Proteínas que recuperam ossos

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Proteínas que recuperam ossos
Agência FAPESP - Reabilitação - 14/07/2008
Pesquisa brasileira desenvolve proteínas recombinantes para uso na produção de um
novo medicamento para a regeneração de fraturas, que poderá chegar ao mercado brasileiro
em até cinco anos.
Pesquisadores do Núcleo de Terapia Celular e Molecular (Nucel) da Universidade de
São Paulo (USP) produziram em laboratório duas proteínas recombinantes que deverão ser
utilizadas na formulação de um novo biofármaco destinado ao tratamento de fraturas ósseas.
De acordo com a coordenadora do Nucel e da pesquisa, a professora do Instituto de
Química da universidade, Mari Cleide Sogayar, as proteínas BMP2 e BMP7 estimulam a
formação de tecido ósseo em reparos tanto em ortopedia como em odontologia.
"Identificamos as seqüências de DNA que codificam para essas duas proteínas a partir
dos bancos de DNA do Projeto Transcriptoma da FAPESP, conhecido como Transcript
Finishing Initiative, em que foram obtidas amostras de vários tipos de linhagens celulares, de
diferentes tecidos humanos como estômago, fígado e próstata. Foram quase seis anos de
pesquisa e desenvolvimento até chegarmos a essas duas proteínas recombinantes", disse Mari
Cleide a agência FAPESP.
O Projeto Transcriptoma, resultado de parceria entre a FAPESP e o Instituto Ludwig de
Pesquisa sobre o Câncer, foi conduzido de 2000 a 2003 dentro do Projeto Genoma Humano do
Câncer.
O DNA, ou DNA complementar, é o DNA sintetizado por uma molécula de RNA
mensageiro em uma reação catalisada pela enzima transcriptase reversa. Quando inseridos
em células, cDNAs podem levar ao aumento dos níveis da proteína codificada.
"No banco do Projeto Transcriptoma encontramos dois cDNAs que permitiram
amplificar as seqüências da BMP2 e da BMP7. Com as seqüências de DNA que codificam para
as BMPs em mãos, clonamos essas seqüências, utilizando células de ovário de hamster e
também células de rim embrionário humano, para produzir as duas proteínas recombinantes",
Explicou Mari Cleide.
O estudo, também correspondeu à tese de doutorado de Juan Carlos Bustos
Valenzuela. Segundo a professora, o trabalho deve gerar dentro de poucos anos a formulação
de um medicamento para reparos de fraturas e traumas ósseos decorrentes, por exemplo, de
Osteoporose ou implantes dentários.
"Para criar um biofármaco precisamos de células que produzam as duas proteínas de
interesse em larga escala. Em nosso laboratório temos algumas células superprodutoras, mas
ainda as estamos aperfeiçoando para que purifiquem e produzam em maior quantidade, em
meio
de
cultura,
tanto
a
BMP2
como
a
BMP7",
disse.
O medicamento, segundo a pesquisadora, poderá chegar ao mercado dentro de até
cinco anos. "Estamos em processo de aperfeiçoamento das células superprodutoras. Em
seguida, vamos iniciar a transferência de tecnologia para uma empresa farmacêutica nacional
que
já
demonstrou
interesse
em
produzir
o
biofármaco",
afirmou.
Medicamentos semelhantes, mas importados, estão disponíveis em clínicas
odontológicas e ortopédicas no país, ainda que em baixa quantidade devido aos altos custos.
"Nossa expectativa é que esse novo biofármaco seja mais de 50% mais barato do que os
importados”, disse Mari Cleide.
O desenvolvimento das proteínas no Nucel também contou com apoio da Coordenação
de Aperfeiçoamento do Ensino Superior (Capes), do Conselho Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico (CNPq), da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e da PróReitoria de Pesquisa da USP.
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