Ética e Economia

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PRÓ-REITORIA DE ENSINO
2014
COLETÂNEA
FORMAÇÃO SOCIOCULTURA E ÉTICA
Ensino Presencial (1º SEMESTRE)
Ensino a Distância (MÓDULO 52)
Organizadoras
Cristina Herold Constantino
Débora Azevedo Malentachi
Colaboradoras
Fabiana Sesmilo de Camargo Caetano
Aline Ferrari
Direção Geral
Pró-Reitor Valdecir Antônio Simão
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SUMÁRIO
Considerações Iniciais......................................................................................................
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Da leitura para a escrita.......................................................................................................
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Textos Selecionados..........................................................................................................
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Ética e economia na era da globalização.............................................................................
13
Manifesto ‘Ética Global para a economia’............................................................................
17
Economia sem Ética.............................................................................................................
18
2014 terá desemprego e mais desigualdade.......................................................................
20
“A taxa Selic é o veneno da economia”................................................................................
22
“O Brasil está se saindo muito bem”....................................................................................
26
Mentiras propagadas pelo pensamento econômico dominante...........................................
28
Economia no país cresce em menor ritmo...........................................................................
31
PIB fecha 2013 com alta de 2,3%........................................................................................
34
Brasil terá crescimento em 2014 semelhante ao de 2013...................................................
37
A economia brasileira pode ficar mais 5 anos sem rumo.....................................................
38
Para o Brasil crescer, é preciso focar na produtividade!......................................................
40
Países da América Latina criarão mercado comum para impulsionar economias..............
41
A importância do capital intelectual dos negócios no século XXI........................................
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Copa trará avanço ‘zero’ ao PIB do Brasil...........................................................................
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Economia doméstica: está sobrando mês no fim do salário?..............................................
44
Percentual de famílias com dívidas aumenta.......................................................................
45
Executivos dos EUA ganham 331 vezes mais do que um empregado médio.....................
47
Com boicotes na Europa e EUA, Israel busca aproximação com América Latina...............
50
IDH 2014..............................................................................................................................
53
Estudo mostra economia e meio ambiente em rota de colisão............................................
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Livros....................................................................................................................................
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Filmes...................................................................................................................................
62
Música..................................................................................................................................
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Frases..................................................................................................................................
67
Charges................................................................................................................................
68
Considerações Finais........................................................................................................
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Considerações Iniciais
Prezado(a) aluno(a), como você deve ter constatado no decorrer das Coletâneas e, também,
acompanhado nas videoaulas, todos os eixos da Formação Sociocultural e Ética reúnem
conteúdos essenciais para a compreensão do mundo como um todo, fundamentais para a
construção do conhecimento e, por isso, indispensáveis para a nossa formação humana. Ética e
Economia é apenas mais um desses eixos.
Quando falamos no assunto “Economia”, é quase inevitável não pensar em números e,
consequentemente, em gráficos e tabelas. Você tem por hábito a leitura desses gêneros textuais?
Já parou para analisar por que, normalmente, gráficos e tabelas despertam a resistência de
muitos leitores? Sabemos que tanto um quanto o outro não são produzidos apenas quando o
assunto diz respeito ao universo da economia, mas é muito usado neste setor. Os números
sintetizam muitas informações. Poucos números dizem muito a respeito de tantas coisas. Talvez
seja este o fato que explica tal resistência. É preciso olhar para os números, relacioná-los com os
fatos, analisá-los dentro do contexto, para compreender o que dizem, qual a denúncia ou crítica
que sugerem, quais as possíveis previsões a partir deles...
Entretanto, a economia não se resume em números e, por isso, ainda que importantes, e ainda
que façam parte deste material, a leitura de gráficos e tabelas não constitui a prioridade desta
Coletânea. Propomos a leitura além dos números, daquilo que não se pode mensurar
concretamente, a começar pela relação entre ética e economia. A ética do desinteresse e do
interesse comum... Como estão os valores de justiça e da solidariedade nas estradas de uma
sociedade onde parece sobressair mais a ambição em enriquecer cofres particulares que a
preocupação em garantir o básico na despensa do próximo? E a economia doméstica, como vai?
Quantos reclamam que falta dinheiro no fim do mês e, mesmo assim, assumem mais dívidas?
Como sobrevivem as relações familiares em circunstâncias assim? E a Copa que se aproxima? O
que ela nos deixará como legado? Quais os efeitos desse megaevento e dos gastos investidos
nele sobre a sociedade brasileira? Enquanto o país respira a Copa, como está o oxigênio da
educação, um dos itens altamente relevantes para a medição do IDH - Índice de Desenvolvimento
Humano? Também olhamos para a economia internacional e procuramos entender o isolamento
de Israel com relação aos países que constituíam seu círculo tradicional de negócios, de parceiros
econômicos. Por quais razões Israel procura estreitar laços com a América Latina?
Este material responde parte dessas perguntas. Algumas delas, apenas você, prezado leitor,
poderá respondê-las. É a sua opinião, o seu argumento e a sua palavra que complementam o
conteúdo que apresentamos aqui. E o mais importante que encontrar respostas nos textos, é
permitir que esses textos provoquem em você novos questionamentos. A origem do conhecimento
está na pergunta e, conforme consta em um dos textos selecionados, “a mais poderosa moeda
desse século se chama conhecimento”. Nesse sentido, esperamos que no decorrer desta leitura
você possa se sentir uma pessoa mais rica!
Uma ótima leitura e um excelente aprendizado!
Organizadoras
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Da leitura para a escrita
Além de todas as considerações e reflexões feitas acerca da leitura, nas coletâneas anteriores,
podemos pensá-la, também, como
matéria-prima e constituição de modelos para a
escrita. Ou seja, a leitura e a produção de textos estão
intrinsecamente relacionadas. Para ser um bom
escritor, é preciso, primeiro, ser um bom
leitor! Todavia, ser um bom leitor não é requisito único
Tudo aponta para a necessidade de
aprendermos a escrever a partir
daquilo que nós lemos. É este o
truque a ser explicado. (Frank Smith)
e suficiente para se produzir textos de qualidade, pois
esse processo requer outras habilidades específicas e,
também, depende das concepções que temos a respeito da escrita.
Da mesma forma que, nas Coletâneas anteriores, estendemos a você o convite para se
autoavaliar enquanto leitor, a partir deste momento é igualmente importante que você também se
autoavalie enquanto produtor de textos.
Quais as suas principais dificuldades na produção escrita?
Que tipos de textos você produz? Com que frequência?
Como você se considera enquanto produtor de textos?
Escrita: concepções e reflexões
Para que o prato fique atraente aos olhos e saboroso ao
paladar, não podemos prepará-lo de qualquer maneira.
Precisamos seguir a receita. Porém, não existe receita para
tudo o que almejamos fazer com perfeição. Sem contar que,
normalmente, quando desejamos a perfeição somos
tentados a buscar o caminho mais fácil... E quando não há
caminho fácil, vencem a desistência ou a evasão... Para se
tornar um produtor de textos habilidoso, por exemplo, não
existem receitas mágicas, e nem caminhos fáceis. Existem
esclarecimentos teóricos fundamentais e, principalmente, a
necessidade da prática – com determinação! Este é o principal
caminho...
Nesta seção da Coletânea, abordaremos as concepções de
escrita. A concepção que você tem a respeito da escrita
influencia a sua postura frente às atividades de produção textual.
Em seguida, daremos ênfase especial a alguns textos literários
que sugerem reflexões importantes a respeito do ato de escrever
enquanto processo. Neste percurso, esperamos que você se
identifique com os autores, de modo a compreender os percalços
da escrita e, assim, conhecer-se um pouco mais enquanto
produtor de textos.
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Talvez, algum dia, você já tenha dito ou escutado este
desabafo: “Não adianta, a escrita não é para mim, não
gosto de escrever, é complicado demais...”. Diante de
uma folha de papel em branco, as palavras parecem
escapar. Dizem alguns que “pensar dói” e essa
sensação de dor no intelecto parece sobrevir, em
especial, nos momentos de produção textual. Parece
que temos que aprender a lidar e a conviver com esse
tipo de desafio. E que bom que a escrita nos desafia,
não é mesmo? Há algo melhor que os desafios da vida
para nos fazer crescer?
Qualquer um de nós, senhor de um
assunto, é, em princípio, capaz de
escrever sobre ele. Não há um jeito
especial para a redação, ao contrário do
que muita gente pensa. Há apenas uma
falta de preparação inicial, que o esforço e
a prática vencem. (Mattoso Câmara Jr.)
Existem três concepções de escrita, e temos certeza que você vai gostar de conhecê-las. Para
explicá-las, usamos como referenciais teóricos Geraldi (Portos de passagem. 4. ed. São Paulo:
Martins Fontes, 1997) e Fiad & Mayrink-Sabinson (A escrita como trabalho. In: MARTINS M. H.
(Org.). Questões de linguagem. 4. ed. São Paulo: Contexto, 1994, p. 54-63).
Muitos acreditam que a escrita é privilégio para poucos. Trata-se da escrita como dom ou
inspiração. O que essa concepção significa? Que a escrita é
privilégio apenas para um grupo seleto de pessoas e que, sem
dom ou inspiração, é impossível que ocorra uma boa produção.
Apenas quem tem o dom da escrita pode se tornar escritor
profissional. Apenas o aluno que tem esse dom consegue
produzir textos de qualidade. A partir dessa concepção, a
possibilidade de reescrita é descartada, já que, uma vez fruto
de um dom e da inspiração, o texto deve conservar as ideias
em sua gênese, como vieram para o papel. Os que acreditam
nessa concepção e apresentam dificuldades em redigir bons
textos tendem a se acomodar, achando que o mais certo a
fazer é se conformar com tais dificuldades, como se fossem insuperáveis.
“Não tenho o dom da escrita...” Você já pensou dessa forma? Se essa ideia já passou pela sua
cabeça, olhe para os grandes escritores e pesquise seus depoimentos. Quantos deles escreveram
e publicaram livros sem nenhum esforço? Quantos deles se declaram divinamente agraciados
pelo dom da escrita? Será que é dom, ou será que é prazer, gosto, paixão e determinação pela
escrita que faz com que esses autores sejam bons?
Outra concepção é a de escrita como consequência. Esta também requer a inspiração e ocorre
apenas para cumprir determinadas tarefas, geralmente acadêmicas, obrigatórias ou impostas: um
relato produzido após uma palestra ou filme; um texto de opinião após a discussão de uma
temática; um resumo, para registrar as principais ideias de um livro etc. Todos os que passam
pela vida escolar produzem textos mediante circunstâncias que lhes obrigam a isso. Nesse
sentido, a escrita não cumpre a sua função social, apenas sua função avaliativa. Por extensão,
escrever apenas sob tais circunstâncias estreita o contato e a relação dos sujeitos com a
produção de textos e, consequentemente, não contribui para o pleno desenvolvimento de suas
habilidades de escrita.
Finalmente, a concepção de escrita como trabalho. Parafraseando Thomas Edison, que nos fala
sobre talento, e Albert Einstein, que nos fala sobre genialidade, lembramos: “A escrita é 10%
inspiração, e 90% transpiração!” Encontramos tantos alunos frustrados em razão de suas
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dificuldades na escrita, e tantos que recorrem ao plágio justamente porque não se consideram
capazes de, eles mesmos, produzirem textos de
qualidade.
O que é escrito sem esforço é lido sem
prazer. (Samuel Johnson)
Prezado(a) aluno(a), conceber a escrita como trabalho é
fundamental para que você desenvolva as habilidades
necessárias para a produção de bons textos. A partir dessa concepção, você compreenderá que
todos os textos devem passar pelo processo de reescritas. E isso requer muita dedicação,
determinação e empenho. Nesse sentido, Graciliano Ramos cria uma metáfora perfeita para
ilustrar a escrita segundo essa concepção. Veja:
Deve-se escrever da mesma maneira como as lavadeiras lá de Alagoas fazem seu ofício. Elas
começam com uma primeira lavada, molham a roupa suja na beira da lagoa ou do riacho, torcem
o pano, molham-no novamente, voltam a torcer. Colocam o anil, ensaboam e torcem uma, duas
vezes. Depois enxaguam, dão mais uma molhada, agora jogando a água com a mão. Batem o
pano na laje ou na pedra limpa, e dão mais uma torcida e mais outra, torcem até não pingar do
pano uma só gota. Somente depois de feito tudo isso é que elas dependuram a roupa lavada na
corda ou no varal, para secar. Pois quem se mete a escrever devia fazer a mesma coisa. A
palavra não foi feita para enfeitar, brilhar como ouro falso; a palavra foi feita para dizer.
(http://www.paralerepensar.com.br/graciliano.htm)
Para pensar...
A partir do texto acima, qual a metáfora que simboliza a pessoa que se dedica ao ofício da
escrita?
Cada procedimento executado pelas lavadeiras de Alagoas sugere cada uma das etapas pelas
quais a construção da escrita deve passar. Quais são essas etapas?
O que mais você acrescentaria ao texto de Graciliano para ilustrar o processo da escrita como
trabalho?
Escritores são lavadeiras. É esta a metáfora criada por Graciliano Ramos para ilustrar o esforço e
a insistência que o ofício da escrita exige. Podemos equiparar o ofício da escrita, também, com o
trabalho da aranha. Assim como a aranha tece pacientemente sua teia, escritores profissionais e
produtores de textos esporádicos tecem pacientemente suas palavras dentro das frases, as frases
dentro dos parágrafos. Com muito esforço, as lavadeiras deixam as roupas branquinhas. Com
muita sutileza, a aranha prepara sua armadilha. A construção da escrita requer esforço e
sutilezas...
Há ainda outro texto perfeito para ampliar a ideia de escrita enquanto trabalho. Leia o poema de
João Cabral de Melo Neto e procure analisar a relação que o poeta faz entre o ato de escrever e o
de “catar feijão”.
Catar feijão se limita com escrever:
joga-se os grãos na água do alguidar
e as palavras na folha de papel;
e depois, joga-se fora o que boiar.
Certo, toda palavra boiará no papel,
água congelada, por chumbo seu verbo:
pois para catar feijão, soprar nele,
e jogar fora o leve e oco, palha e eco.
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Ora, nesse catar feijão, entra um risco:
o de entre os grãos pesados entre
um grão qualquer, pedra ou indigesto,
um grão imastigável, de quebrar dente.
Certo não, quanto ao catar palavras:
a pedra dá à frase seu grão mais vivo:
obstrui a leitura fluviante, flutual,
açula a atenção, isca-a com o risco.
(Obra Completa, Rio de Janeiro, Editora
Nova Aguilar, 1999)
Na concepção de escrita como trabalho, as reescritas são fundamentais e, nesse processo de
“catar” e lapidar palavras, selecionando dentre tantas as que melhor expressam nossas ideias, é
preciso que o autor (locutor) se coloque no lugar do leitor (interlocutor) para quem o texto está
sendo escrito. Mais ainda, é essencial que o autor se coloque como o outro de si mesmo em
cada uma das etapas que constituem a produção textual.
Como assim?!
O melhor amigo do escritor é a lata de
lixo. (Isaac Singer)
Sempre que produzir algum tipo de texto, seja qual for o
gênero, não tire seus olhos do foco – o outro, isto é, o leitor
ou interlocutor para quem você escreve – e, ao mesmo tempo, olhe para sua escrita como se você
fosse outra pessoa – o outro de si mesmo: autor crítico, muito atencioso, determinado a analisar
cada um dos detalhes que compõem seu próprio texto e disposto a reescrevê-lo quantas vezes se
fizer necessário.
Ao se colocar como o outro de si mesmo na escrita, você será capaz, por exemplo, de preencher
lacunas, isto é, partes do texto em que as ideias ainda não estão suficientemente claras,
lapidadas, trabalhadas. Caso suas ideias não sejam objetos de sua reflexão mais apurada, elas
podem ser facilmente contestadas pelo leitor. Ao detectar lacunas, você estará antecipando
possíveis problemas de compreensão ou contestação por parte dos possíveis leitores. Sua tarefa,
então, será reescrever seu texto quantas vezes necessárias para evitar problemas. Para isso, terá
que analisar e pontuar quais aspectos ou ações de reescrita seu texto requer para se tornar
compreensível, atraente, desejável, convincente. Ações como, por exemplo, eliminar, acrescentar,
complementar, alterar, sintetizar, aprofundar ou esgotar um pouco mais o assunto tratado em seu
texto, etc.
Como o outro de si mesmo, você será capaz de
observar o que está faltando ou sobrando em seu texto.
Terá olho clínico para perceber redundâncias ou
ambiguidades, de modo a tomar as decisões
necessárias para eliminar ocorrências dessa natureza.
Terá condições para reescrever suas ideias e seus
argumentos, expressando-os de modo mais criativo,
mais convincente e menos previsível. Como revisor de
O outro é a medida: é para o outro que se
produz o texto [...] O outro insere-se já na
produção, como condição necessária para
que o texto exista. É porque se sabe do outro
que um texto acabado não é fechado em si
mesmo. (Bakthin)
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seu próprio texto, você também poderá perceber a necessidade de deslocar parágrafos,
acrescentar ou excluir conteúdo, mudar o título, tornando-o mais convidativo, enriquecer a
introdução, tornando-a mais atraente aos olhos do leitor, alterar a conclusão, atribuindo-lhe mais
qualidade.
Por fim, quando você não enxergar mais nada em seu texto que requer mudanças, apresente-o a
um revisor profissional da língua portuguesa. Ele poderá detectar o que seus olhos deixaram
passar (e em razão de alguns vícios da linguagem, isso de fato ocorre). Porém, se isso não for
possível, tenha certeza de que o outro de si mesmo já fez um bom trabalho.
Como síntese e comprovação do que discutimos até aqui a respeito da escrita enquanto trabalho,
propomos a leitura de mais dois textos. Abaixo, observe, prezado(a) aluno(a), as etapas da
produção textual e relacione-as ao ofício das lavadeiras, apresentado anteriormente no texto de
Graciliano Ramos, e também, ao ato de “Catar feijão”, conforme o poema de João Cabral de Melo
Neto.
Escrever é reescrever
Por Nilson Souza
Qualquer pessoa pode redigir desde que tente para valer. O difícil é reler até nada mais ter para
cortar ou acrescentar. A mensagem deve permanecer clara.
Primeiro, é preciso saber que o universo reservou um lugar certo para cada palavra e só ali ela
faz sentido. Como disse Voltaire, uma palavra posta fora do lugar estraga o pensamento mais
bonito.
Mas ninguém nasce com esta clarividência. Um texto se constrói, às vezes lentamente, muitas
vezes penosamente, raras vezes facilmente. Depende do esforço do construtor. E de sua
persistência para refazer a obra quando ela desabar, seja por insuficiência de alicerce cultural,
seja por causa de desvios temáticos ou de implosões gramaticais.
Qualquer pessoa consegue escrever, desde que tente para valer. Talento natural existe e ajuda,
mas não é tudo.
Uma boa maneira de começar é selecionar o que se tem a dizer e para quem. A partir daí, da
forma mais simples e direta possível, narra-se o fato. Com as palavras que vierem à cabeça. Até
que se esgotem. Depois, sim, começa a tarefa mais trabalhosa: reler uma, duas, tantas vezes
quantas forem necessárias. E ir retirando, sem autocomiseração, tudo o que parecer duvidoso,
exagerado, sem graça nem sentido. Se não sobrar nada, começa-se de novo. Se sobrar muito,
talvez seja melhor fazer outra leitura.
Quanto não houver mais nada para acrescentar ou tirar, e a mensagem principal permanecer
clara, o texto está pronto.
Parece simples, mas dói um bocado. Só que não tem outro jeito.
Para pensar...
Com relação à sua visão ou concepção acerca da escrita, algo mudou em você a partir do estudo
proposto neste material?
Você tem vivenciado a escrita como trabalho?
De modo natural e sem rebuscamentos ou enfeites linguísticos desnecessários, o autor do texto a
seguir sugere outras reflexões pontuais acerca da escrita enquanto trabalho, apontando aspectos
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relacionados a esse exercício, ao mesmo tempo, desafiador e gratificante. E como todo texto é
uma obra inacabada, sujeito a reescritas e complementos, pedimos que, ao concluir esta leitura,
você complemente as palavras do outro com as suas próprias...
Antes de tudo, digo que escrevo porque gosto, não escrevo para nenhum leitor em particular,
escrevo para mim, ou seja, escrevo aquilo que eu gostaria de ler, tendo sido escrito por alguém.
O que escrevo, nunca será uma obra acabada, de tempos em tempos, vou aprimorando aquilo
que escrevi reescrevendo o texto ou mudando aqui e ali.
Nosso vernáculo, por sinal, é muito difícil, e é óbvio que escrevo muitas palavras erradas, até
sem perceber, mas tão logo percebo, são imediatamente substituídas pelas palavras corretas.
Entendo que é errando que se aprende a não errar. Além do mais, escrever, para mim, é igual a
plantar alguma semente, que no seu devido tempo, trará seus frutos mais doces e suculentos.
Então, do mesmo jeito que ocorre numa plantação, há a necessidade de preparar bem a terra;
carpindo, jogando calcário e adubo, espalhando as sementes, regando o tempo todo,
observando o crescimento, arrancando o broto que não serve para dar fruto e, quando os frutos
aparecem, de cada planta são retirados para que fique limpa e dê muito mais frutos ainda.
Quando escrevo, não premedito nada, posto que estou sempre lendo e estudando dentro do
possível, todas as ciências, bem como, outras leituras corriqueiras com o firme propósito de ir ao
encontro de alguma descontração, ademais, sou um observador por natureza das questões que
envolvem principalmente as relações humanas no contexto tricotômico; corpo, alma e espírito.
Por isso, o que escrevo normalmente é fruto dos meus estudos, das minhas descontrações, das
minhas experiências de vida, das minhas aspirações, das minhas inspirações. Mas é óbvio que
mesmo eu não escrevendo para algum leitor ou leitora em particular, fico feliz ao descobrir que
alguém tenha gostado e ou vibrado com aquilo que escrevi. Fico feliz porque pude levar algo
compreensivo a alguém, ou seja, houve uma linha de comunicação que de certa maneira atingiu
seu alvo com sucesso.
No entanto, você poderá perguntar-me – E como você lida com as críticas em relação ao que
escreve? Respondo – Eu acredito que ninguém consegue agradar a todos, e uma vez que temos
a necessidade de escrever, precisamos também estar abertos a tudo o que vier pela frente,
principalmente em relação às críticas, que sendo elas as piores, ainda assim, posso entender
que, pelo menos, pude impactar alguém com o que escrevo, e por mais que tais críticas sejam
dirigidas a mim de forma negativa, as recebo positivamente, visto que as analiso aproveitando o
que for relevante, observando a fonte, sendo a fonte das críticas condizente com a realidade
daquilo que escrevo, e portadora de conhecimento necessário para a devida refutação, sem
problemas.
Hoje em dia, as massas vão sempre para o mesmo rumo e todos nós podemos notar se alguém
escreve algo diferente, por ser diferente. Somente pessoas diferentes da maioria é que
conseguem entender e absorver o que foi escrito, tirando boas lições e ao mesmo tempo
aprendendo com o fim de buscarem o desenvolvimento pessoal.
Na atualidade, se você não concordar com o rumo para onde caminha a humanidade, pronto,
você não passa de um patinho feio insignificante. Para mim, é bom porque gosto de estar perto
das pessoas insignificantes, elas têm mais vida e não ficam temerosas com isso ou com aquilo
que poderão dizer delas, afinal, elas não têm nada a perder; nem pompas, nem status, nem
tapinhas nas costas.
Escrever é um meio de motivação, de exercitar os neurônios, de voar mais alto, de rir das
situações, de exclamar, de contradizer os dirigentes loucos desta vida, de criar poesia, de nos
levar aos sentimentos mais íntimos, de nos fazer sentir o exalar do perfume de uma flor, de
externar o contentamento descontente, de proclamar a fé, a esperança e o amor, de ir ao
encontro do conhecimento do infinito, sabendo que lá, nunca se chegará. Escrever é o meio pelo
qual aplaudimos os grandes feitos da humanidade e pelas mesmas vias repudiamos as ações
ditatoriais dos déspotas que assolam a vida e a liberdade de todos os povos e nações.
Finalmente, escrever, para mim, é o mesmo que derramar um aromático perfume no ar, e
também, nos corações daqueles e daquelas que conseguem apreciar o encanto, e toda a beleza
existente na ponta dos dedos, pressionados contra as teclas do teclado de um computador,
utilizados pela mente e pelo coração de um destro escritor ou de uma destra escritora.
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Sem dúvida, os desafios e as dificuldades de construção da escrita são reais e fazem parte do
processo. Assim como são igualmente reais as sementes que plantamos e os frutos que colhemos
a partir dela. Outro detalhe a ser lembrado é a sensação de solidão muitas vezes comum nesse
processo. Principalmente, quando o texto a ser produzido demanda bastante tempo, às vezes
anos, para ser concluído. Livros, dissertações de mestrado e teses de doutorado, por exemplo.
Todavia, qualquer pedra pelo caminho pode ser usada para o crescimento de quem quer que
seja... Basta que este alguém seja, de fato, movido pela
determinação...
A partir do momento que começamos a
Por fim, além das habilidades de escrita que essa prática
nos proporciona, quanto mais escrevemos, mais
conhecimentos adquirimos, produzimos e partilhamos. E,
passar para o papel o que pensamos, é
que principiamos a organizar nossas
ideias.
quanto mais textos
produzimos, mais forçamos e exercitamos o nosso intelecto a organizar
nossas ideias, de modo que passamos a compreender melhor a nós mesmos, nossos valores,
talvez o mais importante,
nossas opiniões, nossos conceitos, tudo aquilo que compõe nossa capacidade de autoria e as
singularidades de nossas idiossincrasias...
E você? O que pensa sobre a escrita?
Registre suas reflexões, produza um novo texto a partir das ideias inspiradoras acima. Redija em
uma folha qualquer, ou no computador, em um lugar de sua preferência, o que a escrita significa
para você? O que você sente quando escreve? Expresse o sentido que o ato de escrever tem
exercido sobre você.
Se quiser, envie seu texto para nós. Teremos o maior prazer de ler seu material, conhecer um
quem sabe, seu texto seja selecionado para
postagem na Sala Virtual de Aprendizagem da Formação Sociocultural e
Ética?
pouco sobre você a partir dele e,
DICAS DE LEITURA
Há muitos outros aspectos importantes e intrínsecos ao
processo de produção textual e, por isso, incentivamos que
você pesquise mais a respeito. Para começar, indicamos o livro
É possível facilitar a leitura: um guia para escrever claro, das
autoras Yara Liberato e Lúcia Fulgêncio, Editora Contexto. É
uma obra de fácil compreensão, com explicações didáticas e
dicas úteis para se produzir textos com clareza.
(http://www.livrariacultura.com.br/scripts/resenha/resenha.asp?nitem=2
060186)
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Também indicamos Ler, pensar e escrever, de Gabriel
Perissé, Editora Saraiva. A obra reúne os três pilares
responsáveis pela formação e expressão crítica do
conhecimento. Vale a pena conferir!
(http://www.livrariasaraiva.com.br/produto/3663364/ler-pensar-eescrever-5-edicao)
Já conferimos alguns dos conteúdos publicados no blog de Gabriel
Perissé e aprovamos! Vale a pena conferir!
http://ler-pensar-e-escrever.blogspot.com.br/p/apresentacao-do-livro.html
A seguir, fiquem com os textos selecionados,
especialmente, para esta Coletânea!
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Textos Selecionados
Em se tratando de Ética e Economia, cabe falarmos sobre sabedoria. Será que se
perderá com o tempo? Foi substituída por algum outro atributo na era da globalização?
Este primeiro texto é uma proposta de retomada a “antigos” conceitos que nos levam à
reflexão acerca de uma possível relação entre ética e economia, quem sabe! Será
possível, ainda, o espaço à reflexão, à valoração da alma, à contemplação da vida... da
essência da vida? Enfim, Ética e Economia podem caminhar juntas? Leia e reflita você
também!
Ética e economia na era da globalização
Edir Martins Moreira
Ainda hoje vale a definição de ciência de Aristóteles, formulada na sua obra Organon, como
conhecimento certo pelas causas. Para saber algo em profundidade é preciso relacionar
conceitos, saber as causas, o porquê das coisas. Este é um dos grandes dilemas do nosso
século, impulsionado pelo rápido e fácil acesso a fontes de informação. Podemos obter
instantaneamente milhões de informações, mas corremos o perigo de
tornarmo-nos incapazes de processá-las de um modo orgânico, integrado,
coerente, através da relação causa-efeito que caracteriza o conhecimento
científico. Entretanto, não é esse o desafio mais grave que enfrentamos. “Onde está a
sabedoria que perdemos no conhecimento?”
A ciência ofuscou a procura da verdadeira sabedoria, da sabedoria cultivada na Grécia antiga
pelos filósofos que buscavam saber coisas essenciais, as primeiras causas, os primeiros
princípios, a origem de todas as coisas e, mais importante ainda, o sentido da vida e da
existência. A essa tarefa Sócrates dedicou a sua vida. É Platão quem colocou na boca de
Sócrates as seguintes palavras: “Outra coisa não faço senão andar por aí persuadindo-vos,
moços e velhos, a não cuidar tão aferradamente do corpo e das riquezas, como de melhorar o
mais possível a alma, dizendo-vos que dos haveres não vem a virtude para os
homens, mas da virtude vêm os haveres e todos os outros bens particulares
e públicos”[1].
Assistimos perplexos a um distanciamento cada vez maior entre educação e formação. Crianças e
adolescentes recebem oceanos de informações prontas, desconexas, e muitas vezes fúteis, que
são incapazes de processar e integrar em um projeto de crescimento em conhecimento e
sabedoria. A informação não é formação. O simples acúmulo de informações, onde o
raciocínio não tem lugar e a reflexão ética não encontra espaço, está longe
de contribuir para forjar a personalidade e nortear a vida.
As considerações precedentes são apenas um exemplo para ilustrar a questão da globalização,
mas um exemplo significativo do paradoxo da evolução das comunicações em relação aos ideais
da cultura humana. Por isso, para uma reflexão mais clara, propomos as definições dos conceitoschave do tema em destaque:
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Ética
A ética é uma característica inerente a toda ação humana e, por esta razão,
é um elemento vital na produção da realidade social. Todo homem possui um senso
ético, uma espécie de “consciência moral”, estando constantemente avaliando e julgando suas
ações para saber se são boas ou más, certas ou erradas, justas ou injustas. Existem sempre
comportamentos humanos classificáveis sob a ótica do certo e errado, do bem e do mal. Embora
relacionadas com o agir individual, essas classificações sempre têm relação com as matrizes
culturais que prevalecem em determinadas sociedades e contextos históricos.
A ética está relacionada à opção, ao desejo de realizar a vida, mantendo com os outros relações
justas e aceitáveis. Via de regra, está fundamentada nas ideias de bem e virtude, enquanto
valores perseguidos por todo ser humano e cujo alcance se traduz numa existência plena e feliz.
Provavelmente, o estudo da ética tenha se iniciado com filósofos gregos há 25 séculos. Hoje em
dia, seu campo de atuação ultrapassa os limites da filosofia e inúmeros outros pesquisadores do
conhecimento dedicam-se ao seu estudo. Sociólogos, psicólogos, biólogos, teólogos entre outros
profissionais.
Ao iniciar um trabalho que envolve a ética como objeto de estudo, consideramos importante, como
ponto de partida, estudar o conceito de ética, estabelecendo seu campo de aplicação numa
pequena abordagem. A ética não é algo superposto à conduta humana, pois
todas as nossas atividades envolvem uma carga moral. Ideias sobre o bem e o
mal, o certo e o errado, o permitido e o proibido definem a nossa realidade.
A ética seria então uma espécie de teoria sobre a prática moral, uma reflexão teórica que analisa
e critica os fundamentos e princípios que regem um determinado sistema moral. A ética é “em
geral, a ciência da conduta”[2]. Em outras palavras, podemos ampliar a definição afirmando
que a ética é a teoria ou ciência do comportamento moral dos homens em sociedade. Ou seja, é
ciência de uma forma específica de comportamento humano.
Economia
Trata-se de uma ciência social que estuda a produção, distribuição e consumo de bens e serviços.
O termo economia vem do grego oikos (casa) e nomos (costume ou lei) ou também gerir,
administrar: daí “regras da casa” ou “administração da casa”[3].
Uma das definições que captura muito da ciência econômica moderna é a de Lionel Robbins em
um ensaio de 1932: “a ciência que estuda as formas de comportamento humano
resultantes da relação existente entre as ilimitadas necessidades a satisfazer
e os recursos que, embora escassos, se prestam a usos alternativos”[4].
Estando ausentes a escassez dos recursos e a possibilidade de fazer usos alternativos desses
recursos, não haverá problema econômico. A disciplina assim definida envolve, portanto, o estudo
das escolhas uma vez que são afetadas por incentivos e recursos.
Um dos usos da economia é explicar como as economias ou como os sistemas econômicos
funcionam e quais são as relações entre agentes econômicos na sociedade em geral. Métodos de
análise econômica têm sido cada vez mais aplicados em campos de estudo que envolvem
pessoas que tomam decisões em um contexto social, como crime, educação, família, saúde,
direito, política, religião, instituições sociais, guerra, etc.
Globalização
14
Globalização é um termo utilizado para tudo e, por essa razão, pode chegar a não significar nada.
É necessário, portanto, começar procurando definir bem o significado do termo. Globalização é
um processo, e um processo que ocorre no tempo. A origem etimológica lembra globo. Seria um
processo de integração global do planeta Terra. Caso descobrissem outros seres no sistema
solar, os habitantes poderiam pensar em um processo de “solarização”, ou integração solar, por
exemplo. Independentemente da questão de existir ou não vida em outros planetas, o exemplo é
útil para compreender o significado da globalização e o papel essencial dos meios de
comunicação nesse processo. Sem comunicação não há o que partilhar, o que “globalizar”.
A comunicação exige um instrumento para transmitir a linguagem, seja por meio de sinais de
fumaça, luminosos, autofalantes, rádio, televisão, celular ou internet. Duas barreiras, portanto,
limitam a comunicação: uma linguagem comum, que permita a compreensão; e um instrumento
que permita e facilite a comunicação. A diferença de línguas é um obstáculo para a comunicação
e, indiretamente, para a globalização. A outra barreira é tecnológica.
O homem primitivo não era globalizado porque não se integrava, e não se integrava porque não
se comunicava. Por isso uma língua universal permite a integração. É o papel que o inglês está
desempenhando no mundo hodierno. Estamos sendo invadidos pelo inglês (pet shop, freezer,
notebook etc). É um fato inquestionável, independentemente do que cada um pense a respeito, do
que o Congresso Nacional legisle. Como o “pégaso” da mitologia grega, a língua inglesa tem sido
o “cavalo” da globalização e a internet as suas “asas”. A tecnologia avança a passos largos e as
barreiras das distâncias diminuem a uma insuspeitada velocidade. A revolução nas comunicações
promove a globalização e representa um avanço para a integração mundial.
Por conseguinte, a globalização é um processo que se inicia com a comunicação. O advento da
globalização traz inúmeras vantagens, porém apresenta sofismas e desafios. A análise desse
processo exige reflexão. A comunicação é a ponta do iceberg. A comunicação favorece o
relacionamento econômico, o diálogo político e tem um papel importante também cultural e em
termos de valores. Para ir ao âmago da globalização é preciso analisar não só a comunicação,
mas também a economia, a política e os valores. Está lançado o desafio[5].
Fortalecimento da ética no mundo globalizado?
Num mundo que passa por profundas mudanças de paradigmas e em uma sociedade que
necessita com urgência inserir no seu dia-a-dia novas práticas relativas a essas mudanças,
especialmente no âmbito do planejamento da produção e das formas de consumo, o uso
descontrolado da natureza gerou uma grave crise que vem colocando em risco a própria
humanidade. A posição do homem na natureza tornou-se dual ao longo da história da civilização.
Ao mesmo tempo em que é parte integrante do meio ambiente, e dele dependente, também o
homem passou a nele interferir de modo a conquistar cada vez mais condições para aumentar sua
qualidade de vida, passando assim a transformar a natureza, degradá-la e fabricar a ilusão de que
é independente da mesma.
Assim, toda crise traz em si, de forma dialética, a sua própria solução. Na medida em que se
entende melhor as causas e consequências do mau uso dos recursos, do desrespeito à vida, se
compreende que o homem é, ao mesmo tempo, o causador e um dos mais prejudicados pelo
desequilíbrio por ele gerado, também, de certa forma, vão sendo descobertas as soluções para os
impasses. Todo o planeta é sujeito a uma crise, o que afeta a vida de cada pessoa, de uma
maneira ou de outra, já que todos os fenômenos e seres estão interligados em um imenso sistema
de suporte que garante a vida do homem. A compreensão dessa premissa é a base de todas as
mudanças que começam a acontecer. As ciências começam a se reestruturar para lidar com os
novos cenários forjados[6].
Nesse novo cenário, surgem novos campos do saber, e até novas profissões. E as profissões já
estruturadas percebem a necessidade de adequar seu arcabouço analítico às novas condições,
aplicando novos conhecimentos aos já estabelecidos.
15
Num esforço de síntese, a globalização é definida por Giannetti como a conjunção de três forças
muito poderosas: a terceira revolução tecnológica (tecnologias ligadas à busca, processamento,
difusão e transmissão de informações; inteligência artificial; engenharia genética), a formação de
áreas de livre comércio e blocos econômicos integrados, e a crescente interligação e
interdependência dos mercados físicos e financeiros em escala planetária. Percebe-se por que o
fenômeno da globalização representou e representa uma efetiva mudança de paradigma[7].
A tentativa de criar áreas de livre comércio e blocos econômicos integrados, tais como a União
Europeia, o Nafta ou o Mercosul, constitui-se em iniciativas, pela primeira vez em mais de
quinhentos anos, que supõem que interesses supranacionais se sobrepõem aos interesses
particulares.
Graças a essas três forças poderosas que configuram a globalização, percebe-se uma mudança
na percepção de dois fatores básicos que fazem parte da nossa vida, o tempo e o espaço. A
primeira sensação que se tem é a de que houve uma aceleração do tempo e uma integração do
espaço. Em outras palavras, tempo e espaço deixaram de ser obstáculos no
mundo globalizado. É o que Marshall McLuhan chamou de aldeia global.
paradoxo, já que principalmente
quem vive em grandes metrópoles sabe que estamos ainda muito longe de
viver numa sociedade em que o tempo e o espaço deixaram de ser
obstáculos. A rigor, o que se percebe nessas localidades é exatamente o oposto, pois é
Na verdade, essa primeira sensação esconde um enorme
crescente (e não decrescente) a quantidade de pessoas que se queixa cada vez mais que tem
menos tempo de fazer tudo aquilo que gostaria ou deveria fazer.
O sobe e desce da importância dos fatores (dos valores)
Com essa verdadeira mudança de paradigma, alguns fatores ganham importância no mundo
globalizado, ao mesmo tempo em que outros, simultânea e quase simetricamente, têm sua
importância reduzida. Nesse sentido, ganham importância no mundo globalizado: a
estabilidade e a previsibilidade macroeconômicas; o investimento em capital humano, entendido
não apenas no seu componente cognitivo, necessário para interagir com as novas tecnologias,
mas também no que diz respeito à ética e à confiabilidade interpessoal. Por outro lado, perdem
importância no mundo globalizado: a noção de Estado nacional soberano; a mão-de-obra
barata e os recursos naturais abundantes como fatores de competitividade e atração de
investimento direto estrangeiro; e a autossuficiência econômica como objetivo nacional[8].
A revolução nas comunicações promove a globalização e representa um avanço para a integração
mundial. Apresenta, entretanto, como contrapartida, desafios e riscos. A mídia passa a ser
detentora da opinião, pois manipula os telespectadores e forja, de acordo com os seus interesses,
a opinião popular. Quando o acesso à informação se torna um fim e não um
meio, a pessoa se empobrece em aquisição tanto de conhecimento e ciência, que só é
possível adquirir pelo estudo, quanto na procura e conquista da sabedoria, que é um saber em
profundidade, essencial, alcançado pela reflexão e muito distante do simples acúmulo de dados
(informações). Vai-se percebendo sempre mais uma inversão dos valores essenciais, o homem
torna-se mero objeto de produção e de consumo.
[1] PLATÃO. Defesa de Sócrates, p. 15.
[2] ABBAGNANO, Nicola. Diccionario de filosofia, 1992, p. 360.
[3] HARPER, Douglas. Economy Online Etymology Dictionary – Economy. Disponível in:
http://www.etymonline.com/index.php?term. Página visitada em 11/02/10.
16
[4] ROBBINS, Lionel. An Essay on the Nature and Significance of Economic Science.
London: Macmillan and Co., Limited, [s.d.].
[5] RODRÍGUEZ RAMOS, José Maria. Globalização e comunicação. Disponível in:
http://www.cieep.org.br/index.php?page=artigossemana&codigo=292. Publicado em 15 de março
de 2006. Acessado em 03/02/10.
[6] CHACON, Suely Salgueiro. Crise e oportunidade: para compreender o papel do economista
diante dos novos paradigmas. http://www.cofecon.org.br. Acessado em 05/06/10.
[7] GIANNETTI, Eduardo. Globalização, transição econômica e infra-estrutura no Brasil. Texto
preparado para o Seminário “Competitividade na infra-estrutura para o Século XXI”, promovido
pelo Instituto de Engenharia, São Paulo, realizado em 24/09/96.
[8] MACHADO, Luiz. Ética e globalização. Disponível in: http://www.cofecon.org.br. Publicado em
19 de junho de 2006. Acessado em 03/02/10.
Disponível em: http://pensamentoextemporaneo.wordpress.com/2010/10/08/etica-e-economia-na-era-daglobalizacao/ Acesso em: 29 abr 2014. Adaptado e grifos das organizadoras.
De olhos bem abertos para o presente e em direção ao futuro da humanidade, cumpre
apresentarmos outra possibilidade de reflexão sobre a Ética e a Economia, agora
relacionada ao Manifesto ‘Ética global para a economia’, o qual propõe dois princípios
basilares que apontam para mais humanização e respeito em todos os níveis e sentidos.
Em que medida este texto é um manifesto para a minha e a sua vida? Não há como não
ser!
Manifesto ‘Ética global para a economia’
Anselmo Borges
[...] Foi precisamente por iniciativa da Fundação Welthos e
em ligação com a “Declaração para uma Ética Mundial”, do
Parlamento das Religiões Mundiais, em Chicago, em 1993,
que, no quadro de uma economia ecológico-social de
mercado, surgiu o Manifesto “Global Economic Ethic”,
assinado por figuras relevantes da Política, das Igrejas, das
Universidades, da Banca, e tornado público em 2009, em
Nova Iorque e em Basileia.
o princípio de
humanidade
–
“todo
o
ser
humano,
independentemente da idade, sexo, raça, cor da
pele, capacidades físicas ou espirituais, língua,
religião, concepção política, origem nacional ou social, tem dignidade
inviolável e inalienável”, de tal modo que “também na economia, na política,
nas instituições de investigação e industriais, deve ser sempre sujeito de
direitos e fim, sempre fim, nunca simples meio, nunca objeto de comercialização ou
industrialização” – e o princípio da reciprocidade: “não faças aos outros o que
não queres que te façam a ti”; esta regra de ouro “promove a
responsabilidade mútua, a solidariedade, a justiça, a tolerância e o respeito
por todas as pessoas envolvidas. Essas atitudes ou virtudes são os pilares fundamentais
Há dois princípios que servem de base:
17
de um ethos global econômico, uma visão fundamental comum do que é legítimo, justo e
equitativo”.
Os dois princípios expandem-se em valores fundamentais: 1. não violência e respeito pela vida; 2.
justiça e solidariedade; 3. honestidade e tolerância; 4. respeito mútuo e companheirismo. Estes
valores têm consequências para a economia e os negócios, segundo os 13 artigos do Manifesto,
que pode ler-se na recente obra de Küng, Anstäntig wirtschaften. Warum Ökonomie Moral braucht
(Economia com decência. Por que é que a economia precisa de moral) e de que se apresenta
uma breve síntese.
1. Para respeitar os valores da não violência e do respeito pela vida, devem ser abolidos o
trabalho escravo, o trabalho forçado, o trabalho infantil, os castigos corporais e outras violações
de normas do direito laboral internacionalmente reconhecidas. Deve-se acabar com as condições
laborais e os produtos que danificam a saúde. A relação sustentável com o ambiente é um valornorma fundamental da atividade económica.
2. Respeitando os valores da justiça e da solidariedade, devem ser abolidas todas as práticas
corruptas e desonestas. Finalidade maior de todo o sistema social e econômico, que pretende
igualdade de oportunidades, justiça distributiva e solidariedade, é pôr termo à fome e ignorância, à
pobreza e desigualdade de oportunidades em todo o mundo. A subsidiariedade e a solidariedade,
o empenho privado e público são as duas faces da medalha e concretizam–se, antes de mais, em
investimentos privados e públicos no sector econômico, mas também em iniciativas para a criação
de instituições que sirvam a formação de todos os segmentos da população e a edificação de um
sistema de segurança social, para que todos possam desenvolver-se humanamente e ter uma
vida digna.
3. A verdade, a sinceridade e a honestidade são valores essenciais para as relações econômicas
e a promoção do bem-estar humano geral e pressupostos para criar confiança nas relações
humanas e na concorrência econômica. A cooperação mutuamente vantajosa pressupõe a
aceitação de valores e normas comuns e a capacidade de aprender uns com os outros, acolhendo
os outros na sua alteridade. São inadmissíveis aquelas ações que não respeitam ou violam os
direitos humanos.
4. A estima mútua e o companheirismo entre todos os envolvidos, particularmente entre homens e
mulheres, são pressupostos e resultados da cooperação econômica. Baseiam-se no respeito,
justiça e sinceridade com todos os parceiros: empresários, trabalhadores, consumidores ou outros
interessados.
Disponível em: http://filosofiaemalbergaria.blogspot.com.br/2013/02/manifesto-etica-global-paraeconomia.html Acesso em: 22 abr 2014. Adaptado e grifos das organizadoras.
No entorno da vida social e econômica, como acabamos de ver nos textos anteriores,
seria possível uma economia sem ética? Possível?! Tudo é possível! As perguntas que
parecem caber neste momento são: quais as consequências da falta de ética? Em que
medida a responsabilidade, transparência e confiança são imprescindíveis em todas as
esferas dos relacionamentos humanos? Reflita!
Economia sem ética
Adela Cortina
18
A catastrófica crise econômica que vivemos, tão
dolorosa para milhões de pessoas com nome e
sobrenome,
estourou quando o
discurso
da
Responsabilidade Social Empresarial (SER) está frutífero
em
memórias
anuais,
índices
de
empresas
responsáveis, pós-graduações e publicações. A pergunta
é inevitável: era cosmética ou ética? Maquiagem para ter
boa aparência ou vitaminas que fortalecem por dentro?
Há de tudo, é claro, e existem causas de gêneros muitos
diferentes. Mas a crise é também uma prova de que boa
parte das organizações do mundo econômico e político
não assumiram esse discurso, quando, na realidade, ele
pertence à própria entranha desses mundos: não vem de
fora, mas é seu.
Uma empresa inteligente – diz o discurso – não opta por
uma ética do desinteresse, coisa impossível para uma
empresa moderna, mas sim do interesse comum. Não
abandona o mundo dos incentivos, da busca do benefício e a viabilidade, mas tenta conseguir seu
benefício por meio do benefício compartilhado. Por isso, tenta se converter nessa “empresa
cidadã”, que as pessoas veem como coisa sua, porque gera riqueza material, trabalho e valores
intangíveis no seu entorno. Aposta pela transparência que vai gerando confiança e forjando a
reputação, valores sem os quais é difícil manter a viabilidade. Por isso, a empresa prudente tenta
conhecer as aspirações de seus grupos de interesse e responder a elas. Responsabilidade,
transparência e confiança são, então, imprescindíveis para alcançar o bem da empresa a médio e
longo prazos. Sempre que exista um marco institucional capaz de assegurar razoavelmente que
as regras do jogo sejam cumpridas.
Em muitos casos, não funcionou o marco institucional, encarregado de controlar as atuações
financeiras, de colocar de sobreaviso os investidores e os consumidores. Os marcos falharam, e
por isso o controle é necessário. Mas apesar da convicção leninista de que “a confiança é boa,
mas o controle é melhor”, os dois são imprescindíveis. Sem controle, os bancos jogam no risco
excessivo, no subprime em um dia e em não emprestar no dia seguinte, os governos avalizam
requalificações, os consumidores se endividam além do razoável e chega um tempo em que o
trem da atividade econômica dá uma freada brusca. Que parece que, pelo menos em parte, é o
que aconteceu conosco. Mas, sem confiança, as transações decaem, o investimento diminui, os
empréstimos escasseiam, as empresas fecham, o desemprego aumenta, e o sofrimento cresce.
O discurso da RSE, como José Angel Moreno disse, está, na realidade, desvinculado dos
sistemas de governo corporativo? Ele não se incorporou ao núcleo duro de uma grande parte das
empresas, quando na realidade lhes é consubstancial?
Talvez o que ocorre é que existam dois tipos de incentivos, os bons e os maus, os que pertencem
ao jogo limpo da empresa e os espúrios. Os últimos podem ser úteis em alguma ocasião, mas não
podem ser os principais, como o filósofo MacIntyre mostrava com o exemplo de uma criança,
cujos pais querem que ela aprenda a jogar xadrez e, como ela não gosta, prometem-lhe doces a
cada vez que jogar. O incentivo das balas pode servir para que ela conheça o jogo e se interesse
por ele, mas, se com o tempo, ela seguir sem gostar por si mesma, trapaceará quando puder.
Se o diretor de um banco, ao assessorar os clientes, está pensando que o seu salário ou a sua
ascensão dependem de que eles invistam em determinados fundos, tentará persuadir-lhes de que
é um risco admissível com o qual ganharão consideravelmente. As demais opções são
“conservadoras”, adjetivo que já tem um sentido pejorativo. Claro que, diferentemente do xadrez,
o diretor também conta com a ambição do cliente. Mas nem aquele que adverte dos riscos
19
previsíveis, nem o que concede subprimes são bons profissionais, porque não é esse o sentido de
sua profissão e por isso geram desconfiança.
Se globalizarmos a partida de xadrez, ocorrerá que, além das turbulências das quais os
economistas falam, houve organizações e pessoas concretas que não creram no valor de sua
profissão, que arriscaram aquilo que era seu e aquilo que não era, convencidos de que iriam se
dar bem. O pior de tudo é que nesse jogo, algumas vezes, os protagonistas pagam, mas em todas
as ocasiões quem pagam são os piores situados. Os que ficaram sem trabalho, os que não
puderam pagar a hipoteca, os que tiveram que fechar a sua pequena empresa, os imigrantes que
voltaram para os seus países, e acabaram as remessas, principal fonte de ingressos para esses
países.
No documento da última cúpula do G-20, os líderes mundiais fazem uma
afirmação assombrosa: “Reconhecemos a dimensão humana da crise”. Mas
existiu alguma vez uma atividade econômica sem dimensão humana? Não é
verdade que a economia deve ajudar a se construir uma boa sociedade e,
quando não consegue, fracassa rotundamente, tendo em conta que essa boa
sociedade hoje deve ser mundial?
(Ecodebate, 08/05/2009) publicado pelo IHU On-line, 06/05/2009 [IHU On-line é publicado pelo
Instituto Humanitas Unisinos - IHU, da Universidade do Vale do Rio dos Sinos – Unisinos, em São
Leopoldo, RS.]
Disponível em: http://www.ecodebate.com.br/2009/05/08/economia-sem-etica-artigo-de-adela-cortina/
Acesso em: 22 abr 2014. Grifos das organizadoras.
Estamos adentrando o mês de maio e, por esse motivo, importa entendermos quais as
perspectivas econômicas para o ano de 2014. Um dos meios para que reflitamos e
compreendamos acerca desta questão é nos atentarmos à proposta do Fórum Econômico
Mundial, organização esta que reúne líderes da economia mundial e que tem por objetivo
analisar e discutir algumas das tendências econômicas que devem marcar este ano.
2014 terá desemprego e mais desigualdade
Fórum Econômico Mundial prevê mais desigualdade e desemprego em 2014
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Veja a seguir as quatro principais tendências para a economia em 2014, compiladas pelo Fórum
Econômico Mundial, organização que reúne líderes da economia mundial Laurent Gillieron/Efe
Altos níveis de desemprego e aumento da desigualdade social são algumas das tendências
econômicas que devem marcar o ano de 2014, segundo pesquisa feita pelo Fórum Econômico
Mundial, organização que reúne líderes da economia mundial.
A pesquisa do Fórum ouviu mais de 1.500 experts nas áreas de negócios, governo, universidades
e sociedade civil organizada. O resultado foi resumido em grandes tópicos, comentados por
especialistas que compõem a entidade.
Além dos quatro tópicos citados abaixo, outros cinco que não têm ligação direta com a economia
também foram levantados pelo Fórum: o aumento das tensões no Oriente Médio e norte da África;
intensificação das ameaças virtuais; falta de preocupação com as mudanças climáticas;
esvaziamento de lideranças; crescente importância das megacidades; e desinformação online.
1 – Aumento da desigualdade
De acordo com a pesquisa do Fórum Econômico Mundial, a desigualdade de renda é sentida
tanto em países emergentes quanto em nações ricas.
Nos Estados Unidos, por exemplo, a crescente disparidade entre as classes sociais é o maior
desafio a ser enfrentado no próximo ano, segundo o relatório. Entre as causas do problema, o
Fórum cita a dificuldade de acesso à educação primária e secundária de boa qualidade.
Além disso, nos EUA, os custos da educação superior estão subindo, fazendo com que muitas
famílias de classe média não consigam mais pagar pela faculdade dos filhos. De acordo com a
presidente do Care USA, Helene Gayle, uma das formas de atacar a desigualdade é se
concentrar em disparidades de gênero, de forma a igualar os salários de homens e mulheres, e na
capacitação das pessoas, de forma integrada e com impacto de longo prazo.
2 – Continuidade do desemprego estrutural
O relatório registra que, na Europa, o desemprego é a principal questão na qual os governos
deveriam prestar atenção para que a crise econômica seja superada.
"Uma geração que inicia sua carreira em completa desesperança está mais vulnerável a políticas
populistas. Além disso, vão faltar a ela habilidades essenciais, que são desenvolvidas no início da
vida no trabalho. Isso pode minar o futuro da integração europeia, uma vez que os países com as
mais altas taxas de desemprego entre os jovens estão na periferia do continente", afirma o
relatório.
O relatório conclui que a saída pode estar no incentivo ao empreendedorismo e à inovação.
Segundo o Fórum, é responsabilidade das empresas treinar e acolher jovens inexperientes,
eventualmente contratando-os ou capacitando-os para o trabalho em outros locais.
3 – Menor confiança na política econômica
A desconfiança com as medidas políticas para retomar o crescimento econômico só tem
aumentado nos países mais atingidos pela crise econômica. Se no Brasil 41% das pessoas
acreditam que a situação econômica do país é ruim, essa porcentagem chega a 99% na Grécia, e
83% no Reino Unido.
21
No Japão, 71% das pessoas avaliam que a economia vai mal, e, nos Estados Unidos, 65%. O
pessimismo está ligado à desconfiança com relação às decisões políticas que determinam o rumo
da economia nesses países. "Há uma dissociação entre os governos e os governados, entre os
bancos e as pessoas que fazem os depósitos", afirma o relatório.
Para John Lipsky, que preside o conselho de sistemas monetários internacionais no Fórum, a
melhor resposta para a crise na economia global foi a criação do G20, mas a oportunidade de
conciliação foi desperdiçada.
"Esforços de cooperação ainda são a melhor forma de lidar com problemas inter-relacionados, e,
se mantivermos esta ideia em mente, para reconstruir os primeiros sucessos do G-20, podemos
fazer a diferença", diz Lipsky.
4 – Expansão da classe média na Ásia
As sociedades asiáticas estão se expandindo graças à implantação de importantes reformas,
como a adoção da economia de mercado, desenvolvimento de pesquisa científica e tecnologia,
cultura do pragmatismo e meritocracia, além de investimento em educação, segundo o relatório do
Fórum Econômico Mundial.
O rápido crescimento populacional e econômico da Ásia já começa a ocasionar uma enorme
pressão nas fontes de matéria-prima globais.
O documento afirma que os habitantes desses países precisam ser mais conscientes do que
foram os americanos, por exemplo, e usar com mais responsabilidade os recursos naturais para
que não se esgotem, segundo o especialista em assuntos relacionados à China do Fórum,
Kishore Mahbubani.
Para ele, a expansão global da classe média deve ser incentivada, apesar dos riscos. Se as
questões ambientais puderem ser enfrentadas, o desenvolvimento econômico é positivo, uma vez
que as sociedades asiáticas estão vivenciando níveis de paz e prosperidade que não são vistos
há séculos na região.
Disponível
em:
http://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2013/12/12/2014-tera-desemprego-e-maisdesigualdade-preve-forum-economico-mundial.htm Acesso em: 29 abr 2014.
O texto que segue trata-se de uma entrevista que tem por objetivo esclarecer alguns
aspectos relacionados à taxa “Selic”. Vilã ou não, importa antes de tudo entender um
pouco melhor do que se trata e como isto pode afetar o Brasil. Vale a pena compreender
alguns aspectos relacionados à economia à luz de um dos mestres em Finanças Públicas
que tem ocupado importantes funções relacionadas à economia no país.
“A taxa Selic é o veneno da economia”
Para Amir Khair, uma taxa Selic aceitável estaria próxima dos índices de inflação. Em termos de
cenário econômico brasileiro, isso representaria algo na casa de 5% a 6%. No entanto, a Selic
atual é de 11%. Isso “é ministrar um veneno em dose maior. Eu considero a taxa Selic como um
veneno da economia”, afirma o mestre em finanças públicas. “Com isso, você atrai dólares do
exterior, que vêm para cá, captam dinheiro a custo praticamente zero e aplicam em taxa Selic [...].
Um lucro fantástico! Saem do país 10 bilhões de dólares em rendimento destas aplicações
especulativas por ano”, continua ele. “Ao atrair dólares para cá, você faz com que o real fique
forte, porque tem muita oferta de dólar. E, ao fazer isso, você acaba fazendo com que o câmbio
no Brasil fique completamente fora de lugar. Isso faz com que se tenha um rombo importante nas
contas externas, que no ano passado chegou a 82 bilhões de dólares”, completa.
22
Nesta entrevista, concedida por telefone à IHU On-Line, Khair demonstra que esta situação
provoca, entre outras consequências, a fragilidade das empresas nacionais que pretendem buscar
espaço no comércio exterior. Pois, sem preços competitivos, o setor industrial não teria condições
de concorrer com os produtos do exterior, ainda que seja beneficiado com desonerações de
tributos ou com os empréstimos concedidos pelas agências estatais de fomento.
“Quando você tem no país taxas de juros elevadas, você pune toda a
sociedade, à exceção de quem? Dos grandes grupos privados que, tendo
saldos disponíveis nas suas operações, aplicam nos títulos do governo e
obtêm um lucro forte com isso; e dos bancos, que obtêm recursos a custo
praticamente zero e aplicam em títulos do governo também, sem risco
nenhum, ganhando lucros fantásticos”, adverte. Ele lembra que não ocorre o mesmo
com os consumidores e com as micro, pequenas e médias empresas, pois estes não têm acesso
ao BNDES e, por isso, são obrigados a contratar empréstimos com os altos juros cobrados pelos
bancos — no caso da população, estes juros chegaram a 93% ao ano em
janeiro de 2014 para compras com prazo de pagamento de um ano.
Amir Khair é mestre em Finanças Públicas pela Fundação Getúlio Vargas – FGV, de São Paulo.
Foi secretário municipal de Finanças na gestão da prefeita Luiza Erundina na capital paulista
(1989-1992). É consultor nas áreas fiscal, orçamentária e tributária.
Confira a entrevista.
IHU On-Line – A dívida pública é em si um problema (um indicativo de má gestão) ou constitui
uma necessidade para a viabilização de investimentos?
Amir Khair – A dívida pública ajuda, claro, o investimento, porque ela é feita quando as receitas
provenientes dos tributos não são suficientes para bancar todas as despesas necessárias ao setor
público e mais alguns investimentos, quando um dirigente ou um governante quer ampliar a ação
do governo para além desses recursos tributários. Mas o governo tem limites para contratar
dívida, ele opera dentro dos limites estabelecidos pelo Senado Federal. O governo pode ampliar a
sua ação, mas sempre respeitando os limites estabelecidos por resolução do Senado.
IHU On-Line – Então é possível governar sem contrair dívidas no atual modelo políticoeconômico…
Amir Khair – É possível. A maior parte das prefeituras do país, até prefeituras grandes, não
contrai dívidas, não tem dívidas. Pelo contrário, tem até crédito, do ponto de vista do balanço
financeiro — elas têm mais aplicações financeiras do que passivos de dívidas. Essa é a tendência
na situação das prefeituras do país, coisa pouco divulgada. Com relação aos estados, Rio de
Janeiro, São Paulo, Rio Grande do Sul e Minas Gerais têm dívidas pesadas em relação às suas
próprias receitas públicas. Os outros estados, com exceção talvez de Alagoas, têm um limite
muito abaixo do estabelecido pelo Senado, de que as dívidas contratadas não podem exceder
valores correspondentes a dois anos de arrecadação. Então esta questão da dívida praticamente
não fere nenhum desses estados, salvo aqueles quatro mencionados. O que nos mostra que, no
setor público, é possível avançar sem a contratação de dívidas fortes.
A exceção se encontra no governo federal. Embora a Lei de Responsabilidade Fiscal estabeleça
um limite para a dívida, até hoje isso nunca foi votado no Congresso Nacional por pressão do
próprio Poder Executivo, desde a época de Fernando Henrique Cardoso, passando por Luiz Inácio
Lula da Silva e agora pela presidente Dilma Rousseff. É um dispositivo da Lei de
Responsabilidade Fiscal que não foi regulamentado. Com isso, o governo federal foi ampliando a
sua dívida. E essa dívida é muito pesada, porque ela tem uma taxa de juros, arbitrada pelo próprio
governo federal, que é extremamente elevada. Consequentemente, esta taxa de juros acaba
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catapultando a dívida, colocando-a em patamares cada vez maiores, e essa questão não é
enfrentada pelo governo, nem na época do Lula, nem na época do Fernando Henrique — que,
aliás, foi muito pior, porque as taxas eram muito mais elevadas —, nem pelo governo Dilma.
IHU On-Line – Como avalia a meta de obtenção de superávit primário para o pagamento dos
juros da dívida?
Amir Khair – A questão do superávit primário é uma questão falsa, é uma questão enganosa para
o debate fiscal do país. Falsa porque ela esconde a realidade fiscal, que é muito concentrada na
verdadeira causa do déficit fiscal do país, que são as taxas de juros. O Brasil é um país que
sempre comprometeu mais de 5% do Produto Interno Bruto (PIB) com juros. No mundo inteiro
isso gira, no máximo, em 2% — a média de comprometimento com juros é inferior, ficando em 1%
do PIB. Ou seja, o Brasil joga fora 5% do seu PIB por decisões do próprio governo de manter
elevada a taxa Selic. Essa questão é importante e mostra que a discussão em cima do superávit
primário é uma discussão enganosa pelo fato de não considerar o chamado resultado nominal,
este sim é o termômetro das finanças públicas por ser o resultado de todas as receitas e todas as
despesas. O resultado primário não leva em conta os juros. É como se não existissem juros como
despesa. Você tem sempre um déficit nominal, pois os juros superam o resultado primário, que
são as receitas menos as despesas, fora a questão dos juros. Tem sempre uma conta de juros da
ordem de 5% do PIB — este ano podendo chegar a 6% do PIB. Isso gera um déficit fiscal muito
grande.
IHU On-Line – Em 2013, a inflação oficial atingiu a marca de 5,91%. Para conter este avanço, o
Copom promoveu o aumento da taxa Selic de 7,25%, em janeiro daquele ano, para 10,5%, em
janeiro de 2014. Esta estratégia de aumentar a taxa Selic para conter a inflação ainda é uma
opção viável?
Amir Khair – Eu considero que é ministrar um veneno em dose maior. Eu considero a Selic como
um veneno da economia. Se fosse qualquer país do mundo, ela estaria da ordem da inflação. Ou
seja, por volta de 5%, 6%. Aqui ela é bem acima. Com isso, você atrai dólares do exterior, que
vêm para cá, captam dinheiro a custo praticamente zero e aplicam em taxa Selic. Aqui está
rendendo 10,5%, e é capaz de ir para 11% agora [como de fato ocorreria em reunião do Copom
realizada no início de abril]. Um lucro fantástico! Saem do país 10 bilhões de dólares em
rendimento destas aplicações especulativas por ano. Uma média histórica que vem se repetindo.
Com isso, ao atrair dólares para cá, você faz com que o real fique forte, porque tem muita oferta
de dólar. E, ao fazer isso, você acaba fazendo com que o câmbio no Brasil fique completamente
fora de lugar. Isso faz com que se tenha um rombo importante nas contas externas, que no ano
passado chegou a 82 bilhões de dólares. O Brasil está completamente fora no câmbio. Há uma
impossibilidade de as empresas sediadas no país concorrerem com os produtos no exterior. Ou
seja, você condena o setor industrial do país ao colapso. É cada vez mais uma situação
complicada. E não se resolve isso com desonerações, com empréstimos a essas empresas, etc.
Está afastada a possibilidade, até agora, de se ter a taxa Selic no nível internacional, que é aquele
que reconhece que é possível controlar a inflação em algumas situações, e que não é possível
controlá-la em outras. Não é o caminho artificializar o câmbio, mantendo essa situação que é
desastrosa e que abre o rombo das contas internas, que faz com que as reservas internacionais
tenham um custo de carregamento extremamente elevado. Assim, você prejudica a indústria e
não cresce. Essa solução de usar a Selic para combater a inflação tem funcionado para segurar o
país, para criar um rombo nas contas internas e nas contas externas. É um remédio que mata o
paciente.
IHU On-Line – Qual é o valor estimado atual para a dívida pública brasileira?
Amir Khair – A dívida é olhada pelo governo como dívida líquida, ou seja, a dívida bruta abatida
das reservas internacionais, fundamentalmente. Ela está em torno de 34% do PIB, que é um nível
24
razoável. Agora, a dívida bruta, que é a dívida que o país tem sem considerar estes abatimentos,
gira em torno de 60% do PIB. Não é um nível elevado, está dentro do limite definido pelo Tratado
de Maastricht, que estabeleceu as regulamentações fiscais na União Europeia, principalmente
para a zona do euro. Você tem uma dívida bruta que não é elevada. O problema não é o nível da
dívida, portanto. O problema é a taxa de juros que onera essa dívida. No mundo todo, essa taxa é
muito baixa. No Japão ela é quase zero. Nos Estados Unidos também é baixíssima. Aqui não, ela
é muito alta. Então o que mata não é o tamanho da dívida, mas a taxa de juros, que faz com que
essa dívida tenda a crescer sempre. Apesar de todo o esforço do setor público em pagar, ele não
consegue. Essa dívida está sempre aumentando, por causa da taxa de juros que está
completamente fora de lugar há muitos e muitos anos.
IHU On-Line – É possível diferenciar a política econômica da gestão Dilma Rousseff daquela
implementada pelos seus antecessores Luiz Inácio Lula da Silva e Fernando Henrique Cardoso?
Amir Khair – A grande inflexão política ocorreu na área social, fundamentalmente. Foi no governo
Lula, quando, por meio de aumentos do salário mínimo bem superiores à inflação, do Bolsa
Família e de outros programas de renda, houve uma transferência de recursos bastante forte para
a base da pirâmide social. Com isso, a classe média aumentou na ordem de 40 milhões de
pessoas. Isso gerou um consumo forte para o país e gerou crescimento econômico. Isso é o que
distingue o governo Lula do governo Fernando Henrique e anteriores, que não fizeram programas
expressivos e de significado em termos de bombar recursos para a base da pirâmide.
O governo Fernando Henrique apostou no grande capital internacional entrando no país e
comprando as estatais, com isso gerando crescimento. Entretanto, o crescimento gerado foi uma
vergonha, da ordem de 2% ao ano, um crescimento fraquíssimo. A inflação continuou elevada, o
resultado fiscal do governo Fernando Henrique nos oito anos foi de 1,5% de superávit primário e
um déficit fiscal superior a 6% do PIB. Foi um fracasso total. Nas contas externas, o país quase
faliu duas vezes: em 1999 e em 2002. As reservas eram fraquíssimas. Aquele foi um governo
fracassado nos âmbitos interno e externo. Não abriu novos mercados, sempre cortejando os
Estados Unidos e a Europa — que se fechavam aos produtos agropecuários brasileiros. Não
havia aí, como até hoje é difícil, qualquer tipo de negociação nessas duas frentes.
O governo Dilma, por sua vez, ampliou os programas de transferência de renda — não apenas o
salário mínimo, mas também o Bolsa Família, que já teve o valor multiplicado por quatro vezes, e
outros programas, como o Brasil sem Miséria, o Minha Casa, Minha Vida. Ou seja, ela tentou
ampliar a área social com sucesso, e nisso há reconhecimento público.
Com relação à política econômica, entretanto, as diferenças são pequenas. A única coisa que vale
a pena sublinhar é que o fio condutor da política econômica, seja no governo Fernando Henrique,
seja no governo Lula, seja no governo Dilma é apoiado no controle da inflação, através da Selic
elevada. Só que, no governo Fernando Henrique, a média da Selic foi da ordem de 25% ao ano.
Há alguns ex-presidentes do Banco Central, que hoje são comemorados como ótimos
presidentes, que, para mim, foram verdadeiros coveiros do país, como Armínio Fraga, Gustavo
Franco e Gustavo Loyola. Eles praticaram taxas Selic extremamente elevadas. E isso fez com que
a dívida líquida do país subisse da casa de 30%, no início do governo Fernando Henrique, para
60%, quando entrou o Lula. Além disso, como procuraram manter o câmbio apreciado, geraram
rombos expressivos nas contas externas. São pessoas, gestores, de responsabilidade, mas que
deixaram um legado muito ruim para o país.
No governo Lula, com Henrique Meirelles na presidência do Banco Central, houve uma redução
desse nível, mas a Selic ainda permaneceu muito elevada. Dilma inovaria se conseguisse manter
a Selic baixa, como quando chegou ao patamar de 7,25% durante o seu governo ou até mais
baixa. Mas a presidente cedeu à pressão do mercado financeiro e, agora, tem deixado a taxa
voltar a subir novamente. Essa seria uma característica que poderia diferenciar a política
econômica da presidente Dilma da implementada pelos governos anteriores. De nada adianta
fazer desonerações se você deixar o setor privado industrial brasileiro exposto a uma
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concorrência empresarial hoje muito mais forte do que na época de Fernando Henrique ou Lula,
concorrência esta que trabalha com câmbio favorável às exportações. Nós, no nosso caso, parece
que proibimos as exportações para manter este câmbio.
IHU On-Line – Pode-se dizer que a dívida movimenta o capitalismo, já que ela financia os
bancos?
Amir Khair – Sim. Quando você tem no país taxas de juros elevadas, você pune toda a
sociedade, à exceção de quem? Dos grandes grupos privados que, tendo saldos disponíveis nas
suas operações, aplicam nos títulos do governo e obtêm um lucro forte com isso; e dos bancos,
que obtêm recursos a custo praticamente zero e aplicam em títulos do governo também, sem risco
nenhum, ganhando lucros fantásticos.
Há uma transferência, portanto, de recursos através desse mecanismo de taxas de juros
elevadas. Micro, pequenas e médias empresas são obrigadas a captar empréstimos com juros
altos dos bancos, porque não têm acesso ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e
Social – BNDES. Também a população em geral, que, além de enfrentar dificuldades em termos
de distribuição de renda, que ainda é muito desfavorável no Brasil, tem contra si a má distribuição
tributária, sendo muito mais onerada com os tributos do que a elite, a parte superior da camada
social. Quando a população compra alguma coisa financiada, e este tipo de compra é a mais
usual entre as camadas de baixa renda, ela tem de pagar taxas de juros de 90% ao ano — ou
93%, como ocorreu em janeiro para compras com prazo de um ano.
Ou seja, a pessoa compra um bem e acaba pagando dois. Este é o principal freio da economia. E,
ao ter que pagar por dois, este outro bem que ela paga em juros vai para o sistema financeiro. Há
uma transferência de renda, uma bomba de sucção das pessoas, especialmente das camadas de
menor renda média, que demandam crédito pagando taxas absurdas de juros, quando a média
internacional nos países emergentes é de 10% ao ano. Aqui é de 93%!
IHU On-Line – Gostaria de adicionar algo?
Amir Khair – Apenas gostaria que o governo acordasse e botasse o motor em funcionamento da
economia, que está praticamente andando de lado, crescendo 2% ao ano, mesmo nível de 1980
até 2002, e que é um nível muito insuficiente. Eu espero que a presidente acorde para a
necessidade de mudanças na política econômica, que deixem de submeter o país a taxas de juros
exorbitantes, seja da Selic, ou seja, simplesmente a demandada pelo setor financeiro para a
sociedade.
Disponível em: http://www.mercadoetico.com.br/arquivo/a-taxa-selic-e-o-veneno-da-economia/ Acesso em:
22 abr 2014.
Interessante a leitura! Como ler permite que transitemos a lados extremos com um “piscar
de olhos”. Se de um lado estamos muito mal (conforme indica o texto anterior), por outro
há quem afirme que estamos muito bem! Claro que tudo depende da perspectiva com que
se observa e de quem traça essa perspectiva. O nosso papel aqui é mostrarmos todos os
lados, ou pelo menos algumas possibilidades de análise da economia nacional. Agora, é
com você enquanto leitor valer-se de suas habilidades leitoras de reflexão e análise para
aproveitar ao máximo cada uma das leituras.
“O Brasil está se saindo muito bem”
Márcia Pinheiro*
O economista norte-americano e Prêmio Nobel Paul Krugman disse nesta terça-feira 18 que o
Brasil não enfrenta tantos problemas hoje em dia.“É importante olhar para trás de vez em quando
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e entender que momento de desastre nós passamos”, disse Krugman ao abrir o evento “Fórum
Brasil – Diálogos para o Futuro”, de CartaCapital, em São Paulo. “Enfrentamos o segundo maior
desastre da história. O primeiro foi a Grande
Depressão. A crise recente afetou seriamente o
Produto Interno Bruto (PIB) das economias
desenvolvidas. O crescimento agora persiste
lento, após o auge da crise de 2008/2009.”
No evento, Krugman lembrou que a Comissão
Europeia considera um crescimento de 1% na
região, em vez de 0,5%, o que pode ser visto
como a “medida do sucesso agora”. “A
catástrofe foi evitada, mas o crescimento dos
países avançados é ainda vagaroso”, disse
antes de lembrar que a recuperação econômica
de hoje é mais lenta quando se compara com a
referente à crise de 1929.
Ao analisar a crise posterior em distintas regiões do mundo, o economista contou ter se
surpreendido com a profundidade do comprometimento político dos países de moeda única, como
a Grécia. No entanto, afirmou, o problema fundamental da política é a resposta comum dos países
avançados com a política monetária – não totalmente eficaz, dadas as condições das economias.
“A questão é: o que fazer para reanimar a atividade com taxa de juros zero ou negativa? As
políticas fiscais poderiam ser usadas para complementar a monetária, mas isso era impossível
tanto na Europa, por causa da Alemanha, como nos Estados Unidos, em função da oposição dos
republicanos”, lembrou. “Uma política monetária não convencional não foi tão efetiva como se
esperava. Há um processo de nos habituarmos com esta situação econômica fraca e reduzirmos
nossas expectativas. Estamos em risco de deflação? Talvez.”
Sobre o problema da dívida dos países, Krugman fez o diagnóstico: “A Europa já está na situação
japonesa”, afirmou ao se referir ao baixo crescimento com baixa inflação. “Há um jargão para isso:
a estagnação secular. Nos EUA, tivemos duas bolhas recentemente: da tecnologia e das
hipotecas. No auge dessas bolhas, havia pleno emprego e inflação sob controle.” Ele lembrou
ainda que o nível de investimentos está caindo, pois agora o crescimento populacional é mais
vagaroso. Além disso, ressaltou, a tecnologia emprega pouco. “Um quadro que também piora o
nível de endividamento dos países avançados.”
FED. Durante sua palestra ainda o economista norte-americano apontou que a presidente do
Federal Reserve, Janet Yellen, é “dovish” (pacifista, em tradução livre) na questão das taxas de
juros. “A taxa real de juros dos títulos de dez anos está 1%, e perto de zero na Europa. Por isso,
os retornos estão muito baixos”, observou. “Então, há dinheiro vagando à procura de
remunerações mais atraentes. Isso acaba gerando bolhas, como está ocorrendo. O que tende a
ser uma preocupação para os mercados emergentes, os chamados Brics (Brasil, Índia, China e
África do Sul)”. Segundo Krugman, nestes países o retorno dos investimentos é bom. No Brasil,
por exemplo, a taxa de câmbio efetiva sofreu na crise de 2008, mas os investidores voltaram e
depois perceberam que as expectativas eram superiores à realidade. “Os mercados se
apaixonaram por alguns países em desenvolvimento. Depois, se desapaixonaram, como ocorre
sazonalmente. Agora, o momento é do México”, afirmou.
Segundo Krugman, economias emergentes, como a brasileira, têm se mostrado mais resilientes.
Com o fim do problema de dívida externa, o Brasil tem menos exposição ao câmbio, tem mais
estabilidade, com a inflação sob controle e a política fiscal mais responsável. As corporações
brasileiras, por meio de entidades offshore, tomaram muito empréstimo externo no valor de 300
bilhões de dólares, que é menos de 15% do PIB, lembrou, o que também não preocupa. “O Brasil
exporta primariamente commodities e vai sofrer com a desaceleração da China. Não estamos
falando de catástrofe, mas algo que pode ser manejável.”
27
O que preocupa é a China, disse Krugman, “mesmo porque as estatísticas não são totalmente
confiáveis”. “Este país não vai crescer às mesmas taxas, os investimentos serão reduzidos”,
alertou ao fazer um diagnóstico da China e, consequentemente, do Brasil. “A China precisa mudar
a proporção entre investimento e consumo. Já o Brasil está se saindo muito bem”, concluiu.
* Editora da Envolverde, especial para CartaCapital.
Disponível em: http://www.mercadoetico.com.br/arquivo/o-brasil-esta-se-saindo-muito-bem/ Acesso em: 22
abr 2014.
Falando em reflexão e análise, convém atentarmo-nos às distorções da verdade, ao
engodo. O texto que segue – construído em primeira pessoa do singular – permite a mim
e a você aproximarmo-nos ainda mais do autor e do conteúdo ao qual se propõe. Tratase, portanto, de um texto de opinião por meio do qual o autor constrói argumentos, a partir
do seu viés, do seu ponto de vista. O desafio é compreender qual o ponto de vista do
autor, a intenção de seus argumentos, e buscar com esta leitura um exercício para a
prática da argumentação e, quem sabe, da contra-argumentação.
Mentiras propagadas pelo pensamento econômico dominante
Vicenç Navarro*
Permita-me, senhor leitor, que eu
converse com você como se
estivéssemos tomando um café,
explicando-lhe algumas das maiores
mentiras apresentadas diariamente
no noticiário econômico. Você deveria
ter consciência de que grande parte
dos argumentos mostrados pelos
maiores meios de informação e
persuasão econômicos do país para
justificar as políticas públicas ora
implementadas
são
posturas
claramente ideológicas, que não se
sustentam com base na evidência
científica existente. Vou citar algumas
das mais importantes, mostrando que
os dados contradizem aquilo que se diz. E também tentarei explicar por que continuam repetindo
essas mentiras, apesar de a evidência científica questioná-los, e com que finalidade elas são
apresentadas diariamente a você e ao público.
Comecemos por uma das mentiras mais importantes, que é a afirmação de que os cortes de
gastos nos serviços públicos do Estado de bem-estar social – tais como saúde, educação,
serviços domésticos, habitação social e outros (que estão prejudicando enormemente o bem-estar
social e a qualidade de vida das classes populares) – são necessários para que o déficit público
não aumente. E você se perguntará: “E por que é tão ruim que o déficit público cresça?”. E os
reprodutores do senso comum lhe responderão que o motivo de se reduzir o déficit público é que
o crescimento desse déficit determina o crescimento da dívida pública, que é o que o Estado tem
que pagar (predominantemente aos bancos, que têm uma quantia em torno de mais da metade da
dívida pública na Espanha) por ter pedido emprestado dinheiro dos bancos para cobrir o rombo
criado pelo déficit público.
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Reforça-se, assim, que a dívida pública (considerada um peso para as gerações futuras, que terão
de pagá-la) não pode continuar crescendo, devendo-se, para isso, reduzi-la diminuindo o déficit
público. Isso quer dizer, para eles, cortar, cortar e cortar o Estado de bem-estar até o ponto de
acabar com ele, que é o que está acontecendo na Espanha.
Os argumentos utilizados para justificar os cortes não são críveis.
O problema com esta postura é que os dados (que o senso comum oculta ou ignora) mostram
exatamente o contrário. Os cortes são enormes (nunca foram tão grades durante a época
democrática) e, ainda assim, a dívida pública continua crescendo e crescendo. Veja o que está
acontecendo na Espanha, por exemplo, com a saúde pública, um dos serviços públicos mais
importantes e mais demandados pela população. O gasto público com saúde enquanto parte do
PIB se reduziu em torno de 3,5% no período 2009-2011 (quando deveria ter crescido 7,7%
durante esse mesmo período para chegar ao gasto médio dos países de desenvolvimento
econômico semelhante ao nosso), e o déficit público diminuiu, passando de 11,1% do PIB em
2009 para 10,6% em 2012. A dívida pública não baixou, mas continuou aumentando, passando de
36% do PIB em 2007 para 86% em 2012. Na verdade, a causa do aumento da dívida pública se
deve, em parte, à diminuição dos gastos públicos.
Como isso pode acontecer? - você se perguntará. A resposta é fácil de enxergar. A diminuição do
gasto público implica a redução da demanda pública e, com isso, a diminuição do crescimento e
da atividade econômica, fazendo com o que o Estado receba menos recursos através de impostos
e taxas. Ao receber menos impostos, o Estado de se endivida mais, e a dívida pública continua
crescendo. Desnecessário afirmar que o maior ou menor impacto que estimula o gasto público
depende do tipo de gasto. Mas os cortes são nos serviços públicos do Estado de bem-estar, que
são os que criam mais emprego e que estão entre os que mais estimulam a economia. Permitame repetir essa explicação devido à sua enorme importância.
Quando o Estado (tanto central como autônomo e local) aumenta o gasto público, aumenta a
demanda de produtos e serviços, e com isso, o estímulo econômico. Quando reduz, diminui a
demanda e o crescimento econômico, fazendo com que o Estado receba menos fundos. É aquilo
que, na terminologia macroeconômica, se conhece como o efeito multiplicador do gasto público. O
investimento e o gasto público facilitam a atividade da economia, o que é negado pelos
economistas neoliberais (que se promovem, em sua grande maioria, pelos maiores meios de
informação e persuasão do país), apesar da enorme evidência atestada pela literatura científica
(veja meu livro Neoliberalismo y Estado del Bienestar, editora Ariel Económica, 1997. Em
português, Neoliberalismo e Estado de bem-estar).
Outra farsa: gastamos mais do que temos
O mesmo senso comum está dizendo também que a crise se deve ao fato de termos gastado
demais, acima de nossas possibilidades. Daí a necessidade de apertar os cintos (que quer dizer
cortar, cortar e cortar o gasto público). Via de regra, essa postura é acompanhada da afirmação
de que o Estado tem que se comportar como as famílias, ou seja, “em nenhum momento pode
gastar mais do que recebe”. O presidente Rajoy e a Sra. Merkel repetiram essa frase milhares de
vezes.
Essa frase tem um componente de hipocrisia e outro de mentira. Deixe-me explicar o porquê de
cada um deles. Eu não sei como você, leitor, comprou seu carro. Mas eu, como a grande maioria
dos espanhóis, comprou o carro a prazo, quer dizer, usando crédito. Todas as famílias se
endividaram, e assim funciona o orçamento familiar. Pagamos nossas dívidas conforme entram os
recursos que, para a maior parte dos espanhóis, vem do trabalho. E daí surge o problema atual.
Não é que as pessoas gastaram além de suas possibilidades, mas foram suas rendas e suas
condições de trabalho que pioraram mais e mais, sem que a população fosse responsável por
isso. Na verdade, os responsáveis por isso acontecer são os mesmos que estão dizendo que é
preciso cortar os serviços públicos do Estado de Bem-estar e também diminuir os salários. E
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agora têm a ousadia (para colocar de maneira amável) de dizer que você e eu somos os culpados
porque gastamos mais e mais. Eu não sei você, mas eu garanto que a maioria das famílias não
comprou e não acumulou produtos como loucos. Pelo contrário.
A mesma hipocrisia existe no argumento de que o Estado gastou muito. Veja você, leitor, que o
Estado espanhol gastou muito – não muito mais –, mas muito menos do que outros países de
nível de desenvolvimento econômico semelhante. Antes da crise, o gasto público representava
somente 39% do PIB, enquanto a média da UE-15 era de 46% do PIB. Na época, o Estado
deveria ter despendido, no mínimo, 66 bilhões de euros a mais no gasto público social para ter
gastado o correspondente ao seu nível de riqueza. Não é certo que as famílias ou o Estado
tenham gastado mais do que deveriam. Apesar disso, continuarão afirmando que a culpa é da
maioria da população, que gastou muito e agora tem que apertar os cintos.
Você também provavelmente escutou que esses sacrifícios (os cortes) precisam ser feitos “para
salvar o euro”.
Novamente, esta ladainha de que “estes cortes são necessários para salvar o euro” se reproduz.
Contudo, ao contrário daquilo que se anuncia constantemente, o euro nunca esteve em perigo.
Não há sequer uma mínima possibilidade de alguns países periféricos (os PIGS, Portugal, Itália,
Irlanda, Grécia e Espanha) da zona do euro serem expulsos da moeda. Na verdade, um dos
problemas entre os muitos que estes países têm é que o euro está excessivamente forte e
saudável. Sua cotação esteve sempre acima do dólar e seu poder dificulta a economia dos países
periféricos da zona do euro. E outro problema é que o capital financeiro alemão lhes emprestou,
com grandes lucros, 700 bilhões de euros, e agora quer que os países periféricos os devolvam.
Se algum deles deixar o euro, o sistema bancário alemão pode entrar em colapso. O setor
bancário (cuja influência é enorme) não quer nem ouvir falar da saída dos países devedores da
zona do euro. Eu lhes garanto que é a última coisa que eles querem.
Essa observação a favor da permanência no euro é certamente óbvia, e não um argumento. Na
verdade, acredito que os países PIGS deveriam ameaçar sair do euro. Mas é absurdo o
argumento que se utiliza, de que a Espanha deve, ainda mais, reduzir o tempo de visita ao médico
para salvar o euro (que é o código para dizer, “salvar os bancos alemães e lhes devolver o
dinheiro que emprestaram obtendo lucros enormes”). São essas as falácias constantemente
expostas. Eu lhes garanto que são apresentadas sem que sejam comprovadas por nenhuma
evidencia. Isso é claro.
A causa dos cortes
E você se perguntará: Por que então fazem esses cortes? A resposta é fácil de encontrar, ainda
que raramente seja vista nos grandes meios de comunicação. É o que se costumava chamar de
“luta de classes”, mas agora a mídia não utiliza essa expressão por considerá-la “antiquada”,
“ideológica”, “demagógica”, ou qualquer outro adjetivo que usam para mostrar a rejeição e desejo
de marginalização daqueles que veem a realidade de acordo com um critério diferente, e inclusive
oposto, ao daqueles que definem o senso comum do país.
Mas, por mais que queiram ocultar, essa luta existe. É a luta de uma minoria (os proprietários e
gestores do capital, quer dizer, da propriedade que gera rendas) contra a maioria da população
(que obtém suas rendas a partir de seu trabalho). É aquilo que meu amigo Noam Chomsky chama
de guerra de classes – conforme expõe em sua introdução ao livro Hay alternativas. Propuestas
para crear empleo y bienestar social en España, de Juan Torres, Alberto Garzón e eu (Em
português, Há alternativas. Propostas para criar emprego e bem-estar social na Espanha).
Desnecessário dizer que essa luta de classes variou de acordou com o período em que se vive.
Esta que está acontecendo agora é diferente daquela da época de nossos pais e avós. Na
verdade, agora está inclusive mais ampla, pois não é somente das minorias que controlam e
administram o capital contra a classe trabalhadora (que continua existindo), mas inclui também
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grandes setores das classes médias, formando as chamadas classes populares, conjuntamente
com a classe trabalhadora. Essa minoria é fortemente poderosa e controla a maioria dos meios de
comunicação, e tem também grande influência sobre a classe política. E esse grupo minoritário
deseja que os salários diminuam, que a classe trabalhadora fique aterrorizada (daí a função do
desemprego) e que perca os direitos trabalhistas e sociais. E está reduzindo os serviços públicos
como parte dessa estratégia para enfraquecer tais direitos. A privatização dos serviços públicos,
consequência dos cortes, também é um fator importante por permitir a entrada do grande capital
(e muito particularmente do capital financeiro e bancários, e das seguradoras) nesses setores,
aumentando seus lucros. Você deve ter lido como, na Espanha, as companhias privadas de
seguro de saúde estão se expandindo como nunca haviam conseguido antes.
E muitas das empresas financeiras de alto risco (quer dizer, altamente especulativas) estão
atualmente controlando grandes instituições de saúde do país graças às políticas privatizantes e
aos cortes feitos pelos governos, que justificam essa medida com toda a farsa (e acredite que não
há outra forma de dizer) de que precisam fazer isso para reduzir o déficit público e a dívida
pública.
* Vicenç Navarro é catedrático de Políticas Públicas da Universidade Pompeu Fabra e Professor de
Políticas Públicas na Johns Hopkins University. Site pessoal www.vnavarro.org
Disponível em: http://www.mercadoetico.com.br/arquivo/mentiras-propagadas-pelo-pensamento-economicodominante/ Acesso em: 22 abr 2014.
O próximo texto merece, antes de qualquer coisa, uma leitura não verbal. Veja! Mesmo
não sendo economistas de carteirinha, conseguimos vislumbrar momentos marcantes da
economia brasileira a partir da imagem dos seus representantes supremos dos últimos
anos. A proposta, com este texto, é que façamos uso da nossa habilidade de leitura não
linear e consigamos perfazer uma comparação a partir de gráficos acerca do ritmo de
crescimento do país da era Vargas até os nossos dias. Não deixa de ser uma viagem!
Bem-vindo a bordo!
Economia no país cresce em menor ritmo
Sílvio Guedes Crespo
Collor, Sarney, Lula, Dilma e FHC
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A economia brasileira medida pelo PIB (produto interno bruto) cresceu 2,3% em 2013, depois de
uma expansão de 1% em 2012 e de 2,7% em 2011, de acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística). Nos três primeiros anos da presidente Dilma Rousseff, portanto, o
crescimento médio foi de 2%. O número é metade do verificado na gestão de Luiz Inácio Lula da
Silva (4%), e ligeiramente inferior ao registrado no período de Fernando Henrique Cardoso (2,3%).
Também está bem abaixo do desempenho do período Itamar Franco (5%), mas muito acima da
variação de -1,3% ao ano, verificada nos três anos do ex-presidente Fernando Collor de Mello. O
gráfico a seguir mostra qual foi o ritmo de crescimento médio anual do PIB durante o mandato de
cada presidente.
32
Apenas por curiosidade, calculei a média desde Getúlio Vargas, que chegou ao poder em 1930.
Mas naquela época as condições eram tão diferentes que não dá nem para comparar. Além de
uma conjuntura nacional e internacional completamente diversa, o ritmo de crescimento da
população era muito maior. Portanto, os dados que vão dos anos 1930 a, mais ou menos, 1980
estão aí só a título de curiosidade, mesmo.
Só para não perder a viagem, acrescento que, de 1930 até hoje, a economia brasileira registrou
um crescimento acumulado de 5.134%.
Mundo
Em comparação com outros países, o período em que o PIB do Brasil teve o melhor desempenho
desde 1990 foi o de Itamar, com um crescimento de 5%, acima da média do mundo, da América
Latina e dos países emergentes e pobres.
No gráfico acima, os dados de 2013 são estimativas do Fundo Monetário Internacional (FMI), pois
muitos países ainda não divulgaram o PIB do ano passado. A economia brasileira cresceu menos
do que a do mundo nos governos Collor e FHC, assim como nos três primeiros anos de Dilma. O
país só superou ritmo do restante do planeta durante as gestões de Itamar e Lula.
No grupo dos emergentes e pobres há 154 nações que o FMI classifica dessa forma. Na América
Latina, foram considerados 32 países, incluindo a região do Caribe. No mundo, incluí os 189
países sobre os quais o FMI tem dados.
Comparações
Com este texto, o blog Achados Econômicos encerra uma série de comparações do
desempenho da economia brasileira no período de cada um dos últimos presidentes da
República.
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Considerando as séries históricas disponíveis, o período Dilma foi o melhor em termos de
emprego e renda.
Quanto à balança comercial (diferença entre exportações e importações), à inflação e ao
equilíbrio das contas públicas, a média anual desses indicadores nos anos Dilma foi menos
favorável do que na era Lula e mais do que no período FHC.
Em relação à indústria, o ritmo de crescimento no governo Dilma é o menor desde Collor, como
ocorreu com o PIB.
a comparação do
desempenho de indicadores econômicos não deve ser a única nem a
principal maneira de avaliar um presidente, pois a economia é influenciada
por diversos fatores que não estão ao alcance do chefe do Poder Executivo.
Mesmo assim, esse tipo de comparação é importante porque mostra quais
foram os principais desafios macroeconômicos do país durante o mandato de
cada um e ajuda a entender por que alguns presidentes se tornaram mais
populares do que outros.
Como venho afirmando desde a primeira postagem desta série,
Se olharmos, por exemplo, para o período Lula, que encerrou seu segundo mandato sendo
aprovado por mais de 80% da população adulta, os indicadores de emprego, renda, PIB, balança
comercial, contas públicas e inflação estavam melhores do que o do seu antecessor, FHC. Este,
por sua vez, foi nitidamente superior aos que o antecederam em termos de combate à inflação,
como todos sabemos, o que explica sua eleição em 1994 e, provavelmente, sua reeleição, em
1998.
Disponível em: http://achadoseconomicos.blogosfera.uol.com.br/2014/02/27/com-dilma-economiado-pais-cresce-no-menor-ritmo-desde-collor/ Acesso em: 22 abr 2014. Adaptado e grifos das
organizadoras.
Em se tratando de economia é fundamental a informação sobre o PIB na mesma medida
em que é convencional uma comparação. Neste sentido, o texto que segue tem a sua
importância, até porque em meio a constatações, comparações e retrocessos aponta para
projeções, o que também nos interessa.
PIB fecha 2013 com alta de 2,3%
Gráfico mostra terceiro ano de crescimento moderado da economia brasileira
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A economia brasileira fechou 2013 com um crescimento de 2,3%, índice dentro das expectativas
do mercado, que previa expansão em torno de 2,07% a 2,3%. O Produto Interno Bruto (PIB),
soma de todos os bens e serviços produzidos no país totalizou R$ 4,84 trilhões no ano, segundo
dados divulgados nesta quinta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O
resultado supera a alta de 1% em 2012, mas marca um terceiro ano de crescimento moderado.
No quarto trimestre de 2013, o PIB cresceu 0,7% em relação ao trimestre, resultado que ficou
acima das estimativas dos analistas, que previam desde estabilidade a alta de 0,55%, com
mediana de 0,23%, nessa comparação. Na comparação com o quarto trimestre de 2012, o PIB
apresentou alta de 1,9% no quarto trimestre de 2013.
Pela ótica da oferta, o que puxou a economia brasileira em 2013 foi a agropecuária, com
expansão de 7%. Os serviços cresceram 2% e a indústria fechou o ano com avanço de apenas
1,3%.
Já pelo lado da demanda, os investimentos foram o principal destaque. A formação bruta de
capital fixo teve alta de 6,3% no ano passado, puxada pelo aumento da produção interna de
máquinas e equipamentos. Já o consumo das famílias cresceu 2,3%, o 10º ano consecutivo de
expansão. O comportamento foi favorecido pela elevação da massa salarial e pelo crédito. Por
último, a despesa do consumo da administração pública aumentou 1,9%.
No setor externo, as importações cresceram mais (8,4%) do que as exportações, que tiveram alta
de 2,5%.
Abaixo das expectativas do FMI
Apesar de estar em linha com as projeções do mercado brasileiro, o crescimento de 2,3% do PIB
em 2013 ficou abaixo da estimativa feita pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) para a média
mundial, que é de 3%.
Apesar disso, o crescimento da economia brasileira foi um dos mais altos entre os principais
países. O Brasil cresceu menos do que a China (7,7%) e a Coreia do Sul (2,8%), por exemplo,
mas ficou acima de países como Estados Unidos (1,9%), Reino Unido (1,9%), África do Sul
(1,9%), Japão (1,6%), México (1,1%), Alemanha (0,4%), França (0,3%) e Bélgica (0,2%).
Países como a Espanha e a Itália tiveram quedas no Produto Interno Bruto (PIB) em 2013, de
1,2% e 1,9%, respectivamente. A zona do euro caiu 0,4%.
2014
Para este ano, a última projeção de instituições financeiras para o crescimento da economia,
passou de 1,79% para 1,67%. Para 2015, a projeção para o crescimento do PIB também caiu,
pela segunda semana consecutiva, ao ser ajustada de 2,1% para 2%.
Essas projeções fazem parte da pesquisa semanal do BC em instituições financeiras sobre os
principais indicadores da economia.
Disponível em: http://www.em.com.br/app/noticia/economia/2014/02/27/internas_economia,502573/pibfecha-2013-com-alta-de-2-3-aponta-ibge.shtml Acesso em: 22 abr 2014. Adaptado.
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Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2014/02/1418579-economia-brasileira-cresce-23-em2013.shtml Acesso em: 03 mai 2014.
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Após uma análise comparativa mais imparcial, apresentamos a seguir a opinião do
presidente do Banco Central acerca do crescimento da economia brasileira em 2014. Em
que medida haverá mudanças em relação a 2013, e em que medida adequações? Como
entender, então, a sucessão de acontecimentos nacionais e medidas governamentais?
Veja você também!
Brasil terá crescimento em 2014 semelhante ao de 2013
Em audiência na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, presidente do Banco Central
avaliou moderação do consumo e aumento dos índices de investimento
BRASÍLIA - O presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, disse nesta terça-feira, 18,
na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado Federal, que o crescimento da
economia brasileira em 2014 deve seguir ritmo semelhante aos observado em 2013. No último
ano, o PIB (produção de bens e serviços) avançou 2,3%.
De acordo com a autoridade monetária, a atividade econômica foi marcada em 2013 por uma
alteração na composição das demandas, com aumento dos investimentos e moderação do
consumo das famílias.
"Essa mudança contribui para sustentabilidade do crescimento", disse. "O crescimento em 2014
deve permanecer próximo do patamar verificado no ano passado e seguirá sustentado por
emprego e ampliação moderada do credito."
Para Tombini, há indicadores que apontam para a melhora da competitividade da indústria, o que
representa uma mudança em relação a anos anteriores. Após dois meses de queda, a
produção industrial mostra recuperação neste começo de ano.
"Aumentar a produtividade é fundamental para a indústria aproveitar oportunidades no mercado
nacional e internacional", completou.
Tombini destacou que há mudanças na composição na demanda e também na oferta agregada,
mas ponderou que os ganhos delas decorrentes dependem da confiança das empresas e das
famílias.
"Os avanços dos investimentos em logística e infraestrutura tendem a se traduzir em ganhos de
produtividade para economia brasileira", disse.
Tombini destacou o programa de leilões concessões de infraestrutura para ampliar investimentos
e disse que essas iniciativas visam tornar a economia mais competitiva.
"Ao contrário de economia avançadas, o Brasil precisa avançar em infraestrutura e qualificação de
mão-de-obra. Por isso, as oportunidades e o retorno aqui são maiores", avaliou.
Crise internacional e inflação. Tombini entende que o Brasil reage à volatilidade global de forma
"clássica e técnica". O comentário faz alusão à subida dos juros básicos (taxa Selic) na economia.
Entre abril de 2013 e fevereiro de 2014, mês da última reunião do Comitê de Política Monetária do
BC, eles avançaram de 7,25% para 10,75%.
"Estamos apertando a política monetária para garantir que a inflação convirja para a trajetória de
metas", afirmou.
O presidente do BC citou o recuo dos preços livres nos últimos meses e a elevação dos preços
administrados no período para destacar que está em curso um realinhamento desses preços.
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"Isso ocorreu em um contexto de depreciação cambial que superou 15% nos últimos 12 meses.
Essa depreciação é fonte de pressão inflacionária no curto prazo, mas efeitos mais longos podem
e devem ser contidos pela política monetária", frisou.
Tombini ainda explicou aos senadores, em referência as reservas internacionais, que o país está
usando "colchões" para proteger a economia e suavizar o ajuste de preços relativos e seus
impactos na economia real.
"Há normalização das condições monetárias e, consequentemente, realinhamento dos preços dos
principais ativos financeiros, o que naturalmente gera aumento da volatilidade em todos os
mercados", disse. "Mas isso não deve ser confundido com volatilidade de economias
emergentes."
Tombini reafirmou o que fontes do governo vêm dizendo repetidas vezes: "O Brasil está
preparado para essa transição (econômica no mundo) e o resultado dela será positivo para
economia global", afirmou.
Disponível em: http://economia.estadao.com.br/noticias/economia-geral,brasil-tera-crescimento-em-2014semelhante-ao-de-2013-diz-tombini,179845,0.htm Acesso em: 22 abr 2014.
A despeito de qualquer posição político partidária, entendemos que, como cidadãos,
somos obrigados a nos manter informados sobre os rumos do nosso país ou,
minimamente, exercitarmos uma análise crítica em relação às ações do governo atual e
quais as suas possíveis intenções. Até porque, conforme o próprio texto o diz, é bom
estarmos preparados para tudo!
A economia brasileira pode ficar mais 5 anos sem rumo
Você está entre os que esperam lógica, clareza e objetividade nas decisões do governo? Após três anos
sem saber em que rumo vai seguir a economia, é bom estar preparado. Podem vir mais cinco anos do
mesmo jeito
São Paulo - Na sua primeira viagem a Davos, para o grande evento internacional feito anualmente
entre chefes de Estado, comandantes das maiores empresas do mundo, prêmios Nobel e daí para
cima, a presidente Dilma Rousseff teve mais uma oportunidade de desvendar, para benefício do
mundo (e dos brasileiros), o que passa por sua cabeça, neste momento, a respeito da seguinte
questão: afinal, ela já chegou ou não, após três anos de governo, a alguma conclusão sobre o que
pretende fazer com a economia? E, caso tenha chegado, pretende fazer o quê?
Respostas com um mínimo de clareza e objetividade talvez sejam mais úteis do que se pensa.
Sim, o país já cansou de dar atenção ou crédito a qualquer coisa que venha desse pesqueiro.
Mas, na vida como ela é, o fato é que Dilma tem ainda um ano inteiro de mandato pela frente e,
possivelmente, mais quatro a partir de 2015 — se o marqueteiro-mor João Santana, o homem
mais competente do governo nos últimos anos, acertar de novo a mão na embalagem da
candidata, e se o Tesouro Nacional investir na campanha as somas de dinheiro espantosas das
quais se fala por aí.
Junte a isso a força de seu padroeiro, o ex-presidente Lula — e o resultado é uma concorrente
difícil de ser batida em qualquer circunstância, como vêm indicando as pesquisas. Mais cinco
anos seguidos de Dilma, então? É um monte de tempo, pensando bem.
Naturalmente, isso se saberá com certeza na hora adequada, mas a presidente daria desde já
uma bela ajuda a todo mundo se conseguisse enfim explicar, de forma compreensível, coerente e
realista, o que quer. É só isso: o que ela quer? Não tem sido fácil, por mais que se preste atenção
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nas falas de Dilma, descobrir a lógica, a qualidade e a eficácia de suas decisões. Na verdade, a
presidente não chega a ter propriamente uma política econômica — tem, no lugar onde deveria
haver um projeto, uma mistura de desejos, crenças e opiniões a respeito de como a economia
precisaria estar funcionando no Brasil e no mundo.
Não é uma caminhada em linha reta. Seu pensamento vive embaralhado por números inúteis, fé
em teorias de fracasso comprovado e uma enorme dificuldade de executar as próprias decisões
— nada ou quase nada do que manda fazer é feito, levado a sério ou possível de ser executado
na vida prática. Parte disso é causada por algo simples e ao mesmo tempo triste: a falta de ideias
e a resistência da presidente a estudar, ou sequer a considerar, qualquer ideia que não combine
com as suas.
É curioso: pela lei da oferta e procura, a Presidência da República deveria estar com fome e sede
de ideias novas, produto em falta extrema em seu ambiente. Mas acontece o contrário: é um
desses casos em que a escassez gera escassez. A questão é agravada, é claro, pela opção da
presidente em formar e manter há três anos um dos piores ministérios que o Brasil jamais teve.
Não será daí, é óbvio, que sairão as ideias criativas, as transformações e as obras das quais o
Brasil tanto precisa.
O lendário comunicador americano David Ogilvy tinha um conselho-chave para todo indivíduo
encarregado de administrar alguma coisa: se formarmos uma equipe com pessoas maiores do
que nós, seremos uma empresa de gigantes. Dilma faz exatamente o contrário. Por questões de
insegurança, cercou-se sempre de gente menor do que ela, jamais admitiu um ministro com
capacidade para discutir qualquer de suas decisões e decidiu que a principal virtude de um
colaborador é a mediocridade; pessoas assim concordam com tudo e nunca dão trabalho. Em
compensação, nunca produzem nada de útil. O resultado é que a presidente formou um ministério
de pigmeus.
Mais cinco anos assim? É bom estar preparado para tudo.
Disponível
em:
http://exame.abril.com.br/revista-exame/edicoes/1058/noticias/da-escassez-a-escassez
Acesso em: 29 abr 2014.
Vídeo
Aumento de preços, menos crescimento.
O economista Vítor Wilher fala sobre o intervencionismo
do Estado e suas consequências para a economia do país.
“Toda essa política de intervenção no organismo
econômico gera uma série de esqueletos. Se você mexe
no sistema de preços, desorganiza a economia e o
mercado percebe isso”, explica, acrescentando que, como
resultado, em vez dos preços caírem, eles aumentam e há
menos crescimento. Wilher ressalta que a perda de valor
de mercado da Petrobrás e da Eletrobrás, por exemplo, é
consequência do intervencionismo do Estado. “Colocar
agregados políticos nas empresas, sem capacidade
técnica de guiá-las, gera distorções. A empresa perde
capacidade de planejamento e de realizar investimentos”,
afirma.
Assista: http://www.imil.org.br/milleniumtv/aumento-de-preos-menos-crescimento/
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Economia sem produtividade não é economia, pelo menos é o que versa a “A aritmética
do crescimento”, conforme conteúdo do próximo artigo. Entretanto, como chegar ao
crescimento? Quais os impedimentos? Quais práticas de países desenvolvidos deveriam
servir de parâmetro para o crescimento econômico brasileiro? São alguns dos
questionamentos lançados pelo texto para mim e para você!
Para o Brasil crescer, é preciso focar na produtividade!
Rodrigo Constantino
Já está virando lugar comum, mas não deixa de ser
verdade por isso: somente o aumento de nossa
produtividade pode fazer com que a economia
brasileira cresça a taxas decentes daqui para a
frente. O estímulo à demanda por meio de artifícios
estatais se esgotou, e pressiona a inflação sem
produzir aumento de riqueza. Os bons economistas
já falavam isso antes, e agora, mais do que nunca,
está claro que o Brasil precisa focar na
produtividade.
Esse foi o tema do artigo “A aritmética do
crescimento”, do economista da JGP, Fernando
Rocha, no jornal Valor Econômico hoje. Rocha
chama a atenção para a brutal diferença, por exemplo, em nossa infraestrutura vis-à-vis a de
países mais desenvolvidos, incluindo os emergentes da Ásia. Os serviços prestados também são
mais eficientes, a burocracia é menor, etc.
Enquanto não mudarmos essa realidade, que compõe o famoso “Custo Brasil”, estaremos
condenados a um crescimento medíocre com elevada inflação. Rocha conclui:
Se olharmos o que aconteceu em países como a Inglaterra, EUA, Japão ou Coreia do Sul, nos
seus respectivos ciclos de crescimento acelerado, veremos que o mesmo fenômeno aconteceu. A
conclusão é que não existe crescimento acelerado sem aumento substancial da produtividade.
Isso se consegue com educação e treinamento da força de trabalho, melhoria do ambiente de
negócios, simplificação da burocracia, redução de impostos e investimentos em infraestrutura. O
Banco Mundial tem uma publicação chamada “Doing Business”, em que há uma classificação dos
países em quesitos que avaliam a facilidade de se fazer negócios em cada um. O Brasil figura em
116º lugar entre 189 países. Países em desenvolvimento como África do Sul (41º), Peru (42º),
México (53º) e Turquia (69º) aparecem em posições bem melhores enquanto países da Ásia se
destacam nos primeiros lugares: Cingapura (1º), Hong Kong (2º) e Coreia do Sul (7º). Melhorar a
posição nessa lista deveria ser o objetivo número 1 de um governante brasileiro.
Por fim, é importante acrescentar que o Brasil não é mais um país de mão de obra abundante.
Passamos por uma importante transformação demográfica, com queda substancial da natalidade.
A população brasileira em idade ativa cresce atualmente a uma taxa que se aproxima de 1% ao
ano. Por outro lado, o desemprego teve uma redução substancial ao longo dos últimos dez anos,
o que garantiu um crescimento da população ocupada bem acima do crescimento da população
em idade ativa. Isso não deve acontecer mais. Deste modo, a contribuição do fator trabalho para o
crescimento do PIB tende a decrescer bem, do 1,3% ao ano apurado por Bacha e Bonelli (2012)
para algo próximo de 0,5% ao ano. É urgente, portanto, a agenda do aumento da produtividade
para se avançar mais rapidamente.
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Sabemos o caminho das pedras. Infelizmente, sabemos também que poucos políticos
demonstram ter a coragem de um estadista para enfrentar tais desafios e melhorar o ambiente
institucional para o empreendedorismo. Sabemos, ainda, que este governo Dilma, ainda favorito
para vencer as próximas eleições, não só é incapaz de melhorar o quadro, como agiu com
diligência para piorá-lo. Produtividade e PT são duas coisas que, pelo visto, não se misturam…
Disponível em: http://veja.abril.com.br/blog/rodrigo-constantino/economia/para-o-brasil-crescer-e-precisofocar-na-produtividade/ Acesso em: 29 abr 2014
É tempo de união! De comungarmos juntos com os demais países latinos rumo à
independência! Ajustes, troca de experiências, estabelecimento de metas, são algumas
das ações deste grupo, segundo o texto que segue. Convidamos você também a fazer
parte desta leitura, deste processo e, quem sabe, auxiliar na redução das dramáticas
brechas entre ricos, cada vez mais ricos, e os pobres...
Países da América Latina criarão mercado comum para impulsionar
economias
Mercosul, Unasul, ALBA, Celac e Petrocaribe fazem parte da iniciativa, que pretende incentivar produção
sustentável na região
Países da América Latina, que compõem o Mercosul (Mercado Comum do Sul), a Unasul (União
das Nações Sulamericanas), a Alba (Aliança Bolivariana para os Povos Americanos), a Celac
(Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos) e a Petrocaribe criarão um mercado
comum, na tentativa de impulsionar maior independência econômica para os países membros. O
anúncio foi feito nesta segunda-feira (21/04) pelo ministro do Comércio Venezuelano, Dante
Rivas.
Dilma Rousseff (Brasil), Raúl Castro (Cuba) e Nicolás Maduro (Venezuela): como membros da Celac,
países comporão mercado comum
A iniciativa pretende incentivar a produção sustentável na região, fazendo da América Latina um
mercado potente e facilitando as importações e exportações. “Vamos desenvolver um mercado
Alba-Mercosul-Celac-Petrocaribe-Unasul potente e com grandes desafios positivos. Ajustamos
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mecanismos para consolidar as relações comerciais, nos fortalecendo, levando à prática a visão
continental de Simón Bolivar”, disse Rivas.
O ministro também ressaltou, durante a reunião, a necessidade de impulsionar a participação da
pequena e média indústria, para facilitar a independência produtiva, econômica e comercial da
região. “Estamos iniciando uma etapa decisiva e madura, onde as experiências da última década
se capitalizaram em todas as nações”, disse. Rivas também afirmou que esse passo é inevitável e
que levará a um “destino seguro e feliz para todos”.
Entre as metas do projeto, está a necessidade de diminuir as diferenças entre ricos e pobres. Para
Rivas, é preciso “encurtar as dramáticas brechas entre ricos, cada vez mais ricos, e os pobres que
surgem formando uma potente classe média trabalhadora”.
Durante a primeira reunião de ministros da Economia, Comércio e Indústria da Celac, realizada
em abril deste ano, a Venezuela já havia proposto o desenvolvimento de uma produção
sustentável na América Latina, recordou Rivas. Segundo ele, a utilização do poder de compra do
Estado será um mecanismo para desenvolver as pequenas e médias indústrias.
Disponível em:
http://operamundi.uol.com.br/conteudo/noticias/34929/paises+da+america+latina+criarao+mercado+comum
+para+impulsionar+economias.shtml Acesso em: 02 mai 2014.
O próximo texto tem um papel fundamental no sentido de nos levar a maior compreensão
acerca da importância do capital intelectual dos negócios deste século. Afinal, fazemos
parte deste capital! Estamos no meio acadêmico porque acreditamos nisso e, se por
ventura não, convém repensarmos. Por quê? Porque os tempos mudaram, como os
nossos pais costumam dizer! E nos perdoem os demais textos e os demais indicativos,
mas o conhecimento é sem dúvida o grande bem que realmente vale ao indivíduo adquirir
e dele usufruir.
A importância do capital intelectual dos negócios no século XXI
Lucimara Leandro
Etimologicamente, a palavra negócio é
derivada do latim negotium, e quer dizer a
negação do otium (lazer; ócio). Para
sintetizar, pode-se dizer que negócio é
toda atividade econômica que tenha
por objetivo gerar lucro. Lembrando que
lucro é o retorno positivo de um investimento
financeiro realizado por um indivíduo ou
grupos de indivíduos nos negócios. Partindo
desse princípio, a contabilidade até
pouco tempo atrás se preocupava
apenas com os bens tangíveis dos
negócios e organizações, ou seja, a
parte financeira, o capital ou
dinheiro, propriamente dito.
os tempos mudaram e as grandes mudanças socioeconômicas,
fizeram o mercado financeiro crescer cada vez mais. O número de empresas e
No entanto,
42
marcas fica cada dia maior, e para que essas empresas possam fazer a diferença e se
destacarem no mercado entrando na lista Top of Mind, são necessários diferenciais. Diante do
mundo globalizado em que a informação está ao alcance de todos, onde é possível copiar as
máquinas, equipamentos e produtos dos concorrentes, fica ainda mais difícil se destacar. Então,
como fazer a diferença e se destacar? Eis que surge uma nova linha de ação para os
negócios. O chamado Capital Intelectual.
O capital intelectual surge como uma alternativa para que as organizações possam fazer a
diferença. Para Stewart (1998, p.13), “Capital intelectual é a soma dos conhecimentos de todos
em uma empresa o que lhe proporciona vantagem competitiva. Ao contrário dos ativos, com os
quais empresários e contadores estão familiarizados – propriedade, fábrica, equipamentos,
dinheiro – constituem a matéria intelectual: conhecimento, informação, propriedade intelectual,
experiência, que pode ser utilizada para gerar riqueza.”
Partindo dessa citação, é possível observar que o capital intelectual é algo intangível.
Está na força de trabalho, no treinamento, “propriedade intelectual”, como cita o próprio Stewart.
Ou seja, nos conhecimentos intelectuais inerentes aos indivíduos e que os torna diferentes uns
dos outros. A mais poderosa moeda desse século agora se chama
conhecimento. E é justamente esse conhecimento individual que é capaz de fazer a diferença
nos negócios, o capital intelectual. Edvinsson e Malone et al. (1998) apud Antunes (2000, p 78)
definem Capital Intelectual como a parte invisível da empresa onde se encontram o capital
humano (conhecimento, inovação e habilidade dos empregados mais os valores, a cultura e a
filosofia da empresa) e o capital estrutural (formado pelos equipamentos de informática, softwares,
banco de dados, patentes, marcas registradas, relacionamento com os clientes e tudo o mais na
capacidade organizacional que apoia a produtividade dos empregados). Mediante os conceitos
apresentados é possível dizer que o capital intelectual é formado pelo capital humano (recurso
fundamental para agregar valor as organizações) e pelo capital estrutural que incorpora o
conhecimento do indivíduo em ativo para as empresas. Todavia as mudanças causadas
pelo capital intelectual podem causar frustração aos profissionais de contabilidade
devido ao desafio de mensurá-lo, justamente por ser algo intangível, mas que tem um
valor importantíssimo para os negócios.
além de fortalecer a importância do homem na sociedade
será a oportunidade para as empresas manterem-se atuais, modernas e em
status de vanguarda, na Era em que a competitividade nos negócios torna-se cada vez mais
O capital intelectual
acirrada.
Disponível em: http://www.toptalent.com.br/index.php/2011/03/18/a-importancia-do-capital-intelectual-dosnegocios-no-seculo-xxi/ Acesso em: 29 abr 2014. Grifos das organizadoras.
Falando em bens intangíveis... um break para a copa. Mesmo querendo, não poderíamos
fugir dela. Cumpre-nos, então, buscarmos informações e ponderarmos todas as ações
que a envolvem. Neste momento, propomos uma reflexão ainda que breve. Como?
Onde? Por quê? Parece que a única resposta que podemos responder de pronto é o
onde. Quanto às demais, temos algumas suspeitas e, por este motivo, apresentamos o
texto a seguir. Talvez você apresente outras...
Copa trará avanço ‘zero’ ao PIB do Brasil
Gustavo Santos Ferreira
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A Copa de Mundo, maior evento esportivo do planeta, planejada durante sete anos para deixar
“grande legado” ao Brasil, trará efeitos “fugazes” à economia – mostra relatório da agência de
classificação de risco Moody’s.
Nas contas da instituição, o torneio trará ganho da ordem de R$ 25,2 bilhões ao País. Num
primeiro olhar, pode parecer bastante. Mas, pela ótica da produção de bens e serviços (PIB, o
Produto Interno Bruto), o impacto é ínfimo.
O PIB consolidado do Brasil no último ano nas Contas Nacionais, em valores correntes, foi de R$
4,838 trilhões. O volume calculado pela Moody’s representa apenas 0,5% desse montante.
QUEM GANHA
Ainda de acordo com o estudo, os setores de Alimentos e Bebidas, Hospedagem, Locação de
carros, Telecomunicações e Publicidade serão os mais beneficiados pela visita de 3,6 milhões de
turistas entre junho e julho para o evento. No entanto, os problemas de mobilidade urbana e os
dias perdidos de trabalho por causa dos jogos tendem a minimizar ou anular o empurrão no PIB
dado por esses segmentos dos Serviços.
Entre as empresas beneficiadas pelo evento, estão, naturalmente, os patrocinadores oficiais, de
acordo com o texto assinado por Barbara Mattos, Gersan Zurita e Marianna Waltz. As
empreiteiras envolvidas na construção dos estádios também têm a ganhar, bem como as redes de
tevê transmissoras das partidas.
Disponível em: http://tribunadaimprensa.com.br/?m=201403 Acesso em: 29 abr 2014.
A economia começa, ou pelo menos deveria começar pela nossa casa. Será mesmo que
o brasileiro ganha pouco? O que acontece com a nossa economia ou falta de economia
doméstica? O texto a seguir é um convite à reflexão acerca da nossa concepção de
gasto, aquisição de bens de consumo, enfim... economia! É impossível não se identificar...
Economia doméstica: está sobrando mês no fim do salário?
Será mesmo que falta dinheiro?
Gustavo Cerbasi
Depois de anos orientando centenas de famílias sobre o bom
uso do dinheiro, cheguei a uma conclusão: a renda mensal
da maioria dos brasileiros é suficiente para
manter seu padrão de vida. Mesmo assim, a grande
parte das pessoas das classes B, C e D está endividada.
Curiosamente, o dinheiro que falta na conta não foi
verdadeiramente consumido. Em geral, costuma estar parado
em algum tipo de estoque do endividado. Se você está entre os
que de vez em quando entram no vermelho, faça uma
experiência. Estime quantos reais existem parados em
produtos na dispensa de sua cozinha. Some esse valor aos
reais que estão parados no tanque de combustível de seu
carro. Vá até seu guarda-roupa: quantas peças de roupas você
nunca usou? Quanto elas custaram? E o que dizer de livros não lidos, DVDs não assistidos,
eletrodomésticos nunca utilizados?
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"Se você quer gastar menos, compre para usar, não para ter."
Temos no Brasil o hábito de comprar para ter, e não para usar.
Aprendemos a
estocar nos tempos de inflação, mas a atual inflação não justifica esse comportamento! Se
tivéssemos o costume de comprar com mais frequência e em quantidades menores, estaríamos
fazendo um favor para nosso bolso, evitando entrar no vermelho, e para o comércio, diminuindo a
sazonalidade das vendas.
Outro importante hábito a ser conquistado é dar mais qualidade a nosso consumo. Pensar duas,
três, quatro vezes antes de adquirir aquele item dos sonhos. Que tal entrar em um leilão virtual e
vender aquela batedeira que você só usou uma vez? Em minha estatística pessoal, os aparatos
campeões de ócio costumam ser cafeteiras, enciclopédias, kits para churrasco e as maravilhosas
peças de decoração que ganhamos no casamento e que não cabem na cristaleira da sala. Que tal
se desfazer dos estoques e dar um fôlego no orçamento, ou então usar o recurso da venda para
se presentear com uma viagem?
A regra básica para enriquecer é gastar menos do que se ganha e investir com qualidade a
diferença. Perceba que a regra começa com o verbo gastar. Gaste, portanto,
com mais qualidade, para gastar menos.
Disponível em: http://www.efetividade.net/2008/08/economia-domestica-esta-sobrando-mes-no-fim-dosalario.html Acesso em: 21 abr 2014. Grifos das organizadoras.
Na direção do texto anterior, os dados comprovam que o percentual de famílias
endividadas aumentou. Quais os motivos? Baixo salário? Ausência de oportunidade de
emprego? Pouco acesso à informação? Você e eu sabemos que no quesito dívidas não
parece serem estes os problemas. Novamente, cumpre-nos uma leitura, também não
linear, dos fatos. Eis a proposta a seguir.
Percentual de famílias com dívidas aumenta em abril
Dos entrevistados, 62,3% relataram ter dívidas, ante 61% em março.Cartão de crédito lidera endividamento;
ele foi indicado por 74,8% famílias.
Cristiane Cardoso Do G1 Rio
Percentual de famílias com dívidas aumenta em abril
(Foto: Reprodução / CNC)
O percentual de famílias brasileiras que afirmaram ter dívidas chegou a 62,3% em abril de 2014,
apresentando aumento em relação ao mês anterior, 61%. Os dados foram divulgados pela
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Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) nesta terça-feira (29).
Os débitos dos brasileiros incluem cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, empréstimo
pessoal, prestação de carro, seguro e cheque pré-datado.
“O cartão de credito é sempre a dívida mais apontada. Foram 74,8% das famílias com dívidas. Em
segundo lugar, vem o carnê, com 16,9%. Em terceiro lugar vem o financiamento de carro
com 13,8%. Estes são os principais tipos de dívida apontados pela nossa pesquisa”, explicou a
economista da confederação Marianne Hanson.
Dois fatores explicam a liderança do cartão de crédito, segundo a especialista. “Nós fazemos uma
pesquisa direta, então, pedimos para as famílias apontarem mais de um item e ele é sempre
lembrado porque o custo dessa dívida é alto, se a pessoa cai no crédito rotativo”, afirmou.
Outra razão é a popularização do cartão de crédito como meio de pagamento e não apenas de
financiamento. “O cheque pré-datado vem caindo desde 2010, quando começamos a pesquisa, e
o cartão e o carnê vêm aumentando. Ele é um serviço acessível para muitas pessoas”, completou.
De acordo com a especialista, os itens apontados pelas famílias variam de acordo com a faixa de
renda. “Quem ganha acima de 10 salários mínimos, além do cartão de crédito, aparece o
parcelamento com o carro e a casa vem em terceiro lugar”.
Nível de endividamento (Foto: Reproduçao / CNC)
Inadimplência
A pesquisa apontou que abril apresentou terceira alta na inadimplência entre as famílias. Segundo
Hanson, isso se deve aos gastos com impostos como IPTU, IPVA e despesas com material
escolar e taxas. Segundo a especialista, no entanto, o cenário é positivo.
“O início do ano tem essa tendência de alta de inadimplência. O primeiro trimestre é muito
influenciado por taxas, impostos e gastos. Há ainda reajuste de preços nesse período. Isso acaba
impactando o orçamento das famílias. Mas ainda há cenário positivo da inadimplência porque a
gente vê uma variação pequena. Além de ter esse fator sazonal, as famílias estão encontrando
situações menos favoráveis em relação a renegociação dessas dívidas com o aumento do custo
do crédito”, garantiu.
O percentual de famílias que relataram não ter condições de quitar suas contas em atraso recuou
de 7,1% para 6,9% na comparação mensal e aumentou na comparação anual. Em abril de 2013
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foram registrados 6,7%. No entanto, o percentual de famílias com dívidas ou contas em atraso
apresentou pequena alta na comparação mensal, passando de 20,8% para 21,0% do total.
Renda comprometida
Ainda entre as famílias endividadas, a parcela média da renda comprometida com dívidas
aumentou na comparação anual, passando de 29,9% para 30,9%, e 22,6% delas afirmaram ter
mais da meta de sua renda mensal comprometida com pagamento de dívidas.
Disponível
em:
http://g1.globo.com/economia/seu-dinheiro/noticia/2014/04/percentual-de-familias-comdividas-aumenta-em-abril-diz-cnc.html Acesso em: 29 abr 2014.
Nem só de igualdade vivem os Estados Unidos. Na verdade, as desigualdades de classes
existentes na América têm sido alvo para inúmeras discussões e opiniões. As
informações provêm de dados numéricos que elucidam ainda mais a análise, juntamente
com algumas ponderações e constatações acerca do que representa ser uma nação
desigual em contraposição ao sentido igualitário de se governar.
Executivos dos EUA ganham 331 vezes mais do que um empregado
médio
Esse e outro estudo, lançados durante declaração anual de impostos, levantam debate sobre
desigualdade de renda
Uma pesquisa feita pela maior federação sindical dos Estados Unidos conclui que, em 2013, os
diretores executivos das principais corporações do país ganharam 331 vezes mais do que o
trabalhador médio. De acordo com a base de dados 2014 Executive PayWatch da Federação
Norte-Americana do Trabalho e do Congresso de Organizações Industriais (AFL-CIO), os
executivos de 350 empresas do país ganharam, em média, US$ 11,7 milhões no ano passado, e o
trabalhador médio recebeu US$ 35,293 mil.
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Annette Bernhardt/cc by 2.0
Cartaz de uma greve de trabalhadores das redes de fast food de Nova York por maiores salários, em julho de 2013
Os mesmos chefes obtiveram, em média, renda 774 vezes maior do que os trabalhadores que
receberam o salário mínimo federal de US$ 7,25 por hora, ou pouco mais de US$ 15 mil ao ano,
segundo essa base de dados. Outra pesquisa sobre as principais cem corporações norteamericanas, divulgada no dia 13 pelo jornal The New York Times, mostra que a compensação
média de um diretor dessas empresas foi ainda maior no ano passado: US$ 13,9 milhões.
Esse informe, o Equilar 100 CEO Pay Study, conclui que, em conjunto, esses altos executivos
embolsaram US$ 1,5 bilhão em 2013, pouco mais do que no ano anterior. Como nos últimos anos,
quem ganhou mais dinheiro foi Lawrence Ellison, diretor-executivo da Oracle: US$ 78,4 milhões.
Os dois estudos, divulgados enquanto dezenas de milhões de pessoas apresentam sua
declaração anual de impostos, lançam lenha no acalorado debate sobre o aumento da
desigualdade de renda no país.
O fenômeno saltou para o primeiro plano com o movimento Ocuppy Wall Street, de 2011. O
presidente Barack Obama o descreveu como “o desafio que define nosso tempo”, enquanto se
coloca em marcha a campanha pelas eleições de metade de mandato. Obama tentou dar uma
resposta aumentando o salário mínimo e estendendo os benefícios por desemprego e o
pagamento de horas extras aos trabalhadores federais, entre outras medidas.
O fato de Obama mirar a desigualdade e os perigos que ela apresenta lhe deu certo apoio
intelectual, e inclusive teológico, nos últimos meses. Em uma revisão de sua tradicional ortodoxia
neoliberal, o FMI (Fundo Monetário Internacional) divulgou no mês passado um estudo sobre os
efeitos negativos da desigualdade no crescimento econômico e na estabilidade política. Sua
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diretora-gerente, Christine Lagarde, advertiu que desigualdade gera “uma economia da exclusão”
e que ameaça “o precioso tecido que mantém unida nossa sociedade”.
O papa Francisco também se pronunciou reiteradamente sobre os perigos da desigualdade
econômica, por exemplo, em uma reunião privada que manteve no mês passado com Obama no
Vaticano. O informe Global Risks, do Fórum Econômico Mundial, publicado em janeiro, afirma que
a acentuada desigualdade de renda será o maior risco para a estabilidade mundial na próxima
década.
Novo estudo
Enquanto isso, um novo estudo do economista francês Thomas Piketty, O Capital no Século 21,
que compara a desigualdade de hoje com as do final do século 19, recebe críticas favoráveis em
praticamente todas as publicações dominantes. A obra se baseia em dados de dezenas de países
do Ocidente que remontam há dois séculos. Piketty argumenta que são necessárias medidas
radicais de redistribuição, como um “imposto mundial sobre o capital”, para reverter as atuais
tendências para uma desigualdade maior. O autor esteve na semana passada em Washington
para falar a especialistas de vários centros de pensamento.
A decisão da Suprema Corte de Justiça, que no começo deste mês ampliou os limites das
contribuições que os ricos podem fazer aos partidos políticos e às campanhas eleitorais, faz
muitos temerem que a democracia norte-americana esteja no caminho de se converter em uma
plutocracia. De todos os países do Ocidente, os Estados Unidos registram a maior disparidade de
renda, segundo várias medições. Em seu livro, Piketty mostra que essa desigualdade atual norteamericana excede a que tinha a Europa em 1900.
A diferença de 331 a um entre o que recebem os 350 diretores-executivos e o trabalhador médio é
coerente com a brecha salarial característica da ultima década. Esta realidade contrasta
drasticamente com a que existia depois da Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Em 1950, por
exemplo, os salários dos diretores das corporações eram 20 vezes maiores do que os dos
trabalhadores.
Em 1980, antes que o governo de Ronald Reagan (1981-1989) começasse a implantar suas
políticas econômicas da “magia do mercado”, era preciso multiplicar por 42 o salário de um
trabalhador para obter o de um alto executivo, segundo Sarah Anderson, veterana observadora
das compensações, do Instituto de Estudos Políticos de Washington.
“Não creio que alguém, exceto, talvez, Ellison, possa dizer que os gerentes de hoje são uma
forma evoluída do homo sapiens em comparação com seus predecessores de 30 ou 60 anos”,
brincou Bart Naylor, promotor de políticas financeiras na organização Public Citizen. “Os que
criaram a indústria farmacêutica e a de alta tecnologia eram altos executivos e não drenavam a
economia do modo como fazem os executivos de hoje”, apontou à IPS. “A máquina de
recompensas para executivos está arruinada”, acrescentou.
"Obsceno"
O pior para os sindicalistas é que muitas dessas empresas afirmam que não podem se dar ao luxo
de aumentar os salários de seus trabalhadores. “A Pay Watch chama a atenção para o demencial
nível de compensações dos diretores-executivos, enquanto os trabalhadores que geram esses
lucros corporativos não conseguem receber o suficiente para cobrir seus gastos básicos”,
ressaltou o presidente da AFL-CIO, Richard Trumka.
“Considerem que os benefícios por retirada do presidente da Yum Brands, dona da KFC, Taco
Bell e Pizza Hut é de mais de US$ 232 milhões, com impostos diferidos. É bastante obsceno para
uma corporação que emprega mão de obra barata”, argumentou Anderson. Atualmente, o
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Congresso analisa várias medidas para abordar o assunto, embora a maioria delas conte com a
oposição dos republicanos, que são maioria na Câmara de Representantes.
Porém, um projeto tributário apresentado pelo presidente republicano do poderoso Comitê de
Meios e Arbítrios dessa casa pode pôr fim a uma clara injustiça, a que exime os executivos de
pagarem impostos pelos “honorários por desempenho” que recebem quando cumprem certas
metas fixadas pela direção da empresa.
Além disso, a Comissão Nacional de Valores começa a aplicar uma norma pendente há algum
tempo, que exigirá das corporações com cotação na bolsa que revelem a renda de seus diretoresexecutivos, comparados com os de seus empregados de tempo integral, parcial, temporário e
periódico, tanto norte-americanos quanto estrangeiros.
Disponível em:
http://operamundi.uol.com.br/conteudo/noticias/35026/executivos+dos+eua+ganham+331+vezes+mais+do+
que+um+empregado+medio+diz+pesquisa.shtml Acesso em: 05 mai 2014.
Há quem diga que vivemos um momento histórico! Esta singularidade tem a ver com a
aproximação entre América Latina e Israel. Obviamente, após alguns desencontros e
desacordos com os Estados Unidos, Israel parece entender que “não pode colocar todos
os seus ovos em uma única cesta”. Entretanto, a que preço? Quanto já não estamos
pagando por isso?
Com boicotes na Europa e EUA, Israel busca aproximação com América
Latina
Foram criadas câmaras de comércio e indústria, assim como iniciativas na área da indústria médica e
farmacêutica
Estava marcada a primeira visita de um primeiro-ministro israelense, em missão oficial, à América
Latina. Denominada de “histórica” por Tel Aviv, a missão tinha como objetivo melhorar as relações
de cooperação de Israel com os governos de Colômbia, México e Panamá.
A viagem do premiê Benjamin Netanyahu, porém, precisou ser suspensa por questões internas,
segundo sua administração. O fato, no entanto, demonstra que o governo israelense está
buscando cada vez mais se aproximar de países latino-americanos. E, em muitos desses países,
as portas para negócios e acordos de cooperação parecem estar abertas.
A tentativa de adquirir novos parceiros econômicos, políticos e culturais na América Latina
acontece após o crescente isolamento de Israel em seus círculos tradicionais. Na Europa e nos
Estados Unidos, o movimento de boicote, desinvestimentos e sanções da sociedade civil cresceu
nos últimos anos e afetou até mesmo as relações diplomáticas.
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Grupos sionistas se mobilizam contra campanha de BDS
Por exemplo, universidades europeias e norte-americanas cancelaram acordos de intercâmbio e
cooperação com centros israelenses, enquanto a União Europeia e diversos governos anunciaram
sanções e desinvestimentos de agencias estatais e empresas israelenses envolvidas na ocupação
dos territórios palestinos.
"Se Israel continuar a construir assentamentos e as negociações fracassarem, ficará mais e mais
isolado, principalmente em decorrência do clima que vigora entre os próprios consumidores e o
setor privado. Cada vez que Israel anuncia a construção de mais moradias nos assentamentos, se
fortalece a exigência de que os supermercados europeus marquem os produtos dos
assentamentos e se ouvem mais vozes pedindo o boicote", afirmou o embaixador da União
Europeia em Israel, Lars Faaborg-Andersen, durante entrevista ao principal programa televisivo do
país.
O secretário de Estado norte-americano, John Kerry, também alertou sobre graves consequências
caso não haja avanço nas negociações de paz. Como consequência do crescimento do
movimento internacional de BDS e da expansão dos assentamentos israelenses nos territórios
palestinos, esses alertas se intensificaram desde 2013, mas, há muitos anos, autoridades e
diplomatas já demonstravam preocupação.
“A ocupação permanente e a insistência do governo em continuar investindo em assentamentos
são diretamente responsáveis pela erosão da posição internacional de Israel”, conclui um estudo
do Molad Center for Renewal of Democracy of Israel, um ‘think thank’ israelense. “Enquanto a
política de assentamentos continuar, o risco de Israel se tornar mais isolado irá crescer”,
acrescenta o texto.
América Latina
“A lição que aprendemos pelas recentes experiências de negociação com a União Europeia é que
Israel não pode colocar todos os seus ovos em uma única cesta”, afirmou o ministro da Economia
de Tel Aviv, Naftali Bennet, depois de negociações sobre um pacote de empréstimos de 1,5
bilhões de euros vindos de Bruxelas. A organização europeia liberou o dinheiro sob a condição de
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que nada fosse direcionado para os assentamentos israelenses na Cisjordânia, Jerusalém
Ocidental e Colinas de Golã.
Durante as negociações, o presidente israelense, Shimon Peres, estava envolvido em outra
iniciativa. Ele havia viajado para o México para se encontrar com autoridades e um grupo de
empresários. O ministério chefiado por Bennet também decidiu fechar missões econômicas na
Suécia e Finlândia, abrindo-as na China, Índia e Brasil.
Mekorot
[Propaganda da campanha BIG - Buy Israeli Goods (compre produtos israelenses)]
A empresa estatal israelense Mekorot estabeleceu, recentemente, contratos com os governos da
Bahia, Ceara, Distrito Federal e São Paulo. Com escritório em São Paulo, a companhia ainda
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procura mais contratos no país e no continente latino-americano, segundo informações da Stop
the Wall.
A “Mekorot opera o apartheid da água: o consumo palestino nos territórios palestinos ocupados é
de 70 litros diários por pessoa – um número bem abaixo do recomendado pela OMS (Organização
Mundial de Saúde), de 100 litros -, enquanto o consumo de israelense per capta é cerca de 300
litros ou mais. Em algumas comunidades rurais, palestinos vivem com menos de 70 litros diários”,
diz um relatório da Stop the Wall direcionado às Nações Unidas.
Ainda, a empresa lucra com a venda de água para palestinos e com a água extraída nos territórios
palestinos, pois é a única autorizada a realizar a administração dos recursos hídricos, segundo
ordem militar da década de 80.
Em março deste ano, o governo argentino precisou suspender um contrato de 170 milhões de
dólares com a Mekorot por conta de mobilizações contrárias ao acordo. Segundo os
manifestantes, a empresa iria levar suas políticas discriminatórias para a Argentina.
Tecnologia militar
No entanto, as principais beneficiadas com a economia emergente brasileira têm sido as
empresas de segurança israelenses, que encontraram terreno fértil com a recepção da Copa de
2014 e das Olimpíadas de 2016. Foram fechados acordos de cooperação militar e estratégica
polícias civis e militares receberam treinamento de forças israelenses. Além disso, as autoridades
brasileiras participaram de uma série de eventos e oficinas ministradas por ex-membros das
Forças Armadas de Israel que agora, possuem empresas.
“A tecnologia de guerra testada há todos esses anos no povo palestino está sendo exportada para
o Brasil e agora, aplicada na repressão de protestos e em nossas periferias”, afirmou a Opera
Mundi Soraya Misleh, palestina e ativista do BDS. A Polícia Militar de São Paulo, acrescenta ela,
já está usando um óculos com microcâmera acoplada para envio em tempo real de informações.
Entre as empresas militares israelenses que se estabeleceram no Brasil está a Elbit, com sede em
Porto Alegre. “Uma dezena de institutos financeiros internacionais, já não investem mais na
empresa”, relatou a Opera Mundi a ativista italiana Maren Mantovani, coordenadora de relações
internacionais do Stop the Wall, uma das organizações fundadoras do movimento de BDS.
Sinal de que os tempos podem estar mudando foi o “rolezinho” palestino realizado na loja Spicy
em shopping de São Paulo por ativistas da causa palestina. Para marcar o Dia da Terra palestina,
os manifestantes foram até a loja protestar contra a venda de máquinas da empresa israelense
Sodastream, baseada em território palestino ocupado.
Disponível em:
http://operamundi.uol.com.br/conteudo/reportagens/34900/com+boicotes+na+europa+e+eua+israel+busca+
aproximacao+com+america+latina.shtml Acesso em: 03 mai 2014.
Não poderíamos deixar de refletir sobre como a nossa saúde e educação determinam o
índice de desenvolvimento humano! Trata-se de uma pesquisa muito abrangente,
realizada com frequência em todo o mundo, para saber quais países têm atingido
melhores resultados, de modo a melhor atender sua população, quais não estão, e quais
continuam na mesmice por anos. Considerando que não se concebe falar em economia
sem analisar as condições de vida de um povo, este texto, sem dúvida, merece a nossa
atenção e análise.
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IDH 2014
Infelizmente, são muitos os aspectos que preocupam e muito o desenvolvimento contínuo no
nosso país. Atualmente, podemos ver que as reclamações estão nas ruas, com pessoas que não
aguentam mais a real situação do Brasil e partiram para as ruas a procura de melhorias no caos
que está à saúde pública, e ainda reivindicando por mudanças na educação, pois essa é a base
para a formação de um indivíduo com caráter e senso crítico, que infelizmente está faltando e
muito no nosso país.
Conseguimos resgatar em meio ao caos uma questão: como estará, levando em conta essas
características e reclamações, o nosso IDH 2014? O Índice de Desenvolvimento Humano é uma
pesquisa muito abrangente, realizada com frequência em todo o mundo, para saber quais países
estão desenvolvendo a sua população, quais não estão, e quais continuam na mesmice por anos.
Por conta disso que esse artigo foi criado, visando lhe auxiliar com os resultados cabíveis para o
IDH 2014.
Como calcular o IDH 2014
Mas afinal, como será calculado o IDH 2014? Assim como nas edições anteriores da pesquisa, o
IDH 2014 deverá ser definido a partir de três distintas vertentes que são capazes de notar se
aquele país está ou não em desenvolvimento. A primeira questão analisada é a vida longa, ou
seja, uma média de quantos anos os cidadãos estão vivendo, considerando é claro as diferenças
de sexo, idade, classe econômica e etc. Vida saudável também faz parte desses requisitos, mas o
que mais preocupa os brasileiros que já pensam no resultado do IDH 2014 é a questão do acesso
à educação e padrão de vida, afinal, esses aspectos são os que derrubam o Brasil quando
considerado o IDH.
Últimas notícias
Desde 2011 o Brasil vem mantendo uma mesma média no que diz respeito ao IDH. Na última
pesquisa, no ano de 2013, o Brasil ficou em 85º lugar no ranking dos países mais desenvolvidos,
o que deixou os brasileiros a desejar, afinal, como um país com a 6ª melhor economia do mundo
pode estar tão baixo num ranking de desenvolvimento humano? Uma única resposta seria a falta
de investimento na população.
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O Brasil ficou com 0,730 de IDH, o que ainda é considerado elevado, mas levando em
consideração que este ficou bem no meio do ranking, poderia estar muito melhor, até porque o
país ficou abaixo praticamente de todos os outros países da América do Sul, pois tanto o Chile,
quanto a Argentina, Uruguai e Peru estão na nossa frente, enquanto a Colômbia e Equador estão
quase nos ultrapassando.
Mais informações IDH 2014
Vale destacar, é claro, quais são os países com maior desenvolvimento humano, o que talvez
garanta que estes também estejam na liderança no IDH 2014. O primeiro lugar foi merecidamente
dado à Noruega, seguido de países desenvolvidos como a Austrália e os Estados Unidos, que
ficou com a terceira posição.
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Pouco podemos saber ainda sobre como ficará o ranking do IDH 2014, sendo que o que nos resta
então é continuar acreditando em nosso país, clamando por melhorias nos setores educacionais e
de saúde e segurança, principalmente.
Disponível em: http://www.tudoemfoco.com.br/idh-2014.html#sthash.NDeZrXjd.dpuf Acesso em: 05 mai
2014. Adaptado.
Entenda os índices
No geral
No Brasil
Disponível em: http://oglobo.globo.com/infograficos/idh/ Acesso em: 05 mai 2014.
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O que esperar de uma economia que se atenta à qualidade de vida, ao conhecimento que
forma, informa e transforma? Gostaríamos de contar com a intercecção entre economia e
meio ambiente. Neste momento, porém, queremos apenas iniciar uma conversa que terá
continuidade na próxima Coletânea. Acompanhe as ideias ou a rota indicada.
Estudo mostra economia e meio ambiente em rota de colisão
Rolf Wenkel, da Agência Deutsche Welle
Aumento do abismo entre ricos e pobres,
endividamento estatal e prejuízos causados pelas
mudanças climáticas indicam que o mundo enfrenta
riscos crescentes, alerta relatório do Fórum Econômico
Mundial.
O relatório Riscos Globais 2013, produzido pelo Fórum
Econômico Mundial, é resultado de uma pesquisa de
opinião que envolveu mais de mil especialistas em
economia, política, ciência e sociedade. A maioria deles
apontou a grave disparidade econômica como o risco
mais provável de se manifestar no decorrer dos
próximos dez anos.
As consequências mais graves seriam desencadeadas por uma eventual crise financeira
sistêmica. Entre cinco maiores riscos citados tanto pelo impacto como pela probabilidade estão os
desequilíbrios fiscais crônicos e a escassez no abastecimento de água.
Duas tormentas
Depois de um ano com eventos climáticos extremos e devastadores – da tempestade tropical
Sandy às inundações na China –, o aumento das emissões de gases causadores do efeito estufa
é mencionado pelos pesquisados como o terceiro risco global mais provável. Para os
especialistas, a consequência mais grave da próxima década será a falta de adaptação às
mudanças climáticas – considerada um perigo para o meio ambiente.
“A lista de riscos globais apresenta um sinal de alerta a respeito de nossos principais sistemas”,
disse Lee Howell, diretor do Fórum Econômico Mundial e um dos editores do relatório.
“O mundo passa atualmente por duas tormentas”, disse John Drzik, presidente do grupo de
consultoria empresarial Oliver Wyman. “Nós vemos uma tormenta ecológica e uma econômica – e
as duas estão em rota de colisão. Se nós não investirmos em medidas para prevenir o crescente
risco de eventos climáticos graves, o bem-estar global das futuras gerações estará em perigo.”
Perigos interligados
Os riscos socioeconômicos considerados urgentes levaram à redução dos esforços para controlar
as mudanças climáticas. Segundo o estudo, a principal causa seria uma percepção distorcida do
aquecimento global – mesmo com os eventos climáticos extremos.
No setor de saúde, os editores do relatório alertam para uma falsa sensação de segurança
promovida pelos avanços da medicina. “Um dos meios mais efetivos e utilizados para proteger a
vida humana – o uso de compostos antibacterianos e antimicrobianos (antibióticos) – pode não ter
mais a mesma eficácia no futuro próximo”, diz trecho do estudo.
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Reação digital em cadeia
Em todos os ramos da comunicação – da imprensa à internet – sempre foi difícil antever como a
tecnologia vai transformar a sociedade. A democratização do acesso à informação, de modo
geral, é considerada positiva.
Contudo, os editores do estudo advertem para consequências desestabilizadoras e imprevisíveis
como, por exemplo, as revoltas causadas pelo filme anti-islâmico “Inocência dos Muçulmanos”,
postado no YouTube. Ao passo em que a tradicional função de controle da mídia desaparece,
aumenta o perigo de reações em cadeia como essas.
Em duas semanas, o relatório Riscos Globais 2013 será discutido no Fórum Econômico Mundial,
em Davos, na Suíça – de 23 a 27 de janeiro. Para isso, são esperados novamente influentes
economistas, cientistas e políticos – entre eles a chanceler federal alemã, Angela Merkel, e o
primeiro-ministro russo, Dmitri Medvedev. Eles planejam discutir possibilidades de fortalecer o
sistema econômico contra os riscos globais e, ao mesmo tempo, restringir os impactos das
catástrofes ambientais.
Disponível em: http://www.mercadoetico.com.br/arquivo/estudo-mostra-economia-e-meio-ambiente-em-rotade-colisao/ Acesso em: 22 abr 2014.
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LIVROS
O Brasil e o Capital no Século XXI
Fernando Dantas*
Um fenômeno está varrendo o pensamento econômico
contemporâneo. Como há muito tempo não se via, um
livro está provocando uma tempestade de debates nos
países mais ricos do mundo, especialmente nos Estados
Unidos, e as ondas devem chegar em breve a todas as
partes do mundo, inclusive ao Brasil.
Trata-se de “O Capital no Século XXI”, do economista
francês Thomas Piketty, de 42 anos, que nas últimas
semanas vem sendo comparado a Marx, Keynes,
Tocqueville, com seu livro de quase 700 páginas na
tradução inglesa (incluindo índice, tabelas e ilustrações)
alcançando o primeiro lugar de venda da Amazon, e
sendo comparado aos grandes clássicos dos fundadores
da Economia (inclusive O Capital, de Marx, ao qual o
título faz alusão).
O sucesso é tanto que a imprensa americana vem
descrevendo a viagem do autor pelos Estados Unidos
como um tour de rock star, em que palestras acadêmicas
normalmente sonolentas transformam-se em eventos de
forte excitamento, com pessoas acumulando-se pelos
cantos, lutando para entrar na sala e telões instalados
para os que ficaram de fora.
Parecem ser duas as razões para o sucesso estrondoso de Piketty e seu livro. O primeiro é que o
tema central é a desigualdade, que se transformou na grande questão dos países ricos depois da
crise global de 2008 e 2009.
O segundo motivo é que Piketty não é mais um filósofo ou intelectual de humanas pouco versado
em números tecendo vociferações retóricas ou elucubrações incompreensíveis contra as
injustiças e opressões do mundo. Na verdade, o francês é um economista com forte base
matemática, que foi professor do Massachusetts Institute of Technology (MIT) entre 1993 e 1995.
Além disso, seu livro é em grande medida baseado num trabalho (em equipe) maciço e exaustivo
ao longo de 15 anos, de levantamento de bases de dados sobre riqueza e renda em diversos
países, em boa parte a partir de fontes tributárias.
Em outras palavras, o autor de “O Capital no Século XXI” não pode ser descartado como alguém
“que não sabe fazer contas”, como os economistas mais bem preparados costumam se referir
(várias vezes com razão) aos que “contestam o sistema” apenas com argumentos emocionais.
A tese central do livro, a esta altura já bastante conhecida e divulgada, é que o capitalismo tende,
sim, a aumentar a desigualdade, porque os rendimentos do capital crescem mais do que o PIB,
que é o parâmetro para a tendência de expansão da renda do trabalho. Assim, por mais que os
trabalhadores labutem, a sua renda ficará progressivamente defasada em relação à riqueza dos
capitalistas, muito dos quais simplesmente herdaram suas fortunas.
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Evidentemente, o livro trata de muitos outros temas, como as super remunerações dos executivos
americanos, para as quais Piketty não enxerga fundamento em termos de produção de valor
econômico equivalente. Um charme extra do livro são digressões sobre desigualdade e heranças,
a partir de fontes literárias como Honoré de Balzac e Jane Austen.
Piketty também busca mostrar como a queda da desigualdade nas economias mais avançadas
em meados do século passado foi um acidente de percurso, causado por grande destruição de
riqueza no topo da distribuição em função de episódios históricos como a Grande Depressão e a
Segunda Guerra Mundial. A partir dos anos 80, porém, a lógica básica do capitalismo se
reinstalou, e a desigualdade voltou a crescer.
Piketty propõe, como solução para o problema por ele indicado, aumento da progressividade dos
impostos e uma tributação global sobre a riqueza.
Apesar da aclamação como um livro com fôlego de clássico, o que é reconhecido mesmo pelos
que discordam das teses de Piketty, “O Capital no Século XXI” está longe de ter se tornado uma
unanimidade. Como seria de esperar, os muitos dados, interpretações e teses do trabalho estão
sendo contestados e discutidos acirradamente. Não há dúvida, porém, de que o livro mudou a
configuração do debate econômico atual, em cujo centro permanecerá por muito tempo.
Brasil
No Brasil, um país que na verdade reduziu notavelmente a desigualdade de renda ao longo de
quase 15 anos, será curioso observar o impacto de O Capital no Século XXI e seus possíveis
efeitos na discussão eleitoral.
Um fato que chama a atenção é que a distribuição no Brasil melhorou por razões que não estão
no centro dos debates provocados pelo livro de Piketty. Aqui, a queda da desigualdade esteve
ligada a aumento da formalização, elevação do salário mínimo, massificação de programas
sociais e melhora da educação. Esses ingredientes, porém, não têm fôlego infinito – quando e se
o Brasil reduzir o seu nível ainda elevadíssimo de desigualdade para padrões mais normais,
nossas armas atuais de distribuição serão menos eficazes, e os mecanismos inerentes ao
capitalismo apontados por Piketty podem levar a má distribuição a recrudescer.
No Brasil, apesar de toda a melhora social recente, os muito ricos são ainda pouco tributados na
comparação com outros países, como mostra recente levantamento da PricewaterhouseCoopers
(PWC) produzido para a BBC Brasil. É um assunto que teria tudo para esquentar o debate
eleitoral.
Este é um livro que vai mudar muito a maneira como pensamos a sociedade
e o modo como fazemos economia. (Paul Krugman, professor na Universidade de
Princeton e Prêmio Nobel de Economia).
*Fernando Dantas é jornalista da Broadcast (fernando.dantas at estadao.com)
Disponível em: http://blogs.estadao.com.br/fernando-dantas/o-brasil-e-o-capital-no-seculo-xxi/
Acesso em: 03 mai 2014.
60
Riqueza e a vida boa
Lucas Miotto Lopes
Nos tempos de crise econômica os meios de informação
ficam abarrotados de estudos empíricos, suposições de
causas incertas, conjecturas de especialistas e dos que
arriscam palpites ao vento a fim de demonstrar sua
pseudo-erudição. São, como muitos dizem, tempos de
oportunidades, tempos de mudança. Mas oportunidades
do quê? Mudanças do quê? Será mesmo que a
elaboração de bilionários planos econômicos é a solução
última que a economia pode realizar atualmente? Talvez
haja uma lacuna, uma parte perdida que poderia
direcionar a economia a um fim menos arenoso; e é
dessa parte perdida que Amartya Sen nos fala nesse
livro: a ética.
Nesse pequeno livro, resultado de algumas conferências
proferidas pelo autor em Berkeley no ano de 1986, Sen
examina com sua linguagem clara e argumentos bem
definidos a dissociação da ética e da economia que
empobreceu tanto as análises econômicas quanto a
filosofia moral. De fato, Sen defende que o que ocorreu
foi uma dissociação e não uma falta de aproximação,
pois desde Aristóteles a preocupação com a riqueza e os
fins humanos relacionava-se com a pergunta ética
"Como devemos viver?". Dessa forma, o estudo da economia não só estava ligado à busca da
riqueza, mas também à busca por objetivos mais básicos que garantiriam a vida boa. Além disso,
o autor mostra que filósofos como Stuart Mill e Adam Smith também realizaram estudos
econômicos levando em consideração questões éticas.
O principal argumento do autor para sustentar a tese da dissociação entre ética e economia é que
a metodologia da economia moderna e, principalmente, da economia contemporânea, ao dar mais
ênfase às análises econométricas e assumir como pressuposto o comportamento individual autointeressado baseado na "escolha racional", deixou de lado toda a complexidade analítica que a
ética poderia oferecer ao estudo do comportamento humano real, bem como a contribuição da
economia de "bem-estar", a qual se ocupa justamente de questões sociais. Sen também defende
que a economia moderna e contemporânea, apesar de desprezar as questões éticas também
pode oferecer à filosofia moral e à economia de bem-estar métodos e modelos que facilitariam a
compreensão de certos aspectos da sociedade. Em suma, a análise logística da economia
moderna combinada com a ética e com a economia de bem-estar poderia gerar benefícios
mútuos.
Outro ponto relevante é que nessas análises econômicas os direitos, fundamentais para o
funcionamento da economia, bem como para a vida coletiva em si, são vistos meramente como
instrumentos para obtenção de eficiência e outros bens, ou utilidades. Não há qualquer valor
intrínseco no gozo de direitos, nem mesmo na sua existência.
O autor, ao discorrer sobre alguns pontos, não se aprofunda em seus pormenores, o que faz a
obra ter caráter introdutório, fato que pode decepcionar alguns leitores mais avançados. Mas para
esses leitores Sen sempre indica boas referências bibliográficas sobre tais pontos. É uma obra
imprescindível para os interessados em filosofia e economia, seja pela centralidade dos temas
abordados, seja por sua simplicidade, clareza e consistência.
Disponível em: http://criticanarede.com/eticaeeconomia.html Acesso em: 05 mai 2014.
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Filmes
Lições de empreendedorismo de 7 filmes indicados ao Oscar
Especialistas em negócios apontam lições que os empreendedores podem tirar de sete dos nove filmes
indicados ao Oscar 2014
1. Aprenda a gerenciar crises: no filme "Capitão Phillips", o capitão Richard Phillips (Tom Hanks)
comanda um navio cargueiro que é atacado por ladrões armados e, mesmo diante de uma
situação inesperada, ele planeja um jeito para salvar a si mesmo e a sua tripulação; "assim como
no filme, o empresário lida com dificuldades e fatores externos que podem afetar a empresa [...] é
preciso ter planejamento e foco para superar tais obstáculos", diz o especialista em
neurolinguística e diretor da empresa de treinamentos ITMPro, Sergio Tovanni Leia mais
Divulgação/Sony
Na lista de filmes indicados ao Oscar, que será entregue no próximo domingo (2), há produções
que merecem atenção dos empreendedores. Em "Capitão Phillips", por exemplo, o capitão do
navio (Tom Hanks) precisa lidar com um ataque inesperado de ladrões e planejar um jeito de
salvar sua tripulação.
62
2. Determine as funções certas para as pessoas certas: em "Trapaça", o casal de malandros
Irving Rosenfeld (Christian Bale) e Sydney Prosser (Amy Adams) é recrutado pelo agente do FBI
Richie DiMaso (Bradley Cooper) para desmanchar um esquema da máfia em troca do perdão
pelos seus crimes; segundo Tovanni, apesar de os personagens terem uma conduta politicamente
incorreta, a grande lição do filme é a formação de uma equipe com as pessoas certas para cada
função que, em uma pequena empresa, é essencial para o crescimento Leia mais Divulgação
3. Seja um líder na empresa: "O Lobo de Wall Street" conta a história de Jordan Belfort (Leonardo
DiCaprio), que enriquece enganando investidores no mercado de ações; para Tovanni, a conduta
do personagem é reprovável, mas o carisma e a capacidade de influenciar as pessoas fazem dele
um grande líder Leia mais Divulgação/Paris Filmes
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4. Identifique oportunidades no mercado: em "Clube de Compras Dallas", o caubói Ron Woodroof
(Matthew McConaughey) descobre que tem Aids e para prolongar a própria vida, ele questiona a
indústria farmacêutica americana e passa a vender remédios e drogas alternativos nos EUA; de
acordo com coordenador do curso de administração da Fiap, Cláudio Carvajal, apesar de a
atividade ser ilegal, o personagem identificou um problema, descobriu uma solução e encontrou
um público consumidor, passos essenciais para a criação de um negócio Leia mais Anne Marie
Fox/Focus Features
5. Levante-se após uma queda: na trama "12 Anos de Escravidão", Solomon Northup (Chiwetel
Ejiofor) é sequestrado e vendido como escravo a um fazendeiro (Michael Fassbender) mas,
depois de 12 anos, ele conhece um advogado (Brad Pitt) que consegue libertá-lo; para Carvajal, a
atitude do personagem de enfrentar o fazendeiro e continuar lutando por sua liberdade mesmo
após ser castigados serve de inspiração para o empreendedor Leia mais Divulgação
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6. Use a criatividade para superar obstáculos: no filme "Gravidade", a doutora Ryan Stone
(Sandra Bullock) fica parte da história sozinha no espaço, após sua nave ser atingida por
destroços de um satélite, deixando-a sem comunicação com a Terra e com pouco oxigênio;
segundo o consultor do Sebrae-SP Gustavo Carrer, esta solidão e a falta de recursos acontecem
em vários momentos da pequena empresa, especialmente no início; "o empresário precisa ser
criativo e persistente, assim como a personagem, para alcançar suas metas", declara Leia mais
Divulgação/Warner Bros. Pictures
7. Tenha foco e metas definidas: em "Philomena", a personagem que dá nome ao filme (Judi
Dench) tenta reencontrar o filho dado para adoção após 50 anos e, para isso, conta com a ajuda
de um jornalista (Steve Coogan); para Carrer, a principal lição da trama é a perseverança; assim
como a personagem, o empreendedor precisa traçar um objetivo de vida e não desistir no meio da
jornada Leia mais Divulgação/Paris Filmes
Disponível em: http://economia.uol.com.br/empreendedorismo/noticias/redacao/2014/02/28/veja-licoes-deempreendedorismo-de-7-filmes-indicados-ao-oscar.htm Acesso em: 05 mai 2014.
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Música
Sonho médio
Dead Fish
Amanheceu mais uma vez
É hora de acordar para vencer
E Ter o que falar
Alguém para mandar, uma vida pra ordenar
Poder acumular e ai então viver
Viver e prosperar, mais nada a pensar
Me myself and I, e assim permanecer
Credicard e status quo que é tudo que penso ser
Ilusão é questionar
O sonho médio vai, vai te conquistar
E todo dia iremos juntos ao shopping pra gastar
Ter e sempre acreditar, princípio meio e fim
A hipocrisia vai vencer, vou sorrir pra você
Será uma festa em meio ao caos e as pessoas feias pagarão
Pois somos os eleitos, pelo menos achamos ser
Nossa raça é superior, mas vou fingir ser daquela cor
Roberto Campos é o nosso guru
E para sempre seremos liberais pra trabalhar, pra viver!
Não me importa se meus filhos não terão educação
Eles têm é que Ter dinheiro e visual
O sonho médio vai, vai te conquistar
Mentalidade de plástico e uma imagem a zelar
http://www.vagalume.com.br/dead-fish/sonho-medio.html
66
Frases
(http://www.amopoesias.com/frases-de-economia.html)
67
Charges
http://brasileducom.blogspot.com.br/2012/10/em-defesa-da-civilizacao.html
http://www.alemdeeconomia.com.br/blog/?p%3D11490
68
http://muriloprofessor.blogspot.com.br/2013_05_01_archive.html
http://tribunadaimprensa.com.br/?m=201403
69
http://laranjanafeijoada.blogspot.com.br/2013/11/charge-banco-e-copa-do-mundo.html
http://www.nanihumor.com/2011/05/162-milhoes-na-miseria-extrema.html
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Considerações Finais
Conforme você acompanhou neste material, não tínhamos a intenção de revelarmos
apenas dados estatísticos e, portanto, limitarmo-nos aos gráficos e tabelas. Na verdade,
intencionamos mostrar a você que falar de economia vai muito além, se quisermos pensar
profundamente na questão...
O que são os índices, os cálculos, as medidas, os projetos, os planos e pacotes se não
houver um princípio ético que norteie qualquer medida econômica. Até porque a
economia sem ética seria o mesmo que um crescimento sem parâmetros, sem rumo. Até
mesmo a produtividade ficaria sem sentido...
Como haveria produtividade sem conhecimento e qual a razão deste senão para
consolidar princípios que norteiem um desenvolvimento econômico humano justo e
igualitário, gerando vida digna e pensamento crítico na população...
Como vimos, o desenvolvimento humano custa caro... Na verdade, é incalculável,
intangível, segundo um dos textos... E, assim, não deve ser passível de banalização.
Deve, portanto, pautar-se “na moeda do século que se chama conhecimento, ou seja, nos
conhecimentos intelectuais inerentes aos indivíduos que os torna diferentes uns dos
outros”.
Deixamos aqui este desafio a você. Que você faça uso do conhecimento, bem como o
produza, focando no crescimento econômico que preza pelo desenvolvimento humano
integral pautado na riqueza do ser, no sucesso de viver dignamente, na realização de
compartilhar com o outro os êxitos que a vida traz.
Sucesso! Até a próxima!
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