Uma tentativa de resposta (as questões resvalam para muito além da genética molecular e eu não me sinto muito seguro das afirmações que fiz abaixo) P 1: Se existe proteínas com funções similares (poderia dizer até idênticas) em organismos diferentes, e altos índices de identidade ou positividade, por que há essa enorme diferença entre os seres vivos? Argumentos do aluno completando a pergunta - Para a pergunta acima, levei em consideração que a informação biológica (por ex.: proteína que transporta o Oxigênio) é a mesma para uma determinada espécie e que existe o cruzamento entre esses indivíduos. Mas na realidade, a pergunta se refere a organismo de espécies diferentes. Estou meio PERDIDO no entendimento desta questão. Reconheço o importante papel das mutações, do cruzamento (levando em consideração que são indivíduos dióicos), mas ainda persiste a questão: Por que há diferença se as expressões gênicas culminam em uma substância que irá realizar a mesmas funções de uma outra em um ser diferente? Como o processo de Dominância e recessividade influência nesta questão ? R: Quando comparamos dois organismos distintos, muitas vezes encontramos proteínas muito semelhantes, ou mesmo “idênticas” entre eles. Mas não se iluda: são apenas algumas delas as conservadas. Há um grande número de outras proteínas que são bastante distintas e algumas mesmo específicas daquele organismo. Assim, o fato de um carro e uma casa terem janela, porta e maçaneta em comum não implica que possam se parecer um com o outro. A diversidade é, em geral maior do que as semelhanças em organismos filogeneticamente distantes. A identidade de sequências de proteínas, mesmo tendo a mesma função, não passa em geral de 50%. E aí vem a segunda parte da resposta: proteínas com a mesma função podem produzir resultados no organismo muito diferentes. Por analogia: um peixe pode ter uma boca grande e outro, do mesmo tamanho, uma boca pequena, com dentes muito fortes. Todos têm boca, mas a diferença entre elas está ligada a uma maneira de comer distinta. As proteínas são assim também: mesmo que as duas tenham a mesma função, podem ter pontos iso-elétricos diferentes, hidrofobicidades distintas, constantes de associação diversas e por aí em diante. No final, vão atuar com velocidades distintas, em condições diferentes e, em conjunto com as demais do organismo, produzir um ser vivo muito diferente do outro. A diploidia tem pouco a ver com sua pergunta, assim como a dominância e a recessividade. 2. Não se sabe por que o conteúdo de GC (ou, inversamente, de AT) varia consideravelmente de espécie para espécie? Argumentos do aluno completando a pergunta - Encontrei esta questão no mesmo livro citado acima. Ao tentar responder cheguei a esta conclusão: “- O conteúdo varia porque o DNA utiliza códons (RNA) que possui um número maior destas bases para codificar os mesmo aminoácidos que outro DNA. Isso acontece porque a maioria dos aminoácidos é codificada por diferentes tipos de códons. Ou seja, não há perda de informação, nem mesmo significa que o DNA não seja capaz de codificar os 20 tipos de aminoácidos, mas sim que o mesmo possui uma outra forma de "escrever" a informação biológica." Há várias teorias para isso, mas não há nenhuma convincente. Há grupos inteiros de organismos ricos em GC, outros pobres nestas mesmas bases, e não posso te dar uma explicação convincente. Quando você fala que o uso de códons é distinto em diferentes organismos, e aqueles que usam códons mais ricos em GC terão um conteúdo GC maior, no cômputo total do DNA, você está certo. Mas não podia ser de outra forma: se uso mais códons com Ge C termino com maior concentração destas bases no DNA (principalmente nos organismos com poucas regiões não codificantes). Mas aí a pergunta vai para os códons: porque eles usam códons mais ricos em G e C? Não tem, como te disse, uma explicação única e há várias possíveis pressões seletivas aí. Quem pode te dar uma luz é o Prof. Valdir Balbino, atualmente no Aggeu Magalhães.