FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS - ESUDA Curso de Especialização em Neuropsicologia José Gilcélio Silva A NEUROPSICOLOGIA E AS CONTRIBUIÇÕES DA TERAPIA COGNITIVO COMPORTAMENTAL PARA O TRATAMENTO DE PACIENTES COM PROBLEMAS DE MEMÓRIA Recife, 2012 JOSÉ GILCÉLIO SILVA A NEUROPSICOLOGIA E AS CONTRIBUIÇÕES DA TERAPIA COGNITIVO COMPORTAMENTAL PARA O TRATAMENTO DE PACIENTES COM PROBLEMAS DE MEMÓRIA Monografia apresentada ao curso de Pós-graduação em Neuropsicologa como parte dos requisitos para aquisição do título de especialista. Data de Aprovação _____/_____/2012 Banca Examinadora Profº. Mestre Fábio de Torres Profª. Mestra Verônica Carrazzone AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus pela concepção da vida e a possibilidade de perpetuação, aos meus professores e amigos de classe que contribuíram para produção de novos conhecimentos, aos meus filhos Cayc e Adla Sena pela paciência que tiveram nas minhas ausências e a minha querida e amada esposa Magdala Sena pelos incentivos nas horas difíceis e momentos de desistir e pelo carinho todo especial nesses dezenove anos de casados. RESUMO Há muitas formas de tratamento para pacientes com problemas de memória e a Terapia Cognitivo Comportamental junto da Neuropsicologia se propõem a contribuírem com seus conhecimentos para o tratamento destes pacientes, a parceria entre as diversas ciências têm sido fortalecida a cada momento por estar facilitando muito o diagnóstico, os tratamento e permitindo aos paciente uma melhor recuperação de suas patologias, trabalharemos com a Terapia Cognitivo Comportamental e Neuropsicologia no diagnóstico, recuperação e identificação dos pacientes com problemas de memória, como identificar as áreas do cérebro lesadas, ou comprometidas e qual o melhor método ou técnica que aplicaremos para recuperação destes pacientes para garantir uma melhor qualidade de vida e um tempo mais rápido de recuperação ou remissão dos sintomas. A Neuropsicologia identifica a área lesionada através dos testes e avaliações neuropsicológicas e a Terapia Cognitivo Comportamental com seus métodos, técnicas e psicoterapias, direcionará o paciente a uma recuperação mais rápida focando suas intervenções nas áreas identificadas como necessária a serem estimuladas para recuperação ou para uma área que deverá ser estimulada através da plasticidade cerebral. Essa pesquisa se propõem a oferecer aos pacientes com problemas de memória, diagnóstico mais preciso identificação e direcionamento na área lesionada, maior agilidade no tratamento e uma melhor recuperação ou remissão dos sintomas. Palavras Chave: Terapia Cognitivo Comportamental, Neuropsicologia, Memória e Plasticidade Cerebral ABSTRACT There are many ways to treat patients with memory problems and Cognitive Behavioral Therapy, along neuropsychology intend to contribute their knowledge to treat these patients, the partnership between the various sciences have been strengthened by every moment is greatly facilitating the diagnosis the treatment and allowing patients a better recovery from their illnesses, work with the Behavioral and Cognitive Neuropsychology in the diagnosis, recovery and identification of patients with memory problems, how to identify the brain areas damaged or compromised and the best method or technique that will apply to recovery of these patients to ensure a better quality of life and a faster time to recovery or remission of symptoms. Neuropsychology identifies the injured area through neuropsychological tests and evaluations and Cognitive Behavioral Therapy with his methods, techniques and psychotherapies, direct the patient to recover more quickly by focusing its interventions in areas identified as necessary for recovery or be stimulated to an area that should be stimulated to a neuronal plasticity. This research proposes to offer to patients with memory problems, more accurate diagnosis, identification and targeting damaged area, faster processing and better recovery or remission of symptoms. Keywords: Cognitive Behavioral Therapy, Neuropsychology and Memory SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO...................................................................................................................6 - 7 2. BASES EPISTEMOLÓGICA DA PSICOLOGIA..................................................8 - 11 3. TERAPIA COGNITIVO COMPORTAMENTAL 3.1 CONCEITOS FUNDAMENTAIS.................................................................12 - 15 3.2 TÉCNICAS E MÉTODOS UTILIZADOS PELA TERAPIA COGNITIVO COMPORTAMENTAL PARA ALTERAÇÃO DE CRENÇAS .....................................15 - 16 4. NEUROPSICOLOGIA...........................................................................................17 - 18 4.1 PLASTICIDADE CEREBRAL ( NEUROPLASTICIDADE)....................19 - 21 5. MEMÓRIA ..............................................................................................................22 - 23 5.1 CLASSIFICAÇÃO DA MEMÓRIA...........................................................24 - 26 5.2 TESTES DE MEMÓRIA UTILIZADOS PELA NEUROPSICOLOGIA.........27 6. NEUROPSICOLOGIA E TERAPIA COGNITIVO COMPORTAMENTAL...28-29 6.1 AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA E TCC........................................30- 31 7. CONCLUSÃO......................................................................................................................33 - 34 REFERENCIAS ...............................................................................................................................35 6 1. INTRODUÇÃO. Esta Monografia do curso de pós-graduação em NEUROPSICOLOGIA, tem como tema: A Neuropsicologia e a Terapia Cognitivo Comportamental, e como objeto delimitado, a Neuropsicologia e as contribuições da Terapia Cognitivo Comportamental para o tratamento de pacientes com problemas de Memória. Sendo assim, é justificada, à medida que a cada momento buscamos mecanismos que possam nos auxiliar a entender melhor as demandas dos pacientes. Nenhum profissional hoje se permite não buscar em outras áreas auxílio para seus diagnósticos, a interdisciplinaridade possibilita uma interação, outras formas de conhecimento e, a Neuropsicologia em parceria com os conhecimentos da Terapia Cognitivo Comportamental busca entender melhor as disfunções da memória para identificar a melhor maneira utilizada pela TCC à reabilitação do paciente, nessa interação entre TCC e NEURO, poderíamos avaliar melhor a funcionabilidade do cérebro “ perdas e ganhos” através dos testes que são disponibilizados pela Neuropsicologia e as técnicas utilizadas pela Terapia Cognitivo Comportamental. Devido aos inúmeros casos envolvendo problemas de memória, que tem interferido e prejudicado a qualidade de vida dos pacientes e provocado verdadeiros blackout nas mentes das pessoas prejudicando sua vida familiar e o convívio na sociedade, isolando-os de todos, se enclausurando nos seus devaneios e alucinações, nos faz pensar: Quais as contribuições que a Neuropsicologia e a terapia cognitivo Comportamental poderão dar aos pacientes com problemas de memória? Como objetivo geral deste estudo identificaremos de que forma a Terapia Cognitivo Comportamental e a Neurpsicologia poderiam minimizar o sofrimento de pacientes com problemas de memória, já como objetivos específicos, Citar as contribuições que a Neuropsicologia em conjunto com a Terapia Cognitivo Comportamental dariam para o tratamento dos pacientes com problemas de memória, identificar se seria possível a Neuropsicologia e a Terapia Cognitivo Comportamental utilizando-se de suas técnicas produzir um tratamento mais eficaz para os pacientes com disfunção na memória, relacionar os testes específicos utilizados pela Neuropsicologia capazes de identificar que área do cérebro encontra-se comprometida, planejar as sessões terapêuticas a partir dos testes neuropsicológicos que identificaram a área comprometida da memória no intuito de estimulação, utilizando-se de técnicas da terapia cognitivo comportamental, conceituar as técnicas usadas pela Terapia Cognitivo Comportamental capazes de estimular a memória 7 disfuncional dos pacientes, construir uma ligação entre Neuropsicologia e Terapia cognitivo Comportamental capaz de acelerar a remissão dos sintomas em pacientes com problemas de memória procedural por exemplo, elencar os mecanismos e técnicas utilizadas pela TCC e Neuropsicologia aplicadas aos pacientes com déficit de memória, entender como o cérebro pode recuperar suas funções, dentre elas a memória, através da plasticidade cerebral. Como questões norteadoras para este esta monografia teremos: Quais as possíveis contribuições da Neuropsicólogia e a Terapia Cognitivo comportamental dariam para o tratamento dos pacientes com problemas de memória? Seria possível a Neuropsicologia e a Terapia Cognitivo Comportamental utilizando-se de suas técnicas produzir um tratamento mais eficaz para os pacientes com disfunção na memória? Quais os testes específicos utilizados pela Neuropsicologia para memória? Quais as técnicas utilizadas pela Terapia cognitivo comportamental capaz de produzir reestruturação cognitiva para recuperação da memória? Como conceituar a Terapia Cognitivo Comportamental ( TCC ) , o que é Neuropsicologia? Quais as interligações entre TCC e Neuro capazes de produzir a remissão dos sintomas nos pacientes com problemas de memória? O que é plasticidade cerebral? Como funciona a plasticidade cerebral? Como hipótese para este estudo pretendemos comprovar que: A Neuropsicologia utilizando-se dos conhecimentos da terapia Cognitivo Comportamental, conseguirá com maior rapidez recuperar as funções da memória disfuncional. Este trabalho apresenta-se como elaboração teórica através de pesquisa do tipo bibliográfica que segundo Gil( 1991,apud Meules,2001 ) é elaborada a partir de material já publicado constituída principalmente de livros, artigos e períodos com material disponibilizado na internet, Fará parte deste projeto os seguintes capítulos: Bases epistemológica da psicologia, Terapia Cognitivo Comportamental, Conceitos fundamentais, Técnicas e métodos utilizados pela Terapia Cognitivo Comportamental para alteração de Crenças, Neuropsicologia, Plasticidade Cerebral, Memória, Testes de Memória utilizados pela Neuropsicologia, A Neuropsicologia e a Terapia Cognitivo Comportamental. 8 2. EPISTEMOLOGIA DA PSICOLOGIA Procurar conhecer as bases que fundamentaram a história da psicologia é importante para obtenção do conhecimento desta ciência tão nova e tão presente em nossa sociedade, faz-se necessário conhecer as etapas da história, como surgiu, de onde surgiu e como foi inserida na contemporaneidade, a base epistemológica servirá de alicerce para fundamentação teórica e credibilidade perante os leitores, procuraremos apresentar de uma forma sucinta e evolutiva, seguindo uma ordem cronológica, de modo a fazer com que o leitor adentre na história até despontar no surgimento da psicologia científica. Na idade antiga, numa perspectiva filosófica, alguns filósofos buscavam explicar o surgimento do mundo em período que chamaram de: COSMOLÓGICO, ANTROPOCÊNTRICO E TEOCÊNTRICO, a Grécia por ser considerada o berço da civilização ocidental, sendo o local do surgimento da filosofia de onde surgiu a psicologia, busca uma explicação filosófica de como surgira o cosmo, de que matéria orgânica era constituído, tentavam busca explicação do principio ou a lei que regia o universo, pois até aquela época, VI aC, tinha-se como um mito. Tales de Mileto, ( 640-548 aC) foi o precursor na tentativa de explicar o cosmos pela universalidade da matéria, havia algo que fora responsável pela formação do cosmo, Tales vê na água o elemento original de todas as cosias, pois segundo Tales, a água estava presente na maior parte dos componentes mineral, vegetal e animal, a água era o nutriente necessário para alimentar todo ser vivo, desta feito estaria no elemento água a explicação do surgimento do cosmo, surgiram vários outros filósofos que defenderam a idéia do surgimento do cosmo através de um elemento, Heráclito ( 540-475 aC) apesar de perceber a dificuldade de reduzir o cosmo a um elemento simples, defendia que: “ O mundo está em constante mudança, num eterno devir, o permanente era apenas ilusão de nossos sentidos, dava mais ênfase ao processo, à dinâmica e não ao elemento estático. Tudo no universo, com o tempo, se transforma em seus opostos.”( RIBEIRO. p. 26, 1997) E tinha no fogo o elemento básico para formação do universo, sendo assim, já poderemos perceber a contribuição destes filósofos na construção da psicologia através dos tempos, nada seria estático e tudo estava na maneira como percebíamos as coisas através dos sentidos. Pitágoras ( 570-496 aC) buscava explicar a formação do cosmo através dos números, os números seriam a essência de tudo, procurava descobrir de que forma o universo 9 funcionava havendo uma ordem numérica para esse funcionamento.“ Pitágoras sustentava a existência de uma alma imortal, distinta do corpo, ao qual preexistia e no qual se encarnava como uma prisão” ( FREIRE. p. 27, 1997). Outro filósofo, Anaxágoras, não partilhava de uma visão elementar, única na formação do cosmo, ele dizia que: “ tudo está em tudo, pois em cada coisa há uma parte de todas as outras” Assim como Pitágoras que sustentava agora uma alma distinta do corpo, Anaxágoras contribui muito para o surgimento da psicologia, dando origem a uma escola psicológica do século XX a Gestalt. O último filósofo do período cosmológico foi Demócrito ( 460-370 aC) que falava de corpo, alma, morte, criou um sistema materialista e considerava que os pensamentos e os atos do homem, bem como todos os seus acontecimentos eram determinados por agentes externos, falou do determinismo externo agindo sobre o comportamento indo de encontro ao livrearbítrio, esse pensamento de Demóclito contribui para formação do Behaviorismo, que defendem que o comportamento é controlado por forças externas. Esse período foi o que praticamente originou o pensamento psicológico que se fortaleceu através dos tempos, mas sempre buscando nos pensamento filosófico de Demóclito, principalmente e Pitágoras, o ponto de partida para o entendimento do sujeito, os outros filósofos como Tales, Heráclito e Anaxágoras, embora tenham tido uma participação na história, não foram tão representativos para o surgimento da psicologia, poderíamos dizer que a psicologia surgiu da cosmologia. No Período antropocêntrico, o homem agora é o centro de todas as coisas, a eloqüência agora era a forma diferenciada de se avaliar as pessoas, saía o jovem que deveria ser preparado para guerra e entrava o cidadão de formação direcionada à educação, Sócrates foi o principal pensador desta época e contribui muito para o surgimento da psicologia quando fala da introspecção, do mundo das idéias, do conhece-te a ti mesmo, da maiuetica, perguntas e resposta, indo de encontro ao pensamento de Demóclito, que falava da construção do sujeito à partir das experiências. A psicologia apesar de ainda não ter surgido, se fortalece com essa dialética através dos tempos, Platão discípulo de Sócrates, compartilha do mundo das idéias e fala sobre os conhecimentos inatos, “ Conhecer seria um processo de lembrar o que está dentro e não aprender o que está fora” ( FREIRE.p 34, 1997) Platão , a exemplo de Heráclito, defende que tudo que esteja fora do mundo das idéias, estão em mutação, faz a separação de mente e corpo, que se torna na realidade ponto fundamental para a psicologia. Ainda neste período 10 surge Aristóteles que vai de encontro aos pensamentos platônicos e defendem que o homem tudo aprende, não compartilhava de que as idéias eram inatas, ao nascermos, não trazemos conosco nenhum conhecimento, nada temos nos nossos pensamentos, somos construídos através das experiências. Esse pensamento contribuiu de uma forma representativa para o surgimento de algumas abordagens psicológicas e serviu como fonte de sustentação para a psicologia de uma forma em geral. Já na idade média prevalecia o cristianismo, Jesus Cristo era o modelo e a explicação de todas as coisas, não havia como contestar a Bíblia sagrada como fonte de todo o saber o período passou a ser Teocêntrico, Deus o ser soberano agora explica através da Bíblia o surgimento de todas as coisas, de acordo com a Bíblia sagrada no livro de João no capítulo 1 versículos de1 a 5 está escrito: No princípio era o verbo, e o Verbo estava com Deus, e o verbo era Deus. Ele estava o princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por meio Dele, e sem Ele nada do que foi feito se fez. Nele estava à vida, e a vida era a luz dos homens. Alguns pensadores deste período, como Santo Agostinho e Tomás de Aquino segue a linha de pensamento Aristotélica negando a concepção das idéias inatas. Esse foi um período que não trouxe grandes contribuições para a psicologia, no século XV com a chegada da idade moderna, há uma queda do apogeu teocêntrico, o dogmatismo deixa de prevalecer e o antropocentrismo volta a ter seus dias de destaque, o cristianismo não foi esquecido, ele pendura até os dias de hoje com uma influência fenomenal. A psicologia nesta época já poderíamos dizer que sua existência seria filosófica, mas tudo que já se havia construído, as tendências vista até o momento, reuniam requisitos, as bases e os pensamentos criados já tinham subsídios suficientes para levar o que era psicologia filosófica para uma psicologia científica. No final da idade média, com o surgimento da idade moderna, que foi considerada o berço das ciências, surgindo a Química, a Física, a Estatística, a Astronomia, a Biologia etc, surge também correntes filosóficas que possibilitam a automação da psicologia, fazendo com que a ela torne-se uma ciência emancipada, o que estava em questão era como se deveria construir o conhecimento, vários filósofos como: Hobbes, Locke, Kant e Hume, tinham seus pressupostos na formação do homem através da mente e corpo, ou seja o homem era nativista em alguns pontos, mas também empirista em outros, Locke e Hume, eram defensores do empirismo crítico, “ nada há na inteligência que não tenha passado pelos sentidos” 11 poderemos ver aqui o fortalecimento de uma idéia Aristotélica, já mencionado anteriormente, como bases epistemológicas da psicologia, nesta dialética, há o fortalecimento da psicologia como ciência, a partir da experiência, segundo HUME,( s.d, p. 122- et seq.) Um homem sábio, portanto, torna sua crença proporcional à sua evidência, Nas conclusões que se baseiam numa experiência infalível, espera o evento com o máximo grau de segurança e considera a experiência passada uma prova completa da existência futura deste evento. ( ... ) Se a experiência, digo eu, não revelasse que as qualidades são inerentes à natureza humana, não depositaríamos jamais a menor confiança no testemunho humano. Questões como consciente, inconsciente, percepção através da memória e atenção começam a surgir no contexto, os processos mentais são reconhecidos, o homem não é apenas razão, mas também prática, a ciência apenas entendia como verdade aquilo que se pudesse comprovar, o sensorial, os órgãos dos sentidos, seriam a porta para a comprovação do conhecimento, neste contexto, já se faziam presente para emancipação da psicologia três correntes filosóficas, a saber: o Empirismo Crítico, o Associacionismo e o Materialismo Empírico. No final do século XIX, dois nomes se destacam na legitimação da psicologia como ciência, Fechner e Wundt. Em 1860, Fechner lança um livro “ Elementos de Psicofísica, já Wundt com maior representatividade, em 1864, publica o livro: “ Elementos de psicologia Fisiológica, também criando o primeiro laboratório psicológico, este na Alemanha em 1879. Wundt era Empirista, não acreditava nas idéias inatas e que o que adivinha da mente no presente, baseava-se nas experienciais passadas como pensava Hume. Desta forma Wundt é considerado o pai da psicologia como ciência autônoma e experimental. 12 3. TERAPIA COGNITIVO – COMPORTAMENTAL. 3.1 CONCEITOS FUNDAMENTAIS. No século XX, com a novidade da psicologia como ciência, surgem várias escolas psicológicas, o Estruturalismo, Funcionalismo, Behaviorismo, Gestalterapia e a Psicanálise que ganhou notoriedade diante do mundo, assim como muitos pensadores criaram muitas outras formas de terapia, na década de 60, surge uma nova forma de fazer psicoterapia, a saber: TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL ( Carinhosamente chamada de TCC), seu criador, um conceituado psiquiatra com bases psicanalíticas, na Filadélfia, Aaron T. Beck, que junto com Albert Ellis, traz uma nova perspectiva para o tratamento a priori para pacientes com depressão, mas que ao longo dos tempos tem se demonstrado muito promissora no tratamento das mais diversas formas de patologia, sendo uma abordagem empírica com mais de 40 ( quarenta) anos de atividade que compactua com mais de 20 abordagens dentro do modelo cognitivo comportamental, a TCC tem sido promissora e cada dia faz mais adeptos para disseminação do seu modelo, os que se utilizam dessas “ técnicas” se assim poderíamos chamar, tem como pressuposto e fundamento a seguinte teoria: “ O que perturba o ser humano não são os fatos, mas a interpretação que ele faz dos fatos”, nessa conjectura apresentada por ( Knapp, 2004, p 20) teremos a seguinte afirmativa: O material trazido à consulta não é interpretado pelo terapeuta, mas elaborado em conjunto como o paciente num trabalho de identificar, examinar e corrigir as distorções do pensamento que causam sofrimento emocional ao indivíduo. A TCC focaliza seu trabalho em identificar e corrigir padrões de pensamentos conscientes e inconscientes ( que não estão acessíveis diretamente a consciência, (...) A terapia Cognitiva baseia-se na premissa de que a inter-relação entre cognição, emoção, e comportamento está implicada no funcionamento normal do ser humano e, em especial, na psicopatologia. Um evento comum do nosso cotidiano pode gerar diferentes formas de sentir e agir em diferentes pessoas, mas não é o evento em si que gera as emoções e os comportamentos, mas sim o que nós pensamos sobre o evento. A TCC trabalha com as experiências do sujeito que foram adquiridas através do tempo, formou-se uma história de vida que construiu a história do sujeito, nesta formação consta não só a questão cognitiva, mas também e principalmente as questões de cunho emocional, o desenvolvimento social, as manifestações das emoções, o prazer, o desprazer, as indiferenças, o estado de experiências ou sentimentos individuais, regras e valores foram implantados, formou-se crenças e pressupostos, o psicoterapeuta cognitivo comportamental, trabalha junto ao paciente uma avaliação destes pressupostos e crenças afim de refazer ou reconfigurar seus pensamentos e automaticamente mudar seus comportamentos, há uma 13 construção entre terapeuta e paciente, segundo Sudak ( 2008,p.18) Todas as abordagens cognitivas têm o mesmo pressuposto: a de que os indivíduos possuem a capacidade de controlar as suas próprias crenças e ações, e as nossas emoções dependem de como compreendemos a nossa experiência. Poderíamos dizer que para apreendermos essas experiências, que são registradas e armazenadas na nossa memória, há uma construção de pensamento, sentimento que gera comportamento, Knapp ( 2004, p. 21 ) fala de um modelo cognitivo: Minhas crenças nucleares, ativarão meus pressupostos subjacentes, desencadeados por uma situação vivida, surgindo os Pensamentos automáticos, que por sua vez produzirá uma Reação, levando a um sentimento emocional, gerando um comportamento também produzindo uma reação física. O objetivo do terapeuta, é mostrar ao paciente que seus pensamentos automáticos, não possuem sustentação para a realidade, não haverá evidências que comprove esse pensamento disfuncional, devendo levar o paciente a uma reestruturação cognitiva, tornando-o mais flexível nas suas convicções, o paciente fará uma avaliação de como ele se percebe, diante dele, do outro e do mundo, sobre isto, Knapp ( 2004, p. 21 ) escreve o seguinte: O interjogo de vários fatores – genéticos, ambientais, culturais, familiares, de desenvolvimento e personalidade – predispõe o indivíduo à vulnerabilidade cognitiva. As interações e interfaces de todos estes fatores entram em jogo na formação das crenças e dos pressupostos idiossincráticos de si mesmo material trazido à consulta não é, das pessoas e do mundo, determinando quais eventos de vida virão acionar reações mal-adaptativas. 3.2 TÉCNICAS E MÉTODOS UTILADOS PELA TERAPIA COGNITIVA COMPORTAMENTAL PARA ALTERAÇÃO DE CRENÇAS. Quando falamos em técnicas na Terapia Cognitivo Comportamental para alteração de crenças recebemos uma enxurrada de questionamentos, há quem pense que a TCC é um amontoado de técnicas e fórmulas que precisam ser seguidas dentro de uma sistematização, essa não é a proposta da TCC para utilização de suas técnicas, elas são apenas um mecanismo que os psicoterapeutas Comportamentais usam para gerar mudanças cognitivas/comportamentais e fazer com que seu paciente reconheça o modelo cognitivo para aquela patologia, essas técnicas poderão levar o paciente à novas descobertas e mudanças na cognição e no comportamento do sujeito o que chamamos de mudanças de crenças, podendo atingir o nível de crenças centrais e crenças intermediárias para uma reestruturação eficaz, 14 desta feita mostraremos a seguir algumas técnicas utilizadas pela TCC ( Terapia Cognitivo Comportamental ). REGISTRO DE PENSAMENTO AUTOMÁTICO. Como primeira técnica a ser apresentada, falaremos do Pensamento Automático ( PA ) o terapeuta geralmente leva ao conhecimento e ao exercício do paciente a identificação dos pensamentos automáticos, são de cunho cognitivo e podem surgir de palavras, imagens ou memórias, é a parte que está mais aflorada no pensamento do paciente com relação a sua posição sobre ele mesmo, os outros e o mundo, esse pensamento geralmente é disfuncional, mas o paciente o tem como verdadeiro, uma mudança com uma nova forma de pensar, levará o paciente a uma reestruturação cognitivo e uma reavaliação de tais pensamentos, a melhor forma de identificar os PA, é perguntar diretamente ao paciente em que ele está pensando naquele momento. ( KNAPP,2004 ). TAREFAS DE CASA ( OU EXERCÍCIOS TERAPEUTICOS). Outra técnica muito usada são as tarefas de casa, que prefiro chamar de exercícios terapêuticos, essa técnica tem como objetivo envolver o paciente no tratamento terapêutico nos momentos em que ele não estiver na sessão, além de dá continuidade no preenchimento de um registro de pensamento que entregamos ao paciente para que ele faça suas anotações quando em uma situação de desconforto tiver um pensamento que esteja condizente com a realidade, facilmente é percebido este tipo de pensamento quando realizamos a anotação no ( RP) ( Registro de Pensamente) descrito por: Padesk. Et. Al, 2007, p.64) que segue abaixo: REGISTRO DE PENSAMENTO 1.Situação 2.Estado de 3.Pensamentos 4.Evidências que 5.Evidências que 6.Pensamentos 7.medir Humor automáticos apóiam o não apóiam o alternativos/com o estado imagens pensamento pensamento pensatórios automático automático de humor ROLY-PLAY. Essa técnica consiste em levar o paciente a uma dramatização do momento em que ele viveu o desconforto , há uma interpretação da situação vivida e o paciente passa a viver um papel, a critério do terapeuta, no intuito de levá-lo a reviver aquele momento e poder refazer seus pensamentos produzindo uma reestruturação cognitiva ( KNAPP,2004 ). 15 EXAME DAS EVIDÊNCIAS. Levamos o paciente a fazer uma relação de vantagens e desvantagens daquele pensamento e construiremos juntos a melhor maneira para solucioná-lo, do que seria melhor para o paciente, de acordo com suas convicções, não será papel do terapeuta decidir pelo paciente, mas ajudá-lo a descobrir o que seria melhor para ele, afim de que, ele desenvolvesse uma condição de perceber-se, perceber as pessoas e o mundo que está a sua volta, essa técnica também poderá ser aplicada para os pressupostos e crenças nucleares( KNAPP,2004 ). DESCATASTROSFIZAÇÃO. Através do questionamento Socrático que também é uma técnica muito utilizada pela TCC, levaremos o paciente a questionar seus pensamentos e reavaliar suas distorções, no intuito de fazê-lo perceber que aquele pensamento catastrófico não têm fundamentação suficiente para suas distorções exageradas. ( KNAPP, 2004 ) PSICOEDUCAÇÃO. Apesar de não ser uma técnica é um dos métodos que mais se aplica na TCC, possibilita uma reestruturação Cognitiva quando o paciente é informado de cada posição, de como funciona o seu modelo cognitivo para cada patologia, o paciente se sente mais confiante e aumenta muito a confiança do paciente com o terapeuta, processo principal para qualquer psicoterapia, esse conhecimento científico para o paciente pode provocar um alívio muito grande devido a pensamentos disfuncionais que o paciente tinha acerca daquele transtorno, problema de maneira geral. CARTÕES DE LEMBRETES, OU CARTÕES DE ENFRENTAMENTO. A experiência de vida do paciente, faz-lhe adquirir durante sua vida regras e padrões que foram absorvidos por ele, o cérebro já captou informações que foram armazenados na memória e que estarão à disposição para serem utilizadas dentro de um padrão ético e moral construído ao longo da vida, a sua natureza de ser, as suas atitudes seguiram um direcionamento construído, novas regras, pressupostos padrões morais, precisam ser apreendidos e colocados em prática durante o processo terapêutico, o cartão de lembrete tem essa função, as novas regras e práticas precisam ser colocados no lugar dos pensamentos antigos, deveremos escrever no cartão a idéia principal discutida e norteadora que alimentará sua nova forma de pensar e agir, o paciente poderá a qualquer momento utilizar-se deste cartão que foi construído entre o terapeuta e o paciente e pode ser consultado a qualquer momento ( KNAPP, 2004 ). REESTRUTURAÇÃO DA MEMÓRIA. Como já falamos, a memória é onde armazenamos todas as nossas experiências vividas através dos anos, nela estão contidas todas informações inerente a quem sou eu de que maneira agirei diante de um problema, quais são 16 meus padrões éticos, morais, espirituais, como devo andar, falar, quais as lembranças que devo ter para garantir uma boa qualidade de vida, somos o que relembramos devido ao que vivemos, o que está nas nossas crenças centrais está registrado na memória de uma maneira muito profunda( KNAPP, 2004 ). A técnica da reestruturação da memória, seria revivermos uma situação e substituir as informações advindas de experiências traumáticas emocionalmente por experiências prazerosas, poderemos fazer uma reestruturação da memória quando fazemos o Roly-Play, vivemos uma situação nova para substituir uma situação traumatizante que gerou uma disfunção do pensamento, essa capacidade que a memória tem, é devido ao seu poder de armazenamento e de formações de novas sinapses ocasionado pela plasticidade cerebral e neuronal que fará parte de outro capítulo que abordaremos a posteriore. Há outras técnicas utilizadas pela TCC, que não foram abordadas. 17 4. NEUROPSICOLOGIA. A Neuropsicologia caminhou para um reconhecimento científico a partir de observações de casos clínicos de pacientes culminando em metodologias de estudos experimentais, a Neuropsicologia seria uma nova forma de investigar os sistemas cerebrais e possibilitar um conhecimento mais aprofundado do funcionamento das estruturas internas, de sua funcionabilidade, com a utilização deste novo método os pacientes poderiam ser diagnosticado mais rapidamente estabelecendo-se novas formas de tratamento, das ações terapêuticas a serem administradas e dos processos de reabilitação de uma forma mais focal aumentando as chances de recuperação da área lesionada. Fonte: www.universosobrenatural.blogspot É através da Neuropsicologia que se possibilita entender os mais complexos funcionamentos das funções cognitivas, da memória, dos problemas de aprendizagem, da 18 interpretação da produção da fala, da complexidade da maturação do sistema nervoso, da construção do sujeito dentro de suas especificidade desde a mais tenra idade até o final de sua vida, a Neuropsicologia permite uma investigação detalhada e um conhecimento aprofundado dos mecanismos acionados por ocasião de produção de pensamentos, ações, linguagens, etc ( GIL ,2010). Tudo está ligado dentro de um sistema funcional, é através das sinapses que são formadas as cadeias que dão sentido as ações que o cérebro deseja executar, as informações chegam e saem através das vias Aferentes e Eferentes, em milésimos de segundas as ações são tomadas, as informações são transmitidas na estrutura do corpo, só um sistema muito concatenados e perfeito poderia responder a estímulos com uma precisão e agilidade tão grande, mas como acontece esses fatos, qual a área que está envolvida em cada movimento, em cada fala, em cada gesto, em cada locomoção, a Neuropsicologia se propõe através dos testes mostrar o funcionamento de cada área envolvida e compreender essas operações mentais humanas ( GIL, 2010). A NUROPSICOLIGA, tentará entender como acontece os pensamentos, como cada sinapse acontece, buscará encontrar que função do cérebro está desconectado com a realidade, como se processa um mecanismo capaz de produzir novos pensamentos, onde está e como corrigir as distorções cognitivas devido a uma pensamento mal formulado ou interpretado de uma forma disfuncional, a nossa mente tem o poder de viver na irrealidade, de criar situações capaz de alimentar uma crença adquirida ao longo das nossas experiências, o pensamento vai onde quer, faz o que quer e determina em que se quer acreditar, segundo Hume: ( s.d,p. 65 ) Não há nada mais livre do que a imaginação humana; embora não possa ultrapassar o estoque primitivo de idéias fornecidas pelos sentidos externos e internos, ela tem poder ilimitado para misturar, combinar, separar e dividir estas ideias em todas as variedades da ficção e da fantasia imaginativa e novelesca. Ela pode inventar uma série de eventos com toda aparência de realidade, pode atribuir-lhes um tempo e um lugar particulares, concebê-los como existentes e descrevê-los com todos os pormenores que correspondem a um fato histórico, no qual ela acredita com máxima certeza. Em que consiste, pois, a diferença entre tal ficção e a crença? Ela não se localiza simplesmente em uma idéia particular anexada a uma concepção que obtém nosso sentimento, e que não se encontra em nenhuma ficção conhecida. Pois , como a mente tem autoridade sobre todas as suas idéias, poderia voluntariamente anexar esta idéia particular a uma ficção e, por conseguinte, seria capaz de acreditar no que lhe agradasse, embora se opondo a tudo que encontramos na experiência diária. Poderíamos, quando pensamos, juntar a cabeça de um homem ao corpo de um cavalo, mas não está em nosso poder acreditar que semelhante animal tenha alguma vez existido. 19 4.1 PLASTICIDADE CELEBRAL/ NEUROPLASTICIDADE. Na história sempre temos nos deparados com o homem se adaptando ao meio em que está inserido, procurando sempre se adaptar para obter uma melhor condição de vida e melhoria na forma de viver, não é muito diferente na construção das estruturas fisiológicas do ser humano, o próprio homem cria mecanismo capazes de adaptar-se ou recuperar-se par que seja suprida uma necessidade para a sustentação ou a preservação da vida, a Plasticidade cerebral é uma função do SNC( Sistema Nervoso Central) desenvolvida para garantia do funcionamento mínimo necessário para subsistência humana, a plasticidade pode se desenvolver de várias maneiras como veremos posteriormente, é a habilidade do corpo para modificar uma organização estrutural, é uma propriedade do sistema nervoso para o desenvolvimento de alterações para responder a uma experiência e alterá-las dependendo das condições e estímulos repetidos. ( GIL, 2010). A cada experiência vivida se cria novos arranjos, que chamamos sinapses, poderíamos dizer que a plasticidade cerebral seria uma estratégia do corpo com diferentes formas para recuperar uma atividade que havia se perdido, mesmo sendo uma ação recuperada diferente do original, mas o resultado final seria o mesmo, poderíamos chamar de uma reorganização funcional, que veremos mais adiante, segundo alguns autores, essa recuperação dar-se-ia de três formas. Seria impossível falar em Neuroplasticidade sem falar em neurônios, axônios, sinapses, organização dos nossos pensamentos, os neurônios formam novas sinapses com outros neurônios através de neurotransmissores dando início a novas conexões, nesse processo ocorrem novos comportamentos ou formas de pensar, a plasticidade cerebral é de primordial importância para a recuperação de lesões no sistema nervoso e recuperação das funções perdidas por lesionamentos cerebrais. O poder de recuperação dos pacientes com problemas de memória por exemplo dependerá da plasticidade cerebral que segundo, EKMAN, 2008, há três maneiras de acontecer a Plasticidade, através da HABITUAÇÃO, APRENDIZADO DE MEMÓRIA e RECUPERAÇÃO CELULAR APÓS AS LESÕES, o que poderíamos chamar do processo de habituação seria a diminuição das respostas a partir das repetições de um mesmo estímulo, esse fato provocaria novas conexões ou sinápticas entre os neurônios com seus respectivos neurotransmissores ocorrendo os reflexos e conseqüentemente alterações estruturais permanentes, então o número de conexões sinápticas diminuía ocorrendo a Plasticidade, ou seja, haveria uma nova forma de conexões neuronais, segundo Ekman, 2008, segue o exemplo de plasticidade cerebral por habituação: 20 Algumas crianças são extremamente reativas a uma estimulação na pele. O tratamento dessa sensibilidade anormal, designada como defesa tátil, é pela estimulação da pele da criança por estímulos leves, aumentando-se, então, a intensidade dos estímulos em uma tentativa de obter a habituação à estimulação tátil. Em pessoas com tipo específicos de distúrbios vestibulares, são executados, repetidamente, movimentos que induzem tonteiras e náuseas, igualmente com o propósito de obter habituação ao movimento. Uma outra forma de acontecer a Plasticidade seria através da Aprendizagem e Memória, nesse caso faz-se-ia necessário envolver alterações de persistência e com maior duração, diferentemente da Habituação, que é um processo de curto prazo, com um processo mais duradouro aumentaríamos as potências sinápticas, desta feita se repetirmos uma tarefa várias vezes, a memória armazena a aprendizagem e um número menor de regiões celebrais serão envolvidas no processo, quando ocorre a aprendizagem não se faz necessário tantas conexões, quando uma tarefa é aprendida, a memória absorve o conhecimento e usa apenas pequenas regiões distintas do encéfalo potencializando através da repetição durante um período mais prolongado ( GIL ,2011 ) Já para recuperação de uma lesão neuronal, a memória registraria todo o aprendizado, através das repetições e dos estímulos específicos, com esse fato promoverse-ia uma excitação ou inibição dos neurônios, haveriam novas conexões sinápticas uma alteração genética nas estruturas da célula enquanto se estimulava o processo de aprendizado e memória, mas se restringiria, como já dissemos anteriormente, apenas a uma pequena região do encéfalo havendo uma adequação e uma mudança no funcionamento das atividades ocorrendo uma plasticidade cerebral. Pode ocorrer também plasticidade cerebral, quando da RECUPERAÇÃO CELULAR APÓS AS LESÕES, neurônios e axônios que foram lesionados ou que houve algum tipo de ruptura, isso pode levar a degeneração das células neuronais, mas o cérebro tem a capacidade de Regeneração Celular, esse tipo de recuperação ou de plasticidade não vem através de estímulos ou por induções externas, como a Habituação e o aprendizado de Memória, mas sim pela recuperação das células lesionadas através do sistema nervoso agindo por meio das sinápticas e reorganização de todo o seu sistema nervoso central, é o próprio corpo se adequando a sua mais nova atividade, há uma ramificação dos neurônios lesionados, dendritos de neurônios vizinhos reinervam nos neurônios lesionados, a capacidade de regeneração dos neurônios, dar-se-á devido a plasticidade possibilitar a recuperação de lesões ao sistema nervoso, esse processo é uma capacidade de preservação da vida através do corpo. Segundo (GIL, 2010). 21 Os “influxos” Nervosos que percorrem os neurônios e que criam essas atividades elétricas detectáveis dependem de fenômenos bioquímicos complexos. Os receptores sensoriais têm por missão a “transmidução” dos sinais físicios que recebem em impulosos nervosos. A transmissão do influxo nervoso de um neurônio para o outro nas sinapses, e dos neurônios para os músculos, nas placas motoras, é possível graças à liberação de “ neurotransmissores” que são, em seguida, recapturados pela membrana pré-sináptica ou destruídos na fenda sináptica (...) O neuromediador é específico do sistema neuronal envolvido ou que é específico das funções nas quais esse sistema está implicado: Assim embora a dopamina seja, efetivamente, liberada pelos neurônios Nigro-estriados e esteja implicado na motricidade, ela também é liberada pelos neurônios mesolímbicos na regulação afetivo-emocional. Com a descoberta da,“Plasticidade cerebral”,capacidade do cérebro de se recuperar, permitiu-se a estimulação dessas áreas afetadas, dando mais ênfase na lesão e consequentemente ocasionando uma possibilidade maior de recuperação, a partir do momento em que a neuropsicologia busca conhecer o funcionamento do cérebro e aposta nesta capacidade de recuperação cerebral ou neuronal junto a outros conhecimentos, como a TCC ( Terapia Cognitivo Comportamental) proporcionará aos pacientes maior capacidade de estimulação das áreas afetadas e poder de recuperação com mais eficácia, essa parceria entre Neuropsicologia e Terapia Cognitivo Comportamental, abre mais possibilidades para um novo modelo de terapia, criando mecanismos mais eficazes agilizando a recuperação dos pacientes, com está parceria teremos mais ferramentas de trabalho a serem utilizadas e aumentaremos o campo de visão do profissional inserido no processo com o paciente. 22 5. MEMÓRIA Quem já não se deparou com um lapso de memória, um esquecimento, a memória nos permite reviver experiências que nos traz alegria ou tristeza, através dos nossos sentidos ao tocar em alguma coisa, ao sentir um cheiro, um gosto ou até mesmo uma música, sua memória permite uma lembrança parecida com a que você experienciou anteriormente, tudo isto só é possível graças aos registros feitos por sua memória e armazenada para ser recuperada em cada momento, ela é a fonte de nossas emoções. Onde encontra-se a memória? Em que parte do cérebro? Por que não lembramos o que não queremos lembrar, ou esquecemos o que desejamos esquecer,? Não tenho controle sobre a memória? Como funciona? Muitos estudiosos do assunto tem se deparado com questões como estas buscando respostas para nossas indagações, afinal o que é memória: Segundo GIL, 2011: Memória é a capacidade de registrar, armazenar e manipular informações proveniente das interações entre o cérebro e o corpo não apenas entre estes como também de todo organismo e mundo externo. È a base das nossas emoções ou de qualquer atitude cotidiana, que se modifica conforme cada período da vida do indivíduo ( gestação, infância, adolescência e senescência). Está intimamente relacionada com o aprendizado, uma vez que o aprendizado é a aquisição de conhecimentos e a memória é o resgate desses conhecimentos após certo tempo. A identidade de cada sujeito está na sua memória, ela possibilita uma lembrança do passado que aparece no presente, um gosto, um aroma, uma cor, uma ação, ela é a base do seu futuro apontando para sua história, o nosso futuro estaria apontando para o nosso passado e a memória seria responsável pelos acessos trilhados através do tempo e fortalecidos através das experienciais, mas como acontece a construção da memória? Nosso cérebro é formado por células, que chamamos de neurônios, eles fazem ligações com outros neurônios, que chamamos de sinapses, a memória faz essas sinapses e registram para um acesso posterior, algumas informações que julgar necessárias para a construção do sujeito serão guardadas e outras desprezadas, esse processo dar-se-á ao longo da vida, esses registros duradouros serão armazenados para formulação da história de vida do sujeito ( IZQUIERDO , 2002 ) Alguns estudiosos da memória, dizem que sua localização estaria no lobo pré-frontal, mas a literatura mostra que não há um lugar específico no cérebro para localização da memória, ela estabelece um paralelo no funcionamento de todo o cérebro, não há uma estrutura única detentora da memória, na realidade ela é o resultado de um agrupamento de sistemas neuronais, há várias áreas do cérebro responsável pela memória, O lobo temporal por exemplo é tido como a fonte para formação de novas memórias, a região do hipocampo participa da consolidação, que acontece no momento do sono, da memória de longa 23 duração, também participando do conhecimento e reconhecimento de novidades, na questão espacial, como por exemplo, relembrar de um local já visitado a muito tempo, a amígdala fazendo conexões entre o tálamo e as regiões do córtex cerebral, participa do processo de armazenamento através das sensações, a memória de longa duração tem uma parte de seu armazenamento no córtex frontal, sendo assim, a memória está associada a um mecanismo sináptico, sendo impossível uma informação ter sustentabilidade ou ser armazenada por uma informação isolada, cada sentido é uma porta de entrada para formação de novas memória. A Visão por exemplo constituída por: Córnea, conjuntiva, íris, pupila, cristalino e retina, levando informações através do nervo óptico até o lobo occipital, absorve a informação podendo ou não ser consolidada através de novas sinapses, portanto o olho humano vê, mas o cérebro recebe as informações e processa. O ouvido, olfato, paladar e tato, também fazem parte do recrutamento de informações para formação de novas memórias, mas assim como a visão, todos os demais sentidos apenas capturam através de suas especialidades, mas o cérebro é que qualifica, absorve e armazena ou não na memória ( IZQUIERDO, 2002) Há vários tipos de memória, cada uma com determinada função, por isso acreditamos, na participação de uma forma integral da memória em todo sistema cerebral, a memória que utilizamos para andar de bicicleta, não é a mesma que utilizamos para lembrar de uma data, como por exemplo o descobrimento do Brasil, como também é diferente da memória que utilizamos para uma percepção sensorial capturadas por apenas alguns segundos e descartadas logo em seguida, há portanto, mais de um tipo de memória para determinadas funções. Falando sobre os estágios da memória, Gislane Gil, ( 2011, p.11e14) diz: Nossa memória se processa em estágios: a aquisição, a consolidação, o armazenamento e a evocação da informação. A aquisição é o registro das informações em arquivos sensoriais. Esses arquivos registram dados dos sentidos, ou seja, advindos da visão, da audição, do tato, do paladar e do olfato. A consolidação é a criação de uma forte representação da informação ao longo de tempo, pois reforça a associação entre múltiplas entradas de estímulos e ativação da informação previamente armazenada. Isso ocorre pelo estímulo de novas sinapses, decorrentes da maior comunicação ente os neurônios. A estrutura do cérebro conhecida como hipocampo é tida como coordenadora desse reforço, mas acredita-se que o efeito acontece no neocórtex. Uma vez que a consolidação esteja completa, o hipocampo não é mais necessário para o armazenamento ou a recuperação da informação. De qualquer forma, embora as memórias sejam armazenadas no neocórtex, o hipocampo é crucial para a consolidação. O armazenamento, por sua vez, é a criação e a manutenção de um registro permanente. E a evocação é a recordação da informação para que possamos executar um comportamento. Desta feita, podemos perceber a interação da memória na conjuntura do cérebro e a influência dos sentidos na aquisição dos diversos tipos de memória que pode ser 24 classificada de diversas formas, a consolidação da memória dar-se-á de acordo com o grau de importância de cada experiência vivida, como veremos a seguir: 5.1 CLASSIFICAÇÃO DA MEMÓRIA Para alguns autores, a memória classifica-se em: 1. Sensorial 2. Curta duração 3. Longa duração SENSORIAL: Essa memória tem duração muito rápida, capaz de deter uma informação por apenas segundos ou milésimos de segundo, a informação diminui progressivamente em nossas mentes até se perder, apesar de não ser acessível a consciência, em alguns casos poderá ser acessada, desde que seja de imediato, tais informações tem suas bases no sensorial, se os estímulos vierem através da audição, receberá o nome de ecóica, caso venha através da visão será icônica, sua característica principal é a rapidez em ser absorvida e descartada. CURTA DURAÇÃO OU MEMÓRIA DE CURTO PRAZO: É a memória cuja informação permanece por um período maior de tempo da sensorial, a informação permanece por segundos ou minutos, sendo inclusive muito limitada, não podendo ser armazenada grande quantidade de palavras ou números, essa memória é capaz de absolver no máximo de cinco a nove itens, este tipo de memória sempre está à disposição do sujeito para ser utilizada, a não ser que tenha um déficit desta memória, que poderá ser recuperada após identificado o déficit através dos testes neuropsicológicos e reabilitada ou reaprendida,utilizando-se das técnicas da Terapia Cognitivo comportamental. MEMÓRIA DE LONGA DURAÇÃO OU MEMÓRIA DE LONGO PRAZO: Essa memória é mais complexa, é a que se mantém por um período de tempo significativo, é a memória responsável pela formação e individualização do sujeito no seu habitat, ela absorve, armazena e seleciona as informações advinda das memórias sensoriais e de curto prazo, essa memória pode ser classificada de acordo com o tipo de informação que chega, em: DELARATIVA E NÃO DECLARATIVA. DECLARATIVA: é a memória que lhe acompanhará pelo resto de sua vida, é claro se não tiver uma degeneração da memória ocasionado por exemplo pela doença de Alzheimer, ela é capaz de fazer você lembrar de fórmulas aprendidas no seu tempo de 25 colegial, o seu acesso pode ser consciente, mesmo que para isso você tenha que levar um pouco de tempo pensando e procurando acessar, mas ela não se perdeu no tempo, está apenas esperando você acessar através das sinapses que você obteve ao longo de sua trajetória de sua vida. Se você por exemplo, precisa recordar qual roupa você foi a uma determinada festa, é nesta memória que você irá buscar tal lembrança, quando você busca fatos alusivos a sua própria vida, essa memória é declarativa, porém chamada de episódica, se a lembrança que você quer for algo aprendido no social, no mundo externo, essa memória também será declarativa, mas semântica, por isso a memória declarativa, é de longo prazo, que pode ser Episódica se for uma lembrança da sua vida pessoal, ou semântica se for um conhecimento adquirido através dos padrões sociais. MEMÓRIA NÃO DECLARATIVA: É o tipo de memória que acontece no automático, aprendemos e repetimos os movimentos sem que se faça necessário um novo aprendizado, são recordações e não precisamos de acesso consciente para realizar os movimentos, essa memória seria processada e estaria disponível sempre que se fizer necessário, por exemplo, quando aprendemos a dirigir, a andar de bicicleta, esse tipo de memória está dividida em três tipos: A) Procedural B) Representação perceptiva C) Condicionamento Clássico PROCEDURAL, ou de procedimento, essa memória dará condições de aprendizagem a novas atividades, se uma pessoa exerce um cargo na área administrativa, pode aprender a desempenhar outras atividades em áreas diferentes utilizando-se dos recursos da memória procedural, outro tipo de memória seria a de REPRESENTAÇÃO PERCEPTIVA, age diretamente no sistema da percepção, você consegue decifrar frases mesmo quando faltam letras, para isso utiliza-se das suas experiências trazendo a consciência todo o contexto de vida, memória de CONDICIONAMENTO CLÁSSICO, esse tipo de memória pode ser muito trabalhada para reabilitação do paciente, é capaz de se extinguir ou modificar o comportamento que fora apreendido com técnicas de rememorização, poderemos diminuir gradativamente respostas condicionadas a algum estímulo, essa memória por condicionamento, é muito utilizada pelos terapeutas, em pessoas que foram vítimas de estresse pós-traumático, ou como psicoterapia para remissão de sintomas fóbicos, como o Pânico, etc. As nossas memórias estão a todo tempo nos remetendo a alguma situação e se adaptando a situações novas, através das memórias acessamos o nosso passado e projetamos o nosso futuro, isto é: nos dizem quem poderemos ser. A formação desse 26 conjunto de memória, é que nos permite dizer quem fomos, quem somos e quem seremos. Segundo IZQUIERDO, ( 2002, P.10). O conjunto das Memórias de cada um determina aquilo que se denomina personalidade ou forma de ser. Um homem ou um animal criado no medo será mais cuidadoso, introvertido, lutador ou ressentido, dependendo mais de suas lembranças específicas do que de suas propriedades congênitas. Nem se quer as memórias dos seres clonados ( como os univitelinos ) são iguais; as experiências de vida de cada um são diferente, (...) Eu sou o que sou, cada um é quem é, porque todos lembramos de coisas que nos são próprias e exclusivas e não pertencem a mais ninguém. As nossas memórias fazem com que cada ser humano ou animal seja um ser único, um indivíduo. sabendo que a experiência de vida do presente, aprendida no passado, poderá mudar um comportamento no futuro, desde que a memória tenha sido estimulada e absorvida no agora, a estimulação através de técnicas e testes numa junção entre TCC ( terapia Cognitivo comportamental ) e Neuropsicologia criará mecanismos mais didáticos e resultados mais satisfatórios para os pacientes submetidos a estas técnicas, além de uma maior legitimidade no meio acadêmico desde que comprovado tais resultados, como já mencionamos anteriormente, a parceria entre vários conhecimentos e a busca pela troca de informação entre os profissionais das mais diversas áreas, permitirá que sejamos mais seletos nas disfunções e tenhamos mais aprofundamento, focando os tratamentos e redirecionando à cada conhecimento. A Terapia Cognitivo Comportamental que também detém o conhecimento no campo da estimulação para adquirir novos comportamentos outrora visto pelo paciente como não condizente com sua maneira de ser, utilizar-se de suas técnicas e mecanismos comportamentais no intuito de redirecionar tais pensamentos, nos problemas relacionados à memória, a TCC, Terapia Cognitivo Comportamental, faz a estimulação através de técnicas com o objetivo também de estimular tal área afetada, como a Neuropsicologia detém o conhecimento que nos permite conhecer em que parte da área a memória foi afetada ou lesionada e a posteriore, também se utilizando de testes nos permite saber se tal área que fora afetada já está recuperada após estimulação através das técnicas utilizadas pela Terapia Cognitivo Comportamental, o paciente poderá ter uma recuperação muito mais eficaz como também uma maio brevidade do tratamento, pois com a parceria entre estes dois conhecimentos, poderemos fazer a cada estimulação através das técnicas da TCC ( Terapia Cognitivo Comportamental) uma comprovação se tal procedimento está surtindo algum efeito para recuperação da memória que fora lesionada. Com a possibilidade e a necessidade de cada profissional buscar conhecer Cada vez mais as demandas de seu paciente no intuito de prestar-lhe um serviço de maior qualidade e 27 proporcionar uma melhor qualidade de vida, dentro dos padrões de confiabilidade no campo do conhecimento científico a Terapia Cognitivo Comportamental e a Neuropsicologia se complementam nesta função em prol da recuperação de seu paciente. 5.2 TESTES DE MEMÓRIA UTILIZADOS PELA NEUROPSICOLOGIA: A neuropsicologia faz uso de vários testes de memória para avaliar a capacidade do paciente em reter informações e tê-las disponíveis no momento em que for acionada, como já dissemos anteriormente, há vários tipos de memória, cada uma com sua função específica que poderá ser testada e em muitos casos recuperada, ou reabilitada, caso tenha sofrido alguma lesão, sendo por causas externas ou por deterioração do próprio sistema, em alguns casos como na doença de Alzheimer há uma perda progressiva da memória deixando o paciente incompatibilizado com a vida, mas dentre outros muitos casos a memória poderá ser reestimulada ou reestabelecida a partir da identificação do problema e da reabilitação utilizando-se de mecanismos que serão apresentados no conteúdo do corpo desta monografia. Há vários testes que são aplicados pela Neuropsicologia, Provas gráficas, desenho de figuras humana de Machover, A prova de Bender, Tarefas de redação, Cópia, Desenhos livres, Figuras complexas de Rey, dentre outras, cada um com uma função específica para diagnosticar uma determinada função cerebral, assim também como há vários tipos de teste para avaliação da memória, como exemplo discorreremos de um tipo de teste específico e uma técnica utilizada na sua recuperação e testagem da memória, sendo de curto ou de longo prazo, memória imediata, ou memória primária, que uma memória de capacidade limitada tendo como forma mais latente de captar informações as áreas visuais e auditivas. Poderemos identificar sua funcionabilidade verificando a retenção dos estímulos apresentados no visual ou no auditivo, dentre vários testes capazes de mensurar a memória, na sua capacidade de memorização citamos o WAIS, este teste utiliza-se de numerais com uma escala que nos informará a capacidade de armazenamento da memória de curto prazo, essa memória é utilizada para resoluções de problemas, ela manipula as informações e possibilita a realizações de tarefas cognitivas, como o raciocínio e a compreensão, vários outros testes também são utilizados de uma forma geral, eles centralizam-se nas análises comparativas dos resultados de um grupo variado de provas realizadas medindo a cada estímulo acionado uma resposta dada pelo paciente, essas respostas possibilitam uma verificação mais adequada não só no desempenho das áreas distintas do cérebro, como também numa determinada forma de 28 atividade psíquica que encontra-se perturbada ou fora do estímulo apresentado por algum tipo de lesão. 6. NEUROPSICOLOGIA E TERAPIA COGNITIVO COMPORTAMETNAL. Os profissionais das mais diversas profissões sempre necessitam de uma interação maior com os outros, as áreas trocam conhecimentos com o objetivo de tornar mais clarificado os diagnósticos dos pacientes, não há hoje possibilidade alguma de uma ciência ser independente, não há uma estrutura perfeitamente independente que garanta sua auto suficiência sem necessitar das contribuições das outras ciências, cada uma detém o conhecer na sua área e essa fragmentação tem feito com que muitos profissionais procurem parcerias com outras áreas de forma a garantirem um diagnóstico mais bem trabalhado e com uma maior confiabilidade pela comunidade científica, elevando o grau de segurança nos diagnósticos e conseqüentemente fortalecendo cada área deixando os paciente mas tranqüilos confiando no profissional que o atende. A Neuropsicologia busca a parceria com outros conhecimentos e entre elas a Terapia Cognitivo Comportamental, a TCC utiliza-se de métodos e técnicas mais pragmáticas, há uma participação do pacientes e uma orientação praticamente a cada sessão, no caso fazendo-se uso da psicoeducação, a Neuropsicologia se identifica muito com essa formulação nos atendimentos aos seus pacientes por ocasião das aplicações dos testes e suas ações nas reabilitações, enquanto a Neuropsicologia identifica a parte do cérebro lesionada, a TCC ( terapia Cognitivo Comportamental) utiliza-se de suas técnicas para estimular o pensamento, as ações, conceituando cognitivamente os pensamentos, utilizando-se do Roly Play para tornar mas acessível para o paciente aquele momento a fim de trazer à memorização, uma nova configuração e consequentemente um novo comportamento. Assim como a Neuropsicologia a TCC não é estática, enquanto a Neuropsicologia identifica as funções psíquicas da memória que foi lesionada ou está com algum déficit, a TCC desenvolverá mecanismos capazes de auxiliar no tratamento ou recuperação da área lesionada através de suas técnicas, ambas trabalham muito juntas e focadas na recuperação do paciente utilizando-se de estímulos respostas, a Neuropsicologia busca provas que possibilitem uma verificação adequada não só do papel que desempenha as distintas áreas do 29 cérebro, como também como determinada forma de atividade psíquica pode achar-se perturbada por lesões distintas em sua localização (EKMAN, 2008) Uma forma de tratamento de um paciente com problema de memória de longo prazo, detectado através dos testes de memória, seria em primeiro lugar, identificar entre as várias áreas que são utilizadas no cérebro para a memorização, já que não existe uma estrutura única, isolada para formação da memória e focar a estimulação da área lesionada através de testes específicos. Nossa memória é o resultado de um agrupamento de sistemas conectados através dos neurônios trabalhando em conjunto para reprodução das ações ou experiências vividas, poderíamos dizer que o processo de formação de novas memórias estariam contidas no Lobo Temporal, já no processo de consolidação, teríamos a região do hipocampo, além de estar envolvido com o reconhecimento e os processos de relação espacial, há uma ligação em todo o sistema que reproduzem a memória, a amígdala por exemplo, é responsável pela conexão entre o Tálamo e o Cortex Cerebral, armazenando todas as informações necessárias para a sua vida, essa memória seria a memória de longa duração, é dela onde sai os planejamentos e as aspirações para o crescimento do ser, a Neuropsicologia utilizando-se do WAIS poderá identificar se algumas dessas memórias ou dessas áreas têm alguma lesão ou déficit capaz de interferir na vida do sujeito ( GIL, 2010 ). A partir da identificação da área lesionada, utilizando-se da Terapia cognitivo Comportamental através dos mecanismo e técnica, como por exemplo dos EXERCÍCIOS TERAPEUTICOS OU TAREFAS DE CASA, o paciente poderá recuperar ou ter acesso aquele fato ocorrido e agora esquecido, desde que seja orientado a realizar o exercício de memorização de números e palavras em casa anotando todos os fatos e tratar depois na sessão com o psicoterapeuta verbalizar como foi a experiência, com a repetição das ações o paciente conseguirá estimular a área do cérebro a produzir armazenamento de novas informações, outro método para recuperação da memória perdida, seria a REESTRUTURAÇÃO DA MEMÓRIA onde seria revivermos uma situação e substituir essa experiência vivida traumatizante por uma prazerosa, utilizando-se também do ROLY PLAY. Face a conjuntura na estrutura da Neuropsicologia e TCC, percebemos a facilidade de se trabalhar com essas duas ciências para melhorar os conhecimentos, permitir uma melhor recuperação dos pacientes com problemas de memória por exemplo, assim como se faz necessário um conhecimento neuropsicológico para uma compreensão mais aprofundada de uma disfunção cognitiva. A TCC se utiliza de seus métodos e técnicas testadas através das 30 repetições para intervir em um comportamento, fazendo com que o paciente tome conhecimento dos fatos que o perturbam anotando em um registro de pensamento por exemplo, essa interação possibilitará um conhecimento mais aprofundado entre doença cerebral e comportamento, ou seja, entre Neuropsicologia e Terapia Cognitivo Comportamental. 6.1 AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICO E A TERAPIA COGINITVO COMPORTAMTNAL. Constantemente estaremos fazendo uma interação entre Terapia Cognitivo Comportamental e a Neuropsicologia, ambas são compostas de várias fases, assim como na TCC, a Neuropsicologia é previsto um número de sessão para avaliação, há uma previsão de início e final da avaliação e do tratamento, coisa que não acontece nas outras abordagens, inicia-se fazendo uma anamnese do paciente, sua identificação com seus dados pessoas, e traçamos a finalidade da avaliação, qual a demanda do paciente? na anamnese no caso de crianças, assim como na TCC, a Neuropsicologia convoca os pais para uma primeira conversa e se necessário for, solicitam a presença do professor ou qualquer pessoa que possa influenciar no comportamento ou que exerça algum tipo de controle sobre paciente. Além dos testes avaliativos, é observado todos os gestos do paciente, como se senta, para onde está olhando constantemente, se é comunicativo, se está disponível para sessão e principalmente se há o Rapport, o processo de confiança é o ponto chave entre Terapeuta e paciente, entre Neropsicólogo e paciente, a construção dar-se-á através da dupla, tudo é um processo de colaboração e a interação entre ambos é primordial para que o processo flua, são utilizados vários mecanismos avaliativos, a saber: a) Anamnese neuropsicológica b) Baterias de rastreio Neuropsicológicos e de perfil Cognitivo Global c) Teste Neuropsilin d) Wisc ( Memória) e) Muitos outros testes para averiguar ( Atenção, Percepção, Funções executivas, Nível intelectual, Linguagem, Praxia, e Memória ( GIL,2010; IZQUIERDO,2002; DENNIS, 2007). A anamnese, como já falamos anteriormente, é feita com o objetivo de conhecer o paciente no seu estado atual de consciência, suas queixas, seus propósitos, sua dominância 31 cerebral, funções motoras ( das mãos – praxias orais; regulação verbal do ato motor), funções superiores cutâneas e cinestésica, sensibilidade muscular, esteriognosia, funções visuais superiores ( percepção visual, orientação espacial,) processo da fala, escrita, leitura e processos de aprendizagem com retenção e evocação de memorização, vale salientar que nesta monografia não constam todos os testes utilizados pela Neuropsicologia para avaliação. A Terapia Cognitivo Comportamental, também faz anamnese do paciente levando em conta sua vida, suas experiências, as pessoas que estão diretamente exercendo algum influência sobre ele, seus pais, seu professor, seu curador ou qualquer outra figura que seja significativa para ele, sendo criança ou adulto. Tem que haver uma interação em como o paciente percebe a sua relação com ele mesmo, com os outros e com o mundo que está inserido, na Neuropsicologia todas essas fases são relacionadas para avaliação, exercício terapêuticos, com a ajuda da psicoeducação promoverá uma estrutura cognitiva e poderá estimular a parte da memória que fora danificada ou lesionada, esse processo ocorre devido a Plasticidade cerebral ou neuronal, é o poder de recuperação que o cérebro tem para reativar uma área do cérebro que deixou de executar suas funções, é também através da Plasticidade cerebral que o próprio cérebro distribui algumas funções perdidas para outra parte do cérebro a fim de recuperar aquele movimento ou ação que deixara de funcionar, toda operação poderá ser apagada e remanejada para uma outra área cerebral, mas que garanta a compatibilidade com a vida, a preservação do movimento ou pensamento ( BECK , 1997;KNAPP, 2004) 32 7. CONSIDERAÇÕES FINAIS. Como já colocamos inicialmente face a conjuntura atual das mais diversas formas de conhecimento e o processo de globalização que se assola nas culturas, é praticamente impossível uma ciência se manter independente , sem uma parceria, a própria globalização nos condiciona ou nos leva a uma reciprocidade constante, a uma interação maior um com o outro, um conhecimento torna-se mais fortalecido quando faz suas interlocuções com outras áreas, a credibilidade tona-se maior e seus resultados passam a ter mais sustentação na comunidade científica, esta interdisciplinaridade aproxima cada vez mais os profissionais deixando-os mais fortalecido e mais seguros nos seus diagnósticos possibilitando um tratamento mais planejado e discutido entre as áreas. No decorrer deste trabalho, tentamos repassar para o leitor que a busca do conhecimento unilateral fragiliza as formas de conhecimentos e deixa-o sem sustentabilidade, sem essas bases epistemológica, seria impossível garantir o que se falaria ou o que se produziria através da escrita, a troca de conhecimento entre a Neuropsicologia e a Terapia Cognitivo Comportamental, trará ganhos imensos para o tratamento dos pacientes com problemas de memória, essas duas ciências se complementam nas suas formas de abordagem e tratamento dos pacientes. A que se propõem a NEUROPSICOLOGIA E TERAPIA COGNITIVO COMPORTAMENTAL nessa pesquisa? Caberia a Neuropsicologia identifica os pacientes com problemas de memória através de teste aplicados e encaminhar para tratamentos psicoterapêutico, na abordagem Cognitivo Comportamental, utilizando dos métodos e técnicas da TCC, que conforme pesquisa, as possibilidades de remissão ou diminuição dos déficit de memória estariam mais presente nos tratamentos destes pacientes. A memória nos permite viver as experiências de vida e essas recordações servirão de bases para construção do sujeito a partir dele mesmo, tudo se armazena de uma forma hierárquica e organizada, o que preciso agora para minha sobrevivência está disponível a qualquer momento, a qualquer hora, a qualquer segundo, basta ser solicitado que chega para nós, assim também aquilo que não queremos que apareça de uma forma tão rápida também é controlado pela memória, meu acesso dependerá do meu grau de significação que aquela informação tem para minha vida, as crenças estão armazenadas numa cadeia protegida pelo limite do que seria melhor ou pior 33 para minha satisfação, informações que foram construídas através do tempo, das evidências de vida, das experiências que formaram minha personalidade, o meu eu, o meu ser e me constitui como pessoa pensante, capaz de decidir, expondo-nos ou nos intimidando a cada ação, a cada momento da vida. Com a perda de qualquer função da memória essa harmonia fica comprometida, faz-se necessário saber onde está o problema, que parte foi lesionada e o grau de comprometimento daquela área, o propósito seria reestimular e acessar a área comprometida, a Neuropsicologia se propõe a descobrir que parte do cérebro foi lesionada, porque esqueço algo que deveria está tão fácil o acesso, porque não consigo lembrar de coisas simples ou de gravar coisas tão bobas que aconteceram a um dia, uma hora, um minuto ou dez segundos atrás, após a identificação da parte lesionada precisaremos estimular para recuperação. A TCC apoderando-se de seus meios de trabalhar e estimular essas áreas, cria possibilita para que o paciente desenvolva uma melhor recuperação, ou remissão dos sintomas e a retomada das atividades, esse fato ocorre por ativação da área afetada ou estimulando outra área da memória a fazer a função daquela área lesionada, essa possibilidade que a TCC se propõe, só poderá acontecer devido a algo que chamamos de PLASTICIDADE CEREBRAL, que é a capacidade que o cérebro tem como forma de garantir ou manter a mínima estrutura funcionando de modo que garanta a vida do paciente, é uma auto regulação do corpo para preservação da vida, nesta forma do cérebro se comportar, a Neuropsicologia e a Terapia Cognitivo Comportamental auxiliam o cérebro a estimular as áreas e garantir mais rapidamente a reativação da área lesionada ou fazer com que outra área do cérebro assuma a função de uma forma mais direcionada e estimulada através dos estímulos. Os processos Neuropsicológicos são importantes para investigação dos diagnósticos do paciente, mas se propuser uma parceria com abordagem Psicoterapêutica Cognitivo Comportamental terá maior eficácia no tratamento com pacientes diagnosticados com problemas de memória, que é o que essa monografia se propôs a averiguar. Fazendo-se uso dos testes Neuropsicológicos no intuito de direcionar o tratamento mais focalizado para área lesionada, com os trabalhos pragmáticos da Terapia Cognitivo Comportamental através de seus métodos, técnicas e estimulações com reconfiguração cognitiva e acreditando na Plasticidade cerebral para reativar a área do cérebro lesionado ou o deslocamento de uma função perdida 34 para outra área do cérebro, os paciente terão maior probabilidade de uma recuperação com maior rapidez e eficácia. 35 REFERÊNCIAS BECK, Judith S. Terapia Cognitiva Teoria e Prática. Porto Alegre: Artmed, 1997. DENNIS, Greenberger e Christine A. Padesky. 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