TEMPERATURA DE FREEZERS DE EXPOSIÇÃO DE PESCADO CONGELADO NO MUNICÍPIO DE CAMPOS DOS GOYTACAZES, RJ. FREEZER’S TEMPERATURE OF FROZEN FISH IN THE MUNICIPALITY OF CAMPOS DOS GOYTACAZES, RJ. Graziela Rangel Silveira1; Francimar Fernandes Gomes2, Gleice Rangel Silveira Lima3 Resumo A presença de termômetros nos freezeres de supermercados permite ao consumidor avaliar a qualidade dos produtos armazenados relacionando-os às inadequações de temperatura e as alterações sensoriais. Neste trabalho foram observadas as temperaturas de armazenamento em frezeres de 17 estabelecimentos que comercializam pescado congelado. Foi observado que em 35% destes não existiam termômetros e dentre os que possuíam este instrumento de medição todos registravam temperatura condizente com o que determina o fabricante na embalagem dos produtos. Palavras-chave: Termômetros, Congelamento, Consumidor. Summary The presence of thermometers in supermarket freezers allows consumers to assess the quality of stored products relating them to the inadequacies of temperature and sensory changes. In this work it was observed the freezers temperatures of 17 establishments that sell frozen fish. It was observed that in 35% of these there were no thermometers and of those which had this instrument for measuring temperature all recorded it consistent with what the manufacturer determines in the product packaging. Keywords: Thermometers, Freezing, Consumer. Texto Dentre os métodos de conservação existentes, o congelamento é um dos mais utilizados e depois da refrigeração é o que menos provoca alterações nos alimentos (BAPTISTA e ANTUNES, 2005). Quando o armazenamento do alimento é adequado, a aceitabilidade ao produto se mantém por período superior a um ano (RUITER et al., 1999), entretanto, essa faixa temporal cai drasticamente em condições inadequadas de estocagem. Isso porque ocorrem alterações nos atributos sensoriais em função de mudanças de ordem físico-química e microbiológica. No pescado tais alterações podem propiciar o surgimento de microorganismos deteriorantes, bem como agentes patogênicos responsáveis por surtos de toxinfecções alimentares (ALVES et al., 2005). Situações que acarretam o aumento da temperatura e a degeneração do pescado são comuns nos estabelecimentos que comercializam esta matéria prima. Na medida em que a temperatura cai, diminui também a atividade de microorganismos como as bactérias, logo, para garantir a salubridade dos alimentos e prolongar seu prazo de validade é importante que se faça um adequado monitoramento da cadeia do frio. Sendo assim, objetivou-se neste trabalho verificar as condições de armazenamento de peixes congelados em diferentes tipos de estabelecimentos, haja vista que a ausência de boas práticas para serviços de alimentação pode ocasionar riscos à saúde da população, além de gastos com internação hospitalar e medicações. O estudo foi realizado no Município de Campos dos Goytacazes, RJ durante o período de agosto a novembro de 2010. _______________________ ¹Mestranda em Ciência Animal, ²Professor associado – LMPA/CCTA/UENF, 3Licenciada em Ciências Biológicas. 1Autora para correspondência: Rua Senador Salgado Filho, 19, Pecuária, Campos dos Goytacazes/RJ, CEP: 28053-030, e-mail: [email protected]. Para a verificação das condições de armazenamento do pescado um total de 17 estabelecimentos foi visitado. Estes foram escolhidos ao acaso sendo nove supermercados e oito minimercados. Para a pesquisa foram considerados dados relativos às condições de higiene e funcionamento dos frezzeres, termômetros e embalagens. Os dados foram tabulados e analisados no Setor de Inspeção de Produtos de Origem Animal do Laboratório de Morfologia e Patologia Animal – Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro. Constatou-se a ausência de termômetros em proporção significativa dos estabelecimentos visitados: 33 e 37,5% para supermercados e minimercados respectivamente. Este problema não é raro e já foi citado por autores como Gonçalves et al. (2009) que nos municípios de Balneário Camboriú e Itajaí, SC não encontraram este instrumento de medição em 19% dos estabelecimentos visitados. Por sua vez Pivetta e Basso (2011) na cidade de Santa Maria, RS constataram a ausência do termômetro em 52% das avaliações. Considerando tais resultados infere-se que a carência instrumento denota a falta de preparo dos comerciantes para adoção de medidas que priorizem a segurança alimentar. Para os estabelecimentos que dispunham de termômetros foi constatada a conformidade entre as temperaturas indicadas pelos fabricantes nas embalagens (-18°C) e as registradas nos termômetros dos equipamentos. Tanto nos supermercados quanto nos minimercados as temperaturas de armazenamento eram inferiores a esse valor. É importante salientar que a temperatura de -18°C é ideal para a conservação de todos os alimentos congelados, visto que o desenvolvimento das bactérias nesse caso não ocorre (BAPTISTA e ANTUNES, 2005). Para os estabelecimentos em que a presença de termômetro não foi constatada salienta-se os riscos para o consumidor, visto que este tende a comprar alimentos que não atendem a Resolução RDC-216 da ANVISA. Dentre as recomendações desta resolução enfatiza-se a necessidade de constante monitoramento da temperatura dos equipamentos de refrigeração (BRASIL, 2004). Esta fiscalização é importante para evitar situações que denotem condições inadequadas de refrigeração, assim como fora observado em pesquisa realizada por técnicos do Instituto Nacional de Metrologia que após fiscalizarem balcões frigoríficos em diversas localidades do Brasil encontraram insetos, ferrugem, sujeira no fundo dos equipamentos, além de restos de alimentos fora das embalagens (BRASIL, 2005). Na presente pesquisa, situações inadequadas também foram observadas nos balcões de 38% dos estabelecimentos visitados, dentre elas citam-se: produto fora da embalagem, pescado misturado a outros alimentos, embalagens sujas ou com conteúdo parcialmente congelado, balcões frigoríficos com insetos e termômetros danificados. Todas essas não conformidades infringem a resolução RDC-216 visto que esta determina que os equipamentos usados na exposição de alimentos devem estar em adequado estado de higiene, conservação e funcionamento (BRASIL, 2004). Prado et al (2009) avaliaram a temperatura de gôndolas de exposição em açougues e observaram sua má utilização por estarem na maioria das ocasiões superlotados, por vezes com borrachas de vedação danificadas, sujos e com termômetros defeituosos. Tais situações dificultam a manutenção das condições de higiene e temperatura necessárias para a conservação dos alimentos e corroboram com os dados da presente pesquisa, já que tais irregularidades também foram observadas. O consumidor necessita saber a real temperatura dos produtos que consome no ato da compra, assim o mesmo pode atuar como agente fiscalizador garantindo sua segurança alimentar. Nesta pesquisa observou-se que para os estabelecimentos que dispunham de termômetro o pescado estava sendo comercializado em condições satisfatórias. Em contrapartida nos estabelecimentos onde o termômetro não foi observado o consumidor deve se atentar para sinais que evidenciem o descongelamento. No que diz respeito a comparação entre as condições de temperatura do pescado congelado em supermercados e minimercados, considera-se a equivalência dos riscos para produtos oriundos dos dois tipos de estabelecimento tendo em vista que não foi observada diferença significativa entre as proporções registradas. 2 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALVES, C.L; CARVALHO, F.L.N; GUERRA, C.G. et al. Comercialização de pescado no Distrito Federal: Avaliação das condições. Rev. Higiene Alimentar, 16: 102-103, 2005. BAPTISTA, P; ANTUNES, C. Higiene e Segurança Alimentar na Restauração, v.2: Forvisão, 2005, 136p. BRASIL. INMETRO. Freezeres de Supermercado II. Análise realizada em 18/12/05. Disponível em: <http://www.inmetro.gov.br/consumidor/produtos/freezer es.asp>. Acesso em 17 de out de 2010. BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução n° 216, de 15 de setembro de 2004. Dispõe sobre o regulamento técnico de boas práticas para serviços de alimentação. GONÇALVES, C.C., GODOY, F.I., FELIPE, M.R. et al. Avaliação da temperatura dos equipamentos de exposição de produtos refrigerados e congelados, em estabelecimentos que comercializam alimentos nos municípios de Balneário Camboriú e Itajaí, SC. Rev. Higiene Alimentar, 23: 168-169, 2009. PIVETTA, A. R. B; BASSO, C. Temperatura dos equipamentos de conservação de alimentos congelados e refrigerados, em estabelecimentos comerciais de Santa Maria, RS. Rev. Higiene Alimentar, 24: 184-185, 2011. PRADO, F.F; VALENTE, D; OLIVEIRA, C.A.A. Descrição de temperatura de produtos cárneos, em açougues do município de Ribeirão Preto, SP. Rev. Higiene Alimentar, 23: 174175, 2009. RUITER, Adriaan. (coord.) El pescado y los productos derivados de la pesca. Zaragoza (Espanha): Acribia, 1999, 416p. 3