"DIALÉTICA DO ESCLARECIMENTO" E INDÚSTRIA CULTURAL

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"DIALÉTICA DO ESCLARECIMENTO" E INDÚSTRIA CULTURAL
Renato Cancian*
Um estudo importante - e talvez o mais representativo da vertente teórica da Escola de Frankfurt - é o que foi
elaborado por Adorno e Horkhiemer em 1947, intitulado Dialética do Iluminismo, também publicado com o
título de Dialética do Esclarecimento.
Nesse livro os autores denunciam as estruturas ideológicas da dominação política (referindo-se à crise da
democracia e à ascensão dos regimes totalitários na Europa), a corrida armamentista, o desenvolvimento da
indústria bélica, além dos conflitos armados e das injustiças sociais gerados pelo desenvolvimento do modo
de produção capitalista (ou seja, pelo capitalismo industrial). Todos esses problemas são interpretados como
resultado da "crise da razão" e do Iluminismo.
Conforme registram os autores, o Iluminismo inaugurou a modernidade, ao colocar a razão e a ciência como
elementos potencializadores do desenvolvimento e progresso social; e, por conseguinte, da emancipação
humana.
Theodor Adorno e Max Horkheimer, como de resto todos os intelectuais frankfurtianos, não renegam o
projeto da modernidade - cujo núcleo é formado pela racionalidade ou reflexividade e a crença nos princípios
do progresso científico -, mas argumentam que tanto a racionalidade como a ciência se transformaram em
instrumentos de dominação política, social e econômica.
A crítica da "razão instrumental" é justamente a crítica dirigida contra os obstáculos e os impedimentos à
concretização do projeto emancipador do homem, preconizados séculos atrás pelos ideólogos e filósofos
iluministas.
Além disso, notam os autores que, no mundo moderno, o avanço da ciência e da técnica é um processo
inexorável, ou seja, permanente. O progresso científico representou o domínio do homem sobre a natureza,
mas se desvirtuou por completo ao ser utilizado para ampliar a dominação do homem sobre o próprio
homem.
A indústria cultural
Theodor Adorno também é autor de importante estudo sobre a chamada "indústria cultural", conceito
inovador que foi contraposto ao de "cultura de massa".
O conceito de indústria cultural foi elaborado por Adorno a partir da análise crítica da obra de Walter
Benjamin. Partindo da utilização da "técnica" (ciência e tecnologia) na produção e reprodução das artes, em
particular aquelas associadas à comunicação social (cinema, rádio, televisão, imprensa e outras mídias),
Adorno demonstrou que na sociedade industrial capitalista a produção da arte é explorada como um "bem
cultural".
A mercantilização da cultura, transformada em um empreendimento empresarial, tolhe a consciência dos
indivíduos e os transforma em meros consumidores de bens culturais. As consequências são muitas, entre
elas a homogeneização ou massificação dos gostos a partir da imposição de um estilo de consumo.
Nesse aspecto, não existe cultura de massa, pois é a indústria cultural que determina e impõe à sociedade o
consumo de bens culturais. Como um empreendimento capitalista que persegue o lucro, a indústria cultural
também cria necessidades de consumo de bens culturais. Assim, o suposto potencial revolucionário ou
emancipador de algumas artes, como o cinema, por exemplo, conforme apontam as teses de Benjamin, é
flagrantemente criticado no estudo pioneiro de Adorno.
A crítica da indústria cultural, principalmente dos chamados meios de comunicação de massa, se aprofundou
nos estudos de Jürgen Habermas, cientista social alemão que integrou a segunda geração de intelectuais
filiados à Escola de Frankfurt.
Movimentos sociais de esquerda
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A reflexão e análise crítica envolvendo os mais variados aspectos da realidade social do século 20 economia, política, sociedade e cultura, sobretudo os relacionados com a sociedade industrial capitalista -,
aliada ao engajamento político-intelectual e ao protesto humanístico, são todas características marcantes da
Teoria Crítica.
Sem dúvida, a Teoria Crítica exerceu grande influência nos movimentos sociais de esquerda e nos
movimentos estudantis da Europa Ocidental e dos Estados Unidos no final da década de 1960.
*Renato Cancian é cientista social, mestre em sociologia-política e doutor em ciências sociais. É autor do
livro "Comissão Justiça e Paz de São Paulo: gênese e atuação política - 1972-1985".
Disponível em: <http://educacao.uol.com.br/sociologia/teoria-critica-estudos-importantes.jhtm>
INDÚSTRIA CULTURAL
Por Fernando Rebouças
O mundo vive num sistema econômico-político-cultural capitalista e o surgimento da sociedade capitalista
transformou as manifestações culturais em produto. Este cenário desencadeou a formação da indústria
cultural, que é o conjunto de empresas, instituições e redes de mídia que produzem, distribuem e transmitem
conteúdo artístico – cultural com o objetivo de adquirir lucros.
A heterogeneidade da indústria cultural brasileira é percebida não somente no grau de diversidade cultural e
territorial de nosso país, mas por focar conteúdos de culturas estrangeiras em detrimento de nosso conteúdo
nacional. Quando ocorre em nossas mídias uma exposição de nossos valores e identidades, há o abarcamento
de interesse comercial que interfere no que deve ser mostrado para adquirir audiência.
A produção da indústria cultural é direcionada para o retorno de lucros tendo como base padrões de
imagem cultural pré – estabelecida e capazes de conquistar o interesse das massas sem trabalhar o caráter
crítico do expectador. Para se manter e conquistar público , a produção cultural não objetiva somente a
expressão artística , quando esta planejada sob pretensões profissionais.
A expressão tendencial elaborada com elementos artísticos é incluída num produto cultural como forma de
diferenciação. A indústria cultural assim como toda indústria está atenta a custos, distribuição e retorno de
lucros.
Um forte exemplo de indústria cultural é a televisão que apresenta pontos positivos em possuir ótima
cobertura geográfica, penetração de público e variedade de conteúdo em vários horários, mas ao mesmo
tempo apresenta conteúdos sensacionalistas e que escapam do consciente do expectador, cujo indivíduo
possa vir a entrar em estado de alienação. Em outras mídias há o uso do termo “cult”, termo em inglês que
significa obras com características específicas e com público direcionado e devoto.
A arte em geral , as manifestações histórico – culturais e a identidade de uma região servem como inspiração
e conteúdo de obra e produto cultural.Em suma a indústria cultural busca produzir algo que conquiste
público e relevância comercial e se ramifique em produtos licenciados.
Disponível em: <http://www.infoescola.com/cultura/industria-cultural/>
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