Contribuição de Max Scheler para a Filosofia

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INSTITUTO PACKTER
INSTITUTO INTERSEÇÃO
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM FILOSOFIA CLÍNICA
CONTRIBUIÇÃO DE MAX SCHELER PARA A FILOSOFIA CLÍNICA
Luiza Maria Conti
Monografia apresentada ao programa de
Especialização em Filosofia Clínica do
Instituto Packter, como parte dos
requisitos para obtenção do Título de
Especialista em Filosofia Clínica
Orientadora: Mônica Aiub
São Paulo
2009
“Vou”
Trocar almas, humores
Tudo o que quero, sei
Abro leques, asas
Advinho, sei
vôo
Aos meus filhos: Adah, Meco e Ana
Índice
Resumo / Palavras Chaves
i
1. Introdução
2
2. Aspectos Históricos
4
3. A filosofia de Max Scheler
10
4. A escala de Valores
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5. A obra - A Reviravolta dos Valores
13
6. A Posição do Homem no Cosmos
15
7. Scheler e a Filosofia Clínica
16
8. Conclusão
20
9. Referências Bibliográficas
21
Resumo
Este trabalho abordará relações entre o pensamento do filósofo Max Scheler e os
fundamentos da Filosofia Clínica, em especial a partir da Axiologia, como estudo e
escalonamento de Valores na singularidade do indivíduo.
Palavras-chave: Axiologia – Escala de Valores – Paradoxo – Posição do Homem no
Cosmo - Virtude
Luiza M. Conti – Max Scheler e Filosofia Clínica
1. Introdução
É através da Axiologia (estudo dos valores) que a Filosofia Clínica pesquisa a
conseqüência e a interrelação dos valores com os outros tópicos da Estrutura de
Pensamento do partilhante, visando saber o peso subjetivo deles na sua vida.
O presente artigo mostra como o escalonamento dos valores proposto por Max
Scheler ajuda, a partir da historicidade do partilhante, a iluminar os valores subjetivos “
desse” indivíduo. Só em poder dos dados dessa historicidade verificamos os choques
entre os valores desse indivíduo, os valores da época e os valores dos outros. Que valores
são importantes para ele? E em que medida?
Na Clínica, o filósofo terá que se distanciar da tábua de Scheler, caracterizada por
um a priori valorativo e se fixar na do partilhante. Há um paradoxo na ética scheleriana,
porque ao mesmo tempo em que ela é pautada em princípios universais, nosso filósofo
elege o Amor e o Afeto humanos como sentimentos integrantes de sua filosofia. Sendo o
homem um ser limitado, contextualizado pela sua história e genética, qual das éticas rege
suas ações?
Conflitos aparecem quando valores familiares, sociais ou religiosos arraigados
entram em choque com nossas paixões ou preconceitos. Consequentemente essa pesquisa
é obrigatória e importante para direcionar o procedimento clínico baseado no método
proposto por Lúcio Packter.
Dentre os filósofos que estudei, escolhi Max Scheler por julgar que seu
pensamento é abrangente o suficiente para iluminar meu trabalho. Considerado o
Nietzsche cristão, seu “martelo” atinge, nesse caso, os hipócritas que desvirtuam o
pensamento e as virtudes cristãs.
Lendo seus livros, creio ter adquirido maior conhecimento do modo como ele formulou
sua filosofia que é absolutamente singular ainda que tenha incorporado várias idéias de
filósofos e cientistas na sua construção. E, nesse caminhar, meu objetivo foi atingido ao
ter me aproximado mais do meu interesse pela teologia e filosofia e pelo entrelaçamento
entre elas, tendo como elo a Filosofia Clinica.
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Luiza M. Conti – Max Scheler e Filosofia Clínica
Para cumprir a tarefa proposta, iniciarei apresentando aspectos históricos: um
percurso histórico das questões Axiológicas, a fim de situar o pensamento de Max Scheler
no interior da História da Filosofia. Em seguida, apresentarei brevemente as principais
idéias de Max Scheler, destacando seu escalonamento de valores, com especial atenção
para as obras A Reviravolta dos Valores e A posição do homem no cosmos. Para finalizar,
estabelecerei as relações entre a proposta axiológica de Scheler e o tópico Axiologia em
Filosofia Clínica, situando-o num processo autogênico.
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Luiza M. Conti – Max Scheler e Filosofia Clínica
2. Aspectos Históricos
Comecemos por entender, por intermédio de uma história no tempo, como o
homem, desde as formas mais primitivas de comunidade, vivendo em grupo, tomava suas
decisões na sua vida cotidiana a qual, bem ou mal, ele foi se acomodando. Foram
precisos, entretanto, muitos milênios para que ele fosse capaz de refletir sobre esses atos e
percebê-los como algo que dependia dele.
A passagem do plano da prática moral ou da vivência do dia a dia para a moral
reflexa, coincide com o início do pensamento filosófico ou nascimento da ética, que pode,
assim, ser definida como a ciência do comportamento moral dos homens em sociedade.
A ética é a ciência do “ethos” que a princípio significa “a morada do animal e passa
a ser a ‘casa’ (oikos) do ser humano, não já a casa material que lhe proporciona fisicamente
abrigo e proteção, mas a casa simbólica que o acolhe espiritualmente e da qual irradia para
a própria casa material uma significação propriamente humana entretecida por relações
afetivas, éticas ou mesmo estéticas, que ultrapassam suas finalidades puramente utilitárias
e a integram plenamente no plano humano da cultura” (VAZ,1999: 39-40).
Para que a comunidade pudesse crescer saudável era necessário, para os gregos
clássicos, construir essa casa apoiada na tradição, a fim de defender-se de hábitos
estranhos, advindos de outros povos. Ao mesmo tempo era necessário assimilar novos
valores em resposta a novas situações. Essa é, conforme Vaz, a historicidade própria do
“ethos”.
Vemos que em cada período histórico as doutrinas éticas se desenvolveram em
resposta aos problemas básicos da relação entre os homens, e aos problemas particulares
dos mesmos. Consequentemente parece não se poder desvincular a ética da história.
Se, no entanto, parece existir um vínculo claro entre elas, penso que o término de
um período histórico não determina o fim de sua ética. Ela ressurge modificada,
adaptando-se aos novos tempos. Heráclito intuiu essa dinâmica ao afirmar que embora o
“rio seja o mesmo”, as águas não o são.
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Luiza M. Conti – Max Scheler e Filosofia Clínica
Aristóteles, apontado como o primeiro filósofo que propôs o problema teórico de
definir o que é o Bem, tornou-se o sistematizador da ética como ciência. Ele a vê como
parte da ciência política em que o bem supremo é a felicidade do cidadão e esta só pode
ser alcançada na vida em comum: na cidade ou “polis”.
Antes, Platão também relaciona a ética à política, mas não no sentido de
Aristóteles; pois diferente deste, na ética daquele, existe um dualismo ontológico entre o
mundo sensível e o mundo inteligível ou das idéias. Esse dualismo advém de Pitágoras
que acreditava no mundo harmonioso dos números ou formas, sendo este tão real quanto
o mundo das aparências.
Aristóteles não vê a idéia do Bem separada dos indivíduos concretos; estes para
alcançar a felicidade, por intermédio da virtude, precisam de algumas condições, como
maturidade, bens materiais, liberdade pessoal, saúde, etc.
Para os estóicos e epicuristas, também chamados “socráticos menores”, que
aparecem no processo de decadência do mundo greco-romano, a moral não mais se
define em relação a “polis”, mas ao universo. A doutrina ou escola de Epicuro é
caracterizada como naturalismo radical significando que a vida ética ou vida virtuosa é a
vida segundo a natureza, vista por eles como “logos” ou Razão. Os epicuristas possuem
certo grau de liberdade, acreditando que tudo o que existe, incluindo a alma, é formado de
átomos materiais, sendo estes independentes de toda a intervenção divina.
Consequentemente buscam o prazer, o Bem, para Epicuro, sem temor religioso, apesar de
postularem ser dever do homem procurar os valores espirituais, superiores aos valores
corporais.
O Estoicismo, como doutrina, caracteriza-se pela máxima “só a ação reta ‘orthos
logos’ é ação virtuosa” (VAZ,1999: 157) própria do Sábio que possui a intenção e a
disposição espiritual para agir em acordo interior com o Logos Universal sendo o que se
espera para uma vida ética. “Há, pois, segundo os estóicos, uma exata correspondência
entre bem=razão=virtude=vida ética; e sendo a razão expressão da physis ou Natureza
enquanto Logos universal, a vida ética ou vida virtuosa é a vida segundo a natureza” (VAZ,
1999:156).
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Luiza M. Conti – Max Scheler e Filosofia Clínica
A escola estóica, diferente da epicurista , não foi fundada nem se desenvolveu
com um único fundador. Ela começou com Zenão de Cítio, mas teve entre seus primeiros
sucessores Cleantos de Assos e Crisipo de Solis.
Como a ética epicurista e estóica surgem numa época de decadência e crise social,
também perdem importância nesse momento, dando continuidade e passagem para a
ética cristã medieval.
Deve ficar claro que aí houve um lento trabalho de assimilação das virtudes gregas
que foram incorporadas às cristãs, sendo estas normativas ao contrário daquelas,
reflexivas. Esse período pode ser marcado pelas obras de Agostinho de Hipona,
claramente influenciadas por Platão,e posteriormente pelo teólogo Tomás de Aquino. No
caso de Aquino, suas idéias são calcadas na metafísica e ética aristotélicas. As tradições
platônica e aristotélica permaneceram vivas e vigorosas por toda a Renascença.
Na modernidade, com Descartes, a espiritualidade sai do âmbito da religião e
centra-se no homem, que a partir daí adquire um valor pessoal, não só como ser
espiritual, mas também corpóreo, sensível, dotado de razão e especialmente de vontade.
Dando continuidade a essa investigação, Kant defende que a bondade de uma
ação depende da vontade com que ela é praticada. Dessa forma, o único bem em si
mesmo, sem restrição, é uma “boa vontade”, centrada no dever, como liberdade do
querer. Há assim, no sujeito, algo de universal, que ele chama de Imperativo Categórico.
Nesse fluxo histórico, aparece Brentano, pensador não valorizado por muitos na
história da filosofia contemporânea, mas sem o qual ela seria impensável. Seus estudos de
Aristóteles e suas investigações lógico-linguísticas foram o tronco a partir do qual se
desenvolveu a fenomenologia e a filosofia analítica.
A tese fundamental de Brentano é a do caráter intencional da consciência. A
intencionalidade vem de “intentio”, idéia que já aparecia nos escolásticos. Segundo
Brentano, a intencionalidade é o caráter específico dos fenômenos psíquicos, enquanto se
referem a um objeto, que está sempre imanente na consciência.
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Luiza M. Conti – Max Scheler e Filosofia Clínica
No texto “L’origine de la connaissance morale”, Brentano toma o sentido da palavra
natural “como aquilo que é dado naturalmente” ou “inato”, em oposição ao que é
sensível, isto é, adquirido pela experiência através dos sentidos. Ele acredita que nossas
faculdades cognitivas são “por natureza” capazes de conhecer os conceitos de Justiça,
Bem, Moralidade, etc. Nesse ponto, aproxima-se do Imperativo Categórico de Kant,
embora não comungue de todas as idéias do filósofo.
A representação, o juízo e o sentimento, são basicamente as três intencionalidades
e distinguem-se entre si pela natureza do ato intencional que as constitui. Na
representação, o objeto está simplesmente presente; no juízo é afirmado ou negado e no
sentimento ou emoções o objeto é amado ou odiado
Brentano prioriza as emoções, mas não crê que essas sejam meramente
representações subjetivas. Ele as vê como a “coisa em si”, análoga a uma lei matemática
do mundo emocional. A intencionalidade da consciência encontra eco na filosofia de
Husserl, discípulo de Brentano, que teve uma grande influência no seu pensamento.
Husserl, à semelhança do cogito cartesiano, funda o método fenomenológico, dando
origem ao movimento que mais influenciou a filosofia do século XX, antes calcada nas
ciências da natureza. Esse método pretende separar o “mundo exterior” da consciência,
colocando-o “entre parênteses”, numa operação que Husserl denomina de epoque ou
redução fenomenológica, para assim estudá-la melhor.
A partir dessa época, a questão da objetividade e subjetividade dos valores trouxe
novos desafios para a ética. Daí a importância da Axiologia, ciência que estuda os valores.
A filosofia respondeu de duas formas à pergunta se os objetos tinham valores por si
mesmos ou se era o sujeito que os valora. De um lado encontra-se o objetivismo
axiológico que possui antecedentes tão longínquos, como a doutrina metafísica de Platão
sobre as idéias e que está representado contemporaneamente pelos filósofos Max Scheler
e Hartmann. Também são filósofos dessa linha Kierkegaard, Heidegger e Sartre.
São traços fundamentais dos objetivistas a idéia de que os valores subsistem por si
próprios sendo absolutos, ou seja, não dependentes dos homens: são imutáveis e
incondicionados. Eles estão relacionados com os bens que os encarnam e esses só são
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Luiza M. Conti – Max Scheler e Filosofia Clínica
valiosos quando os suportam. Exemplos disso são a Bondade, nos atos bons, a Beleza,
nas coisas belas e a Utilidade, nas coisas úteis.
De outro lado, a segunda resposta da filosofia elege o sujeito como aquele que
valora o objeto. Sustenta que não existem objetos com valor em si, independentes de
qualquer relação com o sujeito.
O ano de 1903, em matéria de história das idéias, marca o início do neopositivismo com a publicação da Principia Ethica de Moore. Esse movimento iniciou-se na
Inglaterra com eco no movimento pragmático, nos Estados Unidos. Mais tarde migrou-se
para Viena onde constituiu o chamado Círculo de Viena. Assim como Kant realizou a
chamada revolução Copernicana, o Círculo de Viena operou a chamada virada lingüística.
Moore, como Bertrand Russell, concluiu que o trabalho do filósofo deveria ser
analítico, ao contrário dos idealistas que viram, nas grandes sínteses tradicionais, a
totalidade do mundo.
Com Moore, a palavra passa a ser o objeto que expressa o valor, por isso terá que
ser analisada. Para ele, apesar da ética se interessar por problemas de bom
comportamento ou conduta, sua tarefa mais importante é responder às perguntas prévias:
o que é o Bom, o que é o Mal? O que é Conduta?
O livro Principia Ethica é a aplicação de um método prático de análise, tentando
explicar a natureza da moral, a partir do entendimento de expressões usadas na linguagem
corrente e das proposições filosóficas.
Moore aceita mais facilmente a fala do “senso comum” do que a dos filósofos
idealistas. Ele não vê, por exemplo, ”bom” como uma palavra misteriosa, mas
simplesmente como um predicado básico, irredutível, só podendo ser captado por meio
da intuição. Quando temos diante do nosso espírito o objeto singular, como a palavra
amarelo ou bom, ele nos dá sua significação de uma maneira intuitiva.
As idéias de Moore foram resgatadas por Schlick e Wittgenstein, que faziam parte
do Círculo de Viena. Eram chamados positivistas lógicos, constituindo a filosofia
analítica. Se as investigações do Círculo foram de início apenas lógicas, mais tarde abrirão
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espaço para uma ética que inclui a metafísica. Postura diferente dos analíticos terá Max
Scheler.
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3. A filosofia de Max Scheler
Max Scheler nasceu em Munique, em 1874 e morreu em Frankfurt, em 1928. Foi
o mais notável expoente da ética fenomenológica da primeira metade do século XX. Os
estudiosos do filósofo costumam dividir sua vida em 3 épocas:
Na primeira, escreveu uma tese na Universidade de Iena. Na segunda, em contato
com Husserl e Brentano, escreveu sua Ética, uma teoria de valores, na última fase,
aproxima-se do pensamento de Spinoza e Hegel, crendo que o Ser Primordial adquire
consciência de si mesmo no Homem. Como conseqüência desse pensar, é só no humano
que a divindade se mostra.
Todo o pensamento de Scheler, produto de seus questionamentos filosóficos,
desde a primeira fase, fixou-se nas perguntas: o que é o homem? E qual a sua posição no
interior do ser? Para ele, citando Platão, as massas nunca serão filósofos. Esta idéia é
válida até hoje, pois
A maioria dos homens retira sua visão do mundo de uma tradição religiosa ou de qualquer outra
tradição que suga com o leite materno. Mas quem aspira a uma visão do mundo fundada filosoficamente
tem que ter a coragem de se apoiar na sua própria razão. Deve duvidar tentativamente de todas as
opiniões herdadas e não deve reconhecer nada que não lhe seja pessoalmente inteligível e fundamentável
(SCHELER,1986:7).
Por isso, o pensamento de Scheler não é apreciado por personalidades fracas que
não podem suportar um deus imperfeito.
Suas obras mais importantes são: O formalismo na Ética e a ética material dos Valores,
Para a reabilitação do conceito de Virtude e O ressentimento na construção das morais. Esses textos
que nutrem-se da fenomenologia de Husserl que o inspirou a aplicar o método
fenomenológico ao mundo dos valores, fazem parte do livro Da Reviravolta dos Valores. Sua
última obra, A posição do homem no Cosmo, traduz uma evolução de seu pensamento desde
sua conversão ao Catolicismo até uma metafísica panteísta, próxima ao pensamento de
Spinoza, Bruno, Schelling, Hartmann entre outros.
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Luiza M. Conti – Max Scheler e Filosofia Clínica
4. A escala de Valores
Embora considerando Kant o maior de todos os filósofos modernos, Scheler não
o eximia de críticas. Ele o contestava, pois, segundo ele, Kant confunde bens com valores.
Os bens são coisas valiosas, mas que podem ser destruídas pelas forças da natureza, assim
como desaparecem por um período da história. Os Valores, ao contrário, são eternos.
imutáveis.
Ele procurou sair da lógica transcendental kantiana e do psicologismo empirista,
criando uma nova ética, a Ética Material de Valores, que não via a ciência ética como uma
forma de Dever e sim um impulso praticado pela vida, baseado numa percepção afetiva,
que percebe o que é Bom ou Mal. E em consonância com sua hierarquia de valores é
possível julgar se um ato é Bom ou Mal, levando-se em conta a preferência de quem o
pratica. A ordenação dos valores passa a ser então a tarefa mais importante da reflexão
ética.
Scheler distingue cinco ordens de valores:
A – valores sensíveis, centrados sobre o prazer
B – valores pragmáticos, centrados na utilidade
C - valores vitais, centrados sobre a nobreza de vida
D – valores intelectuais, centrados sobre a verdade e Justiça
E – valores do sagrado, centrados sobre a santidade e o amor
Assim sendo, a pessoa é julgada não pela intenção, mas quando se põe em “ser
ato” na preferência de um valor por outro, o que sinaliza um pensamento de inspiração
cristã.
Resumidamente; devemos preferir:
1-
Bens duráveis aos bens passageiros e mutáveis
2-
Os valores são tanto mais elevados quanto menos divisíveis, isto é, que possam ser
partilhados pelo maior número de participantes
3-
Os valores mais elevados são os mais independentes de outros valores
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4-
Os valores são tanto mais elevados quanto maior a plenitude de satisfação que
produzem.
Scheler era atraído pela existência concreta dos homens semelhante à Kierkegaard,
Hartmann, Sartre, Heidegger e outros que fazem parte da doutrina fenomenológica na
qual predomina a lógica do coração. Scheler também foi influenciado por Santo
Agostinho, Pascal e Nietzsche, todos os filósofos que priorizavam o impulso vital, todos
os filósofos da vida.
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Luiza M. Conti – Max Scheler e Filosofia Clínica
5. A obra - A Reviravolta dos Valores
Os textos que compõem esse livro, Para a reabilitação da virtude e o Ressentimento na
construção das morais, apesar de terem sido escritos durante a lª Guerra Mundial, não se atém
a uma visão nuclear daquele momento, mas num contexto histórico que arrasta um
passado e se projeta para um futuro.
Scheler, como um filósofo lúcido, ilumina a sua época criando uma nova filosofia
baseada numa tábua de valores sólida, que não se entusiasma com o que está em voga. Ao
mesmo tempo, ele sabe que “nenhum filósofo em particular pode ser o ponto mais
elevado da história em todos os seus momentos. O filósofo é apenas o ponto mais
elevado da história do pensamento em seu tempo.” (1994:10).
Com o passar do tempo, como Scheler mesmo declara, não houve modificações
em sua opinião sobre os valores, que ele, auxiliando-se do método fenomenológico,
procurou distinguir, “separando o joio do trigo”.
Nessa sua empreitada, faz uma crítica sobre a má compreensão da Virtude e nos
fala do prejuízo causado pelo Ressentimento.
O que pretendo não é senão liberar a juventude alemã de todo o ressentimento. Este intuito não é
válido apenas para a juventude alemã. Nos tempos de crise pelos quais passamos, o ressentimento é tão
devastador quanto a peste negra. Perdidos em discussões formais, os homens de nosso tempo parecem já
não ter mais o menor interesse pela verdade (Scheler, 1994:12).
Sobre a Virtude, sua intenção é clara, quer resgatá-la na sua origem, quando ela
significava “uma consciência de potência para o Bem, totalmente individual e pessoal”
(1994:22). Essa potência não se acha presa a nenhum esforço penoso, como um dever
para ser apreciado pelos outros.
No passado, as pessoas realmente virtuosas possuíam uma aura de nobreza em
que a beleza e a leveza aderiam resultando numa “graça”. Ser virtuoso ou amoroso não
atendia a nenhuma finalidade a não ser a consciência de seu próprio valor.
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Luiza M. Conti – Max Scheler e Filosofia Clínica
Diz Scheler “Nos tempos atuais o mais importante é o trabalho é o sucesso: por
isso é melhor usar a palavra ‘habilidade”. Talvez seja esse o motivo pelo qual hoje em dia,
os virtuosos são tão feios e tão poucos humanos. Ele postula ser a humildade a mais bela
de todas as virtudes que ele chama “virtude dos ricos”, enquanto o orgulho “a virtude dos
pobres”.
A partir daí, vai tecendo uma distinção entre as verdadeiras e as falsas virtudes.
Ainda faz parte dessa obra, o texto O ressentimentto na construção das morais, onde a inveja, o
ciúme e a competição são os venenos que se contrapõem às virtudes autênticas.
Quanto ao Ressentimento, Scheler faz uma crítica à moral burguesa. Como
resultado da impossibilidade de se igualar a seus antigos senhores, com valores mais
elevados, porque baseados no divino, esses novos senhores cuja prioridade valorativa se
centrava no homem, a partir de seu trabalho, não podiam suportar a verdadeira virtude
que aqueles portavam. Daí o ressentimento que acompanha as paixões como a inveja,
ódio e a vingança.
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Luiza M. Conti – Max Scheler e Filosofia Clínica
6. A Posição do Homem no Cosmos
Nesse pequeno livro, Scheler consegue chegar a um amadurecimento de idéias
sobre questões que, conforme suas palavras, o instigaram desde a primeira fase de seus
escritos. Uma dessas questões é: Em que consiste o humano?
Para ele, a Filosofia deveria se transformar em Antropologia Filosófica que é a
reflexão sobre o lugar que o Homem ocupa no Universo. Ele nega a teoria clássica que
explica Deus acima do humano, representada pela tradição judaico-cristã, assim como a
teoria helênica cultuando a Razão , o logos e a teoria da moderna ciência da natureza e da
psicologia genética. Todas elas, a teológica, a filosófica e a científica natural não
conseguem se entender, não existindo assim uma idéia una do homem.
Scheler rejeita todas,apresenta a sua filosofia e introduz a idéia de ESPIRITO,
semelhante a Hegel, mas distanciando-se dele à medida que explica o espírito, como uma
força que vem “de baixo” na sua escala de valores, vem da natureza cega. Já nos referimos
acima que os valores mais altos são os mais frágeis, no sentido de mais sutis. São os
valores do sagrado: “o poderoso é originalmente o mais baixo, o impotente o mais
elevado” (Scheler,1874/1928/2003 pg.63) A realidade mais potente que existe no mundo,
é portanto constituída
de centros de força do mundo inorgânico, onde age o impulso
fundamental.
É aí que sua idéia de espírito o aproxima da de Nietzsche e Freud. Incorporando a
noção de evolução de Darwin, como movimento dinâmico, deduz que o que na planta é
mero processo evolutivo, no animal já aparece como memória e inteligência e, finalmente,
no Homem culmina com a reflexão que, ultrapassando o real, consegue idear e com isso
pensar sobre aquilo que não é visível.
Vê-se que Scheler resgata a metafísica que estava eclipsada desde o século anterior.
Para Sheler, o espírito é uma função particular da consciência, e que possui a
capacidade de se desprender do que é orgânico, das prisões biológicas e lançar-se ao
“mundo” (Scheler, 1874/1928/2003).
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Luiza M. Conti – Max Scheler e Filosofia Clínica
7.
Scheler e a Filosofia Clínica
Sem dúvida, o escalonamento de Valores do filósofo nos ajuda, a partir da
historicidade do partilhante, a iluminar os valores subjetivos “daquele” indivíduo e só em
poder desses dados, verificamos os choques com os valores da época ou com os dos
outros. Que valores são importantes para ele? E em que medida?
Packer nos avisa ser da maior importância para a Clínica filosófica os estudos de
como os dados axiológicos da pessoa se inserem na sua Estrutura de Pensamento. Porém
é só na Autogenia, observando o entrelaçamento da Axiologia com os outros tópicos é
que finalmente podemos ter uma visão mais precisa e iniciar os procedimentos clínicos.
Axiologia é o estudo dos valores, e é nesse tópico que a Filosofia Clínica vai se
debruçar pesquisando o peso de cada um deles na vida do partilhante, assim como a
interrelação desses valores com os outros tópicos da sua Estrutura de pensamento. Tratase de um tópico abrangente, porque é por intermédio dele que se observa a verdadeira
intenção e, consequentemente, a atuação da pessoa, nem sempre tão clara a ela. Lucio
Packter vê a Axiologia como medida sanitária em Filosofia Clínica, pois é através dela que
se conhecem os critérios de valor e os motivos escondidos por trás das palavras que
forjaram a estrutura de pensamento e que nem sempre condizem com que aparece à
primeira vista na clínica. Às vezes a pessoa reconhece intelectualmente que determinados
valores são muito importantes para ela, mas seu comportamento na vida prática mostra o
contrário. Refiro-me, a alguém, por exemplo,que com um grande desejo de ser acariciado
se esconde atrás de uma máscara “fria”,conseguindo desse modo afastar a oportunidade
de realizá-lo. Outro que considera a honestidade seu lema de vida e “esquece” de pagar
suas dívidas.
É importante, por isso e sempre, a investigação do filósofo na historicidade da
pessoa,aplicando as divisões que se fizerem necessárias por épocas ou eventos de vida da
mesma, a fim de precisar quais os dados determinantes,isto é, aqueles que aparecem com
maior força em cada tópico da sua Estrutura de Pensamento. O planejamento clínico se
fará avaliando-se os dados obtidos no processo, denominado
autogênico que nos
informará como a pessoa está estruturada. Em seguida estabelecer as relações entre eles e
os choques provenientes disso. E só a partir daí poder fazer uso dos Submodos,que nada
mais são do que os jeitos ou maneiras que cada um escolheu para realizar suas ações no
mundo.E quando isso ou não funciona mais ou é motivo de sofrimento as pessoas
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Luiza M. Conti – Max Scheler e Filosofia Clínica
procuram ajuda. Finalmente,na aplicação dos procedimentos, o filósofo clínico terá o
cuidado de não querer substituir uma representação por outra, sem antes fazer uma
acomodação aceitável evitando assim causar prejuízos a pessoa.Posso acrescentar, sem
deixá-la “desvalorizada”.
A seguir descrevo alguns tópicos da Estrutura de Pensamento e suas respectivas
relações com o tópico axiologia, a título de exemplificação.
Como o mundo parece
O que acha de si mesmo
Esses tópicos são fundamentados por muitos filósofos, mas principalmente por
Protágoras com o primeiro ensinamento aos filósofos clínicos “O homem é a medida de todas
as coisas daquelas que são por aquilo que são e daquelas que não são por aquilo que não são” O que a
pessoa manifesta é o resultado de como estruturou o seu mundo, por isso na clínica a
verdade é sempre subjetiva o que significa como o mundo aparece para ela. Mas ao
mesmo tempo o filósofo também é sua medida e isso nos leva a um relativismo. Então o
que importa realmente é que não existe uma verdade absoluta fora daquilo que foi
convencionado e, segundo Packter, a interseção, resultante do encontro do filósofo
clínico com seu partilhante, cada um em si mesmo, é a medida de todas as coisas.
Schoppenhauer, no seu “Mundo como vontade e Representação” ajuda a
fundamentar esse tópico, desenvolvendo o pensamento de Protágoras, ao postular que o
mundo é representação minha.
A fenomenologia de Husserl instrumentaliza a “epoquê” ou redução
fenomenológica na clínica, quando o mundo do partilhante é posto “entre parenteses”
para melhor ser pesquisado. Gadamer e Merleau-Ponty acreditam na gradual aproximação
na verdade do partilhante, sem, entretanto, conseguirmos uma visão completa.
O tópico “O que acha de si mesmo” se confunde com o tópico acima, mudando o
foco do mundo para a própria pessoa. Como ela vê a si mesma?
No tocante à Axiologia, quais os valores determinantes no seu intelecto que a
fizeram ver o mundo deste ou daquele jeito? Todos eles aparecerão na clínica e os
conflitos desencadeados por choques entre eles.
Pessoas criadas dentro de um rigor religioso, por exemplo, podem ter do mundo a
mesma visão severa, ou ter dificuldade para entrar em contato com formas de intenso
prazer, valor que esse mesmo mundo pode lhe proporcionar.
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Luiza M. Conti – Max Scheler e Filosofia Clínica
Outras pessoas, por considerarem-se portadoras de virtudes ou valores que não
condizem com que os outros acham delas, podem se sentir injustiçadas, o que talvez seja
motivo para procurar ajuda na terapia.
Busca
O tópico busca se propõe a averiguar os projetos, objetivos, metas ou sonhos, às
vezes inconfessos da pessoa que procura a clínica filosófica. Podemos identificar a busca,
observando os termos que o partilhante traz na sua linguagem, como vontade, querer,
desejar, planejar, entre tantos outros.
Em relação à Axiologia, precisamos nos deter nos valores que o impulsionaram a
essa procura pois será a partir deles que se entenderá o traçado da sua trajetória existencial
para atingir sua meta. Às vezes esse objetivo perde sua força inicial, é abandonado pelo
caminho para só mais tarde reaparecer e atingir o objetivo. Vê-se que esse movimento não
é constante e dificilmente segue uma rota linear.
Durante a vida, muitos dos nossos valores mudam, transformam-se, e,
consequentemente, muda também nossa estrutura de pensamento, que não é rígida,
conforme prega a Filosofia Clinica. Ainda assim, muitos deles são determinantes, o que
explica que em algumas pessoas é só na velhice que redescobrem suas metas,
impulsionadas por eles. Outras, tendo atingidos seus objetivos e concluído seus projetos
“batem com a cabeça no teto” e a partir daí tornam-se desinteressadas e repetitivas frente
à vida.
A Filosofia Clínica pesquisará todos esses movimentos e associações entre os
tópicos citados, procurando soluções através de submodos, que são procedimentos
clínicos usados objetivando estimular movimentos existenciais necessários à pessoa.
Significado
O tópico significado tem uma abrangência muito ampla na Filosofia Clínica, pois é
através dele que o filósofo pesquisará o sentido que a pessoa deu aos dados que recebeu
do mundo. Por isso, na Filosofia Clínica, não são aceitas tipologias, por entendermos que
cada um dará um sentido próprio às coisas e o expressará também a seu modo singular.
Em relação à Axiologia, temos que pesquisar qual o significado de cada valor que
aparece na clínica. O que é ser honesto para aquela pessoa? E corajoso? E religioso?
Vários filósofos fundamentam esse tópico e elejo Wittgenstein com seus “jogos de
linguagem”, onde se entende que só se pode compreender os signos do partilhante a
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Luiza M. Conti – Max Scheler e Filosofia Clínica
partir do seu uso na vida prática, e Schopenhauer, através do O mundo como vontade e
representação, como os mais importantes.
As más interpretações de valores resultam em conseqüências desastrosas para as
pessoas assim como para o mundo. Que tal pensarmos nos eternos conflitos resultantes
dessa incompreensão sobre valores religiosos?
Armadilha Conceitual
Por armadilha conceitual entendemos as fixações em padrões de comportamentos
que se assemelham a círculos, com ocultamento de saídas, parecendo não nos levar a lugar
nenhum. Esses padrões não são necessariamente maus, podem significar uma escolha
pessoal na falta de outra maneira da pessoa seguir seu percurso existencial. Nesse caso ela
mostra-se suficientemente livre e crítica para impor seus próprios limites, mesmo que isso
lhe cause algum sofrimento.
Pensando nesse tópico, com referência ao tópico Axiologia, pode ocorrer de
valores religiosos, familiares e políticos terem um peso considerável e gerarem conflitos às
vezes são difíceis de administrar. Há pessoas atadas a outras por alguma “armadilha”, e
não conseguem desatar esse vínculo. Outras, mesmo depois de um casamento, sociedade
ou relação infeliz, ao terem novos parceiros, refazem a outra relação baseada nos mesmos
valores que já haviam se mostrado nocivos.
Conforme observado, o tópico axiologia, assim como os demais tópicos da
estrutura de pensamento, é sempre considerado a partir das relações com os demais
tópicos, categorias e submodos.
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Luiza M. Conti – Max Scheler e Filosofia Clínica
8. Conclusão
A Filosofia Clinica parte da singularidade do homem: cada um de nós é um ser
com suas particularidades. Para aproximar-se dessa singularidade, tarefa difícil, ela se
aproxima da Filosofia, faz uso de seus conceitos para procurar entender nossa Estrutura
do Pensamento. Essa Estrutura, na concepção da Filosofia Clinica, não é dada a priori, e
nem é uma estrutura rígida. É objetivo do filósofo clínico ir ao encontro de seu
partilhante sem uma visão pré concebida sobre ele, mas aberto a percepção de sua
singularidade.
Para isso o método fenomenológico é crucial, e utilizado na Filosofia Clinica pois
“a fenomenologia não pressupõe nada: nem o mundo natural,nem o senso comum, nem
as proposições da Ciência,nem as experiências psíquicas. Coloca-se antes de toda crença e
de todo o pré-juízo para explorar simplesmente e ingenuamente os dados”. (MORA,
1994, 40).
O mais conhecido expoente da Ética fenomenológica foi Max Scheler que
substituiu o dever kantiano com seu Imperativo Categórico por uma Ética de Valores
inaugurando uma nova etapa na investigação ética, o estudo da Axiologia, ciência que
marcou a ética durante a Idade Moderna.
Este trabalho mostra como é possível um diálogo da Filosofia Clínica com Max
Scheler, um filósofo que aparentemente se distancia dela por apresentar uma tábua de
valores, como um dado de verdade.
Este diálogo á possível porque tomamos a tábua de Scheler, não como uma
camisa de força, mas a tomamos como régua ou baliza para pensarmos a escala de valores
do nosso partilhante. E assim, sempre a partir dos valores “daquela” pessoa, pensar
melhor sua singularidade e permitir uma melhor inserção dessa singularidade no mundo.
Realizar esse trabalho não foi fácil, mas foi prazeroso, pois através dele descobri
um potencial que eu no fundo adivinhava. Sua realização partiu de conceitos teóricos que
ganharam vida e repercutiram no sujeito que o realizava.
Senti que durante o percurso de idas e vindas, minha alma visitou toda a minha
vida desde a infância até hoje. E se identificou com os objetivos da Filosofia Clínica na
sua prática psicotarápica que se realiza através de um diálogo com a tradição filosófica.
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9. Referencias bibliográficas
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CARVALHO, José Maurício. Filosofia Clinica - Estudos de Fundamentação. São
João del Rei:UFSJ, 2005
MORA, J.F. Dicionário de filosofia. Barcelona: Editorial Ariel, 1994
PACKTER, Lucio. Cadernos de Filosofia Clínica. Porto Alegre: Instituto
Packter, s/d.
_____. Filosofia Clinica. São Paulo: All Print, 2008.
RUSSELL, Bertrand. História do Pensamento Ocidental. São Paulo: Ediouro,
2001.
SCHELER, Max. Visão Filosófica do Mundo. São Paulo: Pespectiva, 1986.
________. Da Reviravolta dos Valores. Petrópolis:Vozes, 1994.
________. A Posição do Homem no Cosmos. Rio de Janeiro: Forense
Universitária, 2003.
VAZ, Henrique C. de Lima. Escritos de Filosofia IV. Introdução à Ética
Filosófica1. São Paulo-Loyola,1999.
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