, acrescentava, que a maioria das colônias nos custam mais do que nos valem. Mas cedo veremos que todas as partes do mundo são valiosas. História A perda da soberania egípcia Revista História do Século 20. n. 12, p. 333. O imperialismo e a Primeira Grande Guerra 3 FIGURA 4: Grupo herero de resistência contra os alemães e seu chefe Assim, o governo alemão, progressivamente, estendeu domínios na parte da África Oriental: eram fazendeiros, nos Camarões, comerciantes e lojistas, no Sudoeste, e, no Togo, eram funcionários públicos. A importância numérica dos alemães, nas diversas regiões: sudoeste e parte oriental da África, variava em função das demandas na construção de estradas de ferro. Na África, os alemães para alcançarem os seus propósitos, enveredaram por uma estratégia de exterminação. Um militar, após uma ação de campo, explicou seus métodos ao chefe do Estado-Maior alemão: Creio que essa nação deve ser destruída enquanto nação. Revista História do Século 20. n.12. p. 336. História Após lutarem contra os Herero, povo do sudoeste africano, os alemães exterminaram os nama, expropriaram as suas terras. N RELACIONE os fatos a respeito do modo de dominação dos europeus sobre a África com os objetivos de lucro do sistema capitalista. A conquista do continente teve início com a ocupação da Argélia pela França, em 1830. À Conferência de Berlim (1884/85) coube determinar as normas a serem seguidas pelos países interessados no continente e garantir a livre navegação dos rios Congo e Níger para a penetração em direção ao interior da África. O continente africano apresentou três grandes áreas de conquista: África do Sul, Norte da África e África Intertropical. África do Sul – A conquista dessa região pelos ingleses teve como ponto de partida as colônias do Cabo e de Natal. Após a derrota dos bôers (Guerra dos Bôers – 1899/1902), os ingleses incorporaram a República do Transvaal e Orange e aprofundaram sua presença, conquistando Niassilândia, Bechuanalândia e Rodésia. África do Norte – Região fortemente islamizada e teoricamente submetida ao império Otomano, na época. • A França conquistou a Argélia, a Tunísia e impôs o protetorado ao Marrocos. • Os italianos ocuparam a Líbia. • O Egito se transformou em protetorado inglês, devido às dívidas do governo egípcio decorrentes da construção do canal de Suez (1869). África Intertropical – Nessa região, existiam sociedades com os mais variados tipos de organização social. Cada potência européia conquistou uma parte da região. Ocorreu o predomínio inglês em Uganda, Quênia, Zanzibar e Sudão. Na África Ocidental e Equatorial, a presença dominante foi a francesa, com destaque para a Bélgica, no Congo. 4 CP00 –23M19 de suas exportações desse país. A Índia fornecia algodão e recebia produtos metalúrgicos. A China era um grande produtor de chá, algodão, seda e outros produtos primários. A China e o Japão não permitiam o acesso direto a seus portos e muito menos aos mercados internos. Em 1855, a Grã-Bretanha e França conseguiram acordos para facilitar acesso. As exigências ocidentais aos governos asiáticos eram de liberdade comercial nos portos, no comércio interior; direito de estabelecer empresas comerciais no interior; autorização para construir ferrovias; melhores condições para os residentes estrangeiros que transformou certas cidades asiáticas em redutos ocidentais, onde as autoridades e as leis do país não tinham ação. A Índia, para os ingleses, transformou-se em um prolongamento do território nacional, afirmou o historiador Hector H. Bruit, em seu livro: O Imperialismo. Assim, os ingleses dominaram o Oceano Índico, a única forma de estruturar solidamente o vasto império que se estendia do Egito às margens do rio Ganges. Os franceses não deixaram por menos, dominaram toda a região da Indochina. Durante um certo tempo, os governos asiáticos se dispuseram a fazer essas concessões. Por volta de 1880, os problemas haviam-se acumulado perigosamente. A China mostrou-se irredutível em permitir a construção de ferrovias e o acesso de comerciantes ao interior. N FIGURA 6: A partilha da Ásia A Conquista da Ásia Na segunda metade do século XIX, a Ásia foi foco da ação imperialista dos europeus. A Inglaterra, a Rússia a Holanda e a França já possuíam territórios naquela parte do mundo desde o início do século XIX. A Espanha e Portugal tinham posses que datavam do século XVI. Portugueses estavam em Macau (China), nas Ilhas Timor (Indonésia), Goa Damão e Diu ( Índia ). Os Estados Unidos ingressaram na ação imperialista ao final do século XIX. A Ásia, por volta de 1860, proporcionava 13,5%do total de importações britânicas e recebia 16,4% do total REDIJA um parágrafo e IDENTIFIQUE com relação ao imperialismo europeu na África e na Ásia, as suas diferenças básicas. A Ásia Oriental despertou o interesse europeu desde a época Moderna, no contexto do expansionismo. Com a expansão industrial, os europeus procuraram a Ásia como mercado consumidor dos seus produtos industrializados e fornecedor de matérias-primas. No final do século XIX, as relações entre a Ásia e o Ocidente tiveram como elemento principal o investimento de capitais. Dominação da Índia – A ação da Inglaterra teve início no século XVII, com a Cia. das Índias Orientais. No início do século XIX, a Companhia controlava toda a região. Com a revolta dos Cipaios (1857– 1859), os ingleses transformaram a Índia num protetorado, explorando sua produção de algodão e juta. História FIGURA 5: A África no início do século XX O imperialismo e a Primeira Grande Guerra 5 Abertura da China – A entrada dos ocidentais na China tem como momento marcante à 1ª Guerra do Ópio (1840/42), quando os ingleses, por meio do Tratado de Nanquim, obtiveram vantagens comerciais e Hong-Kong se transformou em entreposto inglês. Em 1860, o Tratado de Nanquim estabeleceu o direito de outros europeus terem suas áreas de influência na China. Os chineses jamais aceitaram o convívio com os europeus. Esse xenofobismo determinou revoltas, como a Revolução dos Taipings (1851/64), a Revolta dos Boxers (1900/01). Em 1894/95, a Guerra Sino-Japonesa determinou uma intervenção coletiva de nações ocidentais em favor da China, fato que facilitou a abertura desse país aos norte-americanos. Foram mantidas as áreas anteriores de influência européia. Abertura do Japão – Em 1854, Matthew Perry, comandando uma esquadra norte-americana, obrigou os japoneses a conceder-lhe direitos para comerciar em portos do Japão. O contato com os ocidentais desencadeou um processo de modernização, conhecido como Revolução Meiji, a qual integrou o Japão ao capitalismo industrial. N na, em nome da ordem, para salvaguardar os interesses econômicos norte-americanos no Continente, com o claro objetivo de substituir os investidores europeus. Com esse propósito permitiram a intervenção de inglesas, alemães e italianas que cobravam daquele país sua responsabilidade no pagamento de dívida externa com o apoio dos Estados Unidos. Considerando-se donos da América Latina. Observe a figura. IDENTIFIQUE os focos de resistência ao domínio Ocidental na Ásia e APRESENTE os fatores que geraram essas resistências. FIGURA 7: Caricartura brasileira de J. Carlos, alusiva à passagem de Epitácio Pessoa pelos EUA: “Nos Estados Unidos S. Exa. receberá a ‘Ordem de Monroe’.”(Careta, 21-6,1919.) FONTE: BRUIT, H. Héctor. O Imperialismo. São Paulo: Atual,1994. p. 56. História N O imperialismo norte-americano O imperialismo norte-americano fundamentou-se em duas doutrinas: em relação à Ásia, os norte-americanos reivindicaram o direito de, como os europeus, terem a oportunidade de participarem das ações comerciais. Com relação à América Latina, desde o início do século XIX, (1823), com a doutrina Monroe, reagiram à política de reativação do colonialismo defendida pela Espanha, apoiada pelos participantes do Congresso de Viena. As primeiras investidas norte-americanas se fizeram em 1835,com a anexação do Texas, pertencente ao México, continuaram, 1835–1848, com o domínio do Novo México e da Califórnia. No início do século XX, o presidente Theodore Roosevelt (1901–1909) deu à doutrina Monroe uma interpretação imperialista: o Corolário Roosevelt que fundamentou a ação dos Estados Unidos pela América Lati- 6 CP00 –23M19 INTERPRETE, em um parágrafo, o significado da Doutrina Monroe para os latino-americanos no início do século XX. Seguiram-se a essas políticas intervencionistas a política de portas abertas, de John Hay, e a diplomacia do dólar, de William Taft. Em direção ao mar, a ação norte-americana seguiu Alfred Thayer Mahan (Doutrina Mahan): a marinha norte-americana deveria estabelecer pontos estratégicos nos oceanos para dominar áreas do Caribe e do Pacífico Sul. A primeira Conferência Interamericana (1889/ 90), a do México (1901/1902), a do Rio de Janeiro (1906), a de Buenos Aires (1910) e outras concretizaram os objetivos americanos: • de aumentar o mercado consumidor e de investimento de capitais; • de construir um canal que fizesse a ligação entre o Atlântico com o Pacífico para facilitar a comunicação entre a costa leste e a costa oeste. As conseqüências do imperialismo norte-americano foram as seguintes: • 1898 – anexação do Havaí, das Filipinas e de Porto Rico; • 1899 – domínio sobre Samoa; • 1901 – imposição de protetorado sobre Cuba; • 1903 – construção do Canal do Panamá e estabelecimento de controle sobre a zona do Canal; • 1905 – imposição de semiprotetorado sobre São Domingos (atual República Dominicana); A ação norte-americana, cada vez mais, determinou a definição de doutrinas de dominação, como: • o Corolário Roosevelt, de 1901, que reforçou os interesses norte-americanos que determinaram, de forma unilateral, o direito de intervenção no continente americano; • a Doutrina do Big Stick, quando os norte-americanos se arrogaram o direito de intervir em países americanos para solucionar problemas econômicos. • 1912 – ocupação da Nicarágua; • 1914 – ocupação do Haiti; • 1916 – compra das Ilhas Virgens à Dinamarca. Teodoro Roosevelt transformou o mar das Antilhas num lago americano: interveio em São Domingos; provocou uma revolução no Panamá, a qual lhe permitiu o controle do canal transoceânico; fez a guerra de Cuba e anexou Porto Rico. No Pacífico Sul, anexou as ilhas do Havaí, Guam e Filipinas. A Primeira Guerra Mundial ArgéliaTunísia Ifni Líbia África Ocidental Senegal Revanchismo Alemanha e Áustria-Hungria Pan-germanismo Itália Itália-irridenta Turquia Movimento dos jovens turcos Sérvia e Rússia Pan-eslavismo asc dag Possessão belga Ocidental Possessões alemãs Bechuanalândia Possessões inglesas Colônia Basutolândia Possessões italianas do Cabo Possessões francesas Possessões espanholas Possessões portuguesas Estados independentes Ma França África do Sul Ro dé sia ar éia Eritr ália Sudão AngloSom nica â t i Egípcio África Br Nigéria Equatorial Co Abissínia Togo ria s Libé Camarões o Ou ta d ta d Somália ro o Uganda Cos rfim Muni a Italiana M Quênia Congo Gabão Belga Cabinda África Zanzibar (ingl.) Oriental Serra Gâmbia Leoa Guiné Port. Angola Tipos de nacionalismo Egito História Mauritânia Marrocos S Fr omá an lia ce sa Rio do Ouro Mo çam biq ue Essa expansão econômica fez nascer uma expressiva competição por mercados, matérias-primas, áreas para investimentos e pontos economicamente estratégicos: a competição imperialista.A ação imperialista européia na África tornou-se, a partir da Conferência de Berlim de 1884-85, uma importante fonte de tensão internacional, com a Grã-Bretanha, a França, a Alemanha e a Bélgica do rei Leopoldo II, tentando ganhar controle de vastas regiões daquele continente pela diplomacia e pela conquista. Somava-se à competição imperialista o nacionalismo exacerbado que emergia em diversos países europeus, resultado da própria consolidação do Estado liberal e da valorização do Estado-nação. FIGURA 8: Imperialismo europeu na África O imperialismo e a Primeira Grande Guerra 7 A expansão industrial e o nacionalismo Rivalidade anglo-germânica Em 1870, quando da Guerra franco-prussiana, a França perdeu para a recém-unificada Alemanha os territórios da Alsácia Lorena. A partir daí, a ascensão da Alemanha no continente alterou o equilíbrio de poder na Europa. O rápido crescimento industrial alemão pode ser evidenciado pelos dados abaixo. Rivalidade russo-turca Porcentagem de crescimento (1893–1913) Reino Unido Alemanha Estados Unidos População 20 32 46 Produção de carvão 75 159 210 Ferro-gusa 50 287 337 Aço bruto 136 522 715 Exportações de produtos manufaturados 121 239 563 Receita com transporte ferroviário 49 141 Rivalidade austro-russa Rivalidade franco-alemã 146 História A apreensão frente ao expansionismo industrial alemão somada ao nacionalismo exacerbado que dominava a Europa agravaram as rivalidades entre os países europeus. Nesse contexto, dois episódios foram marcantes para o aumento das rivalidades da França e da Inglaterra com a Alemanha. As crises marroquinas: as disputas pelo Marrocos acirraram, em 1905–1906, as diferenças entre a França e a Alemanha. Em 1905, a Alemanha apresentou sua oposição às pretensões francesas sobre o Marrocos. Para solucionar a questão foi convocada, em 1906, a Conferência de Algeciras, que deu à França direito sobre os portos do Marrocos. Em 1911, a França efetivou seu domínio sobre a região. Estrada de ferro Berlim-Bagdá: A construção da estrada de ferro Berlim-Bagdá foi um outro exemplo dos interesses imperialistas em conflito. Os capitalistas alemães tinham o interesse em estabelecer ligação com as importantes áreas comerciais do Oriente Médio. A construção da estrada, porém, dependia da formação de um consórcio entre alemães, ingleses e franceses. Estes últimos, frente a ameaça que o expansionismo alemão representava, boicotaram o empreendimento. 8 CP00 –23M19 Rivalidade ítalo-francesa N Decorrente de questões econômicas, como: a competição naval entre as duas potências e o expressivo crescimento industrial alemão, que ameaçava a hegemonia britânica. Decorrente do apoio russo aos movimentos de emancipação dos eslavos da península balcânica, sob domínio turco. O apoio dos russos devia-se à sua pretensão de atingir o Mediterrâneo, área de mar quente. Decorrente do interesse de ambas sobre a região dos Bálcãs e da disposição russa em proteger os sérvios (eslavos) do domínio austríaco. Decorrente da perda dos territórios franceses da Alsácia Lorena para a Alemanha, na época da Guerra Franco-prussiana, de 1870. Decorrente da anexação da Tunísia pelos franceses em 1881, território de interesse italiano. CONSTRUA um texto explicitando o quadro políticoeconômico gerador do sistema de alianças às vésperas da Primeira Grande Guerra. _______________________________________________________________________________________________________________________________________________ Com a deterioração das relações diplomáticas, retomou-se a política de alianças inaugurada à época da Guerra franco-prussiana por Bismarck, quando este, para se fortalecer contra a França, formou a Aliança dos Três Imperadores entre Alemanha, Áustria-Hungria e Rússia. A partir de 1882, o cenário político e diplomático conduziu as nações européias a um novo reagrupamento: Alemanha, Áustria-Hungria e Itália formaram a Tríplice Aliança e, em 1907, França, Inglaterra e Rússia formaram a Tríplice Entente. Paralelamente às questões já levantadas, outros fatores internos às nações envolvidas foram determinantes para agravar o clima conflituoso que imperava na Europa. Ma rB álti co Noruega Su éc ia Os antigos impérios multinacionais da Áustria, da Turquia e da Rússia sofriam a ameaça de desagregação face aos movimentos nacionalistas dos povos dominados. Para garantir seus domínios, os imCO TI N périos definiram uma política mais agresLÂ AT siva, agravando o quadro geral das relaO AN ções políticas, militares e diplomáticas. CE O A emancipação da maioria dos domíRússia nios turco-otomanos na península dos Balcãs deu origem à competição entre a Dinamarca Áustria e a Rússia pelos territórios recémindependentes. Em 1908, a Áustria anexou a Bósnia-Hezergovina contrariando GrãAlemanha as pretensões expansionistas russas e Holanda Bretanha sérvias na região. Com o intuito de impeBélgica dir o expansionismo sérvio e a formação Áustriada Grande Sérvia, em 1912, a Áustria Hungria Suíça criou um estado-tampão, a Albânia. França nia Mar mê o Negro Em 28 de junho de 1914, ocorreu, em R Bulgária Sarajevo, capital da Bósnia, o assassinaItá lia Império to do herdeiro do trono austríaco, o arquiro Monteneg Otomano duque Francisco Ferdinando. O assassiEspanha nia Gré Albâ ci no era Gavrilo Princip, um sérvio ligado à a organização nacionalista Mão Negra. Mar Mediterrâneo O assassinato do arquiduque levou a Áustria, em 30 de julho de 1914, a declaFIGURA 9: A Europa antes da Primeira Guerra Mundial rar guerra à Sérvia. A expansão industrial alemã, a competição imperialista, o nacionalismo exacerbado somado aos incidentes loOutubro A Turquia une-se à Tríplice Alicalizados definiram o cenário político e diplomático que ança, também denominada poantecedeu a Primeira Guerra Mundial. tências centrais. N EXPLIQUE os fatores políticos, econômicos e militaBélgica, Sérvia e Japão aderem res que levaram à Primeira Grande Guerra. à Tríplice Entente, compondo o Sé rv Portuga l ia bloco dos aliados. 1915 A eclosão do conflito O sistema de alianças que imperava na Europa acabou arrastando o restante dos países ao conflito. A começar pela Rússia, o posicionamento das nações se deu da seguinte forma: 30 de julho A Rússia declara-se a favor da Sérvia contra a Áustria-Hungria. 1º de agosto A Alemanha declara guerra à França, sua rival e principal aliada da Rússia. 4 de agosto A Inglaterra, inicialmente hesitante, adere ao conflito quando a Alemanha, para atingir a França, violou a neutralidade belga. Bulgária entra na guerra contra os aliados. Ao lado das grandes manobras político-militares, a grande indústria européia logo pode expressar a amplitude de sua expansão. A guerra assumia, cada vez mais, um caráter científico e industrial. Produção de munições no Reino Unido, 1914–1918 1914 Canhões 91 Tanques – Aviões 200 Metralhadoras 300 1915 1916 1917 1918 3 390 4 314 5 137 8 039 1 100 1 359 – 150 História Março de 1915 A Itália abandona a Tríplice Aliança e entra na guerra, ao lado dos aliados. 1 900 6 100 14 700 32 000 6 100 33 500 79 700 120 900 O imperialismo e a Primeira Grande Guerra 9 éc Su Alemanha Holanda Bélgica ÁustriaHungria Suíça França nia Mar mê Ro Negro Bulgária rv Itá lia l egro Monten G Albân ia ia Portuga Rússia Sé História AT CO Estônia Letônia Lituânia Polônia Tchecoslováquia Áustria Hungria Iug osl ávi a FIGURA 11: A Europa após a Primeira Guerra Mundial Dinamarca GrãBretanha O TI Mar Mediterrâneo Ma rB álti co O OC N EA N LÂ CO Noruega AN TI ia E OC AT N LÂ ses europeus sofreram uma drástica diminuição, enquanto o endividamento e o desemprego se multiplicaram. Uma redefinição do mapa europeu teve lugar. O império austríaco desmembrou-se e a Alemanha sofreu uma diminuição de seu território e a perda de suas possessões na África, Ásia e Oceania. A Rússia, ao assinar o Tratado de Brest Litovsky com a Alemanha, concordou com a independência dos territórios da Finlândia, Letônia, Estônia e Lituânia. Vários tratados definiram a nova organização político-territorial da Europa: Finlândia Até o ano de 1917, a guerra parecia continuar sem resultados decisivos. Apenas em 1918, com a grande batalha da França, os alemães foram obrigados a aceitar todas as condições impostas pelo armistício de 11 de novembro de 1918. A Primeira Guerra Mundial, por suas manobras políticas, econômicas e militares, caracteriza-se • por ser uma guerra de movimento com uma ação ofensiva da Alemanha e invasão da França; • por ser uma guerra de trincheiras, em que os exércitos imobilizavam-se em trincheiras improvisadas; • pelo bloqueio dos portos alemães pelos navios ingleses, de modo a dificultar o abastecimento, sobretudo de alimentos; • pelas sucessivas derrotas dos aliados, em 1915, em suas tentativas de decidir o conflito a leste e a oeste; • pela Batalha de Verdun de 1916, que é considerada a maior batalha da guerra, marcada pela obstinada resistência francesa frente aos ataques alemães; • pela guerra submarina desenvolvida pelos alemães em 1917, privando as potências neutras do livre comércio; • pela entrada dos EUA na guerra contra as potências centrais, em 1917, devido aos ataques dos submarinos alemães e à obstrução do comércio; • saída da Rússia da guerra, em 1917, com a assinatura do Tratado de Brest-Litovsky, entre os revolucionários russos e a Alemanha. Espanha ré ci Império Otomano a Mar Mediterrâneo FIGURA 10: A Europa às vésperas da Primeira Guerra Mundial Entre os tratados assinados, é importante ressaltar as disposições do Tratado de Versalhes, de abril de 1919, contra a Alemanha. Esse tratado responsabilizou a Alemanha pela guerra e pelos prejuízos por ela causados, obrigando-a a indenizar os países envolvidos no conflito. Além disso, reduziu o território e os domínios coloniais alemães e obrigou-os a devolver à França o território da Alsácia Lorena. A Alemanha teve seu exército reduzido a um contingente máximo de 100 mil homens e foi proibida de possuir armamento estratégico como forças aéreas, canhões pesados e submarinos. Outras conseqüências da Primeira Guerra Mundial foram: • isolacionismo político norte-americano; • crise econômica e perda de liderança mundial dos países europeus; • expansão da economia norte-americana; Conseqüências da Primeira Guerra Mundial A Primeira Guerra Mundial ocasionou, para os países envolvidos, um pesado ônus de perdas humanas e materiais. A população ativa e as frotas mercantes dos paí- 1 0 CP00 –23M19 • declínio do liberalismo e ascensão dos regimes autoritários de direita; • conquistas sociais e políticas, como legislação trabalhista e sufrágio universal, decorrentes das apreensões para com a expansão do socialismo. Com o objetivo de manter a paz na Europa, criou-se a Sociedade da Liga das Nações (SDN), seguindo a última disposição do plano de paz do presidente norteamericano para a Europa, denominado 14 pontos de Woodrow Wilson. CONSTRUA um texto significativo sobre a importância da Primeira Grande Guerra na definição de novos países europeus. Textos complementares GUERRA QUÍMICA As armas A idéia de usar, na guerra, substâncias tóxicas ou microrganismos patogênicos não é nova; o envenenamento da água, por exemplo, é um recurso que remonta à Antigüidade. Foi no século XIX, porém, que a tecnologia moderna possibilitou armas tóxicas realmente eficazes, mas cuja “estréia” só se daria na guerra de 1914-18. Histórico. Em 1915, perto de Ypres (Bélgica) forças alemãs fizeram uso sério, pela primeira vez, e com efeito devastador , de uma arma química, o cloro. Este foi, pouco depois, suplantado por outro gás, dez vezes mais tóxico, o fosgênio, capaz de atravessar as improvisadas máscaras contra o cloro. A competição gases versus máscaras culminou, em julho de 1917, quando os alemães empregaram, pela primeira vez, o gás de mostarda (sulfeto de dicloro dietila), um vesicatório que em forma líquida produz grandes bolhas dolorosas e cujo vapor pode produzir, se inalado em dose suficiente, a morte. (No último ano da guerra, foi este gás o responsável por 16 % de todas as baixas britânicas e 33 % das americanas.) No pós-guerra, as grandes nações preocuparam-se com a proscrição dessas armas, do que resultou a assinatura, em 1925, do Protocolo de Genebra (subscrito na ocasião por 29 países e posteriormente por muitos outros), proibindo História N O imperialismo e a Primeira Grande Guerra 1 1 História a utilização bélica de gases asfixiantes, venenosos ou outros. Entretanto, o Protocolo foi rompido apenas 11 anos depois, quando os italianos empregaram o gás de mostarda contra os etíopes. Também os japoneses, no período 1937–43 usaram várias vezes, embora em pequena escala, armas químicas contra os chineses. Na 2ª Guerra Mundial, contudo, essas armas não foram usadas em escala semelhante à da 1ª Guerra Mundial, circunstância particularmente afortunada, pois em fins da década de trinta os alemães haviam descoberto uma nova classe de arma química – bem mais eficiente que quaquer outra até então conhecida –, baseada em compostos organofosforados. As armas químicas Três gases – Tabun, Sarin e Soman – incolores e inodoros, mortíferos mesmo em pequena quantidade (agem sobre os nervos que controlam os músculos, provocando a morte por asfixia ao paralisarem os músculos respiratorios) foram criados pelos alemães entre 1937 e 1943. Suas fórmulas e métodos de fabricação foram posteriormente levados para os EUA; uma das fábricas de Tabun foi, contudo, capturada pelos russos e transferida para a então URSS. No início da década 1950–60 químicos ingleses descobriram substâncias ainda mais tóxicas, cujas propriedades (entre as quais menor volatilidade) foram comunicadas aos americanos conforme um acordo de troca de informações sobre assuntos de defesa. Denominadas ( em código ) VE e VX, têm sido produzidas e estocadas nos EUA, onde também houve aperfeiçoamento do gás de mostarda, do qual várias formas novas se acham agora padronizadas para uso militar. Em seu esforço de pesquisa para encontrar substâncias incapacitadoras, o que chegou a fazer surgir a esperança de uma “guerra sem morte”, os EUA só conseguiram padronizar, até agora, o BZ (de efeito alucinatório). Existe atualmente grande interesse por agentes atormentadores, como o CS, que, em pequenas doses, pode dispersar multidões, provocando, durante alguns minutos, a sensação de um resfriado agudo e muito doloroso. As armas bacteriológicas À diferença das armas químicas, as bacteriológicas nunca tiveram uso bélico em vasta escala. As pesquisas em curso visam a desenvolver organismos causadores de doenças como peste, varíola, sarampo etc. http://www.acordacidadao.hpg.ig.com.br/H&R.htm 1 2 CP00 –23M19 Tratado de Versalhes No Palácio de Versalhes, em Paris, reuniramse os representantes de 32 países, que assinaram um acordo em 28 de junho de 1919, elaborado na verdade pelos representantes dos “Três Grandes” – o presidente Woodrow Wilson dos EUA, e os primeiros ministros da Inglaterra e França, David Lloyd George e Georges Clemanceau – e que foi imposto à Alemanha derrotada. O Tratado, que punha fim oficialmente a I Guerra, pretendia devolver a paz à Europa e ao mesmo tempo, eliminar o potencial bélico e industrial alemão, mas criou uma nova realidade marcada pela postura imperialista dos vencedores e pelo fortalecimento do sentimento nacionalista e de vingança na Alemanha. A Alemanha foi obrigada a entregar todo seu equipamento bélico ( 5 mil canhões, 25 mil metralhadoras, 3 mil morteiros, 1700 aeroplanos, 5 mil locomotivas, 150 mil vagões, 5 mil caminhões, 6 cruzadores, 10 encouraçados, 8 cruzadores e 50 destróieres), a retirar suas tropas da região do Reno, próxima da França, a reduzir o efetivo militar, foi proibida de se unir à Áustria e perdeu todos os seus territórios na África e Ásia. Na Europa, o país foi obrigado a devolver as regiões da Alsácia e Lorena à França e as regiões de Dantzig (de população predominantemente alemã) à Polônia. O governo alemão foi obrigado a pagar pesada indenização, não somente aos países que haviam sido invadidos, mas também aos EUA, Inglaterra e algumas de suas colônias, fortalecendo o imperialismo britânico. O valor inicial da indenização foi fixado em 24 bilhões de libras, que foi reduzido gradualmente, redução que não impediu o desastre econômico no país. A Itália pode ser considerada como grande derrotada na I Guerra. Apesar de ter lutado a favor dos Aliados, de ter contribuído com recursos materiais e de ter parte de seu território ocupado e destruído durante a guerra, não conseguiu ver atendidas suas reivindicações territoriais e recebeu uma parcela irrisória das indenizações pagas pela Alemanha. BURNS, Mcnall Edward. História da Civilização Ocidental. v.2. Porto Alegre: Globo, 1963. p. 865. 1. No final do século XIX, deu-se a passagem do capitalismo de livre concorrência para o capitalismo dos monopólios. Nesse período, situa-se a fase em que, para as grandes potências industriais, a exportação de capitais tornou-se mais importante do que a exportação de mercadorias. Esta é uma das explicações para a) a origem do imperialismo. b) o pioneirismo industrial britânico. c) o surgimento dos bancos. d) a eclosão da Guerra Fria. e) a formação do mercado comum europeu. 2. Qual preposição em relação ao quadro cultural da época do imperialismo é INCORRETA? a) O liberalismo econômico, teoria surgida no final do século XVIII, opunha-se às práticas mercantilistas que alimentavam o poder do Estado com a concessão de monopólios, protecionismo e privilégios a determinados grupos, defendendo a livre concorrência e o câmbio livre. b) Identificado com o capitalismo que as revoluções burguesas e a Revolução Industrial consolidavam, o liberalismo defendia a divisão do trabalho, tanto no plano interno quanto no internacional. c) Embora integrantes de um mesmo contexto histórico, iluminismo e liberalismo econômico divergiam em um ponto central: a limitação do poder estatal, tese não-encampada pelos iluministas. d) O liberalismo político apoiou as investidas da burguesia, pois justificava-se a dominação sobre os outros povos, como meio de estender a civilização européia. 3. Caracteriza o capitalismo monopolista, EXCETO a) a necessidade de altos investimentos é uma das causas do aparecimento da concentração de empresas. b) surgiram vários tipos de concentração de empresas, entre eles, cartéis e holding. c) o cartel caracteriza-se por ser uma concentração vertical, conservando nas empresas suas autonomias jurídicas e técnicas. d) a holding é uma associação de várias empresas sob o controle de uma empresa central. 4.(UNI-RJ) Na segunda metade do século XIX, o mundo assistiu a uma nova e espetacular fase de expansão dos países capitalistas dirigida principalmente para a Ásia e África. Sobre essa expansão colonial e imperialista é correto afirmar que, EXCETO a) um dos objetivos da conquista de outros países seria a necessidade de converter os indígenas pagãos e defender a fé cristã. b) o Japão se integrou ao imperialismo através da era Meiji. c) a procura de matérias-primas, áreas de investimentos de capitais e ampliação de mercados. d) a busca de colônias estava relacionada também com o excedente populacional das nações colonizadoras. e) o colonialismo do século XIX formulou o mito da superioridade racial que enaltecia o branco e a exploração imperialista. 5. (PUC-SP) O Imperialismo representou, na segunda metade do século XIX, “a partilha do mundo” entre as principais potências capitalistas. Através da política expansionista destas últimas pretendia-se, segundo seus defensores, a) sustentar os lucros das grandes empresas aplicando no exterior os capitais excedentes. b) garantir espaços livres para os excedentes populacionais e propagar a civilização ocidental entre os povos atrasados. c) assegurar o fornecimento de matérias-primas para as indústrias daquela potência, além de mão-deobra barata. d) abrir novos mercados para os produtos industrializados, a fim de evitar o perigo da superprodução. e) propagar a religião, difundir a medicina, aumentar os lucros dos grandes grupos financeiros. 6. (PUC-MG) Os países capitalistas, antigos pela grave crise econômica do final do século XIX, buscam no imperialismo uma alternativa de superação dessa crise. São fatores que impulsionam a política imperialista, EXCETO a) a necessidade de obtenção de matérias-primas e de alimentos a preços compensadores. b) os limites do desenvolvimento tecnológico, provocando baixa produtividade. c) a busca de mercados consumidores para os produtos industrializados. d) a obtenção de áreas para a inversão dos capitais excedentes. e) o crescimento populacional além das possibilidades do mercado de trabalho europeu. 7. (UNA) Uma das principais conseqüências do Imperialismo europeu dos séculos XIX e XX foi a História Questões propostas a) dinamização da estrutura industrial nas colônias. b) migração das populações asiáticas para a Europa. c) ruptura do equilíbrio político europeu, conduzindo à Primeira Guerra Mundial. O imperialismo e a Primeira Grande Guerra 1 3 d) organização da economia africana segundo critérios estatizantes. e) concentração da atividade colonizadora na exploração de metais preciosos. a) o protecionismo, o livre-cambismo e a tendência à concentração do capitalismo. b) o socialismo reformista, o imperialismo e a centralização das empresas. c) a tendência à concentração do capital e à centralização das empresas e o imperialismo. d) o colonialismo, o livre-cambismo e o aparecimento de oligopólios. e) o imperialismo, o capital monopolista e o liberalismo econômico na teoria e na prática. 8. (PUC-MG) Durante o século XIX, a Europa ocidental e os Estados Unidos da América conquistaram extensas regiões do mundo, repartindo os continentes entre si e organizando poderosos impérios coloniais para garantirem a acumulação capitalista. Faziam parte dos objetivos estabelecidos por tais potências, EXCETO a) ampliar os mercados no exterior para viabilizar o escoamento dos excedentes produzidos nos seus centros industriais. b) dominar territórios ricos em recursos naturais e matérias-primas, suprindo, assim, a crescente demanda das indústrias em desenvolvimento. c) estabelecer contatos nos limites da circulação de mercadorias com as áreas periféricas, preservando as seculares estruturas produtivas ali existentes. d) exportar capitais para países onde as condições gerais eram extremamente favoráveis a sua reprodução, gerando lucros elevadíssimos. e) obter uma posição privilegiada frente às demais nações, na política internacional. História 9. (Cesgranrio) Sobre a expansão européia na África, na Oceania e na Ásia, no final do século passado, são corretas as afirmações abaixo, EXCETO a) A necessidade de dominar regiões que pudessem absorver parcelas de capital cujo investimento lucrativo era mais limitado na Europa, onde a economia era cada vez mais dominada pelas empresas monopolista. b) O interesse em subjugar regiões em estágio de desenvolvimento inferior, de forma a estabelecer trocas internacionais que atendessem às diferentes necessidades do pólo colonizado e do colonizador. c) A necessidade de dominar áreas situadas em pontos estratégicos nas principais rotas marítimas, em função do acirramento da concorrência entre as potências européias mais desenvolvidas. d) O interesse por estas regiões explicava-se também pela necessidade de subjugar áreas que pudessem absorver emigrantes europeus, oriundos, em sua maior parte, das populações rurais. e) A necessidade de dominar áreas que pudessem fornecer matéria-prima para as indústrias européias e força de trabalho a preços mais baixos do que aqueles pagos aos operários europeus. 10. (PUC-RJ) As transformações do sistema capitalista a partir de 1870/1880, nas sociedades mais industrializadas, tiveram como características principais: 1 4 CP00 –23M19 11. (Vunesp) I. ... longe (...) das melodiosas valsas vienenses (...) eram audíveis os lamentos das nacionalidades abortadas pela prepotência dos grandes impérios... II. ... o capitalismo se transformou num sistema de opressão colonial e de asfixia financeira da intensa maioria da população do globo por um punhado de países avançados... Às afirmações pode-se associar a) b) c) d) e) a a o o a Comuna de Paris. Primeira Guerra Mundial. conflito Sino-Soviético. Congresso de Viena. política da Santa Aliança. 12. (Fatec) Segundo as teorias desenvolvimentistas, a guerra era concebida como a) uma necessidade de ampliar o mercado interno, substituindo as importações. b) uma política econômica tendendo a desvalorizar a produção agrícola. c) uma forma de criar condições para a importação de tecnologia estrangeira. d) um recurso complementar e necessário à importação de produtos primários. e) uma política econômica que necessitava do apoio de todas as classes sociais para ser implementada. 13. (Puccamp) Ao eclodir a Primeira Guerra Mundial, em 1914, a Alemanha dispunha de um plano militar – o Plano Schlieffen – que tinha como principal objetivo a) b) c) d) e) 14. o ataque naval à Inglaterra. neutralizar os Estados Unidos. a aliança com a Itália e o Japão. agir ofensivamente contra a França e a Rússia. a anexação da Áustria. (UEL) Em 1919, Wilson (Estados Unidos), Lloyd George (Inglaterra) e Clemenceau (França) definiram a Paz de Versalhes, em que a) a Alemanha foi considerada culpada pela Guerra e submetida a indenizações e retaliações c) d) e) 15. (Mackenzie) A respeito do envolvimento dos EUA na Primeira Grande Guerra é INCORRETO afirmar que a) foi influenciado pela intenção germânica de atrair o México, prometendo-lhe ajuda na reconquista de territórios perdidos para os EUA. b) os EUA financiaram diretamente a indústria bélica franco-inglesa e enviaram um grande contingente de soldados à frente. c) uma possível derrota da França e Inglaterra colocaria em risco os investimentos norte-americanos na Europa. d) contrariando o Congresso, o presidente dos EUA rompeu a neutralidade, declarando guerra às forças do Eixo. e) a adesão dos E.U.A. desequilibrou as forças em luta, dando um novo alento a Entente. 16. (Mackenzie) Ao término da Primeira Grande Guerra, as potências vencedoras responsabilizaram a Alemanha pela guerra e foi-lhe imposto um tratado punitivo, o Tratado de Versalhes, que teve como conseqüências: a) degradação dos ideais liberais e democráticos, agitações políticas de esquerda – como o movimento espartaquista, crise econômica e desemprego. b) enfraquecimento dos sentimentos nacionais, militarização do Estado Alemão, recuperação econômica e incorporação de Gdansk. c) anexação das colônias de Togo e Camarões, a afirmação dos ideais liberais e democráticos e a valorização do marco alemão. d) prosperidade econômica, rearmamento alemão, desmembramento da Alemanha e fortalecimento dos partidos liberais. e) surgimento da República Democrática Alemã e da República Federal Alemã, fortalecimento do nazismo, militarismo e diminuição do desemprego. 17. I - Entre as propostas dos 14 Pontos de Wilson, incluía-se a criação de uma Liga das Nações para a preservação da paz mundial; II- O Tratado de Versalhes impôs propostas humilhantes à Alemanha, refletindo o revanchismo francês. III- A Rússia saiu da Primeira Guerra após a Revolução socialista de 1917. IV-As propostas de paz impostas à Tríplice Aliança, ao final da Primeira Guerra Mundial, são conhecidas como a Paz dos Vencedores. V- Após a Primeira Guerra, emergiram Estados totalitários na Alemanha e na Itália. Assinale a alternativa CORRETA, quanto às afirmativas acima. a) Todas estão incorretas. b) Todas estão corretas. c) Somente a I e a II são corretas. d) Somente a II e a III estão corretas. e) Somente a III, a IV e a V estão corretas. 18. (Fuvest) Os Tratados de Paz assinados ao fim da Primeira Guerra Mundial “aglutinaram vários povos num só Estado, outorgaram a alguns o status de ‘povos estatais’ e lhes confiaram o governo, supuseram silenciosamente que os outros povos nacionalmente compactos (como os eslovacos na Tchecoslováquia ou os croatas e eslovenos na Iugoslávia) chegassem a ser parceiros no governo, o que naturalmente não aconteceu e, com igual arbitrariedade, criaram com os povos que sobraram um terceiro grupo de nacionalidades chamadas minorias, acrescentando assim aos muitos encargos dos novos Estados o problema de observar regulamentos especiais, impostos de fora, para uma parte de sua população. (...) Os Estados recém-criados, por sua vez, que haviam recebido a independência com a promessa de plena soberania nacional, acatada em igualdade de condições com as nações ocidentais, olhavam os Tratados das Minorias como óbvia quebra de promessa e como prova de discriminação”. Hannah Arendt, As origens do totalitarismo. A proposição que representa uma interpretação correta do texto é: a) Após a Primeira Guerra, os Tratados de Paz estabelecidos solaparam a soberania e estabeleceram condicionamentos aos novos Estados do Leste europeu através dos Tratados das Minorias, o que criou conflitos entre diferentes povos reunidos em um mesmo Estado. História b) territoriais, semeando o descontentamento e o revanchismo. os bolcheviques, liderados por Lênin, tiveram apoio inglês para assumir o governo russo, estabelecendo o primeiro Estado socialista. os russos brancos estabeleceram uma aliança com a Alemanha e conduziram a Rússia à Guerra Civil. a Itália, sob a liderança de Mussolini, pôde organizar, financiada pela França, a marcha sobre Roma. se estabeleceu a nazificação alemã, que se fundamentou no armamentismo e na busca do “espaço vital”, ou seja, na geopolítica da conquista territorial. b) O surgimento de novos Estados-nações se fez respeitando as tradições e instituições dos po- O imperialismo e a Primeira Grande Guerra 1 5 vos antes reunidos nos impérios que desapareceram com a Primeira Guerra Mundial. c) Os Tratados de Paz e os Tratados das Minorias restabeleceram, no mundo contemporâneo, o sistema de dominação característica da Idade Média. d) Apesar de os Tratados de Paz estabelecidos depois da Primeira Guerra terem tido algumas características arbitrárias em relação aos novos Estados-nações do Leste europeu, o desenvolvimento histórico destas regiões demonstra que foi possível uma convivência harmoniosa e gradativamente ocorreu a integração entre as minorias e as maiorias nacionais. e) Os Tratados de Paz depois da Primeira Guerra conseguiram satisfazer os vários povos do Leste europeu. O que perturbou a convivência harmoniosa foi o movimento de refugiados das revoluções comunistas. 19. Foi em 1894 que acabou o século XIX (...) De 1815 a 1914, a Europa (...) desfrutara um século de paz (...) Nesse século, a burguesia pôde consolidar o seu poder (...) E o imperialismo colonialista ia bem, obrigado, na África e Ásia. A guerra de 1914 caiu como uma bomba neste (paraíso). História A Primeira Grande Guerra descortinou uma série de conflitos camuflados neste “paraíso” tais como: a) a luta pelas terras conquistadas na América e a manutenção do tráfico de escravos. b) a disputa de mercados mundiais pelas nações européias imperialistas como a Inglaterra, Alemanha e França e a opressão aos movimentos nacionalistas na África e na Ásia. c) a difusão do movimento socialista em países como a Inglaterra e França com o advento da Revolução Russa. d) a disputa dos mercados consumidores europeus pelas nações independentes da África e da Ásia. e) a luta dos americanos e brasileiros pelo controle dos mercados fornecedores de matérias-primas japoneses e africanos. 20. A Primeira Guerra Mundial, que enfraqueceu a Europa em população e importância econômica: a) acarretou a criação da Liga Pan Germânica encarregada de efetivar o Anschluss. b) contribuiu para a concretização do Pacto Germânico-Soviético de não agressão, firmado entre Guilherme II e Nicolau II. c) contribuiu para a formação, dentro da Sérvia de sociedades secretas, tais como a Mão Negra fundada em 1921. d) contribuiu para a criação de um clima favorável para a aceitação dos princípios do socialismo utópico. e) acarretou a difusão das idéias que apontavam as contradições do liberalismo. 1 6 CP00 –23M19 Gabarito a) 1, 4, 12, 14, 16, 18 b) 6, 11, 17, 19. c) 2, 3, 5, 7, 8, 10 d) 9, 13, 15 e) 20