metamorfoses na paisagem pela turistificação do rural - Unifal-MG

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METAMORFOSES NA PAISAGEM PELA TURISTIFICAÇÃO DO
RURAL EM UBERLÂNDIA - MG
Raphaella Karla Portes Beserra
[email protected]
Geografia - Universidade Federal de Uberlândia
Jéssica Soares de Freitas
[email protected]
Geografia-Universidade Federal de Uberlândia
Resumo
O presente trabalho tem como objetivo estudar as práticas turísticas do espaço rural
do município de Uberlândia analisando-o através da paisagem que é notoriamente rica
em belezas naturais, levando em conta as modificações sofridas pela instalação das
usinas hidroelétricas. Após essa metamorfose sofrida pela paisagem, é perceptível a
falta de infraestrutura para recepção dos turistas, e como a comunidade local vem se
adaptando para desenvolverem essa nova atividade. Junto com as transformações
vieram também os empreendimentos turísticos que se aproveitam dos recursos locais
para criar atividade de contato com o ambiente natural, de maneira “sustentável”. Com
o aumento da atividade se faz necessário um estudo, para que haja planejamento afim
de que a mesma continue sem danos ou prejuízos ao ambiente rural.
Palavras – Chave: Turismo rural; paisagem; metamorfoses.
Eixo 4: Valoração e Percepção da Paisagem.
Introdução
O turismo em ambientes rurais tem se intensificado, principalmente em locais
que possuem belezas não só naturais como também antropomorfizados. Em
municípios que não possuem atrativos turísticos nas cidades e que se localizam no
interior do país esta modalidade turística é ainda mais forte. Este tipo de prática é
realizada, em grande parte, pelos próprios moradores da área urbana e dos
municípios vizinhos.
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Org.: SILVA, R. O. (2011).
Figura 1: Mapa de localização de Uberlândia-MG
O município de Uberlândia está localizado no estado de Minas Gerais, com a
população
de
604.013
habitantes
(IBGE,
2010)
possuindo
uma
área
de
aproximadamente 4.115,206 km². No turismo rural o município de Uberlândia está a
florescer cada vez mais, com a criação de circuitos turísticos que proporcionam ao
turista melhores possibilidades de conhecer o lugar. No urbano o destaque fica com o
setor de Turismo de Negócios, já que é uma cidade com grande influência econômica,
sendo sede de vários eventos do âmbito empresarial. O turismo de esportes está
também se despontando, sendo casa de diversos campeonatos em âmbito regional,
nacional e internacional.
A instalação de hidroelétricas nas proximidades e o subsequente represamento
do Rio Araguari alavancou as possibilidades de turismo rural nas proximidades. Os
lagos se transformaram rapidamente em pontos turísticos da região, provocando o
interesse de clubes, restaurantes, e locais que promovem práticas aquáticas. As
modificações no meio ambiente se tornam nítidas na paisagem, principalmente no que
se refere aos impactos causados pelos turistas.
Dessa forma, se iniciou um processo de ocupação de áreas próximas a esses
lagos a fim de promover uma maior exploração turística voltada ao lazer da população
residente na região. Sua demanda é crescente, assim como os impactos ao meio
ambiente. O município também conta com belezas naturais riquíssimas e procuradas
por “aventureiros”, apesar de estarem, de certa forma, escondidas do grande
contingente turístico.
O lazer na região dos lagos surgido a partir de
empreendimentos hidroelétricos representa possibilidades para
o desenvolvimento do turismo e também de ganhos para a
economia local.
Contudo é necessário considerar os
problemas ambientais que uma região campestre pode
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apresentar, já que o turismo enquanto prática social nem
sempre respeita os limites sócio-espaciais. (FREITAS, J. S.;
SANTOS, R. J. 2012).
Levar o fator social em consideração é de grande importância para detectar até
que ponto é possível praticar o turismo nesses ambientes sem que haja mudança no
modo de vida das comunidades rurais. Temos também que efetuar uma análise da
paisagem, a qual se manifesta como um palimpsesto, uma acumulação desigual de
tempos que se espacializam e se condensam. A paisagem é resultado da integração
de diversos fatores, sendo também subjetiva, onde cada percepção age de forma
heterogênea. Através desta categoria, podemos perceber as contradições inerentes à
constituição do espaço geográfico na nossa sociedade. A paisagem abarca não
apenas aquilo que se materializa, mas também os processos que levaram ao seu
estado atual, ela é, portanto, histórica, mas está em constante movimento, assim como
a realidade em sua totalidade.
A paisagem é resultado da integração de diversos fatores, sendo também
subjetiva, onde cada percepção age de forma heterogênea. Através desta categoria,
podemos perceber as contradições inerentes à constituição do espaço geográfico na
nossa sociedade. A paisagem abarca não apenas aquilo que se materializa, mas
também os processos que levaram ao seu estado atual, ela é, portanto, histórica, mas
está em constante movimento, assim como a realidade em sua totalidade.
Este trabalho tem por principal objetivo analisar as condições atuais do turismo
rural do município de Uberlândia – MG através da paisagem e o que pode ser
realizado a fim de promover melhores condições para as práticas turísticas neste
ambiente. Para elaboração do mesmo utilizaremos a prática em campo, bem como
buscas bibliográficas.
Resultados parciais
No caso da prática turística nos ambientes rurais de Uberlândia ainda não há
uma boa infraestrutura para comportar um grande fluxo de pessoas sem prejudicar o
meio ambiente, principalmente em áreas que são realizados acampamentos sem
supervisão adequada, sinalizando um mau uso do lugar ao prejudicá-lo. O turista
deve, como consumidor de espaços turistificados, contribuir para a sua conservação,
limpeza e respeito às tradições e ao cotidiano da população receptora. Neste sentido,
enquanto consumidores vorazes de paisagens e recursos naturais devem pagar taxas
para o uso dos espaços que deverão ser constantemente qualificados e recuperados
para assegurar sua conservação (GOMES, 2004).
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Apesar da constante transformação que o ambiente rural tem vivido, há
comunidades que tentam sobreviver sem modificar suas tradições que lhes foram
passadas. Não se pode assim, prejudicá-los ao impor um turismo que mude seus
modos de vida e sim ajudá-lo a difundir sua cultura. A maioria desses pequenos
agricultores não possui uma infraestrutura adequada para atender fluxo de visitantes.
No entanto, conseguem gerar renda ao promover festas tradicionais que atraem
muitas pessoas, vendendo queijos e doces caseiros e oferecendo, quando solicitado
antecipadamente, almoço com comida tradicional do local.
Em contrapartida, existem aqueles que utilizam as práticas turísticas nestes
ambientes como forma de gerar lucros, construindo locais com grande infraestrutura a
fim de suportar um maior contingente de pessoas. Grande parte dos empreendimentos
que exploram a natureza estimulam o chamado “Turismo Sustentável”, o qual,
supostamente, permite uma exploração turística do ambiente natural com o mínimo
possível de prejuízo. O problema é que este argumento se perde na medida em que
se existem práticas que não vão de acordo com esta ideologia e acabam degradando
ainda mais o ambiente.
Nos locais onde existem belezas naturais de intensa notoriedade, como é o
caso do município de Uberlândia, há uma intensa procura por pessoas que gostam
desse tipo de ambiente para praticarem camping e esportes radicais, apesar de serem
muitas vezes desconhecidas por grande parte da população. A procura por esses
lugares normalmente são realizadas por jovens e adultos com uma idade não muito
avançada já que o esforço físico nesses locais é maior e o poder aquisitivo necessário
é menor já que não é há taxas estabelecidas para a sua visitação.
Nos lagos das usinas a modificação do lugar é ainda mais nítida. Em seus
arredores é possível observar várias chácaras, a maioria bem próxima à água
contrariando a lei governamental que determina uma distância de no mínimo 100
metros para os cursos d’água. Grande parte dessas chácaras são utilizadas não só
para exploração do proprietário e sua família como também de outras pessoas,
alugando-as por preços que variam conforme sua localidade. Além deste tipo de
construção têm-se também clubes náuticos que exploram o local promovendo o lazer
da população.
Foto 1: Chácaras nos arredores da Represa de Miranda – Uberlândia Minas Gerais
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Fonte: FREITAS, J. S. (2012).
Essas práticas são prejudiciais ao ambiente natural, pois modificam o lugar
degradando-o à medida que os utilizam inapropriadamente ao, por exemplo, jogarem
lixo nos lagos, fazendo com que o ambiente aquático seja amplamente contaminado.
Dessa forma, surge outro lado da exploração ambiental. Além daqueles que
promovem
turismo
de
maneira
irresponsável
existem,
neste
mesmo
local,
empreendimentos que promovem a política do turismo sustentável, ao praticarem
esportes subaquáticos não apenas promovem o lazer do visitante como sensibilização
quanto aos prejuízos do local.
O recanto do Mergulhador promove por meio da prática de mergulho o turismo
ambiental a fim de despertar nas pessoas que gostam e que possuem poder aquisitivo
para realizar o esporte. O dono do local explica que, ao mergulhar, sozinho ou com
pessoas que querem aprender o esporte, se depara com uma enorme quantidade de
lixo subaquático produzido, principalmente, pelos ocupantes dos arredores da Represa
de Miranda, que sem consciência do que está fazendo, ou por simplesmente má fé,
prejudica o meio ambiente ao depositar seus resíduos na água.
Como tentativa de melhora da prática turística e um refreamento de futuros
prejuízos, a afirmação acima é de grande importância no estudo do turismo rural em
Uberlândia, já que a sua tendência ao crescimento é grande e sua gama de ambientes
naturais também o que faz necessário uma atenção ainda maior para os seus
aspectos. Assim, faz-se necessário compreender qual a quantidade de pessoas que
os ambientes rurais são capazes de suportar.
Referências
FREITAS, J. S.; SANTOS, R. J. . Práticas Turísticas: Modificações e contradições nos
lugares rurais da bacia do Rio Araguari - MG. In: Anais... IX SIMPÓSIO DE
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GOMES, Lirandina; LOMBA, Débora; Estudo de capacidade de carga turística
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MACIEL, N. A. L.; PAOLUCCI, L.; RUSCHMANN, D. V. M.; Capacidade de carga no
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do Complexo Turístico Habitacional Canto da Brava. Revista Brasileira de Pesquisa
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PRADO, Marta Virgínia Porto; ANDRADE, José Roberto de Lima; FACCIOLI, Gregório
Guirado. TURISMO SUSTENTÁVEL E CAPACIDADE DE CARGA DOS ATRATIVOS
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SANTOS, R. J. (Org.). Práticas sociais e o reordenamento econômico das
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ROCHA, S. A. Geografia Humanista: História, conceitos e o uso da paisagem
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ISBN: 978-85-99907-05-4
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