Comunhão com o Pai I João 1. 1-4 03.02.01 Introdução A partir deste sermão começaremos o estudo sistemático da carta do apóstolo João. Confesso que, talvez, esta seja a carta mais difícil para estudo, comparado aos livros de Malaquias, I Timótio e I Coríntio que já estudamos. Algumas considerações antes de analisarmos o texto : 1. Está carta foi dirigida a todas as igrejas, se tratava de uma mensagem universal, diferente da carta aos Coríntios que fala especificamente a uma igreja e seus problemas. Não há uma saudação específica como podemos ver nas cartas dirigidas. 2. Acredita-se que João tenha escrito essa carta às igrejas da Asia e que o tenha feito estando na cidade de Éfeso, por volta do ano 100 d. C., ou talvez um pouco mais. 3. Ray Stedmam sugere, em seu estudo de I João, que o ministérios de João, Paulo, Pedro podem ser distingüidos pelas profissões que exerciam antes de conheceream a Cristo. Por exemplo: Pedro foi chamado enquanto pescava, esta era sua profissão. Assim lhe foi designado o ministério da pregação, passou a pescar vidas. Certo dia, pregou e 3.000 almas se entregaram a Cristo. Paulo tinha como profissão fazer tendas. Ele construia os fundamentos para, sobre estes, colocar as tendas. Da mesma forma lhe é dado a responsabilidade de construir a base doutrinária da nossa fé. João é diferente, quando ele foi chamado ele estava remendando suas redes. Ele é para nós como aquele que liga novamente a nossa fé à verdade. Toda vez que a apostasia está entrando dentro da igreja, é nas cartas de João que vamos encontrar o elo com a verdadeira fé . E é isso que vamos ver nesse primeiro trecho da carta do apóstolo João . 1 ¶ O que era desde o princípio, o que temos ouvido, o que temos visto com os nossos próprios olhos, o que contemplamos, e as nossas mãos apalparam, com respeito ao Verbo da vida. O princípio do principio Existem na palavra de Deus dois princípios: o primeiro se trata da criação, como é relatada em Gênesis 1.1. Esse princípio tão somente trata dos eventos de Deus na formação do universo. Agora, quando vemos acerca de Jesus, nos é ensinado uma parte além: que Jesus, a terceira pessoa da trindade, já havia antes do começo da criação . A bíblia precisa colocar os começos porque nós, seres humanos, somos finitos e entendemos pouco de eternidade, por isso tudo para nós tem que ter um começo e que antes do começo da criação não havia nada mas Deus já existia e Jesus já estava com Deus e era Deus . Mas aquele que estava desde o princípio não se manifestou apenas em espírito que era uma das doutrinas hereges da época, mas foi visto, contemplado, tocado . Sentimos aqui uma profunda solidariedade de Deus com a nossa natureza mesquinha e perversa, a ponto daquele que era em glória desde o começo, se limitar na corrupção da carne para nos salvar. Jesus uma pessoa Agora, muitos de nós, quando olhamos para Jesus não o vemos como uma pessoa com quem podemos nos relacionar, tocar. Para muitos, Jesus não pode ser tocado, nem sentido, nem tão pouco ouvido ou compreendido. Jesus é apenas Deus e Deus nós não sabemos como é . Realmente, nós complicamos as coisas. A nossa limitação não nos permite sentir que Jesus pode ser tocado, ouvido, contemplado, compreendido e vivido intensamente nas nossas vidas. Alguns de nós não acredita, apesar de sabermos que Jesus foi um homem semelhante a nós, capaz de nos entender e de estabelecer conosco um relacionamento intenso. Algumas religiões tentam colocar Jesus como um fantasma, um espírito iluminado que andou pela terra. Deixam de lado que este espírito habitou a matéria, sofrendo as mesmas dores humanas. Não! Jesus sofreu, padeceu e morreu como qualquer homem, para nos dar vida! Verbo da vida E por isso ele se torna para nós o verbo da vida, toda vida vem dele, toda a criação se origina nele e não somente espiritual mas também fisicamente . Nisso vemos seu amor e cuidado por nós . 2: (e a vida se manifestou, e nós a temos visto, e dela damos testemunho, e vola anunciamos, a vida eterna, a qual estava com o Pai e nos foi manifestada), 3: o que temos visto e ouvido anunciamos também a vós outros, para que vós, igualmente, mantenhais comunhão conosco. Ora, a nossa comunhão é com o Pai e com seu Filho, Jesus Cristo.4: Estas coisas, pois, vos escrevemos para que a nossa alegria seja completa. As testemunhas oculares Esta carta foi escrita em meio a uma crise: alguns se diziam cristãos, mas não aceitavam as doutrinas que os apóstolos ensinavam a respeito da vida de Jesus. Semelhante a Paulo, João requisita a sua autoridade de testemunha ocular de Cristo para manter a palavra de Deus. O evangelho do falar . Algumas pessoas nunca viram a Jesus e falam com muita convicção, outras nunca sentiram e nunca o tocaram, mesmo assim mudam a palavra de Deus. Não se convencem de que o que foi escrito foi vivido e é real. Cristão assim sempre estará quebrando a comunhão com Deus e com a verdade de Deus. Cristãos que tentam explicar o que os apóstolos viram e viveram de maneira deturpada sempre existirão com suas vãs sutilezas. Um desafio: a comunhão prática com Deus Por outro lado, há a necessidade de sermos práticos em nossa comunhã. As originais testemunhas oculares transmitiram a sua experiência à segunda geração de Crentes formandos. Extraordinárias testemunhas oculares. Não há lugar apenas para ouvintes, na verdade aquilo em que eu sou testemunha, espero estar formando novas testemunhas. Não são lendas e histórias apagadas . A minha vida com Cristo deve ser tão fluente que influencie novas vidas, do contrário não haverá frutos, apenas ouvintes. Existem pessoas que ouviram falar de experiências com Cristo e por isso estão aqui, agora elas precisam ter as suas experiências com Cristo, para que nasçam frutos verdadeiros. Assim, temos duas conseqüências: 1ª - Não há real comunhão Na verdade aquilo que era pregado e vivido agora está desassociado, não tem mais unidade com aquilo que está sendo pregado pela nova geração de crentes. Em nada tem a ver com a fé original. Isso pode ser um grande problema para a igreja que não consegue fazer discípulos. As pessoas estão dentro da igreja mas não na mesma comunhão com a palavra original daqueles que a levaram para igreja. Eu tenho muito receio de que estajamos apenas evangelizando e esquecendo de discipular, de levar esses irmãos que estão conhecendo a palavra de Deus a terem uma experiência real com Cristo. Um dos únicos métodos que temos para fazer discípulos é a EBG, mas hoje eu percebo que não conseguimos levar todos a esse discipulado. Nós precisamos de testemunhas vivas de Cristo e que estejam dentro da igreja, ao meu lado, fazendo com que outras pessoas sejam novas testemunhas vivas na mesma comunhão. 2ª - Alegria incompleta A segunda conseqüência é que nós nos intristecemos quando vemos pessoas aceitarem a palavra, mas se não vivem a palavra de Deus a nossa alegria não pode ser completa, porque sabemos que, por mais que estejam perto, não estão totalmente entregues à verdade. Algumas vezes eu tive, tenho e vou ter esse sentimento de que a minha alegria não pode ser completa. Porque ao ver algumas pessoas se converterem, serem libertas e transformadas e depois não dão continuidade a sua salvação. Não crescem na palavra de Deus, amadurecendo a sua fé livre de heresias. Assim como a alegria de João não era completa, a nossa também não pode ser completa enquanto pessoas não estiverem dispostas a assumir um papel espiritual sobre outras pessoas, fazendo com que a palavra seja uma experiência constante no povo de Deus. Conclusão Há a preocupação com o nosso discipulado e com a nossa liderança espiritual e é necessário que estejamos orando para que todos possam desfrutar da comunhão plena com Deus. Tendo a consciência de que Cristo é o verbo e estava desde o princípio. Só assim desfrutaremos de uma alegria constante e viva.