Título: Ansiedade Matemática e Desenvolvimento de Hábitos de Estudo: Algumas Possibilidades de Atuação do Acompanhante Terapêutico Título Abreviado: Ansiedade Matemática e Desenvolvimento de Hábitos de Estudo Title: Mathematic anxiety and studying habits development: Some home intervention possibilities Autores: Filipe Colombini, Fabiana Tintori Shoji, Nicolau Kuckartz Pergher 1 Resumo O presente trabalho apresenta as características que compõem o quadro de Ansiedade Matemática (AM), bem como as possibilidades de intervenção de um Acompanhante Terapêutico, a partir de um estudo de caso de um menino de 16 anos. No início dos atendimentos, o menino apresentava notas baixas na matéria, emitia diversos comportamentos de esquiva em relação ao material e demonstrava respostas autonômicas características de quadros de ansiedade. Ao longo dos atendimentos, foram desenvolvidas estratégias para a instalação de hábitos de estudo e para a diminuição dos sintomas de ansiedade, tais como estratégias de enfrentamento, valorização de acertos, modelagem de comportamentos pró-estudo e fornecimento de modelo para a resolução dos exercícios. Os resultados obtidos revelaram aumento da frequência de comportamentos próestudo, melhora das notas escolares alcançadas ao longo do ano letivo e provável diminuição da ansiedade relacionada à matéria de Matemática. Palavras-chave: ansiedade matemática; acompanhamento terapêutico; hábito de estudo 2 Abstract This paper presents Mathematic Anxiety (MA) characteristics and home intervention possibilities. A case study involving a 16 years old boy student is discussed. In the early sessions, student had low scores on Math, emitted several avoidance behaviors when Math material was shown to him and had typical anxiety autonomic responses. Throughout intervention, strategies were developed to improve studying habits and to reduce anxiety responses, such as coping strategies, appraising correct answers, behavior modeling and providing models for solving Math exercises. Results revealed increasing studying behaviors frequency, school grades improvement and decreasing anxiety related to Mathematics. Key words: mathematic anxiety; home intervention; studying habits 3 Carmo e Figueiredo (2005) e diversos autores estrangeiros (Rounds & Hendel, 1980; Betz, 1978; Resnick, Viehe & Segal, 1982; Hembree, 1990; Schneider & Nevid, 1993; Vance & Watson, 1994; Zetle & Raines, 2000; Zetle, 2003; Karimi & Venkatesan, 2009) sugerem que o ensino da matemática pode levar ao desenvolvimento de um quadro denominado ansiedade matemática. Dregher e Aiken (1957) utilizaram inicialmente a nomenclatura ansiedade numérica, assim como outros autores, tais como Gough (1954) e Shemp (1986). Dregher e Aiken (1957) definiram a ansiedade numérica como um quadro no qual as pessoas ficavam “perturbadas emocionalmente na presença de situações que envolviam matemática” (Dregher & Aiken, 1957, p. 344). A partir da década de 70, Suinn (1972) e Tobias (1978) passaram a empregar o termo ansiedade matemática, abreviada em diversos artigos por “AM”. O termo AM fora utilizado para não focar apenas a ansiedade específica pelo contato com os números, mas o contato com outras operações e situações que envolvem o aprendizado e a aplicação da matemática (Suinn, 1972; Tobias, 1978). Carmo (2003), Carmo e Figueiredo (2005), Carmo, Cunha e Araujo (2008) e Carmo (2010a; 2010b) argumentaram que há uma escassez de estudos sobre ansiedade matemática no Brasil e destacaram um atraso em relação às pesquisas estrangeiras, citando a dissertação de Guilherme (1983), realizada na Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), como precursora da utilização da expressão AM no Brasil. Todavia, comentam que a autora não aprofunda a caracterização/intervenção em relação ao quadro de ansiedade matemática e não publica a dissertação em nenhum periódico e/ou revista científica. Carmo (2003) publicou um artigo de revisão sobre a literatura acerca da AM. A partir da sistematização pela autora, foi possível organizar e gerar dados possibilitando o desenvolvimento de diversas linhas de pesquisas, desde a mensuração e adaptação brasileira de escalas de 4 ansiedade matemática (Carmo et al, 2008; Carmo, 2008; Carmo, Figueiredo, Cunha, Araújo & Ferranti, 2008; Carmo & Figueiredo, 2009) até a caracterização e a proposição de estratégias de intervenção para indivíduos que apresentam esse quadro (Carmo & Figueiredo, 2005; Carmo, 2010a). Dentre as intervenções sugeridas, há uma preponderância de intervenções cognitivocomportamentais focando especialmente técnicas de relaxamento, reestruturação cognitiva, treinos de assertividade e treino de inoculação de stress (cf. Paul & Shannon, 1966; Genshaft, 1982; Hadfield & Madux, 1988; Schneider & Nevid, 1993; Karimi & Venkatesan, 2009). Do ponto de vista analítico-comportamental, a ansiedade matemática “se caracteriza por um conjunto específico de reações fisiológicas e comportamentais diante de estímulos matemáticos simples ou complexos e diante de contingências de aprendizagem de matemática, ou em contextos que requisitam o uso de repertórios matemáticos” (Carmo et al, 2008, p.192). Segundo Carmo e Figueiredo (2005) e Carmo e cols (2008), a exposição regular a estimulações aversivas presentes em situações de aprendizado pode gerar muitos erros nas tarefas e conseqüências aversivas adicionais, tais como: deboches dos colegas, comentários públicos por parte de professores enfatizando o desempenho do aluno para a classe, críticas por parte dos pais, entre outras. A partir da ocorrência de conseqüências aversivas relacionadas à realização de tarefas matemáticas, alguns estímulos podem adquirir a função de sinalizar uma próxima estimulação aversiva, por exemplo, a presença de um professor, a aplicação de uma prova, a lição de matemática feita em casa, entre outros (Carmo et al, 2008; 2010a, 2010b). Quando isso ocorre, são eliciados respondentes, e os indivíduos tendem a fugir ou se esquivar (processo operante de fuga-esquiva) de situações que envolvem a matemática. Além da eliciação de respondentes e da ocorrência de fuga e esquiva, há uma inter-relação com processos operantes colaterais como a atribuição de autorregras, ou seja, autoatribuições negativas. Exemplo: “sou um fracasso em matemática” ou “não sirvo para aprender matemática”. 5 Caso o indivíduo esteja exposto a um ambiente repleto de estimulação aversiva, tem-se uma condição de interações que produzem respostas de ansiedade e esquiva, além de baixa probabilidade de ocorrência de respostas que produzam reforçamento positivo, reduzindo a variabilidade e produzindo estereotipia da resposta (Banaco, 2001; Zamignani & Banaco, 2005; Zamignani & Jonas, 2007). Existem outros efeitos de contingências aversivas presentes em situações de aprendizado escolar: alunos desistem da escola, fogem da mesma, paralisam-se, optam por profissões que não exigem repertórios acadêmicos, inventam doenças físicas, agem agressivamente com colegas e professores, depredam a escola (Sidman, 1989/2001, Skinner, 1968/1972). Algumas intervenções para reduzir o quadro de AM têm sido realizadas na casa de crianças e adolescentes. Essas intervenções são indicadas para quando o aluno apresenta notas baixas, queixas escolares e algumas outras condições importantes: quando as intervenções de consultório não são suficientes, quando existe dificuldade em contar com a participação de pais nas execuções de orientações e/ou quando não for possível manejar contingências dentro das escolas (Pergher & Velasco, 2007). Os objetivos da intervenção vão desde objetivos amplos, como tirar boas notas, cumprir tarefas no prazo estipulado, estudar diariamente, organizar materiais escolares indispensáveis para execução de atividades em sala de aula, diminuir as queixas da escola, até o desenvolvimento de comportamentos, tais como: lidar com limites e frustração, seguir regras e iniciar/completar o desenvolvimento de formação da responsabilidade (Regra, 1997, 2004; Matos, 1993). Além disso, um dos objetivos específicos é desenvolver comportamentos que compõem a classe de respostas envolvidas no “estudar”. Focando na matéria matemática, sugerem-se alguns comportamentos relevantes, tais como: 6 • Ler o enunciado de problemas matemáticos, grifando partes relevantes dos mesmos, tais como a) números, b) palavras que podem “denunciar” a operação a ser utilizada (por ex. total pode significar soma) e c) perguntas destacadas no texto. • Saber classificar o que não é importante em um problema matemático - frases que detalham muito determinado aspecto do problema e confundem a leitura. • Anotar em um rascunho os dados numéricos de problema. • Utilizar rascunhos para a realização de operações. • Pesquisar o conteúdo em livros, anotações e sites de educação. • Grifar/imprimir/anotar partes dos conteúdos relacionados aos problemas. • Elaborar perguntas para os professores a respeito da solução dos problemas. • Utilizar estratégias para a realização das operações: contar nos dedos, fazer cálculo/perguntas encobertamente, dialogar com o problema. Destaca-se que a função, aqui, não é esgotar todos os comportamentos envolvidos no aprendizado da matemática, mas enfatizar que a atuação tem o objetivo de desenvolver prérequisitos e comportamentos alternativos que possam produzir consequencias reforçadoras, tais como o reforço social dos pais e profissionais da instituição escolar ao valorizar os bons comportamentos, reconhecendo o empenho (Marinotti, 1997; Ivatiuk, 2003); gerar a produção da própria sensação de sucesso, entendimento de conteúdo, compartilhamento de informações (Luna, 2003; Matos, 1993); além de promover a “descontaminação” da situação de estudo, a qual foi pareada com estimulação aversiva no caso dos alunos com mau desempenho escolar (Pergher & Velasco, 2007). As intervenções realizadas em domicílio envolvem também outros aspectos (além do ensino de habilidades matemáticas), tais como a organização do local de estudo: verificação do 7 mobiliário, iluminação, condição ambiental do local, objetos que podem distrair a pessoa (som alto, TV, vídeo-game, etc); auxilio na organização do material de estudo: verificar local correto para guardar os materiais, diferenciação do material - separação de livro/caderno, auxílio na limpeza de mochilas, entre outros aspectos. São elaboradas, também, rotinas de estudos, que o profissional constrói junto com o aluno, contemplando os possíveis horários para o estudo, estabelecimento de horários para se divertir e para se engajar nas lições de casa (Colombini, Chamati, Sartori, Negrão, Camargo, Pergher & Figueiredo, 2010). A seguir, será descrito um caso clínico onde foram realizadas intervenções em domicílio voltadas para a redução da AM e para o desenvolvimento de repertórios de estudo, especialmente envolvendo a matéria de matemática. CASO CLÍNICO Trata-se de um menino de 16 anos, cujos pais queixavam-se de que suas notas escolares estavam abaixo da média da escola e de que ele não estudava em casa, além de outros aspectos destacados abaixo. O garoto fora encaminhado para acompanhamento em domicílio com foco em matemática. Ele será identificado por Julio (nome fictício). Julio estava em atendimento clínico há três meses com uma terapeuta analíticocomportamental. Os pais procuraram a psicoterapia devido ao Déficit de Atenção, diagnosticado a partir de Avaliação Neuropsicológica. Faz uso de Metilfenidato, medicamento administrado por médico neurologista. Durante as sessões, a terapeuta percebeu sua dificuldade com as lições de casa e provas, em especial nas matérias de exatas, o que inclui a matemática, haja visto que ele frequentemente pedia auxílio de como estudar, como se preparar para as provas, como fazer os exercícios, além de relatar muita ansiedade quando se expunha a estas situações, bem como comportamentos de esquiva que eliminavam o contato com materiais que envolvam matemática, 8 como esquecer livros e cadernos solicitados pela terapeuta. Diante da dificuldade da terapeuta em ter acesso aos conteúdos descritos e já que o paciente sempre relatava esquecer cadernos, livros e agenda escolar, foi solicitado o início do Acompanhamento Terapêutico (AT) no domicílio de Julio. Os atendimentos passaram a ocorrer uma vez por semana no consultório (com duração de 50 minutos) com a terapeuta, como já ocorria há três meses; e duas vezes por semana na casa de Julio (com duração de duas horas) com o acompanhante terapêutico. De acordo com o histórico do cliente reportado pelos pais, Julio repetiu o primeiro ano do Ensino Médio (antigo primeiro colegial), ano que estava reiniciando na ocasião do início das intervenções. Ainda segundo os pais, desde o Ensino Fundamental, era aprovado por Conselho de Classe na matéria de matemática, mais precisamente a partir do oitavo ano, antiga sétima série. Relataram que o filho sempre se queixou a respeito dessa matéria e fez diversas aulas particulares semanalmente. Entretanto, as notas dele sempre eram mais baixas em relação à turma. Escondia os boletins com freqüência, evitando com isso broncas e castigos, como a retirada de seu celular, por exemplo. Os pais pouco percebiam Julio envolvido em situações de estudo, exceto em semana de prova. No início do acompanhamento terapêutico, investigou-se as matérias que Julio gostava e as que não gostava. Julio relatou que “odiava a matemática” e que “não tinha como ele gostar e ir bem, pois odiava muito fazer os exercícios, ler” (sic). Destacou que tinha feito aulas particulares com muitos professores e que não tinha resolvido seu problema, comentando que estava com medo de repetir novamente o ano e de ter que enfrentar novamente a matéria de matemática, provas e mais exercícios. Percebeu-se que Julio possuía um histórico de fracassos em relação à matemática, tendo desenvolvido uma série de autorregras a respeito de si e da matéria: “Eu não sou capaz de aprender matemática”, “É muito difícil e nunca vou entender nada”, “Gosto só de matérias 9 humanas”, “Odeio estudar e fazer exercícios de matemática” (sic), entre outras verbalizações. Além disso, demonstrava frustração em relação ao próprio desempenho ao relatar não conseguir corresponder às expectativas dos pais como gostaria. Julio relatava, ainda, que o pai o “pressionava muito” (sic), pois dizia que ele teria que passar de ano e ir bem, principalmente na matéria de matemática. No primeiro momento da intervenção, o acompanhante terapêutico tinha como objetivo coletar informações a respeito do contexto em que estava inserido, para, em seguida, estabelecer as diretrizes do trabalho a ser desenvolvido com Julio em sua casa. Este levantamento se deu a partir de dados de observação, bem como perguntas acerca do ambiente e do material de estudo, das dificuldades concretas vivenciadas, do contexto escolar (professores, amigos, estrutura pedagógica, avaliações), questões de vida social, entre outros aspectos. A partir do levantamento realizado, foi proposto o delineamento dos atendimentos domiciliares que se organizaria cronologicamente da seguinte maneira: preparação do ambiente e material de estudo, revisão das prioridades do dia, momento do estudo propriamente dito e, finalizando, o momento de lazer pós-estudo; todas as etapas realizadas ao longo de todos os atendimentos (Pergher & Velasco, 2007). Referente ao ambiente e material de estudo, verificou-se que Julio possuía um lugar adequado para estudar, composto por uma bancada grande, bem iluminado e com pouco barulho. Julio mesmo relatava que gostava de estudar em seu quarto. Sua agenda era bem organizada, os registros eram feitos por conta própria de todas as atividades escolares como provas, trabalhos e até compromissos pessoais. Além disso, seus cadernos se mostravam organizados e divididos por matérias, anotando detalhadamente o que o professor tinha escrito na lousa e/ou pedido para copiar do livro, entre outras tarefas. 10 A partir destas observações, o profissional considerou que Julio atingiu os critérios esperados na preparação do ambiente e material, haja visto que todo dia que o profissional chegava a sua residência, ele elencava as prioridades (tarefas nas quais apresentava dificuldades a serem realizadas naquele dia) e já mostrava a agenda, enfatizando seus compromissos acadêmicos. Entretanto, no decorrer dos atendimentos, percebeu-se que Julio dificilmente relatava que tinha alguma lição, prova e/ou trabalho de matemática, comentando que não tinha nenhuma tarefa a ser feita e/ou que já tinha feito com o professor, padrão comportamental com a mesma função dos comportamentos observados pela terapeuta nas sessões de consultório, quando Julio esquecia com freqüência livros e cadernos solicitados. A partir daí, e considerando a provável aversividade da matéria de matemática, o profissional relatou que gostaria de verificar o livro/caderno de matemática. Após a emissão de diversas verbalizações com possível função “empática” (“Gostaria que você me mostrasse o seu livro/caderno da matéria, pois sei que a matemática é uma matéria que você elegeu como uma das mais complicadas, mas vamos ver juntos, estou aqui para te ajudar”), Julio mostrou o caderno e falou que não tinha vontade de fazer nada. Neste momento do processo, Julio relatava com frequência o medo de não passar de ano novamente e que não estava gostando de refazer todas as matérias, temendo ficar para recuperação em matemática, como acontecera nos anos anteriores. Percebeu-se que Julio apresentava também respostas autonômicas quando falava sobre matemática: seus lábios tremiam, falava de modo rápido/confuso e suas pernas não paravam de balançar. Julio se dizia muito preocupado com o que o pai pensaria dele e, ao mesmo tempo, esperançoso de que a matéria de matemática seria mais fácil do que no ano anterior, ano em que ele fora reprovado. Diante das considerações mencionadas, o profissional percebeu o quanto a matéria tornou-se aversiva e elaborou hipóteses envolvidas no quadro de ansiedade matemática relatado: 11 1) Julio estava sob estimulação aversiva (cobrança por parte do pai, autocobrança em relação ao desempenho, crítica de colegas/professores, entre outras), onde estímulos pré-aversivos (livro e caderno de matemática, alguém tocando no assunto “matemática”, professor de matemática) sinalizavam uma possível estimulação aversiva. 2) Respostas operantes encobertas, tais como preocupação em relação ao desempenho, e respostas autonômicas (aumento da freqüência cardíaca e respiratória, movimento constante das pernas e lábios) também acompanhavam as respostas operantes de esquiva características do quadro de ansiedade. 3) Julio evitava demandas e situações em que estava presente qualquer estímulo relacionado direta ou indiretamente com a matéria, pois suspendia temporariamente o contato com a mesma (Comportamento de esquiva de conteúdos matemáticos). 4) Utilizava-se de mentiras e relatos imprecisos com o profissional para evitar o contato com a matéria (Comportamento de fuga de entrar em contato com conteúdos matemáticos). 5) Destaca-se também que, além do processo de Reforçamento Negativo caracterizado pelas esquivas e fugas descritas acima, verificou-se também a ocorrência de Reforçamento Positivo, haja vista que Julio recebia atenção e o cuidado por parte de sua mãe que o defendia das broncas e castigos aplicados pelo seu pai, além do “acolhimento” proporcionado por sua terapeuta e pelo profissional, 6) As respostas de eliminação e/ou adiamento contribuíam para a manutenção dessa rede de relações, fortalecendo uma restrição de variabilidade (não buscava soluções para problemas matemáticos, não emitia respostas de estudo em relação à matemática, não sabia ler problemas matemáticos, a partir do pouco contato com os problemas matemáticos começava a esquecer a tabuada e outras operações básicas, etc). 12 A partir da análise descrita, intervenções analítico-comportamentais foram realizadas ao longo do processo, cujo objetivo era a diminuição e possível reversão da ansiedade em relação à matemática e aumento das notas em comparação ao ano em que Julio foi reprovado. Além das notas em si, a partir das intervenções realizadas, focou-se não só apenas o produto do comportamento (nota), mas uma série de cadeias de comportamentos que foram classificados como “comportamentos de estudar”, desenvolvidos e mantidos por procedimentos realizados pelo profissional. ESTABELECIMENTO DE METAS: CONTATO COM A MATEMÁTICA Como Julio evitava, postergava e/ou omitia as lições de matemática ao profissional, foi estabelecido com ele que o trabalho seria prioritariamente focado nas matérias que envolvia a matemática, pois se sabia que ele não gostava de tais matérias. Baseou-se essa intervenção no Princípio de Premack (Premack, 1959; 1962), uma vez que o profissional solicitou ao adolescente que se engajasse num primeiro contato com a matemática (comportamento de baixa probabilidade) para depois se engajar nas lições/trabalhos relacionados às matérias humanas (comportamento de alta probabilidade), pois relatava que gostava muito dessas matérias e ficava feliz de fazer os exercícios/trabalhos das mesmas. Assim, o comportamento de alta probabilidade poderia reforçar comportamentos menos prováveis e evitados/postergados por Julio nos primeiros atendimentos. Estabeleceu-se uma meta de ter contato por pelo menos duas horas (horas em que o profissional estava em sua residência) com a matemática. Aproveitando a habilidade de Julio em se organizar por meio da agenda, foram anotados os dias em que o profissional iria a sua residência e as matérias/lições de matemática que seriam abordadas segundo o planejamento feito pelo professor da escola. 13 Assim, toda vez que o profissional chegasse a sua residência, Julio e o profissional consultariam a sua agenda a fim de verificar anotações referentes a lições/trabalhos de matemática e, caso não houvesse, seria escolhido um capítulo do livro de matemática para ser revisado. Tal meta foi aprovada por Julio, tornando possíveis os primeiros contatos com a matéria e a realização dos procedimentos de estudo em si. ESTUDAR MATEMÁTICA: “DESCONTAMINANDO” OS MATERIAIS O acompanhante terapêutico passou a evitar qualquer possibilidade de conseqüência aversiva durante as sessões, tais como frisar a ocorrência do erro mediante ao esforço, comparações com outras pessoas/colegas, cobranças por desempenho, críticas por possuir um repertório empobrecido. Em contraposição, o profissional buscava utilizar de bom humor (piadas sobre os problemas, comentários engraçados sobre a matéria), quando Julio começava a se “envolver” com o material. Com isso, o profissional buscou operacionalizar o que seria o se “envolver” com o material, prestando atenção às mudanças sutis no comportamento de Julio (baseando-se nas análises iniciais do caso). Envolver, no caso de Julio, seria o contato inicial com o material: • Sentar e estar presente na sessão. • Pegar agenda, caderno, livro, estojo. • Pegar a agenda e ler/propor o que estudaríamos de matemática. • Abrir o livro e o caderno. • Começar a ler e anotar o exercício. A partir desses comportamentos-alvo, o profissional ficava sob controle dessas mudanças sutis e buscava consequenciar tais aproximações e/ou emissão total desses comportamentos por 14 meio de elogios, piadas, descrevendo o que ele estava fazendo. Exemplo: “Cara! Olha como você está conseguindo ler o exercício! Boa!” (sic). Além disso, utilizou-se uma programação de ensino, baseada em pequenos passos, focando um número restrito de exercícios a ser resolvido. E ainda, os exercícios eram divididos por graus de dificuldade estabelecidos pelo profissional, e a cada exercício resolvido outros desafios eram propostos. Ao longo desse processo, Julio passou a dar mais risada e começou a emitir outros comportamentos ao longo dos desafios propostos, pegando folha de rascunho para resolver um problema, anotando as fórmulas em uma folha à parte, entre outros. Todos esses foram percebidos, descritos e consequenciados com atenção social. Todavia, quando Julio se deparava com um exercício que não conseguia resolver (no caso, os últimos exercícios propostos – os mais difíceis), relatava que não conseguia e que “matemática é para pessoas que manjam muito”, que “matemática é muito difícil, não consigo mesmo” (sic). Por mais que o profissional tentasse programar as dificuldades do mesmo, foi verificado também a dificuldade de Julio em se deparar com algo em que ele não conseguia fazer. Quando isso ocorria, o profissional intervinha, propondo novos modos de resolução, servindo como modelo e oferecendo algumas dicas pesquisadas pelo próprio profissional no livro/caderno. Se, porventura, a pesquisa/leitura nos materiais não ocasionasse a resolução do exercício, o profissional elogiava Julio, pois tinha se empenhado, ao pesquisar e se engajar em diversos passos para a busca de soluções, elogiando assim o processo de resolução de problemas e não apenas a solução em si. Além disso, o profissional também servia como modelo para criar junto com o adolescente, perguntas a serem feitas para o professor da escola, visto que a solução não foi encontrada. Exemplo: “Vamos perguntar para o professor porque esse x aqui vai para esse 15 lado e não para o outro” (sic). Tal passo foi importante para que Julio desenvolvesse uma resposta de enfrentamento perante os exercícios e para apoiá-lo nos passos para a resolução do mesmo. Em alguns casos, Julio tentava resolver e conseguia a solução. Quando isso ocorria, o profissional apontava que ele tinha pesquisado e conseguido e que, anteriormente, ele desistia sem ler/pesquisar os passos para a solução. O repertório empobrecido estava relacionado ao pouco contato com a matemática e com o pouco conhecimento de conteúdos que deveriam ter sido aprendidos ao longo da escolarização, tais como tabuada, mudança de sinais nas operações básicas, números decimais, armação de operações básicas (soma, subtração, multiplicação e divisão), entre outras. Tais habilidades eram essenciais para um aluno de Ensino Médio e necessitavam serem revistas para que novas habilidades pudessem ser aprendidas, por se tratarem de habilidade pré-requisitos para conteúdos mais complexos que dele eram demandados. Tais habilidades básicas fizeram parte do trabalho e foram desenvolvidas também com o objetivo de tentar gerar sensação de sucesso fruto da resolução dos exercícios, visto que o não conhecimento dessas operações acarretava na desistência de se encontrar novas soluções para os exercícios mais avançados, críticas por parte de professores/pais, autocríticas, respostas operantes de fuga e de esquiva e respostas respondentes da ansiedade (palpitações, aumento da freqüência cardíaca). Com os pais e com a escola, conseguiu-se aumentar o tempo de prova de Julio, já que ele demorava mais na resolução do que outros colegas, provavelmente por conta de algum grau de ansiedade ainda presente nas avaliações e por precisar concentrar-se em operações básicas envolvidas na matemática as quais eram realizadas mais rapidamente pelos colegas. 16 Ao longo das intervenções, Julio começou a emitir outros comportamentos pró-estudo, além dos estabelecidos inicialmente, tais como: • Pedia ao profissional para elaborar simulados para ele não ficar “ansioso” na hora da prova; • Grifava partes essenciais do problema, anotando os números abaixo do mesmo para facilitar a resolução e busca de soluções; • Diminuía a autocrítica, embora ainda relatava que matemática era muito difícil. Todavia, enfatiza-se que Julio emitia respostas de tentativas de solução do problema, não desistindo do exercício logo no início; Além disso, a comunidade verbal também passou a emitir comportamentos mais favoráveis ao estudo da matemática, como conseqüência dos novos comportamentos aprendidos por Julio, tais como: • O pai começou a diminuir as críticas, elogiando Julio quando ele comentava a respeito de matemática e das provas; • A mãe com freqüência pontuava o quanto percebia Julio diferente de forma geral, visto que estava mais organizado e motivado com questões relacionadas à escola; • Os professores passaram a ouvir as contribuições de Julio em sala de aula, o que não ocorria antes, e a reassegurá-lo de que passaria de ano, pois estava se comportando de forma muito melhor do que no ano anterior. Com os procedimentos analítico-comportamentais desenvolvidos e os resultados obtidos a partir dos mesmos, ambos citados acima, percebeu-se que a ansiedade de Julio diminuiu ao longo do processo, fato este confirmado por Júlio e seus pais, além da emissão de comportamentos de estudar perante o profissional e aumento das notas. 17 Ao longo deste ano de trabalho, Julio passou em todas as matérias desde o primeiro semestre. Seguem as notas registradas, comparando o ano de 2009 (em que não havia a intervenção em domicílio) e no ano de 2010 (período em que as intervenções acima descritas foram realizadas). INSERIR FIGURA 1 APROXIMADAMENTE AQUI De acordo com o gráfico acima, as notas de Julio aumentaram gradualmente ao longo do ano de 2010, com as intervenções realizadas. No 1º semestre de 2009, ano em que não houve intervenção domiciliar, as notas de Julio declinaram de forma significativa. No segundo semestre do mesmo ano, as notas continuaram declinando, porém houve um aumento significativo no final do semestre, mas mesmo com este aumento as notas foram menores às apresentadas no início do ano e não se equipararam a média da escola (nota 5.0). Já no 1º semestre de 2010, com a introdução das intervenções analítico-comportamentais, as notas tiveram um grande aumento, atingindo a média 5.0. E no 2º semestre de 2010, as notas de Julio continuaram aumentando, superando ainda mais a média proposta. CONSIDERAÇÕES FINAIS A partir desse recorte clínico, buscou-se apresentar uma visão geral de algumas das técnicas analítico-comportamentais que podem ser utilizadas, ilustradas com breves vinhetas de atendimentos realizados com um adolescente de 16 anos que apresentava um quadro que foi caracterizado como ansiedade matemática, embora ele possuísse também critérios diagnósticos para outros quadros como o Déficit de Atenção. 18 Sugerem-se pesquisas que enfoquem a relação da ansiedade matemática com outros quadros diagnósticos, possibilitando uma ampliação na descrição de casos clínicos atendidos tanto via consultório quanto extraconsultório, além do estudo da correlação de tais quadros e a prevalência da ansiedade matemática em crianças e jovens brasileiros de escolas particulares e públicas. As conquistas obtidas são visíveis, comparando os comportamentos de estudo não emitidos no início da avaliação e a emissão dos mesmos ao longo do processo. Indiretamente, as notas também aumentaram em relação ao ano passado e também serviram como fonte de reforçamento positivo a Julio, visto que as mesmas foram mostradas a ele ao longo do processo, tendo a função de aumentar a probabilidade da emissão de respostas de estudar. Como Carmo e Figueiredo (2005) e Carmo (2010a, 2010b) pontuaram, o desenvolvimento de hábitos de estudo foram estratégias que minimizaram a ansiedade em relação à matéria matemática, além da utilização de orientações de pais/escola - focando principalmente a diminuição de cobranças, broncas, comparações, ameaças, castigos entre outras formas de punição relacionadas ao desempenho em relação a essa matéria. Trabalhou-se a partir de uma avaliação funcional realizada que fora complementada ao longo de todo o processo. Não se focou o trabalho com a ansiedade em si, utilizando técnicas específicas para a diminuição da mesma, mas desenvolvendo gradualmente comportamentos de estudo que não eram emitidos devido à frequente e intensa estimulação aversiva por parte dos pais, escola e do próprio aluno a partir de suas autocríticas. Tais autocríticas, que foram analisadas como autorregras, não foram abordadas diretamente, mas por meio de um planejamento de contingências de ensino que priorizasse o desenvolvimento gradual de comportamentos de estudo (do mais “simples” - sentar na cadeira ao mais “complexo” - resolver problemas matemáticos) a partir de constante modelação, uso de 19 dicas e modelagem (utilizando elogios, descrevendo acertos, propiciando que o próprio cliente se sentisse feliz ao acertar um problema que considerava “complicado”). Em suma, considera-se que o desenvolvimento de hábitos de estudo proporcionou ao adolescente novas oportunidades de aprendizado, utilizando estratégias não aversivas para a reversão da ansiedade. Sugere-se para posteriores trabalhos a utilização inicial de escalas de ansiedade matemática, categorização de intervenções realizadas, além da avaliação inicial (linha de base), haja vista que possam ser úteis na verificação/avaliação de resultados. REFERÊNCIAS Banaco, R.A. (2001). Alternativas não aversivas para tratamento de problemas de ansiedade. In M.L. Marinho & V.E. Caballo (Orgs.), Psicologia Clínica e da Saúde (pp. 197-212). Londrina: Atualidade Acadêmica. Betz, N. (1978). Prevalence, distribution and correlates of math anxiety in college students. Journal of Counseling Psychology, 24(1), 551-558. Carmo, J.S. (2003). Ansiedade matemática: conceituação e estratégias de intervenção. In M.Z.S Brandão (Orgs.), Sobre comportamento e cognição (Vol. 11, pp. 433-442). 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