RESUMO EXPANDIDO PROCESSOS DE ARTICULAÇÃO E DINÂMICAS TERRITORIAIS DO MUNICÍPIO DE PONTA PORÃ/MS EM ESCALA LOCAL, REGIONAL E INTERNACIONAL Lucas Gauto Bueno1 Fernando Figueiredo Aguillera2 Walter Guedes da Silva3 No final do século XIX e início XX, a Geografia enquanto ciência foi impulsionada pela expansão do imperialismo, tendo como principal pensamento metodológico o determinismo ambiental, se utilizando de um conceito que foi dominante, região natural, consiste como uma parte da superfície terrestre, classificada em escala diversificada, caracterizando-se pela sua integração das áreas pelos elementos naturais como: clima, vegetação, geologia, relevo, e outros aspectos que se diferencia das demais. Portanto, se entende como Região Natural o conjunto de elementos físicos e climáticos para a separação das áreas. Contrapondo algumas ideias da região natural, o possibilismo vê esta questão de modo diferenciado. Definida por Vidal de La Blache, no contexto em que vivia a França no início do século XX, a região geográfica visa uma homogeneidade das relações do meio natural e as ações do homem, podendo ter seus limites definidos por diversas características como: o clima, o solo, a vegetação, mas sempre observando as relações do homem com a natureza, deixando de ser um ser passivo, passando a ser um agente ativo, modelando seu espaço e suas dinâmicas, portanto, pode-se ver um laço entre população e região. Vemos a individualidade do termo nas expressões dos povos que vivem em tais localidades regionalizadas, elas são reconhecidas pela população, que dão nomes ao seu local, como: Bolsão, Sul da Fronteira, Norte entre outros. (CORRÊA, 2003, pg. 27, 28) Reagindo ao determinismo ambiental, o possibilismo considera a evolução das relações entre o homem e a natureza, que, ao longo da história, passam de uma adaptação humana a uma ação modeladora, pela qual o homem com sua cultura 1 Graduando em geografia, bolsista PIBIC (Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica). [email protected] 2 Graduando em geografia, bolsista PIBIC (Programa Institucional de Bolsas De Iniciação Científica). [email protected] 3 Doutor em geografia pela USP. Professor e orientador do curso de geografia, licenciatura, da universidade estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS) Campo Grande. [email protected] VI Seminário Internacional AMÉRICA PLATINA (VI SIAP) e I Colóquio Unbral de Estudos Fronteiriços TEMA: “América Platina: alargando passagens e desvendando os labirintos da integração” Campo Grande, 16,17 e 18 de novembro de 2016 UEMS (Unidade Universitária de Campo Grande) ISBN: 978-85-99540-21-3 cria uma paisagem e um gênero de vida, ambos próprios e peculiares a cada porção da superfície da Terra. (CORRÊA, 2003, p. 27-28) Por sua vez, a nova geografia que surgiu após a Segunda Guerra Mundial veio com seus próprios conceitos de região, se opondo aos paradigmas do determinismo ambiental e do possibilismo. As técnicas estatísticas que irão aparecer para as novas concepções de região, que será batizada de divisão regional hipotética, deixando de lado o empirismo e usando uma carga maior da matemática, utilizando o propósito do pesquisador para que seja selecionado o critério para regionalizar, podendo ser critérios climáticos. “Ao contrário da região vidaliana, a da nova geografia não é considerada uma entidade concreta, e sim uma criação intelectual batizada por propósitos especificados.” (CORRÊA, 2003, p. 33). No entanto, devido a fatores como a globalização desenfreada que vivemos nos últimos anos, podemos ver dinâmicas diferenciadas na estruturação e organização do espaço. Isso pode representar desafios para governantes pois essas novas dinâmicas, pelas formas capitalistas e visando o lucro das grandes empresas, podem acarretar em conflitos de interesses entre população e privado. “É sabido que a globalização causa significativas mudanças na (re)organização do território”. (SILVA; MOREIRA JUNIOR, 2016, p. 156). Com isso, devemos nos lembrar que uma reorganização industrial pode nos levar também as novas combinações regionais. Com políticas públicas atuantes nas divisões de agrupamentos municipais vemos, nos seus recortes, atos de poder para ser empregado ações governamentais porém, nem todos esses recortes podem ser considerados uma regionalização. Podemos observar nos dias atuais a não adoção de critérios específicos para regionalizar, tornando-se algo abstrato, sem o menor estudo adequado para que ações sejam tomadas nas respectivas áreas e “estabeleçam Políticas, Planos e Programas ditos de desenvolvimento regional, que muitas vezes nada possuem de regional”, (SILVA; MOREIRA JUNIOR, 2016, p. 156). Nas palavras de Haesbaert (2010, p.23), “o poder de recortar, de classificar e, muitas vezes, também de nomear”, está presente em todo tipo de regionalização como um ato de poder. O objetivo deste trabalho é entender a dinâmica e a articulação dos MGL e em especial a cidade de Ponta Porã, no contexto regional do Mato Grosso do Sul, além de poder observar a importância do mesmo para a economia do estado em geral, suas integrações em nível nacional e suas relações internacionais, justamente por causa da sua situação fronteiriça. Para isso, serão utilizados dados obtidos do IBGE, IPEA, Banco do Brasil, Tesouro Nacional, Secretaria da Fazenda do Mato Grosso do Sul, e também dados obtidos das notas fiscais eletrônicas do período de 2013 a 2015. Depois da coleta dos dados, irá se utilizar de indicadores para poder levantar os municípios como: 1) de capacidade de autogestão do município – estabelece qual administração consegue ser autossustentável, 2) sustentação territorial – refere-se a o total de população dependente e população economicamente ativa, e por último, 3) articulação regional, nacional e internacional. Esses indicadores tiveram como base o trabalho intitulado de “Estabilidade e articulação dos municípios do Mato Grosso do Sul – proposições para uma sugestão metodológica”, ainda em prelo, de autoria do Professor Tito Carlos Machado de Oliveira e Carlos Martins Junior, como parte do projeto “Pólos Geográficos de Ligação”, financiado pela Fundect e CNPq. Partindo dessa metodologia, irá acarretar em três tipos de classificação conforme o levantamento de dados: 1. Satisfatória – Municípios com bom nível de estabilidade administrativa e territorial e com alta ou mediana capacidade de articulação VI Seminário Internacional AMÉRICA PLATINA (VI SIAP) e I Colóquio Unbral de Estudos Fronteiriços TEMA: “América Platina: alargando passagens e desvendando os labirintos da integração” Campo Grande, 16,17 e 18 de novembro de 2016 UEMS (Unidade Universitária de Campo Grande) ISBN: 978-85-99540-21-3 2. Incômoda – Municípios com estabilidade administrativa e territorial, mas com baixa capacidade de articulação, ou são inconstantes, mas possuem uma articulação mediana, ou ainda aqueles instáveis, mas que, por algum bom motivo, possuem uma alta capacidade de articulação; 3. Delicada – municípios inconstantes com baixa capacidade de articulação e os instáveis que não consolidam uma alta articulação. A cidade de Ponta Porã, a cidade que será o foco das análises na pesquisa, é um grande influenciador na região sudoeste e no estado com um todo, devido a sua conurbação com a cidade Paraguaia de Pedro Juan Caballero, se tornando uma via para as relações econômicas estaduais. Com isso, a cidade se torna o centro de políticas públicas e privadas, visando o engrandecimento desse potencial gerando empregos além de investimentos nas áreas, fortalecendo os pontos fracos do município e maximizando os fortes. Durante o processo de buscas pelas informações necessárias para a elaboração de uma nova regionalização, a grande barreira encontrada é a falta de informações, além da veracidade das mesmas, sendo necessário uma espécie de filtro nos números obtidos para estabelecer a metodologia que será aplicada. Referências BRASIL. IBGE Cidades. Mato Grosso do Sul. http://cidades.ibge.gov.br/xtras/uf.php?coduf=50. Acesso em 06/07/2016 Disponível em: CONTEL, F. B. Os conceitos de região e regionalização: aspectos de sua evolução e possíveis usos para a regionalização da saúde. Scielo, São Paulo, v. 24, n. 2, p. 447-460, 2015. CORRÊA, R. L. Região e organização espacial. 7° ed. São Paulo: Ática, 2003. HAESBAERT, R. Regional – global: dilemas da região e da regionalização na geografia contemporânea. Rio de Janeiro: Bertrand, 2010. MATO GROSSO DO SUL. Zoneamento-ecológico econômico de Mato Grosso do Sul. Campo Grande, 2011. MAX, C.Z; OLIVEIRA, T.C.M. de. As relações de troca em região de fronteira: uma proposta metodológica sob a ótica convencionalista. Geosul, v. 24, n. 47, 2009. SANTOS, Diego Roberto Lelis; SILVA, Walter Guedes da; MOREIRA JUNIOR, Orlando. Ponta Porã: um Micropolo Geográfico de Ligação na fronteira brasileira. Geofronter Disponível em: http://periodicosonline.uems.br/index.php/GEOF/article/view /827. Acesso em: 06 jul. 2016. SILVA, Walter G. da; MOREIRA JÚNIOR, Orlando. In: ABRITA, Mateus B. et. al. Economia brasileira: desafios macroeconômicos e regionais. Campo Grande: Paco editorial, 2016. P. 155172. VI Seminário Internacional AMÉRICA PLATINA (VI SIAP) e I Colóquio Unbral de Estudos Fronteiriços TEMA: “América Platina: alargando passagens e desvendando os labirintos da integração” Campo Grande, 16,17 e 18 de novembro de 2016 UEMS (Unidade Universitária de Campo Grande) ISBN: 978-85-99540-21-3