MANUAL DE BOAS PRÁTICAS PARA A DIABETES MELLITUS 1ª VERSÃO MANUAL DE BOAS PRÁTICAS PARA A DIABETES MELLITUS 1ª VERSÃO Elaborado por: Carlos Oliveira Emídio Morais Jorge Castro Laura Pliego Marisa Castro Fevereiro 2014 MANUAL DE BOAS PRÁTICAS PARA A DIABETES MELLITUS 2014 ÍNDICE NOTA INTRODUTÓRIA ............................................................................................................ 4 1 – DIAGNÓSTICO DA DIABETES ........................................................................................ 5 1.1 – DIAGNÓSTICO DA DIABETES GESTACIONAL.................................................................. 5 2 – CLASSIFICAÇÃO DA DIABETES ...................................................................................... 8 3 – FATORES DE RISCO DE DIABETES MELLITUS ..................................................... 10 4 – ATUAÇÃO DAS EQUIPAS DE SAÚDE ......................................................................... 11 4.1 – AVALIAÇÃO DO RISCO DE DM ........................................................................................ 11 4.2 – CLASSIFICAÇÃO E REGISTOS INICIAIS APÓS DIAGNÓSTICO DE DM ........................... 13 4.3 – CONSULTA DE VIGILÂNCIA DE DM ................................................................................ 15 4.4 – AUTOVIGILÂNCIA E AUTOCONTROLO DA GLICEMIA CAPILAR ................................... 24 4.5 – EDUCAÇÃO TERAPÊUTICA................................................................................................ 26 4.6– DESPISTE, PREVENÇÃO E TRATAMENTO DA RETINOPATIA DIABÉTICA ..................... 28 4.7 – DESPISTE, PREVENÇÃO E TRATAMENTO DA NEFROPATIA DIABÉTICA ...................... 28 4.8 – DESPISTE, PREVENÇÃO E TRATAMENTO DA NEUROPATIA E ISQUEMIA PERIFÉRICAS (PÉ DIABÉTICO) .................................................................................................. 32 4.9 – REFERENCIAÇÃO PARA CUIDADOS DE SAÚDE HOSPITALARES NA DM .................... 37 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................................... 39 2 MANUAL DE BOAS PRÁTICAS PARA A DIABETES MELLITUS 2014 SIGLAS E ACRÓNIMOS ACeSCIII – Agrupamento dos centros de saúde do Cávado III – Barcelos/Esposende ACGC – Autocontrole da glicemia capilar AGJ – Anomalia da glicemia em jejum ART – Adesão ao regime terapêutico AT – Assistente técnico AVGC – Autovigilância da glicemia capilar DAP – Doença arterial periférica DG – Diabetes gestacional DGS – Direção geral da saúde DM – Diabetes mellitus DRC – Doença renal crónica EF – Enfermeiro de família EPS – Educação para a saúde FR – Fatores de risco GJ – Glicemia plasmática em jejum GRT – Gestão do regime terapêutico Guia – Guia da pessoa com diabetes HbA1c – Hemoglobina glicada A1c HTA – Hipertensão arterial IDF – International Diabetes Federation IMC – Índice de massa corporal ITB – Índice tornozelo/braço MBP – Manual de boas práticas MCDT – Meios complementares de diagnóstico e terapêutica MF – Médico de família PAbd. – Perímetro abdominal PAIDM tipo 2 – Processo assistencial integrado para a diabetes mellitus do tipo 2 PD – Programa de saúde de diabetes PNCO – Programa nacional de combate à obesidade PND – Programa nacional para a diabetes Proc. – Procedimento PTGO – Prova de tolerância à glicose oral RCV – Rastreio cardiovascular SAM – Sistema de apoio ao médico SAPE – Sistema de apoio à prática de enfermagem SNS – Serviço nacional de saúde TA – Tensão arterial TDG – Tolerância diminuída à glicose TFG – Taxa de filtração glomerular TMRG – Tempo máximo de resposta garantido UCFD – Unidade coordenadora funcional para a diabetes UCC – Unidade de cuidados na comunidade UCSP – Unidade de cuidados de saúde personalizados UF – Unidade funcional USF – Unidade de saúde familiar 3 MANUAL DE BOAS PRÁTICAS PARA A DIABETES MELLITUS 2014 NOTA INTRODUTÓRIA Este trabalho é realizado no âmbito das competências da Unidade Coordenadora Funcional para a Diabetes (UCFD) e tem como objetivo padronizar a metodologia de atendimento aos utentes diabéticos do Agrupamento dos Centros de Saúde do Cávado III – Barcelos/Esposende (ACeSCIII), nomeadamente nas Unidades Funcionais (UF) com competência para a prestação de cuidados individualizados a este tipo de doentes em consulta específicas de diabetes, designadamente Unidades de Cuidados de Saúde Personalizados (UCSP) e Unidades de Saúde Familiares (USF). Por outro lado, e nalguns dos pontos abordados, o conteúdo expresso visa também a sua aplicabilidade no âmbito hospitalar, nomeadamente no que se refere à consulta externa de diabetes e aos serviços de internamento do Hospital de Santa Maria Maior de Barcelos, EPE. O presente Manual de Boas Práticas (MBP) terá por base os documentos Informativos, Normativos e Orientados produzidos pela Direção Geral da Saúde (DGS) e por instituições internacionais. Da mesma forma, e atendendo ao facto de que muitos dos referidos documentos sofrem atualizações frequentes, também este MBP será revisto sempre que se verifiquem alterações que assim o exijam. Pretende-se que, acima de tudo, este seja um instrumento de fácil consulta, conciso e sintético, fazendo referência para Procedimentos (Proc.) específicos sempre que se considere importante uma abordagem mais pormenorizada de qualquer assunto. 4 MANUAL DE BOAS PRÁTICAS PARA A DIABETES MELLITUS 2014 1 – DIAGNÓSTICO DA DIABETES O diagnóstico de Diabetes Mellitus (DM) é feito com base na presença de algum dos seguintes parâmetros e valores para plasma venoso na população em geral(1) (quadro1): Quadro 1 – Diagnóstico da DM Glicemia plasmática de jejum (GJ) ≥ 126 mg/dl (jejum igual ou superior a 8 horas) * Sintomas clássicos + glicemia ocasional ≥ 200 mg/dl Glicemia ≥ 200 mg/dl às 2 horas, na prova de tolerância à glicose oral (PTGO) com 75g de glicose Hemoglobina glicada A1c (HbA1c) ≥ 6,5%** *,** O diagnóstico de diabetes numa pessoa assintomática não deve ser realizado na base de um único valor anormal de GJ ou de HbA1c, devendo ser confirmado numa segunda análise, após uma a duas semanas. É aconselhável usar um só parâmetro para o diagnóstico de diabetes. No entanto, se houver avaliação simultânea de GJ e de HbA1c, se ambos forem valores de diagnóstico, este fica confirmado, mas se um for discordante, o parâmetro anormal deve ser repetido numa segunda análise. 1.1 – DIAGNÓSTICO DA DIABETES GESTACIONAL O diagnóstico da Diabetes Gestacional (DG)(2) é realizado sempre que a grávida apresente (quadro 2 e esquema 1): Quadro 2 – Diagnóstico da DG Um valor da GJ ≥92 mg/dl (nestes casos dispensa-se a realização de PTGO com 75 g de glicose às 24-28 semanas de gestação) PTGO (às 24-28 semanas de gestação), com um (ou mais) dos seguintes valores: i. Hora 0 – Glicemia plasmática ≥92 mg/dl ii. Hora 1 – Glicemia plasmática ≥180 mg/dl iii. Hora 2 – Glicemia plasmática ≥153 mg/dl Um valor de GJ ≥126 mg/dl ou um valor de glicemia plasmática ocasional >200 mg/dl (este valor deve ser confirmado numa segunda ocasião em dia diferente, com outra glicemia ocasional ou uma GJ) indicia a existência de uma diabetes provavelmente anterior à gravidez, diagnosticada pela primeira vez na gestação em curso. O atual esquema de diagnóstico da DG deixa de contemplar a repetição de uma PTGO no 3º trimestre da gravidez. 5 MANUAL DE BOAS PRÁTICAS PARA A DIABETES MELLITUS 2014 Esquema 1 Diagnóstico da Diabetes Gestacional Todas as mulheres a quem foi diagnosticada uma DG devem, 6 a 8 semanas após o parto, realizar uma PTGO com sobrecarga de 75 g de glicose com duas determinações: às 0 e às 2 horas. Mesmo que os valores sejam negativos, estas mulheres deverão fazer uma vigilância de saúde regular com determinações anuais do GJ, uma vez que têm um risco aumentado para desenvolverem DM (esquema 2). As mulheres classificadas durante a gravidez com “provável diabetes prévia” devem também ser reavaliadas 6 a 8 semanas após o parto. A confirmação do diagnóstico deverá ter como base a definição de diabetes na população em geral. 6 MANUAL DE BOAS PRÁTICAS PARA A DIABETES MELLITUS 2014 Nestas consultas a mulher deve ser avisada da importância da consulta préconcecional caso pretenda voltar a engravidar. Esquema 2 Reavaliação do Pós-parto da DG e da provável diabetes prévia à gravidez 7 MANUAL DE BOAS PRÁTICAS PARA A DIABETES MELLITUS 2014 2 – CLASSIFICAÇÃO DA DIABETES A classificação da diabetes estabelece a existência de quatro tipos clínicos, etiologicamente distintos(1): Diabetes tipo 1 - Resulta da destruição das células ß dos ilhéus de Langerhans do pâncreas, com insulinopenia absoluta, passando a insulinoterapia a ser indispensável para assegurar a sobrevivência. Na maioria dos casos, a destruição das células dá-se por um mecanismo autoimune, pelo que se denomina diabetes tipo 1 autoimune. Nalguns casos não se consegue documentar a existência do processo imunológico, passando nestes casos a ser denominar-se por diabetes tipo 1 idiopática. Deve ser registada no Sistema de Apoio ao Médico (SAM) com o código ICPC-2: T89 (esquema 3). Diabetes tipo 2 - A diabetes tipo 2 é a forma mais frequente de diabetes, resultando da existência de insulinopenia relativa, com maior ou menor grau de insulinorresistência. Corresponde a cerca de 90% de todos os casos de diabetes e, muitas vezes, está associada a obesidade, principalmente abdominal, a hipertensão arterial e a dislipidemia. Deve ser registada no SAM com o código ICPC-2: T90 (esquema 3). Mesmo que o diabético do tipo 2 inicie insulinoterapia, este código não deverá ser alterado. Diabetes gestacional - corresponde a qualquer grau de anomalia do metabolismo da glicose documentado, pela primeira vez, durante a gravidez. Deve ser registada no SAM com o código ICPC-2: W85 (esquema 3). Outros tipos específicos de diabetes - correspondem a situações em que a diabetes é consequência de um processo etiopatogénico identificado, como defeitos genéticos da célula ß; defeitos genéticos na ação da insulina; doenças do pâncreas exócrino; endocrinopatias diversas; diabetes induzida por químicos ou fármacos. 8 MANUAL DE BOAS PRÁTICAS PARA A DIABETES MELLITUS 2014 Esquema 3 Codificação ICPC – 2 da diabetes O diagnóstico da hiperglicemia intermédia ou identificação de categorias de risco aumentado para diabetes, faz-se com base nos seguintes parâmetros(1): i. Anomalia da Glicemia de Jejum (AGJ): GJ ≥110 e <126 mg/dl; ii. Tolerância Diminuída à Glicose (TDG): glicemia às 2 horas na PTGO ≥140 e <200 mg/dl. Estes casos deverão ser registados no SAM com o código ICPC-2: A91 Investigação com resultados anormais NE, que incluí a hiperglicemia. 9 MANUAL DE BOAS PRÁTICAS PARA A DIABETES MELLITUS 2014 3 – FATORES DE RISCO DE DIABETES MELLITUS Segundo Processo Assistencial Integrado – Diabetes Mellitus Tipo 2 (PAIDM tipo (3) 2) consideram-se como possuidoras de risco acrescido de desenvolvimento de DM as pessoas com (quadro 3): Quadro 3 Fatores de risco de diabetes Excesso de peso, ou seja com um Índice de Massa Corporal (IMC) ≥ 25 ou Obesidade (IMC ≥ 30) Obesidade central ou visceral: ♂ com Perímetro Abdominal (PAbd.) ≥ 94cm ♀ com PAbd. ≥ 80cm Idade ≥ 45 anos (se caucasoides) ou idade ≥ 35 anos se de outras raças Vida sedentária História familiar de diabetes em 1º grau DG prévia AGJ ou TDG prévias Doença cardiovascular prévia: i. Doença cardíaca isquémica ii. Doença cerebrovascular iii. Doença vascular periférica Hipertensão Arterial (HTA) – Tensão Arterial ≥ 130/80 mmHg Dislipidémia Consumo de fármacos que predisponham à diabetes 10 MANUAL DE BOAS PRÁTICAS PARA A DIABETES MELLITUS 2014 4 – ATUAÇÃO DAS EQUIPAS DE SAÚDE Neste ponto serão descritas as atividades específicas de cada grupo profissional no atendimento ao doente diabético nas respetivas UF. Sempre que se exigir uma abordagem mais pormenorizada na metodologia a obedecer em situações específicas, o utilizador deste manual será aconselhado a consultar os procedimentos (Proc.) em anexo. 4.1 – AVALIAÇÃO DO RISCO DE DM De acordo com as orientações programáticas do Programa Nacional para a Diabetes (PND)(4), um dos objetivos específicos propostos diz respeito ao diagnóstico precoce da DM através da definição do grau de risco em 50% dos utentes do Serviço Nacional de Saúde (SNS). Segundo PAIDM tipo 2(3) esta atividade deve ser realizada pela equipa de saúde multidisciplinar – Médico de Família (MF) e Enfermeiro de Família (EF), utilizando a escala de aplicação de risco a 10 anos, denominada por Finish Diabetes Risc Score, inclusa na ficha individual do SAM (imagem 1) e no SAPE (imagem 2) após selecionar a intervenção “Monitorizar risco de diabetes tipo 2” (imagem 3). Imagem 1 11 MANUAL DE BOAS PRÁTICAS PARA A DIABETES MELLITUS 2014 Imagem 2 Imagem 3 Deverão ser aproveitados, de forma oportunista e de acordo com a disponibilidade de agenda dos profissionais, todos os contactos dos utentes com a unidade de saúde, com prioridade àqueles cuja idade for superior aos 45 anos, com excesso de peso, hipertensos 12 MANUAL DE BOAS PRÁTICAS PARA A DIABETES MELLITUS 2014 ou com história familiar de diabetes. Em função do resultado obtido, proceder-se-á ao seguimento específico do utente da seguinte maneira (quadro 4)(3): Quadro 4 Intervenções em função do score de risco de diabetes RESULTADO ≤11 12 a 14 ≥15 INTERVENÇÃO DO PROFISSIONAL DE SAÚDE Reavaliação após 3 anos Intervenção anual sobre estilos de vida e avaliação e correção de fatores de risco (ver ponto 3 deste MBP) Marcação das seguintes consultas nos 60 dias seguintes: i. Consulta de enfermagem para Educação para a Saúde (EPS), avaliação e monitorização dos fatores de risco identificados; ii. Consulta médica para avaliação clínica global e requisição de GJ. No caso de não se confirmar o diagnóstico de DM (GJ <126mg/dl) é requisitada a PTGO para despiste de AGJ e/ou TDG. 4.2 – CLASSIFICAÇÃO E REGISTOS INICIAIS APÓS DIAGNÓSTICO DE DM Após o diagnóstico de DM (ver ponto 1 deste MBP) o MF, para além de informar o doente da sua condição de saúde e de instituir o regime terapêutico (farmacológico ou não), efetua os seguintes registos e procedimentos administrativos (quadro 5): Quadro 5 Registos e procedimentos administrativos após o diagnóstico de diabetes Classifica a DM no SOAP, no menu A (Avaliação da consulta), através dos seguintes códigos ICPC-2: i. T89 – DM tipo 1; ii. T90 – DM tipo 2; iii. W85 – Diabetes Gestacional. Abre o Programa de Diabetes (PD) no menu O (Objetivo da consulta) (imagem 5) e faz os registos necessários, não esquecendo confirmar o tipo de DM, a data de diagnóstico, a data de início de terapêutica e o compromisso de vigilância; Prescreve o Guia da pessoa com diabetes (Guia), sendo posteriormente fornecido ao utente (ou seu representante) pelo Assistente Técnico (AT) (ver Proc. 01); No caso do diagnóstico de DM ter sido realizado numa consulta de Medicina Geral e Familiar, não sendo possível uma avaliação e monitorização específicas, o MF agenda a primeira consulta de vigilância de DM e orienta o diabético para a consulta de enfermagem. 13 MANUAL DE BOAS PRÁTICAS PARA A DIABETES MELLITUS Imagem 4 Imagem 5 Imagem 6 14 2014 MANUAL DE BOAS PRÁTICAS PARA A DIABETES MELLITUS 2014 Segundo a Portaria n.º 1529/2008 de 26/12(5), a marcação de consultas programadas pelos profissionais de saúde não contemplam um Tempo Máximo de Resposta Garantido (TMRG). Desta forma, e após o diagnóstico, a marcação da primeira consulta médica programada de DM fica dependente da avaliação inicial efetuada pelo MF. No entanto aconselha-se que, após o referido diagnóstico, seja agendada uma consulta de enfermagem num período de tempo inferior a 15 dias uteis. 4.3 – CONSULTA DE VIGILÂNCIA DE DM As consultas de vigilância do doente diabético devem ser do âmbito multiprofissional, sendo agendadas pela equipa de saúde (MF e EF). Anualmente, o diabético deverá ter, no mínimo, 2 consultas de diabetes (uma em cada semestre) de âmbito multidisciplinar (com o MF e EF)(6). Em todas as consultas deverá avaliar-se a necessidade de atualizar os dados relativos à avaliação inicial, quer de enfermagem (imagem 7) quer médica. Imagem 7 No caso da não comparência do diabético às consultas agendadas, o MF e/ou EF reagendam a consulta, ficando o Assistente Técnico (AT) responsável pela convocação do utente(3). 15 MANUAL DE BOAS PRÁTICAS PARA A DIABETES MELLITUS 2014 Na primeira consulta multidisciplinar programada, no caso da consulta médica e de enfermagem não se realizarem no mesmo dia, o profissional de saúde que mantiver o primeiro contacto com o diabético será responsável pela realização dos procedimentos cuja competência lhes é coincidente (quadro 6). Quadro 6 Procedimentos a realizar nas consultas de DM ATIVIDADE 1ª CONSULTA CONSULTAS SEGUINTES MF EF Avaliação do índice de massa corporal (IMC) X X X Avaliação do perímetro abdominal (PAbd.) X X X Avaliação da tensão arterial (TA) X X X Auscultação cardíaca e vascular X X Estratificação do risco cardiovascular (RCV) X X Reavaliação da terapêutica farmacológica X X X X Avaliação complementar diagnóstica (através de MCDT) Avaliação da adesão ao regime terapêutico (ART) X MF EF X X X X X X Promoção da autovigilância e autocontrolo X X Exploração dos pés X X X X Avaliação da gestão do regime terapêutico (GRT) Avaliação da vacinação (incluindo a vacina da gripe) Educação Terapêutica após avaliação dos X X conhecimentos face à doença Segundo o Programa Nacional de Combate à Obesidade (PNCO)(7), relativamente ao IMC no adulto, deverá considerar-se: 1. Excesso de peso quando o IMC ≥ 25; 2. Obesidade de Classe I quando IMC entre 30 e 34.9; 3. Classe II quando IMC entre 35 e 39.9; 4. Classe III quando IMC ≥ 40. 16 MANUAL DE BOAS PRÁTICAS PARA A DIABETES MELLITUS 2014 No caso do diabético apresentar excesso de peso ou obesidade, devem realizar-se os seguintes registos no SAM e SAPE (quadro 7), agindo de acordo com o PNCO(7) e com a Orientação 028/2012(8) da DGS. Quadro 7 Registos a efetuar no caso de excesso de peso/obesidade SAM SAPE Registar como foco de Registar como problema ativo o atenção: código ICPC-2: Excesso de Peso T83 – Excesso de peso ou ou Obesidade (e status do T82 - Obesidade respetivo grau) Ainda segundo o PNCO, a avaliação do PAbd. faz-se utilizando uma fita métrica, no ponto médio entre o rebordo inferior da costela e a crista ilíaca (imagem 8 – Fonte: International Diabetes Federation)(9). Imagem 8 Relativamente à TA, o valor alvo para o diabético deve ser inferior a 130/80mmHg(10). 17 MANUAL DE BOAS PRÁTICAS PARA A DIABETES MELLITUS 2014 A estratificação do RCV deve ser efetuada pelo MF(11), anualmente, fazendo o respetivo registo no SAM. Deve ter-se em conta que, o utente com diagnóstico de DM tipo 1 ou 2 apresenta, apenas pela sua condição de diabético, um RCV alto. Se à diabetes se associarem outros Fatores de Risco (FR) ou lesões dos órgãos-alvo, o RCV passa a muito alto. A estratificação obtida visa definir prioridades na prevenção cardiovascular, ajudando os profissionais de saúde a decidir sobre gestão do risco com base em medidas de estilo de vida, intensidade de monitorização e prescrição prioritária de fármacos. Quer na instituição primária, quer na reavaliação da terapêutica farmacológica, o MF deverá basear-se na Norma 052/2011 (atualizada a 10/12/2013)(12). A avaliação complementar diagnóstica é facilitada pela existência no SAM de Protocolos Anuais e Trimestrais de requisição de Meios Complementares de Diagnóstico e Terapêutica (MCDT) (imagens 9, 10 e 11). Imagem 9 18 MANUAL DE BOAS PRÁTICAS PARA A DIABETES MELLITUS Imagem 10 Imagem 11 19 2014 MANUAL DE BOAS PRÁTICAS PARA A DIABETES MELLITUS 2014 Apesar de, no SAM, os protocolos de pedidos de MCDT na diabetes estejam préconfigurados para a requisição de uma série de análises, e não havendo outras comorbilidades ou situação que o recomendem, poderá dispensar-se o pedido de hemograma (ver Norma 063/2011 - Prescrição e determinação do hemograma)(13) e de sumário/cultural de urina. Da mesma forma, o pedido de glucose plasmática deixa de ter valor diagnóstico e o seu resultado apenas nos transmite um valor isolado de glicose, pelo que o seu pedido deverá ser ponderado pelo MF. Assim sendo, os exames a pedir anualmente e em consultas intercalares de diabetes, tendo em conta o contexto clínico em que ocorre no momento de observação do doente, serão (quadro 8): Quadro 8 Pedido de MCDT em contexto de consulta de DM Cód. 531 1029 1318 412 427 620 ANUALMENTE Descrição do MCDT HbA1C Colesterol total, s/l Microalbuminúria1 Colesterol HDL Creatinina, s/u Triglicéridos, s/u/l INTERCALARMENTE Cód. Descrição do MCDT 531 HbA1C No que diz respeito às consultas de enfermagem de vigilância na diabetes, o EF, após sinalizar o diabético através do Programa de Saúde: Grupo de Risco Diabetes, acede ao plano de trabalho no qual existe já o atalho para o PD (imagem 12). Aconselha-se a gravação de todos os dados inseridos do PD no dia da consulta. No PD, este profissional de saúde pode ter acesso imediato aos fenómenos de enfermagem mais frequentes e às respetivas intervenções. É imprescindível que se faça uma avaliação da gestão do regime terapêutico (GRT) e da adesão do regime terapêutico (ART) criteriosa, por forma a adequar um plano de intervenção individualizado e eficaz. 1 No rastreio da nefropatia diabética, podem utilizar-se, na prática clínica, tiras-teste com resultado em μg de albumina/mg de creatinina/dl em urina ocasional. Ver ponto 4.7 e Proc. 07. 20 MANUAL DE BOAS PRÁTICAS PARA A DIABETES MELLITUS Imagem 10 Gravar 21 2014 MANUAL DE BOAS PRÁTICAS PARA A DIABETES MELLITUS 2014 Os diagnsósticos de enfermagem e intervenções mais frequentes, associados ao Grupo de Risco Diabetes são(3): Fenómeno: Gestão do Regime Terapêutico Diagnósticos: 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18. 19. Conhecimento sobre gestão do regime terapêutico, não demonstrado; Conhecimento sobre medidas de prevenção de complicações, não demonstrado; Conhecimento sobre regime medicamentoso, não demonstrado; Conhecimento sobre hábitos alimentares, não demonstrado; Conhecimento sobre hábitos de exercício, não demonstrado; Conhecimento sobre gestão do regime terapêutico ineficaz, não demonstrado; Conhecimento sobre fisiopatologia da doença, não demonstrado; Gestão do regime terapêutico, ineficaz; Conhecimento sobre sinais de hipoglicemia, não demonstrado; Conhecimento sobre sinais de hiperglicemia, não demonstrado; Conhecimento do prestador de cuidados sobre gestão do regime terapêutico, não demonstrado; Aprendizagem de habilidades do prestador de cuidados para gerir o regime terapêutico, não demonstrado; Conhecimento do prestador de cuidados sobre fisiopatologia da doença, não demonstrado; Conhecimento do prestador de cuidados sobre medidas de prevenção de complicações, não demonstrado; Conhecimento do prestador de cuidados sobre hábitos alimentares, não demonstrado; Conhecimento do prestador de cuidados sobre regime medicamentoso, não demonstrado; Conhecimento do prestador de cuidados sobre sinais de hipoglicemia, não demonstrado; Conhecimento do prestador de cuidados sobre sinais de hiperglicemia , não demonstrado; Conhecimento do prestador de cuidados sobre hábitos de exercício, não demonstrado. Intervenções: 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18. 19. 20. 21. 22. 23. 24. 25. 26. 27. 28. Ensinar sobre gestão do regime terapêutico. Providenciar material de leitura sobre regime terapêutico. Ensinar sobre medidas de prevenção de complicações. Ensinar sobre regime medicamentoso. Ensinar sobre hábitos alimentares. Planear dieta. Ensinar sobre hábitos de exercício. Incentivar a atividade física. Planear exercício. Ensinar sobre fisiopatologia da doença. Providenciar material de leitura. Facilitar encontro com pessoas com gestão eficaz do regime terapêutico. Ensinar sobre sinais de hipoglicemia. Ensinar sobre sinais de hiperglicemia. Ensinar prestador de cuidados sobre gestão do regime terapêutico. Ensinar prestador de cuidados sobre fisiopatologia da doença. Ensinar prestador de cuidados sobre medidas de prevenção de complicações. Ensinar prestador de cuidados sobre hábitos alimentares. Ensinar prestador de cuidados sobre regime medicamentoso. Ensinar prestador de cuidados sobre hábitos de exercício. Monitorizar frequência cardíaca. Monitorizar glicemia capilar. Monitorizar peso corporal e perímetro abdominal. Monitorizar tensão arterial. Monitorizar HbAlc. Vigiar sinais de hipoglicemia. Vigiar sinais de hiperglicemia. Orientar para serviços de saúde. 22 MANUAL DE BOAS PRÁTICAS PARA A DIABETES MELLITUS 2014 Fenómeno: Auto-Vigilância Diagnósticos: 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. Auto-vigilância, não adequada; Aprendizagem de habilidades para proceder à autovigilância, não demonstrado; Conhecimento sobre autovigilância, não demonstrado; Auto-vigilância negligenciada; Conhecimento sobre autovigilância glicemia capilar, não demonstrado; Aprendizagem de habilidades para proceder a auto vigilância da glicemia capilar, não demonstrado; Conhecimento sobre autovigilância pés, não demonstrado; Aprendizagem de habilidades para proceder a auto vigilância dos pés, não demonstrado; Conhecimento sobre sinais de alerta, não demonstrado; Conhecimento do prestador de cuidados sobre auto vigilância glicemia capilar, não demonstrado; Aprendizagem de habilidades do prestador de cuidados para proceder a auto -vigilância da glicemia capila demonstrado; 12. Conhecimento do prestador de cuidados sobre auto vigilância pés, não demonstrado; 13. Aprendizagem de habilidades do prestador de cuidados para proceder a auto vigilância dos pés, não demonstrado. Intervencões: 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18. 19. 20. Ensinar autovigilância dos pés. Ensinar sobre relação entre autovigilância e prevenção de complicações. Ensinar sobre autovigilância: glicemia. Ensinar sobre autovigilância. Incentivar autovigilância. Instruir autovigilância. Instruir autovigilância da glicemia capilar. Providenciar equipamento de autovigilância glicemia capilar. Providenciar material de leitura sobre autovigilância. Reforçar crenças de saúde. Treinar autovigilância. Treinar autovigilância da glicemia capilar. Treinar autovigilância pés. Vigiar autovigilância. -Ensinar prestador de cuidados sobre vigilância da glicemia capilar. Ensinar prestador de cuidados sobre vigilância dos pés. Instruir prestador de cuidados a proceder à autovigilância glicemia capilar. Instruir prestador de cuidados a proceder à vigilância dos pés. Treinar prestador de cuidados a proceder à autovigilância da glicemia capilar. Treinar prestador de cuidados a proceder à vigilância dos pés. Fenómeno: Autoadministração de Medicamentos Diagnósticos: 1. 2. 3. 4. Conhecimento sobre técnica de autoadministração de insulina, não demonstrado; Aprendizagem de habilidades sobre técnica de autoadministração de insulina, não demonstrado; Conhecimento do prestado de cuidados sobre técnica de autoadministração de insulina, não demontrado; Aprendizagem de habilidades do prestador de cuidados sobre técnica de autoadministração de insulina, não demonstrado; Intervencões: 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. Elogiar a aprendizagem de habilidades. Ensinar sobre técnica de autoadministração de insulina. Instruir sobre técnica de autoadministração de insulina. Treinar sobre técnica de autoadministração de insulina. Vigiar a pele. Ensinar prestador de cuidados sobre técnica de autoadministração de insulina. Instruir prestador de cuidados sobre técnica de autoadministração de insulina. Treinar prestador de cuidados sobre técnica de autoadministração de insulina. 23 MANUAL DE BOAS PRÁTICAS PARA A DIABETES MELLITUS 2014 Fenómeno: Adesão ao Regime Terapêutico Diagnóstico: Adesão ao regime terapêutico, não demonstrado Intervencões: 1. 2. 3. Incentivar a adesão ao regime terapêutico. Encorajar a tomada de decisão relativa ao comportamento de adesão. Elogiar a adesão ao regime terapêutico. 4.4 – AUTOVIGILÂNCIA E AUTOCONTROLO DA GLICEMIA CAPILAR A Autovigilância de glicemia capilar (AVGC) e o Autocontrolo da glicemia capilar (ACGC) constituem instrumentos importantes para uma intervenção eficiente no controlo da DM. Porém, e segundo a IDF(14), o ACGC só deve ser promovido quando o diabético do tipo 2 não insulinotratado, (ou seu prestador de cuidados) possuírem competências e predisposição para incorporar esta atividade no seu plano de cuidados individualizado. Nas outras situações, nomeadamente quando o tratamento da doença passa pela insulinoterapia, a AVGC e o ACGC são indispensáveis para e eficácia do tratamento e segurança do utente. Neste processo, o EF executa as seguintes atividades e respetivos registos (quadro 9): Quadro 9 Atividades e registos do EF relativos à AVGC e ACGC Fornece o glucómetro tendo em consideração as preferências e competências do utilizador (diabético ou seu prestador de cuidados), tendo em conta os seguintes fatores: 1. Tamanho do aparelho e do visor, 2. Tipo tiras reagentes, 3. Tipo de alimentação do aparelho, 4. Complexidade do software. Quando previamente entregue por outro profissional ou instituição, o glucómetro não deverá ser substituído por outro (de marca diferente) a não ser que haja justificação plausível (inadaptação do utente, avaria). Regista no plano de trabalho a intervenção: 1. Dar equipamento de auto - vigilância Regista a marca e modelo de glucómetro na avaliação inicial: i. Situações Especiais ii. Diabetes iii. Observações. Efetua a educação terapêutica pertinente (quadro 10) e realiza os respetivos registos no plano de trabalho do SAPE, por exemplo: 1. Ensinar sobre auto - vigilância: glicemia 2. Instruir auto-vigilância: glicemia capilar com glucómetro 3. Instruir auto-vigilância: glicemia capilar utilizando caneta com lancetas 4. Instruir sobre auto-vigilância da glicemia capilar 24 MANUAL DE BOAS PRÁTICAS PARA A DIABETES MELLITUS 2014 5. Treinar a pessoa a proceder à auto-vigilância: glicemia capilar 6. Treinar auto-vigilância da glicemia capilar Fornece diário de registo de GC. Ensina e incentiva o utilizador para o seu preenchimento. Informa o utilizador que deverá ser sempre portador do aparelho e diário de GC em todas as consultas de diabetes. Quadro 10 Temas a abordar na educação terapêutica sobre AVGC e ACGC 1. Importância da técnica e necessidade/utilidade das pesquisas de glicemia recomendadas. 2. Funcionamento da máquina de pesquisa de glicemia: i. Uso individual. ii. Erros de leitura do glucómetro. iii. Substituição de pilhas. iv. Conservação das tiras de glicemia. 3. Funcionamento do picador: i. Manter o picador ajustado às necessidades (a pesquisa de glicemia deve ser uma técnica praticamente indolor). ii. Mudar a agulha do picador a cada punção ou no limite de 3 punções. 4. Realização da técnica: i. Lavar bem as mãos antes de cada pesquisa de glicemia, não desinfetar as mãos. ii. Alternar os dedos e realizar a punção, na extremidade do dedo o mais lateralmente possível (para não afetar a sensibilidade). iii. Não deverá utilizar os dedos polegar e indicador da mão usada para escrever. 5. Estratégias possíveis para realizar a técnica de forma mais eficaz: i. Lavar as mãos com água quente. ii. Esfregar as mãos/dedo antes da punção. 6. Registo dos resultados diariamente em livro próprio, com anotações das ocorrências. Os profissionais de saúde (MF e EF), em conjunto, de acordo com as características do doente e tipo de diabetes, estabelecem um esquema de AVGC. Seguidamente são apresentados alguns exemplos de esquemas possíveis. 25 MANUAL DE BOAS PRÁTICAS PARA A DIABETES MELLITUS 2014 Autovigilância da Glicemia Capilar na DM tipo 2 não insulinotratada Jejum Segunda-feira Depois do pequenoalmoço Antes do almoço Depois do almoço Antes do jantar Depois do jantar X Terça-feira Quarta-feira X Quinta-feira Sexta-feira X Sábado Domingo X2 Autovigilância da Glicemia Capilar na DM tipo 1 e DM tipo 2 insulinotratada Jejum Depois do pequenoalmoço Antes do almoço Depois do almoço Antes do jantar Segunda-feira X X X Terça-feira X X X Quarta-feira X X X Quinta-feira X X X Sexta-feira X X X Sábado X X X Domingo X X X Depois do jantar 4.5 – EDUCAÇÃO TERAPÊUTICA Entende-se por educação terapêutica “o processo educativo preparado, desencadeado e efetuado por profissionais de saúde, devidamente capacitados, com vista a habilitar o doente e a sua família a lidar com uma situação de doença crónica, como a diabetes, e com a prevenção das suas complicações….”. (Circular Normativa Nº: 14/DGCG de 12/12/2000)(15). O diabético após receber, de forma adequada e adaptada, treino e informação, (noções gerais sobre tipos de diabetes; fisiopatologia e importância de um controle metabólico adequado), deve ser capaz de: 2 A pesquisa da GC pós-prandial deverá realizar-se 2 horas após o início da refeição 26 MANUAL DE BOAS PRÁTICAS PARA A DIABETES MELLITUS i. Selecionar objetivos de autocuidado; ii. Modificar a sua dieta; iii. Tomar de forma adequada a medicação prescrita; iv. Ajustar a sua atividade física. 2014 Os temas a abordar na educação terapêutica do diabético deverão ser os seguintes (quadro 11): Quadro 11 Temas a abordar na educação terapêutica do diabético TEMA Alimentação (ver Proc. 02) Atividade física e exercício (ver Proc. 03) Medicação Hábitos de risco AVGC e ACGC (ver ponto 4.4) Higiene Descompensações agudas Complicações crónicas Situações especiais Emprego PONTOS PRINCIPAIS i. Alimentação saudável – composição, horários, quantidades; ii. Alimentos de risco – “fast food”, álcool, refrigerantes; iii. Peso desejável. i. Benefícios/riscos; ii. Estratégias para a atividade física regular adaptada ao doente. i. Antidiabéticos orais e outros – ação; horário em função do efeito pretendido; ii. Insulina – ação; horário; técnica de injeção com seringa e/ou dispositivo injetor (ver Proc. 04); iii. Glucagon – diabéticos insulinotratados: ensino de acompanhante(s); iv. Fármacos para prevenção ou controlo das complicações: anti-hipertensores, hipolipemiantes, anti-agregantes plaquetários, etc.; v. Fármacos para prevenção e tratamento de doenças concomitantes e intercorrentes; vi. Fármacos que interferem com o controlo metabólico. Tabaco, álcool, etc. Técnicas de autovigilância, registos e interpretação dos resultados com a decorrente tomada de decisão terapêutica. i. Higiene diária, prevenção e tratamento de lesões simples, reconhecimento de sinais /sintomas de risco; ii. Higiene dos pés, observação, sinais de alarme, limpeza, unhas, calçado, etc.; iii. Higiene oral, vigilância periódica, reconhecimento de sinais/sintomas de risco. Prevenção, deteção e tratamento: hipoglicemia (ver Proc. 05) e hiperglicemia. Prevenção, deteção e tratamento. Doenças intercorrentes, intervenções cirúrgicas e situações de stresse. Viagens. Interferência na atividade profissional de: hipoglicemia, refeições e medicação, complicações crónicas. 27 MANUAL DE BOAS PRÁTICAS PARA A DIABETES MELLITUS Família e comunidade Direitos 2014 Envolvimento de familiares, amigos, colegas de trabalho e escola. i. Direitos, deveres e responsabilidades; ii. Recursos disponíveis na comunidade; iii. Guia; iv. Associações de diabéticos. 4.6– DESPISTE, PREVENÇÃO E TRATAMENTO DA RETINOPATIA DIABÉTICA De acordo com a Norma 006/2011(16): i. Todas as pessoas com diabetes tipo 1 são avaliadas anualmente com o objetivo de ser identificada a retinopatia diabética, cinco anos após o diagnóstico. ii. Todas as pessoas com diabetes tipo 2 são avaliadas anualmente com o objetivo de ser identificada a retinopatia diabética, após o diagnóstico. iii. É exceção ao ponto anterior a mulher com diabetes que engravida, cuja avaliação da retinopatia diabética deve ter uma periodicidade trimestral, durante a gravidez. A operacionalização do rastreio e referenciação da Retinopatia Diabética a nível do ACeSCIII será pormenorizado no Proc. 06 (em anexo). 4.7 – DESPISTE, PREVENÇÃO E TRATAMENTO DA NEFROPATIA DIABÉTICA De acordo com a Norma 008/2011(10): i. As pessoas com diabetes tipo 1, cinco anos após o diagnóstico, são avaliadas uma vez por ano, para identificação de eventual nefropatia diabética, através do doseamento de albuminúria/proteinúria e de creatinémia. ii. As pessoas com diabetes tipo 2, após o diagnóstico, são avaliadas uma vez por ano, para identificação de eventual nefropatia diabética, através do doseamento de albuminúria/proteinúria e de creatinémia. A prevenção primária da nefropatia diabética baseia-se no controlo dos fatores de risco modificáveis (quadro 12), nomeadamente a hiperglicemia e HTA(10). 28 MANUAL DE BOAS PRÁTICAS PARA A DIABETES MELLITUS 2014 Quadro 12 Prevenção primária da nefropatia diabética Intervenção Controlo metabólico Controlo da TA Educação nutricional PREVENÇÃO PRIMÁRIA DA NEFROPATIA DIABÉTICA Objetivo Fundamentação/Atuação HbA1c ≤6,5% Há evidência que demonstra a eficácia do (podendo ser controlo metabólico precoce da glicose na adaptado prevenção das complicações da diabetes, individualmente) microvasculares e, a longo prazo, macrovasculares. Há evidência que na diabetes tipo 2 nos casos de tensão arterial normal alta e alta, a reversibilidade ou a diminuição da progressão da nefropatia com a instituição da terapêutica farmacológica TA <130/80 mmHg antihipertensora, sobretudo inibidores da enzima de conversão (IECA) ou bloqueadores da angiotensina (ARA), é custo-efetivo, pelo que é fundamental a sua prescrição. Ingestão de proteínas A normalização da ingestão de proteínas contribui diárias de 1g por kg para a redução da progressão da albuminúria e do de peso corporal declínio da Taxa de Filtração Glomerular (TFG). Ingestão de sódio < Há evidência de que o excesso de sal tem um 2,4 g por dia efeito deletério na função renal. Existe uma (equivalente a 6 g de correlação direta entre a albuminúria e o consumo sal de cozinha por de sal. dia) A prevenção secundária baseia-se, para além no controlo dos fatores anteriormente descritos, no seguinte: a. Diagnóstico precoce através da deteção da albumina na urina (ver Proc. 07); b. Determinação e controlo da TFG; c. Controlo da dislipidemia; d. Controlo de infeções urinárias; e. Cessação tabágica. A alteração da estrutura do nefrónio ocorre precocemente nesta doença, pelo que é possível efetuar o rastreio e o diagnóstico precoce da nefropatia diabética incipiente pela determinação da albuminúria e pela determinação da TFG. A microalbuminúria corresponde à fase mais precoce da nefropatia diabética. Os valores de referência e os diferentes métodos de avaliação da excreção de albumina na urina são apresentados no quadro seguinte (quadro 13): 29 MANUAL DE BOAS PRÁTICAS PARA A DIABETES MELLITUS 2014 Quadro 13 Valores de referência e métodos de avaliação da excreção de albumina na urina ALBUMINÚRIA Normal Microalbuminúria Macroalbuminúria Urina ocasional (µg/mg creatinina) < 30 30 - 299 ≥ 300 Urina minutada (µg/min) < 20 20-199 ≥ 200 Urina de 24 h (mg/24h) < 30 30-299 ≥ 300 A função renal deve ser avaliada anualmente, através da TFG. Na nefropatia estabelecida aparece a macroalbuminúria e a TFG diminui progressivamente para um valor <60 ml/min/1,73m2. Nesta fase aumenta significativamente o risco cardiovascular e a probabilidade de evolução para a insuficiência renal crónica terminal, com necessidade de tratamento substitutivo da função renal. Por rotina, na prática clínica, poderá estimar-se o valor da TFG pela aplicação da seguinte equação matemática: i. No homem: ii. Na mulher: Onde: i. Scr – creatinina sérica em mg/dl ii. Idade – em anos O SAM efetua o cálculo automático da TFG, no PD, desde que introduzidos os valores requeridos (imagem 13) Imagem 11 30 MANUAL DE BOAS PRÁTICAS PARA A DIABETES MELLITUS 2014 Em função da aferição da TFG poder-se-á definir o estádio da doença renal crónica, conforme o quadro 14. Quadro 14 Estádios da Doença Renal crónicos ESTÁDIO CARACTERÍSTICAS 1 2 3 4 Lesão renal c/ TFG normal ou aumentada Lesão renal c/ TFG ligeiramente diminuída Lesão renal c/ TFG moderadamente diminuída Lesão renal c/ TFG gravemente diminuída 5 Insuficiência Renal Crónica Terminal (IRCT) TFG (ml/min por 1,73 m2) ≥ 90 60 - 89 30 - 59 15 - 29 <15 ou diálise ou transplante renal A evolução progressiva para o estádio 5 da Doença Renal Crónica (DRC) ocorre, em média, ao fim de 8 a 10 anos após o início da nefropatia diabética estabelecida. A partir do estádio 2 da doença renal crónica há aumento do risco de complicações cardiovasculares, sendo muito importante a avaliação e controlo de todas as outras complicações crónicas, nomeadamente da retinopatia e do pé diabético. A prevenção terciária, após a nefropatia diabética estar estabelecida (macroalbuminúria presente e TFG <60 ml/min/1.73m2), exige a adoção de medidas para a diminuição da progressão da insuficiência renal (ver alínea c) da Orientação 005/2011 – DGS). A referenciação para consulta externa de nefrologia do Hospital de Braga será efetuada nas seguintes situações(10): i. Valor de TFG <60 ml/min (estádio 3 da DRC, quadro 14), ou seja, caso clínico equivalente, na maioria dos casos, a nefropatia diabética estabelecida e diminuição de TFG. Nas pessoas com idade superior a 70 anos deverá ser repetida a avaliação da TFG no caso de ser inferior a 60 ml/min nos 3 meses subsequentes, devendo ser referenciados se se confirmar esse valor de TFG; ii. Macroalbuminúria≥300 μg/mg creatinina (urina ocasional) ou ≥200 μg/min (urina minutada) ou ≥300 mg/24h (urina de 24 horas); iii. Quando existirem dúvidas sobre a etiologia da doença renal (como exemplo, a presença de DRC na ausência de retinopatia diabética é sugestiva de nefropatia por outra origem que não a diabética, porque as lesões de microangiopatia são, por regra, generalizadas); iv. Qualquer redução súbita da TFG. 31 MANUAL DE BOAS PRÁTICAS PARA A DIABETES MELLITUS 2014 Nesta referenciação poderá fazer-se menção à Orientação 005/2011 da DGS, que estabelece os pontos anteriores como recomendações para avaliação por nefrologista. 4.8 – DESPISTE, PREVENÇÃO E TRATAMENTO DA NEUROPATIA E ISQUEMIA PERIFÉRICAS (PÉ DIABÉTICO) De acordo com a Norma 005/2011(17): i. Todas as pessoas com diabetes são avaliadas anualmente com o objetivo de serem identificados fatores de risco condicionantes de lesões dos pés. ii. O exame clínico dos pés das pessoas com diabetes determina a sua classificação e o seu correto registo no processo clínico, numa das seguintes categorias de risco de ulceração: i. Baixo risco; ii. Médio risco; iii. Alto risco. Nesta atividade específica, o EF efetua a exploração dos pés da seguinte forma (quadro 15). Quadro 15 Procedimentos relativos à exploração dos pés EXPLORAÇÃO DOS PÉS Tipo de exploração Calçado e meias Procedimento a) Observar tipo de calçado e meias. b) Avaliar estado de hidratação da pele; c) Avaliar integridade da pele (presença de micoses, fissuras, ulceras ou Pele e calosidades); Unhas d) Avaliar estado das unhas (onicomicoses, onicogrifoses, onicocriptoses, mau corte, fragilidade). Estrutura e) Avaliar estado das articulações (rigidez, dedos em martelo, sobreposição óssea digital, hallux valgus, pé de Charcot). f) Despistar dor neuropática; g) Avaliar sensibilidade à pressão através de monofilamento 10 g de Semmes-Weinstein. O teste consiste na aplicação do monofilamento perpendicularmente à pele sã de forma a que este dobre durante 2 Neurológica segundos(18) (ver imagem seguinte). 32 MANUAL DE BOAS PRÁTICAS PARA A DIABETES MELLITUS 2014 h) A pessoa com diabetes deverá estar com os olhos fechados, sendo-lhe perguntado se sente a pressão e onde a sente. O teste correto é efetuado em três dos quatro locais exemplificados na seguinte imagem. E i) Avaliar a sensibilidade táctil (através da passagem de algodão no dorso dos pés); Ou j) Avaliar a sensibilidade vibratória através da utilização do diapasão de 128 Hz, em vibração, aplicado numa parte óssea do lado dorsal falange distal do hallux. k) Despistar claudicação, dor em repouso ou dor à elevação do membro l) Avaliar a temperatura/coloração da pele, fragilidade das unhas, presença de pelos e atrofia muscular; Vascular m) Palpação do pulso pedioso; n) Palpação do pulso tibial posterior; o) Avaliar o Índice Tornozelo/Braço (ITB) se na UF existir o material necessário (Doppler arterial com sonda de 8 Mhz). Observações/Fundamentação para as atividades discriminadas nas alíneas anteriores a) O calçado é a causa mais frequente de lesão do pé(19); b) Uma das suas manifestações mais precoces da neuropatia consiste na perda da sudação normal do pé, da qual resultam secura da pele e risco de fissuração(19); c) No pé neuropático, a ulceração é, muitas das vezes, precedida de calosidade que provoca uma hiperpressão e, consequentemente, isquemia dérmica localizada(19); d) As deformidades ungueais devem ser avaliadas pois aumentam o risco de ulceração e infeção(19); e) As deformidades ósseas (dedos em garra ou dedos em martelo) e rigidez articular são fatores precipitantes de ulceração por hiperpressão(19). O pé de Charcot, que se manifesta por deformações graves das articulações do tarso e metatarso, é uma consequência da neuropatia simpática. A hiperperfusão profunda afeta o tecido ósseo provocando a osteopenia. As farturas e a destruição articular são as responsáveis pela deformidade subsequente(19); f) Há uma complexa relação bidirecional entre dor e depressão associada a dor crónica, como preditor de agravamento da depressão e vice-versa(20); 33 MANUAL DE BOAS PRÁTICAS PARA A DIABETES MELLITUS 2014 g), h), i), j) A confirmação das alterações sensitivas, condicionadas pela neuropatia, deverá ser efetuada em todos os casos, pesquisando a sensibilidade à pressão com o monofilamento de 10 g de Semmes-Weinstein e, pelo menos, mais uma sensibilidade como a sensibilidade vibratória ou a sensibilidade táctil(18); k) Pela coexistência de neuropatia sensitiva, a maior parte dos diabéticos com doença arterial periférica não refere claudicação(19); l) No pé isquémico as unhas apresentam-se quebradiças ou espessas, existe perda de pilosidade, perda de tecido subcutâneo e atrofia muscular(19); m), n) A confirmação do estado de isquemia crónico é detetado objetivamente pela ausência de pulsos periféricos palpáveis(19); o) Índice de pressão tornozelo/braço (ITB) = pressão arterial sistólica do tornozelo dividida pela pressão arterial sistólica do braço, ambas medidas com o paciente na posição supina. Abaixo de 0.9 indica doença arterial oclusiva. As pressões dos tornozelos podem estar falsamente elevadas devido à esclerose média, e um ITB acima de 1.15 não é confiável(21). A aferição do grau de risco de ulceração e a posterior vigilância são efetuadas conforme o quadro 16. O SAPE permite ao EF realizar os registos objetivos da exploração do pé e calcula automaticamente o grau de risco (imagem 14 e 15). Quadro 16 Aferição do grau de risco de ulceração diabética e frequência da vigilância AFERIÇÃO DO GRAU DE RISCO DE ULCERAÇÃO Grau de risco Baixo Médio Alto Critérios Vigilância Mantém vigilância anual pela Ausência de fatores de risco equipa de profissionais da respetiva UF Mantém vigilância semestral pela Presença de Neuropatia equipa de profissionais da respetiva UF Mantém vigilância mensal a Existência de isquemia ou trimestral pela equipa de neuropatia com deformidades do profissionais da respetiva UF e pé ou história de úlcera cicatrizada por cuidados hospitalares ou amputação prévias especializados 34 MANUAL DE BOAS PRÁTICAS PARA A DIABETES MELLITUS 2014 Imagem 12 Imagem 13 A dor neuropática deve ser corretamente avaliada e tratada pelo MF, com base na Norma 043/2011 da DGS(20). 35 MANUAL DE BOAS PRÁTICAS PARA A DIABETES MELLITUS 2014 Havendo sinais objetivos de Doença Arterial Periférica (DAP), o MF referencia o utente para a consulta externa de cirurgia vascular do Hospital de Braga. Se os sinais não forem conclusivos, mas permanecendo suspeitas ou dúvidas relativamente à presença de DAP, o MF prescreve Ecodoppler Arterial dos Membros Inferiores, em consonância com a Norma 034/2011 da DGS(22). A suspeita de Pé de Charcot exige o estudo radiológico e (confirmando-se a sua existência) a referenciação para a consulta externa de Ortopedia do HSMM de Barcelos. A pele seca e a patologia da pele e das unhas devem ser sempre tratadas e monitorizadas. Os fatores desencadeantes deverão ser avaliados e sempre que possível evitados ou minorados(18). As calosidades/hiperqueratoses são estruturas anómalas na pele, cuja génese se deve ao acúmulo de capa córnea e que provocam pressões anormais na epiderme (imagem 16). Devem ser interpretadas como lesões pré-ulcerativas e, por conseguinte, tratadas pelo EF através de desbaste mecânico (com bisturi/lima de cartão). Imagem 14 Fonte: Pé diabético: Manual para a prevenção da catástrofe. Na presença da úlcera, torna-se prioritário controlar previamente a infeção através de cuidados de penso e antibioterapia agressiva, de largo espectro, tendo em conta a profundidade da infeção(18)(quadro 17). A duração da antibioterapia não deverá ser inferior a 2 semanas. A suspeita de uma osteomielite (contacto ósseo com pinça ou presença de erosões na radiografia) torna 36 MANUAL DE BOAS PRÁTICAS PARA A DIABETES MELLITUS 2014 necessário o seu prolongamento por um período mínimo de 6 semanas, caso não haja a remoção cirúrgica do osso afetado. Quadro 17 Exemplos de antibioterapia na úlcera diabética EXEMPLOS DE TRATAMENTO DE INFEÇÃO Profundidade da infeção Antibioterapia Infeções superficiais Flucloxacilina ou Clindamicina Infeções profundas ou celulite necrotizante Amoxicilina/ácido clavulânico ou Quinolona + Clindamicina Se suspeita de osteomielite, a duração mínima deverá ser de 6 semanas. Ponderar referenciação para cuidados hospitalares. Infeções graves Carbapenemos ou Piperacilina/Tazobactam (em meio hospitalar) Referenciação urgente para cuidados hospitalares. Observações Duração mínima de 2 semanas. O tratamento da úlcera isquémica exige a referenciação do doente para a consulta externa de cirurgia vascular do Hospital de Braga. A úlcera neuropática sem evolução favorável exige a referenciação do doente para a consulta externa de Cirurgia do HSMM de Barcelos. 4.9 – REFERENCIAÇÃO PARA CUIDADOS DE SAÚDE HOSPITALARES NA DM Deverão ser referenciados para a consulta de diabetes do Hospital de Santa Maria Maior de Barcelos, EPE (HSMM) os doente diabéticos: i. Do tipo 2 que, após estabelecimento de um regime terapêutico com antidiabéticos orais em associação e com as doses máximas desejadas, se mantenham em descompensação, com valores de HbA1c superiores aos 8,5% (em indivíduos com idade inferior aos 65 anos); ii. Do tipo 2, insulinotratados, que não atinjam o controlo metabólico desejado e que se mantenham em descompensação, com valores de HbA1c superiores aos 8,5% (em indivíduos com idade inferior aos 65 anos); 37 MANUAL DE BOAS PRÁTICAS PARA A DIABETES MELLITUS iii. 2014 Do tipo 1. A informação clínica que deverá, necessariamente, estar incluída na justificação da referenciação via SAM/ALERT está especificada no Protocolo da Consulta de Diabetes do celebrado entre o ACeSCIII e o HSMM (em anexo). A referenciação por motivo de complicações renais ou vasculares deverá ser efetuada diretamente para o hospital de referência, neste caso o Hospital de Braga. A grávida com o diagnóstico de DG ou de diabetes prévia deverá ser referenciada para consulta de medicina materno-fetal para a diabetes(2) do Hospital de Braga. 38 MANUAL DE BOAS PRÁTICAS PARA A DIABETES MELLITUS 2014 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. PORTUGAL. Ministério da Saúde. Direcção-Geral da Saúde. Diagnóstico e Classificação da Diabetes Mellitus - Norma N.o 002/2011 de 14/11/2011 [Internet]. Lisboa; 2011. p. 1–13. Available from: http://www.dgs.pt/?cr=17085 2. PORTUGAL. Ministério da Saúde. Direcção-Geral da Saúde. Diagnóstico e conduta na Diabetes Gestacional, Norma 007/2011 de 31/01/2011 [Internet]. Lisboa; 2011. p. 1–7. Available from: https://www.dgs.pt/paginaRegisto.aspx?back=1&id=19921 3. PORTUGAL. Ministério da Saúde. Direcção-Geral da Saúde. Processo Assistencial Integrado - Diabetes Mellitus tipo 2 [Internet]. Lisboa; 2013. Available from: https://www.dgs.pt/paginaRegisto.aspx?back=1&id=23911 4. PORTUGAL. Ministério da Saúde. Direcção-Geral da Saúde. Programa Nacional para a Diabetes - Orientações Programáticas. Lisboa; 2012. p. 1–9. 5. PORTUGAL - Ministério da Saúde. Portaria n.o 1529/2008 [Internet]. Diário da República 1a série - N.o 249 Portugal; 2008 p. 9040–4. Available from: http://www.acss.min-saude.pt/Portals/0/Portaria1529de2008.pdf 6. 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